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Curso de

Língua Portuguesa

– Omnia ad maiorem Dei gloriam –


Sumário
Língua e comunicação .......................................................................... 3
História da Língua Portuguesa ............................................................... 5
Elementos de fonética .......................................................................... 11
Regras de acentuação gráfica ............................................................... 13
Ortografia ............................................................................................... 15
Emprego do hífen ................................................................................. 21
Regência verbal ..................................................................................... 24
Regência nominal .................................................................................. 26
Crase ..................................................................................................... 27
Estudo da sintaxe .................................................................................. 29
Sinais de pontuação .............................................................................. 38
Substantivo ............................................................................................ 44
Adjetivo .................................................................................................. 49
Artigo ..................................................................................................... 52
Numeral ................................................................................................ 55
Advérbio................................................................................................. 60
Preposição ............................................................................................. 63
Conjunção ............................................................................................. 66
Interjeição ............................................................................................. 68
Palavra denotativa ................................................................................. 69
Pronome ................................................................................................ 70
Colocação pronominal ........................................................................... 84
Vozes verbais ........................................................................................ 87
Verbo ..................................................................................................... 89

– Magnificat anima mea Dominum –

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Língua e comunicação
A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana. Como
seres sociais, necessitamos comunicar-nos para transmitir nossas ideias,
sentimentos, experiências.
Diariamente, realizamos uma infinidade de atos de comunicação. E,
através dessa comunicação do dia a dia, adquirimos uma série de valores,
ideias, crenças, hábitos que formam a nossa cultura.
A escola, os livros, os meios de comunicação e outros são importantes
na formação da nossa cultura, mas, sem dúvida, são as comunicações diárias
nos contatos com os outros o elenco mais forte de valores formadores dela.
Nos atos de comunicação, percebemos a existência destes elementos:
Emissor ou remetente – aquele que envia a mensagem. Pode ser uma
pessoa ou um grupo de pessoas (empresa, sindicato, assembleia, emissora de
rádio ou TV, jornal, revista, etc.)
Receptor ou destinatário – aquele que recebe a mensagem. Também
pode ser um indivíduo ou grupo.
Mensagem – o conteúdo das informações transmitidas.
Canal – o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Podemos usar
sons, imagens, desenhos, gestos, palavras, etc.
Código – o conjunto de signos e de regras de combinação desses
signos utilizado para elaborar a mensagem. A língua portuguesa, por exemplo,
é um código. O emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar. É
evidente que o emissor e o receptor devem dominar o mesmo código, se não a
comunicação não existirá.
Referente ou contexto – a situação a que a mensagem se refere. Não
há texto sem contexto. A palavra “sereno”, por exemplo, pode ter sentidos
diversos em contextos diferentes. Em Portugal, chamar uma moça de
“rapariga” é respeitoso; no Brasil, pode ser uma ofensa.
Podemos nos comunicar de diferentes formas, utilizando diversos
signos: gesto, cor, som, imagem, símbolo, palavra (escrita e falada) e outros.
Os signos, por sua vez, apresentam dois aspectos distintos: um material
(significante) e um conceitual (significado), sendo puramente convencional a
relação existente entre eles.

Língua e fala
Cada vez que falamos ou escrevemos, fazemos uso da língua, que é
um sistema de signos organizado a partir de certas combinações.
A língua é um sistema de caráter social, utilizado por uma comunidade.
Isso não quer dizer, entretanto, que todos falem exatamente igual. Apesar da
obediência ao código (língua), podemos combinar de modo pessoal o material
linguístico que ele põe à nossa disposição e, dessa forma, criar a fala, que é o
uso particular que cada pessoa faz da língua (escrevendo ou falando).
O uso particular que cada falante faz da língua pode variar bastante,
segundo seu nível de instrução, condição socioeconômica, idade, região e a
situação em que se produz o ato de fala.
Mas não podemos esquecer que os signos linguísticos (palavras) devem
ser combinados com uma certa ordem para ganharem significado. Às vezes,
pode-se combiná-los de várias formas sem que o significado se perca.

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Ex.: Ele chegará mais tarde provavelmente. – Provavelmente ele
chegará mais tarde. – Ele chegará provavelmente mais tarde.
Entretanto uma construção como “Chegará provavelmente tarde ele
mais” seria inaceitável, pois, contrariando as regras de combinação da língua
portuguesa, não foi capaz de gerar significado.
Em síntese, a língua é um sistema de caráter social, embora só se
concretize nos atos de fala produzidos por cada falante.

Dinamismo da língua
A língua é dinâmica e altera-se no tempo. Há palavras que caem em
desuso e outras novas que surgem conforme a necessidade. Na linguagem
coloquial, são muitas as expressões populares que se criam e que, com o
tempo, desaparecem, dando lugar a outras que surgem. Ressaltem-se ainda as
alterações gramaticais que ocorrem por força da influência popular.
Mas a língua também se altera no espaço. Basta ver a situação do
Brasil: podem-se perceber facilmente as diferenças de pronúncia, de
entonação e até de vocabulário em alguns casos, entre as várias regiões do
nosso país, mostrando certas variações do português.
Desse modo, constatamos que uma língua sofre influências e
transformações no tempo (dimensão diacrônica) e no espaço (dimensão
sincrônica), sendo, portanto, um fato histórico.

Níveis de fala
Podemos reconhecer, dentre as variantes linguísticas, dois grandes
níveis: o informal (ou coloquial) e o formal (ou culto, ou padrão).
O nível coloquial é representado pelas formas de linguagem usadas na
conversação diária, num ambiente descontraído. É bem espontâneo e natural.
Esse nível apresenta características variadas, pois depende muito do grau de
instrução dos falantes, de sua condição social, da situação, do momento, etc.
O nível formal caracteriza-se por uma linguagem mais obediente às
normas gramaticais, estando, portanto, menos sujeito a variações. O nível
formal também apresenta diferenças: há a linguagem literária, a técnica, a
jornalística, a científica, etc.
Deve-se ressaltar, porém, que essa distinção não significa que um nível
seja melhor que outro. O que interessa é a adequação do nível empregado à
situação em que ocorre o ato de fala.
Se o objetivo de uma pessoa é falar para ser compreendida pelo ouvinte,
ela deve saber usar adequadamente os níveis de fala. Imagine, por exemplo,
um médico tentando explicar a um analfabeto as características de uma
doença; se não tiver consciência das diversidades linguísticas, o médico nunca
se fará compreender.
O conhecimento das várias possibilidades de organização das
mensagens favorece uma pessoa, pois ela se torna capaz de estabelecer
contato com interlocutores de formação variada e em situações diversas.
Mas não devemos esquecer que, em nossa sociedade, o conhecimento
da norma culta é um dos meios de valorização social, além de permitir o
acesso a formas mais elaboradas de cultura, tanto no campo da arte como no
da ciência. É também um instrumento de cidadania.

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História da língua portuguesa
O português e outras nove línguas são derivadas do latim, que era a
língua oficial do Império Romano.
O latim foi primeiramente falado no Lácio, na região central da Itália. A
cidade principal dessa região era Roma, fundada em 753 a.C. Localizada à
margem esquerda do Rio Tibre, no início era uma aldeia de pastores e
camponeses, mas depois tornou-se o centro de um grande império que, graças
às conquistas militares, foi ampliando seu domínio por muitas regiões.
À medida que conquistava novos povos, Roma impunha o latim como
meio de comunicação obrigatório, transformando-o assim em língua oficial por
toda a extensão do Império Romano.
O latim levado a essas regiões era o vulgar, uma língua dinâmica, em
constante evolução. E, como as conquistas romanas ocorreram em épocas
diferentes, a língua latina levada a cada região apresentava diferenças.
Além disso, os povos conquistados pelos romanos possuíam uma língua
e, ao serem obrigados a empregar o latim, modificavam bastante a pronúncia e
incorporavam palavras de seu vocabulário original. E, com o passar do tempo,
o povo de cada região ainda foi efetuando outras transformações naturais.
Devido a esses fatores, as transformações do latim nas várias regiões
conquistadas resultaram em línguas diferentes, embora guardando entre si
semelhanças que atestam sua origem comum. Essas línguas derivadas do
latim chamam-se latinas, neolatinas ou românicas.
LÍNGUAS LATINAS – São dez: português, espanhol, italiano, francês,
romeno, rético (ou ladino); elas são línguas oficiais de países.
Existem também quatro outras línguas latinas faladas atualmente:
catalão (que é também língua oficial de Andorra), galego, sardo e provençal.
O provençal, utilizado na região da Provença, no sul da França, é pouco
falado hoje e caminha para sua extinção.
Houve, ainda, o dalmático, falado na antiga Dalmácia, hoje língua morta,
que desapareceu no final do século XIX.

NA PENÍNSULA IBÉRICA - O latim foi implantado na Península


Ibérica quando se tornou uma província romana. Antes da dominação dos
romanos, a região foi habitada por outros povos: iberos, celtas (que resultaram
nos celtiberos), fenícios, gregos e cartagineses.
Os romanos chegaram à península no século III a.C, mas sua anexação
como província só se deu no ano de 197 a.C. Eles invadiram a região para
expulsar as tropas de Cartago (cidade do norte da África) que, sob o comando
do general Aníbal, devastavam colônias italianas e pretendiam atingir Roma.
Com a derrota dos cartagineses, Roma instalou-se na península e, apesar
da resistência de alguns povos do norte, dominou-a quase inteiramente. Deu-se
então a romanização da região, com a imposição do latim como língua oficial.
Para impor sua civilização e sua língua, os romanos realizavam diversas
ações, como: fundação de cidades, construção de estradas para facilitar as
comunicações, construção de templos e praças, abertura de escolas,
organização do serviço militar obrigatório, organização do comércio e do correio,
obrigatoriedade do uso do latim.

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Com esse processo de dominação, já no século I d.C. a península se
romanizara e o latim passou a ser a língua comum, com exceção de uma região
montanhosa do norte, onde as populações conservaram o uso de sua própria
língua – o basco – falado até hoje.

INVASÕES BÁRBARAS - Embora a influência do latim tenha sido


decisiva para a formação do português, outros fatores também intervieram no
seu processo de desenvolvimento.
No século V da era cristã, a região foi invadida pelos povos bárbaros, de
origem germânica: alanos, vândalos, suevos e visigodos.
Os suevos merecem consideração especial, pois se estabeleceram na
Lusitânia, região onde tempos depois se desenvolveu a nação portuguesa; mais
tarde foram assimilados pelos visigodos.
Povos rudes, mais preocupados com a agricultura e os exercícios
guerreiros, os germanos, embora vencedores, admitiram a civilização romana e,
com ela, a língua latina. Mas eles suprimiram escolas e provocaram o fim da
nobreza romana, que cultivava o latim mais elaborado.
Os bárbaros não provocaram o desaparecimento do latim, mas trouxeram
inovações na pronúncia e no vocabulário, com a contribuição de mais de
duzentas palavras que depois farão parte do vocabulário da língua portuguesa.
São exemplos: adubar, arreio, agasalho, bando, bandeira, canivete, dardo,
elmo, esgrima, feudo, gala, guerra, orgulho, trégua, norte, sul, leste, oeste e
alguns nomes próprios, como Ataulfo, Frederico, Rui.

INVASÕES ÁRABES - No século VIII, a Península Ibérica foi invadida


pelos árabes. Apesar de serem donos de uma respeitável cultura, quase não
alteraram a situação da região, que continuou latinizada.
Embora o árabe fosse a língua oficial, o povo subjugado continuou a falar
o latim, já bastante alterado.
A estrutura da língua latina não se modificou, mas o árabe deixou sua
influência que se fez sentir no acréscimo de aproximadamente mil palavras no
vocabulário.
São exemplos de palavras árabes que depois farão parte do vocabulário
da língua portuguesa: açougue, álcool, alface, alfaiate, algarismo, álgebra,
alqueire, almofada, arroz, azeite, café, cáfila, califa, enxaqueca, fulano, oxalá,
xarope, xadrez, zero.
Mais tarde, a partir do norte da Península Ibérica, grupos se formaram
para combater os árabes. Com a reconquista paulatina da região e a expulsão
dos árabes, foram se formando reinos, como Navarra, Aragão, Leão e Castela.
Do reino de Leão se separou, no século XI, um pequeno condado – o
Condado Portucalense – que, mais tarde, tornou-se Portugal.
A Reconquista praticamente se completa em 1250. Os árabes continuam
presentes apenas no reino de Granada, que cairá em 1492; foram
definitivamente expulsos da Península Ibérica com a vitória dos reis católicos
Fernando e Isabel sobre esse último reduto mouro.

ROMANÇOS - A partir do século V, com a invasão dos bárbaros que


determinou o fim do Império Romano no Ocidente, houve o fracionamento da
unidade linguística: o latim vulgar se modificou e passou a se desenvolver
diferentemente em cada região. A dialetação mais intensa do latim e a influência
dos bárbaros e árabes conferiram ao falar da Península Ibérica feições típicas.

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Como consequência da quebra da unidade linguística, nas regiões antes
dominadas pelos romanos, intensificaram-se as modificações do latim que
geraram diferentes falares.
A esses falares regionais já não se podia chamar latim, em virtude das
grandes modificações nele introduzidas; mas ainda não alcançavam a categoria
de línguas como instrumentos linguísticos de novas unidades sociais e políticas.
Essas formações dialetais do latim vulgar recebem o nome de romanços
ou romances, que são diferentes falas intermediárias entre o latim e as línguas
latinas atuais.
Dentre os vários romanços que se formaram, temos o castelhano, o
leonês, o galo-provençal, o galeziano, do qual o galaico-português (e depois o
português) é um prolongamento.

Nasce a língua portuguesa


Durante a dominação dos árabes – que eram muçulmanos – grupos de
cristãos organizaram cruzadas com o fim de libertarem o território ibérico. Para
maior estímulo, os papas concediam aos combatentes cristãos as mesmas
indulgências dadas aos que participavam das cruzadas do Oriente, cujo objetivo
era libertar Jerusalém e os lugares santos também nas mãos dos muçulmanos.
Entre os fidalgos, que foram à Península Ibérica ajudar a combater os
árabes, destaca-se D. Henrique, conde de Borgonha. Em 1095, o nobre francês,
como recompensa pelas lutas a favor de Afonso VI, rei de Leão e Castela,
recebe em casamento sua filha bastarda D. Tareja (em alguns documentos é
denominada Teresa) e, como dote de casamento, o Condado Portucalense.
Afonso Henriques, filho desse casal, após vencer os mouros em batalha,
estende os limites do território mais para o sul e, em 1139, declara a sua
independência, proclamando-se primeiro rei do Reino de Portugal. Em 1143, o
novo reino é reconhecido pelo papa e pelo rei de Leão e Castela.
Quando surgiu a nação portuguesa, o galaico-português (ou galego-
português) era falado na região, como expressão linguística comum à Galícia e
Portugal. Nessa língua foi escrito o primeiro documento da literatura portuguesa,
a “Cantiga da Ribeirinha”, de Paio Soares Taveirós, em 1.198 (ou 1.189), bem
como outros textos da época do Trovadorismo.
Com a independência de Portugal e a anexação da Galícia pelo reino de
Castela, começou a haver uma separação linguística, dando origem a duas
línguas: o português e o galego.
Nos séculos XII e XIII, os textos aparecem em galaico-português.
Em 27 de junho de 1214, surge o documento régio mais antigo redigido
em português de que se tem notícia. É o Testamento de D. Afonso II, o terceiro
rei de Portugal. Há registros de documentos escritos antes, mas, por ser oficial e
por ter estrutura e formas que o distinguem do galego-português, esse
Testamento simboliza a “certidão de nascimento” de nossa língua.
Em 1290, D. Dinis, sexto rei português, conhecido como o “rei trovador”,
torna obrigatório o uso da língua portuguesa e funda a Universidade de Coimbra,
a primeira de Portugal.

DOIS PERÍODOS - O português compreende dois períodos: o arcaico


(séculos XIII a XVI) e o moderno (século XVI até hoje). Toma-se como marco
divisório entre esses dois períodos o ano de 1572, quando foi publicado o
célebre poema “Os lusíadas”, de Luís Vaz de Camões.

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No Renascimento, sob a influência dos humanistas, houve um processo
de aperfeiçoamento e enriquecimento linguísticos, imitando-se os modelos
latinos e procurando-se aproximar a língua portuguesa da língua-mãe, o latim.
Muitas palavras latinas são incorporadas ao vocabulário português.
Como a coroar esse processo, aparece a obra de Camões, marcando a
história do nosso idioma com o maior monumento literário e linguístico.
É ainda no século XVI que se inicia a gramaticalização do idioma. Em
1536 é publicada a primeira gramática da nossa língua: “Grammatica da
lingoagem portugueza”, do Padre Fernão de Oliveira; em 1540, João de Barros
escreve a segunda, com o mesmo título.

Expansão do português
Com as viagens marítimas, o descobrimento de novas terras e o intenso
comércio dos portugueses, a língua portuguesa foi levada aos mais distantes
lugares do globo.
Hoje é língua oficial de nove países, os chamados países lusófonos:
Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe,
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Timor Leste.
Esses países lusófonos integram a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP).
Nossa língua também é falada em algumas regiões, como Goa (na
Índia), Macau (na China) e outras.

Constituição do léxico português


É evidente que a maior parte do vocabulário português é de origem
latina. Entretanto, através dos séculos, muitas palavras de outras línguas
penetraram no léxico português por meio do contato entre os povos.
No período anterior à formação da língua portuguesa propriamente dita,
destaque-se a difusão de palavras gregas e hebraicas, por causa da expansão
do cristianismo, e de palavras herdadas dos povos bárbaros e dos árabes,
como consequência dos séculos em que dominaram a Península Ibérica.
Na era moderna, por outro lado, muitas línguas deram – e continuam
dando – sua contribuição para o nosso vocabulário. As que mais influenciaram
o léxico português foram o francês, o inglês, o italiano e o espanhol.
Vejamos agora alguns exemplos dessas contribuições estrangeiras:
a) gregas – anjo, apóstolo, batismo, bíblia, crisma, diácono, eucaristia,
evangelho, idolatria, igreja, mosteiro, paráclito, presbítero, além de nomes
próprios como Cristo, Alexandre, André, Filipe, etc.

b) hebraicas – aleluia, amém, bálsamo, éden, fariseu, hosana, sábado, além


de nomes próprios como Abraão, Ester, Ismael, Isaac, Jacó, Jeremias, Jesus,
João, José, Josué, Maria, Marta, Raquel, etc.

c) dos povos bárbaros – adubar, agasalho, albergue, arreio, baluarte,


bandeira, bando, banir, barriga, bradar, brandir, canivete, capacete, dardo,
elmo, esgrima, feudo, gala, galope, garbo, gastar, guerra, grinalda, luva,
marchar, orgulho, raça, roubar, tirar, trégua, norte, sul, leste, oeste e alguns
nomes próprios, como Ataulfo, Frederico, Rui, etc.

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d) árabes – açafate, açougue, açúcar, açucena, açude, alambique, álcool,
aldeia, alecrim, alface, alfaiate, alfazema, algarismo, álgebra, algibeira, algodão,
alicate, almofada, alqueire, alvará, armazém, arroz, azeite, azul, cáfila, califa,
camelo, enxaqueca, esfirra, garrafa, mesquinho, oxalá, quibe, xadrez, xarope,
zero, etc.

e) francesas – abajur, avalanche, bibelô, chaminé, champanhe, chapéu,


chassis, chefe, dama, elite, emoção, joia, revanche, vitrine, etc.

f) inglesas – bar, basquetebol, bife, clube, esporte, futebol, lanche, pudim,


repórter, sanduíche, túnel, voleibol, xampu, xerife, etc.

g) italianas – balcão, bandolim, cantina, capricho, cenário, galera, maestro,


ópera, piano, serenata, violino, etc.

h) espanholas – amistoso, castanhola, cavalheiro, mantilha, neblina, ninharia,


pandeiro, rebelde, trecho, etc.

A influência do índio e do africano


Ao chegarem ao Brasil, os portugueses entraram em contato com os
índios que falavam, na sua maioria, a língua tupi.
Durante os primeiros anos da colonização, o índio foi um elemento
importante pois serviu de guia aos portugueses, ajudou na exploração das
riquezas da terra. Além disso, muitas mulheres índias casaram-se com
portugueses, resultando desse processo de coexistência e integração uma
certa influência da língua tupi sobre a portuguesa.
No início, essa influência foi tão grande a ponto de quase não se usar o
português, sendo que, até o século XVIII, em algumas regiões do Brasil, o tupi
era mais falado que a língua portuguesa.
No entanto, à medida que se intensificava o processo de colonização,
foram chegando sucessivas ondas de imigrantes, possibilitando o aumento do
domínio da língua portuguesa até a quase extinção do idioma indígena.
Além disso, outros fatores também contribuíram para o predomínio da
língua portuguesa, como a criação de escolas, onde não se falava mais o tupi,
e a progressiva marginalização do índio nos grupos sociais que iam se
formando.
A influência tupi na língua portuguesa ficou restrita apenas ao
vocabulário, sem que tivessem ocorrido transformações na sua estrutura.
Pode-se perceber claramente a origem tupi em:
a) nomes de lugares ou regiões (topônimos) – Amapá, Anhangabaú,
Araraquara, Bauru, Capivari, Guanabara, Guarujá, Ipanema, Itanhaém, Itapeva,
Jundiaí, Maracanã, Pacaembu, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piracicaba,
Sergipe, Tatuapé, Taubaté, Ubatuba, etc.

b) nomes de pessoas (antropônimos) – Araci, Iracema, Jaci, Jacira, Janaína,


Ubirajara, Iraci, Iara, etc.

c) nomes de plantas, frutas, árvores e vegetação em geral – abacaxi, açaí,


aipim, cacau, caju, carnaúba, capim, cipó, ipê, jabuticaba, jerimum, macaxeira,
mandioca, maracujá, peroba, taquara, etc.

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d) nome de animais – araponga, arara, capivara, gambá, jabuti, jacaré,
jararaca, jiboia, piranha, sabiá, sagui, tamanduá, tatu, tucano, urubu, etc.

e) outras palavras – arapuca, caboclo, caipora, canoa, capoeira, catapora,


carioca, curumim, pipoca, potiguar, tapioca, etc.
Algum tempo depois do descobrimento, com o tráfico de escravos
negros, foi grande a quantidade de africanos que chegaram ao Brasil,
principalmente sudaneses (estabelecidos na Bahia) e bantos (estabelecidos em
outros estados do Norte, além do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais).
Os negros africanos tiveram uma importância muito grande na vida dos
portugueses. Além do trabalho nos campos, participaram da própria vida
familiar dos brancos, pois eram as negras que cozinhavam, que faziam os
serviços domésticos, que amamentavam os filhos dos senhores, ajudavam a
criá-los, estabelecendo-se uma intimidade que deixou marcas profundas não
só na formação psicológica dos filhos dos portugueses como também nos
hábitos familiares e sociais.
A influência africana também se faz sentir na culinária, na música e na
religião. Vejam-se, por exemplo, os cultos afro-brasileiros, como o candomblé,
a umbanda; na música, o samba, a capoeira, os instrumentos musicais como
berimbau, agogô, etc.; na culinária, o vatapá, o acarajé, o azeite de dendê, etc.
A língua dos africanos, no entanto, teve pouca influência sobre a
portuguesa, restringindo-se ao vocabulário, a algumas transformações
fonéticas e a certas simplificações nas flexões das palavras, como: “eles
chegaro”, “esses minino são endiabrado”, “eu compro, tu compra, ele compra,
nóis compra, eles compra”.
No vocabulário, percebe-se a origem africana em palavras como:
acarajé, bagunça, banzo, batuque, berimbau, cachaça, cachimbo, caçula,
cafuné, canjica, caxumba, cochilar, gandaia, ganzá, jiló, marimbondo, miçanga,
moleque, moqueca, moringa, muvuca, pinga, quiabo, quindim, quitanda,
samba, sapeca, senzala, sova, vatapá, xingar, xodó, zangar, zombar, etc.
Também em palavras ligadas aos cultos afro-brasileiros, como:
candomblé, macumba, umbanda, orixá, Iemanjá, Ogum, Oxóssi, Oxalá, etc.

Fui ao Lácio e nos meus versos Cantando eu vou


Canto à última flor Do Oiapoque ao Chuí ouvir
Que espalhou por vários continentes A minha pátria é minha língua!
Um manancial de amor. Idolatrada obra-prima, te faço imortal!
Samba-enredo da Mangueira – 2007

No dia 5 de maio, comemora-se o


Dia Internacional da Língua Portuguesa

No dia 5 de novembro, comemora-se o


Dia Nacional da Língua Portuguesa

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Elementos de fonética
Fonética é a parte da gramática que estuda os sons da fala.
Fonema é cada som que se emite ao pronunciar uma palavra.
Letra é a representação gráfica do fonema.
O ideal seria que a cada fonema correspondesse uma só letra, mas isso
não acontece porque o nosso sistema ortográfico não é rigorosamente fonético,
ele também obedece à etimologia.
Ao conjunto de letras dá-se o nome de alfabeto, abecedário ou abecê.
Foram os fenícios os primeiros a desenvolverem esse tipo de escrita
para representar os sons. Mas eles criaram símbolos apenas para as
consoantes; foram os gregos os criadores das vogais. Os gregos também
fizeram outra inovação: passaram a escrever da esquerda para a direita.
Os romanos, por sua vez, ao adotarem o alfabeto grego, fizeram nele
algumas modificações, como a transformação da grafia de alguns sons. E foi
esse mesmo alfabeto que eles levaram em suas conquistas pelas diversas
regiões do império. Nós usamos hoje o alfabeto dos romanos.

Classificação dos fonemas


Os fonemas se classificam em vogal, semivogal e consoante.
a) vogais são fonemas que resultam da livre passagem da corrente de ar.
A vogal é o elemento básico, suficiente e indispensável para a formação
da sílaba. Portanto não há sílaba sem vogal, e uma vogal sozinha pode formar
sílaba ou mesmo constituir vocábulo. Em cada sílaba só pode haver uma vogal.
b) semivogais são fonemas de caráter vocálico que se juntam a uma vogal
para com ela formar sílaba.
c) consoantes são fonemas que resultam de algum obstáculo encontrado pela
corrente de ar. Só formam sílabas quando juntas de vogal.
Ex.: autor – a- vogal; u- semivogal; t- consoante; o- vogal; r- consoante
saída – s- consoante; a- vogal; i- vogal; d- consoante; a- vogal
quais – q- consoante; u- semivogal; a- vogal; i- semivogal; s- consoante
Encontros vocálicos
a) ditongo é o encontro de dois fonemas vocálicos pronunciados juntos.
Pode ser crescente (semivogal + vogal) ou decrescente (vogal + semivogal)
Ex.: quatro, quando, aguenta – ditongo crescente
pai, mãe, queixa – ditongo decrescente
b) hiato é o encontro de duas vogais, pronunciadas separadamente.
Ex.: cooperar, saúde, compreender, caída, ruim, raízes, ainda
c) tritongo é o encontro de três fonemas vocálicos pronunciados juntos
(semivogal + vogal + semivogal).
Ex.: iguais, quais, quão, saguões
Os ditongos e tritongos também podem ser orais ou nasais.
Ex.: quatro - ditongo crescente oral pão- ditongo decrescente nasal
iguais - tritongo oral saguões – tritongo nasal

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Encontro consonantal
É o encontro de dois ou mais fonemas consonantais num vocábulo.
Ex.: clima, palavra, pseudo, problema, advogado, cruz, flauta, fixo (x=ks), etc.

Dígrafo
É o encontro de duas letras representando um só fonema.
Ex.: chapéu, caminho, barulho, carro, passo, campo, tempo, lindo, contar,
nascer, exceto.

Sílaba
É um fonema ou grupo de fonemas pronunciados numa emissão de voz.
Ex.: subs-tan-ti-vo, ex-clu-ir, in-dig-no, rép-til, abs-tra-to, a-in-da, en-jo-o, etc.
De acordo com o número de sílabas, as palavras classificam-se em
monossílaba, dissílaba, trissílaba e polissílaba.
Ex.: Deus, bem, fé, céu, sol, mar – monossílabas
lua, amor, feliz, herói, livro, jovem – dissílabas
estrela, caminho, estudo, amável – trissílabas
esforçado, felicidade, evangelho – polissílabas
Geralmente os vocábulos possuem uma sílaba que se pronuncia com
mais intensidade. É a sílaba tônica. As demais chamam-se átonas.
Quanto à tonicidade, as palavras classificam-se em oxítona (a sílaba
tônica é a última), paroxítona (a sílaba tônica é a penúltima) e proparoxítona
(a sílaba tônica é a antepenúltima).
Ex.: reluz - oxítona; escola - paroxítona; louvássemos - proparoxítona
Os monossílabos, conforme a intensidade com que se pronunciam,
podem ser tônicos ou átonos.
Os monossílabos tônicos são os que têm autonomia fonética, sendo
pronunciados fortemente. Os monossílabos átonos são os que não têm
autonomia fonética, sendo pronunciados fracamente, como se fossem sílabas
do vocábulo em que se apoiam.
Ex.: Ó meninos, vocês fizeram o trabalho? (tônico e átono)
Seja uma pessoa de bem, dê bom exemplo. (átono, tônico, tônico e tônico)
Tenha dó do seu irmão. (tônico e átono).
Existem também alguns dissílabos que são átonos. São exemplos os
artigos uma – umas, as preposições para e pera (forma arcaica), as contrações
pelo – pela – pelos – pelas, as conjunções como e porque, etc.

Sinais diacríticos
Sinais diacríticos ou notações léxicas são certos sinais gráficos que se
juntam às letras para lhes dar um valor fonético especial ou permitir a correta
pronúncia das palavras.
São os acentos (agudo, circunflexo e grave), o til, o apóstrofo, a cedilha,
o hífen e o trema.
As letras m e n são chamadas letras diacríticas quando não se
pronunciam e têm o valor de til, como nestas palavras: campo, canto, templo,
tentar, limpo, lindo, tombo, ponto, tumba, fundo, etc.

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Regras de acentuação gráfica
Proparoxítonas – todas são acentuadas.
Ex.: lâmpada, cálice, lúcido, sílaba, gráfica, paroxítona, louvássemos
Paroxítonas – acentuam-se as terminadas em:
a) I – IS – US
Ex.: júri, táxi, lápis, tênis, múnus, bônus, vírus
b) UM – UNS
Ex.: álbum, médium, parabélum, quórum, vade-mécum, álbuns, fóruns
c) Ã – ÃS – ÃO – ÃOS
Ex.: ímã, órfãs, órgão, bênçãos
d) ditongo (seguido ou não de S)
Ex: pônei, amáveis, fôsseis, glória, sério, mágoa, bilíngue, deságua, enxágue
e) R – L – N – X – PS – ONS
Ex.: açúcar, mártir, blêizer, destróier, amável, móvel, túnel, hífen, pólen, látex,
ônix, tórax, bíceps, tríceps, fórceps, próton, prótons, elétron, elétrons, mórmons

Oxítonas – acentuam-se as terminadas em:


a) A – E – O (seguidos ou não de S)
Ex.: maracujá, atrás, café, você, através, paletó, ajudá-la, vendê-lo, dispô-los
b) EM – ENS
Ex.: alguém, ninguém, também, parabéns, vinténs

Monossílabos – acentuam-se os tônicos terminados em A – E – O (seguidos


ou não de S).
Ex.: lá, já, pá, vá, gás, fé, lê, mês, três, vês, pó, nó, vós, dá-lo, vê-lo, pô-lo

Ditongos – acentua-se a vogal base dos ditongos abertos em EI - EU – OI nas


palavras oxítonas e monossílabas.
Ex.: anéis, fiéis, papéis, chapéu, mausoléu, troféu, céu, réu, herói, dói, mói

Hiatos – acentuam-se I e U tônicos quando, formando hiato com a vogal


anterior, estiverem na sílaba sozinhos ou seguidos de S.
Ex.: atraído, faísca, caísse, proíbo, raízes, baú, balaústre, viúva, construí-lo
Obs. – a) Não se acentua diante de NH e nos hiatos II e UU.
Ex.: coroinha, ladainha, rainha, xiita, vadiice, sucuuba, ucuuba
b) Não se acentua se o hiato for com um ditongo anterior, exceto em
palavras oxítonas.
Ex.: feiura, baiuca, bocaiuva – Mas: Piauí, tuiuiú

Acentos diferenciais
a) pôde (pretérito perfeito do indicativo)
Ex.: Ele não pôde vir ontem.
b) pôr (verbo)
Ex: Deve pôr em prática tudo que aprendeu.

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c) fôrma (= peça, modelo) – o acento é facultativo.
Ex.: A fôrma (ou forma) do bolo tinha forma retangular.
d) Nos verbos ter e vir, no presente do indicativo, a 3ª. pessoa do plural tem
acento para diferenciar do singular. – ele tem - eles têm; ele vem - eles vêm
e) Nos derivados de ter e vir (deter, conter, manter, obter, advir, convir, intervir,
provir, etc), no presente do indicativo, a 3ª. pessoa do singular tem acento
agudo; a 3ª. pessoa do plural, acento circunflexo.
Ex.: ele contém – eles contêm ele provém – eles provêm
Nesses casos, aplica-se a regra das oxítonas terminadas em EM e o
acento diferencial.

Observações
1- A última reforma ortográfica eliminou o acento dos ditongos abertos
em ei, eu e oi apenas nas palavras paroxítonas. Nas oxítonas e nos
monossílabos, o acento continua. Por isso, assembleia, geleia, jiboia, joia, etc.
perderam o acento, mas anéis, fiéis, céu, mausoléu, dói, herói, etc. continuam
acentuadas.
Mas há palavras com ditongo, como destróier, Méier (bairro carioca) que
se acentuam, mas é por causa da regra E das paroxítonas (terminadas em r).
2- Nomes próprios seguem as regras de ortografia e de acentuação.
Ex.: Luís, Válter, Sérgio, Júlia, Lúcia, Mário, Édson, Êmerson, etc.
3- Os monossílabos, reduções de nomes, bastante empregados na
linguagem coloquial, também seguem as regras de acentuação gráfica.
Assim, acentuam-se Ná, Fê, Rê, Rô, etc. por serem monossílabos
tônicos em a – e – o (regra 4).
Já Mi, Di, Gi, Du, Ju, Lu não se acentuam por terminarem em i e u.
4- Na reprodução da “fala caipira” ou da linguagem popular, as palavras
seguem as regras de acentuação.
Ex: Nói qué convidá ocê pra nossa festa no Arraiá do Seminário.

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Ortografia – regras práticas
A- O fonema /z/ pode ser representado pelas letras S ou Z.
1- Emprega-se S
a) depois de ditongo.
Ex.: lousa, coisa, maisena, faisão, mausoléu, Neusa, Cleusa
b) Nos sufixos ês - esa - isa, indicadores de origem, título de nobreza, atividade.
Ex.: inglês, inglesa, holandês, holandesa, montanhês, camponês, burguês, marquês,
baronesa, princesa, diaconisa, sacerdotisa, profetisa, poetisa
c) Nos adjetivos terminados em oso - osa, indicadores de abundância.
Ex.: formoso, manhoso, pedregoso, espinhoso, horrorosa, cheirosa, saborosa
d) Nas formas dos verbos pôr e querer (e seus derivados)
Ex.: pôs, pus, pusera, pusesse, depôs, repuser, quis, quisera, quisesse

2- Emprega-se Z
a) Nos sufixos ez - eza, formadores de substantivos derivados de adjetivos.
Ex.: altivez, mesquinhez, pequenez, rigidez, rijeza, magreza, delicadeza
b) No sufixo izar, formador de verbos.
Ex.: atualizar, canalizar, realizar, harmonizar, dramatizar, amenizar, fiscalizar
Em verbos como analisar, avisar, frisar, pesquisar não existe o sufixo izar, mas a
terminação ar, que se junta ao radical terminado em s (analis-ar)
Escrevem-se com S: aliás, alisar, atrás, atrasado, atraso, através, aviso, brasa,
catalisar, cisão, colisão, despesa, empresa, fase, fusão, inclusive, invés, lisonjeiro,
lisura, mosaico, nasal, pêsames, revés, sinusite, surpresa, tosar, usina, uso, visar
Escrevem-se com Z: abalizar, algoz, aprendiz, arroz, assaz, azar, azia, baliza, bazar,
buzina, cafuzo, capataz, capaz, chafariz, coriza, deslize, desprezo, embriaguez, feroz,
fugaz, giz, lazer, magazine, prazo, rodízio, sagaz, talvez, tenaz, vazio, verniz, xadrez
Sufixos formadores de diminutivos
Para formar o grau diminutivo, se o radical da palavra primitiva terminar em S ou Z,
acrescente-se o sufixo –inho(a)
Ex.: coisa – coisinha lápis – lapisinho pires – piresinho país – paisinho
rosa – rosinha Teresa – Teresinha juiz – juizinho raiz – raizinha
Se o radical tiver outra terminação, acrescente-se a terminação –zinho(a).
Ex.: anel – anelzinho balão – balãozinho cão – cãozinho café – cafezinho
mão – mãozinha pai – paizinho papel – papelzinho sol – solzinho

B- O fonema /j/ pode ser representado pelas letras J ou G.


1- Emprega-se G:
a) Nas palavras terminadas em ágio, égio, ígio, ógio e úgio.
Ex.: estágio, pedágio, egrégio, litígio, prestígio, relógio, refúgio, subterfúgio
b) Nos substantivos terminados em gem
Ex.: aragem, bagagem, barragem, coragem, fuligem, margem, vertigem
Exceções: pajem, lajem e lambujem
c) Nas formas dos verbos em -gir (exceto nos casos em que a fonética exigir j).
Ex.: exigir – exiges, exigimos, exigi, exigiste, exigisse (Mas: exijo, exija)

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2- Emprega-se J:
a) Nas palavras de origem indígena e africana.
Ex: jirau, jiboia, jerimum, pajé, canjica, jiló
b) Nas formas dos verbos em -jar.
Ex.: sujar: sujei, sujes, sujemos – esbanjar: esbanjei, esbanjemos, esbanjem
Obs. – viagem (substantivo) – viajem (forma do verbo viajar)
Escrevem-se com J: anjinho, berinjela, cafajeste, gorjear, gorjeta, jegue, jeito,
jenipapo, laje, majestade, majestoso, ojeriza, rijeza, sarjeta, traje, trejeito, ultraje
Escrevem-se com G: angélico, estrangeiro, evangelho, gêiser, gengibre, gengiva,
geringonça, gibão, gim, herege, ligeiro, monge, ogiva, sargento, sugestão, tangerina

C- O fonema /x/ pode ser representado pela letra X ou pelo dígrafo CH.
Emprega-se X:
a) depois de ditongo.
Ex.: ameixa, caixa, eixo, faixa, feixe, frouxo, trouxa, rouxinol
b) depois da sílaba me.
Ex.: mexer, mexilhão, mexicano, mexerica
Exceção: mecha (e derivados)
c) depois da sílaba en.
Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar, enxertar, enxoval, enxugar, enxurrada
Exceções: enchova (variante de anchova) e derivados de palavras que se
escrevem com ch. Ex.: cheio – encher, preencher; charco – encharcar, encharcado
Escrevem-se com X: bexiga, bruxa, capixaba, caxumba, elixir, faxina, lagartixa,
laxante, lixa, luxo, maxixe, orixá, oxalá, pixaim, praxe, puxar, relaxar, vexame, xampu,
xará, xavante, xaxado, xaxim, xenofobia, xereta, xerife, xerocópia, xerografar, xérox
(ou xerox), xexelento, xícara, xiita, xilogravura, xingar, xisto, xodó, xucrice, xucro
Escrevem-se com CH: apetrecho, archote, boliche, broche, cachaça, cachimbo,
chafariz, chantagear, chantagem, chapisco, charrete, chimarrão, chuchu, chutar,
cocheira, cochichar, cochilar, colcha, fachada, flecha, inchar, machucar, mochila,
nicho, pechincha, pichar, piche, rachar, rancho, relinchar, salsicha, salsicharia, tacho

D- Emprego do H
Esta letra não representa fonema algum; ela se mantém em algumas palavras em
decorrência da etimologia ou da tradição escrita do idioma.
Ex.: hábil habitar hábito hagiografia hagiógrafo hálito
halitose haras harmonia harpa haste hastear
haurir hecatombe helênico hélice helicóptero hélio
hematologia hemodiálise herbívoro hermenêutica hérnia hesitação
hesitar heterônimo hibernar hibridismo híbrido hidrelétrica
hidrogênio higiene hipérbole hípico hipismo hipnose
hipoteca hispânico holerite holofote homilia homófono
homógrafo hormônio horror hortaliça hortelã hortelão
Também são exemplos algumas interjeições: hã, hã-hã, hein, hem, hum, hurra.
Emprega-se o H no final destas interjeições: ah, eh, eh-eh, ih, oh, uh.
O H desapareceu do interior dos vocábulos, permanecendo apenas nos dígrafos
ch, lh e nh e no topônimo Bahia.
Mas: baiano, laranja-da-baía, baía.

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Nas palavras compostas, se os elementos vêm unidos por hífen, o H permanece;
nos compostos sem hífen, ele desaparece.
Ex.: ante-histórico anti-higiênico anti-humano inter-helênico inter-humano
pré-helênico pré-história super-herói super-hidratação super-homem
Mas: coabitar, coerdeiro, desabitado, desonra, desumano, inábil, inabitado, reaver

E- Atenção para a grafia destas palavras


assunção beneficente cabeleireiro cansaço canseira
conversação conversão debaixo de repente dissensão
embaixo em cima esplêndido esplendor espontaneidade
espontâneo estresse estuprar estupro exangue
exarar exaurir excêntrico exequível expectorar
extasiar misto necessário obcecado obséquio
por isso prazerosamente recenseamento recensear recepção
reincidente reivindicação reivindicar rescindir rescisão
ressarcir ressurreição secessão sensação sobrancelha
superstição subvenção subversão sucessão sucinto
Derivado do italiano “mozzarella”, o nome desse tipo de queijo possui três formas
registradas em dicionários: mozarela ou muçarela (formas inclusive registradas no
VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) e moçarela (esta registrada
apenas no dicionário do “Aurélio”).

Escrevem-se com SC
ascensão ascensorista ascese asceta fascinação fascinar
fascista fascismo florescer florescimento nascer nascimento
obscenidade obsceno renascer renascimento ressuscitar suscitar

Escrevem-se com XC
exceção exceder excelência excelente excelso excêntrico
excepcional excerto excessivo excesso exceto excetuar
excitação excitar exclamar excludente excluir excursão

Escrevem-se com E - I
aborígene ansiar ansiedade carestia cedilha creolina
criação criar destilar disenteria dispêndio empecilho
encarnado escárnio esquisito imbuia invólucro meritíssimo
pátio penicilina periquito pontiagudo privilégio sequer
seringa terebintina umbilical usufruir usucapião verossímil

Observações
1- Se a palavra primitiva é grafada com determinada letra, as derivadas dela também
serão grafadas com a mesma letra.
Ex.: aprendiz – aprendizado, aprendizagem atraso – atrasar, atrasado
cereja – cerejinha, cerejeira gesto – gesticular
gorja – gorjear, gorjeio harmonia – harmonizar
juiz – juizado, ajuizado, ajuizar lápis – lapisinho, lapiseira
nojo – nojento, nojeira raiz – raizinha, enraizar
verniz – envernizado, envernizar vazar – vazão, esvaziar
2- Geralmente as palavras cognatas mantêm a mesma grafia.
Ex.: jeito, jeitoso, ajeitar, desajeitado ascender, ascensão, ascendente
Às vezes ocorrem exceções. Ex.: estender – Mas: extensão, extenso, extensivo

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F- Formas variantes
Há palavras que admitem mais de uma grafia.
Ex.: assobiar – assoviar bêbado – bêbedo
câimbra – cãibra caráter – carácter
catorze – quatorze cociente – quociente
coisa – cousa conetivo – conectivo
contato – contacto cota – quota
cotidiano – quotidiano cuspe – cuspo
enfarte – enfarto – infarto lacrimejar – lagrimejar
louro – loiro taberna – taverna
traslado – translado traspassar – transpassar – trespassar
– O numeral 50 só possui uma forma: cinquenta.
G- Homônimos e parônimos
Homônimos são palavras que têm a mesma escrita ou a mesma pronúncia, mas
significados diferentes.
acender – pôr fogo, ligar ascender – subir, elevar-se
caçar – perseguir, capturar cassar – anular, tornar sem efeito
cela – pequeno quarto sela – arreio, forma do verbo selar
censo – recenseamento senso – juízo, entendimento
cerrar – fechar serrar – cortar
cheque – documento bancário xeque – lance do xadrez, chefe árabe
concertar – ajustar, harmonizar consertar – reparar, corrigir
concerto – apresentação musical, harmonia conserto – reparo
coser – costurar cozer – cozinhar
esperto – perspicaz, inteligente experto – experiente, perito
espiar – observar, espionar expiar – reparar falta
estático – parado, imóvel como estátua extático – posto em êxtase, absorto
estrato – camada extrato – o que se extraiu
incerto – impreciso, não certo inserto - inserido
incipiente – principiante, iniciante insipiente – ignorante
tacha pequeno prego, mancha, defeito taxa – imposto, tributo
tachar – atribuir defeito, apelidar, rotular taxar – impor taxa
Parônimos são palavras parecidas quanto à escrita ou à pronúncia, mas que têm
significados diferentes.
absolver – perdoar, inocentar absorver – sorver, aspirar
arrear – pôr arreios arriar – abaixar, descer, cair
cavaleiro – homem que cavalga cavalheiro – homem cortês
comprimento – extensão cumprimento – saudação, ato de cumprir
deferir – aprovar diferir - diferenciar
descrição – ato de descrever discrição – recato, ato de ser discreto
descriminar – excluir a criminalidade discriminar – especificar, separar
despensa – onde se guardam mantimentos dispensa – ato de dispensar
emergir – vir à tona, subir imergir – afundar, mergulhar
emigrar – deixar uma região imigrar – entrar numa região
eminente – ilustre, elevado iminente – prestes a ocorrer
flagrante – evidente, no ato fragrante – perfumado
infligir – aplicar pena ou castigo infringir – violar, desrespeitar
inflação – alta de preços infração – violação à lei
mandado – ordem judicial mandato – cargo eletivo, preceito
ratificar – confirmar retificar – corrigir
tráfego – trânsito, circulação tráfico – comércio ilegal

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H- Outras questões ortográficas
1- Por que – por quê – porque – porquê
Por que – corresponde a:
– por que motivo
Ex.: Por que você não compareceu à solenidade?
Quero saber por que chegou atrasado à celebração.
– pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais
Ex.: O ideal por que lutamos é nobre.
Esta é a razão por que não fiz o trabalho.
– por qual, por quais
Ex.: O atleta não sabia por que time disputaria o torneio.
Por quê – corresponde a por que motivo e vem seguido de sinal de pontuação.
Ex.: Você se mostra indignado por quê?
A garota está triste. Gostaria de saber por quê.
Porque – corresponde a pois.
Ex.: O chão está molhado porque choveu à noite.
Porquê – é substantivo. Neste caso, geralmente a palavra vem precedida de artigo e
corresponde a motivo, razão.
Ex.: Ninguém entendeu o porquê daquela discussão.
Eis o porquê da nossa decisão contrária.
2- Onde – aonde – donde
Estas palavras só se empregam quando houver ideia de lugar.
Onde – corresponde a em que lugar, em que.
Ex.: Quero saber onde você mora.
Visitei a cidade onde você nasceu.
Donde – corresponde a de onde.
Ex.: Donde você veio?
Admirados, perguntavam donde lhe vinha tanta sabedoria.
Jesus subiu ao céu, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Aonde – corresponde a para onde. Também se emprega com verbos que pedem a
preposição a.
Ex.: Aonde você se dirige com tanta pressa?
Aonde você pretende chegar?
Quero saber aonde ele quer chegar.
3- Mal – mau
Mal – pode ser substantivo ou advérbio; nestes casos é o contrário de bem. Também
é conjunção subordinativa temporal, significando assim que.
Ex.: Livrai-nos do mal, Senhor.
O rapaz cantou mal.
Mal soou o sinal, todos se levantaram.
Mau – é adjetivo; neste caso é o contrário de bom.
Ex.: Ele é um mau jogador e prejudicou o time que obteve um mau resultado.
4- A - há – indicando tempo
A – indica tempo futuro.
Ex.: Daqui a uma semana participaremos de uma excursão.
Há – (forma do verbo haver) – indica tempo passado (equivale a faz).
Ex.: Há três semanas ele chegou de uma longa viagem.

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5- Cessão – seção – sessão
Cessão – significa ato de ceder, doação.
Ex.: Ele fez a cessão de vários bens à entidade.
Seção – significa divisão, repartição, setor.
Ex.: A notícia saiu na seção de esportes.
Ele trabalha na seção de informática.
Sessão – significa reunião, assembleia, evento, espaço de tempo.
Ex.: Na sessão ordinária, os sócios aprovaram as propostas.
Da programação constava uma sessão de filmes alemães.
Durante o congresso, realizou-se uma sessão de autógrafos.
6- Se não – senão
Se não – equivale a caso não.
Ex.: A festa será amanhã, se não chover.
Se não houver imprevistos, o jogo será realizado.
Senão – significa do contrário, de outro modo, a não ser, porém.
Ex.: Estude senão terá dificuldades.
Não vejo nada senão a névoa.
Não era caso de expulsão, senão de repreensão.
Senão – também pode significar falha, defeito, imperfeição.
Ex.: Em sua conduta, não houve um senão que o incriminasse.
7- Ao invés de – em vez de
Ao invés de – significa ao contrário de.
Ex.: Ao invés de ajudar, atrapalha.
Em vez de – significa no lugar de.
Ex.: Em vez de ir em frente, virou à direita.
8- Ao encontro de – de encontro a
Ao encontro de – exprime ideia de encontrar-se, concordar, estar a favor.
Ex.: Suas atitudes iam ao encontro do que Jesus ensinou.
Eles partiram ao encontro do Mestre.
De encontro a – exprime ideia de bater de frente, estar em sentido contrário.
Ex.: As medidas do governo foram de encontro aos interesses dos trabalhadores.
O rapaz jogou o carro de encontro ao muro.
9- Sob – sobre
Sob – significa embaixo, debaixo de.
Ex.: O gato dorme tranquilo sob a mesa.
Vivíamos sob um governo cruel.
Sobre – significa em cima de, a respeito de.
Ex.: A lágrima corria-lhe sobre a face.
O conferencista falou sobre ecologia e fraternidade.
10- Tampouco – tão pouco
Tampouco – significa nem, também não.
Ex.: A menina não estuda, tampouco trabalha.
Tão pouco – significa muito pouco.
Ex.: Esforçou-se tão pouco que foi reprovado nos testes.

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Emprego do hífen
Usa-se o hífen:
1- Nos compostos sem elemento de ligação, quando o primeiro é substantivo,
adjetivo, numeral ou verbo.
Ex.: ano-luz, arco-íris, via-sacra, boa-vida, alto-mar, dois-pontos, meia-calça,
meio-dia, primeiro-ministro, segunda-feira, beija-flor, guarda-chuva, lava-pés,
para-brisa, para-raios, porta-aviões, vaga-lume, vira-lata
Não se emprega o hífen em palavras que perderam a noção de
composição, como aguardente, girassol, madressilva, mandachuva,
paraquedas (e cognatos), passatempo, planalto, pontapé, vaivém, viravolta.
2- Por tradição ortográfica, em combinações vocabulares, como: abaixo-
assinado, alto-falante, el-rei, sempre-viva, ave-maria, pai-nosso, salve-rainha.
3- Nos compostos em que o primeiro elemento é “grão”, “grã” ou “bel”.
Ex.: grã-cruz, grã-duquesa, grã-fino, grão-mestre, bel-prazer
4- Em nomes geográficos iniciados por “grão”, “grã”, verbo, ou se houver artigo
entre os elementos.
Ex.: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro, Trás-os-Montes, Entre-os-Rios,
Baía de Todos-os-Santos
Os outros nomes geográficos escrevem-se sem hífen.
Ex.: América do Sul, Belo Horizonte, Porto Alegre, Cabo Verde
Exceção – Guiné-Bissau
5- Nos adjetivos gentílicos.
Ex.: belo-horizontino, porto-alegrense, rio-grandense-do-norte, afro-brasileiro,
anglo-holandês, euro-asiático, luso-espanhol
Não há hífen em palavras com só uma etnia, como afrodescendente,
anglomania, eurodeputado, lusofonia (não são adjetivos gentílicos)
6- Nos vocábulos onomatopaicos ou formados por elementos repetidos.
Ex.: blá-blá-blá, lenga-lenga, pingue-pongue, reco-reco, tico-tico, tique-taque,
zás-trás, zigue-zague
– xique-xique (ganzá, espécie de chocalho) – xiquexique (planta)
7- Nos compostos que designam espécies botânicas ou zoológicas.
Ex.: bem-te-vi, bicho-da-seda, canário-da-terra, joão-de-barro, mico-leão-
dourado, bem-me-quer, banana-da-terra, boca-de-leão, cana-de-açúcar,
castanha-do-pará, coco-da-baía, madressilva-dos-bosques, pimenta-do-reino
8- Nos compostos entre cujos elementos há o emprego de apóstrofo.
Ex.: cobra-d’água, olho-d’água, mãe-d’água
9- Em encadeamentos vocabulares ocasionais e em combinações históricas.
Ex.: ponte Rio-Niterói, percurso Limeira-Campinas, tratado Angola-Brasil
10- Nos compostos com o advérbio “mal” em que o segundo elemento se inicia
por vogal, H e L
Ex.: mal-afortunado, mal-assombrado, mal-estar, mal-humorado, mal-lavado.
Mas: malcheiroso, malcriado, malgrado, malvisto

21
Com a palavra “mal” no sentido de doença, emprega-se hífen, desde
que não haja elemento de ligação.
Ex.: mal-caduco (epilepsia), mal-francês (sífilis). Mas: mal de Alzheimer
11- Nos compostos com o advérbio “bem”, geralmente se emprega o hífen.
Ex.: bem-amado, bem-aventurado, bem-humorado, bem-me-quer, bem-vindo
Em muitos compostos, o advérbio “bem” aparece aglutinado com o
segundo elemento, sobretudo quando o significado dos termos é alterado.
Ex.: bendizer, bendito, benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, benquisto
12- Nas palavras terminadas por sufixos de origem tupi-guarani que
representam formas adjetivas, como “açu” (grande), “guaçu” (grande), “mirim”
(pequeno), se o primeiro elemento terminar por vogal acentuada graficamente
ou se a pronúncia exigir a distinção gráfica dos dois elementos.
Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu, Ceará-Mirim

Com prefixos e radicais


Emprega-se o hífen:
A- Nas formações com os prefixos ante, anti, arqui, auto, contra, entre,
extra, infra, intra, semi, sobre, supra, ultra e com radicais (que funcionam
como falsos prefixos), como aero, foto, macro, maxi, mega, micro, mini, neo,
proto, pseudo, retro, socio e outros – quando o segundo elemento começa
por H ou pela mesma vogal com que termina o primeiro elemento.
Ex.: ante-estreia, ante-histórico, anti-higiênico, anti-inflamatório, auto-hipnose,
auto-ônibus, contra-ataque, infra-assinado, micro-onda, micro-organismo,
pseudo-heroico, sobre-humano, supra-auricular, ultra-aquecido, ultra-honesto
B- Nas formações com os prefixos hiper, inter e super – quando o segundo
elemento começa por H ou R.
Ex.: hiper-humano, hiper-reativo, inter-humano, inter-racial, super-habilidade,
super-homem, super-realização, super-requintado
C- Nas formações com o prefixo sub – quando o segundo elemento começa
por B, H, R.
Ex.: sub-base, sub-humano, sub-hepático, sub-raça, sub-reitor
D- Nas formações com os prefixos circum e pan – quando o segundo
elemento começa por vogal, H, M ou N.
Ex.: circum-escolar, circum-hospitalar, circum-murado, circum-navegação,
pan-americano, pan-mágico, pan-negritude
E- Elementos sempre seguidos de hífen
além – Ex.: além-mar, além-túmulo
aquém – Ex.: aquém-fronteira, aquém-mar
ex (=anterior) – Ex.: ex-esposa, ex-presidente
lesa - leso – Ex.: lesa-pátria, leso-direito
recém – Ex.: recém-casado, recém-chegado, recém-nascido, recém-nomeado
sem – Ex.: sem-número, sem-terra, sem-teto, sem-vergonha, sem-cerimônia
sota / soto – Ex.: sota-piloto, soto-mestre
vice / vizo – Ex.: vice-diretor, vice-presidente, vizo-rei

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F- Os prefixos pós, pré e pró, quando tônicos, devem vir seguidos de hífen.
Ex.: pós-comunhão, pós-graduação, pós-operatório, pré-escola, pré-estreia,
pré-matrícula, pré-nupcial, pré-vestibular, pró-britânico, pró-governo
Mas não há hífen quando os prefixos forem átonos. Ex.: propor, prever, pospor
Quanto ao prefixo pre, existem palavras em que ele costuma ser
pronunciado como tônico, mas oficialmente é átono; por isso não admite o
hífen. Ex.: predeterminar, preencher, preestabelecer, preestabelecimento,
preexistência, preexistir, prefigurar, prejulgar, etc.
Admite dupla grafia: pré-requisito ou prerrequisito (o dicionário do
“Aurélio” só registra a forma com hífen; o VOLP – Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa – registra as duas formas).
As expressões “pro forma” e “pro labore” escrevem-se sem hífen, pois
são expressões latinas

Não se usa o hífen


a) Com os prefixos co e re
Ex.: coautor, coerdeiro, cofundador, cooperar, reeducar, reeleger reescrever
b) Nas expressões “tão só” e “tão somente” e nas palavras que têm “não” e
“quase” com função prefixal.
Ex.: não agressão, não fumante, não violência, quase delito, quase irmão
c) Em locuções ligadas por preposição ou conjunção (exceto nos adjetivos
gentílicos e nas palavras que designam espécies botânicas ou zoológicas,
como foi abordado nos itens 5 e 7).
Ex.: água de cheiro água de coco água com açúcar
azeite de dendê boca de lobo boca de siri (interj.)
bumba meu boi calcanhar de aquiles cão de guarda
comum de dois cor de abóbora cor de café
cor de café com leite cor de vinho dia a dia
dona de casa estrada de ferro fim de semana
maria vai com as outras mão de obra mestre de cerimônias
mestre de obras mula sem cabeça pai de santo
pão de ló pé de cabra pé de galinha
pé de moleque pé de vento ponto de exclamação
ponto de interrogação ponto e vírgula preto e branco
rabo de cavalo sinal da cruz tomara que caia

Exceções: água-de-colônia arco-da-velha cor-de-rosa mais-que-perfeito


pé-de-meia ao deus-dará à queima-roupa
Observe
bico-de-papagaio (planta) bico de papagaio (nariz adunco)
bola-de-neve (arbusto europeu) bola de neve (floco, o que toma vulto)
mão-de-vaca (planta) mão de vaca (sovina)
mata-cobra (inseto) mata cobra (tipo de bastão)
não-me-toques (planta) não me toques (melindre)
pé-de-cabra (planta) pé de cabra (alavanca)
Admitem duas formas: carbo-hidrato e carboidrato, turbo-hélice e turboélice.

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Regência verbal
Aspirar – a) no sentido de sorver, respirar é transitivo direto.
Ex.: Ele aspira o ar puro da serra.
b) no sentido de almejar, pretender é transitivo indireto.
Ex.: Ele aspira ao sacerdócio.
Assistir – a) no sentido de ver, presenciar, é transitivo indireto.
Ex.: Assistimos a um belo espetáculo.
b) no sentido de dar assistência, socorrer, ajudar, é transitivo direto.
Ex.: A população assistiu os flagelados da enchente
O médico assistiu o doente.
c) no sentido de caber (um direito), competir, é transitivo indireto.
Ex.: Este direito não assiste a você.
Não lhe assiste tal tarefa.
d) no sentido de morar, residir, é intransitivo.
Ex.: Atualmente ele assiste em Brasília.
Visar – a) no sentido de mirar, apontar arma, é transitivo direto.
Ex.: O caçador visou o elefante.
b) no sentido de pôr o visto, é transitivo direto.
Ex.: O gerente visou o cheque.
c) no sentido de ter por objetivo, ter em vista, é transitivo indireto.
Ex.: Ele visava ao cargo de coordenador.
Agradar – a) no sentido de ser agradável, deleitar, é transitivo indireto.
Ex.: O rapaz agradava a todos.
b) no sentido de fazer agrados, afagar, é transitivo direto.
Ex.: A menina agradava o gatinho.
Querer – a) no sentido de desejar, é transitivo direto.
Ex.: Ele queria um cargo vantajoso.
b) no sentido de estimar, gostar, é transitivo indireto.
Ex.: Eu quero aos meus amigos.
Proceder – a) no sentido de provir, originar-se, pede a preposição de.
Ex.: Ele procede de família ilustre.
Nós procedemos da região central do estado.
b) no sentido de dar andamento, é transitivo indireto.
Ex.: O juiz procedeu ao julgamento.
c) no sentido de ter fundamento, é intransitivo.
Ex.: Sua reclamação não procede, meu amigo.
d) no sentido de agir, comportar-se, é intransitivo.
Ex.: Durante as aulas, o menino procedeu mal.
Antipatizar e simpatizar – são transitivos indiretos e pedem a preposição com.
Ex.: Eu simpatizo com suas ideias.
Antipatizava com aqueles colegas.
Obs. – Esses verbos não são pronominais.

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Implicar – a) no sentido de acarretar, ter como consequência, é transitivo
direto.
Ex.: A falta ao serviço implicou sua demissão.
b) no sentido de ser incompatível, não se harmonizar, é transitivo
indireto, com a preposição com.
Ex.: Uma opinião não implicava com a outra.
c) No sentido de antipatizar, mostrar-se impaciente, é transitivo indireto,
com a preposição com.
Ex.: Ele implicava com todos.
Pagar, perdoar e agradecer – podem ser transitivos diretos e indiretos. Se o
complemento for pessoa, será objeto indireto; se for “coisa”, será objeto direto.
Ex.: Deus perdoa nossos pecados.
Deus perdoa aos pecadores.
Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem.
Pagou o débito ao comerciante.
Pagarei a meu amigo o que lhe devo.
Agradeceu ao amigo o bonito presente (ou: pelo bonito presente).
Esquecer e lembrar – a) quando não pronominais, são transitivos diretos.
Ex.: Eu esqueci os fatos passados.
Lembrou os momentos alegres da infância.
b) quando pronominais, são transitivos indiretos.
Ex.: Eu me esqueci dos fatos passados.
Lembrou-se dos momentos alegres da infância.
c) Há ainda uma terceira situação, em que a coisa lembrada ou
esquecida é sujeito e a pessoa objeto indireto.
Ex.: Esqueceram-me os fatos passados.
Lembraram-lhe os momentos alegres da infância.
d) O verbo lembrar também pode ter dois objetos como complementos.
Ex.: Lembro a vocês o compromisso assumido.
Preferir – é transitivo direto e indireto: prefere-se uma coisa a outra.
Ex.: Prefiro vôlei a futebol.
Todos preferem o elogio à censura.
São erradas as formas “prefiro mais”, “prefiro menos”, “prefiro antes”.
Também são erradas as construções com a expressão do que.
Pode-se omitir o objeto indireto.
Ex.: Antigamente preferia vinho.
Ir e chegar – pedem a preposição a.
Ex.: À tarde iremos ao clube.
As garotas iam ao teatro.
Aonde vão com tanta pressa?
Chegaremos em breve à cidade histórica.
Aonde você quer chegar? À Lua?
Obedecer e desobedecer – são transitivos indiretos.
Ex.: O bom cidadão obedece às leis.
Não desobedeça a seus pais.

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Informar – é transitivo direto e indireto e admite duas construções: a pessoa
como objeto direto e a coisa informada como indireto: ou a coisa informada
como objeto direto e a pessoa como indireto.
Ex.: Informamos o prefeito do desastre (ou sobre o desastre).
Informamos ao prefeito o desastre.
Informo-o de que as coisas vão bem.
Informo-lhe que as coisas vão bem.
– Admitem a mesma construção: avisar, certificar, notificar, cientificar.
Observações
1- Não pode haver um único complemento de verbos de regências diferentes.
Ex.: Assisti e gostei do filme. – a construção não é adequada, pois o verbo
“assistir” pede preposição a e “gostar” pede preposição de.
– O correto é: Assisti ao filme e gostei dele.
Aceito e concordo com suas condições. – a construção não é adequada,
pois o verbo “aceitar” é transitivo direto e “concordar” é transitivo indireto.
– O correto é: Aceito suas condições e concordo com elas.
2- Os verbos transitivos indiretos não admitem voz passiva.
Ex.: O filme foi assistido pelos alunos. – essa construção não é adequada.
– O correto é: Os alunos assistiram ao filme. (na voz ativa)
3- Havendo pronome relativo, regido por verbo que pede preposição, esta se
desloca para antes do pronome.
Ex.: Estes são os filmes a que assisti.

Regência nominal
Quanto à regência dos nomes (substantivo, adjetivo ou advérbio) não há
tanta oscilação entre a norma popular e a culta. Mas, a título de exemplificação,
seguem alguns nomes com suas respectivas regências:
acessível a descontente com idêntico a perito em
afável com, para com desejoso de impossível de permissivo a
agradável a desfavorável a impróprio para perpendicular a
alheio a diferente de incompatível com pertinaz em
amante de difícil de inconsequente com possível de
análogo a digno de indeciso em possuído de
ansioso de, por entendido em independente de, em posterior a
assistência a erudito em indiferente a preferível a
apto a, para escasso de indigno de prejudicial a
benéfico a essencial para inerente a prestes a, para
capaz de, para estranho a inexorável a propício a
certo de fácil de leal a próximo a, de
compatível com favorável a lento em responsável por
compreensível a fiel a, em liberal com rico de, em
comum a, de firme em natural de seguro de, em
constante em
contíguo a Crase
generoso com
grato a
necessário a
negligente em
semelhante a
sensível a

Crase
contrário a hábil em nocivo a simpatia por
cuidadoso com habituado a parco em, de útil a, para
curioso de horror a paralelo a versado em
desatento a hostil a passível de

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Crase
Crase é uma palavra grega (krasis) que significa fusão. Na gramática, é
a fusão de duas vogais idênticas numa só.
No Português contemporâneo, a crase – indicada pelo acento grave –
ocorre quando há a contração da preposição A com:
1- o artigo definido a (as)
Ex.: Retornamos à fazenda após o trabalho.
Vamos à praia nesta manhã ensolarada.
Dirigi-me às alunas interessadas.
2- o pronome demonstrativo a (as)
Ex.: Esta caneta é semelhante à que me deu.
Falarei às que estiverem interessadas.
3- o pronome demonstrativo aquele (e flexões)
Ex.: Fui àquele parque com uns amigos.
Dirigi-me àquela pessoa com quem conversava na festa.
Refiro-me àquilo que você disse.
4- o pronome relativo a qual (as quais)
Ex.: A cidade à qual nos referimos é histórica.

Regras práticas
Para os casos 1 e 2:
a) Substitua a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se
diante da masculina empregar AO, então haverá crase diante da feminina.
Ex.: Fomos à escola (ao colégio).
Falarei às que estiverem interessadas (aos que)
b) Haverá crase se o A puder ser substituído por para a ou para as.
Ex.: Iremos à fazenda (para a fazenda).
Voltei à escola. (para a escola).
Ofereci livros às alunas. (para as alunas).
Falarei às que estiverem interessadas. (para as que)
Para o caso 3:
Haverá crase diante do pronome demonstrativo aquele (e flexões) se puder
ser substituído por a esse (e flexões).
Ex.: Refiro-me àquele aluno que foi premiado. (a esse).
Dirigi-me àquela menina. (a essa).
Fiz alusão àquilo que você presenciou. (a isso).
Para o caso 4:
Empregue a regra prática de substituir por uma palavra masculina. Se
empregar ao qual, então haverá crase com o pronome a qual.
Ex.: A cidade à qual iremos possui belas praias. (o município ao qual)

Casos especiais
1- Nas expressões indicativas de horas, haverá crase se a expressão
puder ser substituída por ao meio-dia.
Ex.: Chegou às sete horas. (ao meio-dia).
A aula se inicia à uma hora. (ao meio-dia)

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2- Sempre ocorre crase nas locuções adverbiais, locuções prepositivas e
locuções conjuntivas femininas.
Ex.: Chegaram à tarde e retornaram à noite.
Agia às escondidas e caminhava às pressas.
Sentaram-se à sombra.
Vire à direita e depois à esquerda.
Vivia à toa pelas ruas da cidade, à procura de ajuda.
Estava à disposição da congregação.
À medida que o tempo passa, ficamos mais experientes.
Com a expressão à moda (ou à moda de) ocorre crase, mesmo que a
palavra moda esteja subentendida.
Ex.: Vestia-se à moda Pierre Cardin.
Usava sapatos à Luís XV.
Possui um estilo à Machado de Assis.
Ostentava um cabelo à Beatles.
3- Com a palavra casa, no sentido de lar, moradia, não ocorre crase,
exceto se vier acompanhada de um determinante.
Ex.: Voltou cedo a casa.
Voltou à casa paterna.
Dirigiu-se à casa dos avós.
4- Com a palavra terra, significando o contrário de a bordo, não ocorre
crase, exceto se vier acompanhada de determinante.
Ex.: Após longa viagem, os marinheiros desceram a terra.
Assim que o avião pousou, eles descerram à terra de seus antepassados.

Crase facultativa
Diante de pronomes possessivos femininos e depois da preposição até.
Ex.: Obedeço a minha mãe. (ou à minha mãe)
Fomos até a feira. (ou até à feira)
Diante de nomes femininos de pessoas, só se usa artigo quando se
indica afetividade, familiaridade. Nesse caso, ocorre crase.
Ex.: Falarei à Sandra, minha colega, sobre a festa junina.
Mas: Referimo-nos a Sofia, a rainha da Espanha.

Nunca ocorre crase


a) Diante de substantivos masculinos.
Ex.: Vamos ao sítio a pé ou a cavalo?
b) Diante de verbos.
Ex.: Marina se pôs a cantar alegremente.
c) Diante de pronomes que não aceitam artigo.
Ex.: Dirijo-me a Vossa Excelência.
Fiz alusão a ela.
Isto não interessa a ninguém.
d) Nas expressões formadas por palavras repetidas, como: frente a frente,
ponta a ponta, gota a gota, face a face, etc.
Ex.: Paulo e seu antigo rival ficaram frente a frente.
Tomava remédio gota a gota.

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Estudo da sintaxe
Frase e oração
1 – Frase é todo enunciado capaz de transmitir uma ideia..
Ex.: Fogo!
Socorro!
Cada um cumpra o seu dever.
O céu e a terra proclamam a glória de Deus.
As frases podem ser:
a) declarativas
Ex.: Deus é perfeito.
Nesta noite só pensei nela.
b) interrogativas
Ex.: Por que você está tão triste?
Quero saber onde moras.
c) imperativas
Ex.: Alunos, estudem com dedicação.
Não me leves para o mar.
Honrarás pai e mãe.
d) exclamativas
Ex.: Como me enganei!
Oh! Mas que maravilha!
e) optativas (exprimem desejo)
Ex.: Que Deus te ilumine, meu filho!
Oxalá encontres o que desejas!

Os diversos tipos de frases podem encerrar uma afirmação ou uma negação. No


primeiro caso, a frase é afirmativa; no segundo, é negativa.
2 – Oração é toda frase que possui verbo. É a frase de estrutura sintática que
apresenta normalmente sujeito e predicado e, excepcionalmente, só o predicado.
Ex.: A distância alimenta o sonho.
O trabalho constrói o progresso da nação.
3 – Período é a frase constituída por uma ou mais orações.
Pode ser simples, quando constituído de uma só oração; composto, quando
constituído por mais de uma oração.
Ex.: A ignorância do bem é a causa do mal. (simples)
Enquanto uns trabalham, outros se divertem. (composto)
Reza e trabalha. (composto)
4 – Termos da oração - Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como parte
de um conjunto harmônico. São os termos da oração. Cada termo desempenha uma
função sintática na oração.
Há os termos essenciais (sujeito e predicado), os termos integrantes (objeto direto,
objeto indireto, complemento nominal e agente da passiva) e os termos acessórios
(adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto).
Há ainda o vocativo, que não tem função sintática e indica apelo, chamamento.

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Termos essenciais da oração
A- Sujeito – é o ser de quem se fala na oração.
Pode ser simples, composto, indeterminado.
1- Sujeito simples – aquele que é constituído de um só núcleo.
Ex.: Ele recebeu o maior prêmio.
Os alunos desta classe foram classificados.
Ouviu-se um grande ruído no quintal.
Aconteceram coisas horríveis naquelas férias.
2- Sujeito composto – aquele que é constituído por mais de um núcleo.
Ex.: As tartarugas e os crocodilos podem viver quinhentos anos.
Passarão o céu e a terra.
Obs. – a) Se o sujeito é simples, o verbo concorda normalmente com ele; se o sujeito
é composto, o verbo vai para o plural.
b) O sujeito pode estar oculto, mas se identifica pela terminação verbal.
Ex.: Vamos alegres a esta celebração. – sujeito simples: nós (oculto)

3- Sujeito indeterminado – aquele que não se nomeia por não se saber quem é, ou
porque não se quer nomear.
O sujeito indeterminado pode ser expresso de duas maneiras:
a) empregando-se o verbo na 3ª. pessoa do plural, sem referência a qualquer sujeito
expresso anteriormente.
Ex.: Na rua olhavam-no com admiração.
Nesta noite roubaram aquela loja.
Nesta empresa, precisam de técnicos competentes.
b) empregando-se o verbo na 3ª. pessoa do singular, acompanhado da palavra se
como índice de indeterminação do sujeito.
Ex.: Por esta estrada vai-se a São Paulo.
Precisa-se de sacerdotes comprometidos com o povo.
Vive-se muito bem neste país.

4- Oração sem sujeito – ocorre com os verbos impessoais, que são:


a) haver no sentido de existir, acontecer ou indicando tempo decorrido.
Ex.: Na classe havia alunos excelentes.
Seria bom se não houvesse guerras.
Esperamos que haja muitas manifestações de apoio.
Houve muitas festividades para comemorar o título.
Na Semana Santa haverá grandes celebrações litúrgicas.
Há vinte anos não acontecia isso.
b) fazer indicando tempo decorrido ou fenômeno da natureza.
Ex.: Faz oito dias que comecei o trabalho.
Amanhã fará cinco anos que ingressei na ordem capuchinha.
Ontem fez 40 graus de calor.
Na primavera faz manhãs ensolaradas.
c) passar seguido da preposição de e indicando tempo.
Ex.: Já passava das seis horas quando ele chegou a casa.
Passa das quatro horas da madrugada e ele ainda não voltou.
d) bastar e chegar seguidos da preposição de.
Ex.: Basta de tolices!
Todos gritavam: chega de corrupção!

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e) Verbos que indicam fenômenos da natureza.
Ex.: Anoiteceu rapidamente.
No início do ano, choveu muito nesta região.
No mês de julho, nevou no sul do Brasil.
Hoje está frio, por isso agasalhe-se bem.
Durante a travessia do lago, ventava muito.
Geou nesta região na madrugada de hoje.
Se empregados em sentido figurado, esses verbos terão sujeito.
Ex.: Apesar do sono agitado, ele amanheceu alegre.
Chovem bênçãos divinas sobre nosso povo.
O diretor trovejou duras palavras contra os funcionários.
O dia amanheceu bastante chuvoso.

Observações
Os verbos impessoais só se empregam na 3ª. pessoa do singular.
Ex.: Havia graves problemas na cidade.
Faz dois meses que não chove.
Na estrada houve graves acidentes.
No colégio haverá festas em homenagem ao padroeiro.
Fazia vários meses que ele estava desempregado.
A impessoalidade de tais verbos se estende aos verbos auxiliares que com
eles formam locução verbal.
Ex.: Não poderia haver notícias mais tristes!
Devia haver duzentos convidados na festa.
Vai fazer trinta dias que ele partiu.
Que horas são? Não deve passar das quatro horas.
Costuma haver grandes debates nesta faculdade.

Verbo ser
1- Ocorre oração sem sujeito com o verbo ser nas indicações de distância,
hora e data, mas ele tem emprego especial.
a) Indicando hora e distância, concorda com a expressão numérica.
Ex.: Daqui ao colégio é uma quadra.
De casa à igreja são duas quadras.
Agora é uma hora.
Seriam talvez duas horas da tarde quando ele partiu.
Era meio-dia quando o torneio teve início.
Quando forem quatro horas, terá início a competição.
b) Indicando data, o verbo pode concordar com o número ou ficar no singular
(concordando com a palavra dia que está subentendida).
Ex.: Hoje é 1º. de maio, quando se comemora o Dia do Trabalho.
Hoje é 4 de outubro. Hoje são 4 de outubro.
Ontem foi 3 de outubro. Amanhã serão 5 de outubro.
Se a palavra dia estiver expressa, o verbo ficará só no singular.
Ex.: Era dia 7 de setembro, quando se comemorava a independência.
Hoje é dia 4 de outubro. Amanhã será dia 5.
2- Também ocorre oração sem sujeito quando o verbo ser indica tempo,
empregado só na terceira pessoa do singular.
Ex.: É noite, a lua e as estrelas enfeitam o céu.
Era uma vez um príncipe que se apaixonou por uma plebeia.
Era de madrugada quando ele chegou de viagem.

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B- Predicado – é tudo aquilo que se declara do sujeito.
Pode ser verbal, nominal e verbo-nominal.

1- Predicado verbal – é aquele que declara um fato, uma ação.


Tem como núcleo o verbo.
Ex.: Os pessegueiros floriram em setembro.
Os atletas jogaram mal ontem.
Assisti ao jogo na arquibancada.
Ofereci uma flor a ela.
Ela não estava em casa.

O verbo, núcleo do predicado, pode ser transitivo ou intransitivo.

a) Verbo intransitivo é aquele que não tem complemento.


Ex.: Os pessegueiros floriram em setembro.
Os atletas jogaram mal ontem.

b) Verbo transitivo é aquele que tem complemento.


Quando o verbo se liga diretamente ao complemento (sem preposição),
chama-se transitivo direto e o complemento, objeto direto.
Ex.: As plantas purificam o ar.
purificam – verbo transitivo direto; o ar – objeto direto
Os cristãos louvam a Virgem Maria
louvam – verbo transitivo direto; a Virgem Maria – objeto direto
Quando o verbo se liga ao complemento através de preposição, chama-se
transitivo indireto e o complemento, objeto indireto.
Ex.: Assisti ao jogo da arquibancada.
assisti – verbo transitivo indireto; ao jogo – objeto indireto
Nós confiamos em Deus.
confiamos – verbo transitivo indireto; em Deus – objeto indireto
Quando o verbo tem dois complementos, chama-se transitivo direto e indireto.
Ex.: Ofereci uma flor a ela.
ofereci – verbo transitivo direto e indireto
uma flor – objeto direto; a ela – objeto indireto
Expliquei isso a ela.
expliquei – verbo transitivo direto e indireto
isso – objeto direto; a ela – objeto indireto

A análise da transitividade verbal é feita de acordo com o contexto e não


isoladamente. O mesmo verbo pode estar empregado ora transitivamente, ora
intransitivamente.
Ex.: Perdoai sempre. (intransitivo)
Perdoai as ofensas. (transitivo direto)
Perdoai aos inimigos. (transitivo indireto)
Perdoai as ofensas aos inimigos. (transitivo direto e indireto)
Os alunos estudam bastante. (intransitivo)
Os alunos estudam português. (transitivo direto)

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2- Predicado nominal – é aquele que declara uma qualidade, característica ou
estado do sujeito.
Tem como núcleo um nome (substantivo, adjetivo, numeral, pronome).
Ex.: Luciana é uma aluna .
Marcos estava irritado.
As virtudes teologais são três.
Nosso ideal é este.

O núcleo do predicado nominal se chama predicativo do sujeito e liga-se ao


sujeito através de um verbo, que recebe o nome de verbo de ligação. O predicativo
exprime um atributo, característica, estado, modo de ser do sujeito.
Ex.: Você anda fatigada pelo excesso de trabalho.
fatigada – predicativo do sujeito; anda – verbo de ligação
Eu sou a tua sombra.
Roseane permaneceu calada.
A mesa era de mármore.
A árvore ficou sem folhas.
A crisálida virou borboleta.
O dia continua chuvoso.
As crianças tornaram-se rebeldes.
Nós éramos cinco.
Eu não sou este.
Ela parecia uma flor.
A operação resultou inútil.

No predicado verbal, os verbos são significativos, isto é, trazem ideia nova ao


sujeito. No predicado nominal, os verbos de ligação não trazem propriamente ideia
nova ao sujeito, servem para estabelecer a união entre o sujeito e o predicativo.
Os verbos que mais frequentemente são de ligação: ser, estar, ficar,
permanecer, parecer, andar. Mas serão de ligação se o predicado for nominal. Da
mesma forma os outros verbos: continuar, virar, tornar-se, etc.
Ex.: A menina está alegre.
predicado nominal; está – verbo de ligação
A menina está na classe.
predicado verbal; está – verbo intransitivo
Os alunos ficaram entusiasmados com a festa.
predicado nominal; ficaram – verbo de ligação
Os alunos ficaram na escola.
predicado verbal; ficaram – verbo intransitivo
Marina anda doente.
predicado nominal; anda – verbo de ligação
Marina anda devagar.
predicado verbal; anda – verbo intransitivo
O trem continuava parado na estação.
predicado nominal; continuava – verbo de ligação
O viajante continuou seu caminho.
predicado verbal; continuou – verbo transitivo direto

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3- Predicado verbo-nominal – é aquele que declara uma ação ou fato e, ao
mesmo tempo, um atributo ou estado do sujeito ou do objeto.
Tem dois núcleos: um verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome, que
será predicativo do sujeito ou predicativo do objeto.
Ex.: O soldado voltou ferido.
voltou – verbo intransitivo; ferido – predicativo do sujeito
Assisti à cena estarrecido.
assisti – verbo transitivo indireto; estarrecido – predicativo do sujeito
O soldado foi julgado incapaz.
foi julgado – verbo transitivo direto; incapaz – predicativo do sujeito
Desanimados, os jogadores deixaram o campo.
deixaram – verbo transitivo direto; desanimados – predicativo do sujeito
O povo elegeu-o deputado.
elegeu – verbo transitivo direto; deputado – predicativo do objeto direto
O juiz considerou o réu inocente.
considerou – verbo transitivo direto; inocente – predicativo do objeto direto

O predicado verbo-nominal é a fusão de dois predicados. A frase “O soldado


voltou ferido”, por exemplo, podemos desmembrar em duas:
O soldado voltou. – predicado verbal O soldado estava ferido. – predicado nominal
Observe ainda estes exemplos:
O povo elegeu-o. – predicado verbal Ele ficou deputado. – predicado nominal
– O povo elegeu-o deputado. – predicado verbo-nominal
Todos o consideravam. – predicado verbal Ele era sábio. – predicado nominal
– Todos o consideravam sábio. – predicado verbo-nominal
As crianças corriam. – predicado verbal Elas estavam alegres. – predicado nominal
– As crianças corriam alegres. – predicado verbo-nominal
O juiz considerou o réu. – predicado verbal Ele era inocente. – predicado nominal
– O juiz considerou o réu inocente. – predicado verbo-nominal

O predicativo do objeto pode, às vezes, vir precedido de preposição.


Ex.: Alguns o consideravam como um aventureiro.
Todos a tratam por madame.
Chamam-no de impostor.
Ele adotou-a por filha (ou como filha)

No predicado verbo-nominal, geralmente, é possível estarem subentendidas as


expressões estando ou como sendo antes do predicativo.
Ex.: O soldado voltou ferido. (estando ferido)
Os alunos entregaram as provas preocupados. (estando preocupados)
Assisti à cena estarrecido. (estando estarrecido)
Furioso, protestava em voz alta contra a decisão. (estando furioso)
Desanimados, os jogadores deixaram o campo. (estando desanimados)
Considerou o réu inocente. (como sendo inocente)
Julgo-o incapaz disto. (como sendo incapaz)
Todos o consideravam sábio. (como sendo sábio)

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Termos integrantes
São os que completam a significação transitiva dos verbos e nomes.
Integram (inteiram, completam) o sentido da oração, sendo por isso
indispensáveis à compreensão do enunciado.
São termos integrantes da oração: complementos verbais (objeto direto
e objeto indireto), complemento nominal e agente da passiva.
1- Objeto direto – é o complemento que se liga ao verbo diretamente.
Ex.: As plantas purificam o ar. Ninguém me encontrou.
Convidei-a para um passeio. Houve grandes festejos.
Marcela olhou-se no espelho. Ofereceu um lindo presente.

2- Objeto indireto – é o complemento que se liga ao verbo através de preposição.


Ex.: Assisti ao jogo. Preciso muito de você.
Obedeço a meus pais. Anseio por tua volta.
Ele aspirava ao sacerdócio. Nós confiamos em Deus.

3- Complemento nominal – é o termo, regido de preposição, que completa o sentido


de um substantivo, de um adjetivo ou de um advérbio.
Ex.: Sua resposta ao examinador foi inteligente.
está completando o substantivo resposta, regido pela preposição a
A vida era necessária aos dois.
está completando o adjetivo necessária, regido pela preposição a
O senado votou contrariamente à pena de morte.
está completando o advérbio contrariamente, regido pela preposição a

Outros exemplos:
A sala está cheia de gente.
A invenção da imprensa foi um grande acontecimento.
O juiz decidiu favoravelmente ao réu.
A assistência às aulas é obrigatória para todos.
O amor aos pais é agradável a Deus.
Tinha muito gosto pela arte.
O respeito às leis é importante para a ordem.
Faz tudo independentemente de nossa vontade.
A água é indispensável à vida.

4- Agente da passiva – é o termo que indica o ser que pratica a ação expressa por
um verbo na voz passiva.
Ex.: A carta foi escrita por um marinheiro.
O agente da passiva vem regido pela preposição por (ou per) e, às vezes, pela
preposição de (com sentido de por).
Ex.: O trabalho foi feito por mim.
Isto é sabido de todos.
Esta classe é formada de bons alunos.
A nação foi defendida por grandes heróis.
O Brasil foi descoberto por Cabral.
O edifício foi destruído pelo fogo. (per – o)
Tudo foi exposto pelos dois. (per – os)

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Termos acessórios
Desempenham na oração uma função secundária, qual seja, limitar o
sentido dos substantivos ou exprimir alguma circunstância. Embora tragam
dado novo à oração, não são indispensáveis ao entendimento do enunciado.
São termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.
1- Adjunto adnominal – é o termo que determina, caracteriza ou especifica um
substantivo, que é núcleo de função sintática.
Ex.: O meu irmão é um estudante aplicado.
sujeito simples – o meu irmão
núcleo do sujeito – irmão
adjuntos adnominais – o, meu
predicativo do sujeito – um estudante aplicado
núcleo do predicativo do sujeito – estudante
adjuntos adnominais – um, aplicado

O adjunto adnominal pode ser expresso por artigo, adjetivo, locução adjetiva,
pronome e numeral quando acompanham substantivos.
Ex.: O sorriso da menina cativou a todos.
o - artigo; da menina - locução adjetiva – adjuntos adnominais de “sorriso”
Este menino comprou dois tênis coloridos.
este - pronome demonstrativo – adjunto adnominal de “menino”
dois - numeral cardinal; coloridos - adjetivo – adjuntos adnominais de “tênis”

2- Adjunto adverbial – é o termo de valor adverbial que exprime alguma


circunstância, modificando um verbo, um adjetivo ou um advérbio.
O adjunto adverbial é expresso por um advérbio ou por uma locução adverbial.
Ex.: O aluno estuda com dedicação.
adjunto adverbial de modo – modifica o verbo “estuda”
Ele é bastante aplicado.
adjunto adverbial de intensidade – modifica o adjetivo “aplicado”
As crianças caminhavam bastante devagar.
devagar: adjunto adverbial de modo – modifica o verbo “caminhavam”
bastante: adjunto adverbial de intensidade – modifica o advérbio “devagar”

São vários os tipos de adjunto adverbial, classificados de acordo com a


circunstância que eles exprimem: de acréscimo, de afirmação, de assunto, de causa,
de companhia, de concessão, de condição, de conformidade, de fim (ou finalidade),
de instrumento, de intensidade, de lugar, de matéria, de meio, de modo, de negação,
de oposição, de quantidade, de tempo, etc.
Ex.: Sim, eu irei à festa. (de afirmação)
O conferencista dissertou sobre a poluição ambiental. (de assunto)
Quantos há que morrem de fome neste país! (de causa)
Partiu com os pais. (de companhia)
Apesar do mau tempo, o avião levantou voo. (de concessão)
Sem boa vontade, tudo fica difícil. (de condição)
Segundo sua opinião, não deve haver reprovação. (de conformidade)
Possivelmente tenha nova oportunidade. (de dúvida)
Ele fez a prova a lápis. (de instrumento)

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3- Aposto – é o termo que explica, esclarece ou desenvolve a ideia contida num termo
anterior.
Ex.: O Brasil, nossa pátria, atravessa momentos difíceis.
José, o esposo de Nossa Senhora, era um homem justo.
Quatro línguas – alemão, francês, italiano e rético – são faladas na Suíça.
Maria – mãe de Jesus e da Igreja – é louvada pelos cristãos.
Eis três mulheres bíblicas: Sara, Rebeca e Lia.
Nosso desejo é este: a sua felicidade.

O aposto pode vir precedido das expressões explicativas “isto é”, “a saber”, ou
da preposição acidental “como”.
Ex.: Na América do Sul, dois países, isto é, a Bolívia e o Paraguai, não são
banhados pelo mar.

Geralmente o aposto vem separado do nome a que se refere por sinais de


pontuação: vírgula, travessão ou dois-pontos.
Mas há um tipo de aposto que não vem separado por sinal de pontuação.
Ex.: A cidade de Lisboa é a capital de Portugal.
O mês de dezembro é bastante alegre.
Minha filha Renata é muito graciosa.
O aposto refere-se a outro termo da oração e pode referir-se a outro aposto.
Ex.: O rei perdoou a ambos: ao fidalgo e ao criado.
- aposto do objeto indireto a ambos
Ontem, segunda-feira, passei mal o dia.
- aposto do adjunto adverbial de tempo ontem
Adriano casou-se com Selma, filha do diretor, senhor de respeito.
- filha do diretor – aposto do objeto indireto Selma
- senhor de respeito – aposto do aposto filha do diretor
Às vezes, o aposto pode preceder o termo a que se refere.
Ex.: Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
(na ordem direta: Mário, rapaz impulsivo, não se conteve)
Mensageira da ideia, a palavra é bela expressão da alma.
(na ordem direta: A palavra, mensageira da ideia, é bela expressão da alma)

Vocativo
É o termo sem função sintática que indica chamamento, apelo.
Ex.: Ó Deus, atendei nossos pedidos.
Senhor, ouvi a nossa prece.
Pai, afasta de mim este cálice.
Alunos, dirijam-se à secretaria.
Saia já, menina!
O vocativo, como não pertence à estrutura da frase, pode vir no início, no meio
ou no fim da oração, separado por vírgula.
Quando se quer dar ênfase, principalmente na linguagem poética, pode vir
separado por ponto de exclamação.
Ex.: Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!

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Sinais de pontuação
Vírgula
O emprego da vírgula obedece a certos princípios gramaticais e estilísticos. Por
isso, estando a oração na ordem direta, isto é, sem inversões ou intercalações, o emprego
da vírgula é, de modo geral, desnecessário.
Por isso, não se usa vírgula separando termos que, do ponto de vista sintático,
ligam-se diretamente entre si:
a) entre sujeito e predicado.
Ex.: Todos os componentes da mesa recusaram o projeto.
sujeito predicado
b) entre o verbo e os seus objetos, o predicativo ou o agente da passiva.
Ex.: O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
v.t.d.i. o.d. o.i.
Os alunos dedicados estavam confiantes.
verbo predicat.suj.
O Brasil foi descoberto por Cabral em 1500.
verbo ag. pass.
c) entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto adnominal.
Ex.: A surpreendente reação contra os sonegadores foi muito comentada.
adjs. adnominais nome compl. nominal

Emprega-se a vírgula
1- Quando o adjunto adverbial vem no início da frase ou intercalado.
Ex.: O petróleo, por causa da sua escassez, vem subindo de preço.
Antes das oito horas, todo o comércio estava de portas fechadas.
Se o adjunto adverbial for de curta extensão, pode-se omitir a vírgula.
Ex.: A agricultura tem usado ultimamente métodos mais eficazes.

2- Quando a conjunção vem posposta.


Ex.: Os cerrados são áridos; produzem, todavia, grandes quantidades de alimentos.
Todos foram convidados; muitos, porém, recusaram-se a comparecer ao ato.
Esforcei-me bastante; espero, pois, que desculpe meus erros.

3- Quando o objeto pleonástico vem anteposto ao verbo.


Ex.: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
As aves, alimento-as todos os dias.

4- Quando o predicativo do sujeito vem antes do verbo.


Ex.: Irritados, os jogadores deixaram o campo reclamando do juiz.
Os jogadores, irritados, deixaram o campo reclamando do juiz.

5- Para isolar as expressões explicativas ou corretivas: isto é, a saber, por exemplo, aliás,
ou melhor, etc.
Ex.: Países subdesenvolvidos, ou melhor, alguns países subdesenvolvidos estão
encontrando petróleo.
As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, dos lucros altos.

6- Depois do nome de lugar anteposto às datas em correspondências ou documentos.


Ex.: Recife, 15 de maio de 1982

7- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em enumeração).


Ex.: Era um homem de quarenta anos, baixo, meio gordo, careca.
A presença da conjunção e antes do último elemento dispensa vírgula.
Ex.: A ventania levou árvores, telhados, pontes e animais.

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Mas se a conjunção e vier repetida várias vezes (na figura de linguagem chamada
polissíndeto), usa-se a virgula antes de cada uma.
Ex.: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

8- Para marcar elipse (omissão) do verbo.


Ex.: Nós discutimos fatos e vocês, hipóteses. (elipse do verbo discutem)

9- Para isolar o aposto.


Ex.: São Paulo, estado mais rico do Brasil, enfrenta diversas dificuldades.
Deus, nosso Pai, é o criador do universo.
Obs. – O aposto também pode vir separado por dois-pontos ou por travessão, como se
verá adiante.

10- Para isolar o vocativo.


Ex.: Ouvi, ó Deus, o clamor dos vossos filhos.
Senhor, escutai a nossa prece.
Com sentido enfático, principalmente na linguagem poética, o vocativo pode vir
seguido de ponto de exclamação.
Ex.: Deus, ó Deus! Onde estás que não respondes?

Emprego da vírgula separando orações


1- As orações subordinadas substantivas – que funcionam como sujeito, predicativo do
sujeito, objeto direto, objeto indireto ou complemento nominal – não se separam da oração
principal por vírgula.
Ex.: É importante que todos compareçam. (or. sub. subst.. subjetiva)
Nosso desejo é que você seja feliz. (or. sub. subst. predicativa)
Todos esperam que você compareça. (or. sub. subst. objetiva direta)
Ninguém sabia se ele compareceria ao julgamento. (or. sub. subst. objetiva direta)
Precisamos de que nos compreenda. (or. sub. subst. objetiva indireta)
Tenho necessidade de que você me apoie. (or. sub. subst. completiva nominal)
A oração subordinada substantiva apositiva (faz a função de aposto) vem separada por
vírgula ou por dois-pontos; quando se quer dar ênfase, pode vir separada por travessão.
Ex.: Nosso sonho, que a paz reine entre todos os povos, será realizado?
Meu desejo é este: que você persevere em sua vocação.
O pedido de Maria é eloquente: Façam tudo o que Ele disser!
A mensagem de Jesus – que todos se amem como irmãos – deve ser proclamada.

2- As orações subordinadas adverbiais são as que exercem a função de um adjunto


adverbial: indicam ideia de causa, de comparação, de concessão, de condição, de
conformidade, de consequência, de finalidade, de proporção, de tempo.
Se vêm antes da oração principal ou intercaladas, separam-se por vírgula; se vêm
depois da oração principal, a vírgula é facultativa.
Ex.: Como ele estava doente, não pôde comparecer. (or. sub. adv. causal)
Como a flor acolhe o orvalho, assim eu o acolho. (or. sub. adv. comparativa).
A história, conforme opinam alguns, não se repete. (or. sub. adv. conformativa)
Apesar de ter se esforçado, não conseguiu êxito. (or. sub. adv. concessiva)
Se você se empenhar, obterá êxito em seus estudos. (or. sub. adv. condicional)
Para que aprendamos, é preciso estudo e dedicação. (or. sub. adv. final)
À medida que se vive, mais se aprende. (or. sub. adv. proporcional)
As crianças, quando os pais viajaram, ficaram com os avós. (or. sub. adv. temporal)
Todos se levantaram assim que o professor entrou. (or. sub. adv. temporal)
Fiquei tão preocupado que comecei a chorar. (or. sub. adv. consecutiva)
Jesus é o nosso salvador segundo ensina o Evangelho. (or. sub. adv. conformativa)
As três últimas frases poderiam ter vírgula separando as orações. Seu emprego é
facultativo, pois a oração subordinada adverbial vem depois da principal.

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3- As orações subordinadas adjetivas são as que fazem a função de um adjetivo. São
introduzidas por pronomes relativos e classificam-se em explicativas e restritivas.
a) As subordinadas adjetivas explicativas exprimem uma ideia que já é própria do
termo a que se referem. Devem vir separadas por vírgulas.
Ex.: O Brasil, que é o maior país sul-americano, atravessa momentos difíceis.
O Sol, que é uma estrela, é o centro do nosso sistema planetário.
Deus, que é nosso Pai, criou o universo.
Jesus, que por nós morreu e ressuscitou, quer ser amado no irmão.
b) As subordinadas adjetivas restritivas particularizam, restringem o sentido do
termo a que se referem. Não se separam por vírgulas
Ex.: Os alunos que se esforçam aprendem com mais facilidade.
Serão premiadas as crianças que se comportarem bem.
As árvores que estão floridas não serão derrubadas.
As pessoas que se dedicam obtêm melhores resultados.
Visitamos a cidade onde nasceu o ilustre poeta.
O futebol é um esporte do qual gosto muito.
Flávio é um amigo leal em quem confio muito.
O professor a quem me referi aposentou-se.
O escritor cuja obra foi premiada visitou nossa cidade.
Bem-aventurada é a pessoa cuja vida se pauta pelo Evangelho.
É feliz o povo cujo rei é o Senhor.
4- As orações coordenadas são independentes sintaticamente, isto é, não exercem
nenhuma função sintática em relação à outra.
Podem ser sindéticas (ligadas por conjunção) ou assindéticas (sem conjunção).
a) As coordenadas assindéticas separam-se por vírgulas.
Ex.: Olhava a paisagem, contemplava o céu, perdia-se em seus pensamentos.
b) As orações coordenadas sindéticas, exceto as aditivas, geralmente separam-se
por vírgula, embora não seja obrigatória.
Ex.: Estudava sempre, por isso não tinha dificuldade. (or. coord. sind. conclusiva)
O solo é árido, mas com a chuva torna-se fértil. (or. coord. sind. adversativa)
Ora chove, ora faz sol. (or. coord. sind. alternativa)
Esteja atento, ou poderá ter surpresa. (or. coord. sind. alternativa)
c) As orações coordenadas sindéticas aditivas (ligadas pelas conjunções e, nem,
bem como, não só ... mas também, como também,) não se separam por vírgula.
Ex.: A criança brincava e corria pelo parque.
O rapaz não trabalha nem estuda.
Os livros não só instruem mas também divertem.
Orações ligadas por e podem vir separadas por vírgula se os sujeitos forem diferentes.
Ex.: A menina brincava, e os pais olhavam-na atentamente.
A menina brincava e os pais olhavam-na atentamente.
Se a conjunção e vier repetida (na figura de linguagem chamada polissíndeto), deve-
se usar a vírgula separando todas as orações.
Ex.: Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua. (Olavo Bilac)
E vai, e corre, e luta na busca pelo ideal.
5- As orações intercaladas, também chamadas interferentes, são orações independentes,
que não pertencem à sequência do período; são usadas para um esclarecimento, um
aparte, uma citação. Essas orações devem vir separadas por vírgulas ou por travessões.
Ex.: Tem razão, concordou o amigo, a Bíblia é o nosso livro de fé e vida.
A caridade, ensina-nos o apóstolo Paulo, é a maior das virtudes.
O amor – proclama o Divino Mestre – é o sinal do cristão.
De minha parte – afirmou o diretor – não me oporei a nada.

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Ponto e vírgula
Emprega-se entre orações coordenadas, quando, por um motivo especial, quer se
indicar uma pausa mais marcante que a da vírgula, sem assinalar o término do período.
As razões que determinam o seu emprego são variadas e, muitas vezes,
dependem da subjetividade de quem escreve.
Mas podem-se apontar estes casos em que ele pode ser empregado:
1- Quando as orações coordenadas são extensas e guardam alguma simetria entre si.
Ex.: Os três primeiros livros me chamam à contemplação ascética e às reflexões morais;
os três últimos despertam os sentimentos de coração e levam meu espírito às mais
elevadas regiões da fantasia. (Machado de Assis)
Eu lhe paguei o cafezinho; ele me pagou o bonde. (Rubem Braga)
2- Quando as orações coordenadas, ainda que pouco extensas, opõem-se quanto ao
sentido ou enfatizam o contraste.
Ex.: Um dia da caça; outro do caçador. (ditado popular)
Não se disse mais nada; mas de noite retomou o assunto.
– Nos exemplos dados nos itens 1 e 2, pode-se empregar o ponto e vírgula, ou a
vírgula, ou ainda o ponto final.

3- Quando as orações coordenadas já vêm marcadas por vírgulas em seu interior, embora
não seja obrigatório, o emprego do ponto e vírgula é aconselhável por questão de clareza.
Ex.: Eram alegres, simpáticas; além disso, dedicadas no serviço aos pobres.

4- Já nos dois casos seguintes, deve-se empregar ponto e vírgula:


a) Numa enumeração em que os nomes vêm acompanhados de termo explicativo.
Ex.: Estavam presentes à cerimônia: Dom Odilo, cardeal-arcebispo de São Paulo; Frei
Carlos, ministro provincial; Frei José Antônio, representante da Pastoral Operária; Marcelo,
coordenador da Pastoral da Juventude; Irmã Rosana, religiosa franciscana.
b) Para separar itens de uma enumeração em relatórios, leis, decretos, portarias,
regulamentos, considerandos, etc.
Ex.: Na assembleia, deveremos tratar dos seguintes assuntos: a) cursos a serem
oferecidos; b) objetivos a serem atingidos; c) metodologia a ser empregada.
Artigo 92 – São órgãos do Poder Judiciário:
I- o Supremo Tribunal Federal;
II- o Superior Tribunal de Justiça;
III- os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV- os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V- os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI- os Tribunais e Juízes Militares;
VII- os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Feral.

(Constituição Federal)

Dois-pontos
1- Emprega-se este sinal de pontuação para indicar um aposto (geralmente no fim da
frase) ou uma oração apositiva.
Ex.: Este é nosso desejo: a sua aprovação.
Olhou a data: 28 de setembro.
A verdadeira causa das guerras é esta: os homens se esquecem do Decálogo.
Domingo pé de cachimbo, todo domingo aquele esquema: praia, bar, soneca, futebol,
jantar em restaurante. (Carlos Drummond de Andrade)

2- Para anunciar a fala de personagens em narrativas.


Ex.: Então ele respondeu:
– Não, jamais apoiarei uma atitude opressora.

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3- Para introduzir uma citação:
Ex.: Jesus nos ensinou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
4- Para indicar esclarecimento, resultado ou resumo do que se declarou.
Ex.: Mas Padre Anselmo era assim mesmo: amigo dos pobres.
Fez muita economia: depois de algum tempo, tinha uma boa quantia acumulada.
É triste dizer: o rapaz às vezes se embriagava.

Travessão
1- Emprega-se para separar apostos, principalmente quando se quer dar ênfase ou
quando são extensos e já possuem vírgula em seu interior.
Ex.: Maria – Estrela da Evangelização – é mãe da Igreja.
Três virtudes – fé, esperança e caridade – são a base da vida cristã.
Quatro línguas – alemão, francês, italiano e rético – são faladas na Suíça.
2- Para separar expressões ou orações intercaladas.
Ex.: Uma das glórias – e tantas são elas! – da nossa diocese é o Padre José Carlos.
Um bom ensino – diga-se mais uma vez – exige a real valorização do professor.
3- Para dar destaque a palavras ou expressões no interior de uma frase.
Ex.: Lenine abriu no berreiro, esbravejou e correu a apanhar pedras para desacatar –
esbodegar – as minhas vidraças. (Manuel Bandeira)
4- Nos diálogos, para indicar fala de um personagem ou mudança de interlocutor; também
para separar a fala do personagem do comentário do narrador.
Ex.: – Você é daqui mesmo? – perguntei.
– Quantas vezes devo perdoar? – perguntou Simão Pedro. – Até sete vezes?
– Senhor, salvai-nos porque perecemos! – gritaram os apóstolos.

Parênteses
Servem para isolar passagens que se desviam da sequência lógica do enunciado.
Assim, empregam-se:
1- Para circunscrever uma reflexão.
Ex.: Creio que seria capaz (talvez seja presunção) de aguentar com relativa indiferença
uma hecatombe. (Paulo Mendes Campos)

2- Para incluir um comentário paralelo.


Ex.: O trabalho de lê-las (a caligrafia do amigo é impenetrável), resumi-las e copiá-las
deixou-me cansado. (Cyro dos Anjos)

3- Para apresentar uma explicação ou uma definição.


Ex.: O juiz congelou todos os bens do réu (no valor de três milhões de reais) e condenou-o
a sete anos de prisão..
A Inglaterra reafirmou a soberania sobre as Ilhas Falkland (Malvinas para os
argentinos) e vários países apoiam essa decisão.

Reticências
Este sinal de pontuação é empregado para marcar uma interrupção da sequência
lógica da frase, deixando o pensamento suspenso. Seu emprego depende da
subjetividade de quem escreve e pode ter valor estilístico ou prático.
Empregam-se as reticências:
1- Com intenção deliberada de permitir que o leitor complete o pensamento que foi
suspenso, ou para permitir uma reflexão,
Ex.: Somos chamados à fraternidade, por isso sua atitude egoísta...
2- Para marcar fala quebrada, desconexa de quem está nervoso ou inseguro.
Ex.: Creio antes... sim... sim, creio isto. (Machado de Assis)

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3- No fim de um período gramaticalmente completo, para sugerir prolongamento da ideia.
Ex.: A estrada, ampla e silente, sem caminhantes adormece... (Olavo Bilac)

4- Outro emprego prático das reticências é indicar que parte de uma citação foi suprimida.
Nesse caso, vem entre parênteses.
Ex.: Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de
Deus está perto. ( ... ) O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de
passar. (Lc 21, 31.33)

Aspas
1- São empregadas para indicar citações.
Ex.: Ensina-nos São João da Cruz: “Os incomensuráveis bens de Deus só podem ser
acolhidos por um coração vazio.”
Obs. – Quando abrangem todo o período, as aspas aparecem depois da pontuação.
2- Para dar destaque a uma palavra ou expressão.
Ex.: Já entendi o “porquê” do seu projeto; só não percebo “como” executá-lo.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”. (Machado de Assis)
Nenhuma nação sobrevive sob o insensato refrão de que “é proibido proibir”.
3- Para indicar que a palavra está sendo tomada em outro sentido (geralmente irônico).
Ex.: Um desses “oficiais” defensores da legalidade era o Capitão Virgulino Ferreira, o
Lampião. (Rachel de Queirós)
Sua ideia foi mesmo “fantástica”! Perdemos tudo que construímos.
4- Para indicar palavras ou expressões que se desviam do nível da fala ou do próprio
idioma em que se expressa: estrangeirismo, arcaísmos, gírias, formas populares.
Ex.: O rapaz estava “numa boa”.
A menina ficou “grilada” com o resultado dos exames.
O “réveillon” foi muito animado.
5- Para indicar títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, filmes, etc.
Ex.: A reportagem foi publicada em “O Globo”.
O poema “Os lusíadas” é obra-prima de Camões..
Obs. – Nas situações abordadas nos itens 4 e 5, quando o texto é impresso, podem-se
empregar essas palavras ou expressões entre aspas ou em itálico.

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Substantivo
É a palavra que designa os seres.
Ex.: Deus, homem, animal, livro, felicidade, oração, paz
Os substantivos se classificam em:
a) próprio – Deus, Francisco, Clara, Argentina, Piracicaba
comum – divindade, santo, homem, mulher, país, cidade, alegria
b) concreto – flor, livro, homem, aluno, mesa, cidade, fada, saci, lobisomem
abstrato – amor, alegria, esperança, estudo, oração, franciscanismo
c) simples – livro, homem, rosa, fruta, sol, tempo, estrada, flor, mar
composto – homem-rã, manga-rosa, petróleo, girassol, passatempo
d) primitivo – ferro, livro, pedra, menino, amor, terra, céu, mar, lápis
derivado – ferreiro, livraria, pedrada, meninice, terreno, lapiseira, alegria
Substantivo coletivo – Entre os substantivos comuns, incluem-se os
coletivos, aqueles que, mesmo no singular, indicam conjunto de seres.
Ex: antologia, biblioteca, cáfila, cardume, frota, pomar, ramalhete, rebanho

Flexões – os substantivos se flexionam em: grau – aumentativo e


diminutivo; gênero – masculino e feminino; número – singular e plural.

Flexão de grau
Há dois graus dos substantivos: o aumentativo e o diminutivo.
Eles podem ser expressos de forma sintética e analítica.
1- O grau aumentativo sintético se forma com o acréscimo de sufixos
especiais ao radical.
Ex.: amigão, corpaço, muralha, vagalhão, lobaz, homenzarrão
O aumentativo analítico se forma com o auxílio dos adjetivos grande,
enorme, colossal, gigantesco e outros.
Ex.: homem grande, estátua colossal, monumento gigantesco

2- O grau diminutivo sintético se forma com o acréscimo de sufixos


especiais ao radical.
Ex.: amiguinho, saleta, cãozito, burrico, amoreco, barbicha, flautim
O diminutivo analítico se forma com o auxílio dos adjetivos pequeno,
pequenino, miúdo, minúsculo e outros.
Ex.: árvore pequena, semente minúscula, animal microscópico
Os aumentativos e diminutivos nem sempre exprimem aumento ou
diminuição do tamanho dos seres. Muitas vezes, são empregados com valor
afetivo, carinhoso; outras, com sentido pejorativo, depreciativo.
Ex.: Ele é meu filhinho querido. (afetivo)
Pedro sempre foi um amigão. (afetivo)
Paulinha, vamos ao cinema com o papai? (afetivo)
Você é o autor deste livreco? (depreciativo)
São versos horríveis! Só podem ser deste poetastro! (depreciativo)
Só um jornaleco para divulgar esta notícia! (depreciativo)

44
Flexão de gênero
Substantivos biformes
ateu – ateia ator – atriz barão - baronesa
burro – burra, besta cantador – cantadeira cantor - cantora, cantatriz
capiau – capioa coelho – coelha conde - condessa
cônsul – consulesa czar – czarina deus - deusa, deia, diva
duque – duquesa elefante – elefanta etíope - etiopisa
europeu – europeia falador – faladora, faladeira felá – felaína
galo – galinha ganso – gansa garçom – garçonete
grou – grua guri – guria hebreu - hebreia
herói – heroína ilhéu – ilhoa imperador – imperatriz
jabuti – jabota javali – javalina judeu - judia
lebrão – lebre lobo – loba maestro- maestrina
marajá – marani marquês – marquesa mestre – mestra
monge – monja parvo – párvoa, parva perdigão – perdiz
pigmeu – pigmeia plebeu – plebeia poeta – poetisa
príncipe – princesa profeta – profetisa rapaz – rapariga, moça
réu – ré sacerdote – sacerdotisa sandeu – sandia
tabaréu – tabaroa varão – varoa, matrona visconde – viscondessa
embaixador - embaixadora (diplomata) e embaixatriz (esposa do embaixador)
pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja

Substantivos biformes heterônimos


cavaleiro – amazona cavalheiro – dama compadre – comadre
genro – nora homem – mulher padrasto – madrasta
padrinho – madrinha pai – mãe patriarca – matriarca
bode – cabra boi, touro – vaca cão – cadela
carneiro – ovelha cavalo – égua zangão – abelha

Substantivos terminados em ÃO
a) Fazem o feminino em Ã: aldeão - alemão - anão - ancião - campeão
catalão - cidadão - cirurgião - escrivão - guardião - irmão - pagão - sacristão
b) Fazem o feminino em OA: hortelão - japão - leão - leitão - patrão - pavão
c) Fazem o feminino em ONA: beberrão - brincalhão - chorão - comilão
espertalhão - folião - glutão - pobretão - solteirão e todos os aumentativos
– sultão - sultana
Fazem de duas ou três formas:
capitão - capitã ou capitoa charlatão - charlatã ou charlatona
faisão - faisã ou faisoa ladrão - ladra, ladrona ou ladroa
peão - peona ou peoa tabelião - tabeliã ou tabelioa
tecelão - tecelã ou teceloa vilão - vilã ou viloa

Substantivos uniformes
a) Sobrecomum – tem a mesma forma e o mesmo gênero, tanto se refira ao
homem como à mulher.
Ex.: a criança - a pessoa - a testemunha - a vítima - a sentinela
o cônjuge - o ídolo - o monstro - o tipo

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b) Comum de dois – tem a mesma forma para o homem e a mulher, mas varia
o gênero.
Ex.: agente - artista - cientista - cliente - colega - dentista - estudante
intérprete - jornalista - jovem - mártir - repórter - turista - viajante
“Poeta” tem como feminino “poetisa”, mas é também empregado como
substantivo comum de dois: o poeta – a poeta.
c) Epiceno – refere-se a animal e tem a mesma forma e o mesmo gênero para
o macho e para a fêmea.
Ex.: a águia - a andorinha - a borboleta - a girafa - a onça - a zebra
o bem-te-vi - o canário - o jacaré - o rouxinol - o tatu - o urubu
Necessitando-se especificar o sexo, empregam-se “macho” e “fêmea”.
Ex.: a onça macho – a onça fêmea; o tatu macho – o tatu fêmea
Gênero e significação
o cabeça – chefe, líder a cabeça – parte do corpo
o cisma – divisão, separação a cisma – desconfiança, ato de cismar
o crisma – óleo sagrado a crisma – o sacramento
o grama – unidade de peso a grama – relva
o moral – ânimo, estado de espírito a moral – ética, bom costume
o rádio – aparelho receptor a rádio – estação transmissora
Palavras que merecem atenção quanto ao gênero
São masculinas: ágape - alvará - aroma - champanha - clã - decalque - dilema
dó - eclipse - emblema - formicida - guaraná - hematoma - lança-perfume
São femininas: aguardente - alface - análise - apendicite - bílis - cal - couve
derme - dinamite - elipse - faringe - hélice - juriti - libido - mascote - omoplata
pane - rês - sucuri – ubá
São masculinas ou femininas – admitem os dois gêneros: avestruz - diabetes
(ou diabete) - íris - preá - personagem - sabiá - usucapião
Flexão de número
A maioria dos substantivos simples não apresenta dificuldade para a
formação do plural.
Ex.: cruz - cruzes mês - meses jovem - jovens líder - líderes
casal - casais anel - anéis funil - funis fóssil - fósseis
anzol - anzóis degrau - degraus troféu - troféus chapéu - chapéus
Alguns plurais que merecem atenção
pôster – pôsteres hambúrguer – hambúrgueres júnior – juniores
sênior – seniores caráter – caracteres paul – pauis
cônsul – cônsules vice-cônsul – vice-cônsules mel – méis ou meles
fel – féis ou feles álcool – álcoois e alcoóis gol – gols
cânon – cânones réptil – répteis reptil - reptis
cal – cais ou cales projétil – projéteis projetil – projetis
Plural dos diminutivos em zinho(a) ou zito(a)
Do plural da forma normal, tira-se o S e acrescenta-se zinhos(as) ou zitos(as).
Ex. florzinha – florezinhas animalzinho – animaizinhos
coraçãozinho – coraçõezinhos anelzinho – aneizinhos
barrilzinho – barrizinhos cãozito – cãezitos

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Plural dos substantivos terminados em ÃO
a) Fazem o plural em ÃOS: chão - cidadão - cristão - grão - irmão - mão
pagão - vão e todos os paroxítonos, como bênção - órfão - órgão - sótão
b) Fazem o plural em ÕES: anfitrião - avião - coração - feijão - folião - gavião
glutão - espião - ladrão - lampião - leão - leitão - limão - mamão - nação
operação - opinião - patrão - questão - sermão - tecelão - televisão - vagão
varão e todos os aumentativos, como espertalhão - rapagão - valentão
c) Fazem o plural em ÃES: alemão - cão - capelão - capitão - catalão
escrivão - pão - tabelião
d) Fazem o plural de duas maneiras:
anão - anões ou anãos charlatão - charlatões ou charlatães
cirurgião - cirurgiões ou cirurgiães corrimão - corrimões ou corrimãos
faisão - faisões ou faisães guardião - guardiões ou guardiães
hortelão - hortelões ou hortelãos peão - peões ou peães
refrão - refrãos ou refrães sacristão - sacristãos ou sacristães
verão - verões ou verãos vilão - vilões ou vilãos
vulcão - vulcões ou vulcãos zangão - zangões ou zangãos
e) Fazem o plural de três maneiras: aldeão - ancião - ermitão
Plural dos substantivos compostos
A- Quando o substantivo composto não é separado por hífen, o plural se
faz normalmente por meio da desinência s.
Ex.: vaivém – vaivéns girassol – girassóis
B- Quando o substantivo composto é separado por hífen:
1- Pluralizam-se os dois elementos quando forem formados de substantivo,
adjetivo e numeral.
Ex.: cartão-postal - cartões-postais couve-flor - couves-flores
obra-prima - obras-primas sexta-feira – sextas-feiras
boa-nova - boas-novas má-língua - más-línguas
Se o segundo elemento indicar característica, semelhança ou finalidade,
pode-se pluralizar só o primeiro elemento – o que é mais comum – ou os dois.
Ex: salário-família - salários-família (ou salários-famílias)
hotel-escola - hotéis-escola (ou hotéis-escolas)
palavra-chave - palavras-chave (ou palavras-chaves)
2- Pluraliza-se só o primeiro elemento quando o segundo é preposição.
Ex.: água-de-colônia - águas-de-colônia pé de moleque - pés de moleque
cana-de-açúcar - canas-de-açúcar pôr do sol - pores do sol
joão-de-barro - joões-de-barro sinal da cruz - sinais da cruz
3- Pluraliza-se só o último elemento:
a) se o primeiro for verbo ou palavra invariável.
Ex.: arranha-céu - arranha-céus quebra-mar - quebra-mares
vice-rei - vice-reis super-homem - super-homens
salve-rainha - salve-rainhas ave-maria - ave-marias
grã-cruz - grã-cruzes grão-mestre - grão-mestres
ex-ministro - ex-ministros sempre-viva - sempre-vivas
alto-falante - alto-falantes abaixo-assinado - abaixo-assinados

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b) se o substantivo for formado por palavras repetidas ou onomatopaicas.
Ex.: bem-te-vi - bem-te-vis tico-tico - tico-ticos reco-reco - reco-recos
teco-teco - teco-tecos pingue-pongue - pingue-pongues
Se as palavras repetidas forem dois verbos, pode-se pluralizar o
segundo elemento (o que é mais comum) ou os dois.
Ex.: pisca-pisca - pisca-piscas (ou piscas-piscas)
pega-pega - pega-pegas (ou pegas-pegas)
corre-corre – corre-corres (ou corres-corres)
4- Ficam invariáveis os substantivos formados por verbo e advérbio, por verbo
e palavra no plural, por verbos de sentido oposto.
Ex.: bota-fora, para-raios, saca-rolhas, guarda-costas, vai-volta, leva e traz
5- São invariáveis: arco-íris, louva-a-deus, diz que diz
6- Casos especiais
mapa-múndi - mapas-múndi papai-noel - papais-noéis
joão-ninguém - joões-ninguém fruta-pão - frutas-pão ou frutas-pães
pai-nosso - pai-nossos ou pais-nossos
salvo-conduto - salvo-condutos ou salvos-condutos
xeque-mate - xeques-mate ou xeques-mates
Palavras que só se empregam no plural
afazeres - anais - arredores - belas-artes - bodas - cãs - cócegas
condolências - confins - costas - custas - damas (o jogo) - exéquias - férias
fezes - núpcias - óculos - olheiras - parabéns - pêsames - víveres - os
naipes do baralho: ouros, espadas, paus e copas
Obs. – Existe a palavra “boda” (empregada no singular), mas é pouco usada.
Palavras invariáveis
Palavras como atlas - cais - lápis - látex - oásis - ônibus - pires - tênis - tórax
vírus são invariáveis, mas se empregam no singular e no plural.
Ex.: o ônibus - os ônibus o pires - os pires o tórax - os tórax
Palavras que só se empregam no singular
norte - sul - leste - oeste e os substantivos que exprimem noções abstratas,
como: fé - esperança - caridade - felicidade - sensatez - fome - saúde
Número e significação
ar - vento ares - clima, aparência
bem - virtude, o que é bom bens - propriedades, riquezas
costa - litoral costas - dorso
féria - renda diária férias - período de descanso
honra - probidade, bom nome honras - homenagens, títulos
ouro - metal precioso ouros - naipe do baralho
vencimento - fim de vigência vencimentos - salário
Plural com metafonia
Alguns substantivos formam o plural com mudança de timbre da vogal tônica
(o fechado no singular – o aberto no plural).
Ex.: aposto - caroço - corno - coro - corpo - corvo - despojo - destroço - esforço
fogo - forno - fosso - imposto - jogo - miolo - olho - osso - ovo - poço - porco
porto - posto - povo - reforço - rogo - socorro - tijolo

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Adjetivo
É a palavra que indica qualidade, característica ou estado dos seres.
Ex.: aluno estudioso, letra legível, figura retangular, homem cansado
Os adjetivos classificam-se em:
a) simples – azul, verde, brasileiro, amável, juvenil, noturno, franciscano, divino
composto – azul-marinho, cor-de-rosa, ítalo-brasileiro, multicolor, cruciforme
b) primitivo – azul, belo, bom, feliz, fiel, humilde, igual, leal, ruim, útil, veloz, vivo
derivado – azulado, desleal, esverdeado, inodoro, marinho, prateado, rosado
Adjetivo pátrio é aquele que indica nacionalidade ou lugar de origem.
Ex.: brasileiro, italiano, moscovita, recifense, paulista, acriano, gaúcho, potiguar
Nos adjetivos pátrios compostos, o primeiro elemento é uma forma
reduzida ou contraída, normalmente alatinada e erudita.
Assim, não se diz espanhol-suíço, grego-romano, italiano-brasileiro, mas
hispano-suíço, greco-romano, ítalo-brasileiro.
Ex.: literatura de Portugal e Espanha – literatura luso-espanhola
acordo entre ingleses e argentinos – acordo anglo-argentino
Nos adjetivos pátrios compostos formados por mais de dois elementos,
os primeiros seguem essa regra.
cooperação entre Japão, China e Brasil – cooperação nipo-sino-brasileira

Locução adjetiva
São duas ou mais palavras que têm o valor de um adjetivo.
Ex.: amor de mãe, campo em flor, café do Brasil, folha de papel, lata de lixo
Flexões – os adjetivos se flexionam em: gênero – masculino e feminino;
número – singular e plural; grau – comparativo e superlativo.
Flexão de gênero e número
Quanto ao gênero, os adjetivos dividem-se em uniformes e biformes.
Adjetivo uniforme é aquele que tem uma só forma para os dois gêneros.
Ex.: adorável, alegre, contente, feliz, humilde, inteligente, otimista, simples
Adjetivo biforme é aquele que apresenta duas formas, uma para cada gênero.
Ex.: europeu – europeia judeu – judia sofredor – sofredora
A formação do plural dos adjetivos simples e dos compostos sem hífen é
igual à dos substantivos.
Ex.: ágil – ágeis bom – bons feliz – felizes
fiel – fiéis são – sãos multicor – multicores
O adjetivo simples é invariável.
Ex.: homem simples - homens simples - mulher simples - mulheres simples
Quando o substantivo é empregado como adjetivo, fica invariável.
Ex.: concentração monstro – concentrações monstro
Adjetivos compostos
Regra geral - Nos adjetivos compostos, nas flexões de número e gênero,
só varia o último elemento.
Ex.: papéis branco-anilados conflitos nipo-sino-coreanos
blusas amarelo-claras alianças luso-hispano-italianas

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Obs. – a) O adjetivo surdo-mudo flexiona-se nos dois elementos.
Ex.: rapazes surdos-mudos menina surda-muda moças surdas-mudas
b) O adjetivo pátrio barriga-verde é uniforme; no plural flexiona-se nos
dois elementos.
Ex.: cidadãos barrigas-verdes – mulheres barrigas-verdes
c) O adjetivo furta-cor pode ficar invariável ou fazer o plural furta-cores.
Ex.: tecidos furta-cor ou furta-cores – espumas furta-cor ou furta-cores
Ficam invariáveis
1- Os adjetivos formados por nome de cor e substantivo.
Ex.: blusas amarelo-laranja saias azul-pavão
ternos verde-oliva tapetes vermelho-sangue
sapatos marrom-café olhos verde-mar
2- Os adjetivos formados com a expressão cor de
Ex.: vestidos cor-de-rosa blusas cor-de-rosa
Às vezes a expressão cor de está subentendida.
Ex.: fitas violeta (cor de violeta) luvas creme (cor de creme)
3- Os adjetivos azul-marinho, azul-celeste e ultravioleta.
Ex.: ternos azul-marinho camisas azul-marinho
blusas azul-celeste raios ultravioleta

Flexão de grau
São dois os graus dos adjetivos: comparativo e superlativo.
1- O grau comparativo pode ser:
– de igualdade – tão .... quanto, tão .... como
Ex.: Paulo é tão inteligente quanto Rodrigo.
Rosana é tão amável como Marcela.
– de inferioridade – menos .... que, menos .... do que
Ex.: Pedro é menos esperto que Rodrigo.
Mariana é menos dedicada do que Luciana.
– de superioridade – mais .... que, mais .... do que
Ex.: Ronaldo é mais aplicado que Jorge.
Fabiana é mais alegre do que Renata.
Bom, mau, grande e pequeno possuem formas sintéticas para o
comparativo de superioridade, herdadas do latim: melhor, pior, maior e menor.
Ex.: Amazonas é maior que São Paulo.
Sergipe é menor do que Minas Gerais.
Paulo é melhor que Filipe.
O corrupto é pior que o incompetente.
Mas devem se empregar as formas analíticas quando se comparam
duas qualidades ou características do mesmo ser.
Ex.: Aquele menino é mais bom que inteligente.
Todo corrupto é mais mau do que esperto.
Obs. – Na linguagem coloquial, às vezes emprega-se a expressão menos pior.
É totalmente inadequada, pois pior quer dizer “mais mau”, sendo inconcebível
tal emprego, que significaria “menos mais mau”.
Deve-se dizer: Ele é menos mau que seu colega. (nunca “menos pior”)

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2- O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo.
A – O superlativo absoluto pode ser analítico ou sintético.
O analítico se expressa com o auxílio de advérbios de intensidade, como
muito, bastante, demais, extremamente e outros.
O sintético se forma com o acréscimo de sufixos.
Ex.: Rosana é bastante simpática. (superlativo absoluto analítico)
Trata-se de uma mulher dedicadíssima. (superlativo absoluto sintético)
Adjetivos como cheio, feio, sério, sumário, ordinário podem fazer o
superlativo absoluto sintético sem a duplicação da letra i, evitando-se o hiato ii.
Ex.: cheio – cheiíssimo ou cheíssimo sério – seriíssimo ou seríssimo
B – O superlativo relativo pode ser:
– de inferioridade – o menos ..... – a menos .....
Ex.: Adriano é o menos esperto da classe.
Esta torre é a menos alta.
– de superioridade – o mais .... – a mais ....
Ex.: Este prédio é o mais alto de todos.
O avião é o meio de transporte mais veloz.
Hoje eu quero a rosa mais linda.
Com os adjetivos bom, mau, grande e pequeno empregam-se as formas
sintéticas também para o superlativo relativo de superioridade: melhor, pior,
maior e menor.
Ex.: Sergipe é o menor estado do Brasil.
Superlativos absolutos sintéticos eruditos
Muitos adjetivos possuem duas formas para exprimir o grau superlativo
absoluto sintético: uma comum, formada com o acréscimo do sufixo -íssimo ao
radical do adjetivo; outra erudita, de origem latina, com os sufixos -íssimo, -imo
e –érrimo acrescentados ao radical latino.
Ex.: doce – docíssimo (forma comum) – dulcíssimo (forma erudita)
humilde – humildíssimo (forma comum) – humílimo (forma erudita)
pobre – pobríssimo (forma comum) – paupérrimo (forma erudita)
Estes adjetivos possuem formas eruditas irregulares:
alto – altíssimo, supremo, sumo baixo – baixíssimo, ínfimo
bom – boníssimo, ótimo mau – malíssimo, péssimo
grande – grandíssimo, máximo pequeno – pequeníssimo, mínimo
Alguns adjetivos só possuem a forma erudita:
a) sagrado – sacratíssimo b) sábio – sapientíssimo
c) os adjetivos terminados em vel
Ex.: amável – amabilíssimo visível – visibilíssimo
provável – probabilíssimo louvável – laudabilíssimo (ou louvabilíssimo)
d) os adjetivos terminados em z
Ex.: feroz – ferocíssimo audaz – audacíssimo
e) os adjetivos terminados em m
Ex.: comum – comuníssimo jovem – juveníssimo
f) Os adjetivos terminados em ão
Ex.: cristão – cristianíssimo são – saníssimo

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Artigo
Artigo é a palavra que se antepõe ao substantivo para determiná-lo.
Pode ser: definido – o, a, os, as; indefinido – um, uma, uns, umas.
O artigo definido determina o substantivo de modo preciso.
Ex. Viajei com o frade.
– trata-se de um frade determinado, conhecido, já referido.
O artigo indefinido determina o substantivo de modo vago, impreciso.
Ex. Viajei com um frade.
– trata-se de um frade qualquer, não conhecido, ainda não referido.
A principal função do artigo é determinar o substantivo. Assim, qualquer
palavra, na frase, pode ser empregada como substantivo, desde que se lhe
anteponha um artigo.
Ex. O viver e o morrer pertencem a Deus.
Quão injuriosa palavra é um não!
O sim de Maria nos trouxe o Salvador.
O andar da bailarina é gracioso.
O oito que tirei no exame deixou-me satisfeito.
Não entendi o porquê da discussão.
O artigo pode indicar o gênero ou o número dos substantivos.
Ex.: o pianista – a pianista o viajante – a viajante o pires – os pires
Pode ter alcance semântico, indicando o significado do substantivo.
Ex.: o caixa da loja (funcionário) – a caixa de papelão (objeto)
O artigo definido também pode indicar síntese de uma espécie.
Ex.: O leão é um animal feroz.
O homem é mortal.

Emprego dos artigos


1- Diante de nome de pessoas – só se emprega quando há familiaridade.
Ex.: O Antônio é um grande professor.
2- Diante de pronomes possessivos – o emprego é facultativo.
Ex.: Tua proposta não foi aceita. A tua proposta no foi aceita.
Se o substantivo estiver oculto, o artigo é obrigatório.
Ex.: Esta é sua casa: aquela é a minha. (a minha casa)
3- Diante de nomes de cidades – geralmente não se emprega o artigo, a
menos que o nome venha acompanhado de um determinante.
Ex.: Londrina é uma cidade progressista.
A Londrina de meus sonhos é uma cidade progressista.
Há exceções, como o Rio de Janeiro, o Recife, o Cairo.
4- Diante de nomes de países e estados – há os que exigem artigo, como a
Bahia, a Paraíba, o Brasil, a Argentina, etc.; outros que repelem o artigo, como
Portugal, Israel, Pernambuco, Minas Gerais, etc.
Mas os do segundo grupo se empregam com artigo quando vêm
acompanhados de um determinante.
Ex.: Visitei Portugal. – Visitei o belo Portugal.

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5- Com os numerais ambos - ambas – seguidos de substantivo, sempre
deverão vir acompanhados do artigo.
Ex.: Ambos os irmãos foram convocados para o trabalho.
6- Com valor enfático – os artigos definidos podem ser empregados para dar
ênfase a uma palavra, realçando-lhe o significado.
Ex. Ela não é uma aluna, mas a aluna. (uma aluna especial, de destaque)
7- Com adjetivos no grau superlativo relativo – são possíveis construções
como estas:
Tomou as decisões mais sábias.
Tomou as mais sábias decisões.
Tomou decisões as mais sábias.
8- Com o pronome todo – Os pronomes indefinidos todo - toda, quando
empregados com artigo, têm o sentido de inteiro, completo; sem o artigo
significam cada, qualquer.
Ex.: Todo homem é mortal. (= qualquer homem)
Todo povo tem seus costumes. (= cada povo)
Todo o país comemorou a conquista. (= o país inteiro)
No plural todos - todas indicam totalidade e geralmente se empregam
seguidos do artigo.
Ex.: Todas as alunas participaram do congresso.
Mas não se empregará o artigo:
a) se o pronome vier posposto ao substantivo.
Ex.: Povos todos, aclamai ao Senhor.
b) se o pronome vier seguido de palavra que repele o artigo.
Ex.: Todos esses jogadores foram convocados.
Todas elas compareceram à solenidade.
c) diante de numeral não seguido de substantivo.
Ex.: Todos cinco compareceram.
Mas: Todos os cinco alunos compareceram.
d) quando não estiverem acompanhando substantivo.
Ex.: Todos compareceram à assembleia.
9- Artigo indefinido - pode ser empregado para dar realce ao substantivo ou
indicar quantidade aproximada.
Ex.: Estou com uma sede!
Marina tinha na época uns dez anos.
Observações
a) Nunca se deve empregar o artigo depois dos pronomes relativos cujo,
cuja, cujos e cujas.
Ex.: Estes são os alunos cujos pais viajaram (e nunca: cujos os pais)
b) Não se emprega artigo diante das palavras casa (no sentido de lar,
moradia) e terra (no sentido de chão firme, contrário de a bordo), a menos que
elas estejam acompanhadas de determinantes.
Ex.: Voltamos para casa.
Voltamos para a casa paterna.
Os marinheiros desceram a terra.
Os marinheiros desceram à terra dos gigantes.

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Combinações e contrações
1- As preposições a, de, em, por podem unir-se aos artigos definidos,
formando combinação ou contração.
– a + o → ao de + o → do em + o → no por + o → pelo
Ex.: À noite iremos ao teatro da cidade.
à – contração da preposição a com o artigo definido a
ao – combinação da preposição a com o artigo definido o
da – contração da preposição de com o artigo definido a
No postulado, nossa formação não se realiza só pelo estudo.
no – contração da preposição em com o artigo definido o
pelo – contração da preposição por com o artigo definido o
Obs. – Na realidade, pelo é contração da preposição per com o artigo lo, que
são formas arcaicas de por e o.
Mas não ocorre combinação ou contração
a) quando o artigo faz parte do título de jornais, revistas ou obras literárias.
Ex.: Li a notícia em “O Globo”.
A passagem a que me referi encontra-se em “Os lusíadas”.
A palavra aparece em “Os sertões”.
b) quando a preposição está regendo a oração.
Ex.: É hora de os alunos se unirem.
– a preposição de não está se referindo a “alunos”, mas sim à oração
“os alunos se unirem”.
Existe a possibilidade de as crianças participarem
– a preposição de não está se referindo a “crianças”, mas sim à
oração “as crianças participarem”.
Outros exemplos:
Está na hora de a professora falar.
É a oportunidade de o trabalhador se manifestar.
Era o momento de os jovens festejarem.
Todos ficaram surpresos por o jogador ter sido convocado.
A vitória consistia em o grupo revolucionário tomar o poder.
A mesma regra se aplica às locuções prepositivas.
Ex.: Estudou com disposição apesar de o cansaço ser grande.

2- As preposições de e em, ao se encontrarem com os artigos


indefinidos um – uma, podem ou não formar contração.
Ex.: Estamos em um mesmo barco. Preciso de uma ajuda sua.
Estamos num mesmo barco. Preciso duma ajuda sua.

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Numeral
Numeral é a palavra que exprime ideia de número.
Os numerais classificam-se em:
a) cardinal – o que indica os próprios números: um, dois, vinte, cem, mil
b) ordinal – o que indica ordem, sequência: primeiro, décimo, vigésimo
c) fracionário – o que indica fração, divisão: meio, um terço, dois oitavos
d) multiplicativo – o que indica multiplicação: dobro, quádruplo, cêntuplo
Quadro dos numerais cardinais e ordinais
um primeiro
dois segundo
três terceiro
quatro quarto
cinco quinto
seis sexto
sete sétimo
oito oitavo
nove nono
dez décimo
onze décimo primeiro ou undécimo
doze décimo segundo ou duodécimo
treze décimo terceiro
quatorze ou catorze décimo quarto
quinze décimo quinto
dezesseis décimo sexto
dezessete décimo sétimo
dezoito décimo oitavo
dezenove décimo nono
vinte vigésimo
vinte e um vigésimo primeiro
trinta trigésimo
quarenta quadragésimo
cinquenta quinquagésimo
sessenta sexagésimo
setenta septuagésimo ou setuagésimo
oitenta octogésimo
noventa nonagésimo
cem centésimo
duzentos ducentésimo
trezentos trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo
quinhentos quingentésimo
seiscentos seiscentésimo ou sexcentésimo
setecentos septingentésimo ou setingentésimo
oitocentos octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo
mil milésimo
milhão milionésimo
bilhão ou bilião bilionésimo
trilhão ou trilião trilionésimo
Também são considerados numerais cardinais: zero e ambos – ambas.
Ex.: O frio chegou a zero grau. Este é o marco zero da rodovia.
Jorge e Rosa, ambos foram convocados. Ambas foram premiadas.

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Leitura dos numerais cardinais
Na leitura ou escrita por extenso dos cardinais, coloca-se a conjunção e
após as centenas e após as dezenas.
Ex.: 2.623 – dois mil seiscentos e vinte e três.
5.321.475.854 – cinco bilhões trezentos e vinte e um milhões quatrocentos
e setenta e cinco mil oitocentos e cinquenta e quatro
3.207 – três mil duzentos e sete
Emprega-se o e também quando o primeiro algarismo da centena final
for zero e quando os dois primeiros ou os dois últimos algarismos da centena
final forem zero.
Ex.: 2.038 – dois mil e trinta e oito
1.400 – mil e quatrocentos
3.002 – três mil e dois

Leitura dos numerais ordinais superiores a dois mil


Nos ordinais superiores a dois mil, segundo estabelece a tradição da
língua, lê-se o milhar como cardinal e os demais como ordinal.
Ex.: 3.102º. colocado – três milésimo centésimo segundo
2.201ª. inscrição – duas milésima ducentésima primeira
Se o número é redondo, costuma-se empregar a forma ordinal.
Ex.: 3.000º. classificado – terceiro milésimo
Mas há gramáticos que defendem que o numeral todo pode ser lido
como ordinal. Assim, os dois primeiros exemplos poderiam também ser lidos:
terceiro milésimo centésimo segundo; segunda milésima ducentésima primeira.

Flexão dos numerais cardinais


1- Flexionam-se em gênero: um - uma, dois - duas, e as centenas de
duzentos em diante (duzentos - duzentas, trezentos - trezentas, etc.).
2- Flexionam-se em número os cardinais terminados em ão: milhão –
milhões, bilhão – bilhões, trilhão – trilhões, etc,
Convém lembrar que esses cardinais são sempre masculinos e, quando
seguidos de nome que se enumera, fazem-se acompanhar da preposição de.
Ex.: um milhão de laranjas, dois bilhões de pessoas.
Se seguidos de outro cardinal, continuam masculinos.
Ex.: dois milhões e seiscentas mil pessoas
um trilhão e quinhentas mil moedas
3- Os demais numerais cardinais são invariáveis.

Flexão dos numerais ordinais


Flexionam-se normalmente em número e gênero.
Ex.: Ela é a primeira aluna.
Eles ocupam as primeiras colocações.
Domingo será disputada a vigésima rodada do torneio.
Rafael foi o décimo primeiro aluno a terminar o teste.

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Numerais fracionários
meio, metade terço quarto
quinto sexto sétimo
oitavo nono décimo
Acima de décimo, os ordinais são expressos pelos cardinais seguidos da
palavra avos: onze avos, vinte avos, cento e um avos, trezentos avos, etc.
Ex.: 1 - um doze avos 13 - treze cento e vinte e cinco avos
12 125
Existem ainda as formas vigésimo, trigésimo quadragésimo... centésimo,
ducentésimo.... milésimo.... milionésimo, etc. (como os ordinais) que são
numerais fracionários quando indicam fração.
Ex.: Ela é a vigésima aluna da classe. (ordinal)
Recebeu a vigésima parte do prêmio. (fracionário)
Coube-lhe um vigésimo da herança. (fracionário)

Flexão dos fracionários


O numeral meio concorda com o substantivo a que se refere.
Ex.: É meio-dia e meia (hora).
Comeu meia maçã e meio mamão após o almoço.
O numeral fracionário terço e aqueles cujas formas são iguais às dos
ordinais, flexionam-se normalmente em gênero e número.
Ex.: Comprou um terço das terras da fazenda.
Recebeu a terça parte do prejuízo.
Adquiriu dois quartos da produção anual.
Um quarto da classe compareceu; logo três quartas partes estão ausentes.
Na divisão da herança, coube-lhe apenas a trigésima parte.

Numerais multiplicativos
A série dos multiplicativos é pequena. São estes, correspondentes aos
números:
2 – dobro, duplo, dúplice 3 – triplo, tríplice
4 – quádruplo 5 – quíntuplo
6 – sêxtuplo 7 – sétuplo ou séptuplo
8 – óctuplo 9 – nônuplo
10 – décuplo 11 – undécuplo
12 – duodécuplo 100 – cêntuplo

Flexão dos multiplicativos


São invariáveis quando empregados como substantivos.
Ex.: Já ganho o dobro e ele, o triplo dos vencimentos do ano passado.
Quando empregados como adjetivos, flexionam-se normalmente.
Ex.: Fiz uma aposta tripla.
Tomei dois copos duplos de laranjada.
Tomava remédio em doses quíntuplas.
Este investimento dará no futuro lucro cêntuplo.

57
Emprego do numeral
1- Nas indicações de séculos, volumes, capítulos, partes de uma obra, eventos,
etc. e na designação de papas ou soberanos, emprega-se o ordinal de 1 a 10,
e daí em diante o cardinal.
Ex.: Pedro II (segundo) Paulo VI (sexto) Pio X (décimo)
Leão XIII (treze) Bento XVI (dezesseis) João XXIII (vinte e três)
capítulo IV (quarto) século IX (nono) século X (décimo)
capítulo XV (quinze) volume XIX (dezenove) volume XX (vinte)
Se o numeral antecede o substantivo, emprega-se sempre o ordinal.
Ex.: quarto capítulo décimo século
XV capítulo (décimo quinto) XX Salão de Artes (vigésimo)
2- Na enumeração de artigos, parágrafos de leis, decretos, portarias e outros
textos legais, usa-se o ordinal de 1 a 9 e daí em diante o cardinal.
Ex.: parágrafo 2º (segundo) artigo 9º (nono) parágrafo X (dez)
3- Na enumeração de páginas e folhas de um livro, de casas, apartamentos,
poltronas de veículos ou casas de espetáculos, etc. emprega-se o cardinal e na
forma masculina (concordando com a palavra número que está subentendida).
Ex.: página 21 (vinte e um) casa 32 (trinta e dois)
poltrona 22 (vinte e dois) folha 201 (duzentos e um)
Se o numeral vem anteposto, emprega-se o ordinal.
Ex.: terceira página vigésima folha
31ª casa (trigésima primeira) 6º apartamento (sexto)
4- Nas referências aos dias do mês, prefere-se o ordinal para o primeiro dia do
mês; para os demais dias, emprega-se o cardinal.
Ex.: 1º de abril (primeiro) 2 de maio (dois)
Obs. – Convém lembrar o emprego do verbo ser nas indicações de datas: ele
concorda com o número, ou fica no singular; se vier acompanhado da palavra
dia, fica no singular.
Ex.: Hoje é 1º de maio. Hoje são 25 de maio. (ou é)
Ontem foram 18 de abril. (ou foi) Hoje é dia 5 de agosto.
5- Nas indicações de ano e de horas, emprega-se o cardinal.
Ex.: São 2 (duas) horas do dia 20 (vinte) de maio de 2015 (dois mil e quinze).
Obs. – Nas indicações de hora, o verbo ser concorda com o número.
6- Não é aconselhável começar oração com algarismos.
Ex.: 17 anos tinha Rogério. – É preferível escrever-se: Dezessete anos...
Todavia, às vezes, não há como fugir ao desaconselhável.
Ex.: 2017 foi um ano de grandes realizações.
7- Na linguagem figurada, os numerais exprimem número indeterminado ou
ainda valor hiperbólico.
Ex.: Já lhe disse isso mil vezes.
O garoto fez mil e uma na casa dos avós.

58
Em algarismo ou por extenso?
Empregam-se os algarismos em datas, preços, pesos e medidas,
indicação de porcentagem e de temperatura, demarcações, numeração de
páginas, folhas, casas, apartamentos, poltronas, indicação de idade.
Ex.: O texto está na página 23.
No teatro sentou-se na poltrona 67.
A sala mede 3,5 metros de comprimento por 2 de largura.
O jogo se iniciará às 14h30.
O livro custou R$ 45,00. (ou: 45 reais)
Os salários serão reajustados em 5%.
Ontem fez 38 graus de calor.
No km 63 da rodovia, há uma curva muito perigosa.
Ontem foi dia 25 de maio.
Ela reside na casa 21 desta avenida.
No apartamento 234 realizava-se uma grande festa.
Ele completou 25 anos.
Em outras situações, a preferência é pelo número escrito por extenso,
mas atendo-se ao bom senso.
Ex.: Na classe são oitenta alunos.
Trinta e uma crianças foram inscritas no programa.
À assembleia compareceram apenas 346 trabalhadores.
Foram utilizadas 1.023 folhas de papel no trabalho.

Um – uma: artigo ou numeral?


São artigos indefinidos quando acompanham substantivo, referindo-se a
ele de forma indeterminada.
Ex.: Um aluno conseguiu a nota máxima.
Uma criança me sorriu amavelmente.
Convidei-o para um passeio.
São numerais cardinais quando exprimem claramente ideia de número, de
quantidade.
Ex.: Só um aluno conseguiu resolver a questão.
Para terminar a guerra foi preciso apenas um avião.
Na livraria comprei dois livros, três cadernos, uma régua e um lápis.
Não me emprestou um só cruzeiro.

59
Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, o adjetivo ou ainda outro
advérbio, exprimindo determinada circunstância.
Ex.: Cheguei cedo à empresa e observei que eles agiram mal.
– cedo está modificando o verbo “cheguei”, indicando uma circunstância
de tempo; é um advérbio de tempo.
– mal está modificando o verbo “agiram”, indicando uma circunstância de
modo; é um advérbio de modo.
Alzira e Renata são mulheres muito bonitas.
– muito está modificando o adjetivo “bonitas”, indicando uma circunstância
de intensidade; é um advérbio de intensidade.
Luís Filipe chegou bastante cedo à escola, pois é um aluno exemplar.
– bastante está modificando o advérbio de tempo “cedo”, indicando uma
circunstância de intensidade; é um advérbio de intensidade.

Classificação dos advérbios


Conforme a circunstância que expressam, classificam-se em:
de afirmação – sim, certamente, efetivamente, realmente, etc.
de negação – não, nunca, jamais, tampouco, etc.
de dúvida – talvez, quiçá, possivelmente, provavelmente, etc.
de lugar – aqui, ali, aí, cá, lá, atrás, perto, abaixo, acima, dentro, fora, etc.
de tempo – agora, já, ainda, amanhã, cedo, tarde, sempre, nunca, jamais, etc.
de modo – assim, bem, mal, depressa, devagar, e grande parte dos advérbios
terminados em –mente: calmamente, fraternalmente, alegremente, etc.
de intensidade – muito, pouco, bastante, bem, demais, meio, mais, menos,
tão, extremamente, excessivamente, etc.
Os advérbios de intensidade podem modificar verbo, adjetivo ou outro
advérbio; os demais só modificam verbo.
Advérbios interrogativos
São as palavras por que, como, onde e quando introduzindo frases
interrogativas diretas ou indiretas.
Ex.: Por que você agiu assim?
– advérbio interrogativo ou advérbio interrogativo de causa
Como você chegou até aqui?
– advérbio interrogativo ou advérbio interrogativo de modo
Quero saber quando você ingressou no seminário.
– advérbio interrogativo ou advérbio interrogativo de tempo
Perguntei a ele onde morava.
– advérbio interrogativo ou advérbio interrogativo de lugar
Com o advérbio onde pode haver combinação com a preposição a
(aonde) ou contração com a preposição de (donde).
Ex.: Aonde você vai com tanta pressa?
Donde provém esta família de migrantes?
Todos interrogavam donde lhe vinha tanta sabedoria.

60
Locução adverbial
São duas ou mais palavras que fazem a função de um advérbio.
– à direita, à esquerda, frente a frente, de manhã, à tarde, à noite, em breve,
à vontade, às pressas, à toa, de cor, em vão, por acaso, às vezes, de repente,
de súbito, de maneira alguma, com certeza, por um triz, passo a passo, etc.
As locuções se classificam de acordo com a circunstância que indicam.
Ex.: A aluna faz as tarefas com dedicação. – locução adverbial de modo
Saiu de manhã e voltou à noite. – locuções adverbiais de tempo
Gostava de passear de trem. – locução adverbial de meio
Chegamos a Jesus por Maria. – locução adverbial de meio
O rapaz fazia as anotações a lápis. – locução adverbial de instrumento
Faça-se segundo a tua vontade. – locução adverbial de conformidade
Apesar da doença, vivia alegre. – locução adverbial de concessão
Sem mim nada podeis fazer. – locução adverbial de condição
Muitas crianças morrem de fome. – locução adverbial de causa
Em nosso país, vivemos momentos difíceis. – locução adverbial de lugar
Devemos estudar para a vida. – locução adverbial de finalidade (ou fim)
Gostava de passear com os netos. – locução adverbial de companhia
Graus do advérbio
São dois: comparativo e superlativo.
1- O grau comparativo pode ser:
– de igualdade – tão ... quanto (ou como)
Ex.: Ele chegou tão cedo quanto o colega.
– de inferioridade – menos ... que (ou do que)
Ex.: Ele chegou menos cedo que o colega.
– de superioridade – mais ... que (ou do que)
Ex.: Ele chegou mais cedo que o colega.
No grau comparativo de superioridade, os advérbios bem e mal
apresentam as formas melhor e pior, herdadas do latim.
Ex.: Flávio jogou melhor que o colega.
Você se comportou pior que o amigo.
Antes do particípio – forma nominal dos verbos – em vez das formas
sintéticas do comparativo de superioridade (melhor, pior), é preferível empregar
as analíticas mais bem, mais mal, segundo a tradição da língua.
Ex.: Aquelas alunas estavam mais bem preparadas que as outras.
Esta roupa parece mais mal acabada do que aquela.

2- O grau superlativo pode ser:


– sintético – é formado com o acréscimo de sufixo.
Ex.: Ele chegou cedíssimo ao trabalho.
Deveria ser muitíssimo longe.
– analítico – é formado com auxílio de advérbio de intensidade.
Ex.: Ela chegou bastante cedo à escola.
O rapaz partiu muito rapidamente.

61
Emprego do advérbio
1- Quando se coordenam vários advérbios terminados em –mente, pode-se
usar esse sufixo apenas no último advérbio.
Ex.: O aluno respondeu calma, segura e respeitosamente.
A todos tratou educada, terna e fraternalmente.
2- Muitas vezes empregam-se adjetivos com valor de advérbios.
Ex.: Falemos sério. (seriamente)
Os dias passavam rápido. (rapidamente)
Ana foi ao cinema, o que raro acontecia. (raramente)
3- Na linguagem popular, é comum o advérbio receber sufixo diminutivo, como:
cedinho, pertinho, longinho, rapidinho, devagarinho, etc.
É importante observar que, nestes casos, o sufixo empregado não possui
valor diminutivo, e sim valor superlativo.
Ex.: Ele chegou cedinho. (muito cedo)
Moro pertinho de você. (bem perto)
4- Ainda na linguagem popular, a repetição do advérbio tem valor superlativo.
Ex.: Devo chegar cedo, cedo. (bastante cedo)
5- Melhor e pior podem ser formas do comparativo de superioridade dos
advérbios bem e mal e também dos adjetivos bom e mau.
Ex.: Marina cantou melhor que Adriana.
– é advérbio, pois está modificando o verbo “cantou”.
Ricardo jogou pior que ontem.
– é advérbio, pois está modificando o verbo “jogou”.
André é melhor que Paulo.
– é adjetivo, pois indica qualidade.
Sofia é pior que Rosana.
– é adjetivo, pois indica característica.
6- Na linguagem coloquial, como ocorre com o grau do adjetivo, às vezes
emprega-se a expressão menos pior, totalmente inadequada, como foi visto.
Deve-se dizer: O professor afirmou que o aluno se comportou menos mal
desta vez. (nunca “menos pior”)
7- Derivados dos pronomes indefinidos, existem os advérbios de lugar alhures,
que significa em outro lugar; algures, em algum lugar; nenhures, em nenhum
lugar, pouco empregados atualmente.
Ex.: Tornou ao piano; era a vez de Mozart, pegou de um trecho e executou-o
do mesmo modo, com a alma alhures. (Machado de Assis)
Não foi este o próprio vocábulo empregado por ela; já lá disse algures
que D. Carmo não possuía o estilo enfático. (Machado de Assis)
Procuraram-no por toda parte, e não o encontraram nenhures.

62
Preposição
É a palavra invariável que liga dois termos da oração, estabelecendo
entre eles uma relação.
Ex.: Chegou de ônibus.
– a preposição de liga o verbo “chegou” ao substantivo “ônibus”,
estabelecendo entre eles uma relação de meio.
O livro de Pedro está sobre a mesa.
– a preposição de liga o substantivo “livro” ao substantivo “Pedro”,
estabelecendo entre eles uma relação de posse.
– a preposição sobre liga o verbo “está” ao substantivo “mesa”,
estabelecendo entre eles uma relação de lugar.
A preposição subordina um termo a outro. O termo que antecede a
preposição é denominado regente; o que a sucede é denominado regido.
A preposição pode também ligar orações.
Ex.: Você deve estudar para obter êxito nos exames.
Classificação
As preposições se classificam-se em:
– essenciais - são aquelas que, como palavras de ligação, sempre são
preposições. São estas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
– acidentais - são palavras que pertencem a outra classe gramatical, mas
podem também funcionar como preposição: afora, como, conforme, consoante,
durante, exceto, mediante, salvo, segundo, senão, etc.
Obs. – 1- A preposição trás modernamente só se emprega em locuções
adverbiais e prepositivas: para trás, por trás, por trás de.
Ex.: Ele chegou por trás de uma árvore, bem devagar, assustando a todos.
2- A preposição per (forma arcaica de por) se emprega na locução
adverbial de per si (= isoladamente, por sua vez) e nas contrações pelo, pela,
pelos, pelas, em que há o encontro da preposição com as formas arcaicas dos
artigos e dos pronomes demonstrativos o, a, os, as.
Ex.: O trabalho foi feito pelo aluno.
– contração da preposição per com o artigo definido lo
Lute pelo que você deseja.
– contração da preposição per com o pronome demonstrativo lo
Locução prepositiva
São duas ou mais palavras com valor de preposição.
– abaixo de, acerca de, a fim de, além de, ao lado de, apesar de, através de,
de acordo com, devido a, em vez de, em virtude de, junto a, junto de, longe de,
para com, perto de, por causa de, por meio de, etc.
As locuções prepositivas sempre terminam por preposição.
Ex.: Vamos até Jesus por meio de Maria.
A menina se vestia de acordo com a última moda.

63
As preposições, isoladamente, são palavras vazias de sentido, embora
algumas contenham uma vaga noção de tempo ou lugar. Na frase, porém,
exprimem as mais diversas relações.
As preposições e as locuções prepositivas podem exprimir diferentes
ideias: assunto, causa, companhia, concessão, condição, conformidade,
finalidade, instrumento, lugar, matéria, meio, modo, origem, posse, etc.
Ex.: Viajei durante as férias. (tempo)
Ele descende de família ilustre. (origem)
Muitos morrem de fome. (causa)
Veio de trem. (meio)
Esta é a casa de Paulo. (posse)
O agricultor usa um chapéu de palha. (matéria)
O menino fez a tarefa com capricho. (modo)
Ele gosta de passear com os amigos. (companhia)
Estudemos para a vida. (fim ou finalidade)
João falou contra nós. (oposição)
O aluno fez a prova a lápis. (instrumento)
Tudo saiu conforme o planejado. (conformidade)
Faça-se em mim segundo a vossa palavra. (conformidade)
O livro está sobre a mesa. (lugar)
Falava sobre futebol. (assunto)
Conversavam a respeito de ecologia. (assunto)
Moro longe de sua casa. (lugar)
Apesar de você amanhã há de ser outro dia. (concessão)
]

Em geral, as preposições estabelecem relações, exprimindo diferentes


ideias. Mas, quando se ligam a objetos indiretos ou complementos nominais,
ou fazem parte de locução verbal, não exprimem nenhuma ideia específica.
Ex.: Preciso de sua ajuda. – objeto indireto
A água é útil para a saúde. – complemento nominal
Eles continuaram a caminhar. – locução verbal

Combinações e contrações
1- As preposições a, de, em e por podem unir-se a outras palavras,
formando um só vocábulo. Se nessa união não há perda de fonema, ocorre a
combinação; se há perda ou modificação de fonema, ocorre a contração.
Ex.: Iremos ao teatro com uns amigos.
– combinação da preposição a com o artigo definido o
Falarei aos que estiverem interessados.
– combinação da preposição a com o pronome demonstrativo os
O animal ao qual nos referimos é selvagem.
– combinação da preposição a com o pronome relativo o qual
Vamos à capela para participarmos da celebração.
– contração da preposição a com o artigo definido a
– contração da preposição de com o artigo definido a
A missa foi celebrada solenemente naquela igreja.
– contração da preposição em com o pronome demonstrativo aquela.

64
Outros exemplos
Numa linda cidade nasceu meu amigo. (preposição em + artigo indefinido uma)
Preciso dum favor seu. (preposição de + artigo indefinido um)
Trabalho no colégio estadual. (preposição em + artigo definido o)
Eu não creio no que tu dizes. (preposição em + pronome demonstrativo o)
O livro do aluno está sobre a mesa. (preposição de + artigo definido o)
Desconfio do que você disse. (preposição de + pronome demonstrativo o)
Referi-me àquela aluna. (preposição a + pronome demonstrativo aquela)
O sorriso dessa garota é lindo. (preposição de + pronome demonstrativo essa)
Precisamos delas para um trabalho. (preposição de + pronome pessoal elas)
Nele está nossa esperança. (preposição em + pronome pessoal ele)
É a cidade donde ele provém. (preposição de + pronome relativo onde)
Aonde você quer chegar? (preposição a + advérbio onde)
Daqui até a igreja são dois quarteirões. (preposição de + advérbio aqui)
Foi até Limeira; daí partiu para sua cidade. (preposição de + advérbio aí)
O prédio é alto; dali se vê toda a cidade. (preposição de + advérbio ali)
Conseguimos sucesso pelo estudo. (preposição por + artigo o)
Lute pelo que acredita. (preposição por + pronome demonstrativo o)
Obs. – Nas duas últimas frases pelo, na realidade, é contração da preposição
per com o artigo e o pronome demonstrativo lo (formas arcaicas).
Mas não ocorre combinação ou contração
a) quando a preposição está regendo a oração.
Ex.: É o momento de os alunos se manifestarem. – a preposição de não está
se referindo a “alunos”, mas sim à oração “os alunos se manifestarem”.
Outros exemplos:
Está na hora de a onça beber água.
Não entendo a razão de os rapazes discutirem.
Existe a possibilidade de elas participarem
Era a oportunidade de esses jovens festejarem.
Todos ficaram contentes por o aluno ter sido premiado.
A vitória consistia em o grupo revolucionário tomar o poder.
A mesma regra se aplica às locuções prepositivas.
Ex.: Destacou-se no trabalho apesar de os desafios serem grandes.
Antes de aquele ser o bairro rico, foi o bairro de operários.
b) quando o artigo faz parte do título de jornais, revistas ou obras.
Ex.: A notícia foi publicada em “O Estado de São Paulo”.
A reclamação era dirigida a “O Globo”.
Camões faz exaltação de Portugal em “Os lusíadas”.
2- As preposições de e em podem ou não formar contração ao se
encontrarem com os artigos indefinidos ou os numerais um – uma.
Ex.: Moro em um país tropical. Necessitamos de uma colaboração.
Moro num país tropical. Necessitamos duma colaboração.

65
Conjunção
É a palavra invariável que liga duas orações ou dois termos que
exercem a mesma função sintática dentro de uma oração.
Ex.: Pedro chegou atrasado e João ficou aborrecido.
Lúcia e Marília foram para a escola entusiasmadas.
No primeiro caso, a conjunção e liga duas orações; já no segundo, liga
dois termos da oração que exercem a mesma função sintática (sujeito).
Locução conjuntiva
São duas ou mais palavras que têm o valor de uma conjunção.
Ex.: Todos devemos lutar para que consigamos viver nossos ideais.
A locução conjuntiva para que está ligando duas orações.

Classificação
As conjunções e locuções conjuntivas classificam-se em coordenativas e
subordinativas.

Coordenativas – ligam termos que exercem a mesma função


sintática, ou orações independentes (coordenadas).
De acordo com o sentido das relações estabelecidas, classificam-se em:
a) aditivas (indicam soma, adição) – e, nem, (não só)...mas também
Ex.: Era uma pessoa simpática e a todos tratava com atenção.
Não trabalhava, nem estudava.
Os livros não só instruem mas também divertem.
b) adversativas (indicam oposição, contraste) – mas, porém, todavia, contudo,
entretanto, no entanto, não obstante
Ex.: Esforçou-se bastante, porém não teve êxito nas provas.
Era uma menina linda, no entanto mostrava-se arrogante.
O exército parecia invencível, não obstante foi derrotado facilmente.
Querem ter dinheiro, todavia não trabalham.
c) alternativas (indicam alternância) – ou, ou...ou, ora...ora, já...já, nem...nem,
quer...quer, seja...seja
Ex.: Pedro ou João será eleito presidente.
Ora chove, ora faz sol.
Quer comais, quer bebais, fazei tudo para a glória do Senhor.
Ou você estuda, ou arruma um emprego.
d) conclusivas (indicam conclusão) – logo, por isso, portanto, por conseguinte,
pois (posposto ao verbo)
Ex.: O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te.
Você já é adulto, portanto assuma suas responsabilidades.
Estudou bastante, por isso estava confiante.
As árvores se agitam, logo está ventando.
e) explicativas (indicam explicação) – pois (anteposto ao verbo), porque, que,
porquanto
Ex.: Estava bastante ansioso, pois viajaria em breve.
Não solte balões que é perigoso e podem causar incêndio.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.

66
Subordinativas – ligam duas orações sintaticamente dependentes.
As conjunções integrantes introduzem orações subordinadas substantivas; as
demais, orações subordinadas adverbiais.
De acordo com o sentido das relações estabelecidas, classificam-se em:
a) integrantes – que, se
Ex.: Todos esperam que você se comporte.
Quero saber se você virá à minha festa de aniversário.
b) causais (exprimem causa) – porque, visto que, já que, uma vez que, como
Ex.: Como estivesse atarefado, não quis nos receber.
Cancelou a viagem porque foi convocado para outra missão.
Estava deprimido uma vez que sofreu grande decepção amorosa.
c) comparativas (exprimem comparação) – como, (mais)...que, (menos)...que,
tal qual, assim como, tal como, tanto quanto
Ex.: Nada nos alegra tanto como um elogio sincero.
Paulo era mais esperto que seu irmão.
d) concessivas (exprimem concessão) – embora, se bem que, ainda que,
mesmo que, por mais que, apesar de que, conquanto
Ex.: Por mais que sofra, eu vos louvo, Senhor.
O jogo foi adiado embora o estado do gramado não estivesse ruim.
e) condicionais (exprimem condição) – se, caso, contanto que, desde que
Ex.: Ficaremos muito desapontados se você não comparecer ao trabalho.
Comprarei um novo vestido para você, desde que não seja caro.
Caso não chova, a excursão será realizada.
f) conformativas (exprimem conformidade) – como, conforme, segundo,
consoante
Ex.: Jesus morreu para nos salvar, conforme ensina o Evangelho.
Tudo saiu como foi planejado.
Segundo nos ensinou o Mestre, devemos perdoar sempre.
g) consecutivas (exprimem consequência): que (precedido de tão, tal, tanto),
de modo que, de maneira que, de forma que, de sorte que
Ex.: Deus amou tanto o mundo que lhe enviou seu Filho para salvá-lo.
Estava muito feliz, de sorte que foi ao baile com os amigos.
h) finais (exprimem finalidade) – a fim de que, para que, que
Ex.: Ele se escondeu rapidamente para que não o víssemos.
Fiz-lhe sinal que se calasse.
Empenhou-se nos estudos a fim de que conseguisse aprovação.
i) proporcionais (exprimem proporção) – à proporção que, à medida que,
ao passo que, quanto mais, quanto menos
Ex.: À medida que se vive, mais se aprende.
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão surgindo.
O ar ia ficando mais leve à proporção que subíamos.
j) temporais (exprimem tempo) – quando, enquanto, antes que, depois que,
logo que, desde que, mal, assim que
Ex.: Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti.
Mal soou o sinal, todos se levantaram.
Enquanto uns se esforçam, outros se divertem despreocupadamente.

67
Interjeição
É a palavra invariável que exprime as emoções súbitas e espontâneas.
Ex.: Oh, que paisagem maravilhosa!
Oxalá você realize os seus sonhos!
Adeus! Devo partir imediatamente.
Avante! Sigamos em frente com entusiasmo!
Irra! Por que você fez isso com a criança?
Coragem! Não desanime diante destas dificuldades.
Locução interjetiva
São duas ou mais palavras que têm a função de uma interjeição.
Ex.: Meu Deus! O que lhe aconteceu?
Graças a Deus tudo terminou bem!
Você não foi aprovado? Que pena!
Nossa Senhora! Que acidente horrível!
As interjeições (e as locuções interjetivas) são recursos da linguagem
afetiva ou emocional e podem exprimir os mais variados sentimentos:
– aclamação, admiração, advertência, afugentamento, agradecimento, alegria,
alívio, animação, apelo, aplauso, arrependimento, aversão, compaixão,
concordância, decepção, desacordo, desaprovação, desculpa, desejo,
despedida, dor, dúvida, espanto, impaciência, indignação, irritação, medo,
pedido de silêncio, pedido de socorro, saudação, tristeza, zombaria, etc.
Exemplos de interjeições: ah, eh, ih, oh, uh, hum, ó, ei, eia, epa, eta,
upa, arre, chi, ora, psiu, cruzes, puxa, olá, tchau, adeus, obrigado, avante, ave,
salve, oba, viva, aleluia, parabéns, etc.
Exemplos de locuções interjetivas: bom dia, até logo, graças a Deus,
meu Deus, valha-me Deus, tomara Deus, que pena, minha nossa, ai de mim,
ora bolas, cruz credo, puxa vida, etc.
Palavras de diferentes classes gramaticais podem ser empregadas
como interjeição, dependendo do contexto, se exprimirem emoções súbitas.
Ex.: coitado, coragem, cuidado, fogo, grato, misericórdia, silêncio, socorro, etc.

Observações
a) Não confundir a interjeição oh, que indica alegria, admiração, espanto,
tristeza, com a interjeição ó, que indica apelo, chamamento (vocativo).
Ex.: Oh, que criança linda é a Manuela!
Oh! Mas você fez essa asneira?
Ó Deus, ouvi as preces do vosso povo.
Louvai ao Senhor, ó cristãos!
b) As interjeições (e locuções interjetivas) são proferidas com entonação
especial, que graficamente é representada pelo ponto de exclamação. Este
pode aparecer depois da interjeição ou no fim da frase, ou mesmo ser repetido.
Ex.: Oh! é um anjo a Rafaela.
Ah, mas que graciosa é a Júlia!
Arre! Você é teimoso!
Minha nossa! Que lhe aconteceu?

68
Palavra denotativa
Certas palavras, por não se enquadrarem em nenhuma das dez classes
gramaticais, são classificadas à parte como palavras denotativas.
Podem indicar:
a) designação – eis
Ex.: Mulher, eis aí o teu Filho.
b) exclusão – menos, salvo, exclusivo, fora, sequer
Ex.: Não me descontou sequer um real.
Foram muitos alunos, menos o Rafael.
c) inclusão – também, até, mesmo, inclusive, ainda, além disso
Ex.: Aqui falta tudo, até água.
Socorreu-o e ainda deu-lhe roupa e dinheiro.
Se você vai, eu também vou.
d) afetividade – felizmente, infelizmente, ainda bem
Ex.: Felizmente tudo não passou de um grande susto.
Ainda bem que tudo terminou.
e) realce – é que, que, só, mesmo, cá, lá
Ex.: Oh, que saudades que tenho da aurora da minha vida!
Foi isso mesmo que aconteceu.
As rosas é que são belas!
Vejam só que coisa!
Sabe lá quanto se gasta em armamentos?
Só Deus é imortal.
No concurso, apenas um aluno foi premiado.
f) explicação – isto é, a saber, por exemplo
Ex.: Os elementos do mundo físico são quatro, a saber: terra, fogo, água e ar.
Aderiram à greve trezentos operários, isto é, sessenta por cento do total.
g) retificação – aliás, ou melhor, antes, ou antes
Ex.: Eles eram italianos, aliás, filhos de italianos.
h) situação – então, mas, afinal, agora (as palavras apenas introduzem frases,
sem qualquer ideia específica)
Ex.: Ir é fácil, agora, voltar é difícil.
Então, o que achou do filme?
Mas que alegria em vê-lo!
Afinal, que tem razão?
Na análise, dir-se-á palavra denotativa de designação, de inclusão, de
realce, etc., ou simplesmente palavra denotativa.
Obs. – A palavra denotativa eis não pode vir seguida dos pronomes pessoais
ele, ela, eles, elas. Nesses casos, ela combina-se com as antigas formas
oblíquas lo, la, los, las, perdendo o s final.
Ex.: Ei-lo que ressurge cheio de vida. (e não: Eis ele)
Queres uma prova? Ei-la. (e não: Eis ela)

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Pronome
Pronome é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo,
indicando-o como pessoa do discurso.
Ex.: Pedro está aqui? Não, ele saiu.
- A palavra ele é um pronome, pois substitui o substantivo Pedro; está
fazendo a função de sujeito, que é própria do substantivo.
Carla passeia com seu tio.
- A palavra seu é um pronome, acompanha o substantivo tio.
Pessoas do discurso
Num ato de comunicação, há três pessoas: 1ª - a que fala (emissor);
2ª - com quem se fala (receptor); 3ª - a pessoa ou coisa de quem se fala.
Classificação dos pronomes
Há seis tipos de pronomes:
– pessoal, possessivo, demonstrativo, relativo, indefinido e interrogativo.

Pronomes pessoais
São aqueles que indicam as três pessoas do discurso.
Podem ser retos, oblíquos e de tratamento.
Quadro dos pronomes pessoais
Pessoa Caso reto Caso oblíquo
1ª - sing. eu me, mim, comigo
2ª - sing. tu te, ti, contigo
3ª - sing. ele – ela se, si, consigo, o, a, lhe
1ª - plural nós nos, conosco
2ª - plural vós vos, convosco
3ª - plural eles – elas se, si, consigo, os, as, lhes
Os pronome pessoais oblíquos me – te – se – o – a – os – as – lhe –
lhes – nos – vos são átonos. Os pronomes mim – ti – si são tônicos e
sempre se empregam precedidos de preposição.
Emprego dos pronomes pessoais
1- Os pronomes do caso reto normalmente funcionam como sujeito; os do caso
oblíquo, como objeto.
Ex.: Ele realizou todos os projetos. (sujeito)
Todos o estimam e respeitam. (objeto direto)
Nós lhe agradecemos, Senhor, todos esses dons. (objeto indireto)
Maria nos oferece sua proteção. (objeto indireto)
Precedidos de só e todo (e flexões), os pronomes ele, ela, eles, elas
podem exercer a função de objeto direto.
Ex.: Recomendei só ele. Convocamos todas elas.
Os pronomes do caso reto também podem exercer a função de objeto
indireto, sendo regidos por preposição.
Ex.: Ofereci a ele um presente. Jesus doa a nós seu Corpo e Sangue.

70
2- Os pronomes oblíquos me, te, o, a, nos, vos, os, as funcionam como
sujeito de verbo no infinitivo que depende de um verbo causativo ou sensitivo
(fazer, mandar, deixar, ver, ouvir, sentir).
Ex.: Deixe-me dizer uma coisa.
Mandaram-te calar.
Deixe-os entrar.
Senti-a aproximar-se cuidadosamente.
3- Como complemento verbal, os pronomes oblíquos o – a – os – as são
empregados como objeto direto; lhe – lhes como objeto indireto.
Ex.: Isto o compromete. (objeto direto)
Ninguém o ofendeu, meu amigo. (objeto direto)
Isto não lhe convém. (objeto indireto)
Pedimos-lhe este favor. (objeto indireto)
4- Os pronomes oblíquos lhe e lhes significam a ele, a ela, a você, ao senhor,
a Vossa Senhoria, a eles, a elas, a vocês, etc.
Ex.: Fui à casa de André e pedi-lhe o caderno emprestado. (a ele)
Meu amigo, vim pedir-lhe um favor. (a você)
Voltei-me para as meninas e pedi-lhes silêncio. (a elas)
Dirigimo-nos a Vossa Senhoria, pedindo-lhe autorização para realizarmos
um novo projeto. (a Vossa Senhoria)
5- Os pronomes oblíquos o – a – os – as, depois de formas verbais terminadas
em r, s e z, assumem as formas lo – la – los – las, caindo as consoantes finais
dos verbos.
Ex.: Mandaram prendê-lo. (prender – o)
Senhor, sempre vamos louvá-lo. (louvar – o)
São belas orações. Recitamo-las todos os dias. (recitamos – as)
É uma bela canção. Compô-la Mílton Nascimento. (compôs – a)
O trabalho? Fi-lo com capricho. (fiz – o)
O professor fê-los entrar. (fez – os)
Obs. – O mesmo fenômeno ocorre depois da palavra denotativa eis e dos
pronomes pessoais oblíquos nos e vos.
Ex.: Você quer uma prova? Ei-la.
O motivo de sua atitude, só o tempo no-lo dirá. (nos – o)
Eu vos dou a paz; não vo-la dou como o mundo dá. (vos – a)
6- Depois de formas verbais terminadas em am, em, ão e õe, os pronomes
oblíquos o – a – os – as assumem as formas no – na – nos – nas.
Ex.: Peguem estas coisas e tragam-nas aqui. (tragam – as)
Esta notícia é estranha, mas dão-na como verdadeira. (dão – a)
Pega estes objetos e põe-nos naquela caixa. (põe – os)
7- Pode ocorrer a contração de dois pronomes pessoais oblíquos.
Ex.: Este livro é bonito; quem mo deu foi um amigo.
– mo é contração dos pronomes me e o (quem o deu para mim)
Alguns colegas pegaram um disco às escondidas. Se no-lo pedissem, nós
lho emprestaríamos.
– no-lo é contração dos pronomes nos e o; lho é contração dos
pronomes lhes e o (se o pedissem a nós, nós o emprestaríamos a eles)

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8- Os pronomes se – si – consigo são reflexivos, por isso só podem ser
empregados quando se referem ao sujeito da oração.
Ex.: Maria foi ao jardim levando consigo alguns livros.
Mônica queria o namorado sempre junto de si.
A criança se feriu com o brinquedo.
Todos se aproximaram com cuidado.
Em frases como estas, não se podem empregar os pronomes reflexivos,
pois não se referem ao sujeito da oração:
Paulo, posso ir consigo ao clube? (o correto é contigo ou com você)
Dona Mariana, eu desejo falar seriamente consigo. (o correto é contigo, ou
com a senhora, ou com Vossa Senhoria, etc.)
9- Em vez de conosco e convosco, empregam-se com nós e com vós
quando acompanhados de todos, outros, mesmos, próprios ou numeral.
Ex.: As crianças viajarão com nós mesmos.
O barco virou com nós três.
10- Há verbos que se conjugam ligados aos pronomes oblíquos. Nesses casos,
na primeira pessoa do plural, o verbo perde o s final.
Ex.: Fazemo-nos de desentendidos.
Damo-nos as mãos.
Atiramo-nos na piscina.
11- Os pronomes eu e tu não podem vir regidos de preposição.
Ex.: Não há mais desentendimentos entre mim e ti.
O diretor proferiu palavras duras contra a classe e ti.
Nada mais há entre você e mim.
Ele se insurgiu contra os alunos e mim.
Perante mim ninguém falará mal de ti.
Mas observe estas frases:
Ele deu o livro para eu ler.
Teu pai deu o carro para tu dirigires.
Elas estão corretas e não contradizem a regra dada. É que a preposição
não está regendo o pronome e sim toda a oração. Além disso, os pronomes
destacados estão na função de sujeito, quando normalmente se empregam as
formas do caso reto.
Observe ainda estas frases:
Não é difícil para mim ir até lá.
Para mim ser feliz é ter meu Deus.
A preposição está regendo o pronome, que não tem função de sujeito.
Colocando-se a frase na ordem direta, percebe-se isso com mais clareza:
Ir até lá não é difícil para mim.
Ser feliz para mim é ter meu Deus.

12- Quando a preposição reger a oração iniciada pelo pronome ele (e flexões),
não haverá contração com a preposição de.
Ex.: É hora de eles voltarem.
Apesar de eles se manifestarem claramente, poucos entenderam.
É o momento de elas se unirem nessa luta.

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Pronomes pessoais de tratamento
Entre os pronomes pessoais incluem-se os de tratamento, que se
empregam no tratamento cerimonioso e cortês.
Veja estes pronomes com suas abreviaturas e a quem se aplicam:
Vossa Excelência V. Ex.ª altas autoridades
Vossa Senhoria V . S.ª autoridades menores *
Vossa Magnificência V. Mag.ª reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Alteza V. A. príncipes e princesas
Vossa Santidade V. S. papa
Vossa Eminência V. Em.ª cardeais
Vossa Excelência V. Ex.ª Rev.ma bispos e arcebispos
Reverendíssima
Vossa Reverendíssima V. Rev.ma sacerdotes
o senhor - a senhora Sr. – Sr.ª no tratamento respeitoso
a senhorita Sr.ta mulheres solteiras
você V. tratamento familiar

* Este pronome também é empregado na linguagem comercial.


O pronome de tratamento você é a redução de Vossa Mercê.
Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pessoa do
discurso, gramaticalmente se comportam como de 3ª. pessoa.
Ex.: Vossa Excelência muito nos honra com sua visita.
Pedimos a Vossa Santidade que nos conceda sua bênção.
Vossa Alteza e seus filhos participarão da cerimônia?
Empregamos Vossa Excelência, Vossa Senhoria e demais formas
quando nos dirigimos à pessoa; empregamos Sua Excelência, Sua Senhoria e
outras formas quando nos referimos a ela,
Ex.: Senhor governador, Vossa Excelência é a esperança para nosso estado.
Queremos contar com a presença de Vossa Senhoria na celebração.
O papa visitou o Brasil, onde Sua Santidade foi muito aclamado pelo povo.
O cardeal virá ao seminário, onde Sua Eminência fará uma palestra.
Há situações em que os pronomes de tratamento não devem ser
abreviados. Por exemplo, dirigindo-se ao Presidente da República, empregue-
se a forma por extenso. E assim em outros casos em que se dirige a pessoas
de cargos muito importantes.

Outras formas de tratamento


Além dos pronomes, há outras formas de tratamento expressas por
adjetivos. Dirigindo-se ao reitor de uma universidade, emprega-se Magnífico
Reitor; ao juiz, Meritíssimo Juiz; a uma pessoa de respeito, Ilustríssimo Senhor;
a uma alta autoridade: Excelentíssimo Senhor, etc.
Às vezes, podem aparecer de forma abreviada: Ilmo. Sr. (Ilustríssimo
Senhor), Exmo. Sr. (Excelentíssimo Senhor), MM (Meritíssimo), etc.

73
Atente-se também para a correspondência das formas de tratamento.
Excelentíssimo corresponde a Vossa Excelência; Ilustríssimo, a Vossa
Senhoria; Eminentíssimo, a Vossa Eminência; Reverendíssimo, a Vossa
Reverendíssima, etc.
Ex.: Vimos convidar V. S.ª e ilustríssima família para o nosso casamento.
Nosso colégio franciscano convida V. Ex.ª e excelentíssima esposa para
participarem das festividades do nosso jubileu.
Nas correspondências, costuma-se indicar o cargo da pessoa precedido
da abreviatura DD., que significa Digníssimo.
Ex.: No envelope de uma carta, dirigida a José Alves, prefeito de Piracicaba:
Exmo. Sr.
Dr. Antônio Alves
DD. Prefeito Municipal de Piracicaba

Uniformidade de tratamento
No emprego de verbos, pronomes pessoais e pronomes possessivos, é
preciso estar atento à uniformidade de tratamento.
Ex.: Tu és, Senhor, nosso Deus. Confiamos em ti, imploramos tua bênção e
prometemos cumprir teus preceitos para vivermos sempre contigo.
. Nós vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as
vossas igrejas que há no mundo, e vos bendizemos porque, pela vossa santa
cruz, remistes o mundo.
Ó Deus, que sois o nosso criador, nós vos louvamos porque a vossa
proteção acompanha os vossos filhos.
Amemos a nossa pátria e, se preciso, demos a vida por ela.
Você sempre leva os seus documentos consigo?
Professor, o senhor me ajudou, por isso quero agradecer-lhe.
Vossa Majestade sempre procura o bem-estar de seu povo.
Papa Francisco, Vossa Santidade é o pastor de nossa Igreja. Por isso o
saudamos e queremos ouvir seus ensinamentos.
Obs. – Nos últimos exemplos, é importante lembrar que os pronomes pessoais
de tratamento comportam-se gramaticalmente como de 3ª. pessoa.

74
Pronomes possessivos
São os que exprimem ideia de posse em relação às pessoas do discurso.
1ª pessoa – meu, minha – meus, minhas
nosso, nossa – nossos, nossas
2ª pessoa – teu, tua – teus, tuas
vosso, vossa – vossos, vossas
3ª pessoa – seu, sua – seus, suas
Os pronomes possessivos concordam com a coisa possuída.
Ex.: O pai passeava com suas filhas.
A mãe defende seus filhos.
Os pronomes possessivos podem ser substituídos pelos pronomes
pessoais oblíquos, o que dá mais elegância e expressividade à frase.
Ex: Beijou-lhe docemente a face. (= a sua face)
Louvo-te o esforço. (= o teu esforço)
A borboleta pousou-me na testa. (= na minha testa)
Vendo esta cena, cortou-me o coração. (=o meu coração)
Quero beijar-te as mãos, minha querida. (=as tuas mãos)
Emprego dos pronomes possessivos
1- Seu (e suas flexões) tanto pode significar dele, como de você, do senhor,
de Vossa Senhoria, etc.
Ex. Pedro, posso dar uma volta com sua bicicleta? (= de você)
João foi passear com seu carro. (= dele)
2- Além da ideia de posse, os pronomes possessivos podem exprimir cálculo
aproximado, ironia, familiaridade, afetividade.
Ex: Ele poderá ter seus vinte anos. (cálculo aproximado)
O nosso herói não se deu por vencido! (ironia)
Não se zangue, minha senhora. (afetividade, familiaridade)
3- Em expressões como “fez das suas”, o pronome significa “ato ou dito próprio
da pessoa".
Ex.: Na festa, o menino travesso fez das suas, irritando a mãe.
4- A colocação do pronome possessivo pode alterar o sentido da frase:
Ex.: Queremos notícias tuas. Queremos tuas notícias.
No primeiro exemplo, significam “notícias sobre ti”; no segundo, significam
“as notícias que tu tens sobre algum assunto”.
Outros exemplos:
]

minhas saudades - saudades que eu sinto


saudades minhas - saudades que alguém sente de mim
tua fotografia - fotografia de que tu és possuidor
fotografia tua - fotografia em que tu és o retratado
5- Os pronomes possessivos, no plural, podem ser usados como substantivos,
no sentido de parentes, familiares, amigos ou partidários.
Ex.: Como vão os seus? (= seus parentes ou amigos).
6- Seu, nas expressões como “seu José”, “seu João”, é redução do pronome
pessoal de tratamento senhor.

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Pronomes demonstrativos
São aqueles que demonstram, apontam a posição
dos seres em relação às três pessoas do discurso.
Os pronomes demonstrativos são:
1ª pessoa – este – esta estes – estas isto
2ª pessoa – esse – essa esses – essas isso
3ª pessoa – aquele – aquela aqueles – aquelas aquilo
Ex.: Não temos muitos canários, mas estes que temos são de raça.
Pedro, essa gravata que você usa é italiana?
Você consegue ler aquele aviso lá na porta?

São também pronomes demonstrativos:


1- o – a, os – as quando não acompanham substantivo e equivalem a esse,
essa, isso, aquele, aquela, aquilo (e flexões).
Ex.: Não sei o que pensas.
Era uma bela manhã, mas poucos o notaram.
Há três casas: a do meio é nossa.
Os que lutam sempre vencem.
Falarei para as que estiverem interessadas.
Esses pronomes demonstrativos, como os pronomes pessoais oblíquos,
assumem as formas lo, la, los, las, depois de formas verbais terminadas em r,
s e z, caindo essas consoantes finais; depois de formas verbais terminadas em
am, em, ão e õe, assumem as formas no, na, nos, nas.
Ex. Deves ser estudioso e deves sê-lo sempre.
Quem disse isso? Disseram-no os alunos.
O pronome demonstrativo o pode representar um termo ou o conteúdo
de uma oração inteira.
Ex.: Ninguém teve coragem de falar, antes que ela o fizesse.
O jantar ia ser um desastre. Todos o pressentiam.
Dirás que sou ambicioso? Sou-o deveras.
2- mesmo e próprio (e suas flexões) empregados como reforçativos.
Ex.: Estes são os mesmos rapazes que vieram ontem.
Os próprios sábios podem enganar-se.
Nós próprios o dissemos.
Ela mesma resolveu os problemas.
3- tal e semelhante (e flexões) quando equivalem a esse, aquele, etc.
Ex.: Não faça tal asneira.
Não diga semelhante coisa.
Não digas tal.
4- Existem, ainda, os pronomes combinados com a palavra outro: estoutro,
essoutro, aqueloutro (e suas variações), evitados em geral no português
contemporâneo.
Ex: Não leia este livro, mas aqueloutro.

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Emprego dos pronomes este, esse, aquele (e flexões)
1- Emprega-se o pronome demonstrativo este com referência ao que está no
âmbito da primeira pessoa do discurso; esse no âmbito da segunda pessoa;
aquele no âmbito da terceira pessoa.
Ex.: É de Machado de Assis este livro que estou lendo.
Essa gravura que tens na mão é antiga.
Aquele objeto que ela segura é um vaso de cobre.
2- Indicando lugar, posição, este refere-se ao que está próximo do emissor;
esse ao que está próximo do receptor; aquele ao que está distante dos dois.
Ex.: – O que é isso em seu bolso, Ricardo?
– Isto é uma bombinha, mamãe.
– E aquilo se mexendo lá no canto?
– Aquilo é um sapo.
– Já entendi tudo. Dê-me essa bombinha e deixe os sapos em paz...
3- Emprega-se este para referir-se ao que vai ser enunciado em seguida; esse
para referir-se ao que foi enunciado anteriormente.
Ex.: Este é o mandamento de Jesus: Amai-vos uns aos outros.
Amai-vos uns aos outros: esse é o mandamento de Jesus.
4- Referindo-se a dois elementos citados anteriormente, emprega-se este para
indicar o elemento mais próximo, mencionado por último; aquele para indicar o
mais distante, mencionado em primeiro lugar.
Ex.: A mulher é mais tolhida socialmente do que o homem; a este se permitem
direitos que se negam àquela. (este - homem; aquela – mulher)
5- Indicando tempo, emprega-se este para o presente; esse para passado ou
futuro próximo; aquele para passado ou futuro distante.
Ex.: Neste instante está começando o jogo no Maracanã.
No início do ano tiveram início os combates; nesse período ninguém
previa as terríveis consequências.
Jesus viveu na Palestina que, naquele tempo, era domínio dos romanos.
6- Os pronomes demonstrativos podem se correlacionar com advérbios de
lugar: aqui com o pronome este; aí com o pronome esse, lá e ali com o
pronome aquele.
Ex.: Por favor, ajude-me a carregar estas caixas aqui.
Mariana, traga-me esse livro que está aí do seu lado.
Você consegue ver aqueles prédios lá do outro lado do bairro?
7- Os pronomes isto, isso, aquilo, quando aplicados a pessoas, têm sentido
irônico, fortemente depreciativo.
Ex.: Ninguém sabe onde ele anda. Aquilo é um desgraçado!
8- Os pronomes demonstrativos podem formar contração quando precedidos
das preposições a, de, em.
– a + aquele → àquele; de + este → deste; em + esse → nesse, etc.
Ex.: Em meu sermão, referi-me àquela grande santa franciscana.
Nisto nós acreditamos: o amor de Deus se manifesta na cruz de Jesus.
Admiro São Vicente: a vida desse santo é marcada pelo amor aos pobres.
Obs. – Nisto, quando significa “neste momento”, “neste entretempo”, tem valor
de advérbio de tempo.
Ex.: Nisto deu o vento e uma folha caiu.

77
Pronomes relativos
São os que se relacionam com um termo anterior, chamado antecedente.
Ex.: Não conhecemos os alunos que saíram.
– o pronome relativo que refere-se ao antecedente os alunos.
São pronomes relativos:
– o qual, a qual, os quais, as quais
Ex.: Foi interessante o tema sobre o qual discutimos.
– que, quem (quando equivalem a o qual ....)
Ex.: Comprei os livros que você me indicou.
Este é o amigo em quem confiamos muito.
– cujo, cuja, cujos, cujas
Ex.: Feliz o pai cujos filhos são responsáveis.
– onde (quando significa em que, no qual ...)
Ex.: Visitamos a cidade onde você nasceu.
Estes são os países onde a guerra foi mais sangrenta.
– quanto, quanta, quantos, quantas (quando têm como antecedentes os
pronomes indefinidos todo, tudo, tanto).
Ex.: Coloque tantas folhas quantas forem necessárias.
Leve tudo quanto for possível.

Emprego dos pronomes relativos


1- Os pronomes relativos devem vir precedidos de preposição, se a regência
assim determinar.
Ex.: Este é o autor a cuja obra me refiro.
Este é o autor de cuja obra gosto.
Este é o Deus em quem confiamos.
Futebol é o esporte de que mais gosto.
O filme a que assistimos era uma comédia.
2- O pronome relativo quem é empregado com referência a pessoas ou coisas
personificadas e geralmente vem precedido de preposição.
Ex.: Não conheço a menina de quem você me falou.
Este é o rapaz a quem você se referiu.
3- Os pronomes relativos que e o qual (e flexões) se empegam com referência
a pessoas ou coisas.
Ex.: Não conheço o rapaz que saiu.
Este é o assunto sobre o qual discutimos.
4- Quando precedido de preposição monossílaba, empregam-se os pronomes
relativos que ou o qual (e flexões). Com as preposições de mais de uma
sílaba, usa-se o pronome relativo o qual (e flexões)
Ex.: Esta é a pessoa de que lhe falei. (ou da qual)
Esta é a pessoa sobre a qual lhe falei.
Com as preposições sem e sob, usa-se o pronome o qual (e flexões).
Ex.: Ele nos apresentou uma condição sem a qual o trabalho não terá sentido.
Este é o móvel sob o qual ficou escondido o documento.

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5- O pronome relativo que pode ter como antecedente os pronomes
demonstrativos o - a - os - as.
Ex.: Sei o que estou dizendo.
Felizes os que promovem a paz.
Bem-aventuradas as que seguem o evangelho.
6- O pronome cujo (e flexões) exprime ideia de posse, equivalendo a do qual
(e flexões); deve concordar com a coisa possuída.
Ex.: Este é o homem em cuja casa me hospedei. (casa do homem)
Feliz o pai cujos filhos são ajuizados. (filhos do pai)
Obs. – Este pronome não pode vir seguido de artigo.
Ex.: Os pais cujas filhas foram premiadas emocionaram-se. (e não: cujas as)
7- O pronome relativo onde só se emprega quando há ideia de lugar e pode
formar combinação com a preposição a ou contração com a preposição de.
Ex.: Não conheço o lugar aonde você vai.
O colégio aonde ele se dirige é tradicional.
Jesus subiu ao céu, donde virá para julgar-nos no fim dos tempos.
8- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase,
tornando-a mais dinâmica e expressiva.
Ex.: Das árvores caíam folhas. O vento levava essas folhas.
– Das árvores caíam folhas que o vento levava.
Os planetas são súditos. O rei deles é o Sol.
– Os planetas são súditos cujo rei é o Sol.
O futebol é um esporte. Gosto muito desse esporte.

]
– O futebol é um esporte de que gosto muito.
O assunto era muito polêmico. Comentamos sobre esse assunto na aula.
– O assunto sobre o qual comentamos na aula era muito polêmico.
Visitamos a cidade histórica. Meu amigo nasceu nessa cidade.
– Visitamos a cidade histórica onde meu amigo nasceu.
O time é de Campinas. Jogamos contra esse time.
– O time contra o qual jogamos é de Campinas.

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Pronomes indefinidos
São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de modo
vago, indeterminado, ou indicam quantidade indeterminada.
São pronomes indefinidos:
– algo, alguém, ninguém, tudo, nada, cada, outrem, mais, menos, demais,
que, quem (invariáveis)
– algum, nenhum, tal, todo, tanto, outro, muito, pouco, bastante, certo, um,
qual, quanto, qualquer, vário, diverso (e suas flexões)
Também são pronomes indefinidos: fulano, beltrano, sicrano
Ex. Algo o incomoda.
Quem tudo quer nada tem.
Acreditam em tudo que fulano diz ou sicrano escreve.
Quantos há a quem a fome obriga a aceitar qualquer tarefa!
Cada povo tem suas tradições.
Vários alunos foram contemplados no sorteio.
Neste mundo ninguém é perfeito.
Alguns foram lembrados para essa tarefa.

Locução pronominal indefinida


São duas ou mais palavras que têm o valor de um pronome indefinido.
– todo aquele que, seja quem for, quem quer que, um ou outro, uma ou outra,
cada um, cada qual, qualquer um, etc.
Ex. Cada qual tem a recompensa que merece.
Cada um cumpra o seu dever.
Qualquer um poderá ser convocado.
Todo aquele que me segue terá a luz da vida – disse Jesus.

Emprego dos pronomes indefinidos


1- Algum – colocado antes do substantivo, tem sentido afirmativo; colocado
depois, tem sentido negativo.
Ex.: Alguma coisa ele conseguiria ali.
Coisa alguma ele conseguiria ali. (= nenhuma coisa)

2- Certo – colocado antes do substantivo, equivalendo a “algum”, é pronome


indefinido; colocado depois do substantivo ou empregado sozinho, é adjetivo e
tem o sentido de “verdadeiro, exato, correto”.
Ex.: Certas pessoas não se corrigem! (pronome indefinido)
Você tomou a decisão certa. (adjetivo)
Tenho certos amigos que não são amigos certos. (pronome e adjetivo)

3- Cada – deve vir acompanhado de substantivo, pronome ou numeral.


Ex.: Os livros custaram 10 reais cada um.

4- Outro – acompanhando substantivo, é pronome indefinido; sozinho, é


adjetivo e significa “mudado, diferente”.
Ex.: Agora ele apareceu com outra namorada. (pronome indefinido)
Depois do retiro, ele voltou outro. (adjetivo)

80
5- Outrem – significa “outra pessoa”
Ex.: Não aceito que outrem modifique o que eu já fiz.

6- Qualquer – tem por plural “quaisquer”.


Ex.: São aceitas nesta empresa pessoas de quaisquer origens.
Obs. - A palavra qualquer, posposta ao substantivo, assume valor pejorativo.
Ex.: Era uma mulherzinha qualquer!

7- Todo - toda – acompanhados de artigo, indicam totalidade e significam


“inteiro, inteira”; não acompanhados de artigo, significam “cada”, “qualquer”.
Ex.: Toda a praça ficava cheia de crianças. (a praça inteira)
Toda praça ficava cheia de crianças. (cada praça, qualquer praça)
Empregados no singular, após substantivo, também significam “inteiro, inteira”.
Ex.: Ele tinha o corpo todo coberto de tatuagens. (o corpo inteiro)
Obs. - Todo – toda também podem ser empregados com valor de advérbio,
significando “totalmente”.
Ex.: Estava toda assanhada a mocinha...
No plural, todos - todas indicam totalidade e geralmente se empregam
seguidos de artigo.
Ex.: Todos os povos têm seus valores.
Todas as crianças precisam de proteção.
Mas não se empregará o artigo:
a) se o pronome vier posposto ao substantivo.
Ex.: Povos todos, louvai ao Senhor.
Nações todas, proclamai as maravilhas de Deus.
b) se o pronome vier seguido de palavra que repele o artigo.
Ex.: Todos esses alunos foram relacionados.
Todas elas mereceram as homenagens.
Todas aquelas que compareceram foram recompensadas.
c) diante de numeral não seguido de substantivo.
Ex.: Todos cinco compareceram.
Mas: Todos os cinco alunos compareceram.
d) e, evidentemente, quando não estiverem acompanhando substantivo.
Ex.: Todos participaram piedosamente da celebração.
Todas foram premiadas pelos belos trabalhos realizados.

8- Muito, pouco, bastante, mais, menos, demais – podem ser advérbios de


intensidade, quando estiverem modificando verbo, adjetivo ou outro advérbio;
ou pronomes indefinidos, quando indicarem quantidades indeterminadas,
podendo acompanhar substantivos ou virem sozinhos.
Ex.: Rafaela estudou muito. – advérbio, pois modifica o verbo “estudou”.
Ana é pouco dedicada. – advérbio, pois modifica o adjetivo “dedicada”.
Ele andava muito devagar. – advérbio, pois modifica o advérbio “devagar”
Tenhamos muito amor para com Deus e o próximo. – pronome indefinido,
acompanhando o substantivo “amor”.
Amigo, tenha mais dedicação e menos preguiça. – pronomes indefinidos,
acompanhando os substantivos “dedicação” e “preguiça”.
Muitos são chamados e poucos escolhidos. – pronomes indefinidos.

81
Obs. – Como pronomes, muito, pouco, bastante se flexionam; mais, menos
e demais são sempre invariáveis.
Ex.: Há bastantes razões para crermos nesse ensinamento.
São muitas as causas dessa discussão.
Não há mais motivos para reclamar.
Na classe há menos garotas do que rapazes.
Alguns trabalharam; os demais foram dispensados.

Um, uma – uns, umas


1- São pronomes indefinidos, quando não acompanham substantivo e
equivalem a algum, alguma, alguns, algumas.
Ex.: Um vai, outro vem.
Enquanto uns se dedicam, os demais brincam.
2- São artigos indefinidos quando acompanham substantivo, referindo-
se a ele de forma indeterminada.
Ex.: Uma garota me acenou com simpatia.
Convidei uns amigos para um passeio.

3- Um e uma podem ser, ainda, numerais cardinais, quando exprimem


claramente ideia de número, de quantidade.
Ex.: Só uma pessoa se ofereceu para o trabalho.
Comprei dois livros, três cadernos, uma régua e um lápis.

82
Pronomes interrogativos
São os pronomes que, quem, qual, quais e quanto (e flexões)
que introduzem uma frase interrogativa direta ou indireta.
Eles se referem de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso.
Ex.: Quem nos separará do amor de Deus?
Que importa o que ele diz ou pensa?
Interroguei quais eram suas opções.
Perguntei quantos comparecerão à festa.
Quantas alunas desfilaram?
Queremos saber quem disse isso.
Indaguei qual foi o livro que você leu.
O pronome interrogativo que, às vezes, pode vir precedido do o, como
partícula de reforço, mas sem qualquer classificação.
Ex.: Que procuras aqui? ou – O que procuras aqui?
Frase interrogativa direta é a que termina por ponto de interrogação.
Frase interrogativa indireta é a que termina por ponto final e constrói-se
com os verbos perguntar, interrogar, indagar, querer saber.

Observações
As palavras que e quem podem ser pronomes relativos, pronomes
indefinidos e pronomes interrogativos.
1- São pronomes interrogativos quando introduzem frases interrogativas.
Ex.: Que dizem os homens a respeito de Jesus?
Quero saber quem nos apontará o verdadeiro caminho.
2- São pronomes relativos quando se relacionam com um termo anterior,
chamado antecedente, e correspondem a o qual (e flexões).
Ex.: A pessoa que ama é feliz.
André e Paulo são amigos em quem confiamos.
3- Quem é pronome indefinido quando corresponde a todo aquele que.
Ex.: Quem me segue não andará nas trevas – disse Jesus.
4- Que é pronome indefinido quando acompanha substantivo e
corresponde a quanto (e flexões).
Ex.: Que saudade estou sentido, amigo!
Que lembranças alegres este sítio me traz!

83
Colocação pronominal
A colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos está intimamente
ligada à harmonia da frase. Eles podem vir após o verbo (ênclise), antes do
verbo (próclise) e no meio do verbo (mesóclise).
Esses pronomes são: me, nos – te, vos – se, o, a, os, as, lhe, lhes.
Emprego da próclise
1- Emprega-se quando há palavras atrativas:
- a palavra que
Ex.: Esperamos que nos ofereçam uma oportunidade.
Soube que me dariam autorização.
Por que lhe disse essa mentira?
- advérbios
Ex.: Não te afastes de mim.
Agora se negam a depor.
Jamais lhe fariam tal ofensa.
Aqui se encontram os verdadeiros amigos.
Obs. – a) Havendo vírgula após o advérbio, usa-se a ênclise.
Ex.: Agora, negam-se a depor.
b) Quando o advérbio de negação precede um infinitivo não flexionado,
é possível também a ênclise.
Ex.: Fiquei calado para não entristecê-lo. (ou: para não o entristecer)
- conjunções subordinativas
Ex.: Embora o conhecesse, ficou surpreso com sua atitude.
Se nos ofenderem, reagiremos da mesma maneira?
Caso nos procure, iremos atendê-lo com satisfação.
Reagi de forma ríspida porque me ofendeu.
- conjunções coordenativas alternativas
Ex.: Ou se corrige ou lhe voltarão as costas.
O rio ora se estreita, ora se alarga caprichosamente.
- a palavra só no sentido de “apenas”, “somente”.
Ex.: Só lhe oferecerei uma oportunidade.
- pronomes demonstrativos “neutros”, indefinidos e relativos
Ex.: Isto o incomoda, meu amigo?
Alguém o acusou perante a diretoria.
Todos te louvam, ó Senhor.
Poucos se ofereceram para o trabalho.
São amigos em quem me apoio nas horas difíceis.
O local onde se reúnem é bastante agradável.
2- Emprega-se nas frases interrogativas e exclamativas.
Ex.: Quem se atreveria a isso?
Por que nos faria tal afronta?
Quanto te arriscas com essa atitude!

84
3- Emprega-se nas frases optativas (que exprimem desejo), quando o
sujeito vem antes do verbo.
Ex.: Deus te guie, meu amigo.
Bons olhos o vejam!
Deus nos proteja!
Mas: Proteja-nos Deus!
4- Também se emprega a próclise quando o verbo está no gerúndio ou
no infinitivo pessoal precedido de preposição ou de palavra atrativa.
Ex.: Em se ausentando, complicou-se a sua situação.
Por se acharem infalíveis, caíram no ridículo.

Emprego da mesóclise
Emprega-se quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do
pretérito do indicativo.
Ex.: Convencê-lo-ei a aceitar nossa proposta.
Oferecer-lhe-ia nova oportunidade se merecesse.
Louvar-te-emos sempre, ó Senhor, nosso Deus.
Convidá-la-ia se ainda houvesse convite para a festa.
Chamá-lo-ia para a o trabalho se fosse importante.
Na próxima semana, encontrar-nos-emos no congresso.
Se houver vaga, contratá-lo-ei para uma experiência.
Levantar-me-ei e irei até a casa de meu pai.
Senhor, servir-vos-ei por toda minha vida.
Nunca ocorre ênclise com esses dois tempos verbais. Mas, havendo
palavra atrativa, emprega-se a próclise.
Ex.: Sempre te louvaremos, ó Senhor, nosso Deus.
Nunca lhe faria tal desfeita, amigo.
Alguém me chamaria para participar da confraternização?

Emprego da ênclise
Não havendo situações em que se devem empregar a próclise ou a
mesóclise, o pronome vem após o verbo.
Ex.: Se o tempo melhorar, vou-me embora.
Sobrando-me um dinheiro, mudo-me desta terra.
Às dez horas, recolham-se todos em suas casas.
Não era minha intenção magoar-te.
Recusou o convite, fazendo-se de ocupado.

Emprega-se tanto a ênclise como a próclise


1- Com o infinitivo impessoal precedido de preposição.
Ex.: Tive medo de incomodar-te.
Tive medo de te incomodar.
2- Quando o sujeito e o verbo vêm em sequência.
Ex.: As crianças se feriram nos brinquedos. (ou feriram-se)
Os adversários se abraçaram cordialmente. (ou abraçaram-se)
Eles me encontraram na praça central. (ou encontraram-me)
Você nos convidou para esta festa. (ou convidou-nos)
Jesus te convoca para participar de seu reino. (ou convoca-te)

85
Com locuções verbais
1- Com locuções em que o verbo principal está no infinitivo ou no
gerúndio, se não há palavra atrativa, coloca-se o pronome depois do verbo
principal ou depois do verbo auxiliar.
Ex.: Devo dizer-lhe algumas palavras.
Devo lhe dizer algumas palavras. (ou Devo-lhe dizer)
As crianças estavam acompanhando-me.
As crianças estavam me acompanhando.
Havendo palavra atrativa, o pronome pode vir antes ou depois do verbo
auxiliar, ou ainda depois do verbo principal.
Ex.: Não lhe posso dizer nada.
Não posso lhe dizer nada.
Não posso dizer-lhe nada.
Nada nos estava faltando.
Nada estava nos faltando.
Nada estava faltando-nos.
2- Com locuções em que o verbo principal ocorre no particípio, o
pronome vem depois do verbo auxiliar. Com palavra atrativa, o pronome vem
antes do verbo auxiliar.
Ex.: Haviam me convidado para a celebração. (ou Haviam-me convidado)
Não me haviam convidado para a celebração.
3- Nas locuções em que o verbo está no futuro do presente ou no futuro
do pretérito do indicativo, nunca se usa a ênclise. Deve-se usar a mesóclise ou,
havendo palavra atrativa, a próclise.
Ex.: Poder-se-á dizer o contrário disso.
Ter-se-ia discutido outro problema.
Nesta situação, nada se poderá fazer.

Observações
a) Apesar de ser frequente na linguagem popular, não se deve iniciar
frase com pronome oblíquo átono.
Por isso não são aceitas pela norma culta frases como: Me convidaram
para a festa. Nos revelaram os motivos.
Deve-se dizer: Convidaram-me para a festa. Revelaram-me os motivos.
b) Quando o verbo vem precedido de duas palavras atrativas, o pronome
pode vir entre elas ou antes do verbo. Prefira-se a forma mais harmônica.
Ex.: Há males que se não curam pelas mãos.
Há males que não se curam pelas mãos.
c) Seguem as regras de colocação pronominal o se como partícula
apassivadora ou como índice de indeterminação do sujeito e as formas
combinadas dos pronomes oblíquos mo, to, lho, no-lo, vo-lo (e flexões).
Ex.: Aqui se alugam belos apartamentos. (partícula apassivadora)
Precisa-se de técnicos competentes. (índice de indeterminação do sujeito)
Realizar-se-á uma grande festa. (partícula apassivadora)
Não vo-lo recomendo.
Queres uma chance, mas não ta darei.
A foto que me pede? Entregar-lha-ei em breve.
O que desejais ouvir, dir-vo-lo-ei na hora oportuna.

86
Vozes verbais
São três as vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva.
Voz ativa – quando o sujeito é agente (faz a ação).
Ex.: O caçador feriu o animal.
O escritor publicou outro romance.

Voz passiva – quando o sujeito é paciente (recebe a ação).


Ex.: O animal foi ferido pelo caçador.
Outro romance foi publicado pelo escritor.
O ser que pratica a ação é chamado agente da passiva.
A voz passiva pode ser analítica ou sintética.
A voz passiva analítica se forma com o verbo auxiliar (ser ou estar)
mais o particípio do verbo principal.
Ex.: A casa foi vendida pelo empresário.
A cidade estava sitiada pelo exército inimigo.
A voz passiva sintética se forma com o verbo acompanhado da
partícula apassivadora se.
Ex.: Vende-se casa neste condomínio.
Nesta imobiliária alugam-se belos apartamentos.

Voz reflexiva – quando o sujeito é agente e paciente (faz e recebe a ação).


Ex.: As crianças se feriram.
Os adversários se cumprimentaram cordialmente.

Conversão de voz verbal


Voz ativa para passiva – é possível quando o verbo for transitivo direto
ou transitivo direto e indireto.
Ex.: O escritor lançou novo livro. – voz ativa - verbo transitivo direto
Novo livro foi lançado pelo escritor. – voz passiva analítica
Oferecemos flores a Maria. – voz ativa - verbo transitivo direto e indireto
Flores foram oferecidas por nós a Maria. – voz passiva analítica
Necessitamos de apoio. – voz ativa - verbo transitivo indireto
– não é possível a conversão
Voz passiva para ativa – sempre é possível.
Ex.: O livro foi escrito por Machado de Assis. – voz passiva analítica
Machado de Assis escreveu o livro. – voz ativa
Voz passiva analítica para sintética – é possível quando o agente for
indeterminado (não estiver expresso).
Ex.: O prédio foi demolido. – voz passiva analítica
Demoliu-se o prédio. – voz passiva sintética
Nesta imobiliária são vendidas casas novas. – voz passiva analítica
Nesta imobiliária vendem-se casas novas. – voz passiva sintética
Lindas flores foram oferecidas por ela. – voz passiva analítica
- não é possível a conversão, pois o agente (por ela) está expresso.

87
Voz passiva sintética para analítica – sempre é possível.
Ex.: No século XV descobriram-se novas terras. – voz passiva sintética
No século XV foram descobertas novas terras. – voz passiva analítica
Oferecer-se-ão belos prêmios aos vencedores. – voz passiva sintética
Belos prêmios serão oferecidos aos vencedores. – voz passiva analítica
Ouviu-se um ruído estranho no quintal. – voz passiva sintética
Um ruído estranho foi ouvido no quintal. – voz passiva analítica

Palavra SE
Na indicação da voz verbal, o SE pode ser pronome pessoal oblíquo,
partícula apassivadora ou índice de indeterminação do sujeito.
Ex.: Necessita-se de proteção. – voz ativa
– o se é índice de indeterminação do sujeito
– o sujeito é indeterminado e emprega-se o verbo na 3ª. pessoa do singular.
A criança feriu-se. As crianças feriram-se. – voz reflexiva
– o se é pronome pessoal oblíquo
– o verbo concorda normalmente com o sujeito.
Na imobiliária vendem-se lindos apartamentos. – voz passiva sintética
– o se é partícula apassivadora
– o verbo concorda com o sujeito.
A frase “Na imobiliária vendem-se lindos apartamentos” encontra-se na
voz passiva sintética. Para se ter certeza da voz verbal, basta tentar
transformar a frase na voz passiva analítica. Quando isso é possível, o sujeito
da frase transformada é também o sujeito da frase original e o verbo deve
concordar com ele.
– Na imobiliária vendem-se lindos apartamentos. – voz passiva sintética
– Na imobiliária lindos apartamentos são vendidos – voz passiva analítica
O sujeito é lindos apartamentos, por isso: vendem-se lindos apartamentos
Agora, observe-se esta frase: Precisa-se de técnicos.
– não é possível a transformação; o se é índice de indeterminação do sujeito
O sujeito é indeterminado e o verbo deve ficar na 3ª. pessoa do singular.

Observação
Quanto à colocação da palavra SE, nos três sentidos, seguem-se as
mesmas regras da colocação pronominal.
Ex.: Reformam-se motores nesta oficina.
Precisa-se de políticos honestos e competentes.
Lá se necessita de engenheiros mecânicos.
Por aqui se vai a São Paulo.
Não se trocam pedras preciosas por bijuterias.
Jamais se ofenderam com palavras tão grosseiras.
Realizar-se-á uma grande festa no fim do ano.
Construir-se-ia uma nova igreja se houvesse recursos.

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Verbo
É a palavra que exprime ação, fato, estado ou fenômeno da natureza.
Ex.: Os meninos corriam alegres. (ação)
Eu sou um aluno estudioso. (estado)
Nevou no sul do país. (fenômeno da natureza)
O verbo é a classe de palavras mais rica em flexões.
Ele se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz.
1- As pessoas são três:
Ex.: 1ª. – penso (sing.) pensamos (plural)
2ª. – pensas (sing.) pensais (plural)
3ª. – pensa (sing.) pensam (plural)
2- Os tempos situam a ação verbal dentro de determinado momento.
São três: presente
pretérito (perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito)
futuro (do presente e do pretérito)
Ex.: no indicativo: penso pensei – pensava – pensara pensarei – pensaria
no subjuntivo: pense pensasse pensar
3- Os modos indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar.
a) indicativo – exprime um fato de modo certo, positivo.
Ex.: Vou ao campo hoje. Saíram cedo.
Rezava com muita piedade. Estudaremos a lição.

b) subjuntivo – exprime um fato de modo possível, hipotético, duvidoso.


Ex.: Talvez chova hoje.
Se você estudasse, tiraria boas notas.
Quando ele chegar, faremos uma festa.
c) imperativo – exprime ordem, pedido, conselho ou proibição.
Ex.: Alegra-te, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
Ide e anunciai o evangelho a todos os povos.
Não conversem, crianças.
4- Formas nominais – enunciam os fatos de maneira vaga, imprecisa,
impessoal. São o infinitivo (pessoal e impessoal), o gerúndio e o particípio.
Ex.: louvar – louvando – louvado
Chamam-se formas nominais porque podem desempenhar as funções
próprias dos nomes (substantivo ou adjetivo).
Ex.: O andar da bailarina é gracioso. (substantivo)
O viver e o morrer pertencem a Deus. (substantivos)
Derrubou água fervendo. (adjetivo)
Sua vida não foi um tempo perdido. (adjetivo)
5- As vozes verbais são ativa, passiva e reflexiva.
Ex.: O menino feriu o gato. (voz ativa – o sujeito faz a ação)
O gato foi ferido pelo menino. (voz passiva – o sujeito recebe a ação)
Eu me feri ao cair da escada. (voz reflexiva – o sujeito faz e recebe a ação)

89
Conjugações
Os verbos da língua portuguesa agrupam-se em três conjugações, de
acordo com a terminação do infinitivo:
– 1ª. em ar – cantar, andar, louvar, trabalhar, estudar
– 2ª. em er – ler, beber, vender, entender, render
– 3ª. em ir – fugir, proibir, dividir, partir, repartir
O verbo pôr (cuja forma antiga era poer) e os seus derivados – antepor,
depor, compor, impor, propor e outros – são considerados da 2ª. conjugação.

Classificação
Os verbos classificam-se em:
a) regular – quando segue o modelo da conjugação.
Ex.: cantar, louvar, beber, correr, partir, dividir
Para saber se um verbo é regular, basta conjugá-lo no presente do
indicativo e no pretérito perfeito do indicativo. Se for regular nesses dois
tempos, será também nas demais formas.
b) irregular – quando se afasta do modelo da conjugação, sofrendo alterações
no radical ou nas desinências.
Ex.: dizer – digo, dizes - disse - direi fazer – faço, fazes - fiz - farei
servir – sirvo, serves, serve possuir – possuo, possuis, possui
c) anômalo – quando é muito irregular, verificando-se vários radicais.
Ex.: ser – sou, és - fui - era - serei - seja - fosse - for
ir – vou, vais - fui - ia - irei - vá - fosse - for
d) defectivo – quando o verbo não apresenta certas formas.
Ex. falir – no presente do indicativo, só apresenta estas formas: falimos e falis.
abolir – no presente do indicativo, não possui a 1ª. pessoa do singular.
Também são considerados defectivos os verbos impessoais: chover,
ventar, amanhecer, entardecer, anoitecer, gear, nevar, etc.
e) auxiliar – quando se junta a outro verbo, denominado principal, ampliando-
lhe a significação.
O conjunto verbo auxiliar + verbo principal chama-se locução verbal.
Ex. Amanhã poderá chover. Vamos comemorar o prêmio.
Ele estava estudando muito. Chorava porque tinha perdido o trem.
Nas locuções, o verbo principal ocorre no infinitivo, no gerúndio ou no
particípio; ele permanece invariável, o que se flexiona é o verbo auxiliar.
Ex.: Eu vou passear. Nós vamos passear. Eles vão passear.
Tu estavas rezando. Vós estáveis rezando. Eles estavam rezando.
Você tinha partido. Nós tínhamos partido. Vós tínheis partido.
f) abundante – quando possui duas ou mais formas de idêntico valor.
Ex.: haver – presente do indicativo: nós havemos ou hemos; vós haveis ou heis
construir – presente do indicativo: tu constróis ou construis;
ele constrói ou construi; eles constroem ou construem

90
A abundância ocorre principalmente no particípio, que apresenta uma
forma regular terminada em – do e outra irregular.
Exs.: aceitar: aceitado – aceito acender: acendido – aceso
benzer: benzido – bento eleger: elegido – eleito
emergir: emergido – imerso entregar: entregado – entregue
enxugar: enxugado – enxuto exprimir: exprimido – expresso
expulsar: expulsado – expulso extinguir: extinguido – extinto
ganhar: ganhado – ganho gastar: gastado – gasto
imprimir: imprimido – impresso isentar: isentado – isento
limpar: limpado – limpo matar: matado – morto
morrer: morrido – morto murchar: murchado – murcho
omitir: omitido – omisso pagar: pagado – pago
pegar: pegado – pego prender: prendido – preso
salvar: salvado – salvo soltar: soltado – solto
submergir: submergido – submerso suspender: suspendido – suspenso
Quando há duplo particípio, segundo a tradição da língua, emprega-se a
forma regular com os verbos auxiliares ter e haver e a forma irregular com os
verbos ser e estar.
Ex. Tinham aceitado o pedido. O pedido foi aceito.
Haviam aceitado o pedido O pedido estava aceito.
Essa regra não é seguida rigorosamente e, modernamente, são aceitas
construções como estas:
Ex.: tinha pegado ou tinha pego tinha ganhado ou tinha ganho
]
tinha pagado ou tinha pago tinha gastado ou tinha gasto

A forma regular do particípio não se emprega com os verbos ser e estar.


Por isso não se admitem construções como “foi enxugado”, “era entregado”,
“será salvado”, “seria pagado”.
As formas corretas são: foi enxuto, era entregue, será salvo, seria pago.
Estes verbos (e derivados) só têm a forma irregular do particípio:
abrir – aberto cobrir – coberto dizer – dito escrever – escrito
fazer – feito pôr – posto ver – visto vir – vindo

Verbos pronominais
São os que se conjugam acompanhados do pronome pessoal oblíquo.
Ex.: lembro-me, lembras-te, lembra-se, lembrei-me, etc.
Na 1ª. pessoa do plural, os verbos perdem o S final quando seguidos do
pronome pessoal oblíquo nos.
Ex.: Esquecemo-nos, queixamo-nos, arrependíamo-nos, aproximemo-nos, etc.

Formas rizotônicas e arrizotônicas


Rizotônicas são aquelas em que a sílaba tônica ocorre no radical.
Ex. and-o, and-as, trabalh-am, etc.
Arrizotônicas são aquelas em que a sílaba tônica ocorre fora do radical.
Ex. and-amos, and-ais, trabalh-aremos, etc.

91
Verbo – Formas primitivas e derivadas
– Da 1ª. pessoa do presente do indicativo deriva o presente do subjuntivo.
Ex.: digo – diga faço – faça trago – traga ponho – ponha
vejo – veja venho – venha caibo – caiba tenho – tenha
Exceções – Não seguem essa regra os verbos:
ser (sou – seja) estar (estou – esteja) dar (dou – dê)
haver (hei – haja) saber (sei – saiba) ir (vou – vá)
O verbo querer apresenta a particularidade de receber o acréscimo do I
no presente do subjuntivo: quero – queira
As terminações regulares do presente do subjuntivo são:
– 1ª. conjugação: e - es - e - emos - eis - em
– 2ª e 3ª. conjugações: a - as - a - amos - ais - am
]

Quase todos os verbos, regulares ou irregulares, apresentam essas


terminações no presente do subjuntivo; são raras as exceções.
Uma delas é o verbo ir: vá, vás, vá – vamos, vades, vão
– Do tema do pretérito perfeito do indicativo se formam três tempos:
o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito e o
futuro do subjuntivo.
Para se obter o tema do pretérito perfeito do indicativo, basta tirar a
desinência ram da 3ª. pessoa do plural.
Ex.: caber: couberam – tema: coube dizer: disseram – tema: disse
fazer: fizeram – tema: fize trazer: trouxeram – tema: trouxe
ser: foram – tema: fo ir: foram – tema: fo
ver: viram – tema: vi vir: vieram – tema: vie
saber: souberam – tema: soube pôr: puseram – tema: puse
Depois basta acrescentar as terminações próprias dos três tempos
derivados, que são iguais para todos os verbos:
– pretérito mais-que-perfeito do indicativo: ra - ras - ra - ramos - reis – ram
Ex.: fizera, fizeras, fizera – fizéramos, fizéreis, fizeram
– pretérito imperfeito do subjuntivo: sse - sses - sse - ssemos - sseis – ssem
Ex.: soubesse, soubesses, soubesse – soubéssemos, soubésseis, soubessem
– futuro do subjuntivo: r - res - r - rmos - rdes – rem
Ex.: couber, couberes, couber – coubermos, couberdes, couberem
– Do tema do infinitivo formam-se o futuro do presente e o futuro do
pretérito do indicativo.
Obtém-se o tema tirando o R final. Depois acrescentem-se as terminações:
– futuro do presente: rei - rás - rá - remos - reis – rão
Ex.: esta-r – estarei, estarás, estará – estaremos, estareis, estarão
– futuro do pretérito: ria - rias - ria - ríamos - ríeis – riam
Ex.: le-r – leria, lerias, leria – leríamos, leríeis, leriam
Exceções – Não seguem este esquema: dizer, fazer, trazer (e derivados).
dizer: direi – diria fazer: farei – faria trazer: trarei – traria

92
– Do tema do infinitivo também se forma o infinitivo pessoal.
Basta, então, acrescentar as terminações: r - res - r - rmos - rdes – rem.
Ex.: da-r – dar, dares, dar – darmos, dardes, darem
traze-r – trazer, trazeres, trazer – trazermos, trazerdes, trazerem
– Do radical do infinitivo, forma-se o pretérito imperfeito do indicativo.
Para se obter o radical, basta tirar as terminações AR, ER e IR. Depois
acrescentem-se as terminações típicas do pretérito imperfeito:
– verbos da 1ª. conjugação: ava - avas - ava - ávamos - áveis - avam
Ex.: fal-ar – falava, falavas, falava – falávamos, faláveis, falavam
– verbos da 2ª. e 3ª. conjugações: ia - ias - ia - íamos - íeis – iam
Ex.: abr-ir – abria, abrias, abria – abríamos, abríeis, abriam
Exceções – São poucos os verbos que não seguem este esquema:
ser, ir, pôr, ter, vir (e derivados).
Ex.: ser – era, eras, era ... ir – ia, ias, ia ...
pôr – punha, punhas, punha ... impor – impunha, impunhas, impunha ..
ter – tinha, tinhas, tinha ... deter – detinha, detinhas, detinha ...
vir – vinha, vinhas, vinha ... provir – provinha, provinhas, provinha ...
– A partir do presente do indicativo e do presente do subjuntivo se forma
o modo imperativo.
1- O imperativo afirmativo se forma assim:
As segundas pessoas do singular e do plural tiram-se do presente do
indicativo, menos o S; as demais pessoas são iguais ao presente do subjuntivo.
Ex.: vir – vem tu vinde vós
venha você venhamos nós venham vocês
ir – vai tu ide vós
vá você vamos nós vão vocês
saber – sabe tu sabei vós
saiba você saibamos nós saibam vocês
Esta regra de formação não se aplica ao verbo ser nas segundas
pessoas. Assim é o imperativo afirmativo deste verbo:
– sê tu sede vós seja você sejamos nós sejam vocês
Os verbos dizer, fazer e trazer (e derivados) e os terminados em -uzir
também admitem, na segunda pessoa do singular, a forma sem o E final.
Ex.: fazer – faze ou faz dizer – dize ou diz
trazer – traze ou traz conduzir – conduze ou conduz
2- O imperativo negativo é igual ao presente do subjuntivo, precedido do
advérbio não ou outro que indique negação.
Ex.: vir – não venhas tu ir – não vás tu ser – não sejas tu
não venha você não vá você não seja você
não venhamos nós não vamos nós não sejamos nós
não venhais vós não vades vós não sejais vós
não venham vocês não vão vocês não sejam vocês

93
Verbo – Emprego do infinitivo
Em português, há dois tipos de infinitivo:
impessoal – terminado em R.
Ex.: rezar, louvar, aprender, saber, dividir, sorrir
pessoal – que se flexiona.
Ex.: louvar – louvar, louvares, louvar – louvarmos, louvardes, louvarem
fazer – fazer, fazeres, fazer – fazermos, fazerdes, fazerem
partir – partir, partires, partir – partirmos, partirdes, partirem

O emprego de um infinitivo ou outro não possui normas rígidas, depende


de muitas variáveis. Mas algumas diretrizes podem ser apresentadas, em
conformidade com o uso consagrado de bons autores.

Emprega-se o infinitivo pessoal


a) quando o seu sujeito é diferente do verbo da oração principal
Ex.: Todos acreditam sermos os culpados.
– o sujeito da oração principal é todos e o do verbo no infinitivo é nós
Emprestarei o livro para vocês o lerem.
– o sujeito da oração principal é eu e o do verbo no infinitivo é vocês
Penso seres o mais indicado para o cargo.
– o sujeito da oração principal é eu e o do verbo no infinitivo é tu
Outros exemplos:
O costume é os jovens falarem e os velhos escutarem.
A melhor solução era irmos embora.
Eles insistiam para todos saírem rapidamente.
O estudo torna-se importante para vocês desenvolverem suas aptidões.
Ele afirma não existirem problemas para a efetivação do plano.
b) quando vem antes da oração principal, ainda que o sujeito seja o mesmo.
Ex.: Para nós resolvermos isto, precisaremos de tempo.
Dizeres tal asneira, tu não o farias.
No segundo exemplo, como o sujeito não está explícito, pode ocorrer
também o infinitivo impessoal: Dizer tal asneira, tu não o farias.
c) empregado na 3ª. pessoa do plural, para indicar sujeito indeterminado.
Ex.: Todos ouviam baterem na porta.
Mesmo distante, percebi falarem alto.
d) quando o infinitivo ocorre com verbos na voz passiva e com verbos
pronominais ou reflexivos, mesmo que o sujeito das orações seja o mesmo.
Ex.: Fizeram de tudo para não serem reconhecidos. (voz passiva)
Esforçou-se para os exercícios serem resolvidos. (voz passiva)
Entraram na sala sem se cumprimentarem. (verbo reflexivo)
Viviam juntos sem se conhecerem. (verbo reflexivo)
Ajam com cautela para não se arrependerem. (verbo pronominal)
Empenhava-se para eles não se queixarem de nada. (verbo pronominal)
Os rapazes afirmavam não se lembrarem de nada. (verbo pronominal)

94
Emprega-se o infinitivo impessoal
a) nas locuções verbais.
Ex.: Vou viajar na próxima semana.
Tu deves estudar com dedicação.
Por nossas obras, devemos dar glória a Deus.
b) quando o verbo não se refere a sujeito algum.
Ex.: Navegar é preciso, viver não é preciso.
É necessário controlar os preços.
Assim se ensinava: morrer pela pátria é glorioso!
Importa a todos colaborar pela causa do bem.
É necessário participar.
c) quando o sujeito do verbo no infinitivo for o mesmo da oração principal.
Ex.: Eles ficaram em casa para conversar com os filhos.
Nós estudamos com dedicação para aprender.
Obs. – 1- Quando vem regido de preposição e antecede a oração principal, o
infinitivo costuma ser flexionado.
Ex.: Ao perceberem o equívoco, as moças sorriram.
Por serem idealistas, os rapazes eram muito respeitados.
2- Sendo o mesmo sujeito, se estiver expresso, o infinitivo se flexiona.
Ex.: Estudamos para nós vencermos na vida.
d) quando o sujeito for um pronome pessoal oblíquo (que depende de um verbo
causativo ou sensitivo: fazer, mandar, deixar, ver, ouvir, sentir e sinônimos).
Ex.: Deixe-me dizer uma coisa. Faça-os entrar.
Não nos deixeis cair em tentação. Ouço-os falar e discutir.
Senti-os aproximar-se. Vejo-as sair de casa aborrecidas.
Com esses verbos, o infinitivo se flexiona se o sujeito for substantivo.
Ex.: O professor deixou os alunos saírem mais cedo.
Fiz as crianças participarem ativamente.
e) quando o verbo aparece precedido de preposição, exercendo a função de
complemento de substantivo ou de adjetivo.
Ex.: Isto é fácil de resolver.
É uma tarefa impossível de cumprir.
Não fomos capazes de erradicar a corrupção.
Estamos propensos a viver em outro país.
Elas sentiam prazer em prestar serviços comunitários.
Temos obrigação de ajudar nossos irmãos.
f) quando o verbo no infinitivo é empregado com valor de imperativo.
Ex.: Não estacionar na pista.
No pacote havia um aviso: abrir deste lado.
O comandante ordenou: atirar!
Honrar pai e mãe! – é o mandamento do Senhor.
g) quando o verbo completa construções passivas.
Ex.: Eles foram acusados de cometer fraudes.
Os jovens eram impedidos de se manifestar.

95
Conjugação de verbos
Nas últimas páginas desta apostila, encontram-se as conjugações de
alguns verbos regulares e irregulares.
Louvar, correr e partir são modelos para todos os verbos regulares.

Particularidades de alguns verbos regulares


Muitos verbos são regulares, mas em algumas formas sofrem pequenas
modificações por simples acomodação fonética. Veja alguns casos:
1- Terminados em CAR, como chocar, equivocar, estancar, ficar, fincar,
pacificar, pescar – troca-se C por QU antes do E.
Ex.: eu fico; eu fiquei; que eu fique, que nós fiquemos
2- Terminados em ÇAR, como abraçar, almoçar, avançar, balançar, começar,
dançar, tropeçar – perdem a cedilha antes do E.
Ex.: eu abraço; eu abracei; que eu abrace, que nós abracemos
3- Terminados em GAR, como alugar, carregar, chegar, delegar, entregar,
enxergar, jogar, negar, pagar – troca-se G por GU antes de E.
Ex.: eu carrego; eu carreguei; que eu carregue, que nós carreguemos
4- Terminados em CER, como crescer, decrescer, descer, nascer, renascer,
torcer, vencer – troca-se C por Ç antes de A e O.
Ex.: eu cresço; eu cresci; que eu cresça, que nós cresçamos
5- Terminados em GER e GIR como abranger, eleger, proteger, agir, afligir,
exigir, fugir, surgir e outros – troca-se G por J antes de A e O.
Ex.: eu elejo; eu elegi; que nós elejamos – eu fujo; eu fugi; que nós fujamos
6- Terminados em GUER e GUIR, como erguer, reerguer, soerguer, distinguir,
extinguir – troca-se o dígrafo GU por G antes de A e O.
Ex.: eu ergo; eu ergui; que eu erga – eu distingo; eu distingui; que eu distinga

Verbos abrir e escrever


Abrir e seus derivados – entreabrir, reabrir – conjugam-se como os verbos
regulares, apresentando irregularidade apenas no particípio: aberto, reaberto, etc.
Escrever e seus derivados – descrever, inscrever, prescrever, reescrever,
subscrever e outros – conjugam-se como os verbos regulares, também apresentando
irregularidade apenas no particípio: escrito, descrito, inscrito, etc.

Verbos regulares que exigem atenção quanto à pronúncia


Apresentam particularidades quanto à pronúncia no presente do indicativo e
no presente do subjuntivo e, evidentemente, no modo imperativo, que deles deriva.
Embora o pretérito perfeito do indicativo não apresente nenhuma
dificuldade quanto à pronúncia, está indicado pois, a partir desse tempo, do
presente do indicativo e do infinitivo obtém-se toda a conjugação do verbo,
conforme foi estudado nas páginas 92 e 93 – “Formas primitivas e derivadas”.

aguar
presente do indicat.: águo, águas, água – aguamos, aguais, águam
presente do subj.: águe, águes, águe – aguemos, agueis, águem
(em todas as pessoas deste tempo, o grupo gue se pronuncia güe)
pretérito perfeito: aguei (ü), aguaste, aguou – aguamos, aguastes, aguaram
Assim se conjugam: desaguar, enxaguar, minguar

96
averiguar
presente do indicat.: averiguo (ú), averiguas (ú), averigua (ú)
averiguamos, averiguais, averiguam (ú)
presente do subj.: averigue (ú), averigues (ú), averigue (ú)
averiguemos (ü), averigueis (ü), averiguem (ú)
pretérito perfeito: averiguei (ü), averiguaste, averiguou
averiguamos, averiguastes, averiguaram
Embora esse modo de conjugar seja o preferido pela norma culta no Brasil,
averiguar também pode ser conjugado seguindo o modelo do verbo aguar, fazendo
tônica a vogal i do radical e marcando-a com o acento agudo.
Ex.: averíguo, averíguas, averígua – averígue, averígues, averíguem
Assim se conjugam: apaziguar, apaniguar
mobiliar
presente do indicat.: mobílio, mobílias, mobília – mobiliamos, mobiliais, mobíliam
presente do subj.: mobílie, mobílies, mobílie – mobiliemos, mobilieis, mobíliem
pretérito perfeito: mobiliei, mobiliaste, mobiliou – mobiliamos, mobiliastes, mobiliaram
Este verbo apresenta irregularidade na pronúncia, o que ocorre nas formas
assinaladas, em que a sílaba tônica é bi. Deve-se ler: mo-bí-lio, mo-bí-lias, etc.
Dos verbos em iliar, mobiliar é o único que assim se pronuncia. Os demais
como auxiliar, conciliar, filiar, reconciliar e outros não apresentam nenhuma
irregularidade, tendo a sílaba tônica li: au-xi-li-o, au-xi-li-as, con-ci-li-o, con-ci-li-as, etc.
Obs. – Como variantes de mobiliar, existem os verbos mobilhar e mobilar (este usado
em Portugal), que são conjugados e pronunciados normalmente.
pugnar
presente do indicat.: pugno, pugnas, pugna – pugnamos, pugnais, pugnam
presente do subj.: pugne, pugnes, pugne – pugnemos, pugneis, pugnem
pretérito perfeito: pugnei, pugnaste, pugnou – pugnamos, pugnastes, pugnaram
Atenção para a pronúncia correta nas formas assinaladas: não há i entre o g e
o n. Deve-se ler: pug-no, pug-nas, etc.
Assim se conjugam: consignar, dignar-se, impugnar, indignar-se, persignar-se
saudar
presente: saúdo, saúdas, saúda – saudamos, saudais, saúdam
presente do subj.: saúde, saúdes, saúde – saudemos, saudeis, saúdem
pretérito perfeito: saudei, saudaste, saudou – saudamos, saudastes, saudaram
Este verbo exige atenção na pronúncia, como nas formas assinaladas, em que
ocorre hiato: sa-ú-do, sa-ú-das, etc. Nas outras formas, ocorre ditongo: sau-da-mos,
sau-dais, sau-dei , sau-dou, etc.
soar
presente: soo, soas, soa – soamos, soais, soam
pretérito perfeito: soei, soaste, soou – soamos, soastes, soaram
Assim se conjugam: assoar, ecoar, ressoar
suar
presente: suo, suas, sua – suamos, suais, suam
pretérito perfeito: suei, suaste, suou – suamos, suastes, suaram
Assim se conjugam: acentuar, atuar, continuar, habituar, recuar, situar

97
Verbos irregulares
A apostila traz a conjugação de alguns verbos irregulares que merecem atenção
por suas particularidades e também por servirem de modelos para outros.
Pôr – conjugam-se conforme o modelo deste verbo: antepor, compor, contrapor,
decompor, depor, dispor, expor, impor, opor, pospor, propor, recompor, repor,
sobrepor, supor, transpor e outros.

Ter – conjugam-se conforme o modelo deste verbo: abster-se, ater, conter, deter,
entreter, manter, obter, reter e outros.
– No presente do indicativo do verbo ter, a terceira pessoa do singular é tem;
a 3ª. do plural é têm.
– Nos derivados, a 3ª. pessoa do singular tem acento agudo; a 3ª. pessoa do
plural, acento circunflexo.
Ex.: ele mantém – eles mantêm ele obtém – eles obtêm

Crer – seguem o modelo deste verbo: descrer, ler, reler.


Ver – seguem o modelo deste verbo: antever, entrever, prever, rever.
O verbo prover segue a conjugação do verbo ver no presente do indicativo, no
presente do subjuntivo e no modo imperativo. Nos demais tempos e formas nominais,
é regular.
- presente do ind. – provejo, provês, provê – provemos, provedes, proveem
- pretérito perfeito do ind. – provi, proveste, proveu – provemos, provestes, proveram

Dizer e fazer – conjugam-se conforme estes verbos os seus derivados:


bendizer, maldizer, predizer, desfazer, refazer, satisfazer e outros.

Vir – seguem o modelo deste verbo: advir, convir, intervir, provir, sobrevir e outros.
– No presente do indicativo do verbo vir, a terceira pessoa do singular é vem:
a 3ª. do plural é vêm.
– Nos derivados, a 3ª. pessoa do singular tem acento agudo; a 3ª. pessoa do
plural, acento circunflexo.
Ex.: ele advém – eles advêm ele intervém – eles intervêm
Uma curiosidade: nesta família de verbos, o gerúndio e o particípio são iguais:
vindo, advindo, intervindo, etc.

Verbos em EAR – atear, bloquear, cear, folhear, frear, hastear, lisonjear,


nomear, passear, semear e outros – nas formas rizotônicas, trocam o E por EI.
Isso ocorre apenas no presente do indicativo e no presente do subjuntivo, bem
como no imperativo, que deriva desses dois tempos verbais.
Veja a conjugação do verbo semear como modelo.

Verbos em IAR – mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar, nas formas


rizotônicas, trocam o I por EI.
Neste grupo, existe ainda o verbo intermediar, derivado de mediar.
Veja a conjugação do verbo ansiar como modelo.

Os demais verbos em IAR são regulares: agraciar, alumiar, caluniar,


comerciar, copiar, criar, injuriar, irradiar, negociar, noticiar, premiar e outros.

98
Outros verbos irregulares
São dados o infinitivo, o presente do indicativo e o pretérito perfeito do
indicativo. A partir deles, obtém-se toda a conjugação, conforme foi estudado nas
páginas 92 e 93 – “Formas primitivas e derivadas”.
acudir
presente: acudo, acodes, acode – acudimos, acudis, acodem
pretérito perfeito: acudi, acudiste, acudiu – acudimos, acudistes, acudiram
Assim se conjugam: bulir, cuspir, entupir
aderir
presente: adiro, aderes, adere – aderimos, aderis, aderem
pretérito perfeito: aderi, aderiste, aderiu – aderimos, aderistes, aderiram
Assim se conjugam: digerir, expelir, ingerir, inserir, refletir, repelir, repetir, sugerir
agredir
presente: agrido, agrides, agride – agredimos, agredis, agridem
pretérito perfeito: agredi, agrediste, agrediu – agredimos, agredistes, agrediram
Assim se conjugam: denegrir, progredir, regredir, transgredir
aprazer
presente: aprazo, aprazes, apraz – aprazemos, aprazeis, aprazem
pret. perf.: aprouve, aprouveste, aprouve – aprouvemos, aprouvestes, aprouveram
caber
presente: caibo, cabes, cabe – cabemos, cabeis, cabem
pretérito perfeito: coube, coubeste, coube – coubemos, coubestes, couberam
cobrir
presente: cubro, cobres, cobre – cobrimos, cobris, cobrem
pretérito perfeito: cobri, cobriste, cobriu – cobrimos, cobristes, cobriram
Assim se conjugam: descobrir, desencobrir, encobrir, recobrir
Obs. – Os particípios destes verbos são irregulares: coberto, descoberto, etc.
construir
presente: construo, constróis, constrói – construímos, construís, constroem
pret. perf.: construí, construíste, construiu – construímos, construístes, construíram
Assim se conjugam: destruir, reconstruir
despir
presente: dispo, despes, despe – despimos, despis, despem
pretérito perfeito: despi, despiste, despiu – despimos, despistes, despiram
divertir
presente: divirto, divertes, diverte – divertimos, divertis, divertem
pretérito perfeito: diverti, divertiste, divertiu – divertimos, divertistes, divertiram
Assim se conjuga: advertir
dormir
presente: durmo dormes, dorme – dormimos, dormis, dormem
pretérito perfeito: dormi, dormiste, dormiu – dormimos, dormistes, dormiram

99
engolir
presente: engulo, engoles, engole – engolimos, engolis, engolem
pretérito perfeito: engoli, engoliste, engoliu – engolimos, engolistes, engoliram
ferir
presente: firo, feres, fere – ferimos, feris, ferem
pretérito perfeito: feri, feriste, feriu – ferimos, feristes, feriram
Assim se conjugam: aferir, auferir, conferir, deferir, diferir, desferir, indeferir, inferir,
interferir, preferir, proferir, referir, transferir
impelir
presente: impilo, impeles, impele – impelimos, impelis, impelem
pretérito perfeito: impeli, impeliste, impeliu – impelimos, impelistes, impeliram
Assim se conjuga: compelir
jazer
presente: jazo, jazes, jaz – jazemos, jazeis, jazem
pretérito perfeito: jazi, jazeste, jazeu – jazemos, jazestes, jazeram
moer
presente: moo, móis, mói – moemos, moeis, moem
pretérito perfeito: moí, moeste, moeu – moemos, moestes, moeram
Assim se conjugam: corroer, doer-se, condoer, condoer-se, remoer, roer
ouvir
presente: ouço, ouves, ouve – ouvimos, ouvis, ouvem
pretérito perfeito: ouvi, ouviste, ouviu – ouvimos, ouvistes, ouviram
pedir
presente: peço, pedes, pede – pedimos, pedis, pedem
pretérito perfeito: pedi, pediste, pediu – pedimos, pedistes, pediram
Assim se conjugam: desimpedir, despedir, expedir, impedir, medir
perder
presente: perco, perdes, perde – perdemos, perdeis, perdem
pretérito perfeito: perdi, perdeste, perdeu – perdemos, perdestes, perderam
poder
presente: posso, podes, pode – podemos, podeis, podem
pretérito perfeito: pude, pudeste, pôde – pudemos, pudestes, puderam
Obs. – a) Na 3ª. pessoa do singular do pretérito perfeito, emprega-se o acento
diferencial, para distinguir de igual pessoa do presente.
b) Este verbo, por questão de lógica, não possui o modo imperativo.
polir
presente: pulo, pules, pule – polimos, polis, pulem
pretérito perfeito: poli, poliste, poliu – polimos, polistes, poliram
possuir
presente: possuo, possuis, possui – possuímos, possuís, possuem
pretérito perfeito: possuí, possuíste, possuiu – possuímos, possuístes, possuíram
Assim se conjugam: atribuir, afluir, concluir, constituir, destituir, incluir, excluir, instruir,
influir, obstruir, retribuir, restituir, substituir, usufruir

100
prevenir
presente: previno, prevines, previne – prevenimos, prevenis, previnem
pretérito perf.: preveni, preveniste, preveniu – prevenimos, prevenistes, preveniram
requerer
presente – requeiro, requeres, requer (ou requere) – requeremos, requereis, requerem
pretérito perf. – requeri, requereste, requereu – requeremos, requerestes, requereram
rir
presente: rio, ris, ri – rimos, rides, riem
pretérito perfeito: ri, riste, riu – rimos, ristes, riram
Assim se conjuga: sorrir
sair
presente: saio, sais, sai – saímos, saís, saem
pretérito perfeito: saí, saíste, saiu – saímos, saístes, saíram
Assim se conjugam: atrair, cair, decair, distrair, recair, sobressair, subtrair, trair
seguir
presente: sigo, segues, segue – seguimos, seguis, seguem
pretérito perfeito: segui, seguiste, seguiu – seguimos, seguistes, seguiram
Assim se conjugam: conseguir, prosseguir
sentir
presente: sinto, sentes, sente – sentimos, sentis, sentem
pretérito perfeito: senti, sentiste, sentiu – sentimos, sentistes, sentiram
Assim se conjugam: assentir, pressentir, ressentir
servir
presente: sirvo, serves, serve – servimos, servis, servem
pretérito perfeito: servi, serviste, serviu – servimos, servistes, serviram
subir
presente: subo, sobes, sobe – subimos, subis, sobem
pretérito perfeito: subi, subiste, subiu – subimos, subistes, subiram
sumir
presente: sumo, somes, some – sumimos, sumis, somem
pretérito perfeito: sumi, sumiste, sumiu – sumimos, sumistes, sumiram
Assim se conjuga: consumir
Atenção - assumir e reassumir são verbos regulares (e não derivados de sumir)
tossir
presente: tusso, tosses, tosse – tossimos, tossis, tossem
pretérito perfeito: tossi, tossiste, tossiu – tossimos, tossistes, tossiram
valer
presente: valho, vales, vale – valemos, valeis, valem
pretérito perfeito: vali, valeste, valeu – valemos, valestes, valeram
Assim se conjuga: equivaler e desvaler
vestir
presente: visto, vestes, veste – vestimos, vestis, vestem
pretérito perfeito: vesti, vestiste, vestiu – vestimos, vestistes, vestiram
Assim se conjuga: investir, reinvestir, revestir

101
Alguns verbos defectivos
abolir
presente: ------ aboles, abole – abolimos, abolis, abolem
pretérito perfeito: aboli, aboliste, aboliu – abolimos, abolistes, aboliram
Assim se conjugam: aturdir, banir, brandir, carpir, colorir, delinquir, demolir, descolorir,
exaurir, explodir, extorquir, esculpir, haurir, retorquir, ungir
ruir
presente: ------ ruis, rui – ruímos, ruís, ruem
pretérito perfeito: ruí, ruíste, ruiu – ruímos, ruístes, ruíram
doer – só possui as terceiras pessoas
presente: ----- ----- dói – --- --- doem
pretérito perfeito: ----- ----- doeu – ----- ----- doeram
Obs.: Os verbos doer-se, condoer e condoer-se possuem a conjugação completa e
conjugam-se como o verbo moer.
adequar
presente: ----- ----- ----- – adequamos, adequais -----
pretérito perfeito: adequei, adequaste, adequou – adequamos, adequastes adequaram
falir
presente: ----- ----- ----- – falimos, falis -----
pretérito perfeito: fali, faliste, faliu – falimos, falistes, faliram
precaver
presente: ----- ----- ----- – precavemos, precaveis -----
pretérito perf.: precavi, precaveste, precaveu – precavemos, precavestes, precaveram
reaver
presente: ----- ----- ----- – reavemos, reaveis -----
pretérito perfeito: reouve, reouveste, reouve – reouvemos, reouvestes, reouveram
remir
presente: ----- ----- ----- – remimos, remis -----
pretérito perfeito: remi, remiste, remiu – remimos, remistes, remiram
Observações
1- Se o verbo não possui a primeira pessoa do presente do indicativo, também
não terá o presente do subjuntivo e o imperativo negativo. No imperativo afirmativo, só
terá as segundas pessoas.
Ex. demolir – imperativo afirmativo: demole (tu) – demoli (vós)
2- Se não tiver as duas primeiras pessoas do presente do indicativo, no
imperativo afirmativo terá só a segunda pessoa do plural.
Ex.: reaver – imperativo afirmativo: reavei (vós)
3- Os verbos defectivos têm conjugação completa nos pretéritos e futuros do
indicativo e do subjuntivo, excetuando-se, evidentemente, os que só se conjugam nas
terceiras pessoas.
4- Também são verbos defectivos os que indicam fenômenos naturais, como
chover, trovejar, nevar e outros, bem como os que indicam “vozes” dos animais, como
cacarejar, latir, miar, mugir, urrar, etc. Eles só se empregam na 3ª. pessoa.
Mas, se forem empregados em sentido figurado, conjugam-se normalmente.
Ex.: Estavas irritado e trovejaste duras palavras contra nós.
Bênçãos divinas chovem sobre nosso povo.
Cantaste bem, parecia que tu gorjeavas como um canário.

102
Verbo – Tempos compostos
Em alguns tempos verbais, ao lado das formas simples ocorrem também
as compostas. Elas são formadas com os verbos auxiliares ter ou haver,
acompanhados do particípio do verbo principal.
Ex.: verbo rezar – pretérito mais-que-perfeito
simples – O povo rezara com entusiasmo.
composto – O povo tinha rezado (ou havia rezado) com entusiasmo.
Alguns tempos possuem só a forma simples; outros, só a composta. E o
modo imperativo não possui forma composta.
O processo de formação dos tempos compostos é igual para todos os
verbos. Por isso, segue-se a conjugação do verbo louvar como exemplo.

Modo indicativo
Presente – só tem a forma simples: louvo, louvas, louva ...
Pretérito perfeito – simples: louvei, louvaste, louvou ...
composto: tenho louvado tens louvado tem louvado
temos louvado tendes louvado têm louvado
Pretérito imperfeito – só tem a forma simples: louvava, louvavas, louvava ...
Pretérito mais-que-perfeito – simples: louvara, louvaras, louvara ...
composto: tinha louvado tinhas louvado tinha louvado
tínhamos louvado tínheis louvado tinham louvado
Futuro do presente – simples: louvarei, louvarás, louvará ...
composto: terei louvado terás louvado terá louvado
teremos louvado tereis louvado terão louvado
Futuro do pretérito – simples: louvaria, louvarias, louvaria ...
composto: teria louvado terias louvado teria louvado
teríamos louvado teríeis louvado teriam louvado

Modo subjuntivo
Presente – só tem a forma simples: louve, louves, louve ...
Pretérito perfeito – só tem a forma composta.
– tenha louvado tenhas louvado tenha louvado
tenhamos louvado tenhais louvado tenham louvado
Pretérito imperfeito – só tem a forma simples: louvasse, louvasses, louvasse..
Pretérito mais-que-perfeito – só tem a forma composta.
– tivesse louvado tivesses louvado tivesse louvado
tivéssemos louvado tivésseis louvado tivessem louvado
Futuro – simples: louvar, louvares, louvar ...
composto: tiver louvado tiveres louvado tiver louvado
tivermos louvado tiverdes louvado tiverem louvado

103
Formas nominais
Infinitivo impessoal – simples: louvar
composto: ter louvado
Infinitivo pessoal – simples: louvar, louvares, louvar ...
composto: ter louvado teres louvado ter louvado
termos louvado terdes louvado terem louvado
Gerúndio – simples: louvando
composto tendo louvado

Observação
As formas compostas do infinitivo e do gerúndio têm valor de pretérito.

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