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SINAIS
Sumário
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3
1 – INTRODUÇÃO........................................................................................... 4
CAPÍTULO 1 .............................................................................................. 33
CAPITULO 2 .............................................................................................. 34
CAPITULO 3 .............................................................................................. 34
CAPITULO 4 .............................................................................................. 35
7 - O INTÉRPRETE E OS DISCURSOS A INTERPRETA ............................ 36
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NOSSA HISTÓRIA
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1 – INTRODUÇÃO
Intérprete: pessoa que faz a interpretação de uma língua (língua fonte) para outra
(língua alvo) daquilo que foi dito.
Intérprete: pessoa que faz a interpretação de uma língua (língua fonte) para outra
(língua alvo) daquilo que foi dito.
Intérprete de língua de sinais: pessoa que faz a interpretação de uma dada língua de
sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada língua de sinais.
Linguagem: é utilizada num sentido mais abstrato do que língua, ou seja, refere-se ao
conhecimento interno dos falantes-ouvintes de uma língua. Também pode ser
entendida num sentido mais amplo, aquele que inclui qualquer tipo de manifestação
de intenção comunicativa, como por exemplo a linguagem animal e todas as formas
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que o próprio ser humano utiliza para comunicar e expressar ideias e sentimentos
além da expressão linguística (expressões corporais, mímica, gestos, etc).
Libras: sigla para referir a língua brasileira de sinais, a Língua Brasileira de Sinais e é
difundida pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos - FENEIS.
LSB: outra sigla para referir-se à língua brasileira de sinais, a Língua de Sinais
Brasileira, que segue os padrões internacionais de denominação das línguas de
sinais.
Língua fonte: é a língua que o intérprete ouve ou vê para, a partir dela, fazer a
tradução e interpretação para a outra língua (a língua alvo).
oral-auditiva
visual-espacial
gráfica visual
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As línguas apresentam diferentes modalidades. Uma língua falada é oral-auditiva, ou
seja, utiliza a audição e a articulação através do aparelho vocal para compreender e
produzir os sons que formam as palavras dessas línguas. Uma língua sinalizada é
visual-espacial, ou seja, utiliza a visão e o espaço para compreender e produzir os
sinais que formam as palavras nessas línguas. Tanto uma língua falada, como uma
língua sinalizada, podem ter representações numa modalidade gráfica visual, ou seja,
podem ter uma representação escrita.
Surdos: são as pessoas que se identificam enquanto surdas. Surdo é o sujeito que
apreende o mundo por meio de experiências visuais e tem o direito e a possibilidade
de apropriar-se da língua brasileira de sinais e da língua portuguesa, de modo a
propiciar seu pleno desenvolvimento e garantir o trânsito em diferentes contextos
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sociais e culturais. A identificação dos surdos situa-se culturalmente dentro das
experiências visuais. Entende-se cultura surda como a identidade cultural de um
grupo de surdos que se define enquanto grupo diferente de outros grupos. Essa
cultura é multifacetada, mas apresenta características que são específicas, ela é
visual, ela traduz-se de forma visual. As formas de organizar o pensamento e a
linguagem transcendem as formas ouvintes.
Tradutor: pessoa que traduz de uma língua para outra. Tecnicamente, a tradução
refere-se ao processo envolvendo pelo menos uma língua escrita, sendo assim, o
tradutor é aquele que traduz um texto escrito de uma língua para a outra.
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significa que o tradutor-intérprete precisa ouvir/ver a enunciação em uma língua
(língua fonte), processá-la e passar para a outra língua (língua alvo) no tempo da
enunciação.
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2 - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO
BRASIL
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vista que essas instituições atendiam e acolhiam as pessoas carentes e doentes.
Segundo Silva (2012), a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a partir de 1717,
acolheu crianças abandonadas até a idade de 7 anos. Depois dessa idade as crianças
eram enviadas para seminários, que as preparavam para o futuro. Para Silva (2012,
p. 22), “é possível que algumas crianças com deficiência leve tenham recebido esse
mesmo tratamento, atitude que não era comum na época”.
No dia 12 de setembro de 1854, foi criado por Dom Pedro II o Instituto dos Meninos
Cegos. Segundo Jannuzzi (2004), o instituto tem sua origem ligada ao cego brasileiro
José Álvares de Azevedo, que estudava no Instituto dos Jovens Cegos, em Paris,
fundado no século XVIII por Valentin Haüy. Januzzi (2004, p. 11) relata que “Azevedo
regressara ao Brasil em 1851 e, impressionado com o abandono do cego entre nós,
traduziu e publicou o livro de J. Dondet, História do Instituto dos Meninos Cegos de
Paris”.
Para Lourenço e Barani (2011), no ano de 1855 chega ao Brasil o professor surdo
francês Eduard Huet (1822-1882), por intermédio de Dom Pedro II, com o objetivo de
criar uma escola de surdos no país. Logo em seguida, no dia 26 de setembro de 1857,
criou-se por vontade de Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, o Instituto Pioneiro na
Educação dos Surdos, hoje denominado de Instituto Nacional de Educação de Surdos
– INES. Segundo Lourenço e Barani (2011), esse espaço funcionava como um
colégio interno, onde as crianças e os adolescentes ficavam durante todo o ano em
constante aprendizado com as oficinas profissionalizantes e a disciplina dos
conteúdos.
Figura 1: Imperial Instituto dos Surdos-Mudos (1854), Hoje, Instituto Nacional De Educação
de Surdos – Ines (2018)
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Silva (2012) destaca que embora implicitamente, o direito das pessoas com
deficiência já estava na primeira constituição do Brasil, de 1854. A partir de 1857, o
Brasil teve um grande crescimento econômico, de estabilização do poder imperial, e
uma forte influência de ideias liberais advindas da Europa, principalmente da França
e EUA. A criação do Imperial Instituto de Surdos-mudos foi um importante marco na
história da educação dos surdos, haja vista que se constituiu de uma escola
preocupada com o ensino literário e profissionalizante de meninos surdos na faixa
etária entre 7 e 14 anos (SILVA, 2012).
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Após cinco anos na direção do Imperial Instituto de Surdos-mudos, o professor
pioneiro na educação dos surdos no Brasil, Ernest Huet, por motivos pessoais deixa
de seus trabalhos e viaja para o México em 1861 (STROBEL, 2008). Desta forma, a
direção do instituto fica sob responsabilidade dos diretores ouvintes. Para Silva
(2012), o Imperial Instituto de Surdos-mudos era mantido pelo poder central, cujas
influências de sua criação se deram tanto do âmbito geral do próprio contexto, como
também do meio político.
Além disso, essa escola foi a primeira instituição séria do Brasil que amparava as
pessoas com deficiência, mesmo que o atendimento ainda era precário, havia por
parte do instituto a abertura para discussões sobre assuntos relacionados à educação
de pessoas com deficiência no Primeiro Congresso de Instrução Pública, em 1883
(JANNUZZI, 2004). Além disso, o instituto era uma referência para a comunidade
surda e para os professores surdos da época. Segundo Mori e Sander (2015), os
professores e estudantes do instituto utilizavam a língua de sinais francesa, trazida
pelo pedagogo Huet, misturando com a língua existente no país. Dessa mistura
surgiu, mais tarde, a Língua Brasileira de Sinais (Libras), usada até hoje. Vale lembrar
que assim como as línguas orais, as línguas de sinais também se constituem a partir
de outras já existentes.
Neste sentido, foi no contexto da década de 1980 até os anos 1990 que floresceu, no
Brasil, o uso da língua de sinais, mais precisamente a filosofia educacional,
denominada Comunicação Total (MORI; SANDER, 2015). Como já abordado
anteriormente, essa filosofia educacional originou-se nos EUA, com o objetivo de
aperfeiçoar a educação dos surdos por meio de todas as formas de comunicação
possíveis: a fala, os sinais, a dança, a mímica, o teatro etc. As escolas especiais
iniciaram lentamente o uso de sinais, já que elas estavam enraizadas no oralismo.
Aos surdos se deu voz e os professores ouvintes aprenderam os sinais com seus
próprios alunos. Um clamor se levantou na educação especial para a abertura de
novos caminhos, caminhos estes mais democráticos, mais naturais com o uso dos
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sinais. A língua de sinais no Brasil ainda não era oficial e não era ainda entendida
como uma língua (MORI; SANDER, 2015, p. 10).
Para Mori e Sander (2015), com o Manifesto dos Educadores Democratas em Defesa
do Ensino Público, em 1959, houve o clamor dos educadores brasileiros por uma
educação com mais qualidade, chamando a atenção da sociedade e da classe
política. “O manifesto reivindicava uma visão democrática e cidadã, de valores
eternos como a honestidade, a verdade, o respeito, a responsabilidade” (MORI;
SANDER, 2015, p. 10). Um movimento semelhante ocorre no contexto paranaense
entre as décadas de 1980 e 1990, quando educadores reivindicam por “uma escola
aberta e democrática, com uma política educacional centrada em valores
democráticos e onde alunos, pais e educadores pudessem ser livre na convivência e
vivência cultural e na experimentação e pesquisa científica” (MORI; SANDER, 2015,
p. 11).
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Deste modo, tanto no contexto da escola de surdos como na escola de ouvintes,
houve um renascimento que estava sendo clamado. Os manifestos clamavam pela
atenção da sociedade e do governo, de que a situação da educação deveria melhorar.
“Enquanto os surdos clamavam pela sua língua, por uma língua que poderiam usar
para pensar, comunicar e interagir, ambos os manifestos reivindicavam abertura,
democracia, respeito, liberdade, cidadania” (MORI; SANDER, 2015, p. 11).
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Em vários países há tradutores e intérpretes de língua de sinais. A história da
constituição deste profissional se deu a partir de atividades voluntárias que foram
sendo valorizadas enquanto atividade laborai na medida em que os surdos foram
conquistando o seu exercício de cidadania. A participação de surdos nas discussões
sociais representou e representa a chave para a profissionalização dos tradutores e
intérpretes de língua de sinais. Outro elemento fundamental neste processo é o
reconhecimento da língua de sinais em cada país. À medida em que a língua de sinais
do país passou a ser reconhecida enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter
garantias de acesso a ela enquanto direito linguístico. Assim, consequentemente, as
instituições se viram obrigadas a garantir acessibilidade através do profissional
intérprete de língua de sinais. A seguir serão apresentados os fatos históricos
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relevantes sobre a constituição do profissional intérprete de língua de sinais na
Suécia, nos Estados Unidos e no Brasil.
SUÉCIA
b) Em 1938, o parlamento sueco criou cinco cargos de conselheiros para surdos que
imediatamente não conseguia atender a demanda da comunidade surda.
e) Em 1981, foi instituído que cada conselho municipal deveria ter uma unidade com
intérpretes.
Estados Unidos
a) Em 1815, Thomas Gallaudet era intérprete de Laurent Clerc (surdo francês que
estava nos EUA para promover a educação de surdos).
c) Em 1964, foi fundada uma organização nacional de intérpretes para surdos (atual
RID), estabelecendo alguns requisitos para a atuação do intérprete.
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d) Em 1972, o RID começou a selecionar intérpretes oferecendo um registro após
avaliação. 0 RID apresenta, até os dias de hoje, as seguintes funções: selecionar os
intérpretes, certificar os intérpretes qualificados; manter um registro; promover o
código de ética; e oferecer informações sobre formação e aperfeiçoamento de
intérpretes.
Brasil
e) A partir dos anos 90, foram estabelecidas unidades de intérpretes ligadas aos
escritórios regionais da FENEIS. Em 2002, a FENEIS sedia escritórios em São Paulo,
Porto Alegre, Belo Horizonte, Teófilo Otoni, Brasília e Recife, além da matriz no Rio
de Janeiro.
g) No dia 24 de abril de 2002, foi homologada a lei federal que reconhece a língua
brasileira de sinais como língua oficial das comunidades surdas brasileiras. Tal lei
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representa um passo fundamental no processo de reconhecimento e formação do
profissional intérprete da língua de sinais no Brasil, bem como, a abertura de várias
oportunidades no mercado de trabalho que são respaldadas pela questão legal. A
seguir consta a transcrição desta lei:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o
uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do
Brasil.
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Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de
formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus
níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras,
como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs,
conforme legislação vigente.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril
de 2002; 181° da Independência e 114º 'da República.
Esta lei representa uma conquista inigualável em todo o processo dos movimentos
sociais surdos e tem consequências extremamente favoráveis para o
reconhecimento do profissional intérprete de língua de sinais no Brasil. Além desta
lei, vale destacar as seguintes leis que respaldam a atuação do intérprete de língua
de sinais direta ou indiretamente:
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e culturais da sociedade, o intérprete de língua de sinais é mais qualificado e
reconhecido profissionalmente.
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2004). Vale lembrar que a surdez não torna a pessoa um ser com possibilidades a
menos ou impossibilitada, mas com possibilidades diferentes. Afinal, o surdo possui
condições necessárias ao desenvolvimento e aquisição da linguagem, e requer
professores que levem em conta as diferenças culturais e linguísticas do sujeito surdo.
Ou seja, ele precisa ter professores que acreditem no potencial dele, ao invés de
pessoas que subestimem suas capacidades cognitivas e linguísticas
(RODRIGUERO; BORGHI, 2000). Não é por acaso que os títulos dos filmes que
trazem a biografia de Hellen Keller foram traduzidos para o português colocando os
holofotes sobre o nome da professora dela. É evidente que Hellen precisou se
esforçar muito para aprender, mas se ela tivesse tido professores que achassem que
ela não tinha capacidade para tanto, dificilmente ela teria forças sozinhas para
aprender a falar e fazer tantas conquistas na esfera acadêmica.
Art. 2º - Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e
de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
O Brasil ainda era uma colônia portuguesa governada pelo imperador Pedro II quando
a Língua de Sinais para surdos aportou no país, mais precisamente no Rio de Janeiro.
Em 1856, o conde francês Ernest Huet desembarcou na capital fluminense com o
alfabeto manual francês e alguns sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo,
deu origem à Língua Brasileira de Sinais (Libras). O primeiro órgão no Brasil a
desenvolver trabalhos com surdos e mudos surgiu em 1857. Foi do então Instituto
dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos
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(INES), que saíram os principais divulgadores da Libras. A iconografia dos sinais, ou
seja, a criação dos símbolos, só foi apresentada em 1873, pelo aluno surdo Flausino
José da Gama. Ela é o resultado da mistura da Língua de Sinais Francesa com a
Língua de Sinais Brasileira antiga, já usada pelos surdos das várias regiões do Brasil.
A Declaração dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Assembleia Geral das
Nações Unidas, relata o princípio da não discriminação, dando a liberdade de
proclamar o direito de toda pessoa à Educação. Nesse contexto, a educação no Brasil
abre um leque de encaminhamentos para assegurar a todos esse direito. As
constituições brasileiras de 1967 e 1969 levaram também em consideração os
princípios da declaração Reily (2004, p. 114):
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5 - O INTÉRPRETE DE LIBRAS
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Figura 2: Processo de comunicação entre alunos surdos, intérprete e professores na
escola
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b) imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões próprias);
c) discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a
atuação);
d) distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são separados);
e) fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a informação
por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo da
interpretação é passar o que realmente foi dito).
Esses são alguns requisitos ligados ao intérprete; por essa razão, o professor, ao
questionar, precisa estar ciente de tais interpostos interpretativos, ou seja, se o que
ele está explicitando está sendo realmente transmitido ao aluno surdo (Barbosa-
Junior, 2011). O intérprete deve ser competente para exercer sua função sem que
haja desconfiança quanto ao profissionalismo. Segundo Lacerda (2002, p. 123),
O intérprete precisa poder negociar conteúdos com o professor, revelar suas dúvidas,
as questões do aprendiz e por vezes mediar a relação com o aluno, para que o
conhecimento que se almeja seja construído. O incômodo do professor frente à
presença do intérprete pode levá-lo a ignorar o aluno surdo, atribuindo ao intérprete
o sucesso ou insucesso desse aluno.
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simples tradução, já que é por meio dele que acontece o elo de comunicação entre
professor e aluno surdo e, portanto, o processo de ensino-aprendizagem (Lacerda,
2006). O fato é que o trabalho do intérprete não pode ser visto apenas como um
trabalho linguístico; também é necessário considerar a esfera cultural e social na qual
o discurso está sendo anunciado, sendo fundamental conhecer o funcionamento e os
diversos usos da linguagem (Lacerda, 2011, p. 21).
Sendo assim, cada profissional deve reconhecer seu papel nesse processo de
inclusão escolar, pois tem uma função diferenciada do(a) professor(a) e não deve de
maneira alguma ocupar o lugar do(a) professor(a), ou seja, jamais substituí-lo(a) na
sua ausência (Lacerda, 2002; Quadros, 2004). A função do professor(a) não é tão
somente ensinar, mas a do intérprete é apenas interpretar. Lacerda et al. (2011, p.18)
afirmam que
É necessário que haja uma mudança de postura por parte do professor, que também
tem o dever, como educador, de auxiliar o intérprete da Língua de Sinais em suas
práticas. Se o professor não assumir práticas que favoreçam a atuação do intérprete
da Língua de Sinais, consequentemente, a compreensão do aluno surdo ficará
comprometida.
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aumento do desempenho do(a) aluno(a) surdo(a). Se o(a) professor(a) tiver noções
básicas da Libras, promoverá ainda mais o processo de inclusão (Quadros, 2004).
Ainda que, por vezes, passe como invisível e isolado, o intérprete precisa ser vigilante,
manter-se firme, como facilitador e coadjuvante. Interpretar é tomar decisão, incutir
informações não por sua quantidade volumétrica, mas de compactar e extrair o
máximo de significado, mediante a limitação de tempo e processamento das falas no
discurso (Lacerda, 2002; Gurgel, 2010; Marcon, 2012; Festa, 2014).
Apesar dos constantes desafios encarados pela comunidade surda e pelos falantes
da Libras, o Congresso Nacional decretou e sancionou a Lei nº 12.319, de 1º de
setembro de 2010, regulamentando a profissão de tradutor e intérprete da Libras.
Dessa forma, facilitará aos surdos e ouvintes a comunicação, a fim de tornar o ensino
apropriado à particularidade de cada aluno. A legislação ainda faz menção à formação
de docente por meio do uso da Libras como uma disciplina em curso normal ou
superior. Porém isso é insuficiente diante das necessidades especiais dentro da
inclusão.
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O que envolve o ato de Interpretar?
Envolve um ato COGNITIVO-LINGUÍSTICO, ou seja, é um processo em que o
intérprete estará diante de pessoas que apresentam intenções comunicativas
específicas e que utilizam línguas diferentes. O intérprete está completamente
envolvido na interação comunicativa (social e cultural) com poder completo para
influenciar o objeto e o produto da interpretação. Ele processa a informação dada na
língua fonte e faz escolhas lexicais, estruturais, semânticas e pragmáticas na língua
alvo que devem se aproximar o mais apropriadamente possível da informação dada
na língua fonte. Assim sendo, o intérprete também precisa ter conhecimento técnico
para que suas escolhas sejam apropriadas tecnicamente. Portanto, o ato de
interpretar envolve processos altamente complexos.
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sinais americana e fazer a interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-
versa (por exemplo, conferências internacionais). Além do domínio das línguas
envolvidas no processo de tradução e interpretação, o profissional precisa ter
qualificação específica para atuar como tal. Isso significa ter domínio dos processos,
dos modelos, das estratégias e técnicas de tradução e interpretação. 0 profissional
intérprete também deve ter formação específica na área de sua atuação (por exemplo,
a área da educação).
b) imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões próprias);
e) fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a informação
por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo da
interpretação é passar o que realmente foi dito).
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a) os surdos não participam de vários tipos de atividades (sociais, educacionais,
culturais e políticas);
b) os surdos não conseguem avançar em termos educacionais;
c) os surdos ficam desmotivados a participarem de encontros, reuniões, etc.
d) os surdos não têm acesso às discussões e informações veiculadas na língua
falada sendo, portanto, excluído da interação social, cultural e política sem direito ao
exercício de sua cidadania;
e) os surdos não se fazem "ouvir";
f) os ouvintes que não dominam a língua de sinais não conseguem se comunicar
com os surdos.
h) cursos que orientem aos surdos como e quando usarem os serviços do intérprete.
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Alguns mitos sobre o profissional intérprete Professores de
surdos são intérpretes de língua de sinais
Não é verdade que professores de surdos sejam necessariamente intérpretes de
língua de sinais. Na verdade, os professores são professores e os intérpretes são
intérpretes. Cada profissional desempenha sua função e papel que se diferenciam
imensamente. 0 professor de surdos deve saber e utilizar muito bem a língua de
sinais, mas isso não implica ser intérprete de língua de sinais. 0 professor tem o papel
fundamental associado ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo
interativo social, cultural e linguístico. 0 intérpretes, por outro lado, é o mediador entre
pessoas que não dominam a mesma língua abstendo-se, na medida do possível, de
interferir no processo comunicativo.
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a alguém ser um bom profissional intérprete é, além do domínio das duas línguas
envolvidas nas interações, o profissionalismo, ou seja, busca de qualificação
permanente e observância do código de ética. Os filhos de pais surdos que atuam
como intérprete têm a possibilidade de discutir sobre a sua atuação enquanto
profissional intérprete na associação internacional de filhos de pais surdos
(www.coda-international.org).
Além do mais, é necessário lembrar que os idiomas falados e a Libras são línguas
vivas! Portanto, o significado das palavras vai mudando de acordo com o tempo. Os
significados e sentidos das palavras não são estáticos! Passam a ser formações
dinâmicas que se transformam à medida que as pessoas se desenvolvem e se
modificam, inclusive com as diversificadas formas de como o pensamento funciona
(VYGOTSKY, 1989).
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sinais a serem expressos, mas uma nova modalidade da língua moderna
(QUADROS; KARNOPP, 2004).
6 - CÓDIGO DE ÉTICA
O código de ética é um instrumento que orienta o profissional intérprete na sua
atuação. A sua existência justifica-se a partir do tipo de relação que o intérprete
estabelece com as partes envolvidas na interação. 0 intérpretes está para intermediar
um processo interativo que envolve determinadas intenções conversacionais e
discursivas. Nestas interações, o intérprete tem a responsabilidade pela veracidade
e fidelidade das informações. Assim, ética deve estar na essência desse profissional.
A seguir é descrito o código de ética que é parte integrante do Regimento Interno do
Departamento Nacional de Intérpretes (FENEIS).
CAPÍTULO 1
Princípios fundamentais
1°. O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente,
confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não
poderá trair confidencias, as quais foram confiadas a ele;
3º. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre
transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar
dos limites de sua função e não ir além de a responsabilidade;
33
4°. O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente em
aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais,
quando necessário, especialmente em palestras técnicas;
5°. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços,
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si
mesmo, durante o exercício da função.
CAPITULO 2
Relações com o contratante do serviço
7°. Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela
de cada estado, aprovada pela FENEIS.
CAPITULO 3
Responsabilidade profissional
8°. O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais
ou outras em seu favor;
9º. O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem
como da Língua Portuguesa;
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11º. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas
envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se
isso for necessário para o entendimento;
CAPITULO 4
Relações com os colegas
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo
sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm
surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a
comunicação com o surdo.
Diante deste código de ética, apresentar-se a seguir diferentes situações que podem
ser exemplos do dia-a-dia do profissional intérprete. Tais situações exigem um
posicionamento ético do profissional intérprete. Sugere-se que, a partir destes
contextos, cada intérprete reflita, converse com outros intérpretes e tome decisões
em relação a seu posicionamento com base nos princípios éticos destacados no
código de ética.
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7 - O INTÉRPRETE E OS DISCURSOS A INTERPRETA
36
Pensa-se no intérprete como um reprodutor do texto - sinais, palavras, sentenças.
Os falantes jogam o papel principal neste caso e os ouvintes são anônimos. A ideia é
de que o papel do intérprete deva ser secundário.
Uma visão que enfatiza o discurso, que entende que as pessoas usam a linguagem
para fazer coisas e que sempre acontece com objetivos específicos através de
convenções sociais, linguísticas, interativas e estilos conversacionais, deve ser
considerada.
37
• Narrativo - reconta uma série de eventos ordenados mais ou menos de forma
cronológica
Os intérpretes devem criar expectativas em relação aos tipos de discurso que alguém
irá usar em determinados contextos. Aos poucos se aprende que algumas expressões
estão associadas a um tipo específico de discurso, por exemplo, "por que" e "razão"
são frequentemente usados em um discurso persuasivo; "como" e "passos" indicam
um discurso procedural; "versus", "ou" e "comparação" são palavras típicas de
discursos argumentativos; "estória" e "conto" são frequentemente associados com um
discurso narrativo; "descrição" sugere um discurso explicativo. Assim, o intérprete tem
condições de identificar os elementos possíveis que serão apresentados de acordo
com o tipo de discurso preparando-se de antemão e dispondo de tais elementos de
forma mais pronta e imediata durante a sua atuação.
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8 - CONTRASTES ENTRE A LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS E A LÍNGUA PORTUGUESA
39
a) que há similaridades comportamentais que não precisam ser explicitadas por
constituírem a base comum das línguas naturais;
(2) A língua de sinais é baseada nas experiências visuais das comunidades surdas
mediante as interações culturais surdas, enquanto a língua portuguesa constitui-se
baseada nos sons.
40
(7) A língua de sinais não tem marcação de gênero, enquanto que na língua
portuguesa o gênero é marcado a ponto de ser redundante.
(8) A língua de sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais. Esse fator
não é considerado como relevante na língua portuguesa, apesar de poder ser
substituído pela prosódia.
(9) Coisas que são ditas na língua de sinais não são ditas usando o mesmo tipo de
construção gramatical na língua portuguesa. Assim, tem vezes que uma grande frase
é necessária para dizer poucas palavras em uma ou outra língua.
Imaginem os problemas que podem surgir se tais diferenças não forem consideradas.
O problema mais grave na tradução e interpretação entre essas duas línguas está
diretamente relacionado com a falta de atenção dada às diferenças. Tal fato acarreta
uma série de problemas, como, por exemplo, a falta de confiança no profissional pelas
pessoas que solicitam esse tipo de serviço.
Tem sido constatado ao longo do tempo que muitos intérpretes não são
compreendidos no Brasil. Nos últimos congressos, em que surdos brasileiros estavam
presentes, a reclamação pela falta de entendimento da interpretação da língua
portuguesa para a língua brasileira de sinais foi declarada diante de todos os
participantes. E o que acontece na interpretação da língua brasileira de sinais para a
língua portuguesa? Por que os intérpretes, normalmente não gostam de fazer essa
versão?
Muitos surdos que apresentam trabalhos têm o seu intérprete particular e não aceitam
outros profissionais por não confiarem em seu trabalho. Um profissional sem
credibilidade certamente não será bem-sucedido.
41
tradução e interpretação de uma para outra língua. Se os surdos estão declarando a
não compreensão das traduções e interpretações feitas pelos "profissionais"
intérpretes, será que as competências desse profissional estão realmente sendo
consideradas? Perceber os contrastes não basta, isso simplesmente serve para
alertar as pessoas que estão exercendo a função de intérpretes. É necessário verificar
as falhas no processo e buscar qualificação permanente.
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cursos preveem a formação de intérpretes oferecendo disciplinas que contemplam as
competências e habilidades em relação às línguas envolvidas, as competências e
habilidades técnicas e o domínio de conhecimentos específicos em relação à
tradução e interpretação.
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REFERÊNCIAS
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