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LÍNGUA

PORTUGUESA
- LÍNGUA PORTUGUESA -
ORTOGRAFIA - FONOLOGIA Dígrafo Vocálico: Também chamado Ressôo Nasal,
são duas letras representando um único fonema vocálico. É
A fonologia é a parte da gramática que estuda os sons representado pelas letras am, an, em, en, im, in, om, on,
da língua. É a fonologia que se ocupa com a ortoépia um, un, quando estiverem no final da sílaba. (am e em são
(correta pronúncia das palavras) e com a prosódia (correta dígrafos só no interior do vocábulo.
acentuação das palavras). O objeto de estudo da fonologia é Ex. tampa (pronuncia-se tãpa)
o fonema. Fonema é a menor unidade sonora da língua, canto (pronuncia-se kãtu)
capaz de estabelecer distinção entre as palavras. Há três bomba (pronuncia-se bõba)
tipos de fonemas: vogal, semivogal e consoante.
OBS.: Não confunda fonema com letra. Fonema é o SIGNIFICAÇÃO
som; letra é a representação gráfica (escrita) do fonema. Por CONTEXTUAL DAS PALAVRAS
exemplo, o fonema /z/ pode ser representado pela letra z Na significação contextual, o significado de um item
(batizar), pela letra s (casa) e pela letra x (exame). lexical é determinado por elementos subjetivos associados
Vogal: É o fonema resultante da livre passagem do ar aos itens lexicais que o acompanham.
pela boca. A vogal é a base da sílaba, ou seja, não existe O significado do item lexical tem em consideração não
sílaba sem vogal, bem como não há duas vogais na mesma só as suas propriedades semânticas, mas também o
sílaba. São elas: a, e, i, o, u. contexto em que é expresso e do qual fazem parte crenças e
atitudes dos falantes, referências a entidades que os falantes
Semivogal: É representada pelas letras e, i, o, u, conhecem ou convenções sociais.
quando estiverem na mesma sílaba com uma vogal. Por exemplo, a frase “O André caiu na armadilha” tem
Portanto, só existe semivogal nos encontros vocálicos um significado distinto do significado frásico transmitido
(ditongo e tritongo). pelas propriedades semânticas das palavras.
Consoante: É o fonema produzido quando o ar, ao Com efeito, embora se deixe passar a afirmação “O
passar pela boca, encontra algum obstáculo. São André caiu e magoou-se”, sabemos que, na realidade, o
consoantes: b, d, f, g (ga, go, gu), j (ge, gi, j) k (c ou qu), l, m falante, ao emitir tal declaração, quer dizer que “Alguém
(antes de vogal), n (antes de vogal), p, r, s (s, c, ç, ss, sc, sç, prejudicou o André”.
xc), t, v, x (inclusive ch), z (s, z), nh, lh, rr. A palavra armadilha não tem o significado literal de
“artifício ou engenho para capturar animais ou pessoas”,
OBS.: A letra a sempre é vogal; i e u geralmente são mas, sim, de “estratagema para fazer enganar alguém”,
semivogais. Já as letras e e o ora são vogais, ora “artifício enganador ou ardil”.
semivogais (quando soarem como i e u, respectivamente). O significado dado à palavra armadilha depende
exclusivamente do contexto.
Encontros Vocálicos: É o agrupamento de vogais e O significado literal indica o que o item lexical
semivogais. Há três tipos de encontros vocálicos: tipicamente quer dizer, ou seja, o significado de uma palavra
Hiato = É a sequência de duas vogais, cada qual em tal como é veiculado pelas suas propriedades semânticas,
uma sílaba diferente. independentemente do contexto em que se insere e da
Ex. Lu-a-na a-fi-a-do pi-a-da intenção do falante ao enunciá-la.
O significado literal expressa, pois, a relação entre a
Ditongo = É a sequência de dois sons vocálicos na estrutura linguística e o mundo (real e/ou possível).
mesma sílaba. Quando a vogal estiver antes da
semivogal, chama-se de Ditongo Decrescente e, quando a
ORTOGRAFIA
vogal estiver depois da semivogal, de Ditongo Crescente.
SEPARAÇÃO SILÁBICA
Os ditongos são classificados ainda em oral e nasal,
conforme ocorrer a saída do ar pelas narinas ou somente A divisão silábica deve ser feita a partir da soletração, ou
pela boca. seja, dando o som total das letras que formam cada sílaba,
Ex. Cai-xa = Ditongo decrescente oral. respeitando-se a pronúncia.
Cin-quen-ta = Ditongo crescente nasal. Usa-se o hífen para marcar a separação silábica.
Tritongo = É a sequência de três sons vocálicos na Não se separam os ditongos e tritongos:
mesma sílaba. Também pode ser oral ou nasal. Ex. cai-xa, má-goa, re-ló-gio, Pa-ra-guai, en-xa-guei.
Ex. A-guei = Tritongo oral.
Sa-guão = Tritongo nasal. Separam-se as vogais dos hiatos:
Ex. sa-ú-de, hi-a-to, le-em, en-jo-o.
OBS.: As letras am e em, quando estiverem no fim da
Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, qu, gu:
palavra, formam ditongo nasal.
Ex. chu-va, te-lha, ba-nha, que-da, guei-xa.
Ex. casaram (pronuncia-se ãu)
querem (pronuncia-se ~ei) Separam-se os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e xs:
Ex. car-ro, pas-sar, nas-ce, cres-ço, ex-ce-to, ex-su-dar.
Encontros Consonantais: É o agrupamento de
consoantes. Há três tipos: Separam-se os encontros consonantais impuros:
Ex. es-co-la, des-cas-car, res-to, e-ner-gia.
Puro ou Perfeito = É o agrupamento de consoantes,
lado a lado, na mesma sílaba. Prefixos terminados em consoante:
Ex. Bra-sil, pla-ne-ta, a-dre-na-li-na. Ligados a palavras iniciadas por consoante: Cada
Disjunto ou Imperfeito = É o agrupamento de consoante fica em uma sílaba, pois haverá a formação de
consoantes, lado a lado, em sílabas diferentes. encontro consonantal impuro.
Ex. ap-to, cac-to, as-pec-to. Ex. des-te-mi-do, trans-pa-ren-te, hi-per-mer-ca-do.
Fonético = É a letra x com som de ks. Ligados a palavras iniciadas por vogal: A consoante
Ex. nexo - axila (pronuncia-se nekso, aksila) do prefixo liga-se à vogal da palavra.
Ex. su-ben-ten-di-do, tran-sal-pi-no, hi-pe-ra-mi-go.
Dígrafos: É o agrupamento de duas letras
representando um único som. Os principais dígrafos são rr, OBS.: Lembre-se de que não existe sílaba sem vogal.
ss, sc, sç, xc, xs, lh, nh, ch, qu, gu. Por essa razão, a palavra pneu, por exemplo, não pode ser
Ex. arroz, assar, nascer, desço, exceção, exsudar, separada, já que o p, sozinho, não forma sílaba. Ex.: psi-co-
alho, banho, cacho, querida, sangue. lo-gia, mne-mô-ni-ca.

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ACENTUAÇÃO GRÁFICA Verbos CRER/DAR/LER/VER e seus derivados:
Recebem acento circunflexo na 3ª pessoa do singular e têm
Sílaba tônica: É a sílaba pronunciada com maior E dobrado na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo
intensidade em uma palavra. Quanto à posição da sílaba (sem acento).
tônica, as palavras se classificam em: Ex. Ele crê / Eles creem
Oxítona: Palavra cuja sílaba tônica é a última. Ele vê / Eles veem
Ex. angu, crachá Ele relê / Eles releem
Ele descrê / Eles descreem
Paroxítona: Palavra cuja sílaba tônica é a penúltima.
Ex. aluno, fácil Acento diferencial: A palavra pôde (pretérito perfeito)
recebe acento para diferenciar de pode (presente). O verbo
Proparoxítona: Palavra cuja sílaba tônica é pôr recebe acento para diferenciar da preposição por.
antepenúltima.
Ex. elétrico, lâmpada OBS.1: O acento diferencial foi eliminado nas palavras
PARA, PERA, PELA, PELO, POLO.
OBS.: Palavras formadas por uma só sílaba são OBS.2: O trema também foi extinto em todas as palavras
chamadas monossílabas. As monossílabas se dividem em: (Ex. frequente, cinquenta, linguiça).
átonas (me, o, a, de, lhe, em, se) e tônicas (dor, mim, sol,
ver, ti, luz)
ORTOGRAFIA
Sílaba subtônica: Só existe em palavras derivadas.
Emprego do Ç
Coincide com a tônica da palavra primitiva.
01) Utilizamos o sufixo -ção nas palavras derivadas de
Ex. cafezinho - A sílaba tônica é zi, e a subtônica, fe.
vocábulos terminados em -to, -tor, -tivo e os substantivos
taxímetro - A sílaba tônica é xí, e a subtônica, ta.
derivados de verbos:
Atenção: As sílabas que não são tônicas nem subtônicas Ex. erudito = erudição
são chamadas átonas. exceto = exceção
setor = seção
REGRAS DE ACENTUAÇÃO intuitivo = intuição
educar = educação
(Atualizadas conforme o Acordo Ortográfico de 2008) exportar = exportação
Monossílabos Tônicos: Serão acentuados quando repartir = repartição
terminarem em A, E, O, seguidos ou não de s. 02) Emprega-se -tenção nos substantivos
Ex. pá, más, fé, Jês, dó, cós. correspondentes aos verbos derivados do verbo ter.
Ex. manter = manutenção
Oxítonas: Serão acentuadas quando terminarem em A, reter = retenção
E, O, seguidos ou não de s, e em EM, ENS. deter = detenção
Ex. Corumbá, maracujás, rapé, massapê, filó, vovô, conter = contenção
amém, parabéns.
Emprego do S
Paroxítonas: Serão acentuadas quando terminarem em 01) Nas palavras derivadas de verbos terminados em -
L, I(S), N, U(S), R, X, Ã, ÃO, UM, UNS, PS, EI(S), ditongo nder e –ndir.
crescente (s). Ex. pretender = pretensão
Ex: fácil, táxi, pólen, bônus, caráter, fênix, ímã, órgão, defender = defesa, defensivo
álbum, médiuns, tríceps, vôlei, relógio. compreender = compreensão
Proparoxítonas: Todas as proparoxítonas são fundir = fusão
acentuadas. expandir = expansão
Ex. síndrome, ínterim, lêvedo, médico, árvore, sândalo. 02) Nas palavras derivadas de verbos terminados em -
Ditongos abertos EI e OI: São acentuados, exceto em erter, -ertir e -ergir.
palavras paroxítonas. Ex. perverter = perversão
Ex. réis, anéis, ideia, dói, herói, jiboia. converter = conversão
divertir = diversão
Ditongo aberto EU: Sempre é acentuado. imergir = imersão
Ex. véu, chapéu, fogaréu.
03) Emprega-se -puls- nas palavras derivadas de
Hiato: As letras I e U, quando formarem hiato com outra verbos terminados em –pelir; e -curs-, nas palavras
vogal e estiverem sozinhas na sílaba, ou seguidas de S, derivadas de verbos terminados em -correr.
receberão acento. Ex. expelir = expulsão
Ex. puída, país, construí-la, baú, ataúde, balaústre. impelir = impulso
compelir = compulsório
OBS. 1: Há algumas exceções para a regra do hiato de I concorrer = concurso
e U. Não são acentuados: discorrer = discurso
1ª) Hiato de vogais idênticas _ xiita, sucuuba percorrer = percurso
2ª) Hiato seguido pelo dígrafo NH _ rainha, bainha
04) Nas palavras terminadas em -oso e -osa, com
3ª) Hiato precedido de ditongo _ feiura, cauila, bocaiúva.
exceção de gozo.
Ex. gostosa, saboroso, gasoso
Verbos TER e VIR: Recebem acento circunflexo na 3ª
pessoa do plural do presente do indicativo. 05) Nas palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose,
Ex. Ele tem / Eles têm com exceção de gaze e deslize.
Ele vem / Eles vêm. Ex. fase, crase, tese, osmose, análise.
Já os verbos derivados de Ter e Vir recebem acento 06) Nas palavras femininas terminadas em -isa.
agudo na 3ª pessoa do singular e acento circunflexo na 3ª Ex. poetisa, papisa, Marisa.
pessoa do plural. 07) Em toda a conjugação dos verbos pôr, querer e
Ex. Ele detém / Eles detêm usar.
Ele intervém / Eles intervêm. Ex. Eu pus Ele quis Nós usamos

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08) Nas palavras terminadas em -ês e -esa, que gorja = gorjeta, gorjeio
indicarem nacionalidade, origem e títulos de nobreza. canja = canjica
Ex. português, dinamarquesa, tailandesa, duquesa,
03) Nas palavras de origem tupi, africana ou popular.
marquês.
Ex. jiló, pajé, jiboia, jirau
09) Nos verbos terminados em -isar, quando a palavra
Emprego do G
primitiva já possuir o -s-.
01) Em todas as palavras terminadas em -ágio, -égio, -
Ex. análise = analisar
ígio, -ógio, -úgio.
liso = alisar
Ex. pedágio, colégio, sacrilégio, prestígio, relógio,
pesquisa = pesquisar
refúgio.
paralisia = paralisar
02) Nas palavras terminadas em -gem, com exceção de
10) Nos diminutivos de palavras escritas com -s-.
pajem e lambujem:
Ex.: casinha, asinha, portuguesinho, Inesita.
Ex. viagem (subst.), coragem, personagem, ferrugem,
OBS.: Ç ou S? Após ditongo, emprega-se -ç-, quando penugem.
houver som de ss, e escreve-se com -s-, quando houver Emprego do X
som de z. Ex. eleição, traição, lousa, coisa. 01) Nas palavras iniciadas por mex-, com exceção de
Emprego do Z mecha.
1) Nas palavras terminadas em -ez e -eza, que são Ex. mexilhão, mexerica, mexer
substantivos derivados de adjetivos: 02) Nas palavras iniciadas por enx-, com exceção das
Ex. limpo = limpeza derivadas de vocábulos iniciados por ch- e da palavra
lúcido = lucidez enchova.
nobre = nobreza Ex. enxada, enxerto, enxerido, enxurrada.
pobre = pobreza
belo = beleza 03) Após ditongo, com exceção de recauchutar e
guache.
2) Nos verbos terminados em -izar, quando a palavra Ex. ameixa, deixar, queixa, feixe, peixe
primitiva não possuir -s-.
Ex. economia = economizar UIR e OER
terror = aterrorizar Os verbos terminados em -uir e -oer terão as 2ª e 3ª
frágil = fragilizar pessoas do singular do Presente do Indicativo escritas com -
i-.
OBS.: Cuidado, pois há algumas exceções! Ex. tu possuis, ele possui, tu constróis, ele constrói, tu
Ex. catequese = catequizar móis, ele mói
síntese = sintetizar
UAR e OAR
hipnose = hipnotizar
Os verbos terminados em -uar e -oar terão todas as
batismo = batizar
pessoas do Presente do Subjuntivo escritas com -e-.
3) Nos diminutivos terminados em -zinho e -zito, quando Ex. Que eu efetue, Que tu efetues, Que vós entoeis, Que
a palavra primitiva não possuir -s- . eles entoem.
Ex. mulherzinha, arvorezinha, alemãozinho,
aviãozinho, pezinho
EMPREGO DO HÍFEN
Emprego de SS
01) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - As regras a seguir referem-se ao uso do hífen em
ceder. palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem
Ex. anteceder = antecessor funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti,
exceder = excesso aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex,
conceder = concessão extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini,
multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro,
02) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
primir.
Ex. imprimir = impressão 1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra
comprimir = compressa iniciada por h. Ex. anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro,
deprimir = depressivo macro-história, super-homem.
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano
03) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - perde o h).
gredir.
Ex. agredir = agressão 2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal
progredir = progresso diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
transgredir = transgressor Ex. aeroespacial, agroindustrial, anteontem, semianual,
infraestrutura, plurianual.
04) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - Exceção: o prefixo co geralmente aglutina-se, com o
meter. segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o:
Ex. comprometer = compromisso coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação,
intrometer = intromissão cooptar.
prometer = promessa
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal
Emprego do J e o segundo elemento começa por consoante diferente de r
01) Nas palavras derivadas dos verbos terminados em - ou s.
jar. Ex. anteprojeto, antipedagógico, coprodução, semideus,
Ex. trajar = traje, eu trajei ultramoderno.
encorajar = que eles encorajem
viajar = que eles viajem 4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal
e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso,
02) Nas palavras derivadas de vocábulos terminados em duplicam-se essas letras.
-ja. Ex. antirrábico, antissocial, contrarregra, cosseno,
Ex. loja = lojista infrassom.

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5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se 6) para separar termos deslocados de sua posição
o segundo elemento começar pela mesma vogal. normal na frase.
Ex. anti-ibérico, auto-observação, contra-atacar, micro- Ex. O documento, você trouxe?
ondas, semi-interno.
7) para separar elementos paralelos de um provérbio.
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen Ex. Tal pai, tal filho.
se o segundo elemento começar pela mesma consoante.
8) para indicar a elipse (omissão) de um termo.
Ex. inter-racial, sub-base, super-realista.
Ex. Daniel ficou alegre e eu, chateado.
Atenção: Nos demais casos, não se usa o hífen.
9) para separa orações intercaladas.
Ex. hipermercado, intermunicipal, superproteção.
Ex. O importante, disse ela, era a segurança da escola.
OBS.: Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante 10) para separar as orações coordenadas, exceto as
de palavra iniciada por r (sub-região). Já com os prefixos aditivas.
circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por Ex. Vá devagar, que a rua é perigosa.
m, n e vogal (circum-navegação, pan-americano).
ATENÇÃO! Embora a conjunção "e" seja aditiva, há
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o
três casos em que se usa a vírgula antes dela:
hífen se o segundo elemento começar por vogal.
1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos
Ex. hiperacidez, interescolar, superinteressante.
diferentes.
8. Com os prefixos vice, ex, sem, além, aquém, recém, Ex. O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.
pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. 2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade
Ex. vice-prefeito, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, pós- de dar ênfase (polissíndeto).
graduação, pré-história, pró-europeu, recém-casado, sem-terra. Ex. E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-
não seja da adição (adversidade, consequência)
guarani: açu, guaçu e mirim.
Ex. Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi
Ex. amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
aprovada.
Além de ser empregado com os prefixos nos casos
citados acima, o hífen também é utilizado na separação 11) para separar orações subordinadas substantivas e
silábica (e-le-fan-te), serve para ligar pronome pessoal adverbiais, principalmente quando vêm antes da principal.
oblíquo a verbo (ofereço-lhe) e une os elementos nas Ex.Quando José encontrar o livro, vai comprá-lo para mim.
palavras compostas.
(Ex. guarda-roupa, beija-flor, corre-corre, greco-latino). 12) para isolar as orações subordinadas adjetivas
explicativas.
Ex. A professora, que ainda estava na faculdade,
PONTUAÇÃO
dominava todo o conteúdo.
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios Ponto-e-vírgula (;)
da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda O ponto-e-vírgula indica uma pausa um pouco mais
a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os longa que a vírgula e um pouco mais breve que o ponto. O
textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações emprego do ponto-e-vírgula depende muito do contexto em
da fala. São eles: que ele aparece. Podem-se seguir as seguintes orientações
Vírgula ( , ) para empregar o ponto-e-vírgula:
A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em 1) Para separar duas orações coordenadas que já
suspenso à espera da continuação do período. contenham vírgulas.
Geralmente é usada: Ex. Estive a pensar, durante toda a noite, em Diana,
1) nas datas, para separar o nome da localidade. minha antiga namorada; no entanto, desde o último verão,
Ex. Brasília, 25 de agosto de 2011. estamos sem nos ver.
2) após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados 2) Para separar enumeração após dois pontos:
como resposta, no início da frase. Ex. Os alunos devem respeitar as seguintes regras:
Ex. _ Você gostou da festa? - não fumar dentro do colégio;
_ Sim, eu adorei. - não fazer algazarras na hora do intervalo;
- respeitar os funcionários e os colegas;
3) após a saudação em correspondência (social e - trazer sempre o material escolar.
comercial).
Ex. Atenciosamente, Dois-pontos (:)
4) para separar termos de uma mesma função sintática. 1) Para iniciar uma enumeração:
Ex. Comprei banana, maçã, laranja. Ex. Compramos para a casa o seguinte: mesa,
cadeiras, tapetes e sofás.
5) para destacar elementos intercalados na oração, tais
como: 2) Para introduzir a fala de uma personagem:
A – uma conjunção Ex.Sempre que o professor Luís entra em sala-de-aula diz:
Ex. Ele estudou, não alcançou, porém, um bom resultado. __ Essa moleza vai acabar!
B – um adjunto adverbial 3) Para esclarecer ou concluir algo que já foi dito:
Ex. Essas crianças, com certeza, serão aprovadas. Ex. Subjetividade e Nacionalismo: essas são as
características do Romantismo.
C – um vocativo
Ex. Todos vocês, meus amigos, estão convidados Reticências ( ... )
D – um aposto 1) Para indicar uma certa indecisão, surpresa ou dúvida
Ex. Juliana, irmã de Maria, passou no vestibular. na fala da personagem:
Ex. João Antônio! Diga-me... você... me traiu?
E – uma expressão explicativa ou corretiva (isto é, a
saber, ou melhor, aliás, etc,) 2) Para indicar que, num diálogo, a fala de uma
Ex. O amor, ou seja, o mais sublime sentimento personagem foi interrompida:
humano, inicia-se em Deus. Ex. __ Como todos já deram sua opinião, creio que...

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3) Para indicar, numa citação, que certos trechos do Ex. cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder) meio
texto foram exclusos: (numeral) e meio (substantivo)
Ex. "No momento em que a tia foi pagar a conta, 2) Homônimos Homófonos _ Têm a mesma
Joana pegou o livro..." (Clarice Lispector) pronúncia e grafias diferentes.
Ex. sessão (reunião) seção (repartição) e cessão (ato
Aspas ( " " )
de ceder)
As aspas têm como função destacar uma parte do texto.
3) Homônimos Homógrafos _ Têm a mesma grafia e
São empregadas:
pronúncias diferentes.
1) antes e depois de citações ou transcrições textuais.
Ex. almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar)
Ex. Como disse Machado de Assis: “A melhor
sede (vontade de beber) e sede (residência).
definição de amor não vale um beijo.”
2) para assinalar estrangeirismo, neologismos, gírias, Parônimos: São palavras de significação diferente, mas
expressões populares, ironia. de forma parecida, semelhante.
Ex. O "lobby" dos fabricantes de pneus está cada vez Ex. retificar e ratificar inflação e infração
mais explícito. tráfico e tráfego eminente e iminente
Com a chegada da polícia, os três suspeitos "vazaram".
Segue abaixo uma lista com alguns homônimos e
Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!
parônimos:
OBS.: Em trechos que já estiverem entre aspas, se - acender = atear fogo
necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples. ascender = subir
Ex. "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera - acerca de = a respeito de, sobre
deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia há cerca de = faz, existe aproximadamente
o que era oblíqua.” (Machado de Assis) - afim = semelhante, com afinidade
a fim de = com a finalidade de
Travessão ( – ) - amoral = indiferente à moral
O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser imoral = contra a moral, libertino, devasso
empregado: - apreçar = marcar o preço
1) no discurso direto, para indicar a fala da personagem apressar = acelerar
ou a mudança de interlocutor nos diálogos. - arrear = pôr arreios
Ex. _ O que isso, mãe? arriar = abaixar
_ É seu presente de Natal, minha filha. - bucho = estômago de ruminantes
2) para separar expressões ou frase explicativas, buxo = arbusto ornamental
intercaladas. - caçar = abater a caça
Ex. "E logo me apresentou à mulher – uma estimável cassar = anular
senhora – e à filha." (Machado de Assis) - cela = aposento
3) para destacar algum elemento no interior da frase, sela = arreio
podendo também realçar o aposto. - censo = recenseamento
Ex. "Junto do leito meus poetas dormem – Dante, a senso = juízo
Bíblia, Shakespeare e Byron – na mesa confundidos." (Álvares cessão = ato de doar
de Azevedo) - seção = corte, divisão
sessão = reunião
- chalé = casa campestre
SEMÂNTICA
xale = cobertura para os ombros
A semântica estuda o significado e a interpretação do - cheque = ordem de pagamento
significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de xeque = lance do jogo de xadrez
uma expressão em um determinado contexto. - comprimento = extensão
Esse campo de estudo analisa, também, as mudanças cumprimento = saudação
de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a - concertar = harmonizar, combinar
alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico. consertar = remendar, reparar
- conjetura = suposição, hipótese
Ambiguidade: Possibilidade de dupla interpretação para conjuntura = situação, circunstância
um mesmo enunciado. - deferir = conceder
Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra diferir = adiar
tem de apresentar mais de um significado nos múltiplos - descrição = representação
contextos em que aparece. discrição = ato de ser discreto
Ex. cabo (posto militar, acidente geográfico, parte da - descriminar = inocentar
vassoura) discriminar = diferençar, distinguir
- despensa = compartimento
Sinônimos: São palavras que apresentam, entre si, o dispensa = desobrigação
mesmo significado. - despercebido = sem ser notado
Ex. triste = melancólico desapercebido = desprevenido
resgatar = recuperar - eminente = nobre, alto, excelente
ratificar = confirmar iminente = prestes a acontecer
digno = decente, honesto - esperto = ativo, inteligente, vivo
reminiscências = lembranças experto = perito, entendido
insipiente = ignorante. - espiar = olhar sorrateiramente
Antônimos: São palavras que apresentam, entre si, expiar = sofrer pena ou castigo
sentidos opostos, contrários. - estada = permanência de pessoa
Ex. bom x mau bem x mal condenar x absolver estadia = permanência de veículo
simplificar x complicar - flagrante = evidente
fragrante = aromático
Homônimos: São palavras iguais na forma e diferentes - incerto = duvidoso
na significação. Há três tipos de homônimos: inserto = inserido, incluso
1) Homônimos Perfeitos _ Têm a mesma grafia e a - incipiente = iniciante
mesma pronúncia. insipiente = ignorante

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- infligir = aplicar pena ou castigo 4) Desinências: É o elemento que indica a flexão da
infringir = transgredir, violar, desrespeitar palavra. Existem dois tipos de desinências:
- intercessão = súplica, rogo a) Desinências verbais
interse(c)ção = ponto de encontro de duas linhas - Modo-temporais = indicam o modo e o tempo. Ex.
- ratificar = confirmar cantava (pretérito imperfeito do indicativo)
retificar = corrigir - Número-pessoais = indicam a pessoa e o número.
- soar = produzir som Ex. cantaram (3ª pessoa do plural)
suar = transpirar
b) Desinências nominais
- sortir = abastecer
- de gênero = indica o gênero da palavra. A palavra terá
surtir = originar
desinência nominal de gênero, quando houver a oposição
- tacha = pequeno prego
masculino - feminino.
taxa = tributo
Ex. cabeleireiro - cabeleireira.
- tachar = censurar, notar defeito em
A vogal a será desinência nominal de gênero sempre
taxar = estabelecer o preço
que indicar o feminino de uma palavra, mesmo que o
Hipônimo: É a palavra que indica uma parte, um item masculino não seja terminado em o.
específico de um todo. Ex. crua, ela, traidora.
Ex. sabiá, curió, gavião, águia (pertencem ao grupo das - de número = indica o plural da palavra. É a letra s,
aves, portanto são hipônimos da palavra AVE). somente quando indicar plural.
Ex. cadeiras, macacos
Hiperônimo: É a palavra que indica o todo, do qual se
originam várias partes ou ramificações. 5) Afixos: São elementos que se juntam ao radical para
Ex. Calçado (Hiperônimo de sandália, tênis, sapato, etc.) formar novas palavras.
Animal (Hiperônimo de vaca, zebra, gato, etc.) São eles:
- Prefixo: É o afixo que aparece antes do radical.
OBS.: A Hiponímia particulariza, enquanto a Hiperonímia Ex. destampar, incapaz, amoral.
generaliza. - Sufixo: É o afixo que aparece depois do radical ou do
tema.
MORFOLOGIA Ex. pensamento, acusação
Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da Vogais e consoantes de ligação: São vogais e
classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais
estudar as palavras analisando-as isoladamente, fácil e agradável a pronúncia de certas palavras. Ex. flores,
independentes de contexto. bambuzal, gasômetro. As vogais e consoantes de ligação não
são consideradas morfemas, mas simples elementos utilizados,
ESTRUTURA DAS PALAVRAS principalmente, em palavras derivadas e compostas.
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores
das palavras. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Assim, compreendemos melhor o significado de cada Haverá derivação quando, a partir de uma palavra
uma delas. primitiva na Língua Portuguesa, formar-se uma nova palavra,
As palavras podem ser divididas em unidades menores, a derivada.
a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas. Há seis tipos de derivação:
Os elementos mórficos são os seguintes: Derivação Prefixal: a palavra derivada é obtida pela
anexação de um prefixo à palavra primitiva.
1) Radical : É o elemento que contém o sentido básico Ex. conceder, imoral, transplantar
do vocábulo.
Ex. falar, comer, dormir, casa, carro. Derivação Sufixal: A palavra nova é obtida por
acréscimo de sufixo.
Palavras que apresentam o mesmo radical são Ex. felizmente, moralidade
chamadas de palavras cognatas e constituem uma família
etimológica. Ex. árvore, arborizado, arvorismo, arbóreo. Derivação Prefixal e Sufixal: A palavra nova recebe
prefixo e sufixo.
OBS.: Em se tratando de verbos, descobre-se o radical, Ex. imoralidade, transplantado
retirando-se a terminação AR, ER ou IR.
Derivação Parassintética: a palavra nova é obtida pelo
2) Vogal Temática : É uma vogal colocada após o acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese,
radical, que o prepara para receber os demais elementos. formam-se principalmente verbos.
Ex. cadeira, livro, casa. Ex. entristecer, enevoar
Os verbos apresentam as vogais temáticas A, E ou I,
presentes à terminação verbal. Elas indicam a que OBS.: Não confunda a derivação parassintética com a
conjugação o verbo pertence: prefixal e sufixal.
- 1ª conjugação = vogal temática A No caso da parassíntese, a nova palavra só existe com
(comprar, amar) ambos os afixos, pois o acréscimo é simultâneo.
- 2ª conjugação = vogal temática E No caso de entristecer, por exemplo, não existe “entriste”
(viver, beber) (sem o sufixo) e nem “tristecer” (sem o prefixo).
- 3ª conjugação = vogal temática I Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem
(dormir, sentir) que haja a presença de afixos. São eles:
OBS.: O verbo pôr e seus derivados (supor, compor, Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
repor, etc.) pertencem à 2ª conjugação, já que se originam redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na
do antigo verbo poer. formação de substantivos derivados de verbos.
Ex. pesca (subst. deriv. do verbo pescar)
3) Tema: É a junção do radical com a vogal temática. Se
não existir a vogal temática, o tema e o radical serão o Derivação imprópria: a palavra nova é obtida pela
mesmo elemento. mudança de categoria gramatical da palavra primitiva. Não
Ex. estuda = estud+a ferro = ferr+o leal = leal ocorre, pois, alteração na forma, mas tão-somente na classe
(radical e tema coincidem) gramatical.
Ex. o porquê

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Haverá composição quando se juntarem dois ou mais Flexão de gênero
radicais para formar uma nova palavra. A composição pode Os substantivos flexionam-se nos gêneros masculino e
ocorrer por: feminino e, quanto às formas, podem ser:
Justaposição: os elementos que formam o composto Substantivos biformes: apresentam duas formas
são postos lado a lado, sem que haja alteração fonética (a originadas do mesmo radical.
pronúncia não muda). Ex. menino - menina, traidor - traidora, aluno - aluna.
Ex. passatempo, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
Substantivos heterônimos: apresentam radicais
Aglutinação: os elementos que formam o composto se distintos e dispensam artigo ou flexão para indicar gênero,
aglutinam, havendo alteração fonética. ou seja, apresentam duas formas: uma para o feminino e
Ex. aguardente (água+ardente), alvinegro (alvo+negro). outra para o masculino.
Ex. arlequim - colombina, bode - cabra, homem – mulher.
Além da derivação e da composição, há alguns
outros processos de formação de palavras: Substantivos uniformes: apresentam a mesma forma
para os dois gêneros, podendo ser classificados em:
Hibridismo: É a formação de novas palavras a partir da
união de radicais de idiomas diferentes. Epicenos: referem-se a animais ou plantas e são
Ex. automóvel (grego+latim), sociologia (latim+grego), invariáveis no artigo precedente, acrescentando as palavras
burocracia (francês+grego) macho e fêmea, para distinção do sexo do animal. Ex. a
onça macho - a onça fêmea; o jacaré macho - o jacaré
Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando
fêmea; a foca macho - a foca fêmea.
imitar sons da natureza ou barulhos de máquinas. Ex.
zunzum, cricri, tique-taque, pingue-pongue. Comuns de dois gêneros: o gênero é indicado pelo
artigo precedente. Ex. o/a dentista; o/a gerente.
Abreviação ou Redução Vocabular: Consiste na
eliminação de um segmento da palavra, a fim de se obter Sobrecomuns: invariáveis no artigo precedente.
uma forma mais curta. Exemplos: a criança, o indivíduo, o algoz.
Ex. extra (de extraordinário), fone (de telefone) Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam
Siglas: São formadas pela combinação das letras iniciais de também de significado. Eis alguns deles:
uma sequência de palavras que constitui um nome: - o caixa = o funcionário
Ex. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a caixa = o objeto
- o capital = dinheiro
Empréstimo linguístico: É o aportuguesamento de a capital = sede de governo
palavras estrangeiras. - o grama = medida de massa
Ex. estresse, bife, sutiã a grama = a relva, o capim
- o guia = cicerone
CLASSES DE PALAVRAS a guia = documento, formulário; meio-fio
- o moral = estado de espírito
A Morfologia dividiu as palavras em dez classes
a moral = ética, conclusão
(também chamadas de classes gramaticais ou classes
morfológicas), considerando suas características e funções. Flexão de número
São elas: substantivo, adjetivo, artigo, pronome, numeral, Os substantivos apresentam singular e plural. Os
verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. substantivos simples fazem o plural da seguinte forma, se
forem terminados em:
SUBSTANTIVO
1) n, vogal ou ditongo, acrescenta-se o s.
Substantivo é a palavra variável que dá nome aos seres, Ex. elétrons, copos, cáries
lugares, objetos, sentimentos. Para transformar uma palavra 2) ão, substitui-se por ões, ães ou ãos.
de outra classe gramatical em um substantivo, basta Ex. anões, cães, mãos
precedê-la de artigo. 3) r e z, acrescenta-se es.
O substantivo pode ser classificado em: Ex. flores, luzes.
Primitivo: palavras que não derivam de outras. 4) x, são invariáveis.
Ex. flor, pedra, jardim. Ex. tórax, fênix
5) al, el, ol, ul, trocam o l por is, com as seguintes
Derivado: vem de outra palavra existente na língua. exceções: "mal" (males), "cônsul" (cônsules), "mol" (mols),
Ex. floricultura , pedreira, jardineiro. "gol" (gols).
Simples: tem apenas um radical. Ex. jornais, anéis.
Ex. água, couve, sol 6) il, troca-se o l por is (quando oxítona) ou o il por eis
(quando paroxítona).
Composto: tem dois ou mais radicais. Ex. fuzis, projéteis.
Ex. água-de-cheiro, couve-flor, girassol. 7) s, acrescenta-se es nas oxítonas e nas monossílabas;
Concreto: designa seres reais ou fantásticos. as demais ficam invariáveis.
Ex. homem, cadeira, anjo. Ex. países, áses, lápis, ônibus.
(Exceção: cais é invariável)
Abstrato: designa sentimentos, ideias ou conceitos, cuja
existência está vinculada a alguém ou a alguma outra coisa. Os substantivos compostos ligados por hífen flexionam-
Ex. justiça, amor, trabalho, se da seguinte forma:
- se os elementos são formados por palavras repetidas
Comum: denomina um conjunto de seres de maneira geral, ou por onomatopeia, só o segundo elemento varia (tico-ticos,
ou seja, um ser sem diferenciar dos outros do mesmo conjunto. pingue-pongues).
Ex. carro, aluno, cidade - nos demais casos, somente os elementos
Próprio: denota um elemento individual, sendo grafado originariamente substantivos, adjetivos e numerais variam
sempre com letra maiúscula. (couves-flores, guardas-noturnos, amores-perfeitos, bem-
Ex. Fusca, Lucas, Ipatinga. amados, vale-tudo).
Coletivo: um substantivo coletivo designa um nome OBS.: Metafonia é a mudança no timbre da vogal o (que
singular dado a um conjunto de seres. passa de fechada ‘ô’ a aberta ‘ó’), observada no plural de
Ex. legião, alcatéia, arquipélago. alguns substantivos: ovo – ovos , posto – postos.

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Flexão de grau Biforme: apresenta uma forma diferente para cada
Os substantivos apresenta os graus aumentativo e gênero.
diminutivo, que são formados por dois processos: Ex. bonito/bonita, chinês/chinesa
Analítico: o substantivo é modificado por adjetivos que Flexão de número
indicam sua proporção (rato grande, gato pequeno). Os adjetivos simples se flexionam obedecendo às
Sintético: são utilizados sufixos. (ratão, gatinho) mesmas regras dos substantivos simples. Já no caso dos
Alguns substantivos apresentam um diminutivo erudito, adjetivos compostos, somente o último elemento flexiona.
formado com os sufixos latinos ículo(a), ulo(a), únculo(a) e Ex. cabelos castanho-escuros, obras anglo-
úsculo(a). germânicas.

Segue abaixo uma lista de diminutivos eruditos: OBS.: Caso o adjetivo seja representado por um
corpo – corpúsculo substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
cela – célula estiver qualificando um elemento for, originalmente, um
febre – febrícula substantivo, ela não se flexiona.
feixe – fascículo Ex. motos vinho, comícios monstro, tons pastel,
globo – glóbulo camisas branco-gelo, bandeiras amarelo-ouro.
grão – grânulo Azul-marinho, azul-celeste, furta-cor, ultravioleta e
gota – gotícula qualquer adjetivo composto iniciado por cor de ... são
homem – homúnculo sempre invariáveis.
monte – montículo Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha
nó – nódulo têm os dois elementos flexionados.
núcleo – nucléolo
obra – opúsculo Flexão de Grau
orelha – aurícula 1) Grau Comparativo: compara uma qualidade entre
ovo – óvulo dois elementos ou duas qualidade de um mesmo elemento.
parte – partícula São três os comparativos:
porção – porciúncula - de superioridade: Para alguns alunos, Português é
pele – película mais fácil que Química.
questão – questiúncula - de igualdade: Para alguns alunos, Português é tão
raiz – radícula fácil quanto Química.
rede – retículo - de inferioridade: Para alguns alunos, Português é
verso – versículo menos fácil que Química.
OBS.: Os adjetivos bom, mau, grande e pequeno têm
ADJETIVO formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor); porém, em
comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo
Adjetivo é a palavra que modifica um substantivo,
elemento, devem-se usar as formas analíticas mais bom,
atribuindo-lhe qualidade, estado ou modo de ser. Os
mais mau, mais grande e mais pequeno.
adjetivos podem ser:
Ex. Pedro é maior do que Paulo, pois se está
1) Adjetivo explicativo _ Denota qualidade essencial comparando dois elementos, mas Pedro é mais grande que
do ser, qualidade inerente. forte, pois se está fazendo a comparação de duas
Ex. Homem mortal, leite branco. qualidades de um mesmo elemento.
2) Adjetivo restritivo _ Denota qualidade adicionada 2) Grau Superlativo: engrandece a qualidade de um
ao ser, ou seja, qualidade que pode ser retirada do elemento. São dois os superlativos:
substantivo.
Ex. Homem inteligente, leite enriquecido. Superlativo absoluto
- analítico = o adjetivo é modificado por um advérbio.
Quanto à formação, os adjetivos se classificam em: Ex. Carla é muito inteligente.
Primitivo: não se originam de outra palavra. - sintético = quando há o acréscimo de um sufixo.
Ex. verde Ex. Carla é inteligentíssima.
Derivado: origina-se de uma palavra já existente. Superlativo relativo
Ex. esverdeado - de superioridade = Enaltece a qualidade do
Simples: apresenta somente um radical. substantivo como "o mais" dentre todos os outros.
Ex. azul Ex. Carla é a mais inteligente.

Composto: apresenta mais de um radical. - de inferioridade = Enaltece a qualidade do substantivo


Ex. azul-marinho como "o menos" dentre todos os outros.
Ex. Carla é a menos inteligente.
Adjetivo Pátrio: Indica a nacionalidade ou o lugar de
origem do ser. ARTIGO
Ex. acreano, belo-horizontino, estadunidense, porto- É a palavra variável em gênero e número que precede
riquenho, nordestino. um substantivo, determinando-o de modo preciso (artigo
Locução Adjetiva: É uma expressão que exerce a definido) ou vago (artigo indefinido). Os artigos classificam-
mesma função do adjetivo. se em:
Ex. olhos de águia (=aquilinos) 01) Artigos Definidos: o, a, os, as.
carinha de anjo (= angelical) Ex. O garoto pediu dinheiro. (sabe-se quem é o garoto.)
fé sem limite (=ilimitada) 02) Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Flexão de gênero Ex. Um garoto pediu dinheiro. (Refere-se a um garoto
O adjetivo concorda com o substantivo a que se refere qualquer, de forma genérica.)
em gênero e número (masculino e feminino; singular e
OBS.: O artigo tem a capacidade de substantivar qualquer
plural). Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
palavra, isto é, ao precedermos uma palavra de artigo,
Uniforme: apresenta uma única forma para os dois automaticamente, ela passa a atuar como substantivo.
gêneros. Ex. Maria não aceitava um não como resposta.
Ex. amável, persistente O andar do rapaz era trôpego e engraçado.

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Emprego dos artigos Os pronomes pessoais oblíquos se subdividem em dois
Ambos: Usa-se o artigo entre o numeral ambos e o tipos: os átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes),
elemento posterior, caso este exija o seu uso. que não são antecedidos por preposição e se apoiam
Ex. Ambos os atletas foram declarados vencedores. diretamente no verbo; e os tônicos (mim, comigo, ti, contigo,
(atletas é substantivo que exige artigo.) ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas),
Todos: Usa-se o artigo entre o pronome indefinido precedidos por preposição.
todos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso. Emprego dos Pronomes Pessoais
Ex. Todas as leis devem ser cumpridas. Eu e tu exercem a função sintática de sujeito. Mim e ti
Todo: Diante do pronome indefinido todo, usa-se o exercem a função sintática de complemento verbal ou
artigo, para indicar totalidade; não se usa, para indicar nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial e sempre
generalização. são precedidos de preposição.
Ex. Todo o país participou da greve. (O país inteiro) Ex. Trouxeram aquela encomenda para mim.
Todo país sofre por algum motivo. (Qualquer país, Era para eu conversar com o diretor.
todos os países) Se, si, consigo são pronomes reflexivos ou recíprocos;
Cujo: Não se usa artigo após o pronome relativo cujo. portanto, só poderão ser usados na voz reflexiva ou na voz
Ex. As mulheres, cujas bolsas desapareceram, ficaram reflexiva recíproca.
revoltadas. (e não cujo as bolsas) Ex. Quem não se cuida, acaba ficando doente.
Gilberto trouxe consigo os três irmãos.
Pronomes Possessivos: Diante de pronomes
possessivos, o uso do artigo é facultativo. Com nós ou com vós são usados quando, à frente,
Ex. Encontrei seus amigos no Shopping. / Encontrei surgir qualquer palavra que indique quem "somos nós" ou
os seus amigos no Shopping. quem "sois vós". Nos demais casos, usa-se sempre
conosco ou convosco.
Nomes de pessoas: Diante de nome de pessoas, só se Ex. Ele disse que sairia com nós dois.
usa artigo para indicar afetividade ou familiaridade. O engenheiro foi ao canteiro de obras conosco.
Ex. O Pedrinho mandou uma carta a Fernando
Henrique Cardoso. OBS.: Quando os pronomes pessoais ele(s), ela(s)
funcionarem como sujeito, não devem ser aglutinados com a
Casa: Só se usa artigo diante da palavra casa, se ela preposição de.
estiver especificada. Ex. No momento de ele discursar, faltou-lhe a palavra.
Ex. Saí de casa há pouco.
Saí da casa do Gilberto há pouco. Os pronomes oblíquos átonos podem exercer diversas
Terra: Se a palavra terra significar "chão firme", só funções sintáticas nas orações. São elas:
haverá artigo quando estiver especificada. Se significar - Objeto Direto - me, te, se, o, a, nos, vos, os, as.
planeta, usa-se com artigo. Ex. Quando encontrar seu material, traga-o até mim.
Ex. Os marinheiros voltaram de terra, pois irão à terra Respeite-me, garoto.
do comandante. - Objeto Indireto - me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.
Os astronautas tiraram fotos da Terra. Ex. Traga-me as apostilas
OBS.: Não se deve combinar com preposição o artigo Obedecemos-lhe cegamente.
que faz parte do nome de jornais, revistas, obras literárias, Adjunto adnominal - me, te, lhe, nos, vos, lhes,
etc. quando indicarem posse.
(Ex. Li a notícia em O Estado.) Ex. Quando Clodoaldo morreu, Soraia recebeu-lhe a
De igual forma, não se combina com preposição o artigo herança. (a herança dele)
que integra o sujeito de um verbo.
Complemento nominal - me, te, lhe, nos, vos, lhes,
(Ex. Está na hora de a onça beber água.)
quando complementarem o sentido de adjetivos, advérbios
ou substantivos abstratos.
PRONOME Ex. Tenha-me respeito. (respeito a mim)
Pronome é a palavra variável em gênero, número e Sujeito acusativo - me, te, se, o, a, nos, vos, os, as,
pessoa que substitui ou acompanha o nome, indicando-o quando estiverem em um período composto formado pelos
como pessoa do discurso. verbos fazer, mandar, ver, deixar, sentir ou ouvir e um
verbo no infinitivo ou no gerúndio.
OBS.: São três as pessoas do discurso: 1ª pessoa =
Ex. Deixei-a entrar atrasada.
emissor (transmite a mensagem); 2ª pessoa = receptor
Mandaram-me conversar com ele.
(recebe a mensagem) e 3ª pessoa = referente (assunto da
mensagem). Se o verbo for terminado em M, ÃO ou ÕE, os pronomes
Quando o pronome substituir um substantivo, será o, a, os, as se transformarão em no, na, nos, nas.
denominado pronome substantivo Ex. Quando encontrarem o material, tragam-no até
Ex. Ele é amigo de Pedro. mim.
Quando o pronome acompanhar um substantivo, será Se o verbo terminar em R, S ou Z, essas terminações
denominado pronome adjetivo. serão retiradas, e os pronomes o, a, os, as mudarão para lo,
Ex. Pedro é meu professor. la, los, las.
Ex. Quando encontrarem as apostilas, deverão trazê-
PRONOMES PESSOAIS las até mim.
Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma Se o verbo terminar em mos, seguido de nos ou de vos,
das três pessoas do discurso: a que fala, a com quem se fala retira-se a terminação -s.
e a de quem se fala. São de dois tipos: Ex. Encontramo-nos ontem à noite.
Pronomes pessoais do caso reto: são os que Se o verbo for transitivo indireto terminado em s, seguido
desempenham a função sintática de sujeito da oração _ eu, de lhe, lhes, não se retira a terminação s.
tu, ele, ela, nós, vós eles, elas. Ex. Tu obedeces-lhe?
Pronomes pessoais do caso oblíquo: são os que Pronomes de Tratamento: Constituem um tipo de
desempenham a função sintática de complemento verbal especial de pronome pessoal. Os pronomes de tratamento,
(objeto direto ou indireto), complemento nominal, agente da embora se refiram a 2ª pessoa gramatical, fazem
passiva, adjunto adverbial, adjunto adnominal. concordância em 3ª pessoa.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
Pronomes A próclise será de rigor, ainda, em frases com
Abreviatura Usados para: preposição + verbo no infinitivo flexionado (Ex. Ao nos
de tratamento
posicionarmos a favor dela, ganhamos alguns desafetos.)
Tratamento íntimo,
Você V. 2) Ênclise: Ocorre ênclise nos seguintes casos:
familiar, informal.
Quando o verbo iniciar a oração.
Senhor, Tratamento mais Ex. Arrependi-me do que fiz a você.
Sr., Sr.ª
Senhora respeitoso, cerimonioso.
Com o verbo no imperativo afirmativo.
Textos escritos, como: Ex. Pecadores, arrependei-vos!
Vossa correspondências,
V. S.ª Com o verbo no infinitivo impessoal.
Senhoria ofícios, cartas comerciais,
requerimentos, etc. Ex. É preciso queixar-se menos e agradecer mais.
Com o verbo no gerúndio.
Altas autoridades, Ex. Leia poesia, estudando-se Literatura.
como: Presidente da
Vossa OBS.: Se antes do verbo no gerúndio, houver a
V. Ex.ª República, Senadores,
Excelência preposição em, ocorrerá próclise. Ex. Em se tratando de
Embaixadores,
Ministros de Estado, Juízes. gastronomia, a Itália é perfeita.)
Casos facultativos: Se antes do verbo houver pronome
Vossa Eminência V. Em.ª Cardeais.
pessoal reto ou substantivo, admite-se tanto próclise quanto
Vossa Alteza V. A. Príncipes e duques. ênclise.
Ex. Eu te amo ou Eu amo-te
Vossa Santidade V.S. Papa. Os alunos se foram ou Os alunos foram-se.
Vossa Sacerdotes e Religiosos 3) Mesóclise: Só ocorre mesóclise se o verbo estiver em
V. Rev.mª
Reverendíssima em geral. um dos tempos verbais abaixo:
Vossa Superiores de Ordens
V. P. Futuro do Presente
Paternidade Religiosas.
Ex. Oferecer-lhe-á um buquê de flores.
Vossa Reitores de
V. Mag.ª Futuro do Pretérito
Magnificência Universidades
Ex. Queixar-me-ia de você todos os dias.
Vossa Majestade V. M. Reis e Rainhas.
OBS.: Verbos no Futuro do Presente e no Futuro do
1. Ao se dirigir respeitosamente a uma autoridade, você Pretérito jamais admitem ênclise. Mas se o verbo conjugado
usa o "Vossa". nesses tempos não estiver no início da frase, tanto
Ex. Vossa Excelência foi muito útil na resolução do poderemos usar próclise, quanto mesóclise.
problema. Ex. Eu me queixarei de você ou Eu queixar-me-ei de
2. Ao se dirigir a outra pessoa, referindo-se àquela você. Os alunos se esforçarão ou Os alunos esforçar-se-ão.
mesma autoridade, você usa o "Sua".
Ex. Sua Excelência, o deputado José, foi muito útil na
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
resolução do problema.
NAS LOCUÇÕES VERBAIS
3. Ao usar o pronome de tratamento como vocativo (para
chamar, avisar, interpelar), dispensa-se o pronome
possessivo (Vossa, Sua). 01) Auxiliar + Infinitivo ou Gerúndio: Quando o verbo
Ex. Cuidado, Excelência. principal da locução verbal estiver no infinitivo ou no
Perdão, Alteza! gerúndio, há duas colocações pronominais possíveis:
Em relação ao verbo auxiliar, seguem-se as mesmas
COLOCAÇÃO PRONOMINAL regras dos tempos simples, ou seja, próclise, em qualquer
circunstância (menos em início de frase); mesóclise, com
Como já mencionado anteriormente, o pronome oblíquo
verbo no futuro; e ênclise, sem atração, nem futuro.
átono sempre se apoia no verbo, em relação ao qual pode
Em relação ao verbo principal, deve-se colocar o
ocupar três posições: próclise (antes do verbo), ênclise
pronome depois do verbo (ênclise).
(depois do verbo) e mesóclise (no meio do verbo). Veremos
Ex. Eles se vão esforçar mais. Eles não se vão esforçar
a seguir as regras de colocação pronominal.
mais. Eles se irão esforçar mais. Eles vão-se esforçar mais.
1) Próclise: Ocorre próclise sempre que antes do verbo Eles ir-se-ão esforçar mais. Eles vão esforçar-se mais. Eles não
aparecer uma palavra atrativa, ou seja, um vocábulo que vão esforçar-se mais. Eles irão esforçar-se mais.
atraia o pronome para perto de si. São as seguintes as 02) Auxiliar + Particípio: Quando o verbo principal da
palavras atrativas: locução verbal estiver no particípio, o pronome oblíquo átono
Palavras de sentido negativo só poderá ser colocado junto do verbo auxiliar, nunca após o
Ex. Ninguém te fere sem tua permissão. verbo principal.
Ex. Eles se têm esforçado. Eles não se têm esforçado.
Advérbios
Eles se terão esforçado. Eles têm-se esforçado. Eles ter-se-
Ex. Aqui se faz, aqui se paga.
ão esforçado.
Conjunções subordinativas
Ex. Escrevi a frase, conforme me lembrava. PRONOMES POSSESSIVOS

Pronomes indefinidos São aqueles que indicam posse, em relação às três


Ex. Algo lhe perturba profundamente. pessoas do discurso. São eles: meu(s), minha(s), teu(s),
tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s), vosso(s),
Pronomes relativos vossa(s).
Ex. Este é o rapaz que o convidou.
Empregos dos pronomes possessivos
Pronomes demonstrativos
Ex. Isso nos convém no momento. 01) O emprego dos possessivos de terceira pessoa
seu(s), sua(s) pode dar duplo sentido à frase (ambiguidade).
Também ocorre próclise nas orações exclamativas (Ex. Ex. Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus
Quantas injúrias se cometeram naquele dia!), optativas (Ex. documentos.
Deus te proteja.) e interrogativas (Ex. Quem lhe contou essa Nesse caso, para evitar a ambiguidade, basta substituir o
história?). possessivo por dele ou dela.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
02) É facultativo o uso de artigo diante dos possessivos. PRONOMES INDEFINIDOS
Ex. Trate bem seus amigos.
Trate bem os seus amigos. São aqueles que se referem à terceira pessoa do
03) Não se devem usar pronomes possessivos diante de discurso de uma maneira vaga, imprecisa, genérica. São
partes do próprio corpo. eles: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada, outrem,
Ex. Vou lavar as mãos. (e não “minhas mãos”) algum, alguns, alguma(s), nenhum, nenhuns,
Cuidado para não machucar os pés! nenhuma(s), outro(s), outra(s), todo(s), toda(s),
muito(s), muita(s), bastante(s), pouco(s), pouca(s),
OBS.: Não confunda a abreviação coloquial do pronome certo(s), certa(s), tanto(s), tanta(s), quanto(s),
de tratamento senhor (“seu”), com o pronome possessivo de quanta(s), um, uns, uma(s), qualquer, quaisquer, além
3ª pessoa. Ex. Seu João, como vai a família? das locuções pronominais indefinidas cada um, cada
v

04) Os possessivos de 3ª pessoa também podem ser qual, quem quer que, todo aquele que.
usados para indicar aproximação numérica, em vez de
posse. Emprego dos Pronomes Indefinidos
Ex. A secretária devia ter seus 20 anos. (= Algum: Adquire sentido negativo, quando estiver depois
aproximadamente 20 anos) do substantivo.
Ex. Amigo algum o ajudou. (Nenhum amigo)
Algum amigo o ajudará. (Alguém)
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
São aqueles que situam os seres no tempo e no espaço, Cada: Não deve ser utilizado desacompanhado de
em relação às pessoas do discurso. substantivo ou numeral.
Ex. As blusas custam dez reais cada uma (e não “dez
01) Este(s), esta(s), isto: São usados para o que está reais cada”)
próximo da 1ª pessoa e para o tempo presente.
Ex. Este chapéu que estou usando é de couro. Certo: Será pronome indefinido, quando anteceder
Este ano está sendo surpreendente. substantivo e será adjetivo, quando estiver posposto a
substantivo.
02) Esse(s), essa(s), isso: São usados para o que está Ex. Certas pessoas não se preocupam com os demais.
próximo da 2ª pessoa e para o tempo passado recente. As pessoas certas sempre nos ajudam.
Ex. Esse chapéu que você está usando é de couro?
Qualquer: Não deve ser usado em sentido negativo. Em
Em novembro de 2009, inauguramos a loja. Até esse
seu lugar, deve-se usar algum, posteriormente ao
ano, nada sabíamos sobre comércio.
substantivo, ou nenhum.
03) Aquele(s), aquela(s), aquilo: São usados para o Ex. Ele entrou na festa sem qualquer problema. (frase
que está distante do falante e do ouvinte e para o tempo inadequada gramaticalmente).
passado distante.
Muito, pouco, bastante: Serão pronomes indefinidos,
Ex. Aquele chapéu que ele está usando é de couro?
quando estiverem referindo-se a substantivo; caso
Em 1974, eu tinha 15 anos. Naquela época, Londrina era
modifiquem palavra que não seja substantivo, serão
uma cidade pequena.
advérbios.
Outros usos dos demonstrativos Ex. Janice comprou muitas flores. (pron. indefinido) /
01) Em uma citação oral ou escrita, usa-se este, esta, Janice trabalha muito. (advérbio)
isto para o que ainda vai ser dito ou escrito, e esse, essa,
Todo, toda: Usados com artigo, dão ideia de totalidade;
isso para o que já foi dito ou escrito.
usados sem artigo, significam qualquer, todos.
Ex. Esta é a verdade: existe a violência, porque a
Ex. Fiquei em cada todo o dia. (o dia inteiro)
sociedade a permitiu.
Todo dia telefono para ela. (todos os dias)
Existe a violência, porque a sociedade a permitiu. A
verdade é essa.
OBS.: Se o pronome todo(a) estiver no plural, o emprego
02) Usa-se este, esta, isto em referência a um termo do artigo é obrigatório. Ex. Todos os cidadãos têm direito à
imediatamente anterior. liberdade. (e não “todos cidadãos”)
Ex. O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser
preservada. PRONOMES INTERROGATIVOS
v

03) Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos


anteriormente citados, usa-se este, esta, isto em relação ao São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em
que foi mencionado por último e aquele, aquela, aquilo, em frases interrogativas diretas ou indiretas.
relação ao que foi nomeado em primeiro lugar. Ex. Que farei agora? - Interrogativa direta.
Ex. Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Quanto te devo, meu amigo? - Interrogativa direta.
Unidos é de domínio destes sobre aquele. Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. -
Interrogativa indireta.
04) O, a, os, as são pronomes demonstrativos, quando
equivalem a isto, isso, aquilo ou aquele(s), aquela(s). 01) Na expressão interrogativa Que é de? subentende-
Ex. Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele se a palavra feito: Que é de José? (= Que é feito de José?)
falou) 02) Não se deve usar a forma o que como pronome
05) Os pronomes demonstrativos podem aparecer interrogativo; usa-se apenas que, a não ser que o pronome
combinados com preposições. seja colocado depois do verbo.
Ex. deste (de+este), nessa (em+essa), àquilo Ex. Que você faz? (e não “O que você faz?”)
(a+aquilo). Você fará o quê?

06) Os pronomes este, esse e aquele (e suas variações), OBS.: Conforme alguns gramáticos, os advérbios
quando contraídos com a preposição de, pospostos a interrrogativos onde, quando e como podem ser classificados
substantivos, são usados apenas no plural. como pronomes interrogativos adverbiais.
Ex. Com um frio desses não sairei de casa. Ex. Onde você mora? (pron. int. lugar) Quando você
07) As expressões por isso, além disso, não obedecem terá férias? (pron. int. tempo) Como ele fez isso? (pron. int.
às regras convencionais; sua forma é fixa. modo)

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PRONOMES RELATIVOS b) aonde é empregado com verbos que dão ideia de
São pronomes que substituem um termo da oração movimento e é resultado da combinação da preposição a +
anterior, estabelecendo relação entre duas orações. São onde.
eles: que, quem, o qual (e flexões), cujo (e flexões), onde, Ex. As crianças não sabiam aonde ir.
quanto (e flexões). Função sintática dos pronomes relativos
Ex. Não conhecemos o aluno. O aluno saiu. = Não Para descobrir qual a função sintática exercida pelo
conhecemos o aluno que saiu. pronome relativo na oração, basta substituí-lo por seu
Como se pode perceber, o que, na frase acima, está antecedente; a função exercida pelo antecedente será a
substituindo o termo aluno e está relacionando a segunda mesma do pronome relativo.
oração com a primeira. Ex.: Maria é a mulher de quem João gosta.
(antecedente do pron. rel.: a mulher. – Fazendo a
Emprego dos pronomes relativos substituição: João gosta da mulher – da mulher = objeto
1. Os pronomes relativos virão precedidos de preposição indireto – função do pron. quem = obj. ind.)
se a regência assim determinar.
Bethânia era o bairro onde ele trabalhava. (antecedente
Termo regente do pron. rel.: o bairro – Fazendo a substituição: Ele
Prep. Pron. trabalhava no bairro - no bairro = adj. adv. lugar – função do
(que exige a preposição)
pron. onde = adj. adv.)
nos opúnhamos.
Havia condições a que NUMERAL
(opor-se a)
É a palavra que indica a quantidade de elementos ou
não concordávamos. sua ordem de sucessão. Dependendo do que o numeral
Havia condições com que
(concordar com) indica, ele pode ser:

desconfiávamos. - Cardinal: É o numeral que indica a quantidade de


Havia condições de que seres.
(desconfiar de)
Ex. três, dez
Havia condições - que nos prejudicavam. - Ordinal: É o numeral que indica ordem de sucessão, a
posição ocupada por um ser numa determinada série.
insistíamos. Ex. terceiro, décimo
Havia condições em que
(insistir em) - Multiplicativo: É o numeral que indica a multiplicação
2. O pronome relativo quem só pode fazer referência a de seres.
pessoa. Ex. triplo, décuplo
Ex. Não conheço a médica de quem você falou. - Fracionário: É o numeral que indica divisão, fração.
3. Quando o relativo quem aparecer sem antecedente Ex. meio, um quinto
explícito, é classificado como pronome relativo indefinido. - Coletivo: É o numeral que indica uma quantidade
Ex. Quem atravessou, foi multado. específica de um conjunto de seres.
4. Quando possuir antecedente, o pronome relativo Ex. par, dezena, dúzia, cento, milheiro, milhar
quem sempre virá precedido de preposição, mesmo que o
verbo não exija. Emprego dos Numerais
Ex. João era o filho a quem ele amava. 01) Intercala-se a conjunção e entre as centenas e as
5. O pronome relativo que é chamado de relativo dezenas e entre as dezenas e as unidades.
universal, pois pode ser empregado com referência a Ex. 562.983.665 = Quinhentos e sessenta e dois milhões
pessoas, lugares ou coisas. novecentos e oitenta e três mil seiscentos e sessenta e
Ex. Conheço bem a moça que saiu. cinco.
Não gostei do vestido que comprei. 02) Na designação de séculos, reis, papas, príncipes,
6. O pronome relativo que pode ter por antecedente o imperadores, capítulos, festas, feiras, etc., utilizam-se
demonstrativo o (a, os, as). algarismos romanos.
Ex. Sei o que digo. (o pronome o equivale a aquilo) A leitura será por ordinal até X; a partir daí (XI, XII ...),
por cardinal. Se o numeral preceder o substantivo, sempre
7. Quando precedido de preposição monossilábica, será lido como ordinal.
emprega-se o pronome relativo que. Com preposições de Ex. II Bienal Cultural = Segunda Bienal Cultural.
mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões). Papa João Paulo II = Papa João Paulo segundo.
Ex. Aquele é o machado com que trabalho. Papa João XXIII = Papa João vinte e três.
Aquele é o empresário para o qual trabalho.
Exceções: As preposições sem e sob. Com elas, usa-se 03) Na designação dos artigos de leis, decretos e
de preferência o qual (e flexões). portarias, utiliza-se o ordinal até o nono e o cardinal de dez
em diante.
8. O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo Ex. Artigo 7º (sétimo); Artigo 21 (vinte e um).
possessivo e equivale a do qual, de que, de quem.
Concorda em gênero e número com a coisa possuída.
VERBO
Ex. Cortaram as árvores cujos troncos estavam
podres. Verbo é a palavra que indica ação, praticada ou sofrida
9. O pronome relativo quanto, quantos e quantas são pelo sujeito; fato, de que o sujeito participa ativamente;
pronomes relativos quando seguem os pronomes indefinidos estado ou qualidade do sujeito; ou fenômeno da natureza.
tudo, todos ou todas.
Ex. Ele recolheu tudo quanto viu. Classificação dos verbos
10. O relativo onde só deve ser usado para indicar lugar. Os verbos classificam-se em:
Ex. Esta é a terra onde habito. 01) Verbos Regulares: são aqueles que não sofrem
a) onde é empregado com verbos que não dão ideia de alterações no radical.
movimento. Pode ser usado sem antecedente. Ex. trabalhar, trabalhei, trabalhou, trabalhava,
Ex. Nunca mais morei na cidade onde nasci. trabalhamos.

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02) Verbos Irregulares: são aqueles que sofrem OBS.: O infinitivo pode ser pessoal, ou seja, flexionado
pequenas alterações no radical. em pessoa (Ex. para tu cantares, para nós cantarmos) ou
Ex. fazer, faço, fiz. impessoal, não-flexionado (Ex. É proibido andar de bicicleta.)
trazer, trago, trouxera.
03) Verbos Anômalos: são aqueles que apresentam FLEXÕES DO VERBO
radicais diferentes. Flexão de Pessoa: O verbo flexiona em pessoa (1ª, 2ª e
Ex. ser, sou, é, fui, era, sois. 3ª pessoas gramaticais) para concordar com o sujeito da
ir, vou, fui, vamos, fostes. oração.
04) Verbos Defectivos: são aqueles que não Ex. Eu trabalho / Tu trabalhas / Ele trabalha
apresentam conjugação completa. Flexão de Número: O verbo flexiona em número
Ex. falir, reaver, precaver (não possuem as 1ª, 2ª e 3ª (singular e plural), concordando, geralmente, com o sujeito
pessoas do presente do indicativo, nem o presente do da oração.
subjuntivo inteiro). Ex. Eu canto / Nós cantamos
05) Verbos Abundantes: são aqueles que apresentam Flexão de Modo: São três os modos verbais na língua
duas formas de mesmo valor. Geralmente a abundância portuguesa: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo.
ocorre no particípio. 1) Indicativo - Expressa certeza, isto é, o enunciado dá
Ex. aceitado / aceito, entregado / entregue, limpado / o fato como certo, preciso. Os tempos verbais do modo
limpo. indicativo são:
OBS.: Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, a - Presente: Indica fato que ocorre corriqueiramente ou
pôr, ver e vir só possuem o particípio irregular (que não é no momento em que se fala.
terminado em ado/ido): aberto, coberto, dito, escrito, feito, Ex. Todos os dias, caminho no parque.
posto, visto, vindo. Ela estuda no Curso Oficial.
06) Verbos Pronominais: são aqueles que só se b - Pretérito Perfeito: Indica fato que ocorreu no
conjugam acompanhados de pronome oblíquo. passado em determinado momento, observado depois de
Ex. queixar-se, arrepender-se, ajoelhar-se, suicidar-se, concluído.
zangar-se. Ex. Ontem caminhei no parque.
Locução Verbal _ Também chamada de conjugação Ela estudou no Curso Oficial no ano passado.
perifrástica, a locução verbal é o conjunto formado por um c - Pretérito Imperfeito: Indica fato que ocorria com
verbo auxiliar mais um verbo principal. Nas locuções verbais frequência no passado, ou fato que não havia chegado ao
é sempre o verbo auxiliar que flexiona, enquanto o verbo final no momento em que estava sendo observado.
principal é apresentado no gerúndio ou no infinitivo. Ex. Naquela época, eu caminhava no parque.
Ex. Estou lendo um ótimo romance. Ela estudava no Curso Oficial, quando me conheceu.
Amanhã deve chover. d - Pretérito Mais-que-perfeito: Indica fato ocorrido
Conjugação verbal: Há três conjugações para os antes de outro no Pretérito Perfeito do Indicativo.
verbos da língua portuguesa: Ex. Quando você foi ao parque, eu já caminhara 6 Km.
1ª conjugação: verbos terminados em -ar. e - Futuro do Presente: Indica fato que ocorre em
Ex. amar, sonhar. momento posterior ao que se fala.
2ª conjugação: verbos terminados em -er. Ex. Amanhã caminharei no parque pela manhã.
Ex. viver, crescer. Ela estudará no Curso Oficial no ano que vem.
3ª conjugação: verbos terminados em -ir.
Ex. sentir, sorrir. f - Futuro do Pretérito: Indica fato futuro, dependente
de outro anterior a ele.
Formas Nominais do Verbo: São formas em que o Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse
verbo pode atuar como nome, ou seja, exercer funções tanto.
sintáticas próprias de substantivo ou adjetivo. São três as
formas nominais: 2) Subjuntivo - Expressa dúvida, possibilidade; ou seja,
o enunciado coloca o fato como hipotético.
1) Particípio: Expressa ações que já foram concluídas e Os tempos verbais do modo subjuntivo são:
pode ser empregado com ou sem verbo auxiliar. É marcado
pelas terminações ado / ido. a - Presente: Indica desejo atual, dúvida que ocorre no
Ex. Terminada a festa, todos foram para casa. / momento da fala.
Tínhamos falado pra ele ir à minha casa. Ex. Espero que eu caminhe bastante este ano.
OBS.: O particípio é a única forma nominal que flexiona b - Pretérito Imperfeito: Indica condição, hipótese;
em gênero e número, concordando com o substantivo a que normalmente é usado com o Futuro do Pretérito do
se refere. Indicativo.
Ex. copo quebrado / taças quebradas. Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse
tanto.
2) Gerúndio: Expressa ações que ainda estão em c - Futuro: Indica hipótese futura.
andamento, ou simplesmente uma ação que está sendo feita Ex. Quando eu for à Europa, visitarei o Museu do
no mesmo momento que outra, para dar assim a ideia de Louvre.
duração. É marcado pela terminação ndo.
Ex. Chegando ao baile, a debutante se assustou. 3) Imperativo - Expressa ordem, pedido, sugestão ou
Ele estava voltando para casa, quando saímos. conselho.
Ex. Caminhe todos os dias, para a saúde melhorar. /
OBS.: Evite o “gerundismo”, vício de linguagem que Traga-me um café bem forte, por favor.
consiste em utilizar o gerúndio de forma excessiva e artificial,
para indicar ação futura. Flexão de Tempo: O tempo verbal refere-se ao
Ex. O atendente vai estar realizando uma pesquisa. momento em que ocorre o fato expresso pelo verbo.
Os tempos simples já foram apresentados acima;
3) Infinitivo: Expressa um ação sem situá-la no tempo. É vejamos agora os tempos compostos.
o verbo sem ser conjugado, marcado pela terminação -r.
Tempos Compostos: São formados por locuções
Ex. Sonhar bem alto é quase um passo para levantar
verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e
voo.
como principal, qualquer verbo no particípio.

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São eles: 1 - O sujeito da voz ativa passará a ser o agente da
a - Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: Indica passiva.
fato que tem ocorrido com frequência. 2 - O objeto direto da voz ativa passará a ser o sujeito da
Ex. Eu tenho estudado demais ultimamente. voz passiva.
3 - Na passiva, o verbo ser estará no mesmo tempo e
b - Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: Indica modo do verbo transitivo direto da ativa e o verbo principal
desejo de que algo já tenha ocorrido. ficará no particípio.
Ex. Espero que você tenha estudado o suficiente para
conseguir a aprovação. Voz ativa
A torcida aplaudiu os jogadores.
c- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do - Sujeito = a torcida
Indicativo: Indica fato passado anterior a outro, também - Verbo transitivo direto = aplaudiu
passado. Objeto direto = os jogadores.
Ex. Ontem, quando você foi ao parque, eu já tinha
caminhado 6 Km. Voz passiva analítica
Os jogadores foram aplaudidos pela torcida.
d - Pretérito Mais-que-perfeito Composto do - Sujeito = os jogadores.
Subjuntivo: Indica condição, hipótese. - Locução verbal passiva = foram aplaudidos.
Ex. Ela estaria menos cansada, se não tivesse - Agente da passiva = pela torcida.
trabalhado tanto.
e - Futuro do Presente Composto do Indicativo: ADVÉRBIO
Indica fato que ocorre em momento posterior ao que se fala.
Ex. Quando você chegar ao parque, eu já terei Advérbio é a palavra invariável que modifica o verbo, um
caminhado 6 Km. adjetivo, outro advérbio, ou até mesmo uma oração inteira,
exprimindo uma circunstância.
f - Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: Tem o
mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo. Locução Adverbial: É um conjunto de palavras que
Ex. Eu teria caminhado todos os dias, se não fosse a exerce a função de advérbio.
falta de tempo. Ex.: De modo algum irei lá.
Às vezes, ela começava a chorar sem motivo.
g - Futuro Composto do Subjuntivo: Indica fato
hipotético no futuro. TIPOS DE ADVÉRBIOS
Ex. Quando você tiver terminado sua série de exercícios, DE MODO: Bem, mal, assim, adrede, melhor, pior,
eu caminharei 6 Km. depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, à toa, à
vontade, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa
h - Infinitivo Pessoal Composto: Indica ação passada maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor,
em relação ao momento da fala. em vão, calmamente, tristemente, propositadamente,
Ex. Para você ter comprado esse carro, necessitou de pacientemente, etc.
muito dinheiro.
DE INTENSIDADE: Muito, demais, pouco, tão, menos,
Vozes Verbais - Flexão de Voz: Indica se o sujeito em excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado,
pratica, ou recebe, ou pratica e recebe a ação verbal. quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
01) Voz Ativa: O sujeito é agente, ou seja, pratica a nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, etc.
ação verbal ou participa ativamente de um fato.
Ex. As meninas exigiram a presença da diretora. DE TEMPO: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
A torcida aplaudiu os jogadores. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já,
02) Voz Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
ação verbal. Pode ser: imediatamente, primeiramente, provisoriamente, etc.
a - Sintética ou Pronominal_ É formada por verbo DE LUGAR: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
transitivo direto + pronome se (partícula ou pronome atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
apassivador) abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
Ex. Entrega-se encomenda. adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo,
Compram-se roupas usadas. externamente, a distancia, à distancia de, de longe, de perto,
b - Analítica _ É formada por verbo auxiliar ser ou estar em cima...
+ particípio do verbo principal. DE NEGAÇÃO: Não, nem, nunca, jamais, de modo
Ex. A encomenda foi entregue. algum, de forma nenhuma, tampouco, etc.
As roupas foram compradas por uma elegante senhora.
DE DÚVIDA: Acaso, porventura, possivelmente,
03) Voz Reflexiva: O sujeito, simultaneamente, pratica e provavelmente, quiçá, talvez, quem sabe, etc.
sofre a ação.
Essa voz será chamada simplesmente de reflexiva, DE AFIRMAÇÃO: Sim, certamente, realmente, decerto,
quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo. efetivamente, decididamente, realmente, etc.
Ex. Carla machucou-se. Palavras Denotativas
Tu te feristes? Há uma série de palavras que se assemelham a
Eu me olhava no espelho. advérbios. A Nomenclatura Gramatical Brasileira não faz
Há também a chamada de reflexiva recíproca, quando nenhuma classificação especial para essas palavras, por
houver mais de um elemento como sujeito: um pratica a isso elas são chamadas simplesmente de palavras
ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro. denotativas.
Ex. Paula e Renato amam-se. Podem exprimir ideia de:
Nós nos olhávamos amorosamente. 1) ADIÇÃO: Ainda, além disso,
2) AFASTAMENTO: embora
OBS.: Na voz reflexiva, o pronome se significa “a si 3) AFETIVIDADE: Ainda bem, felizmente, infelizmente
mesmo(s)”; enquanto na voz reflexiva recíproca o pronome 4) APROXIMAÇÃO: quase, lá por, bem, uns, cerca de,
se é sinônimo de “um ao outro” ou “uns aos outros”. por volta de
Conversão de Voz 5) DESIGNAÇÃO: eis
Para efetivar a conversão da ativa para a passiva e vice- 6) EXCLUSÃO: Apenas, salvo, menos, exceto, só,
versa, procede-se da seguinte maneira: somente, exclusive, sequer, senão,

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7) EXPLICAÇÃO: isto é, por exemplo, a saber, ou seja CONJUNÇÃO
8) INCLUSÃO: Até, inclusive, também, mesmo, ademais
9) LIMITAÇÃO: só, somente, unicamente, apenas As conjunções são vocábulos de função estritamente
10) REALCE: Ex.: é que, cá, lá, não, mas, é porque, só, gramatical, utilizados para o estabelecimento da relação
ainda, sobretudo. entre duas orações, ou ainda para relacionar dois termos
11) RETIFICAÇÃO: aliás, isto é, ou melhor, ou antes que se assemelham gramaticalmente dentro da mesma
12) SITUAÇÃO: então, mas, se, agora, afinal oração.
As conjunções podem ser de dois tipos principais:
Grau dos Advérbios conjunções coordenativas ou conjunções subordinativas.
Os advérbios, embora pertençam à categoria das
palavras invariáveis, podem apresentar variações com 1) Conjunções coordenativas: Vocábulos que
relação ao grau. Além do grau normal, o advérbio pode-se estabelecem relações entre dois termos ou duas orações
apresentar no grau comparativo e no superlativo. independentes entre si, que possuem as mesmas funções
gramaticais.
- GRAU COMPARATIVO: quando a circunstância As conjunções coordenativas podem ser dos seguintes
expressa pelo advérbio aparece em relação de comparação. tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas,
Para indicar esse grau, utilizam-se as formas explicativas.
tão…quanto, mais…que, menos…que. Ex. Entre, que está muito frio.
=> comparativo de igualdade: Estava fazendo frio, mas ele saiu sem casaco.
Ex.: Chegarei tão cedo quanto você.
=>comparativo de superioridade: 2) Conjunções subordinativas: Têm a função de
Ex.: Chegarei mais cedo que você. estabelecer uma relação entre duas orações, relação esta
=>comparativo de inferioridade: que se caracteriza pela dependência do sentido de uma
Ex.: Chegarei menos cedo que você. oração com relação à outra. Uma das orações completa ou
determina o sentido da outra.
- GRAU SUPERLATIVO: nesse caso, a circunstancia As conjunções subordinativas são classificadas em:
expressa pelo advérbio aparecerá intensificada. causais, concessivas, condicionais, comparativas,
O grau superlativo do advérbio pode ser formado tanto conformativas, consecutivas, proporcionais, finais e
pelo processo sintético (acréscimo de sufixo), como pelo integrantes.
processo analítico (outro advérbio estará indicando o grau) Ex. Os balões sobem, porque são mais leves que o ar.
=>superlativo sintético: formado com o acréscimo de Embora fosse inverno, ele saiu sem casaco.
sufixo.
Ex.: Cheguei tardíssimo. Locução Conjuntiva: Expressão que exerce a mesma
=>superlativo analítico: expresso com um advérbio de função que a conjunção: ligar orações.
intensidade. Ex. à medida que, no entanto, ao passo que, visto que,
Ex.: Cheguei muito tarde. etc.

PREPOSIÇÃO INTERJEIÇÃO
Preposição é a palavra invariável que liga dois As interjeições são os vocábulos de representação das
elementos da oração, subordinando um ao outro. Por emoções ou sensações dos falantes. Podem exprimir
exemplo, na frase Os alunos do colégio assistiram ao filme satisfação, espanto, dor, surpresa, desejo, terror, etc.
de Walter Salles, temos as preposições de e a. O sentido deste tipo de vocábulo depende muito do
O termo que antecede a preposição é denominado contexto enunciativo em que se encontram e da forma como
regente; e o termo que a sucede, regido. são pronunciados.
Há dois tipos de preposição: Ex. Oh!
1) Essenciais: por, para, perante, a, ante, até, após, de, Eia!
desde, em, entre, com, contra, sem, sob, sobre, trás. As Psiu!
essenciais são as palavras que só desempenham a função Ui!
de preposição. Nossa!!!
2) Acidentais: afora, fora, exceto, salvo, malgrado, durante, Locução Interjetiva: Expressão formada por mais de
mediante, segundo, menos. As acidentais são palavras de um vocábulo, usada também para exprimir emoções e
outras classes gramaticais que eventualmente são empregadas sensações.
como preposições. Ex. Cruz credo!
Puxa vida!
Locução Prepositiva: São duas ou mais palavras, Arre égua!
exercendo a função de uma preposição: acerca de, a fim de,
apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de,
SINTAXE
para com, à procura de, à busca de, à distância de, além de,
antes de, depois de, à maneira de, junto de, junto a, a par A Sintaxe é a parte da gramática que estuda a
de, etc. disposição das palavras na frase e das frases no discurso,
Combinação: Junção de uma preposição com outra bem como a relação lógica das frases entre si.
palavra, quando não há alteração fonética. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura
Ex. ao (a + o); aonde (a + onde) transmitir um significado completo e compreensível. Para
isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre
Contração: Junção de uma preposição com outra si.
palavra, quando há alteração fonética. A sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio
Ex. do (de + o); neste (em + este); à (a + a) satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para
As preposições podem indicar diversas circunstâncias: combinar palavras e orações.
- Lugar = Estivemos em São Paulo. Para o estudo da sintaxe, é importante diferenciar frase,
- Origem = Essas maçãs vieram da Argentina. oração e período:
- Causa = Ele morreu, por cair de um andaime. - Frase: É todo enunciado de sentido completo, podendo
- Assunto = Conversamos bastante sobre você. ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter
- Meio = Passeei de bicicleta ontem. verbos ou não.
- Posse = Recebeu a herança do avô. Ex. Silêncio!
- Matéria = Comprei roupas de lã. O telefone está tocando.

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- Oração: É o enunciado que se organiza em torno de OBS.: O sujeito oracional faz parte do período composto
um verbo. e é classificado como oração subordinada substantiva
Ex. Quem é você? subjetiva. As orações subordinadas serão estudadas
O telefone está tocando. posteriormente.
- Período: É a frase constituída de uma ou mais 06) Sujeito Acusativo: É o sujeito de um verbo no
orações, formando um todo, com sentido completo. O infinitivo ou no gerúndio, em uma oração que funcione como
período pode ser simples (com apenas uma oração) ou objeto direto de outra, quando o verbo da oração principal for
composto (com mais de uma oração). fazer, mandar, deixar (verbos causativos) ou sentir, ver e
Ex. O telefone está tocando. ouvir (verbos sensitivos).
Ele saiu, mas volta logo. Ex. O garçom mandou a garota se retirar.
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO No exemplo, temos um período composto. O sujeito da
SUJEITO primeira oração é o garçom; e o sujeito da segunda oração é
Sujeito é o ser a respeito do qual se informa algo. São os a garota, chamado de sujeito acusativo, porque integra uma
seguintes os tipos de sujeito: oração subordinada substantiva objetiva direta que completa
01) Sujeito Simples: É aquele que possui apenas um um dos verbos acima mencionados.
núcleo. 07) Orações sem sujeito: Haverá oração sem sujeito
O núcleo do sujeito será representado por um (também chamado de sujeito inexistente) nos seguintes
substantivo, por um pronome substantivo ou por qualquer casos:
palavra substantivada. Núcleo é a palavra mais significativa
na função sintática. a- Verbos que indiquem fenômeno da natureza.
Ex. Os homens destroem a natureza. Ex. Choveu ontem. / Ventou demasiadamente.
Se a frase tiver sentido figurado, haverá sujeito:
OBS.: Uma forma simples de se encontrar o sujeito de Ex. Choveram papeizinhos coloridos sobre os
uma oração é perguntar ao verbo. Ex. Quem destrói a soldados que desfilavam.
natureza?
b- Ser, estar, parecer, ficar, indicando fenômeno da
Resposta: Os homens (sujeito) Núcleo = homens.
natureza.
02) Sujeito Composto: É aquele que possui dois ou Ex. É primavera, mas parece verão.
mais núcleos. Está frio hoje.
Os núcleos do sujeito composto são, quase sempre, c- Fazer, indicando fenômeno da natureza ou tempo
ligados pela conjunção e, pela conjunção ou, pela decorrido.
preposição com ou pelos conectivos correlatos assim Ex. Faz dias friíssimos no inverno.
...como, não só ... mas também, tanto ... como, tanto ... Faz três dias que aqui cheguei.
quanto, nem ... nem.
Ex. Tanto os cientistas quanto os religiosos estão d- Haver, significando existir ou acontecer, ou indicando
temerosos. tempo decorrido.
Ex. Houve muitos problemas naquela noite.
03) Sujeito Oculto: Teremos sujeito oculto em três Há dois anos ele esteve aqui em casa.
circunstâncias:
e- Passar de, indicando horas.
a- Quando perguntarmos ao verbo quem é o sujeito e Ex. Já passa das 15h.
obtivermos como resposta os pronomes eu, tu, ele, ela,
você, nós ou vós, sem surgirem escritos na oração. O f- Chegar de e bastar de, no imperativo.
sujeito oculto também pode ser chamado de sujeito elíptico, Ex. Chega de matéria.
sujeito desinencial ou sujeito subentendido. Basta de reclamações!
Ex. Estudaremos a matéria toda. (suj. oculto: nós) g- Ser, indicando horas, datas e distância. O verbo ser é
b- Quando o verbo estiver no Imperativo, ou seja, quando o o único verbo impessoal que não fica obrigatoriamente na
verbo indicar ordem, pedido, sugestão ou conselho. terceira pessoa do singular, pois concorda com o numeral.
Ex. Estudem, meninos! (suj. oculto: vocês) Ex. São duas horas.
É um quilômetro daqui até lá.
c- Quando não houver sujeito escrito na oração, porém Hoje são 06 de maio.
estiver claro em orações anteriores.
Ex. Os governadores chegaram a Brasília ontem à
PREDICADO
noite. Terão um encontro com o presidente.
Quem chegou a Brasília? Predicado é aquilo que se informa sobre o sujeito. Então,
Resp.: Os governadores. Núcleo = governadores. Sujeito retirando-se o sujeito de uma oração, tudo o que restar é o
Simples. predicado.
Quem terá um encontro? Para distinguir os tipos de predicado, é necessário
Resposta: Não há sujeito escrito na oração, porém na estudar a predicação verbal.
oração anterior aparece, com clareza, quem é o sujeito = os
Predicação Verbal: É o estudo do comportamento do
governadores. Portanto, sujeito oculto.
verbo na oração. É a partir da predicação verbal que
04) Sujeito Indeterminado: Ocorre quando a oração analisamos se ocorre ação ou fato, se existe qualidade ou
tem um sujeito, mas não é possível determina-lo. Há duas estado ou modo de ser de sujeito.
formas de se indeterminar o sujeito de uma oração: Quanto à predicação verbal, os verbos podem ser:
a- Com o verbo na terceira pessoa do plural, desde que Intransitivos, Transitivos ou de Ligação.
não haja, no contexto, referência anterior ao sujeito. Verbos Intransitivos: São aqueles que não necessitam
Ex. Deixaram uma bomba na casa do deputado. de complementação, pois já possuem sentido completo.
b- Com verbo que não seja Transitivo Direto na terceira Ex. Rei Hussein morre aos 63 anos.
pessoa do singular + se (índice de indeterminação do sujeito). 2ª parcela do IPVA vence a partir de hoje.
Ex. Trata-se de uma questão muito grave.
OBS.: Há verbos intransitivos que vêm acompanhados
05) Sujeito Oracional: É o sujeito com verbo, ou seja, de um termo acessório, exprimindo alguma circunstância
uma oração que exerce a função de sujeito. (lugar, tempo, modo, causa, etc.) Não confunda esse
Ex. É preciso estudar mais. (Que é preciso? Resposta: elemento acessório com complemento de verbo.
estudar mais) Ex. Garotinho diz que irá a Brasília para reunião.
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Aparentemente, o verbo ir apresenta complementação, prep. para dar ênfase) / Ele comeu do bolo (obj. prep. para
pois quem vai, vai a algum lugar. Porém, "lugar" é uma realçar valor partitivo) / Casos obrigatórios: Rubião esqueceu
circunstância e não complementação, como à primeira vista a si (pron. oblíquo tônico) / Ela amava a quem nunca a
possa parecer. Todos os verbos que indicam destino ou amou. (pron. relativo quem)
procedência são verbos intransitivos, normalmente
acompanhados de circunstância de lugar (adjunto adverbial). 2) Objeto Indireto: É o complemento, com preposição
São eles ir, vir, voltar, chegar, morar, residir, situar-se, etc. obrigatória, do verbo transitivo indireto.
Ex. Algumas alunas gostam de lutas marciais.
Verbos Transitivos: São aqueles que necessitam de Já assisti a esse filme várias vezes.
complementação, pois têm sentido incompleto. Dividem-se COMPLEMENTO NOMINAL: É o termo da oração que
em três tipos: completa o sentido de um substantivo abstrato, de um
a- Transitivos diretos: exigem complemento adjetivo ou de um advérbio. É sempre introduzido por
(denominado objeto direto) sem preposição obrigatória. preposição.
Ex. Presidente receberá governadores. Ex. O militar deve ter amor à Pátria. (o substantivo
Falta de verbas causa problemas. amor é completado pelo termo Pátria)
José é igual ao pai. (o adjetivo igual é completado pelo
b- Transitivos indiretos: exigem complemento (objeto
termo pai)
indireto) com preposição obrigatória.
Agiu contrariamente ao esperado. (o advérbio
Ex. Eleitor obedece à convocação do TRE.
contrariamente é completado pelo termo esperado)
População não acredita nos políticos.
PREDICATIVO DO SUJEITO: É o termo que apresenta
c- Transitivos diretos e indiretos (ou bitransitivos):
uma qualidade, modo de ser ou estado do sujeito.
exigem dois complementos: um sem e outro com preposição.
Ex. Maria estava impaciente.
Ex. Governador perdoa traição a deputado.
As crianças brincavam despreocupadas.
Empresário doa lucros à UNICEF.
Alegre, Juca foi embora.
Verbos de Ligação: São aqueles que servem para ligar
PREDICATIVO DO OBJETO: É o termo que apresenta
o sujeito a seu atributo (qualidade), denominado Predicativo
uma qualidade, modo de ser ou estado do objeto.
do Sujeito. Os principais verbos de ligação são ser, estar,
Ex. O vilarejo elegeu Otaviano prefeito.
parecer, permanecer, ficar, continuar.
Chamavam-lhe falsário.
Ex. Investimento direto será menor em 2013.
Matéria-prima fica mais cara. AGENTE DA PASSIVA: É o elemento que pratica a
ação quando o verbo da oração está na voz passiva. O
TIPOS DE PREDICADO agente da passiva é sempre introduzido por uma preposição.
Ex. Os índios foram exterminados pelo colonizador.
Todo predicado tem um núcleo (uma palavra que contém O testamento será lido por um advogado.
a ideia principal).
De acordo com o núcleo, o predicado se classifica em: TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
1) Verbal: O núcleo é um verbo nocional, significativo
ADJUNTO ADNOMINAL: São palavras que
(VT ou VI).
acompanham o substantivo, núcleo de uma função sintática,
Ex. A moça ensinava a meia dúzia de garotos.
para caracterizá-lo, determiná-lo ou individualizá-lo.
O aluno questionou o professor
O adjunto adnominal pode ser representado por:
2) Nominal: O núcleo é um nome (substantivo, adjetivo, adjetivos, artigos, numerais, pronomes e locuções adjetivas.
pronome); o verbo é de ligação. Ex. As casas antigas eram mais trabalhadas.
Ex. Minha namorada está atrasada. (referem-se ao núcleo do sujeito = casas)
Nós ficamos alegres. Ele acompanhava duas crianças pequenas. (referem-se
A novela continua enfadonha. ao núcleo do objeto = crianças)
Paulo era o professor de matemática. (referem-se ao
OBS.: No predicado nominal, o verbo tem tão pouca
núcleo do predicativo = professor)
importância que podemos retirá-lo, sem haver perda
significativa do entendimento: OBS.: Não confunda adjunto adnominal com complemento
Ex. A novela enfadonha. nominal. Embora ambos possam se referir a substantivos
Nós alegres. abstratos, para diferenciá-los lembre-se de que o complemento
Minha namorada atrasada. nominal tem sentido passivo; enquanto o adjunto tem sentido
ativo. Por exemplo: As críticas do ator ao diretor eram
3) Verbo-Nominal: Apresenta dois núcleos: um formado
infundadas. Observe que temos dois elementos introduzidos por
por um verbo que expressa ação (significativo) e outro, por
preposição, ambos se referindo ao substantivo abstrato críticas.
um ou mais nomes que indicam uma qualidade ou estado do
O primeiro é adjunto, já que tem sentido ativo (do ator = o ator
sujeito ou do objeto. É uma construção sintética que funde
criticou). O segundo é complemento, pois tem sentido passivo
duas orações.
(ao diretor = o diretor foi criticado)
Ex. Elas viajarão (ação) sozinhas (estado).
A velha voltou (ação) para casa tranquila (estado).
ADJUNTO ADVERBIAL: Termo que se refere ao verbo,
ao adjetivo ou a outro advérbio, para indicar uma
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
circunstância (tempo, lugar, causa, modo, concessão, etc.)
COMPLEMENTO VERBAL: É o termo da oração que Ex. Só obtivemos os gabaritos do vestibular no dia
completa o sentido de um verbo. São dois: seguinte. (adj. adv. tempo)
1) Objeto Direto: É o complemento, sem preposição, do O trânsito está engarrafado na Avenida Recife. (adj. adv.
verbo transitivo direto. lugar)
Ex. Buscaram o carro de Maria. Os turistas foram recebidos alegremente. (adj. adv. modo)
Janice quer liberdade e respeito. Estávamos tremendo de frio. (adj. adv. causa)
Vou sair com você. (adj. adv. companhia)
Com a vassoura, retirou a sujeira da sala. (adj. adv.
OBS.: Em alguns casos o objeto direto pode ser
instrumento)
preposicionado. Ex. Ao homem a mulher consola (obj. prep.
Prefiro viajar de carro. (adj. adv. meio)
para evitar ambiguidade) / O assaltante sacou da arma (obj.
Conversamos sobre economia. (adj. adv. assunto)

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APOSTO: É o termo que tem por objetivo explicar, 5) Explicativas: Expressam explicação, justificativa.
esclarecer, resumir, especificar ou comentar algo sobre um Conjunções e locuções utilizadas: isto é, ou seja, a saber, na
substantivo. verdade, pois, que, visto que.
Ex. Recife, a Veneza brasileira, sofre durante o Ex. A criança devia estar doente, porque chorava de
período chuvoso. forma incessante.
AMD_ fabricante de processadores _ vem ganhando Venha para casa, que já é tarde.
mercado.
OBS.: A conjunção pois pode ser conclusiva ou explicativa.
Maria telefonou para os amigos: Júnior, André, Carla,
Se estiver antes do verbo, será conjunção explicativa. (Ex. José
Bianca e Dulce.
estava resfriado, pois tossia muito.) Entretanto, se a conjunção
O estado de Minas Gerais destaca-se na produção de
estiver após o verbo, será conclusiva. (Ex. Não tenho dinheiro;
leite e derivados.
não posso, pois, pagar a conta.)
No último exemplo, observa-se o único tipo de aposto
que não é separado por sinal de pontuação, o aposto
ORAÇÕES SUBORDINADAS
especificador ou aposto de especificação.
Para não confundi-lo com o adjunto adnominal, lembre- No período composto por subordinação sempre
se de que é possível estabelecer uma relação de igualdade aparecem dois tipos de oração: oração principal e oração
entre o aposto e o substantivo a que ele se refere (estado = subordinada.
Minas Gerais). Oração principal: é um tipo de oração que no período
Já em A população de Minas Gerais é cordial, o termo não exerce nenhuma função sintática e tem associada a si
sublinhado é adjunto adnominal, pois não há relação de uma oração subordinada.
igualdade (população não é = Minas Gerais).
Oração subordinada: é toda oração que se associa a
OBS.: O aposto pode aparecer anteposto ao termo a que uma oração principal e exerce uma função sintática (sujeito,
se refere. Ex. Veneza brasileira , Recife está sofrendo com objeto, adjunto adverbial etc.) em relação à oração principal.
as chuvas. Ele também pode aparecer precedido de
expressões explicativas. Ex. Algumas matérias, a saber, As orações subordinadas classificam-se, de acordo com
Matemática, Física e Química apresentam maiores seu valor ou função, em:
dificuldades de aprovação no vestibular. Orações subordinadas substantivas
1) Subjetivas: são aquelas que exercem a função de
VOCATIVO: É considerado um termo independente da sujeito em relação à outra oração.
oração porque não faz parte de sua estrutura. É usado para Ex. Importa que nós estudemos continuamente.
invocar, chamar, interpelar ou apelar a quem o falante se dirige. Sabe-se que a situação econômico-financeira ainda vai ficar
Ex. Menino, venha cá! pior.
Tenham calma, meus filhos.
2) Objetivas diretas: são aquelas que exercem a função
Você, Dora, reclama demais.
de objeto direto de outra oração.
Ex. Informamos que os alunos sairão pela porta dos fundos.
PERÍODO COMPOSTO Amaral não sabia como realizar o sorteio.
Período Composto é aquele que apresenta mais de uma 3) Objetivas indiretas: são aquelas que exercem a
oração, podendo ser formado por coordenação ou por função de objeto indireto de outra oração.
subordinação. No período composto por coordenação, as Ex. Ivo tinha se esquecido de que sua proposta não
orações são independentes, estando ligadas apenas pelo agradara.
sentido. Já no período composto por subordinação, uma O jovem obedecia a quem se revelava superior.
oração – a subordinada – depende da outra, denominada
4) Completivas nominais: são aquelas que completam
principal; ou seja, a ligação entre elas é semântica, mas
o sentido de um substantivo abstrato, de um adjetivo ou de
também sintática.
um advérbio.
Ex. Alencar estava esperançoso de que tudo se
ORAÇÕES COORDENADAS resolveria.
As orações coordenadas que não apresentam conjunção A população tem necessidade de que seus clamores sejam
são chamadas de assindéticas e as que têm conjunção, ouvidos.
sindéticas. Estas últimas se classificam, de acordo com a 5) Predicativas: são aquelas que funcionam como
conjunção que apresentam, em: predicativo do sujeito. Exemplos:
1) Aditivas: Exprimem ideia de adição, sendo iniciadas Ex. O bom é que você não desconfia nunca.
pelas conjunções e, nem, mas também, mas ainda, etc. O certo era que Sérgio não se casaria.
Ex. Adilson foi ao trabalho a pé e voltou de automóvel. 6) Apositivas: são aquelas que funcionam como aposto.
Estudou não somente Português, como também Geografia. Ex. Sua instrução foi única: estudar sempre.
2) Adversativas: Exprimem uma ideia oposta à oração Pedi-lhe um favor: que me chamasse às sete horas.
principal. Principais conjunções: mas, contudo, todavia, OBS.: Para verificar se uma oração subordinada é
entretanto, porém, no entanto, senão. substantiva, tente substituí-la pela palavra “isso”. Ex. Eles
Ex. Argumentou durante duas horas, mas não ignoram que o mundo é cheio de mistérios. / Eles ignoram isso.
convenceu. Se a substituição for possível, ou seja, se criar um enunciado
Nesse particular, você tem razão, contudo não me lógico, é porque a oração realmente é substantiva.
convenceu.
Orações subordinadas adjetivas
3) Alternativas: Expressam alternância. São
1) Orações adjetivas explicativas: são aquelas que
identificadas pelas conjunções ou, ora, quer, seja.
indicam qualidade inerente ao substantivo a que se referem.
Ex. A babá ora acariciava o nenê, ora beslicava-o.
Justapõem-se a um substantivo já plenamente definido
Quer você queira, quer não, iremos ao hospital.
pelo contexto e são menos comuns que a restritiva.
4) Conclusivas: Apresentam a conclusão da oração Além disso, as orações adjetivas explicativas podem ser
anterior. São introduzidas pelas conjunções logo, portanto, eliminadas sem prejuízo do sentido.
por fim, por conseguinte, assim, entre outras. Têm função meramente estilística.
Ex. Vivia zombando de todos; logo, não merecia Ex. O inverno suíço de 1987, que foi muito rigoroso,
complacência. matou 100 pessoas.
O funcionário era muito competente; então, foi aprovado. O lírio, que é branco, já não é símbolo de candura.
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2) Orações adjetivas restritivas: são aquelas que São conjunções subordinativas proporcionais: à medida
delimitam o sentido do substantivo antecedente. São que, à proporção que, ao passo que, quanto mais...mais, quanto
indispensáveis ao sentido total da oração. menos...menos.
Ex. Todo aluno que é estudioso é digno de aprovação.. 9) Temporais: são aquelas que indicam relação de
Não acredito no médico do qual me falaste. tempo naquilo que se refere à ação expressa pela oração
O professor cujas orientações não são diretivas tem principal.
conseguido melhores resultados. Ex. Enquanto leio poesia, recupero o equilíbrio emocional.
OBS.: Todas as orações subordinadas adjetivas são “Quando penso em você, fecho os olhos de saudade...”
introduzidas por pronome relativo (que, quem, o qual, quanto, São conjunções subordinadas temporais: quando,
onde, cujo). enquanto, agora que, logo que, desde que, assim que, tanto
Para diferenciar a explicativa da restritiva, lembre-se de que que, apenas, antes que, até que, sempre que, depois que, cada
a explicativa é separada por vírgula; a restritiva não. vez que, tão logo.
Orações subordinadas adverbiais
ORAÇÕES REDUZIDAS
1) Causais: são aquelas que modificam a oração
principal apresentando uma circunstância de causa, isto é, São denominadas orações reduzidas aquelas que não
respondem à pergunta "por quê?" feita à oração principal. têm conjunção e que apresentam o verbo em uma das
Ex. Carlos saiu porque precisava espairecer. formas nominais, ou seja, infinitivo, gerúndio e particípio.
Nilo Lusa deixou o magistério porquanto sua saúde era Ex. Urge partir imediatamente. (Oração Sub. Subst.
precária. Subjetiva Reduzida de Infinitivo).
São conjunções causais: porque, pois, que, porquanto, Retornando de férias, volte ao trabalho. (Oração Sub.
visto que, como, uma vez que, já que. Adv. Temporal Reduzida de Gerúndio)
O rapaz, pego em flagrante, tentou fugir. (Oração Sub.
2) Comparativas: são aquelas que correspondem ao Adj. Explicativa Reduzida de Particípio)
segundo termo de uma comparação.
Ex. Marisa é tão boa digitadora quanto Teresa (é). CONCORDÂNCIA VERBAL
"A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro."
São conjunções comparativas: como, mais que, menos Estudar a concordância verbal é, basicamente, estudar o
que, assim como, bem como, tanto quanto. sujeito, pois é com este que o verbo concorda, em número e
3) Consecutivas: são aquelas que apresentam a pessoa. Entretanto, há alguns casos que podem suscitar
consequência do fato expresso na oração principal. dúvidas e devem ser analisados mais detalhadamente.
Ex. Otávio bebia tanto que morreu de cirrose hepática. Coletivo: Quando o sujeito for um substantivo coletivo
Faça seu trabalho de tal modo que não venha a lastimar-se (bando, multidão, arquipélago, cacho, etc.) ou uma palavra
do resultado. no singular que indique diversos elementos (maioria,
São conjunções consecutivas: (tanto) que, (tão) que, (tal) pequena parte, grande parte, metade, porção, etc.) poderão
que, (tamanho) que ocorrer duas circunstâncias:

4) Concessivas: são aquelas que se caracterizam pela A) O coletivo funciona como sujeito, sem
ideia de concessão que transmitem à oração principal. Têm acompanhamento de qualquer adjunto:
sempre a ideia de “apesar de”. Nesse caso, o verbo ficará no singular, concordando
Ex. Ainda que faça frio, o jogo se realizará. com o coletivo, que é singular.
Cristiano foi ao parque, embora estivesse chovendo. Ex. A multidão invadiu o campo após o jogo.
São conjunções concessivas: embora, posto que, se bem A maioria está contra as medidas do governo.
que, ainda que, desde que, conquanto, mesmo que, por mais B) O coletivo funciona como sujeito, acompanhado de
que. restritivo no plural:
5) Condicionais: são aquelas que transmitem ideia de Nesse caso, o verbo tanto poderá ficar no singular,
condição à oração principal. quanto no plural.
Ex. A multidão de torcedores invadiu / invadiram o
Ex. Se o filme for ruim, sairei do cinema.
Caso tivesse realizado as obras necessárias, não teria campo após o jogo.
perdido a eleição. A maioria dos cidadãos está / estão contra as medidas
São conjunções condicionais: se, salvo se, senão, caso, do governo.
desde que, exceto se, contanto que, a menos que, sem que. Um milhão, um bilhão, um trilhão: O verbo deverá ficar
6) Conformativas: são aquelas que indicam no singular. Caso surja a conjunção e, o verbo ficará no
conformidade com a ação expressa na oração principal. plural.
Ex. Conforme as últimas notícias, o mundo corre risco de Ex. Um milhão de pessoas assistiu ao comício.
Um milhão e cem mil pessoas assistiram ao comício.
uma guerra generalizada.
Realizei seus desejos como você me havia sugerido. Mais de, menos de, cerca de...: Quando o sujeito for
São conjunções conformativas: do modo que, assim iniciado por uma dessas expressões, o verbo concordará
como, bem como, de maneira que, de sorte que, de forma que, com o numeral que vier imediatamente à frente.
do mesmo modo que, segundo, como, conforme. Ex. Mais de uma criança se machucou no brinquedo.
7) Finais: são aquelas que indicam o objetivo, a Cerca de duzentos mil reais foram roubados.
finalidade do fato expresso na oração principal.
OBS.: Quando Mais de um estiver indicando
Ex. Acenei-lhe para que silenciasse.
reciprocidade ou a expressão estiver repetida, o verbo ficará
Antônio Carlos falou baixinho a fim de que não fosse
no plural. Ex. Mais de uma pessoa agrediram-se. / Mais de
percebida sua revolta.
um rapaz, mais de uma moça estiveram no evento.
São conjunções subordinativas finais: para que, a fim de Nomes no plural: Quando houver um nome usado
que. apenas no plural, deve-se analisar o elemento a que ele se
8) Proporcionais: são aquelas que transmitem ideia de refere:
proporcionalidade à oração principal.
Ex. À proporção que o tempo passa, a agonia recrudesce. A) Se for nome de obra, o verbo tanto poderá ficar no
O barulho de algazarra aumenta à medida que se aproxima singular, quanto no plural.
das crianças. Ex. Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.

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B) Se for nome de lugar - cidade, estado, país... - o B) Porcentagem + Substantivo, com modificador da
verbo concordará com o artigo; caso não haja artigo, o porcentagem: O verbo concordará com o modificador
verbo ficará no singular. (pronome demonstrativo, pronome possessivo, artigo...)
Ex. Os Estados Unidos comandam o mundo. Ex. Os 10% da turma estudam muito.
Campinas fica em São Paulo. Este 1% dos alunos estuda mais.
C) Se for um substantivo comum, o verbo só vai para o C) Mais de, menos de, cerca de, perto de, antes da
plural se o nome estiver determinado: porcentagem: O verbo concordará apenas com o numeral da
Ex. Pêsames não traz conforto. porcentagem.
Os pêsames não trazem conforto. Ex. Mais de 1% dos alunos estuda muito.
Qual de nós / Quais de nós: Quando o sujeito contiver Menos de 10% da turma estudam muito.
as expressões ...de nós, ...de vós ou ...de vocês, deve-se Pronomes de Tratamento: Fazem a concordância em
analisar o elemento que surgir antes dessas expressões: terceira pessoa.
A) Se o elemento que surgir antes das expressões Ex. Vossa Senhoria deve trazer seus documentos
estiver no singular (qual, quem, cada um, alguém, algum...), consigo.
o verbo deverá ficar no singular. Vossa Excelência é um bom juiz.
Ex. Quem de nós irá conseguir o intento? Sujeito Composto - Núcleos ligados pela conjunção
Cada um de vocês deve cuidar do seu material. "e"
B) Se o elemento que surgir antes das expressões 01) Verbo após os núcleos: Ficará no plural o verbo que
estiver no plural (quais, alguns, muitos...), o verbo tanto estiver após o sujeito composto cujos núcleos sejam ligados
poderá ficar na terceira pessoa do plural, quanto concordar pela conjunção e:
com o pronome nós ou vós. Ex. Machado de Assis e Guimarães Rosa estão entre
Ex. Alguns de nós irão / iremos conseguir o intento. os melhores escritores do mundo.
Quais de vós trarão / trareis o que pedi? OBS.: Quando os núcleos forem sinônimos, verbos no
Pronome relativo: Quando o pronome relativo exercer a infinitivo, ou estiverem formando gradação, o verbo deverá
função de sujeito, deveremos analisar o seguinte: ficar no singular.
Ex. A lisura e a honestidade frequenta pouco o
A) Pronome Relativo que: O verbo concordará com o Congresso Nacional. (lisura = honestidade). Cantar e
elemento antecedente. dançar era a vida daquela menina. (Cantar, dançar –
Ex. Fui eu que quebrei a vidraça. infinitivo) Um olhar, um aceno, um sorriso bastava para a
Estes são os garotos que foram expulsos da escola. paquera fluir. (olhar, aceno, sorriso _ Gradação)
B) Pronome Demonstrativo o, a, os, as + Pronome
Relativo que: O verbo concordará com o pronome 02) Verbo antes dos núcleos: Ficará no plural ou
demonstrativo. concordará com o núcleo mais próximo.
Ex. Fui eu o que quebrou a vidraça. Ex. Fugiram o cão e o gato.
Foram vocês os que me enganaram. Fugiu o cão e o gato.

C) Pronome Relativo quem: O verbo pode ficar na 3ª Sujeito composto com pessoas gramaticais
pessoa do singular ou concordar com o antecedente. diferentes: A 1ª pessoa prevalece sobre as demais; se
Ex. Fui eu quem quebrou/quebrei a vidraça. houver só 2ª e 3ª pessoas, a concordância é facultativa.
Fomos nós quem quebrou/quebraram a vidraça. Ex. Teté e eu passamos as férias em Santa Bárbara.
Tu e Walmor estais/estão equivocados.
Um dos... que: Quando o sujeito for iniciado pela
expressão Um dos que, deveremos analisar o seguinte: Sujeito Composto - Núcleos ligados pela conjunção
“ou”
A) Se o elemento for o único a praticar a ação, o verbo 01) Havendo ideia de exclusão, o verbo ficará no
ficará no singular. singular.
Ex. O Corinthians é um dos times paulistas que mais Ex. Victor ou Fábio será o goleiro titular da seleção.
vezes foi campeão estadual. 02) Não havendo ideia de exclusão, o verbo ficará no plural.
A frase tem o verbo no singular, pois é certo que, dos Ex. Victor ou Fábio poderão ser convocados para a
times de São Paulo, o Corinthians foi mais vezes campeão. Copa de 2014.
B) Se o elemento não for o único a praticar a ação, o Aposto resumidor:
verbo ficará no plural. O verbo ficará no singular, concordando com o aposto
Ex. Casagrande é um dos ex-jogadores de futebol que resumidor (tudo, nada, ninguém, isto, isso, aquilo...).
trabalham como comentarista esportivo. Ex. Brinquedos, roupas, jogos, nada tirava a angústia
daquele jovem.
A frase tem o verbo no plural, pois é certo que, além de
Amigos, parentes, companheiros de trabalho, ninguém
Casagrande, há outros ex-jogadores de futebol, trabalhando
se incomodou com sua ausência.
como comentarista esportivo.
Conectivos Correlatos:
Nenhum dos... Que: Quando o sujeito for iniciado pela
Quando o sujeito composto tem os elementos ligados
expressão Nenhum dos que, o primeiro verbo ficará no
por conectivos correlatos (assim... como, não só... mas
plural, e o segundo, no singular.
também, tanto... como), o verbo ficará no plural.
Ex. Nenhuma das pessoas que chegaram atrasadas
Ex. Tanto o irmão como a esposa ignoraram seu
tem justificativa.
pedido de ajuda.
Porcentagem + Substantivo: Há três possibilidades Não só Pedro mas também Eduardo estão à sua procura.
nesse caso:
Verbo SER
A) Porcentagem + Substantivo, sem modificador da A) Quando o verbo “ser” e o predicativo do sujeito forem
porcentagem: numericamente diferentes (um no singular, outro no plural), o
Facultativamente o verbo poderá concordar com a verbo deverá ficar no plural.
porcentagem ou com o substantivo. Ex. O vestibular são as esperanças dos estudantes.
Ex. 1% da turma estuda muito.
B) Havendo nome próprio de pessoa ou pronome
1% dos alunos estuda / estudam muito.
pessoal, o verbo concordará com ele.
10% da turma estuda / estudam muito.
Ex. Aline é as alegrias do namorado.
10% dos alunos estudam muito.
A família éramos nós.
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C) Se o sujeito for uma quantidade no plural, e o 01) Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos
predicativo do sujeito, palavra ou expressão como muito, Adjunto adnominal: Quando o adjetivo, posposto a dois
pouco, o bastante, o suficiente, uma fortuna, uma miséria, o ou mais substantivos de gêneros diferentes, funcionar como
verbo ficará no singular. adjunto adnominal, concordará no masculino.
Ex. Cem reais é muito, por esse produto. Ex. O Estado compra carros e maçãs argentinos.
Duzentos gramas de carne é pouco. Há dois casos em que o adjunto adnominal concordará
D) Na indicação de horas ou distância, o verbo apenas com o elemento mais próximo:
concordará com o numeral. A) Se qualificar apenas o elemento mais próximo:
Ex. Era meio-dia, quando ele chegou. Ex. Comprei óculos e frutas frescas.
São duas horas.
B) Se os substantivos forem sinônimos:
E) Se o sujeito for o pronome interrogativo QUE ou Ex. Desrespeitaram o povo e a gente brasileira.
QUEM, o verbo concordará com o predicativo:
Ex. Quem eram aquelas garotas? Predicativo do sujeito ou do objeto: Quando o adjetivo
Que são bromélias? imediatamente posposto a dois ou mais substantivos
funcionar como predicativo do sujeito ou como predicativo do
Verbo Haver: É impessoal, no sentido de existir, de objeto, deverá concordar com a soma dos elementos.
acontecer ou indicando tempo decorrido; por isso fica na 3ª Ex. O operário e a esposa, preocupados, saíram para o
pessoa do singular. trabalho.
Ex. Havia um mês, nós estávamos à sua procura. Encontrei o operário e a esposa preocupados com a
Poderá haver confrontos entre os grevistas. situação da empresa.
Verbo Fazer:
OBS.: Uma maneira fácil de se estabelecer a diferença
É impessoal, indicando tempo decorrido e fenômeno
entre o adjunto adnominal e o predicativo é substituir o
natural; por isso fica na 3ª pessoa do singular.
substantivo por um pronome: todos os adjuntos adnominais
Ex. Deve fazer três meses que não o vejo.
que gravitam ao redor do substantivo desaparecem.
Faz 35º no verão, em Londrina.
Portanto, se o adjetivo não desaparecer na substituição,
Verbos Dar, Bater e Soar (indicando horas): será predicativo. Ex. Encontrei-os preocupados com a
Concordam com o sujeito, que pode ser: situação da empresa.
A) o relógio, a torre, o sino... 02) Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos
Ex. O relógio deu quatro horas. Adjunto adnominal: Quando o adjetivo anteposto a dois
O sino soou cinco horas. ou mais substantivos funcionar como adjunto adnominal e
B) as horas. estiver qualificando todos os substantivos apresentados,
Ex. o relógio, deram quatro horas. deverá concordar apenas com o elemento mais próximo.
Soaram cinco horas, no sino da igreja. Ex. Trouxe belas rosas e cravos.
Verbo Parecer + infinitivo: Trouxe belos cravos e rosas.
Quando o verbo parecer surgir antes de outro verbo no Predicativo do sujeito ou do objeto: Quando o adjetivo
infinitivo, duas ocorrências podem acontecer: imediatamente anteposto a dois ou mais substantivos
A) Pode ocorrer a formação de uma locução verbal. funcionar como predicativo do sujeito ou como predicativo do
Nesse caso, o verbo parecer concordará com o sujeito, e o objeto, deverá concordar com a soma dos elementos.
verbo no infinitivo ficará invariável. Ex. Preocupados, o operário e a esposa saíram para o
Ex. As meninas parecem estar nervosas. trabalho.
Os alunos parecem estudar muito. Encontrei preocupados com a situação da empresa o
operário e a esposa.
B) Pode ocorrer a formação de um período composto,
com o verbo parecer na oração principal, invariável, e o 03) Dois ou mais adjetivos, modificando um só
verbo no infinitivo, formando oração subordinada substantiva substantivo
subjetiva reduzida de infinitivo, concordando com o sujeito. Quando houver apenas um substantivo qualificado por dois
Ex. As meninas parece estarem nervosas. ou mais adjetivos, há duas maneiras de se construir a frase:
Os alunos parece estudarem muito. A) Coloca-se o substantivo no plural e enumeram-se os
Verbo + Partícula Apassivadora: adjetivos.
Verbo na voz passiva sintética, construída com o Ex. Ele estuda as línguas inglesa e francesa.
pronome se, concorda normalmente com o sujeito. B) Coloca-se o substantivo no singular e, ao se enumerarem
A maneira mais fácil de se comprovar que a oração está os adjetivos, acrescenta-se artigo a cada um deles.
na voz passiva sintética é passando-a para a voz passiva Ex. Ele estuda a língua inglesa e a francesa.
analítica: Alugam-se casas muda para Casas são alugadas. Obrigado / Mesmo / Próprio
Ex. Entregam-se encomendas. Esses três elementos concordam com o substantivo ou
Ouviram-se muitas histórias. com o pronome a que se referem, ou seja, se o substantivo
Verbo+ Índice de Indeterminação do Sujeito: for feminino plural, usam-se mesmas, próprias e obrigadas.
O pronome se, sendo índice de indeterminação do Caso a palavra mesmo significar realmente, ficará
sujeito, deixa o verbo na terceira pessoa do singular. invariável, pois será advérbio.
Haverá I.I.S. quando surgir na oração VI, sem sujeito Ex. Elas mesmas disseram, em coro: Muito obrigadas,
claro; VTI, com OI; ou VL, com PS. professor.
Ex. Morre-se de fome no Brasil. Os próprios jogadores reconheceram o erro.
Assiste-se a filmes interessantes. As meninas trouxeram mesmo o radialista. (realmente
Aqui se está satisfeito. trouxeram)
Só / Sós
CONCORDÂNCIA NOMINAL Essa palavra concordará com o elemento a que se
refere, quando significar sozinho(s), sozinha(s); ficará
Os adjetivos e as palavras adjetivadas concordam em invariável, quando significar apenas, somente.
gênero e número com os elementos a que se referem. A locução a sós é sempre invariável.
Por exemplo: gatas malhadas e cachorros brancos. Ex. Só as garotas queriam andar sós; os meninos
Quando o adjetivo surgir junto de mais de um substantivo, queriam a companhia delas.
teremos regras especiais, que veremos agora: Gosto de estar a sós.
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Quite / Anexo / Incluso 7) Desfrutar e Usufruir são VTD sempre.
Esses três elementos concordam com o substantivo a Ex. Desfrutei os bens deixados por meu pai.
que se referem. 8) Namorar é sempre VTD.
Ex. Deixarei as promissórias quites, para não ter Ex. Joanilda namorava o filho do delegado.
problemas. 9) Compartilhar é sempre VTD.
Anexas, seguem as fotocópias dos documentos solicitados. Ex. Ela compartilhou o sofrimento e a alegria.
Estão inclusos o café da manhã e o almoço. 10) Esquecer e Lembrar serão VTD, quando não forem
Meio pronominais, ou seja, caso não sejam usados com pronome,
Concordará com o elemento a que se referir, quando não serão usados também com preposição.
significar metade; ficará invariável, quando significar um Ex. Esqueci que havíamos combinado sair.
pouco, mais ou menos. Quando formar substantivo Ela não lembrou o meu nome.
composto, ambos os elementos variarão. OBS.: Somente verbos transitivos diretos admitem voz passiva.
Ex. Era meio-dia e meia. As exceções são obedecer (VTI), pagar (VTDI) e perdoar (VTDI),
Ela estava meio nervosa. que, embora não sejam TD, podem ser colocados na voz passiva.
Os meios-fios foram construídos em lugar errado.
Verbos Transitivos Indiretos
Verbo de ligação + Predicativo do sujeito 1) Aspirar (significado: almejar, objetivar)
Quando o substantivo que integra o sujeito não estiver Ex. Aspiramos a uma vaga naquela universidade.
determinado, o verbo ser - ou qualquer outro verbo de ligação - 2) Visar (significado: almejar, objetivar)
ficará no singular e o predicativo do sujeito no masculino, Ex. Sempre visei a uma vida melhor.
singular. Se o sujeito vier determinado por qualquer palavra, a 3) Querer (significado: estimar)
concordância do verbo e do predicativo será regular, ou seja, Ex. Quero aos meus amigos, como aos meus irmãos.
concordarão com o sujeito em número e pessoa. 4) Assistir (significado: ver ou ter direito)
Ex. Caminhada é bom para a saúde. Ex. Gosto de assistir aos jogos do Santos.
Esta caminhada está muito boa. Assiste ao trabalhador o direito a férias.
É proibido entrada. 5) Custar (significado: ser difícil)
É proibida a entrada. Ex. Custa-me acreditar em você.
Menos / Pseudo 6) Proceder (significado: dar início, executar)
Essas duas palavras são sempre invariáveis. Ex. Os fiscais procederam à prova com atraso.
Ex. Houve menos reclamações dessa vez. 7) Obedecer e desobedecer são sempre VTI.
As pseudo-escritoras foram desmascaradas. Ex. Obedeço a todas as regras da empresa.
Muito / Bastante / Pouco 8) Revidar é sempre VTI.
Quando modificarem substantivo, concordarão com ele, Ex. Ele revidou ao ataque instintivamente.
por serem pronomes indefinidos adjetivos; quando 9) Simpatizar e Antipatizar sempre são VTI, com a prep.
modificarem verbo, adjetivo, ou outro advérbio, ficarão com. Não são verbos pronominais, portanto não existe o
invariáveis, por serem advérbios. verbo simpatizar-se, nem antipatizar-se.
Ex. Bastantes funcionários ficaram bastante revoltados Ex. Sempre simpatizei com Eleodora, mas antipatizo
com a empresa. com o irmão dela.
10) Implicar (significado: perturbar)
Caro / Barato / Longe Ex. Não sei por que o professor implica comigo.
Se forem adjetivos, concordarão com o substantivo; se 11) Esquecer-se e lembrar-se serão VTI, com a prep. de,
forem advérbios, não flexionarão. quando forem pronominais, ou seja, somente quando forem
Ex. Esta blusa é muito cara. usados com pronome, poderão ser usados com a prep. de.
A blusa custou caro. Ex. Esqueci-me de que havíamos combinado sair.
Ele mora longe. Ela não se lembrou do meu nome.
Quero conhecer lugares longes. 12) Sobressair é sempre VTI, com a prep. em. Não é
Possível verbo pronominal, portanto não existe o verbo sobressair-se.
Em expressões superlativas, como o mais, o menos, o Ex. Quando estava no colegial, sobressaía em todas as
melhor, o pior, as mais, os menos, os piores, as melhores, a matérias.
palavra possível concordará com o artigo. OBS.: Alguns verbos transitivos indiretos, que regem a
Ex. Visitei cidades o mais interessantes possível. preposição a, não admitem a utilização do complemento lhe. No
Visitei cidades as mais interessantes possíveis. lugar, deveremos colocar a ele(s), a ela(s). Dentre eles, destacam-
se os seguintes: Aspirar, visar, assistir(ver), aludir, referir-se, anuir.
REGÊNCIA VERBAL
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
A regência verbal estuda a relação de dependência que se 1) Chamar (significado: repreender)
estabelece entre os verbos e seus complementos. Na realidade, Ex. Chamei o menino à atenção, pois estava
o que estudamos na regência verbal é se o verbo é transitivo conversando.
direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto ou intransitivo
e qual é a preposição que se relaciona com ele. OBS.: A expressão “chamar a atenção” de alguém não
significa repreender, e sim fazer-se notado.
Verbos Transitivos Diretos Ex. O cartaz chamava a atenção de todos que por ali
1) Aspirar (significado: sorver, absorver) passavam.
Ex. Como é bom aspirar a brisa da tarde.
2) Assistir (significado: auxiliar, dar assistência) 2) Implicar (significado: envolver alguém)
Ex. A enfermeira assistia o paciente. Ex. Implicaram o advogado em negócios ilícitos.
3) Visar (significado: mirar ou dar visto) 3 ) Custar (significado: causar trabalho, transtorno)
Ex. O atirador visou o alvo, mas errou o tiro. Ex. Sua irresponsabilidade custou sofrimento a toda a
O gerente visou o cheque do cliente. família.
4) Querer (significado: desejar, tencionar) 4) Agradecer, Pagar e Perdoar são VTDI, com a prep. a. O
Ex. Quero que me digam quem é o culpado. objeto direto sempre será a coisa, e o objeto indireto, a pessoa.
5) Chamar (significado: convocar, mandar vir) Ex. Agradeci a ela o convite.
Ex. Chamei todos os sócios para a reunião. Perdoo os erros ao amigo.
6) Implicar (significado: acarretar, fazer supor) 5) Pedir é VTDI, com a prep. a.
Ex. A crise econômica implicará demissões. Ex. Pedimos dinheiro ao pai.

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OBS.: O verbo pedir só pode ser utilizado com a Para saber se ocorre ou não a crase, basta seguir três
preposição para quando houver a palavra licença, escrita ou regras básicas:
subentendida. 01) Só ocorre crase diante de palavras femininas,
Ex. O aluno pediu (licença) para ir ao banheiro. portanto, nunca use o acento grave diante de palavras que
não sejam femininas.
6) Preferir é sempre VTDI, com a prep. a. Com esse Ex. O sol estava a pino. (sem crase, pois pino não é
verbo, não se deve usar mais, muito mais, mil vezes, nem palavra feminina).
que ou do que. Ela recorreu a mim. (sem crase, pois mim não é palavra
Ex. Prefiro cinema a teatro.
feminina).
7) Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar,
Exceção: Se antes da palavra masculina, estiver
informar, lembrar, noticiar, notificar, prevenir são VTDI,
subentendida a expressão “à moda de” ou “à maneira de”,
admitindo duas construções:
ocorrerá crase.
Ex. Advertimos aos usuários que não nos
Ex. Decorei minha casa à Luís XV. (à moda de Luís
responsabilizamos por furtos ou roubos.
XV)
Advertimos os usuários de que não nos
02) Se a preposição a vier após um verbo que indica
responsabilizamos por furtos ou roubos.
destino (ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer, dirigir-se...),
Verbos Intransitivos troque este verbo por outro que indique procedência (vir,
1) Assistir (significado: morar) voltar, chegar...). Se, diante do verbo que indicar
Ex. Assisto em Londrina desde que nasci. procedência, surgir da, ocorrerá crase; caso contrário, não
2) Custar (significado: ter preço) ocorrerá crase.
Ex. Estes sapatos custaram R$ 80,00. Ex. Vou a Porto Alegre. (sem crase, pois “Venho de
3) Proceder (significado: ter fundamento) Porto Alegre”).
Ex. Suas palavras não procedem! Vou à Bahia. (com crase, pois “Venho da Bahia”).
4) Ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer e dirigir-se são 03) Se não houver verbo indicando movimento, troca-se
intransitivos. Esses verbos exigem a prep. a, na indicação de a palavra feminina por outra masculina; se, diante da
destino, e de, na indicação de procedência. masculina, surgir ao, diante da feminina, ocorrerá crase.
Ex. Cheguei de Curitiba há meia hora. Ex. Assisti à peça. (com crase, pois “Assisti ao filme”).
Vou a São Paulo no avião das 8h. Ele respeita as regras. (sem crase, pois “Ele respeita os
OBS.: São erradas construções que apresentam um regulamentos”).
mesmo complemento para verbos de regências distintas.
Ex. Conhecemos e duvidamos de José. Casos especiais
(Correção: Conhecemos José e duvidamos dele.) 01) Nos adjuntos adverbiais de modo, de lugar e de
tempo, formados com palavra feminina, o uso do acento
REGÊNCIA NOMINAL grave é obrigatório.
Ex. à tarde, à noite, às pressas, às escondidas, às
A regência nominal estuda a relação entre os nomes escuras, às tontas, à direita, à vontade.
(substantivos, adjetivos e advérbios) e os termos regidos por 02) Nas locuções prepositivas e conjuntivas, formadas
esses nomes. com palavras femininas, ocorre crase.
Essa relação é intermediada por uma preposição. Ex. à maneira de, à moda de, às custas de, à procura
Vejamos abaixo uma lista de nomes com a preposição de, à espera de, à medida que.
que eles regem: 03) Diante do pronome relativo que ou da preposição de,
Acessível a Acostumado a ou com quando houver fusão da preposição a com o pronome
Alheio a Alusão a demonstrativo a, as (= aquela, aquelas), ocorre crase.
Ansioso por Atenção a ou para Ex. Essa roupa é igual à que comprei ontem. (igual
Atento a ou em Benéfico a àquela que comprei ontem).
Compatível com Cuidadoso com 04) Diante dos pronomes relativos a qual, as quais,
Desatento a Desacostumado a ou com quando o verbo da oração subordinada adjetiva exigir a
Desfavorável a Desrespeito a preposição a, ocorre crase.
Estranho a Favorável a Ex. A cena à qual assisti foi chocante. (Assiste à cena.)
Fiel a Grato a 05) Quando o a estiver no singular, diante de uma
Hábil em Habituado a palavra no plural, não ocorre crase.
Inacessível a Indeciso em Ex. Não gosto de ir a festas desacompanhado.
Invasão de Junto a ou de 06) Diante de pronomes possessivos femininos, é
Leal a Maior de facultativa a ocorrência de crase.
Morador em Natural de Ex. Referi-me a sua professora.
Necessário a Necessidade de Referi-me à sua professora.
Nocivo a Ódio a ou contra
07) Não ocorre crase antes de verbos.
Odioso a ou para Posterior a
Ex. De repente, começou a chover.
Preferência a ou por Preferível a
08) A palavra CASA:
Prejudicial a Próprio de ou para
A palavra casa só terá artigo, se estiver especificada,
Próximo a ou de Querido de ou por
portanto só ocorrerá crase diante da palavra casa nesse
Residente em Respeito a ou por
caso.
Sensível a Simpatia por
Ex. Cheguei a casa antes de todos.
Simpático a Útil a ou para
Cheguei à casa de Ronaldo antes de todos.
Versado em
09) A palavra TERRA:
Significando planeta, é substantivo próprio e tem artigo;
CRASE
consequentemente, quando houver a preposição a, ocorrerá
A palavra crase provém do grego (krâsis) e significa mistura. a crase; significando chão firme, solo, só tem artigo, quando
Na língua portuguesa, crase é a fusão de duas vogais estiver especificada, portanto só nesse caso poderá ocorrer
idênticas, mas essa denominação visa a especificar a crase.
principalmente a contração ou fusão da preposição a com os Ex. Os astronautas voltaram à Terra.
artigos definidos femininos (a, as) ou com os pronomes Os marinheiros voltaram a terra.
demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo. Irei à terra de meus avós.

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DICAS GERAIS DE GRAMÁTICA 01) Pronome Reflexivo: Indica que o sujeito pratica a
ação sobre si mesmo. Nesse caso, a palavra se equivale a
Emprego dos Porquês “a si mesmo (a)(s)” e o verbo concorda com o sujeito.
1) Porquê: É um substantivo, geralmente significando Ex. A menina machucou-se ao cair do brinquedo.
“motivo”, “causa”. 02) Pronome Recíproco: Indica ação trocada entre os
Ex. Ninguém entende o porquê de tanta confusão. elementos que compõem o sujeito. Nesse caso, a palavra se
Quantos porquês existem na Língua Portuguesa? significa “um(s) ao outro(s)” e o verbo concorda com o
2) Por quê: Sempre que a palavra que estiver em final sujeito.
de frase, deverá receber acento, não importando qual seja o Ex. Sandro e Carla se amam muito.
elemento que surja antes dela. 03) Parte Integrante do Verbo: Aparece junto de verbos
Ex. Ela não me ligou e nem disse por quê. pronominais, que são os que não se conjugam sem pronome
Você está rindo de quê? (suicidar-se, arrepender-se, queixar-se...). O verbo concorda
Você veio aqui para quê? com o sujeito.
3) Por que: Usa-se por que, quando houver a junção da Ex. Alfredo suicidou-se depois que seus sócios se
preposição por com o pronome interrogativo que ou com o queixaram dele para o advogado.
pronome relativo que. Para facilitar, dizemos que se pode 04) Partícula Expletiva ou de Realce: Pode ser retirado
substituí-lo por qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais, da frase sem alteração do seu sentido. Ocorrerá a partícula
pelas quais, por qual. expletiva com verbo intransitivo que tenha sujeito claro.
Ex. Por que não me disse a verdade? Ex. As nossas esperanças se foram para sempre.
(= por qual razão)
Ester é a mulher por que vivo. 05) Pronome Apassivador: Forma, junto de um verbo
(= pela qual) transitivo direto, a voz passiva sintética; indica que o sujeito
é paciente e, nesse caso, o verbo concorda com o sujeito.
4) Porque: É uma conjunção, portanto estará ligando Ex. Compram-se carros usados.
duas orações, indicando causa ou explicação. Para facilitar, (= Carros usados são comprados)
dizemos que se pode substituí-lo por pois.
Ex. Não saí de casa, porque estava doente. 06) Índice de Indeterminação do Sujeito: Acompanha
(= pois) verbo que não seja transitivo direto, sem sujeito claro. Nesse
caso, o verbo deverá ficar, obrigatoriamente, na terceira
A palavra Que pessoa do singular.
01) Substantivo: Significa “alguma coisa” e é Ex. Necessita-se de pessoas qualificadas.
antecedida por artigo, pronome ou numeral. Como Ainda se morre de tuberculose no Brasil.
substantivo, a palavra que é sempre acentuada.
Ex. A decisão do tribunal teve um quê de corrupção. 07) Sujeito Acusativo: Aparece em estruturas formadas
pelos verbos fazer, mandar, deixar, ver, ouvir e sentir,
02) Advérbio: Intensifica adjetivos e advérbios. Nesse seguidos de objeto direto na forma de oração reduzida
caso, pode ser substituída por quão ou muito; em geral, é (verbo no infinitivo ou no gerúndio).
usada em frases exclamativas. Ex. Ela deixou-se estar à janela.
Ex. Que linda é essa garota!
Que mal você fez a ela! 08) Conjunção Subordinativa Integrante : Inicia oração
subordinada substantiva.
03) Preposição: Equivale à preposição de em locuções Ex. Não sei se todos terão condições de acompanhar a
verbais que tenham, como auxiliares, os verbos ter ou haver. matéria.
Ex. Temos que estudar bastante.
Tive que trazer todo o material. 09) Conjunção Subordinativa Condicional: Inicia
oração subordinada adverbial condicional.
04) Interjeição: Exprime uma emoção, um estado de Ex. Tudo estaria resolvido, se ele tivesse devolvido o
espírito; é sempre exclamativa e acentuada. dinheiro.
Ex. Quê?! Você não dormiu em casa hoje?!
Mas, Más e Mais
05) Partícula Expletiva ou de Realce: Sua retirada não
altera o sentido da frase. Pode também ser usada com o 1) Mas é uma conjunção adversativa e equivale a
verbo ser, na locução é que. "porém".
Ex. Nós é que precisamos de sua ajuda. Ex. Eu iria ao cinema, mas não tenho dinheiro.
Eles que procuraram você ontem. 2) Más é adjetivo feminino, plural de má.
06) Pronome Interrogativo: Empregada em frases Ex. Infelizmente, o mundo está cheio de pessoas más.
interrogativas. Quando estiver iniciando a frase, não se deve 3) Mais é um advérbio de intensidade; tem sentido
usar o antes do pronome. Quando estiver em final de frase, oposto a “menos”.
será acentuada. Ex. Ela é a mais bonita da escola.
Ex. Que vocês farão hoje à noite? Onde, Aonde e Donde
Vocês farão o quê?
1) Onde é utilizado com verbos que não indicam
07) Pronome Indefinido: Aparece antes de substantivos deslocamento.
em frases geralmente exclamativas. Pode ser substituída por Ex. Onde você colocou a bolsa?
quanto(s), quanta(s).
Ex. Que sujeira! 2) Aonde é utilizado com verbos que indicam
Que bagunça em seu quarto! deslocamento.
Ex. Aonde você foi ontem à noite?
08) Pronome Relativo: Relaciona orações, podendo ser
substituída por o qual e suas flexões. 3) Donde é utilizado com verbos que indicam
Ex. Julguei belíssima a garota que (= a qual) você me procedência.
apresentou. Ex. Donde tu vieste?
OBS. Onde, Aonde e Donde só podem ser utilizados
09) Conjunção: Liga duas orações, coordenadas ou para se referir a lugar.
subordinadas entre si.
Ex. Venha até aqui, que precisamos conversar. Mal e Mau
Ele se esforçou tanto, que acabou desmaiando. 1) Mal é advérbio, antônimo de "bem".
A Palavra Se Ex. José estava se sentido mal.

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2) Mau é adjetivo, antônimo de "bom" ESTILÍSTICA / FIGURAS DE LINGUAGEM
Ex. A Chapeuzinho Vermelho encontrou o Lobo Mau.
A Estilística é a parte da gramática que estuda os
OBS.: Mal também é substantivo, podendo significar recursos utilizados nos textos (principalmente literários) para
"doença, moléstia, aquilo que é prejudicial ou nocivo". conferir à mensagem mais impacto, estilo, beleza ou
Ex. O mal da sociedade moderna é a violência urbana. qualquer outro recurso expressivo. Esses recursos
Ao encontro de e De encontro a expressivos são chamados figuras de linguagem.
São três as figuras de linguagem: figuras de sintaxe (ou
1) Ao encontro de indica "ser favorável a", "ter posição construção); figuras de palavras e figuras de pensamentos.
convergente" ou "aproximar-se de".
Ex. Suas ideias vêm ao encontro das minhas, por isso Figuras de sintaxe
concordo com você. a) Elipse: Significa, em gramática, omissão. Quando se
omite da frase algum termo ou palavra cujo sentido pode ser
2) De encontro a indica oposição, choque, colisão. deduzido pelo contexto, tem-se a elipse.
Ex. A polícia foi de encontro aos manifestantes, na Ex. Solicitamos seja enviado o ofício. (elipse da
tentativa de reprimi-los. conjunção que: Solicitamos que seja...)
Há e A (na expressão de tempo) b) Zeugma: É a omissão de um termo que já apareceu
1) Há é usado para indicar tempo decorrido, passado. antes, em alguma oração anterior.
Ex. Ele partiu há duas semanas. Ex. Na terra dele só havia mato; na minha, só prédios.
(...na minha, só havia prédios)
2) A é usado para indicar tempo futuro.
Ex. Ele partirá daqui a duas semanas. c) Pleonasmo: É a reiteração, o reforço de uma ideia já
expressa por alguma palavra, termo ou expressão.
Acerca de, A cerca de e Há cerca de
É reconhecido como figura de sintaxe quando utilizado com
1) Acerca de é locução prepositiva equivalente a "sobre, fins estilísticos, como a ênfase intencional a uma ideia; sendo
a respeito de". resultado da ignorância ou do descuido do usuário da língua, é
Ex. Estávamos falando acerca de política. considerado como um vício de linguagem (pleonasmo vicioso).
2) A cerca de significa “a aproximadamente”. Ex. “Eu nasci há dez mil anos atrás.” (Raul Seixas)
Ex. Moro a cerca de 2 Km daqui. “A ti trocou-te a máquina mercante.”(Gregório de Mattos)
3) Há cerca de indica tempo decorrido aproximado. d) Inversão: É qualquer inversão da ordem natural de
Ex. Viajamos há cerca de dois meses. termos num enunciado, a fim de conferir-lhe especiais efeitos
e reforços de sentido. Podem-se considerar como tipos de
Afim e A fim de inversão o hipérbato, a anástrofe, a prolepse e a sínquise.
1) Afim é adjetivo equivalente a "igual, semelhante". Ex. Sua mãe eu nunca conheci / Compraram as
Ex. Aqueles alunos têm ideias afins. mulheres vários presentes para os maridos.
2) A fim de é locução prepositiva que indica finalidade. e) Assíndeto: É a ausência de conjunções
Ex. Ele veio a fim de estudar bastante. coordenativas no encadeamento dos enunciados.
Senão e Se não Ex. Ela me olhava, lavava, olhava novamente,
espirrava, voltava a trabalhar.
1) Senão significa "caso contrário, a não ser".
Ex. Nada fazia senão reclamar. f) Polissíndeto: É a repetição das conjunções
coordenativas, com o fim de incutir no discurso a noção de
2) Se não ocorre equivale a "se por acaso não". movimento, rapidez e ritmo.
Ex. Se não estudar, ficará de castigo. Ex. Ela me olhava, e lavava, e olhava novamente, e
Se não estudar, não sairá sábado à noite. espirrava, e voltava a trabalhar.
Ao invés de e Em vez de g) Anacoluto: É a quebra da sequência sintática de uma
1) Ao invés de significa "ao contrário de". frase. É como se o escritor de repente decidisse mudar de
Ex. Descemos a escada, ao invés de subir. ideia, alterando a estrutura e o nexo sintáticos da oração.
Ex. O José, sinceramente parece que ele está ficando
2) Em vez de significa "no lugar de".
louco. (perceba que O José deveria ser sujeito da oração,
Ex. Em vez de ir ao cinema, fui ao teatro.
mas ficou sem predicado, solto na frase; houve a quebra da
Estadia e Estada sequência sintática esperada).
1) Estadia é usado para veículos em geral. h) Silepse: É a concordância que se faz com a ideia, e
Ex. Paguei a estadia do automóvel no estacionamento. não com a palavra expressa. É também chamada de
concordância ideológica ou concordância figurada. Há três
2) Estada é usado para pessoas. tipos de silepse: de gênero, de número e de pessoa.
Ex. Foi curta minha estada na cidade. Ex. São Paulo realmente é linda.
Perca e Perda (silepse de gênero)
1) Perca é verbo. Os paulistas somos bem tratados no Paraná.
Ex. Não perca a paciência com tanta facilidade. (silepse de pessoa)
A gente não quer só alimento. Queremos amor e paz.
2) Perda é substantivo. (silepse de número)
Ex. A perda de um ente querido traz muito sofrimento.
i) Repetição: É a repetição de palavras que tem por
Haja vista e Hajam vista finalidade exprimir a ideia de insistência, progressão e
intensificação. Quando se repetem adjetivos ou advérbios, é
1) Haja vista pode-se usar, havendo ou não a
uma maneira de se fazer o grau superlativo.
preposição a à frente, estando o substantivo posterior no
Ex. Gisele era linda, linda, linda.
singular ou no plural.
Enquanto tudo acontecia, a garota crescia, crescia.
Ex. Haja vista os problemas.
Haja vista ao problema. j) Onomatopeia: Consiste na criação de palavras com o
intuito de imitar sons ou vozes naturais dos seres. É, na
2) Hajam vista pode-se usar, quando não houver a
verdade, um dos processos de formação das palavras, que cabe
preposição a à frente e somente quando o substantivo
à Morfologia.
posterior estiver no plural.
Ex. Ouviu o tilintar das moedas.
Ex. Hajam vista os problemas.
Quando a insultei, slapt!
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Figuras de palavras Ex. O “nobre” deputado era acusado de cometer mais
a) Comparação: É a comparação direta de qualificações de sete crimes.
entre seres, com o uso do conectivo comparativo (como, e) Hipérbole: Modo exagerado de exprimir uma ideia.
assim como, bem como, tal qual, etc.). Ex. Estou morrendo de sede.
Ex. Minha irmã é bondosa como um anjo. “Queria querer gritar setecentas mil vezes...”
b) Metáfora: Assim como a comparação, consiste numa (Caetano Veloso)
relação de semelhança de qualificações. É, porém, mais sutil f) Prosopopeia (ou personificação): É a atribuição de
e exige muita atenção do leitor para ser captada, porque características humanas a seres não-humanos, ou de seres
dispensa os conectivos que aparecem na comparação. animados a seres inanimados.
Ex. Minha irmã é um anjo. Ex. Depois que o sol me cumprimentou, dirigi-me à
c) Metonímia: É a utilização de uma palavra por outra, cozinha.
devido a uma relação que existe entre elas. g) Retificação: Consiste em corrigir uma afirmação
- O autor pela obra: Você já leu Camões? (algum livro de anterior.
Camões) Ex. Os deputados se reuniram para trabalhar. Ou
- O efeito pela causa: O rapaz encomendou a própria melhor, para fazer-nos pensar que iriam trabalhar.
morte. (algo que causaria a sua própria morte)
- O instrumento pela pessoa que o utiliza: Júlio é um LEITURA, INTERPRETAÇÃO
excelente garfo. (Júlio come muito; o garfo é um dos E COMPREENSÃO DE TEXTO
instrumentos utilizados para comer)
- O recipiente (continente) pelo conteúdo: Jonas já bebeu A interpretação de textos exigida nos concursos públicos
duas garrafas de uísque. (ele bebeu, na verdade, o conteúdo requer dos candidatos muita atenção e cuidado.
de duas garrafas de uísque) Os concursos apresentam questões interpretativas que
- O símbolo pela coisa significada: O povo aplaudiu as têm por finalidade a identificação de um leitor autônomo.
medidas tomadas pela Coroa. (a coroa, nessa acepção, é Portanto, o candidato deve compreender os níveis
símbolo da monarquia, do rei). estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar
- O lugar pelo produto: Todos gostam de um bom de um bom léxico (vocabulário) internalizado.
madeira. (o vinho produzido na Ilha de Madeira). As frases produzem significados diferentes de acordo
- A parte pelo todo: Havia várias pernas passeando no com o contexto em que estão inseridas.
ônibus. (eram as pessoas que passeavam) Então, torna-se necessário sempre fazer um confronto
- O abstrato pelo concreto: A juventude de hoje não entre todas as partes que compõem o texto.
pensa como a de antigamente. (Os jovens) Além disso, é fundamental apreender as informações
- O singular pelo plural: O paulista adora trabalhar. (Os apresentadas por trás do texto e as inferências que ele
paulistas) possibilita. Esse procedimento justifica-se por um texto ser
- A espécie ou classe pelo indivíduo: "Andai como filhos sempre produto de uma postura ideológica do autor diante
da luz", recomenda-nos o Apóstolo. (refere-se a São Paulo, de uma temática qualquer.
que foi um dos apóstolos)
- A qualidade pela espécie: Os acadêmicos estão Uso e Adequação da Língua às Situações de
reunidos. (os membros da academia) Comunicação: Níveis de linguagem
- A matéria pelo objeto: Você tem fogo? (isqueiro) A língua pertence a todos os membros de uma
d) Sinestesia: É a figura que envolve mistura de comunidade e é uma entidade viva em constante mutação.
percepções, mistura de sentidos. Novas palavras são criadas ou assimiladas de outras
Ex. Você gosta de cheiro-verde? (cheiro – olfato , línguas, à medida que surgem novos hábitos, objetos e
verde – visão) conhecimentos. Os dicionários vão incorporando esses
Que voz aveludada Renata tem! (voz – audição, novos vocábulos (neologismos), quando consagrados pelo
aveludada – tato) uso. De fato, quem determina as transformações linguísticas
e os níveis de linguagem é o conjunto de usuários, estejam
e) Perífrase (ou antonomásia): É uma espécie de escrevendo ou falando, uma vez que tanto a língua escrita
apelido que se confere aos seres, valorizando algum de seus quanto a oral apresentam variações condicionadas por
feitos ou atributos. Ressalte-se que se consideram perífrases diversos fatores: regionais, sociais, culturais, etc.
somente os "apelidos" de valor expressivo, nacionalmente Embora as variações linguísticas e os níveis da
relevantes e conhecidos. linguagem sejam condicionados pelas circunstâncias, tanto a
Ex. Gosto muito da obra do Poeta dos Escravos língua falada quanto a escrita cumprem sua finalidade, que é
(antonomásia para Castro Alves). a comunicação.
Tu gostas da Terra da Garoa? (antonomásia para a A língua escrita obedece a normas gramaticais e será
cidade de São Paulo) sempre diferente da língua oral, mais espontânea, solta,
Figuras de pensamentos livre, visto que acompanhada de mímica e entonação, que
preenchem importantes papéis significativos.
a) Antítese: É a aproximação de palavras ou expressões
Mais sujeita a falhas, a linguagem empregada
que exprimem ideias contrárias, adversas.
coloquialmente, no dia a dia, difere substancialmente do
Ex. Carlos, jovem de idade e velho de espírito, aproximou-se.
padrão culto.
b) Eufemismo: É uma maneira de, por meio de Com base nessas considerações, não se deve reger o
palavras mais polidas, tornar mais suave e sutil uma ensino da língua pelas noções de certo e errado, mas pelos
informação de cunho desagradável e chocante. conceitos de adequado e inadequado, que são mais
Ex. Infelizmente, ele partiu desta para melhor. (em vez convenientes e exatos, porque refletem o uso da língua nos
de “ele morreu”) mais diferentes contextos.
c) Gradação: É a maneira ascendente ou descendente Não se espera que um adolescente, reunido a outros em
como as ideias podem ser organizadas na frase. uma lanchonete, assim se expresse: “Vamos ao shopping
Ex. Ela queria dominar o bairro, a cidade, o país, o assistir a um filme”, mas se aceita: “Vamos no shopping
mundo. assistir um filme”.
Por outro lado, não seria adequado a um professor
d) Ironia: Figura que consiste em dizer, com intenções universitário assim se manifestar: “Fazem dez anos que
sarcásticas e zombadoras, exatamente o contrário do que se participo de palestras nesta Universidade, nas quais sempre
pensa, do que realmente se quer afirmar. houveram estudantes interessados”.

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Dessa forma, pode-se falar em dois níveis de linguagem: Ex.: “É bonito ser amigo, mas, confesso, é tão difícil
Nível informal ou coloquial: É aquele usado aprender!” (Fernando Pessoa)
espontânea e fluentemente pelo povo. Função Referencial
Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é Esse tipo de linguagem é centralizado no referente.
carregado de vícios de linguagem (solecismo - erros de Como seu foco é transmitir a mensagem da melhor maneira
regência e concordância; barbarismo - erros de pronúncia, possível, a linguagem utilizada é objetiva, recorrendo a conceitos
grafia e flexão; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gerais, vocabulário simples e claro ou, dependendo do público-
gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter alvo, vocabulário mais adequado a ele.
oral e popular da língua. Há objetividade nas informações e clareza nas ideias.
A linguagem popular está presente nas mais diversas Prevalece o uso da terceira pessoa, o que torna o texto
situações: conversas familiares ou entre amigos, anedotas, ainda mais impessoal.
irradiação de esportes, programas de TV, novelas, textos Os textos que normalmente fazem uso dessa função são
publicitários, etc. os jornalísticos e os científicos.
Ex.: “Onde cê vai?” Ex.: “Bancos terão novas regras para acesso de
“Ele tá com sede.” deficientes.” (Jornal O Popular, 16 out. 2008)
“Cheguei na escola.” Função Apelativa / Conativa
“Esse livro é pra mim ler.” Como sugere o nome, essa função serve para fazer
Nível culto ou padrão: É aquele ensinado nas escolas e apelos, pedidos, para comover ou convencer alguém a
serve de veículo às ciências em que se apresenta com respeito do que se diz.
terminologia especial. Centralizada no receptor, procura influenciá-lo em seus
É usado pelas pessoas instruídas das diferentes classes pensamentos ou ações. É bastante frequente o uso da
sociais e caracteriza-se pela obediência às normas segunda pessoa, dos vocativos e dos imperativos.
gramaticais. Essa função é aplicada particularmente nas
Mais comumente usado na linguagem escrita e literária, propagandas ou outros textos publicitários, e também em
reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais campanhas sociais.
estável, menos sujeito a variações. Ex.: “Não perca a chance de ir ao cinema pagando
Está presente nas aulas, conferências, sermões, menos.” (Propaganda do ItaúCard)
discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de Função fática
TV, programas culturais, etc. Centraliza-se no canal.
Ex. “Passe-me o sal, por favor.” Tem o objetivo de estabelecer um contato ou
“Cheguei à escola.” comunicação, não necessariamente com uma carga
“Esse livro é para eu ler.” semântica aparente.
Variações Linguísticas: Regionalismos ou falares locais É utilizada em saudações, cumprimentos do dia a dia,
são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto expressões idiomáticas, marcas orais, etc.
às construções gramaticais, empregos de certas palavras e Ex.: “Alô!” (ao atender o telefone)
expressões e do ponto de vista fonológico. “Entendeu?” (durante um diálogo)
Há, no Brasil, por exemplo, falares amazônico, Função poética
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. Caracteriza-se basicamente pelo uso de linguagem
Além de sofrer variações de região para região, a língua figurada, metáforas e demais figuras de linguagem, rima,
também sofre alterações entre os diversos grupos sociais, métrica, etc.
devido a fatores econômicos, culturais, etários, profissionais, É semelhante à linguagem emotiva, sendo que não
etc. necessariamente revela sentimentos ou impressões a
Elementos do Processo Comunicativo e Funções da respeito do mundo.
Linguagem Essa função é aplicada em poesias, músicas e em
O processo comunicativo envolve os seguintes algumas obras literárias, centralizando a própria mensagem.
elementos: Ex.: “Sou um mulato nato/ no sentido lato / mulato
1) Emissor: Aquele que emite a mensagem, codificando- democrático do litoral...” (Caetano Veloso)
a em palavras. Função metalinguística
2) Receptor: Quem recebe a mensagem e a decodifica, Caracteriza-se por utilizar a metalinguagem, ou seja, o
ou seja, apreende a ideia. código explicando o próprio código.
3) Mensagem: É o próprio texto transmitido, aquilo que Está presente principalmente em dicionários e
passa do emissor para o receptor. gramáticas, mas pode ocorrer também em poesias, obras
4) Código: É o sistema linguístico escolhido para a literárias, etc.
transmissão e recepção da mensagem. Ex. “A poesia é incomunicável/ Fique torto no seu
5) Canal: Meio pelo qual a mensagem é transmitida. canto / Não ame” (Carlos Drummond de Andrade)
6) Referente: Conteúdo da mensagem, objeto ou
situação a que a mensagem se refere. Denotação e Conotação
Considerando o destaque que é dado a cada um Sabe-se que não há associação necessária entre
desses elementos, há seis funções básicas da significante (expressão gráfica, palavra) e
linguagem verbal: significado, pois essa ligação representa uma convenção.
É baseado nesse conceito de signo linguístico
Função Emotiva / Expressiva (significante + significado) que se constroem as noções de
É centralizada no emissor. Como o próprio nome já diz, denotação e conotação.
tem o papel de exprimir emoções, impressões pessoais a O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado
respeito de determinado assunto. nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, real.
Por esse motivo, ela normalmente vem escrita em (Ex. O gato tinha o pelo macio e branco.)
primeira pessoa e de forma bem subjetiva. Já o uso conotativo das palavras é a atribuição de um
Em textos que utilizam a função emotiva, há uma sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreensão,
presença marcante de figuras de linguagem, mensagens depende do contexto.
subentendidas, etc. Sendo assim, estabelece-se, numa determinada
Os textos que mais comumente utilizam esse tipo de construção frasal, uma nova relação entre significante e
linguagem são as cartas, as poesias líricas, as memórias, as significado.
biografias, entre outros. (Ex. O vizinho fez um gato no poste de luz.)

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O sentido conotativo também é chamado de linguagem Argumentativo: tipo textual predominante em gêneros
figurada. como manifesto, sermão, ensaio, editorial de um jornal,
Os textos literários exploram bastante as construções de crítica, monografia, redações dissertativas, tese de
base conotativa, numa tentativa de extrapolar o espaço do doutorado etc.
texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores. Explicativo ou expositivo: tipo textual predominante em
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o gêneros como aulas expositivas, conferências, capítulo de
conceito de polissemia (possibilidade que a palavra tem de livro didático, verbetes de dicionários, enciclopédias, entre
apresentar várias significações). outros.
Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem Instrucional ou injuntivo: tipo textual predominante em
múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra ponto: gêneros como horóscopo, propaganda, bula, receita
ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz... culinária, manual de instruções de um aparelho, livros de
Nesse caso, não se está atribuindo um sentido figurado autoajuda etc.
à palavra ponto, e sim ampliando sua significação através de Ao se falar em tipo textual , costuma-se utilizar o adjetivo
expressões que lhe completem e esclareçam o sentido. predominante.
Discurso Direto e Indireto Observe:
Em uma narrativa, o narrador pode apresentar a fala das - gênero romance - tipo textual predominante: narrativo;
personagens através do discurso direto ou do discurso - carta de opinião - tipo textual predominante:
indireto. argumentativo;
No discurso direto, o narrador coloca os personagens em - manual de instruções - tipo textual predominante:
cena e cede-lhes a palavra; isto é, o próprio personagem fala. injuntivo.
Para construir o discurso direto, usa-se o travessão e Sequências textuais
certos verbos especiais, que chamamos de verbos de Sequência narrativa: é marcada pela temporalidade;
elocução ou verbos dicendi. como seu material é o fato e a ação, a progressão temporal
São exemplo de verbos de elocução os verbos falar, é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se
dizer, responder, retrucar, indagar, declarar, exclamar, etc. necessariamente numa linha e num determinado espaço.
Na seguinte passagem do romance "Vidas Secas", de Sequência descritiva: nesse tipo de sequência,
Graciliano Ramos, ficamos sabendo do sofrimento e da marcada pela espacialidade, não há sucessão de
rudeza de Fabiano, o protagonista, através da forma como acontecimentos no tempo, mas sim a apresentação de uma
ele se dirige ao filho: imagem que busca reproduzir o estado do ser descrito, em
"Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O um determinado momento.
menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. Sequência argumentativa: é aquela em que se faz a
_ Anda, condenado do diabo_ gritou-lhe o pai." defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou em que se
No discurso indireto, o narrador "conta" o que o questiona algum fato.
personagem disse. Conhecemos suas palavras Intenta-se persuadir o leitor ou ouvinte, fundamentando o
indiretamente. que se diz com argumentos de acordo com o assunto ou
A passagem mencionada acima ficaria assim: tema, a situação ou o contexto e o interlocutor;
"O pai gritou-lhe que andasse, chamando-o de Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias e requer
condenado do diabo." uma linguagem mais sóbria, objetiva, denotativa.
Há, ainda, uma terceira forma de conhecer o que as Sequência explicativa ou expositiva: intenta explicar
personagens dizem. É o discurso indireto livre. dar informações a respeito de alguma coisa. O objetivo é
Nesse caso o narrador passa do discurso indireto para o fazer com que o interlocutor/ adquira um saber, um
direto sem usar nenhum verbo dicendi ou travessão. conhecimento que até então não tinha.
Por exemplo, numa outra passagem de Vidas Secas, o É fundamental destacar que, nos textos explicativos, não
narrador usa o discurso indireto livre para caracterizar a se faz defesa de uma ideia, de um ponto de vista, -
personagem de seu Tomé: características básicas do texto argumentativo.
“Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos Os textos explicativos tratam da identificação de
em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia”. fenômenos, de conceitos, de definições.
Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o Sequência injuntiva ou instrucional: a marca
povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a fundamental da sequência injuntiva ou instrucional é o verbo
ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?" no imperativo (injuntivo é sinônimo de "obrigatório",
Podemos observar que a última reflexão não é do "imperativo"), ou outras formas que indicam ordem,
narrador, mas sim do personagem, pensando sobre a orientação.
questão. Lembre-se de que o texto injuntivo é aquele no qual
predomina a função conativa/apelativa, e tenta convencer o
GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS: receptor (quem ouve) a atender a vontade do emissor(quem
CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS fala).
Os textos, independentemente do gênero a que Como Ler e Entender Bem um Texto
pertencem, se constituem de sequências com determinadas Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a
características linguísticas, como classe gramatical informativa e de reconhecimento e a interpretativa.
predominante, estrutura sintática, predomínio de A primeira deve ser feita de maneira cautelosa, por ser o
determinados tempos e modos verbais, relações lógicas. primeiro contato com o novo texto.
Assim, dependendo dessas características, temos os Dessa leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo
diferentes tipos textuais. abordado e prepara-se o próximo nível de leitura.
Se os gêneros textuais são inúmeros, os tipos textuais Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar
são limitados: Narrativo, descritivo, argumentativo, palavras-chave, passagens importantes, bem como usar
explicativo ou expositivo, injuntivo ou instrucional. uma frase para resumir a ideia central de cada parágrafo.
Esse tipo de procedimento aguça a memória visual,
Tipos e Gêneros textuais favorecendo o entendimento.
Narrativo: tipo textual predominante em gêneros como Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação
crônica, romance, fábula, piada, novela, conto de fadas etc. seja subjetiva, há limites.
Descritivo: tipo textual predominante em gêneros como A preocupação deve ser a captação da essência do
retrato, anúncio, classificado, lista de ingredientes de uma texto, a fim de responder às interpretações que a banca
receita, guias turísticos, listas de compras, legenda, considerou pertinentes.
cardápio, entre outros.

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No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um
daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e caranguejo.
manifestações de arte da época em que o autor viveu. Os cais bolorentos de livros judeus
Se não houver essa visão global dos momentos literários e a água suja do Sena escorrendo sabedoria.
e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. O pulo da Mancha num segundo,
Não se podem dispensar as dicas que aparecem na Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas.
referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor. Tarifas bancos fábricas trustes craques.
A última fase da interpretação concentra-se nas Milhões de dorsos agachados em colônias longínquas
perguntas e opções de resposta. [formam um tapete para Sua Graciosa Majestade
Nesse momento, são fundamentais marcações de Britânica pisar.
palavras como não, exceto, errada, respectivamente, etc., E a lua de Londres como um remorso.
que fazem diferença na escolha adequada. [...]
Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o Chega!
conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
ao questionamento proposto. Como era mesmo a "Canção do Exílio"?
Por isso, uma resposta pode estar certa para responder Eu tão esquecido de minha terra...
à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela Ai terra que tem palmeiras
banca examinadora por haver uma outra alternativa mais onde canta o sabiá!
completa. - Paródia: trata-se de uma composição literária que
Cabe ressaltar que algumas questões apresentam um imita, cômica ou satiricamente, o tema ou/e a forma de uma
fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. obra séria.
Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que O intuito da paródia consiste em ridicularizar uma
aparentemente pareça ser perda de tempo. tendência ou um estilo que, por qualquer motivo, se torna
A descontextualização de palavras ou frases, certas conhecido ou dominante. Como exemplo, o poema "Canto
vezes, é também um recurso para instaurar a dúvida no de Regresso à Pátria", de Oswald de Andrade, que parodia a
candidato. "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias:
Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do
sentido global proposto pelo autor. Dessa maneira, a Minha terra tem palmares
resposta será mais consciente e segura. Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
MARCAS DE TEXTUALIDADE: Não cantam como os de lá
INTERTEXTUALIDADE Minha terra tem mais rosas
A expressão intertextualidade se refere, basicamente, à E quase que mais amores
influência de um texto sobre outro. Minha terra tem mais ouro
Na verdade, em diferentes graus, todo texto é um Minha terra tem mais terra
intertexto, pois, ao escrever, estabelecemos um diálogo - às Ouro terra amor e rosas
vezes inconsciente, às vezes não - com tudo o que já foi Eu quero tudo de lá
escrito. Não permita Deus que eu morra
Assim, cada texto é como um elo na corrente de Sem que volte para lá
produções verbais; cada texto retoma textos anteriores, Não permita Deus que eu morra
reafirmando uns e contestando outros. Sem que volte pra São Paulo
Quando a intertextualidade é intencional, ela pode se Sem que veja a Rua 15
manifestar em diferentes níveis. E o progresso de São Paulo
Vejamos cada um deles: - Tradução: traduzir consiste em passar um texto (ou
- Epígrafe: é um fragmento de texto que serve de lema parte dele) escrito numa determinada língua para o
ou divisa de uma obra, capítulo, ou poema. Costuma existir equivalente em outra língua. Na opinião de alguns
um vínculo entre a epígrafe e o texto que vem abaixo dela; estudiosos, a tradução pode ser estudada no âmbito da
nesses casos, a epígrafe dá apoio temático ao texto - ou intertextualidade, pois é uma forma de recriação a partir de
resume o sentido, a motivação dele. Massaud Moisés um texto-fonte.
observa que o exame atento das epígrafes pode "nos - Pasticho (ou pastiche): imitação servil e grosseira de
fornecer uma ideia da doutrina básica de um poeta ou uma obra literária.
romancista, o seu nível intelectual etc.". Alguns Conceitos Importantes
- Citação: é a frase ou passagem de certa obra que um É muito comum, entre os candidatos a um cargo público,
autor reproduz (com indicação do autor original) como a preocupação com a interpretação de textos.
complementação, exemplo, ilustração, reforço ou abonação Isso acontece porque lhes faltam informações
daquilo que ele pretende dizer ou demonstrar. específicas a respeito dessa tarefa constante em provas de
concursos públicos. Por isso, vão aqui alguns conceitos que
- Alusão: é toda referência, direta ou indireta, poderão ajudar no momento de responder as questões
propositada ou casual, a certa obra, personagem, situação relacionadas a textos:
etc., pertencente ao mundo literário, artístico, mitológico etc.
No geral, a alusão insere a obra que a contém numa tradição TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e
comum julgada digna de preservar-se. Camões, por relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz
exemplo, ao dizer, em Os Lusíadas, "cessem do sábio Grego de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar
e do Troiano / As navegações grandes que fizeram", alude a e decodificar).
Ulisses (herói da Odisseia) e Eneias (herói da Eneida). CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases.
- Paráfrase: é a interpretação, explicação ou nova Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
apresentação de um texto (ou parte dele) com o objetivo de ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando
ou torná-lo mais inteligível ou sugerir um novo enfoque para condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
o seu sentido. Veja, por exemplo, o poema abaixo, de Carlos A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o
Drummond de Andrade, no qual o poeta parafraseia o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma
poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias: frase for retirada de seu contexto original e analisada
- Europa, França e Bahia separadamente, poderá ter um significado diferente daquele
Meus olhos brasileiros sonhando exotismos. inicial.

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INTERTEXTUALIDADE - comumente, os textos 02. Se encontrar palavras desconhecidas, não
apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente;
e a outros textos por meio de citação, alusão, paráfrase, etc. 03. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
Esse tipo de recurso denomina-se intertextualidade. 04. Voltar ao texto tantas vezes quantas precisar;
COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que 05. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. ideias do autor;
Em outras palavras, a coesão se dá quando, através de um 06. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para
pronome relativo, uma conjunção (conectivo), um pronome melhor compreensão;
pessoal ou outro vocábulo, há uma relação correta entre o 07. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo,
que se vai dizer e o que já foi dito. parte) do texto correspondente;
08. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo da cada questão;
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia 09. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...),
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias e não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira,
as argumentações, ou explicações, que levem ao exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e
esclarecimento das questões apresentadas na prova. que, às vezes, podem confundir o candidato;
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: 10. Quando duas alternativas lhe parecem corretas,
procurar a mais exata ou a mais completa;
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos
11. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um
fundamentais de uma argumentação, de um processo, de
fundamento de lógica objetiva;
uma época (nesse caso, procuram-se os verbos e os
12. Cuidado com as questões voltadas para dados
advérbios, os quais definem o tempo).
superficiais;
2. COMPARAR – é descobrir as relações de 13. Não se deve procurar a verdade exata dentro
semelhança ou de diferenças entre as situações daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no
apresentadas no texto. sentido do texto;
3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado 14. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras
com uma realidade, opinando a respeito. denuncia a resposta;
15. Procure estabelecer quais foram as opiniões
4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem.
secundárias em um só parágrafo.
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras REESCRITURA DE FRASES: OPERAÇÕES DE
palavras, mantendo seu sentido original. SUBSTITUIÇÃO, DESLOCAMENTO E ALTERAÇÃO
Para interpretar de forma adequada, dependendo do Paráfrase
texto, fazem-se necessários: A Paráfrase é um texto que procura tornar mais claro e
a) Conhecimento histórico – literário (escolas e objetivo aquilo que se disse em outro texto. Portanto, é
gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática; sempre a reescritura de um texto já existente, uma espécie
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do de 'tradução' dentro da própria língua.
texto) e semântico; O autor da paráfrase deve demonstrar que entendeu
c) Capacidade de observação e de síntese; e claramente a ideia do texto. Além disso, são exigências de
d) Capacidade de raciocínio. uma boa paráfrase:
INTERPRETAR x COMPREENDER - Utilizar a mesma ordem de ideias que aparece no texto
original.
INTERPRETAR COMPREENDER - Não omitir nenhuma informação essencial.
SIGNIFICA SIGNIFICA - Não fazer qualquer comentário acerca do que se diz no
texto original.
- EXPLICAR,
- Utilizar construções que não sejam uma simples
COMENTAR, JULGAR, - INTELECÇÃO,
repetição daquelas que estão no original e, sempre que
TIRAR CONCLUSÕES, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO
possível, um vocabulário também diferente.
DEDUZIR. AO QUE REALMENTE ESTÁ
Figuras de estilo, Figuras ou Desvios de linguagem são
- TIPOS DE ENUNCIADOS ESCRITO.
nomes dados a alguns processos que priorizam a palavra ou
• Através do texto, - TIPOS DE ENUNCIADOS:
o todo para tornar o texto mais rico e expressivo ou buscar
INFERE-SE que... • O texto DIZ que...
um novo significado, possibilitando uma reescritura correta
• É possível DEDUZIR • É SUGERIDO pelo autor que...
de textos. Podem-ser:
que... • De acordo com o texto, é
• O autor permite CORRETA ou ERRADA a FIGURAS DE PALAVRAS
CONCLUIR que... afirmação... 1. metáfora: consiste numa alteração de significado por
• Qual é a INTENÇÃO do • O narrador AFIRMA... traços de similaridade entre dois conceitos. Normalmente,
autor ao afirmar que... uma palavra que designa uma coisa passa a designar outra,
por haver entre elas traços de semelhança. A metáfora é,
pois, uma comparação implícita, isto é, sem o conectivo
ERROS DE INTERPRETAÇÃO MAIS COMUNS comparativo.
a) Extrapolação (“viagem”): Ocorre quando se sai do Ex.: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer (Fernando Pessoa)
por conhecimento prévio do tema, quer pela imaginação. Observe que, no contexto, “rio subterrâneo” passa a
b) Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção designar “pensamento”, por haver entre estes dois
apenas a um aspecto, ou a um trecho do texto, esquecendo elementos alguma semelhança. A metáfora vem, pois,
que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser evidenciar tal semelhança.
insuficiente para o total entendimento do tema desenvolvido. OBS.: Na frase “Meu pensamento é como um rio
c) Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias subterrâneo”. Não há metáfora, e sim comparação.
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões Outros exemplos de metáfora:
equivocadas e, consequentemente, errando a questão. Aquela mulher é uma víbora. Suas palavras são um
Dicas para interpretação de texto bálsamo.
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do “Éramos nós / Estreitos nós / Enquanto tu / És laço
assunto; frouxo ... (Chico Buarque e Ruy Guerra)

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
2. Metonímia ou sinédoque: como a metáfora, consiste Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
numa transposição de significado, isto é, uma palavra que apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa
usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro incoerência é resultado do mau uso daqueles elementos de
significado. Todavia, a transposição de significados não mais coesão textual. Na organização de períodos e de parágrafos,
é feita com base em traços de semelhança, e sim por existir um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
um relacionamento entre eles. prejudica o entendimento do texto. Construído com os
Observe: elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
Pão para quem tem fome. (“pão” em lugar de “alimento”) Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
Não tinha teto em que se abrigasse. (“teto” em lugar de não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
“casa”) Elas se organizam segundo princípios gerais de
Nas horas de folga escutava Mozart. (o autor em lugar dependência e independência sintática e semântica,
da obra) recobertos por unidades melódicas e rítmicas que
OBS.: Atualmente não se tem mais feito a distinção entre sedimentam estes princípios”.
metonímia e sinédoque, uma vez que que o conceito de Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases
sinédoque está contido no de metonímia. ou textos desconexos – é imprescindível que haja uma
3. Catacrese: é o emprego de palavras fora do seu unidade, ou seja, que essas frases estejam coesas e
significado real; entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se coerentes formando o texto.
percebe que estão sendo empregadas em sentido figurado. Além disso, relembre-se que, por coesão, entende-se
As metáforas desgastadas ou viciadas são consideradas ligação, relação, nexo entre os elementos que compõem a
catacrese. estrutura textual.
Exs.: Há diversas formas de se garantir a coesão entre os
Quando embarquei no avião, fui dominado pelo medo. elementos de uma frase ou de um texto:
O pé da mesa estava quebrado. 1. Substituição de palavras com o emprego de
O pé de laranja foi serrado. sinônimos, ou de palavras ou expressões do mesmo campo
Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida. associativo.
OBS.: A catacrese ocorre quando, por falta de um termo 2. Nominalização – emprego alternativo entre um verbo,
específico para designar um conceito, toma-se outro por o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar /
empréstimo. Note que, por falta de uma palavra específica desgaste / desgastante).
para designar o objeto que sustenta o tampo da mesa, 3. Repetição na ligação semântica dos termos,
tomamos por empréstimo a palavra pé e a usamos fora do empregada como recurso estilístico de intenção articulatória,
seu sentido habitual. Verifique ainda que essa transposição e não uma redundância - resultado da pobreza de
tem por fundamento a vaga semelhança entre um conceito e vocabulário. Por exemplo, “Grande no pensamento, grande
outro. na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu
desconhecido e só.” (Rocha Lima)
4. Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um 4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com
nome por uma expressão que o identifique com facilidade. base na maior especificidade do significado de um deles. Por
Exemplos.: exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais genérico).
Os quatros rapazes de Liverpool (em vez de Beatles); 5. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de
O maior estádio do mundo (em vez de Maracanã); sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
A Cidade Eterna (em vez de Roma). Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com
5. Sinestesia: consiste em se mesclar numa mesma gato.
expressão sensações percebidas por diferentes órgãos do 6. Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.:
sentido. Necessito viajar, porém só o farei no ano vindouro)
Exemplos: A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de
A luz crua da madrugada invadia meu quarto. conectivos, como certos pronomes, certos advérbios e
Um áspero sabor de indiferença a atormentava. expressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros.
A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado
anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O
COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim,
mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do estabelece a relação entre as duas orações).
que é dito, ou lido. Dêiticos são elementos linguísticos que têm a
Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a propriedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao
conectividade e retomada do que foi escrito ou dito, são os próprio discurso.
referentes textuais e buscam garantir a coesão textual para Exerce, por excelência, essa função de progressão
que haja coerência, não só entre os elementos que textual, dada sua característica: são elementos que não
compõem a oração, como também entre a sequência de significam, apenas indicam, remetem aos componentes da
situação comunicativa.
orações dentro do texto.
Já os componentes concentram em si a significação.
Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo
Elisa Guimarães nos ensina a esse respeito:
implícito, baseado em conhecimentos anteriores que os “Os pronomes pessoais e as desinências verbais
participantes do processo têm com o tema. Por exemplo, o indicam os participantes do ato do discurso”.
uso de uma determinada sigla, que para o público a quem se “Os pronomes demonstrativos, certas locuções
dirige deveria ser de conhecimento geral, evita que se lance prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo,
mão de repetições inúteis. referenciam o momento da enunciação, podendo indicar
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha simultaneidade, anterioridade ou posterioridade”.
imaginária - composta de termos e expressões - que une os “Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente);
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações de ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de
sentido entre eles. (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de
Dessa forma, com o emprego de diferentes (futuro).”
procedimentos, sejam lexicais (repetição, substituição, Esse conceito será de grande valia quando tratarmos do
associação), sejam gramaticais (emprego de pronomes, uso dos pronomes demonstrativos. Somente a coesão,
conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, contudo, não é suficiente para que haja sentido no texto,
orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre esse é o papel da coerência, e coerência se relaciona
daí a coerência textual. intimamente a contexto.

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São variadas as maneiras como os diversos autores b) A moto em que ele estava passeando lentamente saiu
descrevem e classificam os mecanismos de coesão. da estrada..
Consideramos que é necessário perceber como esses A análise deste período mostra que ele é formado de
mecanismos estão presentes no texto (quando estão) e de duas orações:
que maneira contribuem para sua tessitura, sua organização. A moto saiu da estrada e em que ele estava passeando.
Para Mira Mateus (1983), "todos os processos de A qual das duas, no entanto, se liga o advérbio lentamente?
sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) Da forma como foi colocado, pode se ligar a qualquer uma
uma ligação linguística significativa entre os elementos que das orações. Para evitar a ambiguidade, recorremos a uma
ocorrem na superfície textual podem ser encarados como mudança na ordem dos vocábulos. Poderíamos ter, então:
instrumentos de coesão." A moto em que lentamente ele estava passeando saiu
Esses instrumentos se organizam da seguinte forma: da estrada.
- Coesão A moto em que ele estava passeando saiu lentamente
- Gramatical: frásica, interfrásica (junção), temporal, da estrada.
referencial (anáfora e catáfora) Também em relação à regência verbal, a coesão pode
- Lexical: reiteração, substituição (sinonímia - antonímia ficar prejudicada se não forem tomados alguns cuidados. Há
- hiperonímia - hiponímia) verbos que mudam de sentido conforme a regência, isto é,
conforme a relação que estabelecem com o seu
Coesão Gramatical complemento.
Faz-se por meio das concordâncias nominais e verbais, Por exemplo, o verbo assistir é usado com a preposição
da ordem dos vocábulos, dos conectores, dos pronomes a quando significa ser espectador, estar presente,
pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes presenciar.
possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, Exemplo: A cidade inteira assistiu ao desfile das escolas
relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, de samba.
aí), artigos definidos, de expressões de valor temporal. Entretanto, na linguagem coloquial, este verbo é usado
De acordo com o quadro antes apresentado, passamos a sem a preposição.
ver separadamente cada um dos tipos de conexão gramatical, a Por isso, com frequência, temos frases como: Ainda não
saber, frásica, interfrásica, temporal e referencial. assisti o filme que foi premiado no festival. Ou A peça que
Coesão Frásica - este tipo de coesão estabelece uma assisti ontem foi muito bem montada (ao invés de a que
ligação significativa entre os componentes da frase, com base assisti).
na concordância entre o nome e seus determinantes, entre o No sentido de acompanhar, ajudar, prestar
sujeito e o verbo, entre o sujeito e seus predicadores, na ordem assistência, socorrer, usa-se com proposição ou não.
dos vocábulos na oração, na regência nominal e verbal. Observe:
Exemplos: O médico assistiu ao doente durante toda a noite. Os
1) Florianópolis tem praias para todos os gostos, Anjos do Asfalto assistiram as vítimas do acidente.
desertas, agitadas, com ondas, sem ondas, rústicas, No que diz respeito à regência nominal, há também
sofisticadas. casos em que os enunciados podem se prestar a mais de
uma interpretação.
Concordância nominal
Se dissermos: A liquidação da Mesbla foi realizada no
Praias desertas, agitadas, rústicas, sofisticadas
fim do verão, podemos entender que a Mesbla foi liquidada,
(subst) (adjetivos)
foi vendida ou que a Mesbla promoveu uma liquidação de
Todos os gostos seus produtos.
(pron) (artigo) (substantivo) Isso acontece porque o nome liquidação está
Concordância verbal acompanhado de um outro termo (da Mesbla).
Florianópolis tem Dependendo do sentido que queremos dar à frase,
(sujeito) (verbo) podemos reescrevê-la de duas maneiras:
A Mesbla foi liquidada no fim do verão.
2) A voz de Elza Soares é um patrimônio da música A Mesbla promoveu uma liquidação no fim do verão.
brasileira. Rascante, oclusiva, suingada, é algo que poucas
cantoras, no mundo inteiro, têm. Coesão Interfrásica - designa os variados tipos de
Concordância nominal interdependência semântica existente entre as frases na
voz rascante, oclusiva, suingada superfície textual.
poucas cantoras Essas relações são expressas pelos conectores ou
música brasileira operadores discursivos.
mundo inteiro É necessário, portanto, usar o conector adequado à
Concordância verbal relação que queremos expressar.
voz é Seguem exemplos dos diferentes tipos de conectores
cantoras têm que podemos empregar:
a) As baleias que acabam de chegar ao Brasil saíram da
Com respeito à ordem dos vocábulos na oração, Antártida há pouco mais de um mês. No banco de Abrolhos,
deslocamentos de vocábulos ou expressões dentro da uma faixa com cerca de 500 quilômetros de água rasa e
oração podem levar a diferentes interpretações de um cálida, entre o Espírito Santo e a Bahia, as baleias encontram
mesmo enunciado. as condições ideais para acasalar, parir e amamentar. As
Observe estas frases: primeiras a chegar são as mães, que ainda amamentam os
a) O barão admirava a bailarina que dançava com um filhotes nascidos há um ano. Elas têm pressa, porque é difícil
olhar lânguido. conciliar amamentação e viagem, já que um filhote tem
A expressão com um olhar lânguido, devido à posição necessidade de mamar cerca de 100 litros de leite por dia
em que foi colocada, causa ambiguidade, pois tanto pode se para atingir a média ideal de aumento de peso: 35 quilos por
referir ao barão como à bailarina. semana. Depois, vêm os machos, as fêmeas sem filhote e,
Para deixar claro um ou outro sentido, é preciso alterar a por último, as grávidas. Ao todo, são cerca de 1000 baleias
ordem dos vocábulos. que chegam a Abrolhos todos os anos. Já foram dezenas de
O barão, com um olhar lânguido, admirava a bailarina milhares na época do descobrimento, quando estacionavam
que dançava. em vários pontos da costa brasileira. Em 1576, Pero de
O barão admirava a bailarina que, com um olhar Magalhães Gândavo registrou ter visto centenas delas na baía
lânguido, dançava. de Guanabara. (Revista VEJA)

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b) Como suas glândulas mamárias são internas, ela Ainda dentro da coesão interfrásica, existe o processo de
espirra o leite na água. justaposição, em que a coesão se dá em função da
c) Ao longo dos meses, porém, a música vai sofrendo sequência do texto, da ordem em que as informações, as
pequenas mudanças, até que, depois de cinco anos, é proposições, os argumentos vão sendo apresentados.
completamente diferente da original. Quando isto acontece, ainda que os operadores não
d) A baleia vem devagar, afunda a cabeça, ergue o tenham sido explicitados, eles são depreendidos da relação
corpanzil em forma de arco e desaparece um instante. Sua que está implícita entre as partes da frase.
cauda, então, ressurge gloriosa sobre a água como se fosse
uma enorme borboleta molhada. A coreografia dura O trecho abaixo é um exemplo de justaposição.
segundos, porém tão grande é a baleia que parece um balé Foi em cabarés e mesas de bar que Di Cavalcanti fez
em câmara lenta. amigos, conquistou mulheres, foi apresentado a medalhões
e) Tão grande quanto as baleias é a sua discrição. das artes e da política. Nos anos 20, trocou o Rio por longas
Nunca um ser humano presenciou uma cópula de jubartes, temporadas em São Paulo; em seguida foi para Paris.
mas sabe-se que seu intercurso é muito rápido, dura apenas Acabou conhecendo Picasso, Matisse e Braque nos cafés de
alguns segundos. Montparnasse. Di Cavalcanti era irreverente demais e
f) A jubarte é engenhosa na hora de se alimentar. Como calculista de menos em relação aos famosos e poderosos.
sua comida costuma ficar na superfície, ela mergulha e nada Quando se irritava com alguém, não media palavras. Teve
em volta dos peixes, soltando bolhas de água. Ao subir, as um inimigo na vida. O também pintor Cândido Portinari. A
bolhas concentram o alimento num círculo. Em seguida, a briga entre ambos começou nos anos 40. Jamais se
baleia abocanha tudo, elimina a água pelo canto da boca e reconciliaram. Portinari não tocava publicamente no nome de
usa a língua como uma canaleta a fim de jogar o que Di. (Revista VEJA)
interessa goela adentro. Há, neste trecho, apenas uma coesão interfrásica
g) Várias publicações estrangeiras foram traduzidas, explicitada: trata-se da oração "Quando se irritava com
embora muitas vezes valha a pena comprar a versão original. alguém, não media palavras". Os demais possíveis
h) Como guia de Paris, o livro é um embuste. Não espere, conectores são indicados por ponto e ponto-e-vírgula.
portanto, descobrir através dele o horário de funcionamento dos Coesão Temporal - uma sequência só se apresenta
museus. A autora faz uma lista dos lugares onde o turista pode coesa e coerente quando a ordem dos enunciados estiver de
comprar roupas, óculos, sapatos, discos, livros, no entanto, não acordo com aquilo que sabemos ser possível de ocorrer no
fornece as faixas de preço das lojas. universo a que o texto se refere, ou no qual o texto se insere.
i) Se já não é possível espantar a chicotadas os Se essa ordenação temporal não satisfizer essas
vendilhões do templo, a solução é integrá-los à paisagem da condições, o texto apresentará problemas no seu sentido.
fé. (...) As críticas vêm não só dos vendilhões ameaçados de
A coesão temporal é assegurada pelo emprego
ficar de fora, mas também das pessoas que frequentam o
adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma
interior do templo para exercer a mais legítima de suas
sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a
funções, a oração.
situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores
j) Na verdade, muitos habitantes de Aparecida estão
temporais).
entre a cruz e a caixa registradora. Vivem a dúvida de
preservar a pureza da Casa de Deus ou apoiar um Exemplo:
empreendimento que pode trazer benesses materiais.(idem) A dita Era da Televisão é, relativamente, nova. Embora
l) A Igreja e a prefeitura estimam que o shopping deve os princípios técnicos de base sobre os quais repousa a
gerar pelo menos 1000 empregos. transmissão televisual já estivessem em experimentação
m) Aparentemente boa, a infraestrutura da Basílica se entre 1908 e 1914, nos Estados Unidos, no decorrer de
transforma em pó em outubro, por exemplo, quando num pesquisas sobre a amplificação eletrônica, somente na
único fim de semana surgem 300 mil fiéis. década de vinte chegou-se ao tubo catódico, principal peça
n) O shopping da fé também contará com um centro de do aparelho de tevê.
eventos com palco giratório. Após várias experiências por sociedades eletrônicas,
tiveram início, em 1939, as transmissões regulares entre
CONECTORES: Nova Iorque e Chicago - mas quase não havia aparelhos
. e (exemplos a, d, f) - liga termos ou argumentos. particulares. A guerra impôs um hiato às experiências.
. porque (exemplo a), já que (exemplo a), como A ascensão vertiginosa do novo veículo deu-se após
(exemplos b, f) - introduzem uma explicação ou justificativa. 1945.
. para (exemplos a, i), a fim de (exemplo f) - indicam No Brasil, a despeito de algumas experiências
uma finalidade. pioneiras de laboratório (Roquete Pinto chegou a
. porém (exemplos c, d), mas (e) , embora (g) , no interessar-se pela transmissão da imagem), a tevê só foi
entanto (h) - indicam uma contraposição. mesmo implantada em setembro de 1950, com a
. como (exemplo d) , tão ... que (exemplo d), tão ... inauguração do Canal 3 (TV Tupi), por Assis
quanto (exemplo e) - indicam uma comparação. Chateaubriand.
. portanto (h) - evidencia uma conclusão. Nesse mesmo ano, nos Estados Unidos, já havia cerca
. Depois (a) , por último (a), quando (a), já (a), ao de cem estações, servindo a doze milhões de aparelhos.
longo dos meses (c), depois de cinco anos (c), em Existem hoje mais de 50 canais em funcionamento, em
seguida (f), até que (c) - servem para explicar a ordem dos
todo o território brasileiro, e perto de 4 milhões de
fatos, para encadear os acontecimentos.
aparelhos receptores. [dados de 1971] (Muniz Sodré, A
. então (d) - operador que serve para dar continuidade
comunicação do grotesco)
ao texto.
Temos, neste parágrafo, a apresentação da trajetória
. se (exemplo i) - indica uma forma de condicionar uma
da televisão no Brasil, e o que contribui para a clareza
proposição a outra.
. não só...mas também (exemplo i) - serve para desta trajetória é a sequência coerente das datas: entre
mostrar uma soma de argumentos. 1908 e 1914, na década de vinte, em 1939,
. na verdade (exemplo j) - expressa uma generalização, Após várias experiências por sociedades eletrônicas,
uma amplificação. (época da) guerra, após 1945, em setembro de 1950,
. ou (exemplo j) - apresenta um disjunção nesse mesmo ano, hoje.
argumentativa, uma alternativa. Embora o assunto neste tópico seja a coesão temporal,
. por exemplo (exemplo m) - serve para especificar o vale a pena mostrar também a ordenação espacial que
que foi dito antes. acompanha as diversas épocas apontadas no parágrafo:
. também (exemplo n) - operador para reforçar mais um nos Estados Unidos, entre Nova Iorque e Chicago, no
argumento apresentado. Brasil, em todo o território brasileiro.

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Coesão Referencial - neste tipo de coesão, um Existe ainda a possibilidade de uma ideia inteira ser
componente da superfície textual faz referência a outro retomada por um pronome, como acontece nas frases a
componente, que, é claro, já ocorreu antes. Para esta seguir:
referência são largamente empregados os pronomes a) Todos os detalhes sobre a vida das jubartes são
pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes resultado de anos de observação de pesquisadores
possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, apaixonados pelo objeto de estudo. Trabalhos como esse
relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, vêm alcançando bons resultados. (Revista VEJA)
aí), artigos. Exemplos: . O pronome esse retoma toda a sequência anterior.
b) Se ninguém tomar uma providência, haverá um
a) Durante o período da amamentação, a mãe ensina os desastre sem precedentes na Amazônia brasileira. Ainda há
segredos da sobrevivência ao filhote e é arremedada por ele. tempo de evitá-lo.(Revista VEJA)
A baleiona salta, o filhote a imita. Ela bate a cauda, ele . O pronome lo se refere ao desastre sem precedentes
também o faz. (Revista VEJA) citado antes.
. ela, a - retomam o termo baleiona, que, por sua vez, c) A lei é um absurdo do começo ao fim. Primeiro,
substitui o vocábulo mãe. porque permite aos moradores da superquadra isolar uma
. ele - retoma o termo filhote área pública, não permitindo que os demais habitantes
. ele também o faz - o retoma as ações de saltar, bater, transitem por ali. Segundo, o projeto não repassa aos
que a mãe pratica. moradores o custo disso, ou seja, a responsabilidade pela
b) Madre Teresa de Calcutá, que em 1979 ganhou o coleta de lixo, pelos serviços de água e luz e pela instalação
Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com os destituídos do de telefones. Pelo contrário, a taxa de limpeza pública seria
mundo, estava triste na semana passada. Perdera uma reduzida para os moradores. Além disso, a aprovação do
amiga, a princesa Diana. Além disso, seus problemas de texto foi obtida mediante emprego de argumentos
saúde agravaram-se. Instalada em uma cadeira de rodas, falsos.(Revista VEJA)
ela mantinha-se, como sempre, na ativa. Já que não podia ir Este texto apresenta diferentes tipo de elementos de
a Londres, pretendia participar, no sábado, de um ato em coesão.
memória da princesa, em Calcutá, onde morava há quase . ali - faz referência a área pública, anteriormente citada.
setenta anos. Na noite de sexta-feira, seu médico foi . disso - retoma o que é considerado um absurdo dentro
chamado às pressas. Não adiantou. Aos 87 anos, Madre da nova lei. Ao mesmo tempo, disso é explicado a partir do
Teresa perdeu a batalha entre seu organismo debilitado e operador ou seja.
frágil e sua vontade de ferro e morreu vítima de ataque . ou seja, pelo contrário - conectores que introduzem
cardíaco. O Papa João Paulo II declarou-se "sentido e uma retificação, uma correção.
. Além disso - conector que tem por função acrescentar
entristecido". Madre Teresa e o papa tinham grande
mais um argumento ao que está sendo discutido.
afinidade. (Revista VEJA)
. Primeiro e Segundo - estes conectores indicam a
. que, seu, seus, ela, sua referem-se a Madre Teresa.
ordem dos argumentos, dos assuntos.
. princesa retoma a expressão princesa Diana.
. papa retoma a expressão Papa João Paulo II. Coesão Lexical
. onde refere-se à cidade de Calcutá. Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam
Há ainda outros elementos de coesão, como Além vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem
disso, já que, que introduzem, respectivamente, um entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo
acréscimo ao que já fora dito e uma justificativa. opostos. Dentro da coesão lexical, podemos distinguir a
reiteração e a substituição. Por reiteração entendemos a
c) Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior esbórnia. repetição de expressões linguísticas; neste caso, existe
Elas se reúnem em grupos de três a oito animais, sempre identidade de traços semânticos.
com uma única fêmea no comando. É ela, por exemplo, que Este recurso é, em geral, bastante usado nas
determina a velocidade e a direção a seguir. Os machos vão propagandas, com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o
atrás, na expectativa de ver se a fêmea cai na rede, com o nome e as qualidades do que é anunciado.
perdão do trocadilho,e aceita copular. Como há mais machos Observe, nesta propaganda da Ipiranga, quantas vezes
que fêmeas, elas copulam com vários deles para ter certeza é repetido o nome da refinaria.
de que engravidarão. (Revista VEJA) Em 1937, quando a Ipiranga foi fundada, muitos
Neste exemplo, ocorre um tipo bastante comum de afirmavam que seria difícil uma refinaria brasileira dar certo.
referência - a anafórica. Os pronomes elas (que retoma Quando a Ipiranga começou a produzir querosene de
jubartes), ela (que retoma fêmea), elas (que se refere a padrão internacional, muitos afirmavam, também, que
fêmeas) e deles (que se refere a machos) ocorrem depois dificilmente isso seria possível.
dos nomes que representam. Quando a Ipiranga comprou as multinacionais Gulf Oil e
d) Ele foi o único sobrevivente do acidente que matou a Atlantic, muitos disseram que isso era incomum.
princesa, mas o guarda-costas não se lembra de nada. E, a cada passo que a Ipiranga deu nesses anos todos,
(Revista VEJA) nunca faltaram previsões que indicavam outra direção.
Quem poderia imaginar que a partir de uma refinaria
e) Elas estão divididas entre a criação dos filhos e o como aquela a Ipiranga se transformaria numa das
desenvolvimento profissional, por isso, muitas vezes, as principais empresas do país, com 5600 postos de
mulheres precisam fazer escolhas difíceis. (Revista VEJA) abastecimento anual de 5,4 bilhões de dólares?
Nas letras d, e temos o que se chama uma referência E, que além de tudo, está preparada para o futuro?
catafórica. Isto acontece porque os pronomes Ele e Elas, É que, além de ousadia, a Ipiranga teve sorte: a gente
que se referem, respectivamente a guarda-costas e estava tão ocupado trabalhando que nunca sobrou muito
mulheres aparecem antes do nome que retomam. tempo para prestar atenção em profecias. (Revista VEJA)
f) A expedição de Vasco da Gama reunia o melhor que Outro exemplo:
Portugal podia oferecer em tecnologia náutica. Dispunha A história de Porto Belo envolve invasão de
das mais avançadas cartas de navegação e levava pilotos aventureiros espanhóis, aventureiros ingleses e
experientes. (Revista VEJA) aventureiros franceses, que procuraram portos naturais,
Temos neste período uma referência por elipse. O portos seguros para proteger suas embarcações de
sujeito dos verbos dispunha e levava é A expedição de tempestades.
Vasco da Gama, que não é retomada pelo pronome A substituição é mais ampla, pois pode se efetuar por
correspondente ela, mas por elipse, isto é, a concordância meio da sinonímia, da antonímia, da hiperonímia, da
do verbo - 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do hiponímia. Vamos ilustrar cada um desses mecanismos por
indicativo - é que indica a referência. meio de exemplos.

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Sinonímia jogador tem categoria suficiente para se transformar em um
a) Pelo jeito, só Clinton insiste no isolamento de Cuba. ídolo nacional. Por falar em prata da casa, o presidente do
João Paulo II decidiu visitar em janeiro a ilha da Fantasia. Flamengo, apoiado por Zico, vai apostar nos jovens valores
(Revista VEJA) do clube para o segundo semestre. Ele acha que, mantendo
Os termos assinalados têm o mesmo referente. a base, com Sávio, Júnior Baiano, Athirson, Evandro e Lúcio,
Entretanto, é preciso esclarecer que, neste caso, há um o time rubro-negro terá condições de chegar às finais do
julgamento de valor na substituição de Cuba por ilha da Campeonato Brasileiro e Supercopa. (Jornal dos Sports)
Fantasia, numa alusão a lugar onde não há seriedade. As expressões assinaladas em negrito se referem à
b) Aos 26 anos, o zagueiro Júnior Baiano deu uma mesma pessoa.
grande virada em sua carreira. Conhecido por suas Na verdade, temos em dirigente um sinônimo de fato,
inconsequentes "tesouras voadoras", ele passou a agir de enquanto as outras substituições podem ser chamadas de
maneira mais sensata, atitude que já levou até a Seleção elipses parciais, embora todas remetam ao presidente do
Brasileira. clube carioca.
Patrícia, a esposa, e os filhos Patrícia Caroline e Patrick Existe igualmente sinonímia entre Sávio, atacante e
são as maiores alegrias desse baiano nascido na cidade de jogador.
Feira de Santana. "Eles são a minha razão de viver e lutar f) Penando para tentar reduzir a conta dos direitos e
por coisas boas", comenta o zagueiro. benefícios dos trabalhadores, todo governante europeu hoje
Na galeria do ídolos, Júnior Baiano coloca três craques: em dia baba de inveja dos Estados Unidos - o país do
Leandro, Mozer a Aldair. "Eles sabem tudo de bola, diz o cada um por si e o governo, de preferência, bem longe
jogador. dessas questões. Pois foi justamente na terra do vale-tudo
O zagueiro da Seleção só questiona se um dia terá o entre patrão e empregado que 185000 filiados de um
mesmo prestígio deles. sindicato cruzaram os braços neste mês e pararam por
Deixando para trás a fase de desajustado e brigão, o quinze dias a UPS, a maior empresa de entregas terrestres
zagueiro rubro-negro agora orienta os mais jovens e do mudo. (Revista VEJA)
aposta nesta nova geração do Flamengo. (Jornal dos Sports) Não podemos deixar de apontar que, neste exemplo, os
Este tipo de procedimento é muito útil para evitar as sinônimos escolhidos para Estados Unidos se revestem de
constantes repetições que tornam um texto cansativo e um juízo de valor, são denominações de caráter pejorativo.
pouco atraente. Antonímia - é a seleção de expressões linguísticas com
Observe quantas diferentes maneiras foram empregadas traços semânticos opostos. Exemplos:
para fazer alusão à mesma pessoa. a) Gelada no inverno, a praia de Garopaba oferece no
Dentro desse parágrafo, observamos ainda outros verão uma das mais belas paisagens catarinenses.
mecanismos de coesão já vistos anteriormente: sua, ele, o, Hiperonímia e Hiponímia - Por hiperonímia temos o caso
que retomam o jogador Júnior Baiano, e deles, que retoma em que a primeira expressão mantém com a segunda uma
os três craques. relação de todo-parte ou classe-elemento.
c) Como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam Por hiponímia designamos o caso inverso: a primeira
no abrigo do bonde, o homem mantinha-se concentrado no expressão mantém com a segunda uma relação de parte-
seu serviço. todo ou elemento-classe.
Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em Em outras palavras, essas substituições ocorrem quando
cinco minutos. No momento, ele retocava uma foto de um termo mais geral - o hiperônimo - é substituído por um
Getúlio Vargas, que mostrava um dos melhores sorrisos do termo menos geral - o hipônimo, ou vice-versa.
presidente morto. Os exemplo ajudam a entender melhor.
d) Vestia um camisolão azul, sem cintura. Tinha cabelos a) Tão grande quanto as baleias é a sua discrição.
longos como Jesus e barbas longas. Nos pés calçava Nunca um ser humano presenciou uma cópula de jubartes,
sandálias para enfrentar o pó das estradas e, a cabeça, mas sabe-se que seu intercurso é muito rápido, dura apenas
protegia-a do sol inclemente com um chapelão de abas alguns segundos.(Revista VEJA)
largas. Nas mãos levava um cajado, como os profetas, os b) Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior esbórnia.
santos, os guiadores de gente, os escolhidos, os que sabiam Elas se reúnem em grupos de três a oito animais, sempre
o caminho do céu. Chamava os outros de "meu irmão". Os com uma única fêmea no comando. É ela, por exemplo, que
outros chamavam-no "meu pai". Foi conhecido como determina a velocidade e a direção a seguir. (Idem)
Antônio dos Mares, uma certa época, e também como c) Dentre as 79 espécies de cetáceos, as jubartes são
Irmão Antônio. Os mais devotos o intitulavam "Bom Jesus", as únicas que cantam - tanto que são conhecidas também
"Santo Antônio". De batismo, era Antônio Vicente Mendes por "baleias cantoras". (Idem)
Maciel. Quando fixou sua fama, era Antônio Conselheiro, d) A renda de bilro é a mais conhecida e criativa forma
nome com o qual conquistou os sertões e além. (Revista de artesanato catarinense.
VEJA) e) O litoral norte de Santa Catarina tem um verdadeiro
Os vocábulos assinalados indicam a sinonímia para o festival de localidades famosas: a praia de Camboriú, a ilha
nome de Antônio Conselheiro. de São Francisco do Sul, a enseada do Brito. (Idem)
Por ser um parágrafo rico em mecanismos de coesão, f) Dado que, entre os assentados, é expressivo o número
vale a pena mostrar mais alguns deles. de analfabetos, pode-se ter uma ideia de quanto é difícil
Por exemplo, o sujeito de vestia, tinha, calçava, levava, elaborar um projeto ou usar novas tecnologias. Com pouco
chamava, foi conhecido, fixou é sempre o mesmo, isto é, dinheiro e escassa assistência, eles costumam usar
Antônio Conselheiro, mas só ao final do texto esse sujeito é sementes de qualidade baixa e voltar-se para a produção de
esclarecido. consumo familiar. Mesmo entre os instrumentos de trabalho
Dizemos, então, que, neste caso, houve uma referência mais corriqueiros, também há escassez brutal, e a maioria
por elipse. dos assentados não dispõe nem mesmo de uma pá ou de
Chamavam-no e o intitulavam - os pronomes oblíquos no uma picareta. Entre eles, ainda que os sem-terra tenham
e o retomam a figura de Antônio Conselheiro. escolhido a foice como um dos seus símbolos de luta pela
Da mesma forma, o pronome a (protegia-a) refere-se ao reforma agrária, o instrumento mais comum ainda é a velha
nome cabeça, e o possessivo sua (sua fama) tem como enxada.(Revista VEJA)
referente o mesmo Antônio Conselheiro.
e) Depois do ciclo Romário, o Flamengo entra na era Hiperônimos (termos mais gerais)
Sávio. Pelo menos é essa a intenção do presidente Kleber baleias - animais - cetáceos - artesanato - litoral norte -
Leite. O dirigente nega a intenção do clube em fazer de seu instrumentos
atacante uma moeda de troca. "No ano passado me Hipônimos (termos mais específicos)
ofereceram US $ 9 milhões e mais o passe do Romário pelo jubartes - jubartes - baleias - renda de bilro - praia, ilha,
Sávio e eu não fiz negócio", lembrou. Segundo Kleber, o enseada - pá, picareta, foice, enxada
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Vale a pena apontar também a coesão lexical por De fato, a comunicação escrita tende a ser mais formal
sinonímia, entre assentados e sem-terra (exemplo f) e entre do que a falada.
jubartes e baleias cantoras (exemplo c). Os pronomes eles Na verdade, a oposição formal / informal é uma
(caso reto) e se (caso oblíquo) são exemplos de coesão simplificação didática. Há no mínimo quatro graus de
gramatical formalidade (registros) no português do Brasil: o ultraformal,
o formal, o semiformal e o informal, de que são exemplos,
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA respectivamente (no uso oral da língua);
(LÍNGUA PADRÃO, LÍNGUA NÃO PADRÃO) O discurso solene de um paraninfo numa cerimônia de
formatura (ultraformal), uma conferência (formal), uma
LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL conversa entre cientistas que se conhecem há muito tempo
Falado e Escrito / Formal e Informal sobre assunto de sua especialidade (que não ficará
Linguagem coloquial (Informal) totalmente formal, pela intimidade existente entre os
Os dois amigos encontraram-se no pátio do colégio, na interlocutores, nem totalmente informal, pela natureza
hora do intervalo, e Marcos perguntou: "intelectual" do assunto tratado) (semiformal) e a
- Como é que é, Zé? Tá a fim de dar uns giros por aí conversação diária (informal).
depois da aula? Exemplos na modalidade escrita:
- Normal! A gente pode chamar o Nandinho e ir pra uma - do ultra formal - certos textos jurídicos e um ou outro
esplanada - respondeu José bastante animado. texto burocrático;
- É isso. Vou nessa! - disse Marcos apertando o passo. - do formal - um verbete de enciclopédia;
- do semiformal - uma crônica esportiva (na mídia
Gíria
impressa);
A gíria é um elemento de linguagem que denota
- do informal - um bilhete.
expressividade e revela grande criatividade, desde que,
Ainda numa visão um tanto esquemática, mas
naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao
didaticamente necessária, diríamos que a necessidade de
receptor.
obediência à norma gramatical existe no registro ultra formal
Mesmo que seja criativa a gíria só é admitida na língua
e no formal, não existindo nos dois últimos.
falada. Sendo que a língua escrita a tolera. Só em casos
Além do grau de formalidade, outros fatores interferem
especiais na comunicação entre amigos, familiares,
na escolha do tipo de linguagem adequado a cada situação,
namorados, sendo que isto é caracterizada pela linguagem
a saber:
informal.
- o status dos interlocutores;
- o local, o assunto;
Linguagem formal
- o gênero textual (o que é virtude num gênero pode ser
No corredor de uma universidade, um eminente
defeito em outro);
professor de Direito Penal encontra um ex-aluno, agora seu
- a modalidade escrita ou oral e
colega. O professor diz-lhe:
- a natureza monolocutiva ou interlocutiva, privada ou
- Que prazer encontrá-lo depois de tanto tempo!
pública etc. da comunicação.
- Como está, professor? É bom revê-lo - sorriu o ex-
O princípio geral, porém, é sempre o mesmo: o da
aluno emocionado. - O senhor nem pode imaginar o quanto
adequação.
me foram úteis os conhecimentos que adquiri nas suas
aulas. Precisamos levar em conta
- Você sempre foi um bom aluno. Tinha a certeza de que - A quem nossos textos ou palavras se dirigem, ou seja,
se tornaria um advogado notável. nosso interlocutor na interação verbal ou oral;
A distinção linguagem popular / linguagem cuidada, por - o assunto sobre o qual versa o texto ou a fala;
exemplo, apoia-se num critério sociocultural, ao passo que a - e o papel desempenhado pela língua.
distinção linguagem informal / linguagem oratória se apoia Essa distinção permite diferenciar linguagem informal de
sobretudo numa diferença de situação (o mesmo indivíduo linguagem formal.
não empregará a mesma linguagem ao fazer um discurso e Devemos ficar atentos para não utilizar, na redação de
ao conversar com amigos num bar). nossos textos na universidade ou na empresa, ou mesmo
Ademais, na expressão oral, as incorreções gramaticais em nossas falas elementos próprios da linguagem informal e,
são geralmente em função de restrições materiais: portanto, inadequados à linguagem acadêmica ou
dificilmente poderá um comentarista esportivo manter uma empresarial e às vezes em interlocuções orais que requerem
linguagem cuidada ao descrever e comentar uma partida ao certa formalidade.
vivo. De modo geral, a linguagem cuidada emprega um Essas diferenças de situação envolvendo o tema, a
vocabulário mais preciso, mais raro, e uma sintaxe mais forma de comunicação e os interlocutores são chamadas de
elaborada que a da linguagem comum. registro e elas determinam diferentes níveis de linguagem:
Para resolver esse impasse se poderia, à primeira vista, - mais formal,
propor a obediência à norma na escrita e sua flexibilização - menos formal;
na fala, o que, no entanto, seria ainda inexato. Na verdade, a - mais distante,
dicotomia correta é formal versus informal e não escrito - menos distante.
versus falado. Nós também escolhemos níveis de linguagem diferentes
Em circunstâncias formais, a comunidade espera que se conforme as situações de comunicação em que nos
empregue, seja escrevendo ou falando, a língua-padrão (cf. encontramos.
ing. standard language), entendida aqui como a variedade Assim é que não usaremos em uma carta para a
formal culta e até certo ponto supra regional do idioma, que namorada, por exemplo, o mesmo tipo de linguagem que
corresponde, em parte ao menos, à língua descrita pela utilizamos para redigir um requerimento à diretoria da
gramática escolar. Faculdade.
Em situações informais, ao contrário, seja na fala ou na É importante estarmos conscientes da necessidade de
escrita, a expectativa da comunidade é que se empreguem adequação da linguagem às situações de interação e,
as variedades informais da língua. especificamente, da importância da utilização de uma
Em outras palavras: o binômio decisivo para a linguagem formal nos textos acadêmicos ou empresariais.
obediência à norma gramatical é o referente ao grau de Por isso, é muito importante que compreendamos o que
formalidade da comunicação e não à natureza oral ou escrita se entende por registro, para podermos identificá-lo em
desta. Não se conclua daí, entretanto, que não haja situações concretas e fazer uso dele, adequando nossa
correlação entre modalidade escrita e formalidade, por um linguagem às situações as mais diversas a que somos
lado, e entre informalidade e fala, por outro. postos.

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REDAÇÃO – O TEXTO 1. Transforme o tema em uma pergunta:
DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO Nenhum homem é uma ilha?
2. Procure responder essa pergunta, de um modo
Além da narração e da descrição, há um terceiro tipo de simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda,
redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO. concordando em parte e discordando em parte): essa
Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito resposta é o seu ponto de vista.
de um determinado tema, expressando o ponto de vista de 3. Pergunte a você mesmo o porquê de sua resposta,
quem escreve em relação a esse tema. uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua
Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, posição: aí estará o seu argumento principal.
ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas 4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a
pelo leitor; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição.
fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em Esses serão argumentos auxiliares.
suma: bem argumentadas (argumentar = convencer, influenciar, 5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo
persuadir). para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de
A argumentação é o elemento mais importante de uma sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você
dissertação. leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social.
Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu Pode ser um fato histórico.
autor coloque no texto seus pontos de vista como se não Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o
fossem dele e sim, de outra pessoa (de prestígio, famosa, seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, dá força e
especialista no assunto...), ou seja, de maneira impessoal, clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião,
objetiva e sem prolixidade (sem “encher linguiça”). fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o
Para alcançar a impessoalidade, é importante que a nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da
dissertação seja elaborada com verbos e pronomes na experiência de vida, ele dá uma marca pessoal à
terceira pessoa. dissertação.
O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, 6. A partir desses elementos, procure juntá-los num
fazer crer é um dos objetivos de quem disserta. texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você
Na dissertação, as ideias devem ser colocadas de pode agrupá-los na sequência que foi sugerida:
maneira clara, coerente e organizadas de maneira lógica:
a) o elo entre pontos de vista e argumento se faz de Os passos
maneira coerente e lógica através das conjunções 1) interrogar o tema;
(=conectivos). É por isso que as conjunções são chamadas 2) responder, com a opinião;
de marcadores argumentativos. 3) apresentar argumento básico;
4) apresentar argumentos auxiliares;
b) todo texto dissertativo é composto por três partes 5) apresentar fato- exemplo;
coesas e coerentes: introdução, desenvolvimento e 6) concluir.
conclusão.
A introdução é a parte em que se dá a apresentação do Como ficaria o esquema
tema, através de um conceito ou de questionamento(s) que 1º parágrafo: a tese
ele sugere. 2º parágrafo: argumento 1
A seguir, apresenta-se um ponto de vista e seu 3º parágrafo: argumento 2
argumento principal. Para que a introdução fique perfeita, é 4º parágrafo: fato-exemplo
interessante seguir esses passos: 5º parágrafo: conclusão
1. Transforme o tema numa pergunta;
2. Responda a pergunta (e obtém-se o ponto de vista); Exemplo de redação com esse esquema:
3. Coloque o porquê da resposta (e obtém-se o
argumento). Tema: Como encarar a questão do erro
O desenvolvimento contém as ideias que reforçam o Título: Buscar o sucesso
argumento principal, ou seja, os argumentos auxiliares e os
fatos-exemplos (verdadeiros, reconhecidos publicamente). Tese:
O desenvolvimento deve dar sustentação à tese, que é a 1º§ O homem nunca pôde conhecer acertos sem lidar
ideia principal defendida pelo autor. com seus erros.
A conclusão é a parte final da redação dissertativa, em
que o autor deve "amarrar" resumidamente (se possível, Argumentação
numa frase) todas as ideias do texto para que o ponto de 2º§ O erro pressupõe a falta de conhecimento ou
vista inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e experiência, a deficiência de sintonia entre o que se propõe a
aceito como verdadeiro. fazer e os meios para a realização do ato. Deriva-se de
Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que inúmeras causas, que incluem tanto a falta de informação,
seu autor: como a inabilidade em lidar com elas.
1. Entenda bem o tema;
2. Reflita a respeito dele; 3º§ Já acertar, obter sucesso, constitui-se na exata
3. Passe para o papel as ideias que o tema lhe sugere; coordenação entre informação e execução de qualquer
4. Faça a organização textual (o "esqueleto do texto"), atividade. É o alinhamento preciso entre o que fazer e como
pois a quantidade de ideias sugeridas pelo tema é igual à fazer, sendo esses dois pontos indispensáveis e
quantidade de parágrafos que a dissertação terá no inseparáveis.
desenvolvimento do texto.
Fato-exemplo
Como fazer uma dissertação argumentativa 4º§ Como atingir o acerto? A experiência é fundamental
Vamos supor que o tema proposto seja Nenhum e, na maioria das vezes, é alicerçada em erros anteriores,
homem é uma ilha. que ensinarão os caminhos para que cada experiência ruim
Primeiro, precisamos entender o tema. Ilha, não mais ocorra. Assim, um jovem que presta seu primeiro
naturalmente, está em sentido figurado, significando solidão, vestibular e fracassa pode, a partir do erro, descobrir seus
isolamento. pontos falhos e, aos poucos, aliar seus conhecimentos à
Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do capacidade de enfrentar uma situação de nova prova e
rascunho de sua redação. pressão.

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Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho, poderá Características do Texto Dissertativo
estar envolvido em situações semelhantes: seus momentos 1) Impessoalidade: Procure se distanciar do assunto
de fracasso estimularão sua criatividade e maior empenho, o abordado, tratando os fatos com objetividade. A
que fatalmente levará a posteriores acertos fundamentais em impessoalidade confere maior credibilidade ao texto, como
seu trabalho. se ele contivesse verdades universais e inquestionáveis.
Para alcançar a impessoalidade no texto, substitua
Conclusão expressões como “eu acho”, “no meu ponto de vista”, etc.
5º§ Assim, a ocorrência dos erros nos atos humanos é por “É importante destacar...”, “Convém ressaltar...”,
inevitável. Porém, é preciso, acima de tudo, saber lidar com “Percebe-se...”, etc.
eles, conscientizar-se de cada ato falho e tomá-los como 2) Objetividade: Vá direto ao tema, não faça rodeios
desafio, nunca se conformando, sempre buscando a nem digressões.
superação e o sucesso. Antes do alcance da luz, será Não coloque emoções nem subjetividade no texto e
sempre preciso percorrer o túnel. utilize os adjetivos com moderação.
Faça um texto conciso, “enxuto”: releia-o ao passar a
Outro esquema interessante limpo e retire tudo o que for desnecessário.
O texto abaixo, de Bertrand Russel, revela uma estrutura
que o candidato poderá usar em sua redação. Leia o texto: 3) Clareza: O texto dissertativo deve ser claro, de fácil
entendimento.
Aquilo por que vivi Para dar clareza ao texto, evite palavras rebuscadas,
Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, períodos muito longos e inversões na ordem da oração.
governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do A linguagem deve ser adequada e simples.
conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da Cuidado com ambiguidades no texto.
humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais,
impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por 4) Correção: Escreva conforme a norma culta da língua,
sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do respeitando as regras gramaticais.
desespero. Fique atento à ortografia, pontuação, regência e
Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – concordância.
um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o 5) Elegância: Não utilize expressões coloquiais,
resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. chavões, gírias, frases feitas.
Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – Evite a redundância, que é a repetição de uma ideia por
essa solidão terrível através da qual nossa trêmula meio de palavras diferentes (Ex. outra alternativa).
percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo Cuidado com a cacofonia, isto é, a formação de palavras
frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do chulas ou obscenas no encadeamento de vocábulos ou na
amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão separação de sílabas (Ex. Vou-me já).
que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e,
6) Coerência: A coerência é a correspondência entre as
embora isso possa parecer demasiado bom para a vida
ideias do texto de forma lógica.
humana, foi isso que – afinal – encontrei.
Para que a coerência ocorra, as ideias devem se
Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria
completar. Uma deve ser a continuação da outra.
compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por
Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as
que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força
frases, elas acabarão por se contradizer ou por quebrar a
pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos
linha de raciocínio.
acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o
A coerência é resultado da não contradição entre as
consegui.
partes do texto e do texto com relação ao mundo.
Amor e conhecimento, até ao ponto em que são
possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a 7) Informatividade: O texto não pode apenas reproduzir
piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de o senso comum; é preciso que ofereça informações
dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas relevantes ao leitor.
torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um Evite afirmações óbvias, como “o homem depende da
fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e natureza para viver” ou “as crianças são o futuro do país”.
sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida Assim, para produzir um texto realmente informativo, é
humana. Anseio por avaliar o mal, mas não posso, e também necessário pesquisar e confrontar diversas fontes sobre a
sofro. mesma temática, a fim de que o texto apresente argumentos
Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado suficientes para levar o leitor a compreender seu raciocínio
digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me lógico e a aceitar seu ponto de vista.
fosse dada tal oportunidade.
(Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro, Dicas de redação
Civilização Brasileira, 1967). - Leia muito, a leitura enriquece o vocabulário, você olha
O texto, cujo tema está explícito no título – os motivos visualmente as palavras e envia para a sua memória a forma
fundamentais da vida do autor – apresenta cinco parágrafos. correta de escrita delas;
No primeiro parágrafo, o autor revela as suas “três paixões”: - Escreva muito. Escreva em diários, faça poemas, copie
amor, conhecimento e piedade. Em seguida, dedica três receitas, utilize o recurso da escrita até mesmo para tornar a
parágrafos, um para cada uma dessas paixões. O segundo letra mais legível e bonita;
parágrafo fala sobre a busca do amor; o terceiro, sobre a - Treine fazer redação com temas que poderão ser
procura do conhecimento; e o quarto, sobre a importância do relacionados com prova de concurso que irá fazer. Ou faça
sentimento piedade diante do sofrimento. com temas da atualidade, notícias constantes nos meios de
O quinto e último parágrafo realiza a conclusão do texto. comunicação;
Eis o esquema: - Seja crítico de si mesmo, revise os textos de treino,
1º§ - a, b, c; retire os excessos, deixe seu texto “enxuto”.
2º§ - a; - Cronometre o tempo que é gasto nas suas redações de
3º§ - b; treino e tente sempre diminuir o tempo gasto na próxima;
4º§ - c; - Não faça parágrafos prolongados;
5º§ - a, b, c. - Não ultrapasse as margens nem o limite de linhas
Observar a estrutura dos textos dissertativos é um bom estabelecidas na prova;
momento de aprendizagem. Recomenda-se tal exercício aos - Seja objetivo: o que você gastaria três parágrafos para
concursandos: ler editoriais e artigos de jornais. escrever tente colocar apenas em um;

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- Mantenha o mesmo padrão de letra do início ao fim do Não é de surpreender que muitos brasileiros estejam
texto. Não inicie com letra legível e arredondada, por exemplo, e defendendo alguma forma de censura sobre a TV aberta.
termine com ela ilegível e “apressada”, isso dará uma péssima Argumentação por testemunho
impressão para o examinador da banca quando for ler; Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, "o que a
- Não faça marcas, rabiscos, não suje e nem amasse televisão tem de mais fascinante para quem a faz é
sua redação; tenha o máximo de asseio possível; justamente o que ela tem de mais nocivo para quem a vê:
- Faça as redações de provas anteriores do concurso sua capacidade aparentemente infinita de massificação".
que você prestará; De fato, mais de 80% da população brasileira têm esse
- Fique focado no enunciado do que a banca está veículo como principal fonte de informação e referência.
pedindo, não redija um texto lindo, mas que está totalmente
fora do tema. Nunca fuja do tema proposto; A questão da relevância
- Na introdução faça uma pequena abordagem, A ordem em que os argumentos são apresentados, sem
apresentação inicial, no desenvolvimento exponha suas dúvida, influencia na forma como são recebidos pelo leitor.
ideias de forma clara, argumente e, por fim, na conclusão, Os argumentos devem ser apresentados, de preferência,
feche o texto retomando o foco. Nunca inverta as ordens em ordem crescente de relevância, ou seja, do argumento
entre introdução, desenvolvimento e conclusão; mais fraco para o mais forte.
- Use sinônimos, evite repetir as mesmas palavras; Isso prende a atenção do leitor, cada vez mais, às
- Tenha seus argumentos fundamentados. Seja coeso e razões apresentadas.
coerente; A questão da articulação
- Tenha domínio sobre pontuação, concordância, Além de todos os aspectos gramaticais relevantes para a
regência e ortografia; escrita de qualquer gênero textual, no texto dissertativo é
- Saiba colocar suas ideias no papel de forma que outros extremamente importante a questão da articulação.
possam ler e entender realmente o que você quis dizer. Por não se caracterizar como uma lista de argumentos,
esse texto pressupõe uma ligação entre suas diferentes
ADEQUAÇÃO CONCEITUAL: PERTINÊNCIA, partes, encaminhando-o a uma conclusão.
RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS ARGUMENTOS Eis algumas palavras e expressões que cumprem essa
função, contribuindo para a construção da coerência textual:
A questão da pertinência: Para convencer o leitor de
que nossa posição sobre um assunto é razoável,
necessitamos muito mais do que emitir uma opinião pessoal. Palavras ou
Exemplos:
É preciso justificar, reunir dados ou exemplos que expressões que:
tenham credibilidade, ou seja, apresentar uma série de “Observa-se que”,
evidências que deem sustentação aos argumentos “Convém ressaltar”,
elaborados. Anunciam a posição do “É importante destacar”
As evidências indicam a pertinência dos argumentos autor diante do que
expostos. está sendo enunciado “indubitavelmente”,
Elas são apresentadas por meio de estratégias “provavelmente”,
discursivas, isto é, de recursos que procuram fundamentar “infelizmente”;
os argumentos. Introduzem argumentos,
As estratégias podem ser a ênfase na objetividade, a “porque”, “pois”, “por isso”,
estabelecendo relações “embora”, “apesar de”,
utilização do testemunho de autoridade, o uso intenso de
lógicas entre as partes
fatos-exemplo, etc. “para”, “a fim de”,
dos enunciados
A seguir, são apresentados exemplos de como a “portanto”, “então”;
(orações, períodos)
argumentação pode ser desenvolvida com pertinência, a
partir do tema “O papel social da televisão no Brasil”. Apresentam o “consequentemente”, “por
Argumentação por exemplificação fechamento, a conseguinte”, “assim”,
Já foi criada até uma campanha – "Quem financia a baixaria conclusão do texto “então”, “desse modo”;
é contra a cidadania" – para que sejam divulgados os nomes “em primeiro lugar (...)
das empresas que anunciam nos programas que mais recebem Articulam o texto como
um todo (grupos de em segundo lugar (...)
denúncias de desrespeito aos direitos humanos.
O mais importante nessa iniciativa é a participação da períodos, parágrafos, finalmente”, “afinal”
sociedade, que pode abandonar a passividade e interferir na partes maiores do “por um lado (...)
qualidade da programação que chega às casas dos brasileiros. texto)
por outro lado”
Argumentação histórica
Quem assiste à TV hoje talvez nem imagine que seu A MULTIFORMIDADE DA LÍNGUA.
compromisso inicial, quando chegou ao País, há pouco mais de
meio século, fosse com educação, informação e entretenimento. Em uma linguagem sistemática e coerente podem
Não se pode negar que ela evoluiu: transformou-se na ocorrer formas diferentes de se efetuar a língua, uma vez
maior representante da mídia, mas em contrapartida que variam no espaço – variação diatópica –, no tempo –
esqueceu-se de educar, informa relativamente e entretém de variação diacrônica – e no indivíduo.
maneira discutível. Ao encontrarmos pessoas de regiões diferentes do
Brasil, não raro nos deparamos com expressões linguísticas
Argumentação por constatação
diferentes.
Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se levar
Na fala de interioranos de São Paulo, por exemplo, o r é
em conta também seu papel social.
retroflexo, como em porta, celular; já na região Nordeste
Quem nunca renunciou a um encontro com um amigo ou
a um passeio com a família para não perder a novela ou a temos o uso das vogais o e e abertas, como em “Rónaldo”,
participação de algum artista num programa de auditório? “semente”.
Ao que tudo indica, muitos têm elegido a tevê como Segundo CAMACHO(1988) existem múltiplos fatores
companhia favorita. originando as variações, as quais recebem diferentes
denominações. Eis alguns exemplos:
Argumentação por comparação - Dialetos – variações faladas por comunidades
Enquanto países como Inglaterra e Canadá têm leis que geograficamente definidas. Idioma é um termo intermediário
protegem as crianças da exposição ao sexo e à violência na na distinção dialeto-linguagem e é usado para se referir ao
televisão, no Brasil não há nenhum controle efetivo sobre a sistema comunicativo estudado quando sua condição a
programação. iguala a linguagem.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
- Socioletos – variações faladas por comunidades - Quando se usarem também outras letras que não as
socialmente definidas. É a linguagem padrão estandardizada iniciais das palavras que formam o nome, prefere-se usar
em função da comunicação pública e da educação. apenas inicial maiúsucula: Bacen (Banco Central), Copesul
- Idioletos – é uma variação particular, isto é, o (Companhia Petroquímica do Sul). São as chamadas siglas
vocabulário especializado e/ou a gramática de certas impróprias ou impuras.
atividades ou profissões. - Quando se trata de siglas consagradas, podem ser
- Etnoletos – variação para um grupo étnico. usadas diretamente, sem escrever o nome das entidades por
- Ecoletos – um idioleto adotado por uma casa. extenso. Caso contrário, na primeira vez que aparecerem no
É inegável as diferenças que existem dentro de uma texto devem ser identificadas, entre parênteses ou
mesma comunidade de fala. A partir de um ponto qualquer separadas por travessão. Em trabalhos mais extensos, pode-
vão se assinalando diferenças à medida que se avança no se também apresentar lista de siglas no início ou no final.
espaço geográfico. Da mesma forma se constatam Símbolos: quando e como usar?
diferenças dentro de uma mesma área geográfica, - Os símbolos são abreviados sem o uso de ponto: cm
resultantes das diferenças sociológicas tais como educação (centímetro), g (grama), min (minuto), kg (quilograma).
do indivíduo, sua profissão, grupos com os quais convive, - A forma do plural é sempre igual à do singular, sendo
enfim, sua identidade. Tudo isso pode interferir e operar errado acrescentar s: m (metro e metros), l (litro e litros), km
como modelador à fala de alguém. (quilômetro e quilômetros).
- O uso dos símbolos é universal, podendo ser usados
ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS em quaisquer circunstâncias, ao contrário das abreviaturas.

Abreviaturas: quando usar? A REPETIÇÃO DE TERMOS NOS TEXTOS:


- Pessoal e internamente, podem-se usá-las livremente, DÊIXIS E ANÁFORA.
já que neste caso são de "consumo interno".
- Em correspondência oficial e empresarial há Pronome: o que está no lugar do nome. Alguma
abreviaturas consagradas que igualmente podem ser usadas “etimologia” e exemplos de um tipo só podem levar a concluir
livremente. Exemplos: Exmo., Ilmo. Sr., Sra., V. Exa., V. Sa. que tudo o que se pode dizer sobre pronomes está contido
(todos os pronomes de tratamento), Ltda., S.A. ou S/A, a/c nesta definição. Mas as coisas são um pouco mais
(aos cuidados), etc. complexas, especialmente se forem consideradas algumas
- Há circunstâncias em que o uso de abreviaturas fica subdivisões (pessoais, demonstrativos etc.). Seguem-se
restrito a alguns casos. Em textos técnicos ou científicos, duas anotações, só para mostrar que nem tudo é tão óbvio.
por exemplo, são poucos os casos. A rigidez não é absoluta, 1) há uma nítida diferença de funcionamento entre os
mas exige-se bom senso. São de uso consagrado e liberado, pronomes eu/tu, de um lado, e ele, de outro. Ele até pode
mesmo em textos técnico-científicos, além das mencionadas estar no lugar de nomes, mas eu/tu, não. Eu e tu referem-se
o
no item 2, acima, abreviaturas como : n , art., p. ou pág., cel, sempre àquele que fala e àquele a quem a fala é dirigida, e
av., gen., a.C. ou A.C., entre outras. não substituem nomes. Inclusive, a reversibilidade é total.
Abreviaturas: como formar? Suponhamos a mais simples situação de diálogo, duas
- Forma-se abreviatura com a primeira ou as primeiras pessoas conversando. Uma pode dizer: - Eu te odeio. A
letras da palavra, encerrando-se em consoante: cap. resposta da outra pode ser: Eu também te odeio.
(capítulo), m. (masculino), art. (artigo); quando se trata de Todos podemos perceber que:
encontro consonantal, a abreviação é feita usando todo o a) esses pronomes não substituem nomes, isto é, as
encontro: dipl. (diploma), constr. (construção). falas não podem ser substituídas por Maria odeia José e por
- A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fixa José também odeia Maria. Ou melhor, isto até pode ocorrer
algumas abreviaturas com vogal final e outras na consoante em condições especiais: ou se trata de crianças ou de
inicial de encontros consonantais: ago. (agosto), téc. (técnico). personalidades que se referem a si mesmas em terceira
- Devem ser mantidos os acentos e hífens que figuram pessoa (o papa declarou uma vez no Rio: O papa é carioca,
nas palavras usadas de forma abreviada: séc. (século), dec.- ao invés de Eu sou carioca);
lei (decreto-lei). b) eu se refere uma vez a Maria e outra a José, o mesmo
- No caso de abreviaturas em que se deveriam usar ocorrendo com tu. E essa mudança de referência não é
letras elevadas, devido à dificuldade de elevá-las e também casual; depende de quem fala.
devido à consagração de uso, admite-se colocar essas letras Esta diferença de funcionamento tem algum reflexo na
na mesma altura e em igual tamanho das demais, usando-se gramática. Por exemplo: eu e tu não têm marcas de gênero
el ra
o ponto no final: cel. (c - coronel), sra. (s ), dra. (d ).
ra nem plural. Ou seja, eu e tu são formas invariáveis
- No caso de o ponto abreviativo coincidir com o ponto empregadas tanto por mulheres quanto por homens (e as
final, não se deve repetir o ponto: etc. Quando ao ponto eventuais concordâncias dependerão disso: Eu estou
indicativo de abreviatura seguir outro sinal de pontuação, cansada/o; Você está envelhecido/a), e sempre
usam-se os dois: sra., sra.; sra.? individualmente.
- Há abreviaturas que servem para mais de uma palavra: Nós e vós não são plurais de eu e de tu, isto é, nós não
v. (verbo, veja, vapor, você), p. (pé, página, palmo), gr. (grão, é uma soma de eu+eu (+eu...), e sim de eu+tu (+tu...) ou de
grátis, grau, grosa). eu+ele/s (+ele/s...) ou eu+tu+ele/s (+ele/s). Vós até pode
- Há palavras e expressões contempladas com mais de uma referir-se a tu+tu (+tu...), se os ouvintes são muitos, mas
abreviatura: f., fl., fol. (folha); a.C., A.C. (antes de Cristo). também pode ser tu+ele/s (+ele/s). Ou seja, vós pode incluir
- No plural, em regra se acrescenta s: dras., sras., caps.; também não-ouvintes. As variedades do português em que
em alguns casos, dobram-se as letras (maiúsculas): AA. se usa você no lugar de tu exigem, evidentemente, outra
(autores). Às vezes as letras maiúsculas dobradas análise, já que você pode receber flexão de número, embora
representam superlativos: DD. (digníssimo). não de gênero. Já ele pode ter flexão de gênero e de número
- O erro mais freqüente é o uso da abreviatura sem o (eles, ela, elas). Acrescente-se que pode referir-se a não-
ponto que a encerra. humanos. Ou seja, além de ele não ser uma pessoa de
discurso (não participa de conversa, embora possa ser
Siglas: quando e como usar assunto dela), também pode referir-se a animais (A gata...
- Todas as letras da sigla deverão ser maiúsculas Ela...) e a objetos (O muro... Ele...). Os psicanalistas dirão
quando forem usadas apenas as iniciais das palavras que que o elemento mais importante em qualquer conversa é ele
compõem o nome: PUC (Pontifícia Universidade Católica). (o super-ego, o pai...), e não como assunto, mas isso são
São as chamadas siglas próprias ou puras. outros quinhentos.

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Ao fenômeno das línguas representado por eu e tu Exemplos:
(especialmente pela propriedade de poderem referir 1) O evento durou o dia todo e algumas dores nos pés.
diferentemente a cada uso) se chama de dêixis e a cada um O sentido da oração foi interrompido. No que respeita à
desses elementos, dêitico. duração da festa era esperado algo como “O evento durou o
Observe-se que advérbios como aqui, agora, antes, dia todo e adentrou a noite.”, por exemplo.
depois, aqui, lá, hoje, amanhã e até expressões como no 2) Preocupado, perguntou o quanto a namorada gostava
ano passado são dêiticos (a referência de no ano passado dele. Ela respondeu que gostava milhares de reais que ele
depende do ano em que isso se enuncia; o mesmo vale para tinha no banco.
os outros casos, mutatis mutandis). Também neste caso, há ausência de paralelismo. A
2) Pronomes como ele, toda a série dos demonstrativos namorada deveria dizer que gostava muito ou pouco do
e mesmo advérbios e locuções como os acima mencionados namorado. Não faz sentido tentar estabelecer uma relação
podem ter um funcionamento dêitico e outro a que os entre valor sentimental e quantia financeira.
linguistas chamam de anafórico. Isto é, pode-se usar ele
para identificar uma pessoa que passa, até mesmo Casos frequentes
apontando com o dedo (Ele é o delegado), e então temos um 1) não só ... mas também
caso de dêixis. Mas também se pode empregar ele para Sem paralelismo: Não só corrigiu os seus erros e é a
“substituir” um nome já enunciado - e temos então um caso ajuda do seu grupo de estudos.
de anáfora (Estava com Pedro. Ele...; Era uma vez um rei. Com paralelismo: Não só corrigiu os seus erros, mas
Ele...). O que vale para ele vale para este, esse, aquele, também ajudou o seu grupo de estudos.
assim, aí, lá etc. 2) por um lado ... por outro
Sem paralelismo: Por um lado, eu concordo com a
PARALELISMO atitude dela, por outro, eu acho que ela fez o que era certo.
Com paralelismo: Por um lado, eu concordo com a
Paralelismo é a correspondência de funções atitude dela, por outro, fico preocupada com as
gramaticais e semânticas existentes nas orações. Além de consequências.
melhorar a compreensão de texto, o fato de respeitar o 3) quanto mais ... mais
paralelismo torna a sua leitura mais agradável. Sem paralelismo: Quanto mais eu o vejo, talvez não
case com ele.
Exemplos: Com paralelismo: Quanto mais eu o vejo, mais certeza
- Não só canta, como bolos é sua especialidade. tenho que não quero casar com ele.
- Não só canta, como faz bolos com especialidade. 4) tanto ... quanto
Apenas na segunda oração há a presença de Sem paralelismo: Tanto foram convidados
paralelismo. Isso porque há uma relação de equivalência dos adultos e crianças.
termos. Com paralelismo: Tanto foram convidados
O núcleo do primeiro período é o verbo cantar. O núcleo adultos quanto crianças.
do segundo período é o verbo fazer. Assim, a oração
apresenta uma estrutura simétrica, o que ocorre através dos 5) ora ... ora, seja ... seja
dois verbos (canta, faz). Sem paralelismo: Ora faz os deveres, mas não faz tudo.
Na primeira oração, o núcleo do primeiro período é Com paralelismo: Ora faz os deveres, ora não faz.
o verbo cantar. No segundo período, porém, o núcleo é 6) não ... nem
o substantivo bolos. Sem paralelismo: Não posso contar para o
Daí decorre que não houve correspondência entre patrão, provavelmente para a patroa.
ambos os períodos (canta, bolos). Com paralelismo: Não posso contar para o
Lembre-se: Para que o paralelismo esteja presente no patrão, nem para a patroa.
discurso, é preciso que haja simetria estrutural! 7) primeiro ... segundo
Há dois tipos de paralelismo: sintático e semântico. Sem paralelismo: Primeiro porque eu não como
carne, segundo porque eu sou vegetariana.
Paralelismo sintático Com paralelismo: Primeiro porque eu não como
O paralelismo sintático, ou paralelismo gramatical, carne, segundo porque não quero sair com você.
observa a ligação existente entre as funções sintáticas ou
morfológicas dos elementos da oração. Paralelismo na literatura
O paralelismo costuma ser usado intencionalmente na
Exemplos: literatura. É o caso do exemplo acima, em que a falta de
1) O que espero das férias: viagens, praia e visitar paralelismo pode ser uma forma de trazer alguma
lugares diferentes. comicidade ao texto.
Há aqui uma quebra na estrutura da oração, a partir do Nesses casos, a sua falta não deve ser considerada um
momento em que se utiliza o verbo visitar em vez de erro.
continuar a sequência morfológica com substantivos. Na produção literária, a utilização do paralelismo pode
O ideal seria: O que espero das férias: viagens, praia e ser um recurso para tornar o texto agradável. Assim, ele
visitas a lugares diferentes. propicia a musicalidade dos poemas, tal como as figuras de
2) Quando eu der a notícia, eles ficariam tristes. linguagem.
Neste caso, ocorreu uma alternância nos tempos Na literatura, o paralelismo pode ser chamado de
verbais. paralelismo anafórico. Isso porque na figura de
No primeiro período o verbo está no futuro do subjuntivo, sintaxe anáfora há uma tendência em seguir uma simetria
o que obriga que o verbo do segundo período esteja no sintática e semântica nas suas repetições no início dos
futuro do presente e não no futuro do pretérito. versos.
O correto seria assim: Quando eu der a notícia, eles
ficarão tristes. Exemplo:
Outra alternativa seria: Quando eu desse a notícia, eles "Era uma estrela tão alta!
ficariam tristes. Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Paralelismo semântico Luzindo no fim do dia."
O paralelismo semântico observa a correspondência de (Primeira estrofe do poema A Estrela, de Manuel
valores existentes no discurso. Bandeira)
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LEITURA: CAPACIDADE DE COMPREENSÃO E Nesse aspecto, denota-se um elemento importantíssimo:
INTERPRETAÇÃO DO CONTEXTO SOCIAL, o de significar, pois a leitura só terá valor aos nossos alunos
ECONÔMICO E CULTURAL (LEITURA DE MUNDO) no momento em que ela assumir uma posição sócio
axiológica, isto é, significar nas suas vidas.
Chamamos de leitura de mundo o conjunto de Uma vez que a compreensão não se dá apenas no
percepções que temos do mundo que nos cerca e que nos texto, há elementos pertinentes que interferem, como o
leva a formar um conceito sobre esse mundo e a interpretar contexto, o conhecimento de mundo de cada leitor e a sua
as coisas, pessoas, fatos e relações, presentes nesse historicidade.
mundo, a partir desse conceito. Daí a importância de um outro olhar, o da ressignificação
Cada um de nós percebe a realidade de forma da leitura, podendo começar-se pelos textos literários.
específica, particular em função das crenças e dos valores Também Paulo Freire (2003) ressaltava a necessidade de
que adquirimos e desenvolvemos ao longo da vida e também aprender a fazer a leitura do mundo, veiculando a linguagem
em função das limitações de nossos sentidos. e a realidade: a cosmovisão.
Alinhar percepções significa reduzir ao mínimo as Para tanto, é primordial contextualizar os textos lidos e
discrepâncias perceptivas com relação à interpretação que explorar seus possíveis sentidos: a plurissignificação.
temos de pessoas, coisas, fatos e relações. Segundo Freire (2003, p.13) “[…] processo que envolvia uma
O que nos faz ver de forma diferente é o nosso “filtro compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na
perceptual”. Dele, fazem parte nossos valores, nossas decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem
limitações e nossas crenças, adquiridos através de nossas escrita, mas que antecipa e se alonga na inteligência do
experiências, que são fruto da forma através da qual mundo”.
interagimos com pessoas, coisas, fatos e relações ao longo Também Bakhtin ressalta a importância da língua ser
da nossa vida. percebida de forma contextualizada, inserida e
O filtro perceptual é a nossa marca registrada, é a nossa compreendida dentro de um contexto sócio histórico, e o
forma individual de ver a realidade. mesmo deve acontecer com a leitura.
Para crescermos, precisamos confrontar nossas Dessa forma, deve-se pensar a leitura não apenas como
percepções para que nossa forma de ver a realidade se mera reprodução de informações ou uma simples leitura
amplie e passemos a enxergar coisas que não víamos antes. mecânica, mas procurar desenvolver o gosto da leitura e da
Até a adolescência, lutamos para construir uma opinião imaginação, utilizando-se de textos literários.
própria, uma forma específica de encarar o mundo e, quando Os textos literários são facilmente absorvidos e
nos tornamos adultos, precisamos aprender a abrir mão contextualizados, conforme a individualidade e a vida de
dessa visão peculiar se quisermos crescer e amadurecer. cada um, em linguagem acessível, de modo que possam
Para conseguir ver “além dos nossos olhos” temos que vivenciar e identificar-se com personagens, logo: significando
desenvolver nossa habilidade empática. a leitura.
Empatia é a habilidade de enxergarmos o mundo o mais Uma leitura que não é mera reprodução ou
próximo possível da forma como os outros enxergam. decodificação, porém, algo significativo para a constituição
O olhar empático amplia o sentido que damos à de si próprio.
realidade e é essa a essência do crescimento humano: Neste viés, a leitura assume papel importante na
ampliar, cada vez mais, o sentido que temos do mundo. educação, pois ela pode vivenciar ficticiamente muitas
Crescemos através de novas aprendizagens, que situações e assim preparar-se para a vida. Portanto, esse
ocorrem a cada vez que acrescentamos novas informações encontro de significado na vida e para a vida também pode
ao sentido que construímos a respeito da realidade. se dar por meio de significativas leituras.
A leitura para muitos é considerada simplesmente um Neste sentido, “o texto literário é literário por permitir ao
hábito, porém, restringir a leitura a um mero hábito é leitor transitar entre o mundo do escrito e do não escrito”
demasiadamente simplório, pois a leitura é um processo (FERREIRA, 2001, p.44), e cada nova leitura novos
bastante complexo. Cabe ainda ressaltar que “nenhuma significados são atribuídos, pois os significados mais
metodologia de leitura, moderna ou não, garante, por si só, a profundos dos textos literários são “diferentes para cada
existência de leitores efetivos” (MARTINS, 1994, p.42). pessoa, e diferente para a mesma pessoa em vários
Percebe-se, evidentemente, que o professor não precisa momentos de sua vida” (BETTELHEIM, 1980, p.21).
de tantos conselhos no que tange os problemas da leitura, Esses textos estão carregados de signos
pois ele sabe que seu aluno precisa ler. Urge antes de plurissignificativos e são atualizados a cada leitura com base
diferentes métodos e materiais, o conhecimento da na historicidade de cada sujeito.
historicidade de cada aluno sobre sua relação com a leitura, As investigações do autor soviético, Bakhtin, apontam
uma vez que a leitura precisa significar na vida do sujeito- para a importância do texto e o reconhecimento do papel do
aluno, no momento em que isso acontecer, torna-se texto, como fulcro: lugar central de toda investigação sobre o
indiferente o método para o aluno. O gosto pelo processo da homem, portanto, numa perspectiva de constituição do
leitura é que determina a própria prática. próprio sujeito ”Quaisquer que sejam os objetivos de um
Ler é uma das competências mais importantes a serem estudo, o ponto de partida só pode ser o texto.” (BAKHTIN,
trabalhadas com o aluno, neste sentido, muito tem-se discutido 2003, p.330).
para desenvolver o gosto da leitura e de transformar o aluno Sendo assim, o texto literário pode desempenhar uma
em um sujeito-leitor, pois o processo da leitura transcende a posição axiológica na vida, ou seja, o valor da leitura, não só
simples decodificação, visto que ler é um ato de compor para o aumento do conhecimento, mas da observação de
significados, de (re)significar. Segundo Neves (2000, p.22) “ler aspectos valorativos da vida e da capacidade de
não é tentar decifrar ou adivinhar de forma isenta o sentido de comunicação com o mundo.
um texto, mas é, atribuir-lhe significados”. Afinal, ler é um ato Ademais, a leitura vai além do texto e começa antes do
de atribuir significados e de produzir sentidos não só em contato com ele, pois o leitor assume um papel atuante,
âmbito escolar, mas também na vida, participando da própria deixando de ser apenas decodificador e ou receptor passivo.
constituição do sujeito. Portanto, a importância de introduzir a Isto porque, como já ressaltado anteriormente, cada construção
leitura no cotidiano é fundamental para Bamberger (apud do significado do texto baseia-se na historicidade de cada leitor.
SOUZA 2003. Além do mais, há outro elemento pertinente na leitura: a
A leitura envolve muito mais do que os elementos legibilidade do texto, ou seja, tanto o leitor quanto o autor
linguísticos presentes no texto, trata-se de efeitos de sentido, ocupam um lugar social que interfere na relação com o texto.
de subjetividade, de historicidade que estão presentes no Logo, a legibilidade do texto se constitui num viés imaginário
processo da leitura. Conforme Rummelhart Mcclelland (apud dos envolvidos nesse processo da leitura e não como um objeto
DOLL, 2002, p.87). que contém o sentido em si mesmo e pronto.

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A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que O discurso é o produto do ato de fala. De fato, a fala é
a posterior leitura desta não possa prescindir da uma ação, um processo, que se esgota no próprio momento
continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se em que se conclui, mas que deixa um produto que perdura,
prendem dinamicamente. ao menos virtualmente, para além do ato.
A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura O ato de falar perante uma dada assembleia esgota-se
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o no próprio momento em que termina, mas o produto desse
contexto (FREIRE, 2003 p.11). ato (o Sermão de Santo António aos peixes, do P. António
É nessa perspectiva que a leitura não pode Vieira, por exemplo) pode ser registrado num suporte durável
simplesmente ser um hábito, é um processo que angaria e conservado para a posteridade.
vários elementos complexos e constitutivos da e na vida.
Ademais, sabemos que a leitura de um texto, um livro CONTEXTO COMUNICATIVO
modifica o sujeito, produz efeitos de sentido. Implica Intencionalmente, o esquema da comunicação
considerar a relação com o “outro”, seja este um texto, uma apresentado atrás representa o contexto como uma caixa
ideia, um objeto ou uma pessoa, como algo que nos retangular que envolve os restantes cinco elementos
possibilita uma experiência, na qual modificamos esse (emissor, receptor, mensagem, código e canal). De fato, o
“outro”, produzindo sentido a partir dele, e nos modificamos contexto determina o tipo de comunicação estabelecido e
na interação com ele. (GROTTA, 2001, p.132) Neste sentido, dele, contexto, fazem parte todos os elementos que
é pouco considerar, aproveitar apenas leituras de livros interferem no ato comunicativo.
didáticos, que, muitas vezes, são apáticos para os alunos.
Precisa-se historicizar a leitura dos e para os alunos, a Interlocutores (emissor e receptor)
fim de promover interação e gosto pela leitura, pois segundo O estatuto social, cultural, profissional dos interlocutores e a
Larossa (apud GROTTA, 2001, p.133) “na leitura e na relação que existe entre eles condicionam necessariamente a
escrita, o eu não deixa de fazer, de se desfazer e se refazer”. comunicação. É fácil perceber que a relação comunicativa entre
Dessa forma, a leitura é um processo que participa da um chefe e o seu subordinado é diferente da que se estabelece
constituição da subjetividade dos sujeitos. entre dois colegas de trabalho.

Situação espaço-temporal
TEXTO: As circunstâncias de espaço e tempo integram também o
OS DIVERSOS TEXTOS QUE SE APRESENTAM contexto e condicionam a comunicação.
NO COTIDIANO, ESCRITOS NAS MAIS DIFERENTES A comunicação pode ser presencial, com os
LINGUAGENS VERBAIS E NÃO-VERBAIS interlocutores no mesmo espaço, ou à distância, o que
obriga à utilização de canais e "linguagens" diferenciados.
Naturalmente há uma multiplicidade de códigos, Apenas a título de exemplo, repare que numa conversa
passíveis de serem utilizados pelos seres humanos nos atos telefônica as pessoas veem-se frequentemente obrigadas a
de comunicação. Cada um de nós utiliza vários desses fazer referência ao espaço onde se encontram, o que não
códigos, por vezes em simultâneo. seria necessário se estivessem frente a frente.
Tradicionalmente distingue-se entre códigos verbais Por outro lado, na comunicação à distância não é
(também chamados linguagens verbais) e códigos não possível recorrer aos gestos e expressões faciais, que
verbais (ou linguagens não verbais). devem ser substituídos por recursos linguísticos. Mesmo em
Por vezes, códigos dos dois tipos são utilizados em situação presencial e com os mesmos interlocutores, a
simultâneo, como acontece na banda desenhada. interação comunicativa é diferente consoante o espaço
É evidente que o critério de distinção utilizado é o caráter concreto em que ela se efetua: imagine dois interlocutores
verbal ou não verbal de um código, e isso porque, num café e depois num espaço religioso...
consensualmente, consideramos os códigos verbais (as Relativamente ao tempo, a comunicação pode ser direta,
línguas naturais) como os mais importantes. se a mensagem é imediatamente recebida pelo receptor, ou
Tendo em consideração aquilo que foi dito até agora, diferida, quando entre a emissão e a recepção existe um
podemos então definir alguns conceitos frequentemente intervalo temporal.
utilizados na disciplina de Português. A possibilidade (ou não) de reagir imediatamente a um ato
Linguagem — Capacidade que os seres humanos têm de fala condiciona fortemente a comunicação. O exemplo mais
de transmitirem uns aos outros informações, utilizando evidente disso é a diferença que existe, e de que todos temos
signos; naturalmente está implícita na noção de linguagem, consciência, entre a linguagem oral e a linguagem escrita.
não apenas a utilização de signos pré-existentes, mas Embora sejam variantes do mesmo código linguístico, é por
também a capacidade de criar novos signos, o que de fato demais evidente que existem entre elas diferenças substanciais.
acontece, sem que disso nos apercebamos claramente. E na comunicação diferida é também necessário suprir a falta de
linguagens auxiliares (gestos, mímica...). É também necessário
Língua — É um sistema particular de signos e regras ao emissor prever de alguma maneira a reação do receptor, de
(código), historicamente determinado, através do qual se forma a antecipar uma resposta.
exerce a capacidade da linguagem.
Conhecimento que os interlocutores têm do mundo
Fala — Designa a utilização individual e concreta de um O saber que temos sobre o mundo em que vivemos
sistema linguístico. determina igualmente a comunicação. Uma conversa sobre
A linguagem é uma capacidade inerente a todos os um determinado assunto será necessariamente diferente se
seres humanos, que os distingue dos demais seres vivos. envolver apenas especialistas ou se nela participarem, direta
Mas essa capacidade só pode ser exercida pelo recurso ou indiretamente, outras pessoas menos informadas.
a uma língua (um código). Para que um ser humano (uma Por outro lado, os jovens e adultos não falam com uma
criança, por exemplo) possa comunicar é necessário que criança do mesmo modo que falam entre si.
aprenda (ou crie) um código (linguístico ou não).
O exercício da faculdade da linguagem exige a presença Contexto verbal
de uma língua. Outro elemento importante naquilo que designamos por
A língua é de natureza social, supra individual, na "contexto comunicativo" é o próprio contexto verbal, isto é
medida em que é um conjunto de signos e regras o(s) discurso(s) que a pouco e pouco se vai(vão) construindo
reconhecido pelos membros de uma dada comunidade, num ato comunicativo, isto porque numerosos elementos
enquanto a fala é sempre individual, visto que designa a linguísticos (os pronomes, por exemplo) só adquirem
utilização que um dado indivíduo, num dado momento, faz verdadeiramente sentido por referência a informações
da língua. fornecidas anteriormente.
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ESTUDO E ANÁLISE Atenciosamente,
DOS GÊNEROS TEXTUAIS:
AVISO, ANÚNCIO, PROPAGANDA, TIRINHA, (carimbo e assinatura da Instituição)
PIADA, CONTRACHEQUE, FÁBULA. ciente: .../.../...
(assinatura do empregado)
AVISO
FORMA DE CUMPRIMENTO:
- Trabalhar durante __ (______) dias, com redução de
O QUE É? acordo com a opção abaixo;
É um documento escrito por meio do qual as empresas e - Desobrigado do cumprimento (Aviso Prévio
instituições transmitem informações, ordens, convites, Indenizado).
notificações a empregados ou a terceiros com quem elas
tenham interesse em comum. OPÇÃO DE CUMPRIMENTO:
( ) Redução de 2 (duas) horas no inicio do trabalho;
COMO FAZER? ( ) Redução de 2 (duas) horas no final do trabalho;
- Deve ser escrito em papel timbrado (com a marca da
instituição);
ANÚNCIO
- Deve conter apenas o teor da comunicação. O
conteúdo deve ser escrito em linguagem e objetiva, para que A todo instante nos deparamos com uma infinidade de
não haja dúvidas quanto à interpretação; propagandas, seja em outdoors, seja em panfletos
espalhados pelas ruas ou através da mídia. Elas fazem parte
Sua estrutura é bem simples: dos chamados “gêneros textuais”, pois participam de uma
Título, que é a palavra AVISO (em letras maiúsculas); situação sócio comunicativa entre as pessoas.
Indicação da pessoa a quem se destina o aviso; A finalidade deste tipo de texto é de persuadir, ou seja, o
Texto contendo a mensagem; anunciante (emissor) tem o objetivo de convencer o
Fecho simples (dispensável conforme o caso); telespectador (receptor) sobre a boa qualidade de um
Local e data; determinado produto, convencendo-o a adquiri-lo.
Assinatura, nome e qualificação (cargo) ou identificação Isto nos remete à ideia daquele velho ditado popular, o
do responsável. qual diz que “a propaganda é a alma do negócio”, e se
analisarmos, concluiremos que a afirmação é totalmente
MODELO DE AVISO: verídica, porque quanto mais criativo e objetivo for o anúncio,
mais haverá a possibilidade de aceitação.
AVISO Para isso, é importante saber o público-alvo, fator
decisivo perante a elaboração das estratégias a serem
AOS ESTUDANTES DO BECO DA CULTURA aplicadas.
As Diretorias das Escolas do Beco da Cultura levam ao Quanto à estrutura do texto em questão, ele compõe-se
conhecimento de todos que, a partir do próximo mês de abril, da seguinte forma:
darão inicio à pintura externa dos muros das escolas, e
Título - Geralmente é bastante criativo e atraente,
desejam informar àqueles estudantes que realizarão
baseado em um jogo de palavras carregadas de linguagem
pinturas, desenhos e artes nestes, com a intenção de
conotativa, justamente com o intento de atrair o consumidor.
decorar e personalizar o patrimônio escolar que é de todos
nós, devem comparecer à Diretoria no dia 1ode Abril para Imagens - As mais inusitadas possíveis, dispostas de
acertarmos as atividades e materiais. forma a chamar a atenção de acordo com as características
do produto anunciado.
Atenciosamente, Corpo do texto - Nesta parte é desenvolvida a ideia
sugerida no título, com frases curtas, claras e objetivas,
Juiz de Fora, 22 de março de 2021. adequando o vocabulário aos interlocutores destinados.
(assinatura da diretora da Escola do Beco) Identificação do produto ou marca - funciona como
Maria José Navarro. uma “assinatura” do anunciante. Ocorre também de aparecer
Diretora da Escola Sorrindo e Educando. o Slogan junto à marca anunciada, para dar mais ênfase à
comunicação. Certos slogans são de nosso conhecimento.
OBS: este tipo de aviso acima pode ser distribuído Como por exemplo: “TIM - Viver sem Fronteiras”, RED
individualmente ou afixado em local considerado visível BULL - Te dá Asas!
pelos interessados, como os quadros de aviso.
MODELO DE AVISO PRÉVIO: DISPENSA DO PROPAGANDA
EMPREGADO SEM JUSTA CAUSA.
Você já dever ter ouvido falar de persuasão, não é
Juiz de Fora, ...../..../..... mesmo? Vamos relembrar o significado desse termo?
Prezado Persuasão vem do verbo persuadir: levar a crer ou a
Sr. José da Silva acreditar (Aurélio). Ou seja, é o ato de você tentar convencer
C.T.P.S no......, série.....Ba o outro a acreditar em você.
A propaganda, como já deve ter percebido, tem por
Ref. AVISO PRÉVIO
objetivo justamente o que foi exposto na definição acima:
Servimo-nos da presente para comunicar a V.Sa. que, a
tentar convencer o público de alguma coisa.
partir do dia .../.../..., seus serviços não mais serão utilizados
Por isso, sempre quando vir ou ouvir um anúncio,
por esta instituição, valendo esta carta como Aviso Prévio de
lembre-se que os publicitários estão usando a linguagem
30 (trinta) dias, de acordo com o que determina a legislação
persuasiva para conquistar você, seja através de palavras,
trabalhista vigente, a ser cumprido na forma da letra ... do
de cores, de imagens, etc. E, principalmente, fazê-lo comprar
quadro abaixo.
mais e mais!
Solicitamos seu comparecimento em nosso escritório no
dia .../.../..., às ...horas, munido de sua CTPS, a fim, de A fabricação de uma propaganda exige saber:
receber seus direitos, conforme determina a legislação em a) o produto: utilidade, características, qualidades,
vigor. desvantagens e vantagens.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
b) o público: qual é o público-alvo: jovens, adolescentes, alude a uma salvação imediatista, mas que se perpetuará
adultos, crianças. É importante determiná-lo para saber o em uma suposta vida pós morte.
tipo de linguagem que deverá ser utilizada. Na última tira, a fala é retomada pelo primeiro
c) Objetivo: vender sempre é a principal meta. Contudo, personagem - aquele que anuncia o problema e propõe a
pode ser apresentar algo novo, causar impacto, despertar a solução -, que logo trata de explicar as intenções do autor.
curiosidade, aumentar a venda ou audiência, etc. Ou seja, já que o fim do mundo está próximo, salve ao
d) Estilo: cores, tamanhos, tipos de objetos, tipo de letra, menos sua alma.
pano de fundo, etc. Mas, para isso, é imprescindível já ter um local
Então, se o professor solicitar um trabalho sobre reservado, e ele, o primeiro personagem, tem a solução,
linguagem persuasiva com o uso da propaganda, já sabe, “disponibilizando” para venda um “magnífico terreno no vale
fique atento ao que foi exposto e bom trabalho! do amanhecer!"
Curiosidade: A tira é, enfim, fechada com "chave de ouro", uma vez
A propaganda também é chamada de “merchandising”, que, para dar ênfase à preciosidade do terreno a ser
que tem origem na palavra inglesa merchandiser que vendido/comprado, seu anunciante o define como
significa “negociante”. Como se vê, até na origem, a "magnífico", exaltando sua beleza, sua utilidade
propaganda é um tipo de negociação: eu te convenço e você incomparável.
compra. E tudo isso é reforçado pelo fato de o terreno estar
situado em um local que se apresenta com ares de
indiscutível grandiosidade: o "vale do amanhecer".
TIRINHA
Além de estar o dito terreno localizado em um "vale", o
As análises que se seguem têm o propósito de oferecer que nos remete à um local tranquilo, sereno, o léxico
uma reflexão sobre os recursos linguísticos (verbais e não "amanhecer" sugere um momento futuro e, ao mesmo
verbais) de que um autor se vale para transmitir uma tempo, de começo, uma nova vida, uma nova "chance".
determinada mensagem. Considerando o gênero textual escolhido, isto é, a tira, é
Para isso, utilizaremos a “tirinha”, um gênero textual de possível perceber as características específicas do texto
cunho humorístico – às vezes político –, muito comum em selecionado, a começar pelo seu arcabouço formado por
jornais, cuja constituição se estabelece pela combinação de quadros que separam as partes da história a ser contada,
frases curtas – geralmente de efeito ambíguo – com frases curtas, imagens verbais e não verbais.
desenhos que ilustram e complementam o sentido da obra. Contudo, percebe-se que a seleção dos léxicos está
1. Jornal digital (tira do cartunista Glauco, presente no ligada não somente à estrutura do gênero, mas também ao
livro "Geraldão, vol.3: Ligadão, taradão na Televisão", mas público-alvo que, geralmente, são leitores assíduos desse
retirada na folha online): tipo de texto, além de outros interessados no assunto.
Assim, considerando a mídia em que a tira está
veiculada (o jornal online), é possível perceber que quatro
são as características que especificam o texto: a linguagem
informal, a presença das linguagens (verbal e não verbal), a
utilização de metáfora e a maneira direta de construção da
mensagem, sem gorduras, ou seja, sem acessórios
desnecessários.

2. Jornal impresso (tira retirada do Jornal Estado de


Minas: Vereda Tropical):
Os verbos que aparecem no primeiro quadro da tira,
"está" e "salve", estão, respectivamente, no presente do
indicativo e no imperativo.
Ambos nos remetem à ideia de que o que está sendo
anunciado ocorre agora, e a solução pode ser encontrada
também no presente.
A primeira parte da frase, "o fim está próximo", já nos
remete ao que virá, ou seja, é do conhecimento comum que
"fim próximo" está relacionado ao fim do mundo.
E essa hipótese é confirmada com a introdução da
segunda oração da frase, "salve sua alma!".
Por meio dessa expressão é possível perceber a
complementação da primeira oração, bem como
compreender o sentido real da frase.
Ainda na primeira tira, é possível verificar a ausência de O uso dos verbos no infinitivo "precisar" e "providenciar"
pontuação, bem como a de conectivos, salvo o ponto de nos dá a ideia de ação, que deverá ser executada por aquele
exclamação no final da frase, com o claro intuito de impor que deseja abrir uma empresa "...precisa providenciar 37
uma ordem imediata ou, ao menos, uma sugestão veemente. documentos para abrir a empresa."
Enquanto na primeira, o destaque fica por conta da voz E o homem que está responsável pela abertura, para se
de quem anuncia “o fim está próximo” e sugere “salve sua certificar de que o outro o compreendeu, pergunta:
alma”, na segunda, apenas a voz questionadora de quem se "entende?"
interessa pelo anúncio se faz presente: "Como posso salvar Ao que o outro responde com um "sim." No entanto, ele
minha alma?". pensa "mas como diria o outro: burocracia de merda."
Por meio dessa expressão, percebe-se que a intenção Nessa última frase, o léxico "o outro" é alguém
de quem anuncia começa a gerar resultados, haja vista o indefinido. “Como diria o outro” corresponde a “como se diz”,
interesse de alguém sobre o que já foi anunciado. expressão muito utilizada no cotidiano. Há também nela a
Nessa segunda tira os verbos "posso" e "salvar" estão no ideia de ira e inconformismo mediante a burocracia, que
presente do indicativo e no infinitivo. pode ser comprovada por ambas as linguagens (verbal e
Nota-se que a seleção de ambos não só dá continuidade não-verbal).
no sentido da primeira tirinha como também o reforça, uma Ainda no último quadro, pelo uso do "balão", expressa-se
vez que eles também nos remetem à ideia de algo a a sua verdadeira vontade de, ao invés de agir com tanta
acontecer agora e, em relação ao "salvar", obviamente, não calma e educação como fez, esbravejar, chutar tudo.

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3. Jornal radiofônico (frase retirada do site da Central O senso de humor varia em cada cultura.
Brasileira de Notícias - CBN): O que é engraçado para um povo pode não ser para outro.
“Lula não é um político, é um fenômeno religioso.”
A frase de Jabor, além de respeitar a norma padrão, é ao ERRO DE E MAIL
mesmo tempo simples e sofisticada. Simples, porque não se Um casal decide passar férias numa praia do Caribe, no
vale de palavras rebuscadas ou pouco usuais, que mais mesmo hotel onde passou a lua de mel 20 anos antes.
servem para ostentar a competência do redator que para Por causa do trabalho, a mulher não pode viajar com o
transmitir sua mensagem; sofisticada, porque usa com marido.
habilidade o recurso da vírgula para separar duas orações Deixa para ir alguns dias depois.
antagônicas (Lula não é um político – negativa) e (lula é um Quando o homem chega ao seu quarto do hotel, vê que
fenômeno religioso – afirmativa) dentro de uma única frase, há um computador com acesso à internet.
suprimindo a repetição do substantivo Lula. Decide então enviar um e-mail à mulher, mas erra uma
O verbo no presente aponta para a intenção de manter a letra sem perceber e o envia a outro endereço.
ideia sempre atual, em qualquer tempo que se leia a frase. O e-mail é recebido por uma viúva que acabara de
Além disso, apela para a ironia, quando provoca o chegar do enterro do marido.
sentimento religioso das pessoas, ao propor uma analogia Ao conferir seus e-mails, ela desmaia instantaneamente.
entre o político e alguma entidade santificada; sugerindo que O filho, ao entrar em casa, encontra a mãe caída perto
só a fé mantém a lealdade de seus partidários. do computador.
A linguagem é estritamente verbal e estimula o leitor à
Na tela está escrito:
reflexão.
Querida esposa,
O texto é curto; bem escrito; direcionado aos eleitores,
Cheguei bem, provavelmente você se surpreenda ao
tendo em vista a proximidade das eleições presidenciais; e
receber noticias minhas por e-mail. Mas agora tem computador
apropriado ao veículo de divulgação – o rádio –, já que não
aqui e pode-se enviar mensagens às pessoas queridas. Acabo
precisa de elementos não-verbais que lhe deem suporte.
de chegar e já me certifiquei de que esta tudo preparado para
4. Revista impressa (Nova Escola: Calvin): na tira não você vir na sexta-feira que vem. E espero que a sua viajem seja
há nenhum uso de linguagem verbal. É a linguagem não- tão tranquila como está sendo a minha.
verbal, utilizada quadro a quadro, que conduz o leitor à SÓ UM DETALHE: Não traga muita roupa, Aqui faz um
compreensão da mensagem que Calvin deseja propagar. calor infernal.

FÁBULA

Fábula é uma pequena narrativa em que se aproveita a


ficção alegórica para sugerir uma verdade ou reflexão de
ordem moral, com intervenção de pessoa, animais e até
entidades inanimadas.
(Moderno Dicionário de Língua portuguesa -Michaelis)

No primeiro quadro, o personagem caminha com um Características das Fábulas


guarda-chuva na mão. A fábula trata de certas atitudes humanas, como a
No segundo, começa a perceber a precipitação de disputa entre fortes e fracos, a esperteza, a ganância, a
alguns pingos de chuva. Já no terceiro, começa a abrir o gratidão, o ser bondoso, o não ser tolo.
guarda-chuva. Até aí, nenhum estranhamento – o autor Muitas vezes, no finalzinho das fábulas aparece uma
passa a ideia de que o personagem lançará mão do guarda- frase destacada chamada de MORAL DA HISTÓRIA, com
chuva para se proteger. provérbio ou não; outras vezes essa moral está implícita.
De repente, no quarto e último quadrinho, a quebra da Não há necessidade de descrever com muitos detalhes
expectativa, do óbvio. os personagens, pois o que representam nas fábulas
A grande surpresa! (qualidades, defeitos) já é bastante conhecido.
Ao invés do esperado, o personagem aparece brincando Tempo indeterminado na história.
dentro do guarda-chuva, que está virado ao contrário, cheio É breve, pois a história é só um exemplo para o
de água, como se fosse uma bela piscina. ensinamento ou o conselho que o autor quer transmitir.
Talvez a escolha da linguagem não-verbal seja o que Conflito entre querer / poder.
garanta o ápice da intenção do autor. Houvesse ele feito uso O título não deve antecipar o assunto, pois não sobraria
da linguagem verbal, seu propósito de prender a atenção do quase nada para contar.
leitor até o desfecho da história provavelmente teria se A resolução do problema deve combinar com a sua
perdido, antes mesmo do último quadro. intenção ao contar a fábula e com a moral da história.
Quadro a quadro, cada imagem vai instigando o leitor a Este texto representa uma releitura da fábula "A cigarra e
fazer uso dos seus conhecimentos e, então, imaginar o que a Formiga" original de Esopo.
poderá acontecer posteriormente. E é quando, ao final, tudo A Cigarra e a Formiga é uma das fábulas atribuídas a
é desfeito com total inversão das probabilidades inferidas Esopo e recontada por Jean de La Fontaine.
pelo leitor. Esta tirinha pode parecer, em princípio, muito Tendo a cigarra cantado durante o verão, apavorou-se
simplória e sem relevância, mas, na verdade, pode nos com o frio da próxima estação.
remeter a um provérbio chinês muito antigo e bonito que diz Sem mosca ou verme para se alimentar, com fome, foi
mais ou menos o seguinte: “Diante da chuva iminente, o tolo ver a formiga, sua vizinha, pedindo-lhe alguns grãos para
pragueja, o homem comum se conforma e o sábio planta.” aguentar até vir uma época mais quentinha!
O que ocorreu, foi que o personagem não se queixou - "Eu lhe pagarei", disse ela,
nem se conformou simplesmente; o que ele fez, - "Antes do verão, palavra de animal, os juros e também
simbolicamente, foi plantar, isto é, aproveitar o que a chuva o capital".
oferecia: a água. A formiga não gosta de emprestar, é esse um de seus
defeitos.
"O que você fazia no calor de outrora?" Perguntou-lhe
PIADA
ela com certa esperteza.
"Uma piada é um texto narrativo curto de final engraçado - "Noite e dia, eu cantava no meu posto, sem querer dar-
e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar risos ou lhe desgosto".
gargalhadas em quem a ouve ou lê". - "Você cantava? Que beleza! Pois, então, dance agora!"

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