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NOÇÕES LINGUÍSTICAS:

AS RELAÇÕES DE PODER
ENTRE A LÍNGUA E SEUS
FALANTES.

Aula 01 - Gramática, Interpretação e Redação


Exercício:

• Antigamente
Antigamente , as moças chamavam - se mademoiselles e eram
todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo
sendo rapagões, faziam - lhes pé - de - alferes, arrastando a asa,
mas ficavam longos meses debaixo do balaio.

• Carlos Drummond de Andrade


Desmistificando o Mito da língua
única no Brasil
■ Processo de Colonização/Miscigenação
■ As várias faces da língua brasileira:
■ Variações Linguísticas
■ Variações Históricas
■ Variações Regionais
■ Variações Sociais.
DIFERENTES
FORMAS DE
DIZER
Variação Linguística
■ É o modo pelo qual a língua se diferencia dentro do seu próprio
sistema. Esta diferença pode ser histórica, geográfica ou
sociocultural. Vemos que a língua não é única, que o sistema
linguístico abriga diversos ângulos na realização linguística.
Observamos a diferenças na fala que se relacionam à idade, à região
do país, à cultura e até mesmo ao estilo. Se prestarmos bastante
atenção, perceberemos que a variação acontece nos mais variados
segmentos da língua, como o fonético, o sintático, o léxico, o
semântico etc.  Tudo isso também configura a evolução da língua, o
seu desenvolvimento e sua adaptação através do tempo e das
mudanças sociais.
Níveis de Linguagem
■ Norma culta ou padrão – a “linguagem culta padrão, a responsável pela coesão linguística e
representante do uso ideal da comunidade. Ela não apenas é o veículo da comunicação falada,
mas também de todo um complexo cultural, científico e artístico, realizado pela forma escrita”
(PETRI, 2017,p. 17).
■ Os níveis de linguagem representam as diferentes maneiras de uma pessoa se expressar. Numa
mesma língua, aparecem usos diferentes, dependendo do meio em que vive/convive. Língua
culta padrão; Língua coloquial ou comum - usada no cotidiano, geralmente oral: popular;
familiar; Língua grupal - varia de acordo com o grupo social que a utiliza: normas regionais ou
regionalismos; gírias; línguas técnicas.
Níveis de Linguagem
■ O nível diatópico ■ O nível diafásico
■ Se relaciona com o lugar onde o ■ Relaciona-se com o contexto
falante reside, ou seja, a variação comunicativo, ou seja, a
diatópica é a variação regional. Um
ocasião é que será
exemplo desse tipo seria a palavra
mandioca. Em certas regiões do determinante para a escolha
Brasil a mandioca é chamada de do modo de falar. Vemos,
macaxeira ou aipim. Os sotaques por exemplo as diferenças
também entram nesse tópico, como entre um texto escrito e um
variação regional. Veja: bate-papo informal entre
colegas.
Níveis de Linguagem

■ O nível diastrático ■ O nível histórico ou diacrônico


■ Este acontece devido à ■ São variações ocorridas em
convivência entre os grupos períodos históricos distintos. Por
exemplo, a palavra ‘embora’
sociais. As gírias estão dizia-se ‘em boa hora’ no século
relacionadas a este tipo de XIX, no século seguinte
variação linguística. Tudo é social permanece embora e mais
e se relaciona com um atualmente podemos ver a
determinado grupo de pessoas, palavra reduzida em forma de
como por exemplo, os surfistas, ‘bora’.
funkeiros, jornalistas, etc.
As Relações entre língua
e poder
• O Exercício da Competência Linguística.
• Linguagem Formal x Linguagem Coloquial
• Língua como Elo e como Muro = como o
profissional irá se posicionar?
Todo processo comunicativo constitui-se
de dois elementos básicos: um é a
linguagem, a qual representa o sistema de
Linguagem sinais convencionais que nos permite
Sistema de realizar tal procedimento.

Signos

O outro elemento constituinte é a língua, que


representa um sistema de signos convencionais
(formado pelos conhecimentos que o usuário tem
dos fatos gramaticais) usado pelos membros de
uma determinada comunidade. Em razão disso é
que temos a língua portuguesa, francesa,
espanhola, alemã, etc. Dessa forma, esse grupo
social convenciona um conjunto organizado de
elementos representativos. E entre eles figura um
de expressiva relevância – o chamado signo
linguístico.
Relações de sentido
Significante e
Significado
É importante que, antes de começarmos o estudo da
linguagem, entender o conceito de significante e
significado. Isso é importante porque devemos levar em
conta que o signo linguístico é constituído por duas partes
distintas, embora não existam separadamente.
O signo linguístico divide-se em uma parte perceptível,
constituída de sons, que podem ser representados por
letras; e de uma parte inteligível constituída de um
conceito (PLATÃO & FIORIN, 2002, p. 112).
1.   Significante: parte física da palavra( grafia + som).
2.    Significado: conceito transmitido pelo significante. 

1. Observe que a mulher da charge não sabe o


significado de "recíproco"; assim temos
o significante RECÍPROCO , cujo significado não é
mencionado, mas sabemos que é "igualmente"
■Por meio de um exemplo simples poderemos
entender melhor o que seja um signo
linguístico.

■Significante GATO
■(combinação de sons – plano de expressão)

■SIGNO
■Significado (conceito, ideia – plano de
conteúdo)
No exemplo constatamos que significante e significado se
completam, um não existe sem o outro. Quando ouvimos ou
lemos o vocábulo GATO já vem à nossa memória uma
imagem, um conceito do que significa essa sequência de
sons.
Esse conceito que nos vem à mente resultante da relação
entre o plano de expressão e plano de conteúdo é o que
chamamos de denotação, e podemos defini-la em oposição
à conotação.
Qual o nível de
compreensão
■ Plena
■ Parcial
■ NULA
Processos de
Comunicação
■ Emissor
■ Receptor
■ Mensagem
■ Código
■ Canal
■ Referente
O ato comunicatório só será
efetivado se todos os elementos
funcionarem corretamente.
Qualquer falha no sistema PS: Qualquer falha ou obstáculo
impedirá a captação da mensagem. no circuito de comunicação
damos o nome de ruído. E pode
acontecer por falhar no Emissor,
receptor, ou no canal.
Ruído na Comunicação
■ Nos estudos da Comunicação se aprende que qualquer mensagem só é realmente
entregue se o chamado “emissor” (aquele que comunica) e o receptor (aquele que
recebe a mensagem) se entendem. Isso quer dizer que se há ruídos na
comunicação, ou seja, algum fator que atrapalhe essa compreensão, o processo
pode ser prejudicado. 
■ Ruídos físicos  : Esse tipo de ruído acontece por conta de uma interferência
externa a quem fala ou quem ouve, o que, consequentemente, causa certas
dificuldades na transmissão da mensagem de maneira física e tangível.
Exemplos: sons de telefone, outras pessoas conversando ao redor, buzina de
veículos, entre outros. 
Ruídos na Comunicação
■ Ruídos fisiológicos e comportamentais :Em ambos os casos, a dificuldade de
comunicação se dá por conta de uma condição do transmissor ou do receptor. No
caso do ruído fisiológico pode ser uma disfunção sensorial, dores físicas ou até
mesmo questões ligadas ao organismo, como fome e cansaço, por exemplo. Já
quando falamos de ruídos comportamentais são aqueles que possuem conexão
com emoções, crenças ou qualquer ação ou comportamento que cause
interferência na comunicação de alguma forma. 
■ Ruídos relacionados à linguagem : Também chamado de ruído semântico, as
barreiras de linguagem são aquelas que dificultam que o receptor receba a
mensagem da maneira correta. Nesse caso, pode ser uma gíria desconhecida,
idiomas ou palavras que possuem diferentes significados em regiões diferentes da
mesma cidade ou país. 
Como evitar os ruídos na comunicação?

■ Apesar de existirem e serem comuns, essas confusões na hora de se comunicar podem (e devem) ser
evitadas. E o primeiro passo para impedir que qualquer interferência ocorra é evitá-la.

■ 1 – Faça uma pergunta: quem vai receber a mensagem?

■ 2 – Escolhendo a maneira de se comunicar

■ Confira se a mensagem foi compreendida

■ Estude e aprimore suas habilidades de comunicação


Conflito de Gerações: Problema de
Comunicação?
Funções da linguagem
■ Partindo dos seis elementos da comunicação (emissor, receptor,
mensagem, canal, código e referente) Roman Jakobson, linguista russo,
elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito
úteis para a análise e produção de textos. As 6 funções são:
– Função Referencial ou denotativa
■ Função Expressiva ou Emotiva
■ Função Conativa ou Apelativa
■ Função Fática
■ Função Metalinguística
■ Função Poética
FUNÇÃO REFERENCIAL
OU DENOTATIVA
■ Também chamada de denotativa
ou informativa, ocorre quando a
mensagem é centrada no
referente, no assunto, sendo o
principal objetivo passar uma
informação objetiva e impessoal
no texto.
■ Mensagem sem manifestações
pessoais ou persuasivas. Como
geralmente presentes em textos
científicos ou jornalísticos, a
pessoa mais comum é a
terceira do singular.
FUNÇÃO REFERENCIAL OU
DENOTATIVA
Cálculos do economista Renato Fragelli, da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), estimam que o setor público brasileiro ficou com dois terços (66,8%)
de todo o aumento de produção de 1991 para cá e o setor privado com
apenas 33,2%.”.

Dona Yolanda vivia sozinha com seu gatinho.

O número de mortos com os ataques na Síria ultrapassa os 500 mil.


FUNÇÃO EXPRESSIVA ou
emotiva
■ Também chamada de emotiva, passa para o texto
marcas de atitudes pessoais como emoções,
opiniões, avaliações.
■ Centrada no emissor. Subjetiva (o sujeito do texto
mostra seus pensamentos)
■ Ex.: “Eu odeio beber cerveja quente!”.
■ A dor tomou conta de todos, a partir do quarto Gol
da Alemanha.
■ É quando a mensagem do texto busca seduzir, convencer, envolver o leitor
levando-o a adotar um determinado comportamento.
■ É a LInguagem das propagandas.
■ Centrada no receptor. Marcada por pronomes de tratamento ou da segunda
pessoa e pelo uso do imperativo e do vocativo.

FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA


Ex.:
■ “Carina, vamos ao Cinema!”.
■ Compre batom... Seu filho merece batom!
■ Não esquece a minha Caloi
■ “Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar que
ser consolado, compreender que ser compreendido,
amar que ser amado…”

FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA


FUNÇÃO FÁTICA
■ Centrada no suporte físico (canal) por onde a mensagem
caminha. Também designa algumas formas que se usa para
chamar atenção, interrompendo ou reafirmando a comunicação.
■ Exemplos:
■ Psiu, aonde você vai?
■ – O que… O que foi que você disse?
■ Todo mundo já chegou, né?
FUNÇÃO
METALINGUÍSTICA
■ Ocorre quando a linguagem fala de
si própria – por exemplo um filme
falando sobre os processos de
filmagem, um poema desvendando o
ato de criação poética, um romance
questionando o ato de narrar –
temos a metalinguagem.
■ Predominam em análises literárias,
interpretações e críticas diversas.
FUNÇÃO
METALINGUÍSTICA
■ Ex.: Todo objeto não passa de um
complemento verbal.
■ “Não narro mais pelo prazer de saber.
Narro pelo gosto de narrar, sopro
palavras e mais palavras, componho
frases e mais frases.” (Silviano
Santiago)
FUNÇÃO poética

■ É usada para despertar a surpresa


e prazer estético. É elaborada de
forma imprevista e inovadora.
Centrada na mensagem. Ex.:
■ “Berro pelo aterro, pelo desterro
Berro por seu berro, pelo seu erro”
(Caetano Veloso)
■ ATENÇÃO!
■ Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim. (Fernando Pessoa)
■ Além da função poética, evidencia-se também a presença da
função expressiva ou emotiva, porquanto a primeira pessoa
se faz presente, e a opinião que o poeta tem sobre si próprio.
O emissor da mensagem mostrar sua opinião: que existe
grande distância em o que se supõe ser e o que efetivamente é.

FUNÇÃO POÉTICA
Exercícios ■ Quando a intenção do emissor está voltada para a
própria mensagem, quer na seleção e combinação das
palavras, quer na estrutura da mensagem, com as
mensagens carregadas de significados, temos a função
de linguagem denominada
■ [A] fática. 
■ [B] poética. 
■ [C] emotiva. 
■ [D] referencial. 
■ [E] metalinguística.
Referências

■ DAMIÃO, R. T.; HENRIQUES, A. Curso de português jurídico. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
■ FREITAS, V. P. Os pouco conhecidos e lembrados brocardos jurídicos. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2013-mar-24/segunda-leitura-conhecidos-lembrados-
brocardosjuridicos>. Acesso em: 15 fev. 2018.
■ PETRI, M. J. C. Manual de Linguagem jurídica. São Paulo: Saraiva, 2017.
■ RODRÍGUEZ, V. G. de O. Manual de redação forense. Campinas: Jurídica Mizuno, 2000.
■ SABBAG, E. de M. Manual de português jurídico. São Paulo: Saraiva, 2018.
■ • XAVIER, Ronaldo Caldeira Xavier. Português no Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 9. 5
Ibid., p. 10.

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