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ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENGENHARIA DE

SEGURANÇA
SUMÁRIO

1. SOBRE ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................................ 3


2. SESMT|CIPA ................................................................................................................................ 4
2.1 Mercado de Trabalho em Geral ......................................................................................... 4
2.2 Profissionais da SESMT ...................................................................................................... 6
2.2.1 Técnico de segurança do trabalho............................................................................. 6
2.2.2 Engenheiro de segurança do trabalho ...................................................................... 9
2.2.3 Técnico de enfermagem do trabalho ....................................................................... 12
2.2.4 Enfermeiro do trabalho .............................................................................................. 14
2.2.5 Médico do trabalho ........................................................................................................... 16
3. NORMAS BS 8800; OHSAS 18001; ISO 45001 .................................................................. 18
3.1. Normas BS 8800 ................................................................................................................ 18
3.2 OHSAS 18001..................................................................................................................... 18
3.3 ISO 45001 ............................................................................................................................ 20
4 SISTEMA DE GESTÃO - PDCA.............................................................................................. 23
5 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO – SIG ........................................................................ 25
6 GESTÃO DE RISCOS ............................................................................................................... 26
6.1 Identificação de Riscos ...................................................................................................... 26
7. CERTIFICAÇÃO - SST ............................................................................................................. 29
8. ESOCIAL......................................................................................................................................... 30
REFERÊNCIA ..................................................................................................................................... 40

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1. SOBRE ADMINISTRAÇÃO

Objetivos e recursos são conceitos centrais na definição de organização e


também de administração. Administrar (que é o trabalho dos administradores)
consiste em tomar decisões sobre o uso de recursos para realizar objetivos. As
decisões são agrupadas em quatro processos principais: planejar, organizar, liderar e
controlar. Um quinto processo (executar) é o efeito prático dos anteriores. Essa é uma
adaptação da definição de Henri Fayol, que a divulgou em 1911. Na década de 1970,
outra interpretação do trabalho dos administradores foi proposta por Henry Mintzberg:
administrar é desempenhar papéis. Os papéis gerenciais identificados por Mintzberg
agrupam-se em três categorias ou tipos: interpessoais, de informação e de decisão.

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2. SESMT|CIPA

O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho


(SESMT), também considerado nesta obra como Profissionais da Segurança do
Trabalho, envolve, na prática, os profissionais com conhecimentos técnicos na área
de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) que prestam assessoria ao empregador,
aos empregados e à CIPA nos assuntos relacionados à sua área de atuação.
A composição e o dimensionamento desse serviço são definidos em razão do
risco da atividade principal e do número total de empregados na empresa, e seus
profissionais são os seguintes: médico do trabalho, engenheiro de segurança do
trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar de
enfermagem do trabalho.

2.1 Mercado de Trabalho em Geral

O mercado de trabalho para os profissionais do SESMT é bastante vasto, uma


vez que as empresas têm a obrigação de manter, em seus quadros de funcionários,
esses profissionais especializados. Além disso, os empresários estão cada vez mais
preocupados com a segurança e a saúde no trabalho e com a qualidade de vida de
seus trabalhadores, fazendo investimentos também no sentido de reduzir os gastos
com alíquotas pagas ao governo. Para se ter uma ideia, de acordo com os seus
índices de acidentes de trabalho, as empresas pagam taxas que variam de 1 a 3%
sobre sua folha de pagamento, ou seja, empresas que investem menos em segurança
do trabalho e, consequentemente, registram mais acidentes, pagam maior taxa; por
outro lado, empresas mais preocupadas com a segurança de seus colaboradores,
desde que mantenham reduzidos níveis de acidentes de trabalho, pagam taxas
menores. Essa é uma forma de incentivar os empresários a investirem mais na
segurança e saúde no ambiente de trabalho.
Medidas como essa ampliaram o mercado de trabalho na área, já que elevaram
a procura das empresas por profissionais do SESMT, principalmente no que se refere
aos técnicos de segurança do trabalho. A presença desse profissional é obrigatória
em empresas que tenham a partir de 50 funcionários com GR mais elevado – GR 4 –
como, por exemplo, indústrias de metalurgia de ferro e aço, indústrias extrativas,
indústrias da construção, entre outras.

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A formação e o número de profissionais do SESMT em uma única empresa
podem variar dependendo do número de funcionários e do GR da empresa, ou seja,
quanto maior for o número de funcionários e o GR, mais profissionais ligados ao
SESMT a empresa deve ter. Os profissionais do SESMT são definidos pela NR-4 –
SESMT. Adiante veremos um exemplo prático.
Além disso, o mercado de trabalho ainda carece de profissionais especializados
para atuarem em segmentos específicos. Os profissionais do SESMT possuem
formação generalista que, por conta da carga horária dos cursos de formação, não
oferece aprofundamento em temas específicos de segurança no trabalho,
principalmente no que diz respeito a determinadas áreas, como construção civil,
indústrias químicas e petroquímicas, indústrias de petróleo e gás, setor eletricitário.
Essas empresas precisam de profissionais especialistas no segmento de atuação; é
comum, portanto, que atualmente muitas instituições de ensino ofertem cursos
específicos, como especializações para técnicos de segurança do trabalho, cursos de
aperfeiçoamento para os técnicos em enfermagem do trabalho e pós-graduação para
os demais profissionais do SESMT que possuem nível superior.
Em resumo, o mercado de trabalho para esses profissionais está em constante
crescimento; sempre existem vagas de trabalho para os mais especializados e com
conhecimentos específicos e atualizados. Dessa maneira, os profissionais que atuam
como integrantes do SESMT devem fazer cursos de aperfeiçoamento e de
especialização, como pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho
(exclusiva para engenheiros e arquitetos), Ergonomia, Engenharia de Prevenção
contra Incêndio, Meio Ambiente, Higiene Ocupacional, Medicina do Trabalho
(exclusiva para médicos), Sistemas de Gestão Integrada, que engloba qualidade,
meio ambiente e segurança do trabalho, Especialização Técnica em Segurança do
Trabalho na Construção Civil, em Meio Ambiente, Enfermagem do Trabalho, entre
outros. Essas são algumas opções de especialização disponíveis para os profissionais
do SESMT, que podem, assim, simultaneamente, valorizar o currículo e se tornar
aptos a atender com qualidade as demandas do mercado de trabalho e as
necessidades de cada empresa.

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2.2 Profissionais da SESMT
2.2.1 Técnico de segurança do trabalho

Na década de 1950 esse profissional era conhecido como inspetor de


segurança do trabalho. Sua função predominante era providenciar alguns
equipamentos de proteção individual e fiscalizar o seu uso pelos profissionais,
aplicando punições quando fosse necessário. Não havia ação educativa ou de
orientação quanto à importância da segurança e da saúde no ambiente de trabalho.
Nesse período, o Brasil crescia no setor industrial de forma desordenada, tornando-
se líder em acidentes de trabalho, conforme vimos anteriormente.
Com a pressão para que o Brasil reduzisse o número de acidentes, a função
de inspetor de segurança do trabalho foi criada de forma emergencial e para atender
a essa demanda específica. Assim, a Fundacentro foi designada para formação
desses profissionais, por meio de um curso de 100 horas; posteriormente, o curso
passou a ser ministrado, também, pelas instituições de ensino em geral.
Somente em 1985 essa profissão passou a ser regulamentada pela Lei no
7.410, de 27 de novembro, que “dispõe sobre a especialização de engenheiros e
arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho e a profissão de Técnico de
Segurança do Trabalho”, e, posteriormente, pelo Decreto no 92.350, de 09 de abril de
1986, sendo assim denominada como técnico de segurança do trabalho.
Por se tratar de uma profissão regulamentada, é necessário o registro
profissional junto ao MTE, conforme estabelecido na NR-27 – registro profissional do
técnico de segurança do trabalho –, que diz em seu Art. 1º:
O exercício da profissão do técnico de segurança do trabalho depende de
prévio registro no Ministério do Trabalho através da Secretaria de Segurança e Saúde
no Trabalho ou das Delegacias Regionais do Trabalho.
A referida NR foi revogada pela Portaria no 262, de 29 de maio de 2008, sendo
o registro profissional de técnico de segurança do trabalho regulado, a partir de então,
por tal portaria.
As atividades desempenhadas pelo técnico de segurança do trabalho estão
descritas na Portaria no 3.275, de 21 de setembro de 1989. Esse profissional deve
dedicar-se a desempenhar exclusivamente as atribuições descritas nessa portaria,
não sendo permitido o exercício de nenhuma outra função paralela ou similar e que
não esteja estabelecida em lei.

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De acordo com o Art. 1º da portaria, o técnico de segurança do trabalho é
responsável pelas seguintes atribuições:
I. Informar o empregador, por meio de parecer técnico, sobre os riscos existentes nos
ambientes de trabalho, bem como orientá-lo sobre as medidas de eliminação e
neutralização;
II. Informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como as medidas
de eliminação e neutralização;
III. Analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores de risco de
acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e a presença de agentes
ambientais agressivos ao trabalhador, propondo sua eliminação ou seu controle;
IV. Executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar os
resultados alcançados, adequando-os às estratégias utilizadas de maneira a integrar
o processo prevencionista em uma planificação, beneficiando o trabalhador;
V. Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais
e do trabalho nos ambientes de trabalho, com a participação dos trabalhadores,
acompanhando e avaliando seus resultados, bem como sugerindo constante
atualização dos mesmos e estabelecendo procedimentos a serem seguidos;
VI. Promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras, reuniões,
treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática e pedagógica com o objetivo
de divulgar as normas de segurança e higiene do trabalho, assuntos técnicos, visando
evitar acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
VII. Executar as normas de segurança referentes a projetos de construção, aplicação,
reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à observância das medidas de
segurança e higiene do trabalho, inclusive por terceiros;
VIII. Encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos,
documentação, dados estatísticos, resultados de análises e avaliações, materiais de
apoio técnico, educacional e outros de divulgação para conhecimento e
autodesenvolvimento do trabalhador;;
IX. Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio, recursos
audiovisuais e didáticos e outros materiais considerados indispensáveis, de acordo
com a legislação vigente, dentro das qualidades e especificações técnicas
recomendadas, avaliando seu desempenho;

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X. Cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto ao tratamento e
destinação dos resíduos industriais, incentivando e conscientizando o trabalhador da
sua importância para a vida;
XI. Orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto aos
procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos na legislação ou
constantes em contratos de prestação de serviço;
XII. Executar as atividades ligadas a segurança e higiene do trabalho utilizando
métodos e técnicas científicos, observando dispositivos legais e institucionais que
objetivem a eliminação, controle ou redução permanente dos riscos de acidentes do
trabalho e a melhoria das condições do ambiente, para preservar a integridade física
e mental dos trabalhadores;
XIII. Levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho, doenças
profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a gravidade destes para ajustes
das ações prevencionistas, normas, regulamentos e outros dispositivos de ordem
técnica que permitam a proteção coletiva e individual;
XIV. Articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos recursos humanos,
fornecendo-lhes resultados de levantamentos técnicos de riscos das áreas e
atividades para subsidiar a adoção de medidas de prevenção em nível de pessoal;
XV. Informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades insalubres,
perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos específicos, bem como as
medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos mesmos;
XVI. Avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que subsidie
o planejamento e a organização do trabalho de forma segura para o trabalhador;
XVII. Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção de
acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
XVIII. Participar de seminários, treinamentos, congressos e cursos visando ao
intercâmbio e ao aperfeiçoamento profissional.
Em caso de dúvidas com relação à atividade exercida pelo técnico de
segurança do trabalho que não tenham sido devidamente esclarecidas nessa portaria,
recomenda-se que o profissional, ou qualquer interessado, procure a Secretaria de
Segurança e Medicina do Trabalho (SSMT).

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2.2.2 Engenheiro de segurança do trabalho

O engenheiro de segurança do trabalho é o profissional graduado em


engenharia ou arquitetura, com pós-graduação em Engenharia de Segurança do
Trabalho. Não existe graduação específica nessa área, apenas a especialização em
nível de pós-graduação exclusiva para os engenheiros e arquitetos.
No Brasil, assim como o técnico de segurança do trabalho, essa profissão é
regulamentada pela Lei no 7.410, que dispõe também sobre a especialização em nível
de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho para engenheiros e
arquitetos, desde a sua publicação em 27 de novembro de 1985.
Antes da publicação dessa lei, a Fundacentro era responsável, também, pela
formação dos profissionais de engenharia de segurança do trabalho. Os cursos eram
realizados pela própria Fundacentro ou por instituições de ensino superior
conveniadas.
O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CREA) é a instituição
responsável pelo registro desse profissional, bem como pela definição das disciplinas
do curso de formação de engenharia de segurança do trabalho (matriz curricular) e
pelo credenciamento das instituições de ensino que ofertam o curso de
especialização.
Não há no Brasil um sindicato específico para engenheiros de segurança do
trabalho, que, por isso, fazem parte do sindicado dos engenheiros em geral. O que
existe em alguns estados são associações específicas para engenharia de segurança;
em São Paulo, por exemplo, temos a Associação Paulista dos Engenheiros de
Segurança do Trabalho (APAEST), cuja missão consiste na “atuação na defesa de
seus associados, fortalecer a engenharia de segurança do trabalho, promover o
desenvolvimento sustentável na comunidade, incluindo a melhoria das condições de
trabalho e a preservação do meio ambiente e da integridade física dos trabalhadores”.
Por se tratar de uma profissão regulamentada, existem diversas leis e
resoluções referentes à Engenharia de Segurança do Trabalho. A principal delas é a
Resolução no 325, de 27 de novembro de 1987, que “dispõe sobre o exercício
profissional, o registro e as atividades do engenheiro de segurança do trabalho, e dá
outras providências”.
O Art. 1º dessa resolução trata do exercício da especialização de engenheiro
de segurança do trabalho, que é permitido, exclusivamente:

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I. Ao engenheiro ou arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de
especialização no nível de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho;
II. Ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho, realizado em caráter prioritário, pelo Ministério do Trabalho;
III. Ao possuidor de registro de engenheiro de segurança do trabalho, expedido pelo
Ministério do Trabalho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da extinção do curso
referido no item anterior.
O Art. 2º trata dos conselhos regionais, que concederão o registro dos engenheiros
de segurança do trabalho, procedendo à anotação nas carteiras profissionais já
expedidas.
O Art. 3º informa que, para o registro, só serão aceitos certificados de cursos de pós-
graduação credenciados pelo Conselho Federal de Educação, ressalvadas as
hipóteses contempladas nos incisos II e III do Art. 1º.
O Art. 4º diz que as atividades exercidas pelos engenheiros e arquitetos na
especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho envolvem:
1. Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de Engenharia de
Segurança do Trabalho;
2. Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e
equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle
de poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento
3. Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e
controle de riscos;
4. Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar
medidas de controle sobre grau de exposição e agentes agressivos de riscos físicos,
químicos e biológicos, tais como: poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em
geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais
insalubres e perigosos;
5. Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas
preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a
custos;
6. Propor políticas, programas, normas e regulamentos de segurança do trabalho,
zelando pela sua observância;

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7. Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos
de obras, instalações e equipamentos, opinando do ponto de vista da engenharia de
segurança;
8. Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco
e projetando dispositivos de segurança;
9. Projetar sistemas de proteção contra incêndio, coordenar atividades de combate a
incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes;
10. Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do trabalho,
delimitando áreas de periculosidade;
11. Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de
segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio,
assegurando-se de sua qualidade e eficiência;
12. Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e
equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento
possam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição;
13. Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes,
promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes o funcionamento;
14. Orientar o treinamento específico de segurança do trabalho e assessorar a
elaboração de programas de treinamento geral, no que diz respeito à segurança do
trabalho;
15. Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de medidas
de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar assim o exigir;
16. Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções,
apontando os riscos decorrentes desses exercícios;
17. Propor medidas preventivas no campo de segurança do trabalho, em face do
conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes do acidente de
trabalho, incluídas as doenças do trabalho;
18. Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus
representantes, as condições que possam trazer danos à sua integridade e as
medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas.

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2.2.3 Técnico de enfermagem do trabalho

O auxiliar de enfermagem do trabalho é o profissional com formação em auxiliar


de enfermagem que se especializou por meio do curso de auxiliar de enfermagem do
trabalho. O técnico de enfermagem do trabalho é o profissional que se formou como
técnico de enfermagem e fez uma especialização técnica em enfermagem do trabalho.
De acordo com a NR-4, as empresas são obrigadas a manter em seu quadro
de funcionários o auxiliar de enfermagem do trabalho. Tem se tornado comum, porém,
que as instituições de ensino deixem de formar o auxiliar de enfermagem do trabalho,
dando exclusividade apenas para o técnico de enfermagem do trabalho, o que, para
as empresas, acaba se tornando um bom negócio, pois terão a possibilidade de
contratar um profissional mais especializado. Hoje, quem inicia o curso de auxiliar de
enfermagem acaba dando preferência ao curso técnico, ao passo que os auxiliares já
formados estão voltando para escola para complementar sua formação por meio do
curso de formação e de especialização de nível técnico.
A inclusão do auxiliar de enfermagem do trabalho junto à equipe de saúde
ocupacional ocorreu em 1972 por meio da Portaria no 3.237 do MTE, que tratava da
obrigatoriedade da existência dos SESMT no Brasil.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de
Enfermagem (Coren) são os responsáveis pelos critérios de formação, registro e
fiscalização desses profissionais. Existem diversas leis e resoluções pertinentes à
enfermagem do trabalho; a Resolução no 238/2000 do Cofen “fixa normas para a
qualificação em nível médio de enfermagem do trabalho e dá outras providências”.
Esse profissional integra o SESMT com a finalidade de promover a saúde do
trabalhador no ambiente de trabalho, auxiliando os demais profissionais do SESMT.
De acordo com a Lei no 7.498/1986, que “dispõe sobre a regulamentação do exercício
da Enfermagem”, esse profissional deve atuar sob a supervisão de um enfermeiro do
trabalho no atendimento ambulatorial, além de exercer as seguintes atividades:

■ Atender o trabalhador
■ Auxiliar nos exames admissionais
■ Atender as emergências e oferecer primeiros socorros
■ Coletar materiais para exames quando necessário

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■Fazer encaminhamento de exames laboratoriais
■Preparar o empregado para a realização de exame médico
■Auxiliar nas campanhas educativas e eventos de segurança e saúde no
trabalho, como, por exemplo, campanhas de prevenção a diabetes, doenças
sexualmente transmissíveis (DST), tabagismo, hipertensão, obesidade, alcoolismo e
drogas ilícitas
■Controlar e preparar equipamentos
■Organizar, controlar e arquivar documentos médicos.
Para a Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho (Anent), existe
diferença entre os perfis do técnico e do auxiliar de enfermagem. Enquanto o técnico
de enfermagem desempenha atividades de colaboração com o enfermeiro do
trabalho, no que diz respeito às atividades de planejamento, programação, orientação
e execução de atividades, o auxiliar de enfermagem restringe-se à execução de
atividades planejadas.
De acordo com a Anent, as atribuições do técnico de enfermagem do trabalho
são:
■ Participar, junto ao enfermeiro, de:
•Planejamento, programação e orientação das atividades de
enfermagem do trabalho;
•Desenvolvimento e execução de programas de avaliação da saúde dos
trabalhadores;
•Elaboração e execução de programas de controle das doenças
transmissíveis e não transmissíveis e de vigilância epidemiológica dos
trabalhadores;
•Execução dos programas de higiene e segurança do trabalho e de
prevenção de acidentes e de doenças profissionais.
■ Executar todas as atividades de enfermagem do trabalho, exceto as privativas
do enfermeiro;
■ Integrar a equipe de saúde do trabalhador;
Já o auxiliar de enfermagem do trabalho carrega as seguintes atribuições:
■ Auxiliar o enfermeiro na execução de programas de avaliação da saúde dos
trabalhadores, de acordo com a sua qualificação:
•Observando, reconhecendo e descrevendo sinais e sintomas;

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•Executando ações de simples complexidade.
■Executar atividades de enfermagem do trabalho, de acordo com a sua
qualificação, nos programas de:
•Prevenção e controle das doenças profissionais e acidentes de
trabalho;
•Controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis e vigilância
epidemiológica dos trabalhadores;
•Educação para a saúde da clientela.
■Integrar a equipe de saúde dos trabalhadores.
O técnico e o auxiliar de enfermagem do trabalho auxiliam o SESMT no
desenvolvimento de projetos, aplicando técnicas que visam à prevenção e ao controle
de doenças do trabalho, auxiliando na investigação de acidentes, quando necessário,
e na realização de treinamentos específicos relacionados à saúde dos trabalhadores.

2.2.4 Enfermeiro do trabalho

O enfermeiro do trabalho é o profissional graduado em enfermagem com pós-


graduação em enfermagem do trabalho. No ambiente empresarial, é o líder e o
responsável pelos técnicos e auxiliares de enfermagem do trabalho; presta serviço de
atendimento aos funcionários no ambulatório da empresa ou, quando necessário, nos
setores, exerce atividades relacionadas a higiene ocupacional, medicina e segurança
do trabalho e coordena o auxiliar e/ou técnico de enfermagem do trabalho, integrando
a equipe do SESMT.
No Brasil, a enfermagem do trabalho no Brasil vem galgando espaço ao longo
dos anos. A inserção do enfermeiro do trabalho nas equipes de saúde ocupacional
ocorreu em 1975 por meio da Portaria no 3.460 do MTE. A princípio, era visto como
um profissional de atendimento a emergências nas empresas, o que não o valorizava
muito, já que os casos de atendimento emergencial dentro das empresas eram raros,
para não dizer improváveis. Hoje, essa visão mudou, principalmente após a
publicação de legislações mais densas e a mudança de conceitos de empresários e
funcionários, que modificaram a maneira como o enfermeiro do trabalho poderia atuar
nas empresas, ampliando a sua gama de atribuições no que diz respeito à promoção
da saúde e à prevenção de doenças. O enfermeiro do trabalho atua, também, em

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controle das atividades, desenvolvimento de projetos e pesquisas, bem como presta
atendimento aos empregados em situações de emergência.
São diversas as atividades do enfermeiro do trabalho dentro de uma empresa.
De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) 0-71.40, as principais
funções do enfermeiro do trabalho são:
■ Estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando
observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as
necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria do trabalho;
■ Elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde dos
empregados, participando de grupos que realizam inquéritos sanitários, estudam
as causas de absenteísmo, fazem levantamentos de doenças profissionais e
lesões traumáticas, procedem a estudos epidemiológicos, coletam dados
estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores, investigando possíveis
relações com as atividades funcionais, para obter continuidade operacional e
aumento da produtividade;
■ Executar e avaliar programas de prevenções de acidentes e de doenças
profissionais ou não profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de
insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho do menor e da mulher, para
propiciar a preservação de integridade física e mental do trabalhador;
■ Prestar primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou
doença, fazendo curativos ou imobilizações especiais, administrando
medicamentos e tratamentos e providenciando o posterior atendimento médico
adequado, para atenuar consequências e proporcionar apoio e conforto ao
paciente;
■ Elaborar e executar ou supervisionar e avaliar as atividades de assistência
de enfermagem aos trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento
ambulatorial, no local de trabalho, controlando sinais vitais, aplicando
medicamentos prescritos, curativos, inalações e testes, coletando material para
exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos, para reduzir o absenteísmo
profissional;
■ Organizar e administrar o setor de enfermagem da empresa, provendo
pessoal e material necessários, treinando e supervisionando auxiliares de
enfermagem do trabalho, atendentes e outros, para promover o atendimento
adequado às necessidades de saúde do trabalhador;

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■ Treinar trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material
adequado ao tipo de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes;
■ Planejar e executar programas de educação sanitária, divulgando
conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir
doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar informes
para subsídios processuais nos pedidos de indenização e orientar em problemas
de prevenção de doenças profissionais.
A Anent, além das funções definidas pela CBO, inclui, ainda, a função de
registrar dados estatísticos de acidentes e doenças profissionais, mantendo
cadastros atualizados, a fim de preparar informes para subsídios processuais nos
pedidos de indenização e orientar em problemas de prevenção de doenças
profissionais.

2.2.5 Médico do trabalho

A medicina do trabalho é uma especialidade médica que trata das relações


entre a saúde dos trabalhadores e seu campo de trabalho. Atua não só na prevenção
de acidentes e de doenças ocupacionais e do trabalho, mas também promove, por
meio de programas apropriados, a segurança, a saúde e a qualidade de vida no
trabalho, assegurando o bem-estar dos trabalhadores nos âmbitos social e
profissional.
O médico do trabalho é o profissional graduado em Medicina e com pós-
graduação em Medicina do Trabalho. Dentro de uma empresa, é o responsável por
área médica, procedimentos de saúde, realização de consultas e atendimentos
médicos, tratamento e acompanhamento das doenças dos profissionais, negociação
com empresas, implantação e acompanhamento de ações de prevenção de doenças
e promoção da saúde dos trabalhadores, por meio de programas e serviços de saúde,
efetuando perícias e auditorias médicas e elaborando documentos de medicina do
trabalho.
Entre as demais tarefas do médico do trabalho estão elaboração, implantação
e implementação do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO),
que se baseia nas informações apresentadas no Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) desenvolvido pelo engenheiro de segurança do trabalho e pelo
técnico de segurança do trabalho.

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O profissional participa, ainda, das investigações de acidentes e doenças
ocupacionais e do trabalho, elabora a comunicação de acidente de trabalho (CAT),
realiza avaliações ergonômicas, auxilia na elaboração do Laudo Técnico de
Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) e dos laudos de insalubridade e
periculosidade, entre outras atribuições.

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3. NORMAS BS 8800; OHSAS 18001; ISO 45001
3.1. Normas BS 8800

A BS (British Standard) 8800 é uma norma britânica que foi publicada em 1996
com a finalidade de melhorar o desempenho da SST da organização. Ela é uma guia
que fornece orientações de como a gestão de SST pode ser integrada ao
gerenciamento do negócio. Essa integração ajuda a minimizar os riscos para os
funcionários e outros integrantes, estabelecendo para a organização uma imagem
responsável no ambiente em que atua.
As organizações não atuam isoladamente; diversas partes que podem ter um
interesse legítimo na abordagem adotada por uma organização para com a SST
incluem: empregados, consumidores, clientes, fornecedores; a comunidade; os
acionistas; os empreiteiros; os seguradores, assim como as agências governamentais
encarregadas de zelar pelo cumprimento dos regulamentos e das leis. Esses
interesses precisam ser reconhecidos. O bom desempenho de saúde e segurança
não é casual. As organizações devem dispensar a mesma importância à obtenção de
altos padrões de gerenciamento de SST como o fazem com respeito a outros aspectos
chaves de suas atividades empresariais. Isto requer a adoção de uma abordagem
estruturada para a identificação, avaliação e controle dos riscos relacionados com o
trabalho.
Muitas das características do gerenciamento eficaz de SST se confundem com
práticas sólidas de gerência defendidas por proponentes da excelência da qualidade
e dos negócios. Estas orientações têm por base os princípios gerais da boa gerência
e foram concebidas para capacitar a integração do gerenciamento de SST com o
sistema de gerência geral. Neste sentido, a BS 8800 é composta pelos seguintes itens:
(a) Objetivo, (b) Referências informativas, (c) Definições, (d) Elementos do Sistema
de Gestão da SST (Introdução; Política de SST; Planejamento; Implementação e
operação; Verificação e ação corretiva; Análise crítica pela administração) e (e)
Anexos.

3.2 OHSAS 18001

A grande aceitação dos sistemas de gestão da qualidade (ISO 9001) e gestão


ambiental (ISO 14001) deu origem a uma demanda internacional crescente para

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elaboração de uma norma de segurança e saúde no trabalho com
características similares. Com o intuito de atender esta demanda, alguns Organismos
Certificadores (OCs), que representavam cerca de 80% do mercado mundial de
certificação de sistemas de gestão, reuniram-se na Inglaterra e criaram
a OHSAS 18001:1999, a primeira norma de certificação de Sistemas de Gestão da
SST. Na sua elaboração foi adotada a mesma estrutura da ISO 14001:1996 (meio
ambiente) que facilitou seu entendimento para aqueles já familiarizados com o sistema
de gestão ambiental.
A OHSAS 18001 entrou em vigor em 1999 e em 2007 foi realizada sua primeira
revisão. A revisão não alterou significativamente a estrutura da norma, mas introduziu
diversos aperfeiçoamentos: a importância dada à saúde e a melhoria do alinhamento
com a ISO 14001:2004 foram os principais. Além disso, houve um aumento no
enfoque preventivo com a exigência de gerenciamento de incidentes.
A OHSAS 18001:2007 especifica os requisitos para um sistema de gestão de SST
que permita à organização desenvolver e implementar sua política de SST,
considerando requisitos legais e informações sobre riscos. Ela se aplica a qualquer
organização que deseje:
 Estabelecer um sistema de gestão de SST para eliminar ou minimizar o
risco para os trabalhadores e outras partes interessadas que possam ser
expostas a riscos para a SST associados às suas atividades;
 Implementar, manter e melhorar continuamente esse sistema de gestão; e
 Assegurar-se da conformidade com a sua política de SST definida.
A OSHAS 18001:2007 está estruturada em quatro seções: (1) Objetivo e campo
de aplicação; (2) Publicações de referência; (3) Termos e definições; e (4) Requisitos
do Sistema de Gestão de SST.
A OSHAS 18002 – Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional
apresenta os requisitos específicos da OSHAS 18001, acompanhados das diretrizes
para a implantação da mesma. A OSHAS 18001:2017 continua válida e segue sendo
aceita pelo sistema ISO como norma complementar ao SGI das empresas. A validade
da integração da OSHAS às normas ISO está prevista para ser descontinuada
próximo ao meado de 2021, decorridos os três anos de publicação da ISO
45001:2018, quando se espera que as empresas já devam ter realizado a migração
para o sistema de ISO 45001.

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3.3 ISO 45001

Em 2018, foi publicada a ISO 45001, que possui a mesma identidade das
normas ISO 9001:2015 e 14001:2015, com foco na gestão de riscos, melhoria
contínua e conscientização dos públicos interno/externo envolvidos no processo
coletivo de gestão da saúde e segurança ocupacional. A ISO 45001 foi criada na
perspectiva de alinhamento à ISO 19011 (auditoria integrada), particularmente pela
necessidade de se formular uma norma mais integrável à gestão de qualidade e meio
ambiente.
A ISO 45001 é baseada numa estrutura atualizada, que traz uma estrutura
comum para todos os sistemas de gestão, que ajuda a manter a consistência e
alinhamento com as diferentes normas de sistema de gestão, em relação à estrutura
de alto nível, aplicando uma linguagem comum a todas as normas, buscando: (a) se
integrar com outros sistemas de gestão; (b) fornecer uma abordagem integrada para
gestão organizacional; (c) refletir os ambientes cada vez mais complexos em que as
organizações operam; e (d) melhorar a capacidade de uma organização para
gerenciar seus riscos de saúde e segurança.
A norma ISO 45001:2018 busca atualizar a estrutura dos elementos de gestão
e de melhoria contínua proposta pela OHSAS 18001:2009, através da introdução dos
seguintes critérios centrais:
1. Escopo. Detalha o escopo da norma internacional, a qual especifica os requisitos
para um sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho (SST), com orientações
para a sua utilização.
2. Referências normativas. Não destaca ou apresenta referências normativas em seu
contexto.
3. Termos e definições. Foram adicionados novos termos e definições e outros foram
revisados em relação à OHSAS 18001:2007, incluindo os relativos à participação dos
trabalhadores, a consulta, risco de SST, oportunidade de SST, desempenho de SST,
lesões e problemas de saúde, entre outros.
4. Contexto da organização. Busca estabelecer o contexto do sistema de gestão de
SST, orientando e fornecendo às organizações a oportunidade de identificar e
compreender os fatores externos e internos e as partes interessadas que afetam os
resultados do sistema de gestão de SST. Alinhada às principais atualizações das ISO
9000:2015 e ISO 14000:2015, indica que a organização precisa identificar e ter em

20
conta as necessidades e expectativas das “partes interessadas” relevantes para o seu
sistema de gestão da SST. Ressalta a relevância do processo de melhoria contínua
em estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de gestão
da SST em conformidade com os requisitos da norma.
5. Liderança e participação dos trabalhadores. Enfoca que a alta direção deve assumir
a responsabilidade geral e prestação de contas para a proteção da saúde e segurança
relacionadas com o trabalho dos trabalhadores e necessidade de desenvolver, liderar
e promover uma cultura que suporte o sistema de gestão de SST. Orienta, ainda, que
se assegure que os requisitos sejam integrados com os processos da organização e
que a política e os objetivos sejam compatíveis com a direção estratégica da
organização. Aponta a necessidade de se estabelecer a política de SST, indicando
características e propriedades que a política deve incluir, em consulta com os
trabalhadores em todos os níveis.
6. Planejamento. Enfoca que o planejamento – traduzido por definição de uma política,
objetivos, metas e indicadores, entre outros elementos – deve ser visto como um
processo permanente que antecipe o processo de gestão de mudanças. Aborda a
identificação de riscos e oportunidades que precisam ser tratados para garantir que o
sistema possa atingir os seus resultados pretendidos, prevenir ou reduzir os efeitos
indesejáveis e melhorar continuamente. Apresenta exigência de que as organizações
estabeleçam um processo para determinar e atualizar os requisitos legais e outros
requisitos que são aplicáveis aos seus perigos e riscos de SSO. Outro elemento chave
é a necessidade de estabelecer objetivos de SST que sejam mensuráveis ou pelo
menos possíveis de avaliação. Os objetivos de SST precisam manter e melhorar
continuamente o sistema de gestão de SST.
7. Suporte. Enfoca que as organizações devem determinar e prover os recursos
(humanos, recursos naturais, infraestrutura e recursos financeiros) necessários para
estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de gestão de
SST. Indica, ainda, que as organizações deverão determinar a competência
necessária dos trabalhadores que afetam ou podem afetar o desempenho da SST e
garantir que eles recebam a educação e formação apropriadas, garantindo que todos
os trabalhadores estejam cientes da política de SST, dos perigos e riscos de SST que
sejam relevantes e sua contribuição para a eficácia do sistema e as implicações de
não conformidades com isso. Enfoque, ainda, a necessidade de um processo formal

21
de informações e comunicações internas e externas relevantes para o sistema de
gestão de SST.
8. Operação. Enfoca a execução dos planos e processos objeto dos itens anteriores,
indicando a necessidade de formalização do estabelecimento de processo de
planejamento e controles operacionais para atender aos requisitos do sistema de
gestão de SST, incluindo controles para reduzir os riscos de SST, para níveis
aceitáveis. Destaca, ainda, conceitos como gestão de EPI, revisão de análise de
riscos nos processos de gestão de mudanças, compras, gestão de terceirizados, entre
outros.
9. Avaliação de desempenho. Enfoca que as organizações necessitam determinar
quais informações deverão ser imprescindíveis para avaliar o desempenho e eficácia
de SST, de forma a garantir a eficácia do processo de identificação da periodicidade
e respectivas métricas de monitoramento e controle do sistema de SST.
10. Melhoria. Enfoca, em seus processos, o requisito “melhoria contínua”, de forma a
analisar os riscos e continuamente adequar a eficácia do sistema de gestão da SST.
Espera-se que a ISO 45001:2018 venha contribuir para facilitar um maior
envolvimento da alta administração no planejamento do sistema de gestão de SST e
sua respectiva integração aos processos de negócios corporativos.

22
4 SISTEMA DE GESTÃO - PDCA

As organizações têm enfrentado problemas quanto ao seu desempenho frente


às constantes mudanças ocorridas no cenário competitivo. Cada vez mais os
estudiosos e administradores estão em busca de modelos para melhorar o
desempenho organizacional.
Atualmente, o mercado passou a exigir que as organizações agreguem aos
seus produtos e serviços o comprometimento no atendimento a padrões de normas
internacionais de qualidade, sustentabilidade ambiental e proteção à integridade física
e saúde de seus trabalhadores. Assim, o gerenciamento das questões ambientais e
de saúde e segurança do trabalho, com foco na prevenção de acidentes e no
tratamento dos problemas potenciais, passou a ser vital para a sobrevivência do
empreendimento.
O Sistema de Gestão da SST é parte integrante de um sistema de gestão de
toda e qualquer organização, o qual proporciona um conjunto de ferramentas que
potenciam a melhoria da eficiência da gestão dos riscos da SST, relacionados com
todas as atividades da organização.
Os sistemas de gestão de SST estão normalmente apoiados em políticas com
uma visão mais generalista. Um exemplo de política generalista é apresentado pela
Organização Internacional do Trabalho (ILO-OSH 2001), que possui um espectro
amplo de aplicações em organizações de diferentes nacionalidades, porém não
contempla, de forma detalhada, as orientações necessárias para o estabelecimento
de um programa ou sistema voltado à gestão da SST, cujo papel tem sido assumido
por normas mais específicas em cada país, como, por exemplo, a extinta norma BS
8800:1996, a OHSAS 18001:1999 e a ISO 45001:2018.
Cada organização deve refletir, a partir de seu porte e natureza de seus riscos,
e adequar os aspectos referidos, em face das suas características e especificidades,
com o propósito de definir, tornar efetiva, rever e manter a política da SST da
organização, com base na qual se poderá definir e estabelecer: a estrutura
operacional; as atividades de planejamento; as responsabilidades; as práticas; os
procedimentos; os processos; os recursos.
Definida a política da SST, a organização deve desenhar um sistema de gestão
que englobe desde a estrutura operacional até a disponibilização dos recursos,
passando pelo planejamento, pela definição de responsabilidades, práticas,

23
procedimentos e processos, aspectos decorrentes da gestão e que atravesse
horizontalmente toda a organização.
O sistema deve ser orientado para a gestão dos riscos, devendo assegurar a
identificação de perigos, a avaliação de riscos e o controle de riscos. Durante a
implantação de sistemas de gestão de SST a organização deve atentar para quatro
atividades básicas: o planejamento; a implementação e operação; a verificação e as
ações corretivas. Esses quatro blocos de atividades são baseados na metodologia do
ciclo PDCA, como descrito a seguir.
• Plan (Planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir
os resultados de acordo com a política de SST da organização.
• Do (Fazer): implementar os processos.
• Check (Verificar): monitorar e medir os processos em relação à política e aos
objetivos de SST; aos requisitos legais e outros; e relatar os resultados.
• Act (Agir): executar ações para melhorar continuamente o desempenho da
SST.

24
5 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO – SIG

Em 1987, a British Standard Institution (BSI) publicou a série ISO 9000 devido
à necessidade de desenvolvimento de um sistema de gerenciamento da qualidade. O
objetivo dessa série é garantir a qualidade nos processos produtivos através de
procedimentos padronizados que resultem no aumento da confiabilidade dos produtos
e serviços.
Ainda no início da década de 1990, surgiu o conceito de sistema de
gerenciamento ambiental, formalizado pela BSI na norma BS 7750, que foi o embrião
da série ISO 14000.
Em maio de 1996, a BSI criou a BS 8800, um guia baseado em princípios gerais
de bom gerenciamento que tem por objetivo garantir níveis de segurança e saúde
ocupacionais desejáveis para os trabalhadores de uma organização. Por ser um
sistema holístico, permite a integração com os sistemas globais de gerenciamento das
organizações.

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6 GESTÃO DE RISCOS

Atualmente, existe a falta de consenso quanto às terminologias e aos conceitos


utilizados para a gestão de riscos, o que faz com que as organizações enfrentem
dificuldades em integrar as diferentes funções e atividades relativas ao tema.
Essa falta de consenso, na prática, resulta no tratamento da gestão de risco de
forma isolada, ocasionando muitas vezes a geração dos chamados silos ou ilhas
departamentais, o que provoca a utilização de terminologias, sistemas, critérios e
conceitos diferentes para cada uma das áreas da organização.
Além disso, o gerenciamento de risco deve ter um caráter participativo, em que
os trabalhadores sejam os sujeitos nas ações. Essa forma de gerenciamento evita que
ocorra o chamado gerenciamento artificial de risco.
Neste capítulo adotaremos a definição de gestão de riscos utilizada por De
Cicco e Fantazzini (2003):

“é a ciência, a arte e a função que visa à proteção dos recursos humanos,
materiais, ambientais e financeiros de uma organização, quer através da
eliminação ou redução de seus riscos, quer através do financiamento dos
riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais viável”.

O processo de gerenciamento de riscos, como todo procedimento de tomada


de decisão, começa com a identificação e a análise de um problema. No caso da
gestão de riscos, o problema consiste, primeiramente, em se conhecer e analisar os
riscos de perdas acidentais que ameaçam a organização.
A identificação de riscos é, indubitavelmente, a mais importante das
responsabilidades do gestor de riscos. É o processo por meio do qual, contínua e
sistematicamente, são identificadas perdas potenciais (a pessoas, à propriedade e por
responsabilidade da organização), ou seja, situações de risco de acidentes que
podem afetar a organização.

6.1 Identificação de Riscos

Não existe um método ideal para se identificar riscos. Na prática, a melhor


estratégia é combinar os vários métodos existentes, obtendo-se o maior número

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possível de informações sobre riscos e evitando-se, assim, que a organização seja,
inconscientemente, ameaçada por eventuais perdas decorrentes de acidentes.
São métodos frequentemente utilizados para identificar riscos:
• Mapa de riscos. Tem como objetivo reunir as informações necessárias para
estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho nas
empresas e possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e a divulgação de
informações entre trabalhadores, bem como estimular a participação destes nas
atividades de prevenção. A elaboração dos mapas de riscos é uma das atribuições da
CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e é composta das seguintes
etapas: conhecer o processo de trabalho no local analisado; identificar os riscos
existentes no ambiente pesquisado, conforme a classificação da Tabela 1 (Anexo IV)
da Portaria 25, de 29 de dezembro de 1994, da Secretaria de Segurança e Saúde no
Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego; identificar as medidas preventivas
existentes e sua eficácia; reconhecer os indicadores de saúde; conhecer os
levantamentos ambientais já realizados no local; e elaborar o Mapa de Riscos, sobre
o layout da organização ou do ambiente analisado.
• Checklists e roteiros. Podem ser obtidos em publicações especializadas sobre
Engenharia de Segurança e Seguros, junto a corretoras, seguradoras etc., ou serem
construídos. Deve-se ressaltar que, por mais precisos e extensos que sejam, há uma
grande chance de eles omitirem situações de risco até vitais para uma determinada
organização. Para minimizar o problema, os responsáveis pela gestão de riscos
devem adaptar tais instrumentos às características e peculiaridades específicas da
organização.
• Inspeção de segurança. Nada mais é do que a procura de riscos comuns, já
conhecidos teoricamente. O conhecimento teórico facilita a prevenção de acidentes,
pois as soluções possíveis já foram estudadas anteriormente e constam de extensa
bibliografia. Os riscos mais comumente encontrados em uma inspeção de segurança,
entre outros, são: falta de proteção de máquinas e equipamentos; ausência de ordem
e limpeza; falta de manutenção das ferramentas; iluminação e instalações elétricas
deficientes; pisos escorregadios, precários, em mau estado de conservação;
equipamentos de proteção contra incêndio em mau estado de conservação/uso ou
insuficientes; falhas de operação.
• Investigação de acidentes. É utilizada principalmente quando se tem um
acidente de trabalho, haja vista que tal ocorrência necessita de uma verificação

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cuidadosa dos dados relativos ao acidentado, como comportamento, atividade
exercida, tipo de ocupação, data e hora do acidente, entre outros, e ao acidente, como
tipo, danos causados à empresa e ao(s) trabalhador(es), por exemplo. A forma de
condução da investigação deve ser definida em função das peculiaridades de cada
organização e/ou setor, como espaço físico, produto fabricado, processo produtivo,
tipo de máquinas e equipamentos utilizados, características socioeconômicas da
região onde está localizada a organização, por exemplo.
• Fluxogramas. Esse método é bastante utilizado quando se quer identificar
danos e perdas decorrentes de acidentes de trabalho. Inicialmente são elaborados
fluxogramas com todas as operações realizadas na organização e/ou setor onde
ocorreu o acidente, desde o fornecimento da matéria-prima até a entrega do produto
final ao cliente, por exemplo. Em seguida, devem ser elaborados fluxogramas
detalhados de cada uma das operações definidas no início, possibilitando, assim, a
identificação dos respectivos danos e perdas ocorridos ou que possam vir a acontecer.

28
7. CERTIFICAÇÃO - SST

A certificação de um sistema de gestão ocorre a partir da sua avaliação por


uma entidade independente. É uma auditoria externa realizada por um organismo
certificador (OC).
A decisão pela implantação de um sistema de gestão numa organização pode
ser espontânea, originar-se de uma estratégia de negócios ou a partir de solicitações
dos clientes. O motivo determinante da implantação deve ser observado no momento
da identificação e seleção da entidade certificadora. O reconhecimento e a
confiabilidade do certificado estão intimamente relacionados com a credibilidade da
empresa que realiza a avaliação.
O conceito de acreditação de uma entidade certificadora está relacionado com
o reconhecimento, pelo órgão normativo de algum país, de que as práticas de auditoria
da organização estão em conformidade com os padrões internacionais e locais que
regulamentam essas atividades.
As auditorias de certificação do sistema de gestão da qualidade e do sistema
de gestão ambiental são realizadas conforme diretrizes estabelecidas na norma ABNT
NBR ISO/IEC 17021:2007 Avaliação de Conformidade – Requisitos para organismos
que fornecem auditoria e certificação de sistemas de gestão. A norma é aplicável a
qualquer sistema de gestão e introduz requisitos de desempenho para os organismos
certificadores que são avaliados pelo órgão acreditador. Ela também estabelece
princípios de auditoria, requisitos de estrutura e de recursos sobre informações dos
processos e de sistema de gestão para o organismo certificador.
Na área de sistemas de gestão de SST não existe entidade responsável pela
acreditação de organismos certificadores para a avaliação da OHSAS 18001. As
organizações podem selecionar o OC de sua maior confiança ou preferência. Contudo
convém que esse OC seja acreditado para outros sistemas de gestão, pois os
procedimentos de auditoria são semelhantes e facilitam o reconhecimento público do
certificado emitido que alguns organismos denominam “Declaração de
Conformidade”, justamente por não haver um sistema formal de acreditação.

29
8. ESOCIAL

O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e


Trabalhistas (eSocial) é um novo sistema de prestação de informações ao
Governo Federal que tem como objetivo de tornar os processos dentro das empresas
mais transparentes e menos complexos.

Apesar de ser confundindo com um novo regime tributário, a realidade é que trata-se
apenas de uma unificação das informações trabalhistas. Ou seja, trabalhadores
celetistas, estatutários, autônomos, avulsos, cooperados, estagiários e sem vínculo
empregatício terá suas informações registradas no eSocial, ambiente Nacional Virtual.

Os princípios do e-Social são:

 Dar maior efetividade à fruição dos direitos fundamentais trabalhistas e


previdenciários dos trabalhadores;
 Racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações previstas na legislação
pátria, relativa a cada matéria;
 Eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas física e
jurídica obrigadas;
 Aprimorar a qualidade das informações referentes a relações de trabalho,
previdenciárias e fiscais;
 Conferir tratamento diferenciado a ME/EPP

O eSocial foi criado para transmitir informações agrupadas por meio de eventos, que
devem ser encaminhados em uma sequência lógica.

Essa sequência pode ser contemplada como um conceito de “empilhamento”, sendo


que tais eventos relatam toda a dinâmica das contratações dos trabalhadores, desde
o seu início até o término.

Por isso, as informações transmitidas nos eventos iniciais são usadas nos eventos
seguintes e para alterar um dado de evento antigo, há de se verificar as
consequências/repercussões nos eventos posteriores.

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Quem está obrigado ao eSocial?

Segundo o Manual de Orientação do eSocial, os declarantes (empregador, órgão


público, órgão gestor de mão de obra) que possuem a obrigatoriedade da entrega das
informações, são:

 Todo aquele que contratar prestador de serviço pessoa física e possua alguma
obrigação trabalhista, previdenciária ou tributária, em função dessa relação
jurídica de trabalho, inclusive se tiver natureza administrativa, conforme a
legislação pertinente;
 O obrigado pode figurar nessa relação como empregador, nos termos definidos
pelo art. 2º da CLT ou como contribuinte, conforme delineado pela Lei nº 5.172,
de 1966 (CTN), na qualidade de empresa, inclusive órgão público, ou de
pessoa física equiparada à empresa, conforme prevê o art. 15 da Lei nº 8.212,
de 1991;
 Os contribuintes que comercializam produção rural nas situações descritas no
Capítulo III do Manual;
 Também devem enviar informações ao Ambiente Nacional do eSocial os
contribuintes na situação “Sem Movimento”, detalhada no item 12 do Capítulo
I do Manual. Excetuam-se dessa obrigação:

a) A pessoa física que, no início da obrigatoriedade do eSocial, encontra-se na


situação “Sem Movimento”, enquanto essa situação perdurar;

b) O MEI sem empregado, que não possua obrigação trabalhista, previdenciária ou


tributária;

c) Os Fundos de Investimento, os quais não são revestidos de personalidade jurídica


e, portanto, não podem contratar. As informações devem ser prestadas pela instituição
financeira administradora do fundo.

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“Faseamento” da entrega

Para garantir a segurança e eficiência da entrada em operação do eSocial, definiu-se


uma implementação progressiva por grupos para envio das obrigações. Este
“faseamento” é dividido por grupos de obrigados e, dentro de cada grupo, por tipo de
evento:

 na primeira fase, devem ser enviados os eventos de tabela;


 na segunda, os não periódicos;
 na terceira, os eventos periódicos;
 na quarta fase, os eventos de Segurança e Saúde no Trabalho.

Cada período de obrigatoriedade de eventos, dividido por grupo de obrigados, é


definido em legislação específica.

Definição dos grupos:

Grupo 01 - Empresas com faturamento superior a R$78 milhões

Grupo 02 - Empresas com faturamento inferior a R$78 milhões, exceto as optantes


pelo SIMPLES

Grupo 03 - ME e EPP optantes pelo SIMPLES, MEI, empregadores pessoas físicas


(exceto domésticos), entidades sem fins lucrativos

Grupo 04 - ME e EPP optantes pelo SIMPLES, MEI, empregadores pessoas físicas


(exceto domésticos), entidades sem fins lucrativos.

Apesar de ter o objetivo de desburocratizar o sistema de obrigações fiscais,


trabalhistas e previdenciárias, o eSocial exigiu das empresas brasileiras um esforço
significativo para adequar todas as suas informações.

Eventos do eSocial

Com a substituição de uma quantidade enorme de documentos, é de se esperar que


o eSocial contemple muitas informações, de diferentes tipos, periodicidades e

32
frequência de reutilização. Estas informações são organizadas em eventos, cada um
contendo seu layout próprio e os campos com informações pertinentes à ele.

Os 48 eventos do eSocial são classificados em 4 tipos: Eventos Iniciais, Eventos de


Tabelas, Eventos Não-periódicos e Eventos Periódicos. Esses eventos possuem uma
sequência lógica de envio.

Eventos Iniciais

Esses eventos contém informações sobre o empregador, como classificação fiscal e


estrutura administrativa. Os dados enviados nestes eventos são aproveitados em
eventos periódicos e não-periódicos. No momento da implantação do eSocial na
empresa, deve-se enviar eventos deste tipo para cadastramento inicial dos vínculos
dos empregados ativos.

Na versão 2.2 do eSocial, existia o evento “S-2100: Cadastramento Inicial do Vínculo”.


Com a versão 2.3 do layout, as informações contidas neste evento foram absorvidas
pelo evento “ S-2200: Admissão do Trabalhador”. Assim sendo, o S-2100 foi removido
e restou somente um Evento Inicial:

 S-1000 – Informações do Empregador/Contribuinte/Órgão Público

Eventos de Tabela

Complementando os eventos iniciais, os Eventos de Tabelas incluem informações


importantes, que se repetem em diversos eventos periódicos e não-periódicos,
aparecendo várias vezes no layout.

Devem ser transmitidos imediatamente após os Eventos Iniciais, pois as informações


aqui contidas são imprescindíveis para a composição do restante dos eventos do
eSocial.

Uma vez enviadas as informações para preenchimento destas tabelas, é necessário


mantê-la perfeitamente atualizada, enviando eventos de retificação conforme ocorram
alterações.

Os Eventos de Tabelas possuem um campo chamado “data de início de validade” e


“data de fim de validade” que estabelecem a validade das informações. Sempre que

33
necessário enviar um evento de alteração das tabelas, deve-se alterar a data de
validade.

Os Eventos de Tabelas são:

 S-1005 – Tabela de Estabelecimentos, Obras ou Unidades de Órgãos Públicos


 S-1010 – Tabela de Rubricas
 S-1020 – Tabela de Lotações Tributárias
 S-1030 – Tabela de Cargos/Empregos Públicos
 S-1035 – Tabela de Carreiras Públicas
 S-1040 – Tabela de Funções/Cargos em Comissão
 S-1050 – Tabela de Horários/Turnos de Trabalho
 S-1060 – Tabela de Ambientes de Trabalho
 S-1070 – Tabela de Processos Administrativos/Judiciais
 S-1080 – Tabela de Operadores Portuários

Eventos Não-Periódicos

Como o nome sugere, são eventos que acobertam acontecimentos que não tem uma
data pré-fixada para acontecer, relacionados à direitos e deveres trabalhistas,
previdenciários e fiscais.

Por exemplo, a admissão de um novo empregado, alteração salarial, acidente de


trabalho, demissão, entre outros eventos sem periodicidades fixas para ocorrer.

Os Eventos Não-Periódicos são:

 S-2190 – Admissão de Trabalhador – Registro Preliminar


 S-2200 – Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de
Trabalhador
 S-2205 – Alteração de Dados Cadastrais do Trabalhador
 S-2206 – Alteração de Contrato de Trabalho
 S-2210 – Comunicação de Acidente de Trabalho
 S-2220 – Monitoramento da Saúde do Trabalhador
 S-2221 – Exame Toxicológico do Motorista Profissional
 S-2230 – Afastamento Temporário

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 S-2240 – Condições Ambientais do Trabalho – Fatores de Risco
 S-2245 – Treinamentos, Capacitações, Exercícios Simulados e Outras
Anotações
 S-2250 – Aviso Prévio
 S-2260 – Convocação para Trabalho Intermitente
 S-2298 – Reintegração
 S-2299 – Desligamento
 S-2300 – Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário – Início
 S-2306 – Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário – Alteração
Contratual
 S-2399 – Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário – Término
 S-2400 – Cadastro de Benefícios Previdenciários – RPPS
 S-3000 – Exclusão de eventos
 S-5001 – Informações das contribuições sociais por trabalhador
 S-5002 – Imposto de Renda Retido na Fonte
 S-5003 – Informações do FGTS por Trabalhador
 S-5011 – Informações das contribuições sociais consolidadas por contribuinte
 S-5012 – Informações do IRRF consolidadas por contribuinte
 S-5013 – Informações do FGTS consolidadas por contribuinte

Eventos Periódicos

Eventos Periódicos são eventos relacionados à acontecimentos com datas fixas para
acontecer, como por exemplo, a folha de pagamentos.

Os Eventos Periódicos são:

S-1200 – Remuneração de trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previd. Social

S-1202 – Remuneração de servidor vinculado a Regime Próprio de Previd. Social

S-1207 – Benefícios previdenciários – RPPS

S-1210 – Pagamentos de Rendimentos do Trabalho

S-1250 – Aquisição de Produção Rural

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S-1260 – Comercialização da Produção Rural Pessoa Física

S-1270 – Contratação de Trabalhadores Avulsos Não Portuários

S-1280 – Informações Complementares aos Eventos Periódicos

S-1295 – Solicitação de Totalização para Pagamento em Contingência

S-1298 – Reabertura dos Eventos Periódicos

S-1299 – Fechamento dos Eventos Periódicos

S-1300 – Contribuição Sindical Patronal

Eventos removidos

S-1030 – Tabela de Cargos/Empregos Públicos;

S-1035 – Tabela de Carreiras Públicas;

S-1040 – Tabela de Funções/Cargos em Comissão;

S-1050 – Tabela de Horários/Turnos de Trabalho;

S-1060 – Tabela de Ambientes de Trabalho;

S-1080 – Tabela de Operadores Portuários;

S-1250 – Aquisição de Produção Rural;

S-1295 – Solicitação de Totalização para Pagamento em Contingência;

S-1300 – Contribuição Sindical Patronal;

S-2221 – Exame Toxicológico do Motorista Profissional;

S-2245 – Treinamentos, Capacitações, Exercícios Simulados e Outras Anotações;

S-2250 – Aviso Prévio;

S-2260 – Convocação para Trabalho Intermitente.

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Eventos incluídos

S-2231 – Cessão/Exercício em Outro Órgão;

S-2405 – Cadastro de Beneficiário – Entes Públicos – Alteração;

S-2410 – Cadastro de Benefício – Entes Públicos – Início;

S-2416 – Cadastro de Benefício – Entes Públicos – Alteração;

S-2418 – Reativação de Benefício – Entes Públicos;

S-2420 – Cadastro de Benefício – Entes Públicos – Término;

S-8299 – Baixa Judicial do Vínculo.

eSocial Simplificado (S-10)


O eSocial Simplificado é uma nova versão do eSocial, que visa facilitar as etapas para
o envio das informações. Foi apresentado pelo Governo Federal no final de 2020.

O novo sistema busca deixar o sistema mais intuitivo e de fácil utilização nos seus
eventos. Ele foi desenvolvido por diversos órgãos e empresas como, por exemplo, as
Confederações patronais, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a Associação
Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o
Sebrae, a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas
de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), visando que a
nova versão possibilite a integração com outros sistemas. Algumas das diretrizes
essenciais que o diferenciam do eSocial 2.5 vigente:

 Foco na desburocratização: substituição das obrigações acessórias;


 Não solicitação de dados já conhecidos;
 Eliminação de pontos de complexidade;
 Modernização e simplificação do sistema;
 Integridade e continuidade da informação;
 Respeito pelo investimento feito por empresas e profissionais.

37
SST no eSocial

SST significa Saúde e Segurança do Trabalho. As normas e procedimentos


legalmente estabelecidos para Saúde e Segurança do Trabalho (SST) devem ser
informados corretamente no eSocial, com objetivo de tornar o ambiente de trabalho
mais saudável e seguro para os trabalhadores. Entre os principais eventos de SST no
eSocial estão:

 S-2210 - Comunicação de Acidente do Trabalho- Evento utilizado para


prestação de informações a comunicação do acidente de trabalho pelo
empregador/contribuinte/órgão público, ainda que não haja afastamento do
trabalhador de suas atividades laborais.
 S-2220 - Monitoramento de Saúde do Trabalhador- Evento utilizado para
prestação de informações relativas ao monitoramento da saúde do trabalhador
(avaliações clínicas), durante todo o vínculo laboral com o
empregador/contribuinte/órgão público, por trabalhador, no curso do vínculo ou
do estágio, bem como os exames complementares aos quais foi submetido,
com respectivas datas e conclusões.
 S-2240 - Condições Ambientais do Trabalho - Agentes Nocivos- Evento
utilizado para prestação de informações relativas as condições ambientais de
trabalho, bem como da exposição aos fatores de risco aos quais o colaborador
está exposto e das condições de insalubridade ou periculosidade,
aposentadoria especial.

Agora, por meio de apenas uma declaração no eSocial, todas as entidades do governo
recebem os dados de uma só vez ao invés de inúmeras obrigações diferentes com as
mesmas informações. São eles: CEF, Receita Federal, Ministério da
Economia/Secretária Especial de Previdência e Trabalho. Aliás, cada um desses
órgãos possuem um representante que juntos, formam o Comitê Gestor do eSocial,
responsável pela implantação e transmissão do eSocial.

Para maior entendimento sobre o eSocial, veja os vídeos:

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O que é eSocial?:
https://www.youtube.com/watch?v=PAPjIDAFl6o&t=271s

ENIT Escola Nacional da Inspeção do Trabalho: (veja os vídeos eSocial ponto a


ponto)
https://www.youtube.com/channel/UCII0hpg3zsILGJSFQJTxy7A/playlists

Material complementar, disponibilizado pelo Governo Federal: (Curso -


eSocial Aprenda Ponto a Ponto)
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-
especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/escola/e-social-aprenda-ponto-a-
ponto

39
REFERÊNCIA

ABNT. NBR 14039: Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. ABNT,
Dezembro 2003. Rio de Janeiro.

ABNT. NBR 14280/01: Cadastro de Acidentes do Trabalho, Procedimento e


Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

ABNT. NBR 14787: Espaço Confinado, Prevenção de Acidentes, Procedimentos e


Medidas de Proteção. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

ABNT. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, Março
2005.

ABNT. NBR 5462: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

Apostilas / Manuais / Normas e Procedimentos cedidos pelas Empresas: AES


ELETROPAULO; AES Tietê; Bandeirante Energia; CPFL Energia; CTEEP
(Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista); ELEKTRO Eletricidade e
Serviços S.A.

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- Legislação e processo de certificação de equipamentos de proteção individual
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2000. BRASIL, L. A. D. Responsabilidade legal e social para promoção da segurança
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PINTO, Mércia V. dos Santos WINDT e Lívia CÉSPEDES. 29. ed. atual e aum. 1167p.
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Esocial: o que é, obrigações e tudo o que você precisa saber. Senior. Disponível
em: < https://www.senior.com.br/solucoes/esocial>. Acesso em 10 mar.2022

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