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PORTUGUÊS

JURÍDICO
CPI

1º Semestre/2010
1º Semestre 2010
CP I
PORTUGUÊS JURÍDICO

01 - Tópicos de Linguagem Jurídica I - Estudos de casos em peças jurídicas;


concordância verbal (sujeito posposto ao verbo: sujeito simples, sujeito composto, verbos
HAVER e FAZER, sujeito composto com pronomes pessoais de pessoas diferentes, sujeito
composto ligado por OU ou por NEM, a expressão MAIS DE UM, voz passiva pronominal,
sujeito composto como expressão partitiva, sujeito como expressão fracionária); pontuação:
uso da vírgula; exercícios de reestruturação de frases.

02 - Tópicos de Redação Jurídica I - Estudos de casos em peças jurídicas; apresentação


dos tipos textuais: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção; estudo do
parágrafo: tópico e desenvolvimento (classificação); adequação dos tempos verbais.

03 - Interpretação e Estilística do Texto Jurídico I - Estratégias e tipos de leitura: de


reconhecimento, analítica e crítica; coerência: competências necessárias para o seu
cálculo; estilística: figuras de palavras (exercícios de reestruturação de frases: ampliação
de vocabulário); estudo de caso: sentença.

04 - Teoria da Argumentação Jurídica I - Apresentação da Teoria da Argumentação;


categorias fundamentais da nova retórica: a argumentação, o auditório,persuasão e
convencimento, a eficácia da argumentação, o acordo; técnica argumentativa: estrutura do
texto argumentativo: tese, argumentos; tipos de raciocínio: dialético, dedutivo, entimema,
indutivo.

05 - Processo decisório e aspectos psicolinguisticos I


TEMA - 01
Tópicos de Linguagem Jurídica I - Estudos de casos em peças jurídicas; concordância
verbal (sujeito posposto ao verbo: sujeito simples, sujeito composto, verbos HAVER e
FAZER, sujeito composto com pronomes pessoais de pessoas diferentes, sujeito composto
ligado por OU ou por NEM, a expressão MAIS DE UM, voz passiva pronominal, sujeito
composto como expressão partitiva, sujeito como expressão fracionária); pontuação: uso
da vírgula; exercícios de reestruturação de frases.

EMPREGO DO PORQUÊ

Há quatro formas, cada qual com um uso específico. O mais importante é não se deixar
enganar pela solução tradicional e superficial de saber "qual é o da pergunta e qual é o da
resposta".

Com as explicações abaixo, você não terá mais dúvidas. Se utilizá-las como referência de
pesquisa sempre que empregar porquês, pelo menos inicialmente, em pouco tempo você
estará sabendo exatamente a distinção entre cada forma.

1) POR QUE (= por qual motivo)

A forma POR QUE pode ser identificada ao se substituir por "por qual motivo, por qual
razão". Veja os exemplos abaixo:

Por que ainda temos tantas dúvidas?

Em breve entenderemos por que tínhamos tantas dúvidas. Eles não disseram por
que, depois de tanto tempo de estudo, ainda permaneciam as dúvidas.

Cuidado: A forma POR QUE também pode ser simplesmente a preposição POR ao lado
do pronome relativo QUE, e, nesse caso, pode ser substituída, para efeito de confirmação,
por "pelo qual" e flexões.

A transportadora por que os livros serão enviados definiu sua rota de entrega. (=
pela qual)

2) POR QUÊ (= por qual motivo)

A forma POR QUÊ também significa "por qual motivo, por qual razão". A diferença de uso
entre esta forma e POR QUE se dá pela observação da conclusão ou não da idéia contida
em POR QUE.
Repare o exemplo citado abaixo:

Em breve entenderemos por que tínhamos tantas dúvidas.

Se tirarmos da frase a "continuação" do POR QUE, ele ganhará um acento. Normalmente


se diz que o acento aparece no fim da frase. Isso faz sentido, pois, se a frase termina, é
óbvio que a idéia não continua.

Assim, diríamos:

Antes, tínhamos tantas dúvidas; em breve, entenderemos por quê.


Ele tem dúvidas. Por quê?
Embora tenhamos entendido por quê, ainda não estávamos satisfeitos.

3) PORQUE (= pois, uma vez que, já que)

A forma PORQUE pode ser substituída por algum termo que denote causa ou explicação,
como "pois, uma vez que, já que". Independe se aparecer em uma pergunta ou resposta.
Antes de empregá-lo, confira se o sentido não é o de "por qual motivo", o que indicaria que
a forma correta seria POR QUE.

Ainda temos muitas dúvidas porque faltou aprendizado em uma fase mais madura
da vida.
Porque ele não tem dúvidas todos não devem ter?
Observe as duas frases abaixo:
Sabemos porque fomos informados.
Sabemos por que fomos informados.

No primeiro caso, o sentido é: "Sabemos pois alguém nos informou."


Estamos apresentando a causa de sabermos.

No segundo caso, o sentido é: "Sabemos por qual razão nos escolheram para receber a
informação." Estamos dizendo o que sabemos, o complemento do verbo saber.

4) PORQUÊ ( = substantivo, significa o motivo, a razão)

A forma PORQUÊ é um substantivo, e a maneira de sabermos isso é sempre buscar o


determinante que o acompanha. Se não houver um determinante, não será um substantivo.
Observe:

Esse porquê satisfez a todos.


Vá pensando em um porquê para a sua falta.
Ele sempre tem muitos porquês.
Em breve entenderemos o porquê de termos tantas dúvidas.

Corrija os porquês do trecho abaixo:

Todos se perguntam porque divulgar suas idéias é perigoso. Por que sabemos algo que
aparentemente poucos sabem devemos ficar calados? Porque temos tanta insegurança é
o que queremos saber. Porquê, estando de posse de idéias criativas, tememos que no-las
roubem. E, assim, em busca do por quê, passamos a vida tendo boas idéias e não as
compartilhando, e, de uma hora para outra, secamos nossa fonte, morrendo de cabeça oca
porquê fomos cabeças-ocas, e ainda saem entender porquê.

Empregue o hífen corretamente:

auto + escola = _______________________


auto + retrato = _______________________
auto + biografia = _____________________
contra + ataque = _____________________
contra + reforma = ____________________
contra + filé = ________________________
extra + oficial = ______________________
extra + ordinário = _____________________
extra+ regulamentar = __________________
extra + classe = _______________________
infra + estrutura = ______________________
infra + hepático = ___________________
infra + vermelho = ___________________
intra + uterino = _____________________
intra + muscular = ___________________
neo + realismo = ____________________
neo + liberal = _____________________
proto + história = ___________________
pseudo + artista = __________________
pseudo + cientista = _________________
semi + selvagem = __________________
semi + interno = ____________________
semi + final = _______________________
supra + renal = ______________________
supra + citado = _____________________
ultra + som = _______________________
ultra + violeta = _____________________
ante + sala = _______________________
ante + ontem = ______________________
anti + semita = ______________________
anti + herói = _______________________
anti + inflacionário = __________________
arqui + rival = _______________________
arqui + inimigo = ______________________
arqui + duque = _____________________
sobre + saia = ______________________
sobre + humano = ____________________
sobre + taxa = _______________________
hiper + raivoso = _____________________
hiper + sensível = _____________________
inter + regional = ______________________
inter + estadual = ______________________
super + homem = _____________________
super + rápido = ____________________
super + atleta = _____________________
sub + base = ______________________
sub + ramo = ______________________
sub + secretário = ____________________
sub + oficial = ______________________
sub + humano = _____________________
sobre + humano = _____________________

CONCORDÂNCIA VERBAL
Estudo de casos em peças jurídicas
Concordância verbal (sujeito posposto ao verbo: sujeito simples, sujeito composto, verbos
HAVER e FAZER, sujeito composto com pronome pessoais de pessoas diferentes, sujeito
composto ligado por OU ou por NEM, a expressão MAIS DE UM, voz passiva pronominal,
sujeito composto com expressão partitiva, sujeito com expressão fracionária)
Pontuação: uso da vírgula
Exercícios de reestruturação de frases

I - Erros de concordância frequentes no discurso jurídico


1 - Sujeito simples posposto ao verbo
Ex.: Portanto, não resta dúvidas de que uma menina de 12 anos não pode ser considerada responsável.
Correção:

2 - Sujeito simples posposto ao verbo na voz passiva pronominal (sintética)


Ex.: Não se comentou as gafes do presidente.
Correção:
Obs.: o falante "não acha" o sujeito, por isso tende a não fazer a concordância com o sujeito posposto
ao verbo.

3 - Sujeito inexistente
Ex.: (...) a própria norma prevê que podem haver limitações se o cargo exigir.
Correção:
Obs.: 1 como não há sujeito nessas construções, os verbos impessoais ficam sempre no singular.
Exemplos: verbos haver, fazer e ter no sentido de existir;
2 a expressão "haja vista", que significa "como se pode ver pelo fato de que", é invariável
(não tem plural nem masculino/feminino).

4 - Problemas de estruturação sintática


Ex.: As alegações do Estado não são procedentes, porque embora sustente a aplicação do princípio
da impessoalidade, na realidade apresentam-se desproporcionais aos casos concretos.
Correção:

II - Regras mais importantes


1 - Sujeito partitivo
1.1 Porcentagens: concordância com a expressão partitiva
"Nas linguagens modernas em que entram expressões numéricas de porcentagem, a tendência é fazer
concordar o verbo com o termo preposicionado que especifica a referência numérica". 1
Ex.: Trinta por cento do Brasil assistiu aos jogos. / Trinta por cento dos brasileiros assistiram aos
jogos.

1.2 Cada + expressão partitiva: singular


Ex.: Cada um dos candidatos deve apresentar a documentação necessária (...).

1.3 Quais/Quantos/Alguns/Muitos/Poucos + de/dentre + pronome plural: concordância com o


pronome interrogativo ou com a expressão partitiva
Ex.: Quantos de/dentre nós sabemos (...) / Quantos de/dentre vocês sabem (...)

1.4 A maioria/A maior parte/Grande parte + das pessoas: concordância com o núcleo do sujeito
ou com a expressão partitiva
Ex.: Grande parte das pessoas com deficiência vive/vivem na pobreza.

2 - Concordância do verbo ser com o predicativo

1
(BECHARA (1999), p. 556.
Em alguns casos, o verbo ser se acomoda à flexão do predicativo.
a) Pronomes indefinidos. Nem tudo são más notícias no caso Grokster.
b) Pronomes demonstrativos. Ex.: Mas isso são apenas aparências. Uma investigação mais profunda
revela que (...)
c) Pronomes interrogativos. Ex.: Quem são os sócios?
d) Nas expressões de quantidade como é muito, é pouco, é mais de, é menos de. Ex.: Seiscentos e
sessenta milhões de reais é muito dinheiro.
Obs.: É importante observar que nesses casos não há um sujeito individualizado.

3 - Mais de um: singular


Ex.: Segundo as investigações, mais de uma pessoa teria participado do crime.

4 - Um dos que: singular ou plural


Ex.: Este município foi um dos que declararam/declarou a região costeira como zona de expansão
urbana, classificando os empreendimentos hoteleiros como 'de utilidade pública e interesse social', ao
contrário do que permite a legislação federal.
Há casos em que “o singular impõe-se imperiosamente pelo sentido do discurso”. Assim, em “Foi um
dos teus filhos que jantou comigo ontem /.../ será incorreto o emprego do número plural”.2

5 - Concordância com pronome relativo: depende do termo referido pelo pronome


Ex.: Quando ainda não se cogitava da possibilidade de inversão do ônus da prova, o problema não se
colocava, justamente porque a regra sempre esteve, de antemão, estabelecida de forma clara na
legislação processual. Assim, as partes iniciavam a fase probatória do processo sabendo os fatos que
lhes interessavam comprovar em juízo para que o resultado do processo lhes fosse favorável.

6 - Concordância na locução verbal


Com os auxiliares poder e dever seguidos de infinitivo, a “prática mais generalizada é considerar a
presença de uma locução verbal”.3
Assim: Podem-se dizer essas coisas / Devem-se fazer esses testes.
Porém: Quer-se inverter as leis.

7 - Em que pese(m) + (algo) ou Em que pese + (a alguém)


Assim: Em que pese o fato de muitos municípios interpretarem de forma contrária, a verdade é que
esse sistema não foi revogado pela Lei Complementar 116/ 2003 (...) / O conjunto probatório
produzido nos autos justifica a sanção cominada no texto celetizado, em que pesem as razões de
apelo da reclamante.
Porém: O governo não corrige a tabela do IR pela inflação plena, em que (isso) pese aos
assalariados.

8 - Sujeito com dois termos ligados por com, junto com, tanto... quanto..., não só... como, não
só/apenas... mas (também), tanto... quanto, nem... nem: verbo no singular ou no plural
Ex.: Não só ele como o compositor da trilha sonora viu/viram o original.
O número do verbo, entretanto, dependerá da ênfase que se pretenda dar ao conjunto ou ao indivíduo.

9 - Sujeito com dois termos ligados por ou: concordância dependente do sentido
9.1 Em caso de adição ou retificação do número gramatical - plural
Ex.: A ignorância ou errada compreensão da lei não eximem de pena (...) [Código Civil]
Serão admitidas as primeiras 16 propostas de comunicação de tema livre (...), desde que o autor ou
autores se inscrevam (...)

2
BECHARA (1999), p. 562.
3
BECHARA (1999), p. 564.
9.2 Em caso de exclusão - singular
Ex.: O candidato democrata ou o republicano vencerá o pleito.

TÓPICOS DE LINGUAGEM JURÍDICA 1


Exercícios
1 - Reescreva as orações a seguir de modo a corrigir problemas de concordância verbal e
melhorar a qualidade textual em conformidade com a norma culta da língua portuguesa.
a) Apesar de reduzir o problema, essa medida fará com que aumente consideravelmente os casos de
desrespeito à lei.
b) Deve-se apurar outros critérios a fim de que se escolha o melhor servidor.
c) Por sua vez, o pai do menor é de caráter sabidamente violento, havendo agredido por diversas
vezes a ex-mulher, conforme testemunhas do casal, quando conviviam sob o mesmo teto.
d) É certo que nos dois casos explicitados não existem diferença nenhuma.
e) Após o trânsito em julgado, traslade-se cópias das folhas 125/127, bem como da presente sentença,
aos autos de nº. 2002.72.00.009021-1. Dê-se baixa na Distribuição e arquivem-se ambos os autos.
Publique-se, registre-se e intime-se.
f) Todavia, em que pese ao fato de o amparo ser um recurso de rápida solução, no presente caso seu
mérito foi julgado extemporaneamente, um ano após haver sido o mesmo interposto, embora a
legislação fixe o prazo terminante de 90 dias para que se decida sobre o mérito dessa medida.
g) Importante ressaltar que a interpretação do art. 196, ao qual se refere o projeto, em relação ao termo
Estado, se faz em seu sentido mais amplo, isto é, considera-se todos os entes federativos e não tão
somente o Estado ente da federação.

2 - Diga se nos trechos a seguir há erro de concordância. Justifique sua resposta identificando
o sujeito em cada caso.
a) No exercício desta atividade, não se pode perder de vista os parâmetros estabelecidos pela
jurisprudência em casos similares, como meio de superar as dificuldades inerentes à falta de balizas
ou critérios legislativos de tradução econômica do dano.
b) No exercício desta atividade, não se perdeu de vista os parâmetros estabelecidos pela
jurisprudência em casos similares (...)
c) O número é também muito pequeno se levarmos em conta que a população total dos países que
tiveram casos da doença ultrapassa 4 bilhões de pessoas.
d) Já tiveram casos de pessoas que vieram do exterior, trabalharam pouco tempo na UNICAMP e já
estão aposentadas.

Texto para análise:

Leia também o texto a seguir para realização de uma tarefa de expressão escrita a ser
indicada pelo professor.

SENTENÇA JUDICIAL

O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia
11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já
perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em uma moita de mato, sahiu dlla de
supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a
lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando
as encomendas della de fora e ao Deus dará.
Elle não conseguiu matrimônio porque ella gritou e veio em assucare della Nocreto Correia
e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas
testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.
CONSIDERO que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar
com ella e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque
casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana; que o cabra Manoel Duda é um
suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quis
também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas; que Manoel
Duda é um sujeito perigoso e que ao tiver uma cousa que atenue a perigança dele,
amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser
CAPAFO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser
feita na cadeia desta Villa. Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.

Manoel Fernandes dos Santos Juiz de Direito


Vila de Porto da Folha (Sergipe) 15 de outubro de 1833
1) Leia o texto abaixo, um depoimento da década de 1950, para posterior atividade de
expressão escrita.

Seu doutor, o patuá é o seguinte: Depois de um gelo da coitadinha resolvi esquinar e caçar
uma outra cabrocha que preparasse a marmita e amarrotasse o meu linho no sabão.
Quando bordejava pelas vias, abasteci a caveira e troquei por centavos um embrulhador.
Quando então vi as novas do embrulhador, plantado com um poste bem na quebrada da
rua, veio uma pára-quedas se abrindo, eu dei a dica, ela bolou, eu fiz a pista, colei; solei,
ela aí bronqueou, eu chutei, bronqueou mas foi na despista, porque, muito vivaldina, tinha
se adernado e visto que o cargueiro estava lhe comboiando.

Morando na jogada, o Zezinho aqui ficou ao largo e viu quando o cargueiro jogou a
amarração dando a maior sugesta na recortada. Manobrei e procurei ingrupir o pagante,
mas, sem esperar, recebi um cataplum no pé do ouvido. Aí dei-lhe um bico com o pisante
na altura da dobradiça, uma muqueada nos mordedores e taquei-lhe os dois pés na caixa
de mudança pondo-o por terra. Ele se coçou, sacou a máquina e queimou duas espoletas.
Papai, muito esperto, virou pulga e fez a duquerque, pois o vermelho não combina com a
cor do meu linho. Durante o boogi, uns e outros me disseram que o sueco era tira e que iria
me fechar o paletó. Não tenho vocação para presunto e corri.

Peguei uma borracha grande e saltei no fim do carretel, bem no vazio da Lapa,
precisamente às 15 para a côr-da-rosa. Como desde a matina não tinha engolido a gordura,
o roque do meu pandeiro estava sugerindo sarro. Entrei no china-pau e pedi um bóia
mossoró com confeti de casamento e uma barriguda bem morta. Engoli a gororoba e como
o meu era nenhum, pedi ao caixa prá botá na pindura que depois eu iria esquentar aquela
fria.

Ia pirar quando o sueco apareceu. Dizendo que eu era produto do Mangue, foi direto ao
médico-legal para me escolachar. Eu sou preto mas não sou Gato Félix, me queimei e puxei
a solingea. Fiz uma avenida na epiderme do môço. Ele virou logo América. Aproveitei a
confusa para me pirar mas um dedo-duro me apontou aos xifópagos e por isto estou aqui.
(Fonte: Correio da Manhã. Rio de Janeiro)
Texto para análise

Leia o texto a seguir para a realização de tarefa a ser indicada pelo professor.
17/10/2006

Assassino de aluguel não mata cliente e paga indenização.


Da Redação

O editor do UOL Tablóide acha que a vida não tem preço. Mas tem gente que não pensa
da mesma maneira. Uma britânica,por exemplo, avaliou a sua vida em 30 mil euros. Ou
melhor, esse foi o valor que ela pagou a um assassino de aluguel para matá-la.

Parece conversa de doido, e é. Christine Ryder, 53 anos, conheceu Kevin Reeves, de 40,
em um hospital psiquiátrico. Ficaram amigos e Christine pediu a Kevin que a matasse em
troca do polpudo pagamento.

Kevin não cumpriu o trato. A atitude de Kevin, longe de arrancar aplausos pela preservação
da vida, arrancou, sim, uma pesada multa. Ele foi condenado por um tribunal britânico a 15
meses de prisão e a pagar 2 mil libras (cerca de 3 mil euros) por danos e prejuízos à sua
vítima voluntária, segundo o jornal The Times.

Reeves afirmou a Ryder que disparariam contra ela de um carro em um determinado dia, o
que não aconteceu. Para justificar o descumprimento, Reeves disse à mulher que ele
mesmo tinha matado o assassino contratado e que tinha utilizado o dinheiro para indenizar
à viúva. Depois de receber parte do dinheiro, Kevin inventou uma desculpa atrás da outra,
tudo para embolsar o dinheiro sem ter que matar a cliente.

Depois de muitas idas e vindas, cheques trocados, depósitos, mentiras e confusão, a


promotora chegou à conclusão de que Reeves não tinha intenção alguma de cumprir o trato
e matar Ryder nem de contratar alguém para que o fizesse.

A juíza acusou Reeves de "engano manifesto e reiterado", e o condenou a 15 meses de


prisão, além de ele ter de pagar uma indenização à vítima de sua fraude. O Editor do UOL
Tablóide acha que, a essa altura, Christine deve ter morrido. De raiva.
Fonte: EFE

A partir da relação entre responsabilidade penal e juventude, redija um pequeno artigo,


utilizando entre 50 e 60 linhas, abordando questões pertinentes e discutindo-as no âmbito
da legislação vigente e de suas possibilidades de mudança. Seu artigo deve ser
argumentativo, ou seja, apresentar a defesa de um ponto de vista. Não se esqueça de
propor um título instigante à leitura.
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Bibliografia
1. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro:
Lucerna, 1999.
2. DAMIÃO, Regina Toledo e HENRIQUES, Antônio. Curso de português jurídico. São Paulo:
Atlas, 1986.
3. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 20. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2001.
4. MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo. 3. ed. São Paulo,
1997.
RODRÍGUEZ, Victor Gabriel. Manual de redação forense: curso de linguagem e
construção de texto no Direito. 2. ed. ampl. Campinas: LZN Editora, 2002.
TEMA 02
Tópicos de Redação Jurídica I - Estudos de casos em peças jurídicas; apresentação dos
tipos textuais: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção; estudo do
parágrafo: tópico e desenvolvimento ( classificação); adequação dos tempos verbais.
- PARÁGRAFO
"Desenvolver idéia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente
relacionadas pelo sentido e decorrentes dela." (GARCIA, O. M. 1985, p.203)
É um microtexto, uma vez que se constitui de introdução, desenvolvimento e conclusão. É
uma unidade de interação sócio-comunicativa.

- TÓPICO FRASAL
Enunciado que expressa a idéia-núcleo ou idéia-tópico do parágrafo. Logo, localizando-se
os tópicos frasais identifica-se o conteúdo do parágrafo, até chegar ao tema geral do texto.
Geralmente, localiza-se logo no início do parágrafo.
O tópico frasal não pode ser obscuro, pois deve apontar, resumidamente, os argumentos a
serem desenvolvidos no parágrafo.

- TIPOS DE TÓPICO FRASAL


a.Declaração inicial - O autor afirma ou nega algo, para depois justificar ou fundamentar
sua asserção, apresentando argumentos sob a forma de exemplos, confrontos,
razões,analogias, restrições. Esse tipo de tópico é, em geral, uma generalização,
que será desenvolvida por uma especificação.

"O preenchimento dos requisitos para exclusão da figura típica, prevista no art. 125 do
Código Penal, deve ser buscado em campo extra-penal, na medicina, ou mais
especificamente na biologia, na parte em que cuida do processo de formação
da vida e das causas de sua interrupção." (FRANCO, Alberto Silva. "Aborto por
indicação Eugênica", Revista dos Tribunais, 1992, p.90).

b.Divisão - Tem por característica apresentar as idéias de forma discriminada.

"O Direito Penal brasileiro permite a realização do aborto apenas em duas oportunidades,
não obstante possa ter o feto vida que se realizará plenamente fora do útero: quando
a gravidez resulta de estupro ou quando apresenta risco de vida para mãe; em ambas
as situações, prevalecem os interesses da mulher sobre o bem vida do feto"
(BRASIL. Hábeas Corpus Nº. 51.982 - SP (2005/0215644-4). Impetrante:
Silvio Artur Dias da Silva - Procuradoria da Assistência Judiciária. Impetrado:
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Paciente: Maria Christina de
Freitas).

c.Interrogação - O parágrafo é iniciado por uma pergunta que será respondida durante o
seu desenvolvimento.

Avaliando os interesses envolvidos nessa questão, deve-se considerar a vida do feto


anencefálico ou o intenso sofrimento por que passa a mãe?
A mãe tem direito a interromper a gravidez ou deve levar a gestação até o fim?
A permissão para o aborto de portadores de anencefália não poderia, mais adiante,
justificar o aborto de neonatos com outras deficiências (denominação do aborto
eugênico, em sua conceituação mais ampla) e mesmo a eutanásia de doentes terminais ou
portadores de doenças consideradas incuráveis? (MELARÈ, Márcia Regina Machado.
Livre arbítrio: a mulher deve decidir sobre o aborto de feto sem cérebro. Revista Consultor
Jurídico. 18 jan. 2005. Disponível em: www.conju.com.br. Acesso em: 17 de jul. 2006).

d. Definição - Método freqüente na linguagem didática, que procura explicar o significado


de algo.

Abortamento ou interrupção da gravidez é a expulsão de um embrião ou de um feto antes


do final do seu desenvolvimento normal, que pode ocorrer de forma espontânea ou
provocada. O processo é também chamado aborto, embora em termos científicos esta
palavra designe o resultado da ação, isto é, o embrião ou feto expulso.
A anencefalia é uma anomalia do sistema nervoso central, que se caracteriza pela
ausência da abóbada craniana e massa encefálica reduzida a vestígios da substância
cerebral, sendo que freqüentemente a gravidez não alcança o termo, podendo tornar-
se trabalhosa a extração do feto, que não sobrevive, atingindo excepcionalmente dois
a três dias de vida.

Estrutura básica: Ponto definido + verbo definitório + classe + especificações

1. Ponto definido é o conceito ou ser em questão; aquilo sobre o que necessitamos


fornecer esclarecimentos e delimitar o sentido para que o nosso leitor acompanhe
com clareza nossa linha argumentativa;
2. Verbo definitório - O verbo ser é, por excelência, o verbo que define as coisas.
Mesmo quando não está expresso em nosso texto, podemos recuperá-lo a) em
sua significação implícita ou b) no uso de outros verbos que, no contexto, assumem
seu valor definitório.
3. A classe é a categoria em que o ponto está incluído; é a generalidade da qual, através
das especificações, destacaremos nosso conceito. Sua presença é fundamental
na condução da atenção do leitor.
4. As especificações são as noções, as características que particularizam e identificam
o ponto dentro do conjunto em que ele está incluído (classe).

e. Alusão Histórica - Consiste no uso de fatos históricos, lendas, tradições, frases


marcantes, a fim de tomar a atenção do receptor.

Segundo Rui Barbosa, "a justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e
manifesta".

Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente,


ponderar prudentemente e decidir imparcialmente. (Sócrates)

FORMAS DE DESENVOLVER O PARÁGRAFO

O desenvolvimento do parágrafo consiste na explanação da idéia principal do parágrafo,


por meio de justificativas e/ou de detalhes.

1 - Descrição de detalhes: a idéia-núcleo expressa no tópico frasal é desenvolvida ou


especificada através de pormenores e detalhes que tornam mais viva a generalização
do tópico.
O direito de opção de uma mulher portadora de um feto anencefálico é a máxima a ser
defendida e garantida. E tal garantia deve ser obtida mediante alteração da legislação penal
ou por meio de interpretação exegética do direito constitucional à vida. O direito à vida, de
acordo com preceito que o atribui à mão divina, é fundamento que merece todo respeito.
Mas, dentro dos parâmetros da democracia de respeito e solidariedade, que é preciso
sustentar nessa matéria, o que deve prevalecer é o direito à liberdade de decisão, direito
ao livre arbítrio da mulher. A preservação da autonomia da vontade, ainda que balizada por
limites de índole científica, que confirmem a inviabilidade da vida extra-uterina por falta de
solução médica, constitui o meio termo entre os justos e legítimos direitos da mulher e os
do feto.

É verdade que, pela letra da Lei, só se permite o aborto sentimental e o aborto necessário
- respectivamente quando a gravidez é oriunda de estupro ou não há outro meio para salvar
a vida da gestante (art.128 do Código Penal). O código não previu o aborto eugênico, nem
em caso de anencefalia (...), mesmo sabendo, com 100% de certeza médica, que o feto ou
morrerá durante a gestação ou, no máximo, algumas horas depois de cortado o cordão
umbilical. (...) O feto anencefálico apresenta deformações congênitas: não há abóbada
craniana e os hemisférios cerebrais ou não existem ou se apresentam como pequenas
formações aderidas à base do crânio (BASTOS, Marcelo Lessa. Aborto de feto anencefálico
- duas reflexões. Disponível em: http:www.fdc.br/artigos. Acesso em: 16 jul.2006).

2 - Causa e efeito ou razão e conseqüência:

a) as relações de causa e efeito servem a esclarecer e explicar fatos e fenômenos quer


das ciências naturais quer das sociais.

A análise da personalidade civil, e até se o nascituro é dotado de personalidade, é


importante, pois somente se tiver personalidade é que poderá ser senhor de direitos,
que tenham sido assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Cabe aqui
relembrar que, se um ser tem direitos, em via de conseqüência, deverá ter personalidade
civil, pois como poderá se fazer aplicar direitos existentes, se não tiver
personalidade civil, para se fazer cumprir o que a lei deferiu?

b) a exposição das razões e conseqüências ocorre quando se trata de justificação de


uma declaração ou opinião pessoal a respeito de atos e atitudes do homem.

O bom senso diz que defender o direito à vida nos casos de anencefalia é uma
aberração maior do que a própria monstruosidade gerada pela anomalia fetal, porque
não se leva em consideração os graves danos psicológicos que esta geração causa à
mulher: ela gera a morte dentro de si. Em conseqüência disso, em favor da letra fria
da lei, esquece- se do princípio da dignidade da pessoa humana, do sofrimento da
gestante.

3 - Confronto, analogia (ou comparação):

a) confrontar é estabelecer diferenças, as dessemelhanças entre idéias, seres, coisas,


fatos ou fenômenos.

Pode-se estabelecer uma distinção entre nascituro e feto. Enquanto o primeiro é aquele
que há de nascer com vida, o ser humano já concebido, cujo nascimento se espera
como fato futuro certo, mas não iniciou sua vida como pessoa, na terminologia jurídica,
o segundo é compreendido como o produto da concepção, depois que adquire forma
humana. O feto, pois, é o nascituro com forma humana. E daí ter significação não
somente daquele que já está concebido no ventre materno ou simplesmente formado,
mas que já apresenta a forma de um ente humano (DE PLÁCITO E SILVA, 1999).

b) estabelecer a analogia é buscar semelhanças, por meio de expressões lingüísticas


como: parecer, lembrar, dar uma idéia, como, tal qual, tanto... quanto,
semelhante a, parecido com etc.

A motivação para o legislador conceber a hipótese de excludente de ilicitude o aborto


de feto fruto de violência sexual serve de base para a descaracterização de crime o
aborto de feto anencefálico. Tanto em um caso quanto em outro, o que prevalece é o
princípio da dignidade humana, o sofrimento intenso por que passa a mulher e os graves
danos psicológicos à gestante.

4 - Exemplificação: tipo de desenvolvimento usado para tornar mais clara e concreta a idéia
que se quer expressar. Há certos exemplos que de tão pertinentes valem uma
explicação que, por isso, se torna desnecessária.

Não se pode embasar a defesa da vida do feto anencefálico, alegando ser um fato
natural e, por isso, aceitável, desígnio de Deus. Nem tudo o que é natural é lógico ou
conveniente. Assim, por exemplo, na natureza, há animais que nascem escravos, como
as formigas e as abelhas. No entanto, não é culturalmente aceita a idéia de homens
vivendo em condições análogas a escravo, não se ousa repetir Aristóteles que afirmava
haver homens nascidos para escravo. A sociedade e o Direito lutam contra o que é
natural pela existência, corrigindo aquilo que é irregular.

5 - Divisão de idéias "em cadeia": consiste em dividir a idéia-núcleo do tópico frasal em


duas ou mais partes, explanando sobre elas por meio dos processos de
descrição de detalhes, exemplos ou definição.

O sofrimento da mãe deve ser sempre o princípio a ser considerado, quando se trata de
aborto. O legislador aplicou-o aos casos de estupro, podendo fazer o mesmo nas
ocorrências de doença que impossibilita a sobrevida do feto. Naquele, pressupôs-se
inconcebível a gestante conviver com o fruto de uma violência tão grave; pensou-se no
dano psicológico que a gestação causaria. Neste, o sofrimento se fará pela certeza de
que o filho não resistirá mais do que 48 horas.

SOBRE O USO DA VÍRGULA

- A pontuação tem por objetivo principal manter a clareza do texto.

- Prefira a ordem direta da frase. Esta não se separa por meio de vírgula.

- A ordem inversa tem por finalidade destacar para a posição de tópico a informação que
se julga mais relevante.

1. Sistematização do uso de vírgula

SVC
O Código Penal não descaracteriza como crime o aborto de feto anencefálico.
C,V S
O aborto de feto anencefálico, o Código Penal não descaracteriza como crime.
S, XX, V C OU S V, XX, C (ATENÇÃO COM AS ADJETIVAS)

O aborto, que é a interrupção da vida intra-uterina, pode não ser ato ilícito, de acordo com
o CP.
A sobrevivência do feto anencefálico é, segundo os registros médicos, impossível.

MAS, CUIDADO!!! ADJETIVAS RESTRITIVAS E EXPLICATIVAS


** O aborto, que tem por objetivo salvar a vida da gestante, é entendido como excludente
de ilicitude, segundo o CP.

S V C, S V C
É impossível a sobrevivência do feto anencefálico, porque há um tipo de defeito do tubo
neural, apresentando um ou dois casos a cada mil nascimentos com vida.

Todos os casos previstos nas gramáticas tradicionais estão cobertos por esse
esquema:
a) separar elementos de mesma função sintática;
b) separar aposto ou elemento de valor explicativo;
c) separar vocativo;
d) separar elementos repetidos;
e) separar adjunto adverbial antecipado;
f) separar nome de lugar da data;
g) separar orações coordenadas;
h) separar orações subordinadas adjetivas explicativas e adverbiais (antepostas ou não;
reduzidas ou não)
i) separar orações intercaladas;
j) *separar orações coordenadas introduzidas por e, quando sujeitos diferentes;
l) **indicar supressão do verbo
OBS.: distinção QUE pronome relativo e QUE conjunção integrante.

2. Na contestação: a narrativa é absolutamente tendenciosa, pois consiste em resposta do


réu aos fatos e às alegações expostas na petição inicial.
3. No parecer: os fatos narrados devem estar a serviço dos fundamentos e baseia-se na
petição inicial e na contestação. Requer-se a isenção do parecerista (inclusive na
fundamentação), no entanto, a escolha, seleção dos fatos já implica parcialidade.
4. Na sentença: deve-se pinçar a história relevante das partes menção dos nomes das
partes, do resumo do pedido e da resposta do réu, expondo a marcha sucinta do
processo até a data da sentença. Deve apresentar redação concisa, com pouca ou
nenhuma adjetivação, não podendo usar palavras que antecipem a decisão, sob pena
de nulidade da sentença. A neutralidade é essencial ao relatório;
5. No acórdão: retoma fatos da inicial, do juiz de primeira instância, para só então relatar.

FUNÇÃO ARGUMENTATIVA DA NARRAÇÃO E DA DESCRIÇÃO

A narração tende sempre a adotar um ponto de vista inicial, de maneira a convencer a


respeito de sua interpretação pessoal dos fatos narrados. Assim, é impossível uma
narração isenta, imparcial, e isso acontece com maior relevo no trabalho do advogado, em
que a parcialidade é garantia do próprio contraditório e da dialética processual. No entanto,
esse ponto de vista é implícito, sendo que a seleção dos fatos da narrativa, principalmente
aqueles que dizem respeito ao reforço ou as circunstâncias dos juridicamente relevantes,
deve ser feita de acordo com as intenções da argumentação daquele que a redige. A
seleção vocabular, a apresentação das circunstâncias, o detalhamento de fatos que não
são juridicamente importantes contribuem para uma narração com características
persuasivas.

Quanto à descrição, não há como negar que a caracterização do espaço físico onde ocorreu
uma situação de conflito, do tipo físico do agressor, da cena do crime ou do modus operandi
são extremamente úteis à estratégia de convencimento.

Tanto a narração quanto a descrição são elementos que comporão a fundamentação, pois
a alegação tem de estar baseada nos fatos.

NARRATIVA LINEAR E NÃO-LINEAR

A narrativa dos fatos é demarcada por uma seqüência de ações que transformam o status
quo inicial, dando origem a um conflito que se desenvolve. Se a narração progride por meio
de ações em seqüência, o que as rege é o transcurso do tempo, ou seja, entre uma ação
e outra, entre um fato e outro há um lapso temporal.
Pode-se optar por apresentar os fatos em uma ordem cronológica ou em uma ordem
lógica. Ordem cronológica é aquela que segue o transcurso do tempo padrão tal qual no
relógio ou no calendário - narrativa linear. A ordem lógica - não-linear - é aquela que
subverte a cronológica, narrando inicialmente a situação de conflito, em seguida
apresentando a causa do fato, o modo e as conseqüências. Trata-se de uma ordenação
objetiva.

Pode-se, ainda, narrar os fatos em ordem alterada em que se subverte a ordem cronológica,
expondo os fatos em retrospectiva (flash back). É tipicamente encontrada na literatura e,
para o texto jurídico, pode confundir o leitor.

HABEAS CORPUS Nº. 51.982 - SP (2005/0215644-4)


IMPETRANTE: SILVIO ARTUR DIAS DA SILVA - PROCURADORIA DA ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA
IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE: MICHELLY CHRISTINA DE FREITAS
[RELATÓRIO]
Grávida de vinte e seis semanas, Michelly Christina de Freitas requereu ao Juiz de Direito
da Comarca de Campinas/SP autorização para interrupção de sua gravidez, após descobrir
que seu feto sofre de patologia letal denominada hidrananencefalia.

Julgado improcedente o pedido, impetrou, a Procuradoria da Assistência Judiciária do


Estado de São Paulo, Hábeas Corpus no Tribunal de Justiça Estadual, o qual, em 16/12/05,
negou o pedido liminar ante seu caráter satisfativo - fl.56.

Vem, então, a Procuradoria a esta Corte com igual pedido, apresentando laudos médicos
e psicológico que atestam a deformidade do feto e a condição de saúde da gestante.

Pondera que "o direito penal brasileiro permite a realização do aborto apenas em duas
oportunidades, não obstante possa ter o feto vida que se realizará plenamente fora do útero:
quando a gravidez resulta de estupro ou quando apresenta risco de vida para mãe; em
ambas as situações, prevalecem os interesses da mulher sobre o bem vida do feto" - fl.08.

Por isso requer, liminarmente, a concessão da ordem, a fim de que Michelly Christina de
Freitas tenha o direito de interromper sua gravidez.
Decido.

[FUNDAMENTAÇÃO]
Tem este Superior Tribunal de Justiça entendimento reiterado de que não se defere liminar
contra o indeferimento de medida idêntica pela Corte local, consoante verbete sumulado
nº. 691 do Supremo Tribunal Federal, o qual afirma não competir àquela Corte "conhecer
de hábeas corpus impetrado contra decisão de relator que, em hábeas corpus requerido a
tribunal superior, indefere liminar".

Ressalva-se a possibilidade de impetração de hábeas corpus em casos tais somente na


hipótese de flagrante ilegalidade ou de decisão teratológica. A propósito:

"PROCESSO CIVIL - HABEAS CORPUS - LIMINAR -


ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - BUSCA E APREENSÃO DE
AUTOMÓVEL - CONVERSÃO EM DEPÓSITO - PRISÃO CIVIL
- WRIT CONTRA ATO DE DESEMBARGADOR - CABIMENTO -
CONCESSÃO DA ORDEM.

Quando manifesta a ilegalidade da decisão, tem-se admitido o processamento do writ


contra decisão liminar de relator em hábeas corpus anterior, evitando, destarte, a ocorrência
ou manutenção da coação ilegal (v.g. HC 35.221/GO, Rel. Ministro CESAR ASFOR
ROCHA, DJ 25.10.2004; HC 13.878/DF, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES
DIREITO, DJ 11.12.2000; HC 15.782/MA, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, DJU de
23.04.2001).
(...)" (HC 38125, Rel Min. Jorge Scartezzini, Dj de 25.05.05).

Recentemente, inclusive, esclareceu a Eg. Corte, sob a relatoria do Ministro Carlos Veloso,
no HC 86.864-9/SP, que "o enunciado 691 não impede o conhecimento do hábeas corpus,
se evidenciado flagrante constrangimento ilegal".

Não há, prima facie, a menos dúvida de que estamos aqui diante de um manifesto
constrangimento ilegal. Portanto, cabível a análise do presente pedido. Passo ao mérito.
Tem-se aqui situação difícil e singular na qual uma gestante pleiteia o direito de interromper
sua gravidez, salvaguardando seu direito lato sensu à liberdade, à intimidade e a sua
própria integridade física.

Vale ressaltar que se trata de gravidez comprovadamente infrutífera, segundo o laudo da


Coordenadoria de Medicina Fetal da Unicamp, acostado à fl. 11, que peremptoriamente
atesta que "essa situação, considerada letal para o feto, (...) pode cursar com óbito intra-
uterino ou atingir idade gestacional de termo. A gravidez quando complicada por aumento
do volume do líquido amniótico está sujeita ao desenvolvimento de hipertensão arterial
materna e alterações da mecânica do trabalho de parto. Não há na literatura médica relato
de sobrevida neonatal (pós-parto) destes produtos gestacionais, exceto por horas ou
excepcionalmente dias, pela ausência de integridade dos tecidos cerebrais" - fl.11. (grifo
nosso)

E mais, consoante o mesmo laudo, existe um tópico preponderante que associado à


própria deformidade do feto torna a causa sustentável do ponto de vista normativo e
constitucional, qual seja, a possibilidade de dano para gestante.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal enfrentou questão similar (HC 84025), no caso
de anencefalia fetal, hipótese em que sequer havia dano físico para a gestante, senão
apenas a própria inviabilidade do feto.

Situação aqui diversa e mais grave, pois além da impossibilidade da vida extra-uterina do
feto, conforme atestado pelo referido aludo, verifica-se a possibilidade de dano gestacional,
fato esse sequer cogitado na decisão impugnada, decorrendo daí sua manifesta ilegalidade.

Isso porque é a própria Constituição Federal que assegura a todas as pessoas a


incolumidade de seu estado físico, através das salvaguardas inerentes ao direito de saúde,
assim entendida segundo a necessária interpretação sistêmica. Veja-se:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a


moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.

Nesse contexto, certo é que a gestação infrutífera ora impugnada trará riscos à própria
saúde da gestante, que poderá sofrer por toda sua vida dos danos, senão os físicos, dos
prejuízos psicológicos advindos do fato de carregar nove meses criança em seu ventre
fadada ao fracasso.

Por saúde, a própria Organização Mundial de Saúde pontifica que há de se entender o bem
estar completo da pessoa humana, não só físico, mas também psicológico. E aqui o
gravame é duplo.
E nem se diga que está se olvidando do direito à vida, garantia constitucional de todas as
pessoas, assim entendidas todas aquelas já concebidas, na forma de reserva civil de seus
direitos. É que, no caso dos autos, essa dita vida não se realiza, ainda que tomados todos
os cuidados para preservação da mesma, eis que o laudo é categórico ao atestar a
ausência de "sobrevida neonatal (pós-parto) destes produtos gestacionais, exceto por
horas ou excepcionalmente dias, pela ausência de integridade dos tecidos cerebrais".

Não autorizar a conduta médica seria negar a própria aplicação da lei penal, eis que do
ponto de vista criminal a realização do tipo previsto no art. 125 do Código Repressor requer
dolo específico para interrupção da vida injustificada ou não-naturais, como bem acentua
Alberto Silva Franco, em sua obra "Aborto por indicação Eugênica", Revista dos Tribunais,
1992, p. 90: "(...) o preenchimento da área de significado desse dado compositivo da figura
típica, deve ser buscado em campo extra-penal, na medicina, ou mais especificamente na
biologia, na parte em que cuida do processo de formação da vida e das causas de sua
interrupção."

Portanto, plenamente justificada a interrupção da gestação, uma vez que coerente com os
preceitos de proteção à vida e à saúde, garantida pela própria Carta Maior.

Assim, defiro o pedido para que se proceda a interrupção da gravidez ora questionada de
MICHELLY CHRISTINA DE FREITAS.

Comunique-se.
Publique-se.

Intime-se.

Brasília (DF), 22 de dezembro de 2005.


MINISTRO EDSON VIDIGAL
Presidente

(Disponível em: www.conjur.com.br. Revista Consultor Jurídico, 23 de dezembro de


2005).

Com base no caso concreto abaixo, elabore uma sentença. Construa os seguintes
elementos para a sua constituição:

a) relatório;
b) fundamentação (com três argumentos), e
c) conclusão.

Caso concreto:

A gestante Luciana Patrícia Figueiredo Vasconcelos, de Pernambuco, descobriu que seu


feto não terá chance de sobrevida, após o parto: o laudo emitido por médico do Instituto
Materno Infantil de Pernambuco - IMIP registra a ausência de calota craniana do feto.

Muito traumatizada e sofrendo imensamente com o fato de seu primeiro filho não nascer
com vida, descobriu posteriormente que a continuação da gravidez provocará grave risco
à sua saúde física, pois o feto tem grandes chances de óbito ainda dentro do útero, além
de já estar lhe causando graves patologias maternas como hipertensão e polidrâmnio
(excesso de líquido amniótico).
O laudo médico mencionou que "em virtude da malformação apresentada pelo feto ser
incompatível com a vida extra-uterina, a paciente nos solicitou interrupção da gestação. Por
acharmos procedente a solicitação da mesma, pois com o evoluir da gestação a paciente
será submetida a riscos inerentes à própria gestação e à patologia referida, que tem uma
maior associação com polidrâmio, gestação prolongada e pré-eclâmpsia/eclampsia, além
de implicações psicológicas negativas."

Em face do exposto, pleiteia a autorização para o aborto.

Para a sua fundamentação, utilize os seguintes elementos:

1. no art. 128 do Código Penal, as indicações autorizadoras do aborto que se resumem no


aborto necessário, quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, e no aborto, no
caso de gravidez resultante de estupro.

2. inciso III, do art. 1º, da Constituição Federal de 1988: A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
(...)

III - a dignidade da pessoa humana.


3. Jurisprudência: "Afigura-se admissível a postulação em juízo de pedido pretendendo a
interrupção de gravidez, no caso de se constatar a má-formação do feto, diagnosticada a
ausência de calota craniana ou acrania fetal, com previsão de óbito intra-uterino ou no
período neonatal. Apesar de não se achar prevista dentre as causas autorizadoras do
aborto dispostas no art. 128 do CP, a má-formação congênita exige a situação anômala
específica à adequação da lei ao avanço tecnológico da medicina que antecipa a situação
do feto" (TAMG - AC, rel. Des. Duarte de Paula - RT 762/147).
TEMA 03

Interpretação e Estilística do Texto Jurídico I - Estratégias e tipos de leitura: de


reconhecimento, analítica e crítica; coerência: competências necessárias para o seu
cálculo; estilística: figuras de palavras (exercícios de reestruturação de frases: ampliação
de vocabulário); estudo de caso: sentença.
UM POUCO DE PRAGMÁTICA
O bom funcionamento da comunicação exige que seja respeitado o que foi denominado por
Paulo Grice de Máximas Conversacionais. A essas máximas, estão ligados fatores de
contextualização, importantes para a coerência comunicativa. São eles: informatividade,
focalização, intencionalidade, intertextualidade, consistência e relevância.

1. Informatividade: diz respeito ao grau de previsibilidade da informação contida no texto.


Por esse parâmetro, um texto será menos informativo quanto mais previsível ou esperada
for a informação ali contida. Por exemplo, na frase: "O mundo é redondo", a informação
contida é óbvia. De outro lado, o excesso de informatividade pode dificultar a interpretação
do texto, uma vez que o receptor terá de utilizar/acessar uma série de procedimentos
cognitivos.

2. Focalização: relaciona-se à concentração do produtor e receptor em parte do que


sabem, do que enfatizam. Tem a ver com o conhecimento de mundo e conhecimento
partilhado pelas partes. Se ambos não partilham dos mesmos conhecimentos, haverá
problemas para o estabelecimento da compreensão e da coerência textual.

3.Intencionalidade: relaciona-se a como os emissores usam o texto para perseguir e


realizar suas intenções. Para isso, constroem textos adequados à obtenção dos efeitos
desejados, ligando-se à argumentatividade que se manifesta nos textos por meio de uma
série de pistas lingüísticas (conectores interfrásticos, modalizadores, locuções prepositivas,
advérbios - só, apenas, talvez etc.), com o intuito de levar o receptor a determinadas
conclusões.

4. Aceitabilidade: relaciona-se ao Princípio Cooperativo de Grice, segundo o qual


emissor e receptor se esforçam para se compreenderem e para calcular o sentido de um
texto. Esse princípio se apóia em quatro máximas:
a. quantidade: relacionada com a quantidade de informação a ser fornecida. Faça
com que sua contribuição seja tão informativa quanto requerido para o propósito
corrente da conversação e não faça sua contribuição mais informativa do que é
requerido;
b. qualidade: trate de fazer uma contribuição que seja verdadeira. Não diga o que
você acredita ser falso e não diga senão aquilo para que você possa fornecer
evidência adequada;
c. relação: seja relevante, seja apropriado;
d. modo: seja claro. Evite obscuridade de expressão, evite ambigüidades, seja breve
(evite prolixidade desnecessária) e seja ordenado.

5. Consistência: a condição é a de que cada enunciado deve relacionar-se aos anteriores,


para que sejam verdadeiros e coerentes. Relacionado a isso, tem-se a relevância que
exige que o conjunto de enunciados seja relativos a um mesmo tema. Desse modo, o texto
deve tratar de uma só matéria, de um mesmo tópico discursivo para ser coerente:
a) dar atenção ao que é essencial, enunciando claramente a idéia-núcleo em tópico
frasal;
b) não se afastar, por descuido, da idéia predominante Express no tópico frasal;
c) evitar digressões irrelevantes ou impertinentes, i.e., que não sirvam à
fundamentação das idéias desenvolvidas (....);
d) evitar a acumulação de fatos ou pormenores que "abafem" a idéia-núcleo;
e) inter-relacionar as frases ou estágios por meio de conectivos de transição e
palavras de referência adequados à coerência, da qual depende também (....) a
unidade" (GARCIA, 1995, p. 262).

TIPOS DE IMPLÍCITO
a. implícito baseado na enunciação (na intenção) - não está posto no texto, mas o contexto
torna possível a interpretação. Tem-se o subentendido:
Está calor aqui dentro!
Para a empregada: _ O cinzeiro está cheio!

b. implícito baseado no enunciado (na estrutura da frase) - parte-se do que está posto e
estabelece-se uma inferência:
João ligou para mim, logo deve estar precisando de ajuda.
Choveu, porque o chão está molhado (explicativa).
O chão está molhado, porque choveu (causal).

c. implícito do enunciado - algo intermediário entre o dizer e o não dizer, que constitui uma
forma de significação contida de modo implícito no enunciado (pressuposto), em oposição
àquilo que é posto.
Os crimes que foram cometidos há mais de um mês não foram resolvidos.
Os crimes, que foram cometidos há mais de um mês, não foram resolvidos.
Tício parou de bater na esposa.
Toda e qualquer palavra é polissêmica e, além de seu sentido denotativo, pode apresentar-
se com um de seus conotativos, constituindo uma figura de linguagem. 1

Figuras de palavras

Tradicionalmente são identificadas como presentes em situações lingüísticas nas quais o


sentido de um termo diverge daquele tido como literal. 2 As mais relevantes estratégias de
utilização da linguagem em seu sentido não-literal dão origem ás figuras conhecidas como
metáfora e metonímia, que denominam dois processos de substituição do sentido literal
pelo não-literal: por analogia e por contigüidade (ou vínculo lógico), respectivamente.

Em síntese - didática -, pode-se definir a metáfora como a figura de significação (tropo) que
consiste em dizer que uma coisa (A) é outra (B), em virtude de qualquer semelhança
percebida pelo espírito entre um traço característico de A e o atributo predominante, atributo
por excelência, de B, feita a exclusão de outros, secundários por não convenientes à
caracterização do termo próprio A.3.

A metonímia /.../ consiste na ampliação do âmbito de significação de uma expressão, numa


relação entre a significação denotativa e a figurada. /.../. As relações objetivas no emprego
da metonímia podem ser de muitos outros tipos: entre a parte e o todo (também
denominada "sinédoque"); entre o produto e a matéria; entre o agente e o resultado; entre
o autor e a obra; entre o conteúdo e o continente; entre o abstrato e o concreto; etc. A
metonímia, apesar de ter uma função importante como recurso estilístico, "é
intrinsecamente menos interessante que a metáfora, uma vez que não descobre relações
novas e surge apenas entre palavras já relacionadas entre si" (Ullmann, 1964, 453).4

Figuras e argumentação
Desde a Antigüidade, provavelmente desde que o homem meditou sobre a linguagem,
reconheceu-se a existência de certos modos de expressão que não se enquadram no
comum, cujo estudo foi em geral incluído nos tratados de retórica; daí seu nome de figuras
de retórica. Em conseqüência da tendência da retórica a limitar-se aos problemas de estilo
e de expressão, as figuras foram cada vez mais consideradas simples ornamentos que
contribuem para deixar o estilo artificial e floreado. /.../

Se os autores que trataram as figuras tenderam a não lhes perceber senão o lado estilístico,
isso se deve, portanto, pensamos nós, ao fato de que, a partir do momento em que uma
figura é alijada do contexto, posta num herbário, ela é quase necessariamente percebida
sob seu aspecto menos argumentativo; para apreender-lhe o aspecto argumentativo,
cumpre conceber a passagem do habitual ao não-habitual e a volta a um habitual de outra
ordem, o produzido pelo argumento no mesmo momento em que termina. Ademais, e este
talvez seja o ponto mais importante, cumpre dar-se conta de que a expressão normal é
relativa não só a um meio, a um auditório, mas a um determinado momento do discurso.

Uma concepção mais flexível, que considera o normal em toda a sua mobilidade, é a única
que pode devolver inteiramente às figuras argumentativas o lugar que elas ocupam
realmente no fenômeno de persuasão.5

Exemplo para análise: o uso da linguagem figurada no texto argumentativo


O medo e os muros

Por: Rosiska Darcy de Oliveira em 18/7/2006, O Globo

O medo é o sentimento mais bem distribuído no mundo, mesmo se a cada um cabe um


muro diferente.

Há os que, como os cariocas, temem a violência da cidade. Esses experimentam na pele


uma inversão histórica: as cidades que originalmente se construíram para dar segurança,
no interior de seus muros, aos que ali viviam, deixando do lado de fora os inimigos, hoje se
transformaram em campos de batalha entre seus habitantes. Aqui o asfalto teme a favela,
que teme a polícia, que teme o bandido, que teme a polícia, que teme a favela, que teme o
asfalto. Os muros crescem em torno das casas, dos prédios e condomínios. Mas não só
aqui. Nos Estados Unidos, oito milhões de pessoas vivem em condomínios com segurança
privada e câmeras.

Arquitetos e urbanistas aderem à estética do medo, suas paredes são muros com pequenas
escotilhas. Brian Murphy, um arquiteto americano, construiu uma casa de luxo entre as
paredes de um edifício em ruínas e cobriu-a de grafites para melhor a disfarçar, integrada
na decadência da rua. Se a arquitetura oferece um completo painel da barbárie à
civilização, o contrário também é verdadeiro.
Crescem os muros dos presídios de segurança máxima na mesma velocidade em que se
cavam túneis.

Crescem muros nas fronteiras de povos inimigos, como na Palestina, mas também lá se
cavam túneis para ir buscar do outro lado reféns e vítimas.

Muros separam países amigos como o México e os Estados Unidos, tão amigos que os
mexicanos querem ir morar lá e morrem no deserto às portas da terra prometida.
Um muro separa a Espanha daquele ponto em que seu litoral quase toca a África, o
continente dos imigrantes náufragos que se esgueiram onde encontram uma praia para
atracar seus barcos e sonhos.

Uma injustiça inerente ao mundo globalizado permite que o capital viaje sem passaporte e
sem alfândegas, escolha onde se instalar, aufira lucros e vá embora, enquanto quem
trabalha fica confinado às suas fronteiras, forçado a aceitar as condições adversas que a
mobilidade do capital impõe. É pegar ou largar. No fim das contas, ser largado. Mais um
náufrago em terra firma.

A desigualdade que se aprofunda entre países ricos e pobres, entre ricos e pobres dentro
de um mesmo país, explica as migrações e as favelas, o que já foi dito e redito. Todos
sabemos que a desigualdade é a argamassa dos muros.

Onde crescerão os próximos muros? Eles são a metáfora do medo onipresente.


Paradoxalmente, enquanto o mundo virtual aproxima os distantes, a vida real constrói o
muro que separa os mais próximos.

Imperceptíveis, crescem dentro de nós muros de indiferença, que nos separam uns dos
outros. Rompidos os laços de pertencimento, estamos condenados à dança das cadeiras
da competição.

Desunidos, o sentimento de ameaça pousa no corpo. Nem na nossa própria pele estamos
seguros. O medo da doença se faz, então, obsessão preventiva. Tudo é perigoso, o peso,
a pressão, o colesterol, o sexo, a comida envenenada, as artérias esclerosadas pelo
sedentarismo. A prevenção não diminui a angústia. Aumenta o consumo de drogas e de
antidepressivos. O corpo é a última fronteira contra a ameaça de morte que representa o
fato de estar vivo.

De onde provém toda essa ansiedade que constrói muros internos e externos? Que mundo
demente está gerando tanto medo, um tal produto de infelicidade bruta?

Do que sofremos, afinal? De depressão ou de legítima tristeza?

Chamar a depressão de tristeza já é recuperar a lucidez. A tristeza tem causa e pede


reação. Não é a neblina da depressão, quando aceitamos como fatal e inevitável o que
estamos vivendo dentro de nós mesmos, em nosso país e no planeta. Se antes
anunciávamos com a força da fé que a História estava do nosso lado e que o os amanhãs
cantariam, deprimidos, com a mesma força dogmática, afirmamos que ela está contra nós.
Daí a paralisia. O contrário simétrico do sentido da História é a História sem sentido. "Cheia
de som e de fúria", um baile funk.

Ora, a História não fala antes da hora, não promete qualquer paraíso. Resta viver sem
bússola nessa bola girando, sem que saibamos por quê, no universo indevassável. É nesse
mar de incertezas que construiremos alguma alegria.

E se o mundo regido pelo lucro estiver redundando em imenso prejuízo? E se fosse melhor
para todos diminuir desigualdades criando um mundo não de iguais - que felizmente não
somos - mas de semelhantes? E se puséssemos nisso toda a energia e inteligência
coletivas, inventando soluções nunca exploradas? Se começássemos, modestamente, pela
nossa cidade?
Edgar Morin, no seu "Evangelho da Perdição", enfrenta o "silêncio desses espaços infinitos"
que amedrontava Pascal. Sua pregação é simples. Sejamos solidários, não como acreditam
os religiosos, para nos salvarmos, mas porque estamos perdidos. E só temos uns aos
outros, partilhando o que sobrou - água, terra, energia - de um planeta finito e solitário.

Impraticável? Esperemos que não. Porque, caso contrário, o resto será o silêncio nas ruínas
dos muros.

Exercícios

1) Considerando que o parágrafo a seguir faz parte do relatório de uma sentença, no qual
o magistrado copia as alegações da defesa da parte ré numa ação de responsabilidade civil
por danos morais face ao jornal "A gazeta", reescreva seu conteúdo de forma sucinta, em
até 10 linhas. Você deve reelaborar o parágrafo de forma a torná-lo adequado
lingüisticamente, em termos de gramaticais e estilísticos, ao relatório sentencial. Considere
especialmente o uso da linguagem figurada, pois ela não deve prejudicar a qualidade do
texto.6

/.../ Regularmente citada, a requerida apresentou defesa, suscitando as seguintes


preliminares: Incompetência absoluta deste juízo para o processamento e julgamento da
causa cujo valor se apresenta inferior ao teto estabelecido para os Juizados Especiais
Cíveis; Inépcia da Inicial - ausência de pedido e, no mérito alegou, em síntese, que "A
presente demanda deve ser estudada em particular, posto que, às avessas das demais
acima ventiladas, dirige o autor sua lança contra 'moinhos de vento", confundindo inocente
fábula publicada na seção de economia do jornal "A GAZETA", com a quimera perseguida
nos embates utópicos do cotidiano; Talvez pela pujante preocupação vislumbrada no texto
exordial com a justificativa e o dimensionamento das indenizações fixadas por outros
Tribunais nacionais, o fato é que sequer bastou-se a inicial para justificar a quixotesca
aventura perpetrada quando da protocolização da exordial que inaugurou a presente
demanda. Afora os trechos jurisprudenciais transcritos e a justificativa plasmada à guisa
de explicação dos motivos que levaram o autor ao deferimento da tutela "initio litis" em
demanda estranha a presente nada, absolutamente nada há que sustente as conclusões
aduzidas para fins de estabelecer o pretendido elo de ligação entre a já destacada fábula
jornalística e a pessoa do autor. Ao contrário do que se vê com massa plástica na mão de
criança, a narrativa jurídica não se revela tão amoldável a ponto de permitir, do nada, o
enfeixamento de razões tão discrepantes entre si; Não basta que se atire ao caldeirão da
Justiça devaneios e divagações diversas, que se apimente o caldo com o tempero do
cotidiano e que se aqueça a poção na fogueira das vaidades para que o resultado de tudo,
em respeito e atenção à fome do comensal, se revele palpável; A verdade é que, do nada,
subsumiu-se o autor no papel destinado a uma das personagens fictícias da fábula em
questão, passando a garimpar, no texto cotejado, supostas analogias entre o enredo da
trama e os 52 anos de vida pública revelados na inicial; urgindo-se o cordeiro de uma
sórdida campanha (sic) de desestabilização do Poder Judiciário que, como revela, já não é
segredo para ninguém (sic), tergiversa por interpretações particulares e definições
desconexas para, em "gran finale", dar-se por oblação ao sacrifício, chamado para si todo
o vilipendio que julga dirigido ao Poder do qual faz parte; enredo indiscutivelmente
apaixonante para um folhetim de grande repercussão, não se presta, todavia, para justificar,
eventual pretensão indenizatória amoral, carente de fatos, fundamentos e razão, inflada
somente em razão da destacada posição social envergada pelo autor e pela já crônica
busca de razões para sustentar suas investidas contra a livre manifestação da opinião
pública e da crítica, ainda que, em relação à publicação verberada, não tenha sido estas
sequer dirigidas ao autor ou, até mesmo, ao cargo que ocupa; Com efeito, tal como se
roupa feita sob medida para um único modelo, reveste-se o autor da qualidade de eventual
decano do TJES para novamente trazer para si a fictícia menção feita a um dos
personagens da fábula, encimando nesta a pseudo-identidade havida entre a sua pessoa
e aquela referida na crônica econômica verberada; Não existe - somente e sustentando o
delírio imaginativo do autor - qualquer relação entre os personagens da fábula em questão
e outros afeitos ao autor; Não havendo, como de fato não há - identidade entre a
personagem da fábula econômica verberada e a pessoa do autor, refoge ao mesmo
qualquer direito à eventual reparação por danos morais supostamente causados; Ainda que
não exista qualquer pedido neste sentido - o que fulmina de pronto a peça inaugural -
também furta-se a presente demanda qualquer identificação da suposta culpa do agente
noticioso e, por conseguinte, da empresa responsável por sua publicação; Finaliza
ressaltando que ainda que por absurda fosse vislumbrado na fábula em questão qualquer
traço, por mais tênue que fosse, de dolo no agir daquele que assinou o escrito, tal não se
transmitiria à empresa ré, porquanto personalíssimo, impedindo que qualquer indenização
supostamente arbitrada - eis que sequer restou pedida, resumindo-se o autor a relegar tal
tarefa ao julgador - fugisse aos limites impostos pelo art. 52 da Lei da Imprensa o que, a
rigor, se faria estabelecido na forma do art. 51, III, a, do citado diploma legal. Pediu a
improcedência do pedido. A defesa veio instruída com os documentos de fls. 42/51.

2) Explique como funciona a linguagem figurada nas passagens a seguir, indicando seu
papel para a persuasão discursiva.
a) "Para o promotor, Daniel e Suzane tinham o mesmo interesse, mas a garota entrou no
plano como mentora, enquanto ele foi o executor".
__Suzane é igual a um ônibus, passa de ponto em ponto contando a mesma história. Já
Daniel é essa pessoa que vocês estão vendo, emocional, descontrolado. Foi o casamento
do cérebro com a coragem.7.
b) "A filha de Jabur, a também advogada Gislaine Jabur, assumiu seu papel em favor de
Cristian". De frente para os jurados, Gislaine disse que os irmãos Cravinhos deveriam ser
punidos, mas que cada um só poderia pagar pelo que fez. Segundo ela, eles não podem
ser acusados de duplo assassinato, já que Daniel matou Manfred, enquanto Cristian atacou
Marísia.
__ Quando Cristian chegou na história, tudo já estava planejado. Se tivéssemos tirado
Cristian, Manfred teria morrido da mesma forma. O remédio tem que ser dado na dose certa
- disse Gislaine.
Textos para análise

PROTAGONISTA DA HISTÓRIA

TJ paulista reconhece ação ajuizada em nome de feto por Gláucia Milicio

Feto pode solicitar judicialmente seus direitos mesmo sem ter personalidade jurídica. Com
esse entendimento, o desembargador José Mário Antônio Cardinale, do Tribunal de Justiça
de São Paulo, reconheceu a ação ajuizada pela Defensoria Pública em nome de um bebê
que ainda estava para nascer.

Para o desembargador, o feto pode defender o direito à vida por ser parte ativa. A ação foi
ajuizada pelo defensor público, Marcelo Carneiro Novaes. Em vez de propor ação em nome
de uma presidiária, o defensor colocou o feto de apenas 15 semanas como autor do
processo.

Segundo ele, a presidiária não estava recebendo o atendimento de pré-natal adequado.


Assim, o pedido foi feito em nome do bebê porque o acompanhamento é destinado para
garantir-lhe a vida e a saúde assim como de sua mãe.

A Defensoria solicitou também a adoção de medidas urgentes para preservar, de modo


efetivo, o direito do autor ao nascimento com vida e em condições saudáveis, colocando-o
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

Na primeira instância, o juiz da Vara da Infância e Juventude de São Bernardo (SP) não
aceitou que a ação fosse proposta em nome do feto. Para os juízes, o pedido deveria ser
feito em nome da mãe. A Defensoria recorreu e obteve êxito na segunda instância paulista.

Revista Consultor Jurídico, 8 de janeiro de 2007

Violência doméstica e as uniões homoafetivas

Agora é lei.

Está afirmado em lei federal que as uniões homoafetivas constituem entidade familiar.

A Lei 11.340/96, a chamada Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a
violência doméstica contra a mulher, modo expresso, enlaça as relações homossexuais.
Isto está dito no seu artigo 2°: "Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia,
orientação sexual [...] goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana". O
parágrafo único do artigo 5° afirma que independem de orientação sexual todas as
situações que configuram violência doméstica e familiar.

No momento em que é afirmado que está sob o abrigo da lei a mulher, sem se distinguir
sua orientação sexual, alcançam-se tanto lésbicas como travestis, transexuais e
transgêneros que mantêm relação íntima de afeto em ambiente familiar ou de convívio. Em
todos esses relacionamentos, as situações de violência contra o gênero feminino justificam
especial proteção.

No entanto, a lei não se limita a coibir e a prevenir a violência doméstica contra a mulher
independentemente de sua identidade sexual. Seu alcance tem extensão muito maior.
Como a proteção é assegurada a fatos que ocorrem no ambiente doméstico, isso quer dizer
que as uniões de pessoas do mesmo sexo são entidade familiar. Violência doméstica, como
diz o próprio nome, é violência que acontece no seio de uma família.

Diante da expressão legal, é imperioso reconhecer que as uniões homoafetivas constituem


uma unidade doméstica, não importando o sexo dos parceiros. Quer as uniões formadas
por um homem e uma mulher, quer as formadas por duas mulheres, quer as formadas por
um homem e uma pessoa com distinta identidade de gênero, todas configuram entidade
familiar. Ainda que a lei tenha por finalidade proteger a mulher, fato é que ampliou o
conceito de família, independentemente do sexo dos parceiros. Se também família é a
união entre duas mulheres, igualmente é família a união entre dois homens. Basta invocar
o princípio da igualdade.

A partir da nova definição de entidade familiar, não mais cabe questionar a natureza dos
vínculos formados por pessoas do mesmo sexo. Ninguém pode continuar sustentando que,
em face da omissão legislativa, não é possível emprestar-lhes efeitos jurídicos.

O avanço é muito significativo, pondo um ponto final à discussão que entretém a doutrina
e divide os tribunais. Sequer de sociedade de fato cabe continuar falando, subterfúgio que
tem conotação nitidamente preconceituosa, pois nega o componente de natureza sexual e
afetiva dos vínculos homossexuais. Com isso, tais uniões eram relegadas ao âmbito do
Direito das Obrigações, sendo vistas como um negócio com fins lucrativos. No final da
sociedade, procedia-se à divisão de lucros mediante a prova da participação de cada
parceiro na formação do patrimônio amealhado durante o período de convívio. Como sócios
não constituem uma família, as uniões homoafetivas acabavam excluídas do âmbito do
Direito de Família e do Direito das Sucessões. Esta era a tendência majoritária da
jurisprudência, pois acanhado é o número de decisões que reconheciam tais uniões como
estáveis.

A eficácia da nova lei é imediata, passando as uniões homossexuais a merecer a especial


proteção do Estado (CF, art. 226). Em face da normatização levada a efeito, restam
completamente sem razão de ser todos os projetos de lei que estão em tramitação e que
visam a regulamentar a união civil, a parceria civil registrada, entre outros. Esses projetos
perderam o objeto uma vez que já há lei conceituando como entidade familiar ditas
relações, não importando a orientação sexual de seus partícipes.

No momento em que as uniões de pessoas do mesmo sexo estão sob a tutela da lei que
visa a combater a violência doméstica, isso significa, inquestionavelmente, que são
reconhecidas como uma família, estando sob a égide do Direito de Família. Não mais
podem ser reconhecidas como sociedades de fato, sob pena de se estar negando vigência
à lei federal. Conseqüentemente, as demandas não devem continuar tramitando nas varas
cíveis, impondo-se sua distribuição às varas de família.

Diante da definição de entidade familiar, não mais se justifica que o amor entre iguais seja
banido da proteção jurídica, visto que suas desavenças são reconhecidas como violência
doméstica.

Maria Berenice Dias

(DIAS, Maria Berenice. Violência doméstica e as uniões homoafetivas. Disponível na


Internet: http://www.mundojuridico.adv.br. Acesso em 24 de janeiro de 2007)
Artigo publicado no Mundo Jurídico (www.mundojuridico
Notas Blibliográficas
1BOTELHO, José Mário, A relação conotação-detonação: uma questão de plurissignificação
imanente. Em http://www.filologia.org.br/soletras/5e6/01.htm (acesso em 24/07/06).
2Costumam ser também classificadas como figuras de palavras e comparação, a catacrese
e a sinestesia. A sinédoque é considerada ás vezes um tipo de metonímia (a que apresenta
a parte em lugar do todo). A esse respeito, ver GARCIA (1986), capítulo I. Rocha Lima
define persofinicação (animismo), hipérbole, símboo e sinestesia como modalidade de
metáfora.
3Garcia (1998), p.85.
4BOTELHO, op. cit.

5PERELMAN E TYTECA (1996), p. 189-194.


6Parágrafo de sentença retirado da internet, texto completo em
http://www.direitoemdebate.net/sent-danoimprensa.html
7“Promotor acusa Suzane de crime macabro”. O Globo, 22 de julho de 2006, p. 16.
CONSTRUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ESCRITO
TEMA 4
Teoria da Argumentação Jurídica I - Apresentação da Teoria da Argumentação;
categorias fundamentais da nova retórica: a argumentação, o auditório,persuasão e
convencimento, a eficácia da argumentação, o acordo; técnica argumentativa: estrutura do
texto argumentativo: tese, argumentos; tipos de raciocínio: dialético, dedutivo, entimema,
indutivo.
A retórica clássica e a nova retórica de Chaïm Perelman

O objeto da retórica antiga era, acima de tudo, a arte de falar em público de modo
persuasivo; referia-se, pois, ao uso da linguagem falada, do discurso, perante uma multidão
reunida na praça pública, com o intuito de obter a adesão desta a uma tese que se lhe
apresentava. Vê-se, assim, que a meta da arte oratória - a adesão dos espíritos - é igual à
de qualquer argumentação. Mas não temos razões para limitar nosso estudo à
apresentação de uma apresentação oral e para limitar a uma multidão reunida numa praça
o gênero de auditório ao qual nos dirigimos.1

Categorias fundamentais da nova retórica: o auditório, a persuasão e o


convencimento, a eficácia da argumentação, o acordo.

Como toda argumentação é relativa ao auditório que ela se propõe influenciar, ela
pressupõe, tanto na mente do orador quanto na do auditório - e isto vale para quem
apresenta seus argumentos por escrito assim como para aqueles aos quais [ele] se dirige
- o desejo de realizar e de manter um contato entre os espíritos, de querer persuadir, por
parte do orador, e o desejo de escutar, por parte do auditório.2

/.../ As premissas da argumentação não são evidentes mas resultam de um acordo entre
quem argumenta e seu auditório: são as opiniões de que falava Aristóteles. O saber
fundado em tais premissas pode ser verossímil, ou não, mas nunca será verdadeiro ou
falso. Em outros termos, não se ocupa o conhecimento jurídico de qual seria a decisão
judicial ou administrativa verdadeiramente derivada de uma norma geral, com exclusão de
todas as outras, as falsamente derivadas; ocupa-se, isto sim, dos meios de sustentar
determinada decisão como sendo a mais justa, eqüitativa, razoável, oportuna ou conforme
o direito do que outras tantas decisões igualmente cabíveis.3

As premissas da argumentação: fatos, verdades, presunções e valores.

A adaptação ao auditório não se refere somente a questões de linguagem, pois não basta
que o auditório compreenda o orador para que dê sua adesão às teses que este apresenta
a seu assentimento. Para persuadir o auditório, é necessário primeiro conhecê-lo, ou seja,
conhecer as teses as teses que ele admite de antemão e que poderão servir de gancho à
argumentação. É importante não só conhecer quais são as teses admitidas pelos ouvintes
que fornecerão à argumentação seu ponto de partida, mas também a intensidade da
adesão do auditório. De fato, o mais das vezes, em uma controvérsia, as teses se opõem
umas às outras, e prevalecerá aquela à qual se confere maior peso, à qual se adere com
maior intensidade. 4

Argumentação x Demonstração

. O auditório universal e o particular


Encontramos três espécies de auditórios /.../. O primeiro, constituído pela humanidade
inteira, ou pelo menos por todos os homens adultos e normais, que chamaremos de
auditório universal; o segundo formado, no diálogo, unicamente pelo interlocutor a quem [o
locutor] se dirige; o terceiro, enfim, constituído pelo próprio sujeito, quando ele delibera ou
figura as razões de seus atos. /.../

Uma argumentação dirigida a um auditório universal deve convencer o leitor do caráter


coercitivo das razões fornecidas, de sua evidência, d sua validade intemporal e absoluta,
independente[mente] das contingências locais ou históricas.5

. O processo argumentativo x a prova demonstrativa


A chamada prova demonstrativa normalmente é imutável, desde que mantidas as mesmas
condições ambientais adotados os procedimentos previamente estabelecidos. Em função
disso, essa prova independe de qualquer tipo de adesão perante os quais ela se realiza,
senda válida por si só. Em um processo de demonstração, basta indicar os pressupostos
metodológicos que levaram a uma determinada conclusão, sem uma preocupação maior
com os conteúdos axiológicos e de experiência que possam porventura tê-la influenciado.

Esse é um princípio perfeitamente aplicável às ciências naturais e exatas, pois tanto a


demonstração de uma fórmula matemática, quanto a realização de uma reação química
independem dos conteúdos valorativos ou padrões valorativos daqueles que as observam.
O sistema resultante de tais processos apresenta uma absoluta coerência entre suas
premissas e conclusões, sendo, portanto, concebido como um sistema formal.

Todavia, quando se trata das chamadas ciências humanas e sociais, os resultados obtidos
são profundamente influenciados pelo meio em que a pesquisa é realizada. Justamente
neste ponto, se observa a grande limitação do uso da demonstração, como método de
abordagem das ciências sociais.6

. Indução e dedução: a lógica da argumentação jurídica


/.../ a única lógica segura, devido a sua certeza, é a dedutiva, na qual está presente toda
informação necessária, sendo assim útil apenas para os casos simples (mera subsunção),
mas inoperante para os casos complexos.

Crítica à dedução no âmbito da argumentação jurídica:

/.../ Günther7, através de seu conceito de coerência, comenta que pode ocorrer uma
situação em que 'há várias normas aplicáveis em princípio, mas só uma norma adequada.8

A estrutura do texto argumentativo: tese e argumentos

Segundo Perelman, um argumento não é aceito por ser verdadeiro e sim porque é
socialmente útil, justo ou razoável. /.../ Na esfera da argumentação, não existem teses
falsas ou verdadeiras, uma vez que não se trata de um "jogo de soma-zero", em que há
proposições absolutamente coerentes e proposições totalmente falsas. Em verdade, teses
opostas podem estar interligadas em alguns aspectos ou até mesmo apresenta uma esfera
de complementação, em relação àqueles pontos em que não se contradizem.9

Texto para análise de tese e argumentos na sentença


O BEIJO PROIBIDO DE ESPUMOSO

Foi verdade... No ano de 1984, um juiz gaúcho chamado Ilton Carlos Dellandréa, então
titular da Comarca de Espumoso, interior do Rio Grande do Sul, proferiu esta sentença em
uma ação criminal:

Autos: PROCESSO CRIME nº 1.981/90 Autora: JUSTIÇA PÚBLICA. Réu: P. J. S. P. Juiz


Prolator: ILTON CARLOS DELLANDRÉA Vistos, etc...
01. P. J. S. P. foi denunciado por infração ao artigo 214, combinado com o artigo 226, inciso
III, do Código Penal, porque no dia 08 de agosto de 1.981, por volta das 17,30
horas, na Av. Ângelo Macalós, nesta cidade, próximo ao depósito da Brahma,
agarrou a vítima C.O.S. e passou a beijá-la.
02. O réu, interrogado (fls. 28), nega a imputação, afirmando que apenas fizera uma
brincadeira com a vítima, colocando a mão sobre o ombro dela e falando de
namoro. Em Alegações Preliminares, se diz inocente.
03. Foram ouvidas a vítima e três testemunhas de Defesa. O processo trilhou caminhos
demorados e meandrosos à procura de uma testemunha, J. A. P. O., de cujo
depoimento desistiu o Ministério Público, por não ter sido encontrada.
04. Nada se requereu na fase do artigo 499 do Código de Processo Penal. Em Alegações
Finais, o Ministério Público opina pela absolvição, por insuficiência de provas, no
que é secundado pela Defesa.
05. Certidão de Antecedentes a fls. 19, noticiando que o réu já foi processado
anteriormente. Certidão de Nascimento da vítima fls. 15. Certidão de Casamento
do réu a fl. 24.
06. É O RELATÓRIO. D E C I D O:
07. A juventude não quer aprender mais nada, a ciência está em decadência, o mundo
inteiro caminha de cabeça para baixo, cegos conduzem outros cegos e os
fazem ‘ precipitar-se nos abismos, os pássaros se lançam antes de
alçar vôo, o asno toca lira, os bois dançam" (UMBERTO ECO, "O Nome da
Rosa", página 25).
08. No Espumoso, P. é processado porque beijou C. que não gritou por socorro porque o
beijo selou sua boca. Que todas as maldições recaiam sobre a Sociedade que
condenar
um homem por beijar uma mulher que não reage porque o próprio beijo não o permite.
09. Pois como pode o beijo não consentido calar uma boca, por mais abrangente que seja?
Pois como pode alguém ser reduzido à passividade por um beijo não consentido?
Não me é dado entender dos mistérios dos beijos furtivos, queridos-e-não-
queridos, mais queridos-do-que-não, roubados-ofertados nos ermos do
Espumoso tal assim como em todas as esquinas do mundo.
10. Expressão lídima do amor, dele também se valeu Judas para trair o Nazareno. Mas
não é nenhum destes casos dos autos. O beijo aqui foi mais impulso, mais rápido,
menos cultivado e menos preparado. Foi rasteiro como um pé-de-vento que
ergue os vestidos das mulheres distraídas.
11. Aliás, sua própria existência é lamentavelmente discutível. Nega-o P., que dele deveria
se vangloriar; confirma-o C. que, pudoradamente, deveria negá-lo. Não o ditam
assim as convenções sociais?
12. A testemunha-intruso J. A. P. O. não foi encontrada, pelo que a prova restou
irremediavelmente comprometida. Ainda bem! Qual a glória de um juiz em condenar
um homem por ter beijado uma mulher, nos termos deste processo? Por este pecado
certamente não serei julgado pelo Supremo Sentenciador.
13. Julgo, pois, improcedente a denúncia de fls. 2/3, para absolver P. J. S. P. da imputação
que lhe é feita, com base no artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal.
14. Publique-se, registre-se e intime-se.

Espumoso, 04 de outubro de 1984.


ILTON CARLOS DELLANDRÉA

http://www.neofito.com.br/adrisum/causo9.htm

Responda às questões que se seguem com base no caso concreto apresentado a seguir.

Em uma cidade do interior do Paraná, três meninos ficaram órfãos e, como toda a família
dos pais era muito pobre, nenhum parente quis assumir a guarda deles.

Os menores têm nove, onze e doze anos, são negros - somente o mais velho freqüentou a
escola até a 3ª série do ensino fundamental - e estão, provisoriamente, numa instituição
religiosa da cidade.

Há dois anos, o Juizado da Infância e Juventude procura em todo o Brasil uma família que
os adote.

Um casal homoafetivo, José e João, interessou-se pelos meninos. Após uma seqüência de
visitas, José ingressou com um pedido de adoção dos três meninos e a guarda provisória,
que foi, desde logo, concedida.

O casal tem excelente condição econômica, formação universitária, e sua opção é aceita
pelas famílias de ambos e pela comunidade local em que vivem. Os laudos apresentados
pelos assistentes sociais indicaram que José tinha condições de adoção e que a opção
sexual de José poderia representar dificuldades para os irmãos, mas que durante o período
de convivência, os três meninos demonstravam gostar da companhia de José e seu
companheiro.

O juiz, em sua sentença, negou o pedido de adoção, tendo em vista o art. 226 da CRFB,
com base no entendimento de que a entidade familiar é constituída pela união de homem
e mulher, e que o bem-estar das crianças não poderia ser garantido. Acrescentou que o
referido artigo se sobrepõe ao ECA, que não estabelece restrição para o solteiro adotar
uma criança.

1) Entendendo, conforme Perelman, que o processo argumentativo parte de premissas,


liste a) fatos/verdades, b) presunções e c) valores que o argumentador deve considerar em
relação ao seu possível auditório, para melhor convencê-lo, ao defender uma tese sobre
esse caso.

2) Explique por quê, de acordo com a teoria da argumentação perelmaniana, o raciocínio


lógico-silogístico (dedutivo) não seria o mais propício à defesa de uma tese sobre a situação
de conflito jurídico apresentada nesse caso concreto.

3) Considerando que a fundamentação sentencial deve ser persuasiva o suficiente para


induzir o auditório a compartilhar o ponto de vista do magistrado, redija um texto que
apresente seu entendimento, contendo sua tese e argumentos que a sustentem, sobre o
caso apresentado.

Conheça um pouco do autor do texto que será objeto de interpretação.


Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886, filho de
Manuel Carneiro de Souza Bandeira, engenheiro, e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Era neto
paterno de Antônio Herculano de Sousa Bandeira, advogado, professor da Faculdade de Direito do
Recife. Estudou no Colégio Pedro II. Em 1902 terminou o curso de Humanidades e foi para São
Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo, que interrompeu por
causa da tuberculose.

Ele foi um dos poetas nacionais mais admirados, inspirando, até hoje, desde novos escritores a
compositores. Aliás, o "ritmo bandeiriano" merece estudos aprofundados de ensaístas. Por vezes,
inspira escritores não só em razão de sua temática, mas também devido ao estilo sóbrio de escrever.

Manuel Bandeira faleceu de hemorragia gástrica aos 82 anos de idade, no Rio de Janeiro, e foi
sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, no Rio de
Janeiro.

Tragédia brasileira
Manuel Bandeira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.


Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança
empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista,
manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não
queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos,
Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no
Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim, na Rua da Constituição, Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a com seis
tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

O texto revela um fato jurídico: homicídio. Observe a forma como o narrador apresenta
os fatos, especialmente, como ele deixa transparecer a sua valoração sobre eles. Associe
essa forma de valorar à época em que viveu o autor. Agora, interprete os trechos em
negrito, no texto, e expresse a possível intenção do narrador ao registrá-los.
Justifique a sua interpretação.

Pedestre atropelada é condenada por imprudência


ao atravessar a rua e causar o acidente
O Juizado Especial Cível (JEC) da Comarca de Guaíba condenou pedestre por avaliar que ela
atravessou via pública local de forma imprudente e fora da faixa de segurança, sendo atropelada
por uma moto. Por entender configurada a sua culpa no acidente, deverá indenizar o motoqueiro e
oirmão dele por danos Materiais no valor de R$ 1.839,71, corrigido pelo IGP-M e com juros legais.
Eles
são os autores da ação de indenização por danos materiais julgada no dia 10/3.
O Juiz Gilberto Schäfer, presidente do JEC, acolheu a proposta de sentença apresentada pela Juíza
Leiga Luciana Albuquerque. A decisão considera a responsabilização do pedestre, conforme o art.
69 do Código de Trânsito Brasileiro. Segundo o diploma legal, para cruzar a pista de rolamento, o
transeunte deve tomar as necessárias precauções de segurança.
De acordo com a decisão as testemunhas apresentadas pelo condutor do veículo comprovam a
versão de que a culpa do evento danoso foi da pedestre. Elas afirmaram que a mesma agiu de forma
imprudente no momento de atravessar a rua, não tomando todos os cuidados necessários.
Declararam que houve, no mínimo, desatenção da mesma. Já as testemunhas da pedestre não
conseguiram provar a culpa do motoqueiro. O acidente ocorreu em 30/11/04.
Na avaliação do magistrado, os motoristas têm o dever de ter cuidado para com os pedestres, mas
não podem ser penalizados quando comprovada a falta de cuidado daqueles que se aventuram na
travessia de vias destinadas ao trânsito de veículo. “Embora haja a presunção de culpa dos
motoristas nas vias urbanas, esse fato não descarta a possibilidade de provar que o evento ocorreu
por imprudência ou negligência do pedestre. Não é raro demonstrar que a culpa foi do pedestre,
mas o que é incomum é o motorista acionar o pedestre para lhe cobrar os danos".
Da indenização arbitrada em R$ 1.839, a quantia de R$ 1.699,81 será corrigida pelo IGP-M desde
a data do orçamento das avarias na moto realizado em 13/12/04. Também será aplicado o mesmo
índice de correção sobre R$ 139,90, a contar do acidente. Sobre o montante incidirá juros legais de
1% ao mês, desde a data da citação.
Da referida sentença caberá recurso a Turma Recursal do Juizado Especial Cível, quando poderá
ser reexaminada por três Juízes, que avaliarão a prova apresentada.
Proc. 30400041652 (Lizete Flores)
Assessora-Coordenadora de Imprensa: Tania Bampi
Publicação em 27/03/2006 16:20

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Informática(Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
http://www.tj.rs.gov.br/versao_impressao/impressao.html.03.09.2006 22:58)

Desenvolva um parágrafo a partir do texto em questão; articulando, sob uma perspectiva de


isenção, argumentos pró e contra tese.
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http://www.filosofiayderecho.com/rtfd/numero7/4-7.pdf (acesso em 18/07/06).

(Fonte: http://noticia.uol.com.br/tabloideanas/2006/01/17ult1594u752.jhtm - acesso


em 30/01/2006

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