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Disciplina: Administração Aplicada à Enge-

nharia de Segurança do Trabalho.

Professor Autor: Luiz Carlos Paumgartten


Professor Telepresencial: Luiz Carlos Paumgartten
Coordenador de Conteúdo: Pedro Sergio Zuchi

AULA 07

Tema: Como administrar os programas prevencionistas nas empresas:


SESMT, PPRA, PCMSO, CIPA

Ementa: Administração dos Serviços Especializados de Segurança e Medici-


na do Trabalho (SESMT), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

21 NOVEMBRO 2015

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Administração Aplicada à Engenharia de Segurança

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. SESMT. Objetivo. Organização. Natureza. Dimensionamento. Integrantes.


Qualificação dos integrantes. Atribuições dos integrantes. Implantação. Registro
no Ministério do Trabalho.

2. PPRA. Objetivo. Obrigatoriedade. Interligação com outras Normas. Elabora-


ção. Etapas do desenvolvimento (Antecipação, Reconhecimento, Avaliação, Me-
didas de Controle, Monitoramento. Registro e divulgação dos dados).

3. PCMSO. Objetivo. Médico Coordenador. Responsabilidades (Empregador,


Médico Coordenador, Empregados). Exames previstos. São cinco os exames
previstos na NR-7 (exame admissional; exame periódico; exame de retorno ao
trabalho; exame de mudança de função e exame demissional). Atestado de Saú-
de Ocupacional. Relatório Anual. Emissão de CAT.

4. CIPA. Objetivo. Atribuições. Papel do Engenheiro de Segurança na CIPA.


Constituição da CIPA. Responsabilidades dos integrantes. Processo eleitoral.
Funcionamento da CIPA. Reuniões. Atas. Decisões. Treinamento para membros
CIPA. Empresas prestadoras de serviço contratadas. Mapa de Risco.

21 NOVEMBRO 2015

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Como administrar os programas prevencionistas nas empresas:

SESMT, PPRA, PCMSO, CIPA

1. AS QUATRO ABRANGÊNCIAS DO ENGENHEIRO DE SEGURANÇA

Estes quatro itens cobrem as diversas responsabilidades do Engenheiro de Segurança e


servem para que este profissional se posicione na sua profissão.

1.1 - VISÃO ADMINISTRATIVA DA SEGURANÇA OCUPACIONAL

a) Atuação prevencionista – Antes do efeito

O Engenheiro de Segurança tem nesta dimensão a sua principal função. Todo profissi-
onal é um prevencionista, já que trabalha antes de um acidente, justamente para evi-
tá-lo. Segue as normas mais avançadas que tiver no intuito sempre de proteger o tra-
balhador. Gerencia a saúde e segurança dos tabalhadores.

b) Documentação legal obrigatória

Na visão administrativa, o profissional deve cumprir todas as normas legais do cargo,


como emissão de relatórios previstos a legislação. Deve estar sempre atento aos regu-
lamentos mais atualizados.

c) Responsabilidade civil e criminal

Nesta dimensão, o profissional deve saber que, como perito legal na matéria, nunca
pode abdicar da responsabilidade civil e criminal dos seus atos como Engenheiro de
Segurança, ou por não ter realizado suas responsabilidades como deveria. Não pode
alegar desconhecimento da matéria da qual é expert legal.

Gerenciamento do SESMT – Serviço Especializado de Segurança e Medicina Trabalho

É um dos gestores do SESMT.

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1.2 - VISÃO PREVENCIONISTA

a) Treinamento de líderes, supervisores e gerentes

Tem entre suas respnsabilidades preventivas, treinar multiplicadores de consientização


dos requerimentos da prevenção. Como não se pode estar em todos os locais, deve se
preocupar em criar multiplicadores desta dimensão.

b) Elo de ligação com a alta administração

Ainda pensando sempre como prevencionista, como gerenciador desta dimensão, de-
ve manter permanete canal com a alta administração para informar e para cobrar so-
luções que dependam de investimentos, por exemplo.

c) Saber escutar – Participar

Todo profissional de segurança, e em especial o Engº de Segurança, deve saber escutar


as reclamações e observações dos trabalhadores, e depois analisar à luz de seus co-
nhecimentos científicos e porpor solução prevencionistas. Para tal deve participar das
reuniões da CIPA e SESMT. Um profissional de segurança nunca deve estar recluso,
omisso e passivo. Ao contrário, deve ser ativo, participativo e com visão holística.

1.3 - VISÃO PERICIAL TRABALHISTA

a) Justiça do trabalho
Todo Engenheiro de Segurança é um perito judicial, nos termos do Artigo 195 da CLT.

b) Insalubridade – NR 15 / Periculosidade – NR 16
Todo Engenheiro de Segurança é juntamente com Médicos do Trabalho, os únicos pro-
fissionais habilitados em lei para fazerem laudos sobre insalubridade e periculosidade.

c) Acidentes de trabalho
No caso de acidentes do Trabalho, na visão pericial, deve ser responsável pela análise
de nexo de causa e responsabilidades das partes envolvidas. A partir da lesão, deve
analisar o acidente e suas causas, fazendo um laudo conclusivo.

d) Assistência técnica das partes


O profissional Engenheiro de Segurança, pelos seus conhecimentos, tem vasta habilita-
ção para ser Assistente Técnico das partes (Autor ou Reu), em questões periciais.

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1.4 - VISÃO PERICIAL PREVIDENCIÁRIA

a) Aposentadoria Especial – laudos Decreto 3048/99

O Engº de Segurança junto com os Médicos do Trabalho são os únicos profissionais


legalmente habilitados, por força das leis previdenciárias, para elaborar o LTCAT - Lau-
do Técnico das Condições Ambientais do Trabalho, que serve de base para emitir o de-
nominado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) que é usado para fins de instru-
ção dos pedidos de aposentadoria especial.

b) Assessoria a empresas / assistência técnica.


Os Engenheiros de Segurança podem figurar como Assistentes Técnicos na defesa das
empresas em questões relacionadas aos riscos e afastamentos por acidentes de traba-
lho. Atualmente, existe uma grande massa de trabalhadores tentando afastamentos
pelo INSS, e em muitos casos sem ter este direito bem definido. Os Engºs de Segurança
podem assessorar as empresas na preparação de defesa técnica.

Existe um emaranhado de normas e leis previdenciárias que precisam ser de conheci-


mento dos Engenheiros de Segurança, entre as quais se destacam os documentos le-
gais do INSS a seguir enumerados:

NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário


FAP – Fator Acidentário Previdenciário
SAT – Seguro de Acidente do Trabalho
Instruções Normativas (IN)

2. SESMT - NR 4

O Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho, como consta na NR 4, é


o documento em que os Engenheiros de Segurança têm o respaldo legal da atividade
prevencionista.

O SESMT deve ser visto como um grupo de trabalho unindo os profissionais prevencio-
nistas de uma empresa, com foco na proteção da saúde e segurança do trabalhador.

O SESMT faz parte de um sistema que inclui os programas PPRA e o PCMSO, em que
as informações de riscos ambientais e estudos epidemiológicos de doenças ocupacio-
nais se retroalimentam com objetivo da melhoria contínua do próprio sistema preven-
cionista.

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PPRA PCMSO Operacionais

SESMT Gerenciais

O SESMT deve ser visto na empresa como um sistema gerenciador das ações de pre-
venção, em que os Engenheiros de Segurança e Médicos do Trabalho são formados
para serem esses gestores da segurança e saúde ocupacional.

Os gestores do SESMT devem ter foco também nos custos da segurança do trabalho. A
evolução dos custos determina a importância dos profissionais dentro da Organização.
Os custos da segurança envolvem desde os custos de passivos judiciais até os custo dos
afastamentos por doenças e acidentes, além de prejuízos em caso ed acidentes. Redu-
zir este custo justifica a própria existência dos sistemas de segurança e saúde do traba-
lho. Se bem administrado, o custo vira investimento.

O Art. 162 da CLT dá fundamento legal à NR 4 (SESMT) que regulamenta a obrigatorie-


dade das empresas públicas e privadas, que possuam empregados regidos pela CLT, de
organizarem e manterem o SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho.

Oportuno citar o Art. 162 CLT:

“Art. 162 CLT - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo MTE, esta-
rão obrigadas a manterem serviços especializados em segurança e em medicina do
trabalho.

Parágrafo único - As normas a que se referem este Artigo estabelecerão:

a) A classificação das empresas segundo o nº de empregados e a natureza do risco de


suas atividades;

b) O número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo


o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior.

c) Qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho;

d) As demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e


em medicina do trabalho, nas empresas.

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Os 4 itens retrocitados do Art. 162 da CLT são justamente os que estão nas tabelas da
NR-4 e que servem de parâmetros para dimensionamento dos SESMTs.

A NR-4 tem importância fundamental para determinar a composição dos SESMTs, fa-
zendo com que as empresas contratem os profissionais prevencionistas, e permitindo
que os organismos de fiscalização como o CREA e Auditores Fiscais do Trabalho do
MTE possam fiscalizar o cumprimento legal da composição destes serviços.

Legalmente, somente os profissionais listados na NR 4 podem fazer parte do SESMT.


São eles:
• Engenheiros de Segurança do Trabalho
• Médicos do Trabalho
• Técnicos de Segurança do Trabalho
• Técnicos de Enfermagem do Trabalho
• Enfermeiros do Trabalho

Sempre se pergunta se outros profissionais como tecnólogos, fisioterapeutas e outras


profissões podem fazer parte do SESMT.

A resposta é simples, não podem. Como as NRs são normas com respaldo de lei (Lei
6514/77 , só o que está na norma tem valor legal.

Também deve ser sempre reforçado que somente os Engenheiros de Segurança do


Trabalho e os Médicos do Trabalho é que podem legalmente exercer a função técnica
de peritos judiciais, em apuração de processos de Insalubridade e Periculosidade, além
de assinar laudos técnicos de instrução para aposentadoria especial.

Como exercício prático, vamos dimensionar um SESMT:

Tomemos, como exemplo, uma empresa de abate de aves com 1.500 funcionários.

Primeiro, vamos consultar o quadro I da NR 4 para saber qual o grau de risco desta
empresa. Este Quadro I é retirado de uma listagem do Ministério da Fazendo para ati-
vidades econômicas (CNAE), e é adaptado para uso na NR 4 com a iclusão de riscos da
atividade.

Temos, no código CNAE 15.12-1, o grau de risco é 3, para esta atividade do exemplo.

A seguir vamos utilizar o quadro II da NR 4 para dimensionar o SESMT.

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O quadro II da NR 4 é onde temos a relação entre quantidade de trabalhadores da em-
presa e seu grau de risco (de 1 a 4). Esta referência cumpre os requerimentos da CLT.

Cruzando a coluna Empregados com a de Risco, chegamos à composição do SESMT.

Observar que nem todas as composições levam a um SESMT. Empresas de baixo risco
e poucos funcionários não estão legalmente obrigadas a constituir SESMT.

A seguir, transcrevemos a tabela II da NR4:

Composição do SESMT do caso do exercício:

Do quadro II, para 1500 trabalhadores e grau de risco 3, temos seguinte composição
mínima do SESMT desta empresa:

• 4 Técnicos de Segurança do Trabalho – 8 horas


• 1 Engenheiro de Segurança do Trabalho – 6 horas
• 1 Técnico de Enfermagem do Trabalho – 8 horas
• 1 Médico do Trabalho – 6 horas

Esta composição mínima deve ser composta de empregados registrados em CTPS pela
empresa.

Existem estudos de terceirização de SESMTs ou para que se façam SESMTs centraliza-


dos para grupos de empresas, mas isso ainda não está normatizado na NR4. Empresas
desobrigadas de terem SESMT próprio podem utilizar serviços profissionais de tercei-
ros.

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Um caso peculiar é o Médico do Trabalho, pois todas as empresas devem possuir
PCMSO e os exames obrigatórios que veremos mais a frente.

Observar que, na NR 4, existe jornada integral de oito horas e parcial de 3 horas.

Reflexões importantes !

• O SESMT é um organismo gerenciador da Segurança e Saúde Ocupacional.


• Os Engenheiros de Segurança são parte gestora deste organismo.
• A Gestão eficiente do SESMT depende de bons gerenciadores, administrando os
programas PPRA e PCMSO como um sistema de realimentação e melhoria contí-
nua.
• Os componentes do SESMT devem estar constantemente sendo informados da
boa técnica, e do cumprimento da legislação sobre segurança e saúde do traba-
lhador. As leis sempre sofrem mudanças e estes profissionais devem estar
acompanhando esta evoução.

3. PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PPRA NR 9

O PPRA é um programa da empresa, como pessoa jurídica, destinado a mostrar seu


comprometimento com a avaliação dos riscos ambientais, estabelecendo a obrigatori-
edade de sua elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e ins-
tituições que admitam trabalhadores como empregados, como se mostra abaixo:

“Item 9.1.1. ... visa a preservação da saúde e da integridade dos traba-


lhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conse-
qüente controle dos riscos ambientais existentes ou que venham a exis-
tir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais”.

Consta na NR-9, item 9.1.3., que:

“o PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da


empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos traba-
lhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, em
especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
PCMSO previsto na NR 7.”

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O PPRA e o PCMSO se completam e se retroalimentam.

O PPRA reflete o monitoramento do meio ambiente do trabalho (riscos físicos, quími-


cos e biológicos) e os compromissos da alta administração da empresa com a melhoria
da segurança e saúde dos trabalhadores, gerando informação para o PCMSO.

O PCMSO, com base no PPRA, monitora os indivíduos e informa ao PPRA sobre ocor-
rências de doenças ocupacionais, para tomada de medidas preventivas e corretivas. É
um ciclo infinito e harmônico.

O PPRA eficiente mostra o bom ciclo de realimentação de informação e é o segredo do


sucesso contínuo do programa.

O item 9.3.1.1 da NR 9 dispõe que:

“a elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA


poderá ser feita pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas
que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto
nesta NR”

Observemos que o trecho da norma “....... por pessoa ou equipe de pessoas que, a cri-
tério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto nesta NR”, permite
que qualquer pessoa de confiança da empresa seja legalmente apto para elaborar o
PPRA que deverá ser assinado pelo preposto da empresa.

Esta abertura existe porque se trata de documento (programa) da empresa e não do


SESMT. Neste caso, sendo um compromisso da empresa, esta está livre para indicar
pessoa de sua confiança para elaborar o PPRA, o que não a exime da responsabilidade
de fazer um documento bem feito tecnicamente. Se estiver tecnicamente deficiente, o
PPRA pode ser questionado pelos sindicatos e principalmente pela fiscalização do MTE.

Como o PPRA não é um Laudo Técnico, mas um programa da empresa, deve ser assi-
nado por um responsável da empresa, ou seja, por um preposto da empresa.

Onde o Engenheiro de Segurança entra neste documento? O Engenheiro de Segurança


é responsável pela geração da informação de um Laudo de Insalubridade, com as in-
formações relacionadas a riscos físicos, químicos e biológicos, que irão alimentar o
PPRA. O Engº de Segurança não é responsável pelo PPRA ou pela sua confecção. Esta
responsabilidade é da pessoa jurídica, empresa.

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4. PCMSO

PCMSO NR7
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

O PCMSO também é um programa da empresa, mas ao contrário do PPRA, tem um


único responsável legal (pessoa física) pela sua condução, que é o Médico Coordena-
dor do PCMSO.

O Médico Coordenador do PCMSO faz parte do SESMT e deve ser parceiro do Enge-
nheiro de Segurança nas ações preventivas.

No PCMSO, está previsto que a empresa contrate Médicos Examinadores, que podem
não ser necessariamente Médicos do Trabalho, tendo como atividades a realização dos
exames previstos na NR 7 (sob responsabilidade do Médico Coordenador do PCMSO).

Os exames ocupacionais (legais) da NR 7 são :

Exame Admissional - Antes de ser admitido na empresa.

Exame Periódico - É realizado semestralmente, anualmente ou bi-anualmente


dependendo do grau de risco da empresa, idade dos funcionários, ou decisão do
Médico Coordenador.

Exame de Retorno ao Trabalho - Toda vez que existe afastamento por questões
médicas, ao retornar após alta previdenciária, o trabalhador deve ser examinado
para verificar sua aptidão para o trabalho.

Exame de Mudança de Função - Toda vez que se muda o trabalhador de função,


onde haja riscos diferentes, a aptidão do trabalhador deve ser atestada.

Exame Demissional - É o exame que declara as condições clinicas e físicas do


demitido.

Todos os exames acima previstos na NR 7 têm como objetivo considerar o trabalhador


APTO ou INAPTO para o exercício de uma definida e determinada atividade.

O Médico deverá atestar esta condição num ASO - Atestado de Saúde Ocupacional em
3 vias, com assinatura do médico e do examinado.

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No SESMT, através do PPRA, o Engenheiro de Segurança dará informação ao Médico
do Trabalho sobre as necessidades bio-funcionais de cada atividade na empresa, e os
riscos envolvidos, para que possa orientar os exames ocupacionais. Se constatar evolu-
ção epidemiológica de alguma patologia ocupacional o SESMT deve ser reunir e tomar
medidas preventivas e corretivas sobre o fato.

Importante observar que particularmente, no Exame Admissional, é imperativo uma


boa informação do Engenheiro de Segurança ao Médico do Trabalho sobre os riscos no
ambiente de trabalho do candidato ao cargo, e as necessidades funcionais individuais
deste candidato, para evitar se contratar pessoas com problemas de saúde.

5. CIPA – COMISSÃO INTERNA DE ACIDENTES

CIPA NR5

Definição de CIPA da NR-5:

“A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como obje-


tivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de
modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preser-
vação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.”

A CIPA é uma comissão paritária, com uma representação eleita pelos empregados e
uma indicada pelos empregadores.

Os representantes do empregador são indicados pela empresa. O presidente da CIPA


deverá ser um dos indicados pelo empregador.

Os representantes dos empregados são eleitos pelos empregados. O vice-presidente


da CIPA será escolhido entre um dos representantes eleitos dos empregados.

Os representantes dos empregados têm estabilidade desde a candidatura, e se eleitos,


até um ano após o término do mandato.

Lembremos que a estabilidade deixa de existir se o empregado cometer falta grave


(justa causa).

Como não se exige nenhuma formação técnica prévia dos seus componentes, antes de
iniciar a atividade na CIPA, os representantes da Cipa recebem um treinamento sobre
segurança e saúde no trabalho (mínimo 20 horas).

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Curioso observar que, no exame do texto legal (NR-5), são dadas atribuições à CIPA,
para as quais seus membros não têm conhecimento técnico para executar e que seri-
am responsabilidades do corpo técnico do SESMT. Por isso é importante o apoio do
SESMT à CIPA.

Entretanto, para nós prevencionistas, não resta dúvida que esta Comissão tem impor-
tância significativa, pois seus representantes eleitos representam diversos setores da
empresa e podem levar e trazer informação sobre como vêem situações de risco no
“chão de fábrica”.

Sendo parte da CIPA ou não, deve o Engº de Segurança:

• Participar das reuniões da CIPA.


• Saber ouvir e interpretar as informações.
• Tomar medidas de prevenção cabíveis.

Uma das ações da CIPA é elaborar o que se chama Mapa de Riscos, onde sobre um lay
out do setor, são colocados círculos coloridos definindo os riscos do setor, com fácil
visualização. Esta medida dá uma ideia visual para qualquer um que chegar aos diver-
sos locais da fábrica.

A Portaria 25/94 definiu o Mapa de Riscos na NR5, em seu Anexo IV, no qual consta
uma tabela de riscos, conforme reproduzida na folha seguinte.

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Tabela I (Anexo IV – NR-5)

Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos, de Acordo com sua Na-
tureza e a padronização das Cores Correspondentes.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5


Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
físicos químicos Biológicos ergonômicos acidentes
Arranjo físico inadequado
Máquinas e equipamentos
Poeiras Vírus sem proteção
Ruídos Esforço físico intenso.
Fumos Bactérias Ferramentas inadequadas
Vibrações Levantamento e transporte manual
Névoas Protozoários ou defeituosas
Radiações ionizantes de peso .
Neblinas Fungos Iluminação inadequada
Radiações Exigência de postura inadequada.
Gases Parasitas Eletricidade
não ionizantes Controle rígido de produtividade.
Vapores Bacilos Probabilidade de incêndio
Frio Imposição de ritmos excessivos
Substâncias, com- ou explosão
Calor Trabalho em turno e noturno.
postos ou produtos Armazenamento inadequa-
Pressões anormais Jornadas de trabalho prolongadas.
químicos do
Umidade Monotonia e repetitividade.
Animais peçonhentos
Outras situações causadoras de
Outras situações de risco
stress físico e/ou psíquico.
que poderão contribuir para
a ocorrência de acidentes

A seguir, apresenta-se um Mapa de Riscos com os círculos coloridos:

Observe que existem 3 círculos, representando riscos (maiores, médios e mínimos),


com a cor do risco identificado na tabela anterior.

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Observar que a CIPA não tem a capacidade técnica de executar projetos como está na
norma, de forma populista, mas deve e pode discutir e informar, com apoio técnico do
SESMT, sobre riscos nas dependências da empresa. Os profissionais de segurança pre-
cisam fazer uma análise crítica dessa questão.

PARA FINALIZAR

Resultados da má gestão do Sistema de Saúde e Segurança do Trabalho geram aciden-


tes, que se comprovada a culpabilidade da empresa, seja objetiva ou subjetiva, geram
“ações regressivas”, em que o INSS cobra das empresas os gastos previdenciários dis-
pendidos. A apuração das responsabilidades pode atingir também os profissionais de
segurança do trabalho, com abertura de ações cíveis e penais, além de processo no
código de ética do Conselho de Classe.

REFERÊNCIAS

 ACGIH, American Conference of Government Industrial Hygenists. Limites de


Exposição Ocupacional (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos &
Índices Biológicos de Exposição (BELs). Tradução da ABHO, Associação Brasileira de
Higienistas Ocupacionais.

 ARAÚJO, Giovanni Moraes de Araújo. Sistema de Gestão de Segurança e Saúde


Ocupacional – OHSAS 18.001 comentada. Brasil, RJ. 2006. Gerenciamento Verde
Editora e Livraria Virtual.

 BRASIL/ MINISTÉRIO DO TRABALHO. Normas Regulamentadoras da Portaria no


3214 de 1978.

 BURGES, William - Identificação de Possíveis Riscos à Saúde do Trabalhador nos


diversos processos industriais (Recognition of Health Hazards in Industry. A Review of
Materialsand Processes) Tradução. BH -MG Editora Ergo Ltda,1995 MG.

 FATURETO, Agenor Moreira; FUDOLI, Josevan Ursine e GÁRIOS, Marcelo Giordano.


Manual Técnico do PPRA. BH – MG. Edição dos autores,1996.

 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica á Saúde do Trabalhador. 5ª ed.


São Paulo: LTR, 2011.

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