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COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO DE ENFERMAGEM – trabalhando

com pessoas1
Greco, Rosangela Maria
Profa. Associado III do Depto. EBA

Objetivo: Compreender a importância da comunicação nas relações humanas no trabalho de


Enfermagem e a importância do trabalho individual e em equipe para a administração em Enfermagem
“Nenhum de nós é tão bom, e inteligente quanto todos nós” (Marilyn Ferguson).
“O nós é feito de D’eus” (Geraldo Eustáquio)

Para começo de conversa


Estamos em Minas, e é do senso comum que todo bom mineiro gosta de um dedinho de
prosa.
Vivemos em uma sociedade onde a ação de se comunicar cada vez mais ganha importância e
espaço, a todo o momento e em qualquer lugar somos bombardeados por imagens, sons,
informações que nos são passadas direta ou indiretamente, com os objetivos mais diversos
(informar, vender, etc...)
Na área da saúde também a boa comunicação pode ser considerada como um instrumento
fundamental para o desenvolvimento do trabalho de modo a que se caminhe na direção da
melhoria
das condições de trabalho e de assistência.
Ao compreendermos a Enfermagem como uma prática de relações que, portanto utiliza um
saber tecnológico, que constrói intervenções distintas em cada momento histórico, e desenvolve
um
trabalho com e através das pessoas, a dimensão comunicativa toma corpo e ganha espaço.
Desde muito cedo nós seres humanos vivemos em grupos, nós nascemos pertencendo a uma
família que nada mais é do que uma forma de grupo, no trabalho também não é diferente,
geralmente as atividades são realizadas por grupos de trabalho que dividem as tarefas entre si,
ou
seja, nós vivemos em COMUN-UNIDADE (BERSUSA E RICCIO, 1996).
A nossa sociedade está toda ela estruturada sob a forma de instituições, organizações e
serviços são escolas, fábricas, empresas, hospitais, clínicas, postos de saúde, cooperativas enfim
uma série de estruturas que por sua vez são compostas por recursos materiais, físicos, mas
principalmente estas instituições são compostas por pessoas que necessitam se comunicar para
desenvolver suas atividades.
O trabalho é um dos momentos da vida onde a relação com pessoas com sentimentos, atitudes,
capacidades e necessidades diferentes esta presente e em que o processo comunicacional deve acontecer.
Mas o que é Comunicação?
Comecemos por estudar a palavra comunicação que tem sua origem do latim comunicare
significando “pôr em comum”, partindo da palavra e do seu uso no dia a dia é possível tecer
várias
definições para o que seja a comunicação. (BITTES JÚNIOR; MATHEUS, 1996).
Vejamos então como alguns autores definem a comunicação:
➢“É a troca de informações entre um organismo e outro. É o ato ou efeito de comunicar, de
fazer saber, tornar comum, participar. Comunicação é tudo que representa algum sentido,
que transmite uma mensagem de uma fonte, através de um canal, a um receptor” (PAIM,
1986)
1Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem I, para os
acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem do 6º período da Faculdade de Enfermagem da Universidade
Federal de Juiz de Fora. Pedimos que caso haja o interesse em utilizar este material para outro fim seja citada a
referência, ou seja solicitada autorização pelo seguinte e-mail: rosangela.greco@ufjf.edu.br
➢“Processo de transmitir informações de pessoa para pessoa, através da fala, da escrita de
imagens e sons com o objetivo de gerar conhecimentos” (TAKAHASHI, 1991)
➢“Comunicação é troca” (SILVA, 1998)
Assim, uma vez que somos seres sociais em constante interação com o meio, supomos a
comunicação como um ato inerente ao ser humano, que consiste na expressão de necessidades,
sentimentos e crenças (SILVA, 1998)
Pode ser considerada ainda como um meio essencial para o estabelecimento de relações
interpessoais, contribuindo para a cooperação entre os envolvidos em um mesmo processo
(PAIM,
1986).
Para Silva (1998) “as finalidades básicas da comunicação são entender o mundo, relacionar-se
com os outros e transformar a si mesmo e a realidade. A comunicação, é antes de mais nada, um
ato
criativo. Não existe apenas um agente emissor e um receptor, mas uma troca entre as pessoas,
formando um sistema de interação e reação, ou seja, um processo recíproco, que provoca, a
curto ou
longo prazo, mudanças na forma de sentir, pensar e atuar dos envolvidos”.
Componentes da Comunicação
A comunicação é um processo que envolve: o contexto ou situação, o emissor (quem), a
mensagem (algo a transmitir), o receptor (para quem), o canal ou veículo (o modo de
transmissão, a
maneira) e a resposta (o efeito).
Em relação ao canal de informação a comunicação pode ser classificada em:
➢Formal – a que é realizada de modo consciente e deliberado, através de um conjunto de
instrumentos estabelecidos de forma organizada, sendo sua forma mais comum a
comunicação escrita que torna as informações oficiais e ainda possibilita uma consulta
futura.
➢Informal – a que ocorre no contato do dia a dia, baseada nas relações sociais intra-
organizativas, independente do cargo ou função (TAKAHASHI, 1991)
O processo de comunicação só ocorre de fato quando o receptor emite uma resposta, ou seja há
uma compreensão dos sinais emitidos e há uma inversão no sentido da comunicação, quem
recebeu
se torna emissor e vice-versa, ocorre uma interação ou troca de mensagens.
Tipos de Comunicação
Para trocarmos informações podemos utilizar várias formas, vejamos quais podem ser:
➢Comunicação verbal – pode ser falada ou escrita
➢Comunicação não-verbal – compreende o toque, ou tacêsica (envolve a comunicação tátil) a
cinésia (linguagem do corpo), proxêmica ou territorialidade (uso que se faz do espaço, como
a distância entre comunicadores)
➢Comunicação paraverbal ou paralinguagem – são os sons produzidos pelo aparelho fonador,
que não fazem parte do sistema sonoro da língua falada, como por exemplo: os grunhidos, a
entonação de voz, o ritmo, a velocidade das palavras, o suspiro, o pigarrear, o riso.
No processo comunicativo fazemos uso de todas as formas descritas acima, elas se
complementam, muitas vezes são interdependentes e em outras podem ser contraditórias.
Barreiras da comunicação
Conforme vimos até agora o processo de comunicação, envolve a interação entre pessoas, e
assim podem existir situações ou condições que interferem, dificultam ou até impedem que esse
processo se concretize.
Vejamos alguns elementos que podem contribuir para esta situação: (TAKAHASHI, 1991)
➢Bloqueio – quando a mensagem não é captada o que pode acontecer por
desconhecimento da mensagem, dificuldade na expressão, influências culturais,
psicológicas ou sociais;
➢Filtragens – quando a comunicação ocorre parcialmente o que pode acontecer
quando o receptor não aceita a mensagem inteiramente, ouvindo e recebendo apenas
o que lhe interessa;
➢Ruído – quando na transmissão de uma mensagem esta sofre distorções;
➢Efeito do Halo – quando há interferência na aceitação ou não da mensagem devido a
supervalorização ou descrença em quem esta emitindo a mensagem;
➢Emoção – as condições emocionais de quem emite e recebe a mensagem, também
podem interferir na captação e compreensão correta da informação.
O processo de comunicação e a enfermagem
Ao considerarmos a enfermagem como um trabalho realizado com e através das pessoas, o
processo de comunicação pode ser considerado uma das mais importantes atividades e um dos
instrumentos básicos do trabalho de enfermagem (KRON; GRAY, 1994).
Nós utilizamos a comunicação com os clientes e usuários dos serviços de saúde, com os
familiares, com os colegas da equipe de enfermagem, da equipe multiprofissional, com todos os
serviços de apoio e administrativos.
Na administração da assistência de enfermagem temos que ser capazes de decodificarmos,
decifrarmos e percebermos os significados das mensagens que são enviadas pelos usuários,
pelos
familiares e pelos membros de nossa equipe de trabalho, para que possamos estar elaborando o
nosso plano de trabalho com nossas propostas de intervenção, estando atentos aos sinais verbais,
não-verbais e paraverbais que podem nos ajudar nesta tarefa.
Mas, temos também que nos fazermos entender, pensando antes de falar, e expressando
ideias claras e objetivas.
Portanto, é fundamental que tenhamos competência para desenvolver habilidades em
comunicação, o que só é possível a partir do conhecimento do seu significado, dos componentes
e
dos tipos de comunicação.
Devemos estabelecer e nos responsabilizarmos pela manutenção de um processo de
comunicação, bem como pela analise de sua eficiência. Temos que ter consciência de que
podem
existir barreiras na comunicação para que possamos estar enfrentando essas dificuldades,
considerando os padrões culturais, cuidando na forma e modo de expressar, utilizando locais e
situações adequadas para o estabelecimento dos canais de comunicação.
Além disso, é imprescindível que no nosso dia a dia sejamos capazes de estabelecer uma
comunicação adequada, diminuindo conflitos e mal-entendidos, respeitando o outro em suas
necessidades e dificuldades, aceitando e assumindo nosso papel como produtores conscientes de
linguagem e como elementos transformadores e interpretes de mensagens (SILVA, 1996).
Cabe ao Enfermeiro, conhecer os mecanismos de comunicação que podem contribuir para o
seu melhor desempenho junto à equipe de trabalho, e que podem estar contribuindo também
para
um melhor relacionamento entre os componentes da equipe.
Neste sentido, é fundamental:
➢Exercitarmos a validação das mensagens como uma forma de evitarmos mal-
entendidos,
➢Que tenhamos a consciência de que enviar e receber mensagens depende de nossa
atitude,
➢Compreendermos que nossas mensagens são interpretadas também pelo modo como
nos comportamos
➢Que saibamos que toda comunicação é composta pelo conteúdo em si (fato ou
informação) e pelos sentimentos envolvidos no processo (o que você quer
comunicar e como se sente a respeito desse fato)(SILVA, 1996).
A comunicação é um processo imprescindível na administração, uma vez que possibilita que
as ações sejam coordenadas de modo a que se possa estar minimizando as diferenças através da
compreensão das diferentes percepções o que contribui para a aproximação das pessoas
(SILVA,
1996).
Nas organizações, nas relações de trabalho, a comunicação pode ocorrer de forma
ascendente, ou seja, dos subordinados para os superiores, ou de forma descendente, dos
superiores
para os subordinados; mas o importante é que ela ocorra sempre.
Portanto é importante compreender que “nas relações de trabalho, como em todas as
relações, não existe comunicação verbal sem a não-verbal. Para podermos nos comunicar mais
eficazmente, devemos falar ‘com’ alguém em vez de ‘para’, lembrando que o real significado
das mensagens se dá pela soma das expressões verbais e não-verbais, e que para conseguir
desenvolver
uma atitude de aceitação por outra pessoa, em primeiro lugar, é preciso aceitar-se como pessoa,
compreendendo as próprias forças e fraquezas. Nós podemos errar, mas precisamos reconhecer
e
aprender com esses erros” (SILVA, 1996).
Melhorando nossa comunicação
Comunicar bem depende de uma serie de elementos, e não existem regras rígidas a serem
seguidas, é necessário que consideremos o contexto e as pessoas envolvidas, mas existem
algumas
dicas que segundo Silva (1996) podem nos ajudar a desenvolver uma boa comunicação nas
relações
de trabalho, são elas:
1. “Conhecer a si próprio, suas características e necessidades;
2. Ser sensível às necessidades dos outros;
3. Acreditar na capacidade de relato das pessoas;
4. Reconhecer sintomas de ansiedade em si e no outro;
5. Observar o seu próprio não-verbal;
6. Usar as palavras cuidadosamente;
7. Reconhecer as diferenças...
... e tratar os outros com o mesmo carinho e respeito que gostaria que fossem dispensados a
você.”
Trabalhando com pessoas
Se por um lado, nós seres humanos em muitos aspectos somos semelhantes, por outro
possuímos diferenças “na aparência física, nas respostas emocionais e nas crenças espirituais,
assim
como nas capacidades” que precisam e devem ser respeitadas (KRON, GRAY, 1994).
Mas, apesar e em decorrência das diferenças, na área da saúde de modo geral e na
enfermagem em particular, os trabalhos são desenvolvidos e realizados envolvendo mais de uma
pessoa.
As pessoas ao se relacionarem podem estabelecer formas diversas de organização sendo
elas: um grupo, uma equipe ou um time.
Vamos ver o que cada uma dessas modalidades significa.
O que é um grupo?
Um grupo pode ser definido como uma organização, um conjunto de pessoas que interagem,
que possuem um interesse comum, que contribuem para um sentido de unidade. (KRON E
GRAY,
1994; BERSUSA E RICCIO, 1996)
Segundo Bersusa e Riccio (1996), os grupos podem ser definidos basicamente segundo
quatro elementos:
➢Organização – modo como às pessoas se organizam,
➢Interação – forma como as pessoas se relacionam,
➢Motivação – o que faz com que as pessoas se associem,
➢Percepção – as pessoas para constituírem verdadeiramente um grupo precisam se
perceber como partes de um mesmo todo.
Segundo Kron e Gray (1994) os membros de um grupo, influenciados pelo tempo em que se
conhecem, o tipo de trabalho e a personalidade de cada um, podem passar por
algumas fases que
são:
➢O estágio de conhecimento;
➢O estágio de se organizar, durante o qual os membros determinam o que vão conseguir;
➢O estágio de buscar status posicional, em que alguns membros buscam o poder;
➢O estágio de fazer as coisas, de tornarem-se produtivos e,
➢O estágio de tomar decisões e avaliar o que foi conseguido.
Além disso, os grupos ainda podem ser divididos em formais que são os grupos onde há
uma predominância da interação e organização, são ótimos executores e informais onde há a
predominância da percepção e da motivação por ex: o time de vôlei dos funcionários da
enfermagem do hospital A.
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Segundo Catunda e Cerqueira Neto (1996) os grupos podem desenvolver tarefas através da
combinação basicamente de três processos:
➢Processo aditivo – tarefa 1 + tarefa 2 ...+ tarefa N = resultado que é a soma dos resultados
individuais. Por exemplo: em trabalhos onde todos utilizam o mesmo equipamento ou
máquina para produzir o mesmo produto. Impressão gráfica
➢Processo integrativo – tarefa 1 → tarefa 2 → tarefa N = resultado como integração dos
resultados individuais. Por exemplo: grupos de linha de produção. Linha de montagem de
veículos.
➢Processo interativo – o resultado é interativo, ou seja, consiste na interação entre as tarefas
individuais. Por exemplo, em trabalhos onde existe um fluxo de informação e ação de duas
origens entre indivíduos, através do qual o produto final ou serviço é produzido. Trabalho
em consultoria
Tarefa 1
Tarefa 4
Tarefa 2
Tarefa 3
O trabalho em grupo e algumas influências
Segundo Amaru citado por Bersusa e Riccio (1996), um grupo pode ainda sofrer algumas
influências sendo elas:
➢Do ambiente - tipo de organização, as definições estratégicas e operacionais, as
facilidades ou dificuldades materiais ou psicológicas para o desenvolvimento do
trabalho.
➢Do grupo – tamanho, tempo de existência, tipo de missão, percepções.
➢Do indivíduo – personalidade, treinamento, valores, interesses e experiências que
podem estar contribuindo para a identidade e desempenho.
Ainda segundo estes autores a combinação dessas três influências pode resultar em dois tipos de
comportamento: Comportamento orientado à execução de tarefa (características dos
trabalhos de
grupos); comportamento orientado para a manutenção do grupo (característica dos
trabalhos
em equipe).
O que é Trabalho em Equipe?
O trabalho em equipe pode ou não existir em grupos de trabalho, em qualquer lugar e por
qualquer período de tempo.
Ele não é uma entidade, mas consiste na descrição de características qualitativas como: estar
proximamente relacionados ao redor de um objetivo comum, trabalhando junto com muita
facilidade e tendo relações de trabalho positivas ou características funcionais das unidades que
devem trabalhar juntas e cooperar para produzir um resultado que não pode ser produzido por
uma
única pessoa (CATUNDA E CERQUEIRA NETO, 1996).
Neste sentido, o trabalho em equipe pode ser definido ainda como um modo especial de
organização, onde um conjunto ou grupo de pessoas que se dedicam a realizar uma tarefa ou um
determinado trabalho, o fazem tendo como premissa, a ajuda mútua entre si, valorizando cada
indivíduo e permitindo que todos façam parte de uma mesma ação, possibilitando a troca de
conhecimentos, motivando o grupo a buscar de forma coesa os objetivos traçados (Trabalho em
equipe, 2003).
As pessoas de sucesso pessoal e profissional são aquelas que são capazes de viver e
trabalhar em equipe tanto no emprego com como em casa. São aqueles que trocaram o
individualismo por ajudar o outro, aceitar ajuda e crescer em conjunto, substituindo o eu por nós
(SHINYASHIKI, 2000).
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A este respeito Shinyashiki (2000, p.27) diz que: “Os donos do futuro são aqueles que
conhecem o poder da cooperação: trabalham sempre em equipe, armam seus times antes de
realizar
um projeto e lutam até alcançar seus sonhos”.
Os times de trabalho o que são?
Os times de trabalho são grupos de trabalho onde o trabalho em equipe existe na maior parte
dos processos de desempenho das tarefas e na maior parte das áreas do gerenciamento do grupo.
Os
times fazem coisas que os grupos não conseguem, os membros dos times colaboram entre si em
todos os aspectos do desempenho da tarefa, compartilham informações, discutem abertamente,
resolvem conflitos com rapidez e com resultados positivos (CATUNDA E CERQUEIRA
NETO,
1996).
Todo time tem um propósito claro, um foco, uma missão, que deve estar alinhada com os
desejos de todos do grupo, além disso, o alimento que nutre um time são os desafios que
motivam e
mantém a vida do time. Outro elemento importante e que auxilia na constituição de um time é a
camaradagem, ou seja, o companheirismo e a lealdade, que levam a uma comunicação aberta e
direta, onde as contribuições e o apoio mútuo constantemente são elogiados (BISPO, 2014)
Os times têm que ter responsabilidade e autoridade, e as pessoas que compõem o time
precisam sentir que estão avançando, aprendendo novos conceitos, acrescentando novas
habilidades
e desafiando suas mentes (BISPO, 2014)
Portanto um time é um conjunto de pessoas que estão alinhados com um propósito, sentem
um desafio em suas tarefas, tem um forte senso de camaradagem, de responsabilidade pelo
resultado, e experimentam o crescimento no trabalho e em suas vidas pessoais (BISPO, 2014).
Segundo Shinyashiki (2000, p. 37) “são os times que criam as vitórias importantes em
nossas vidas. Sucesso e felicidade são o prêmio de quem consegue criar times imbatíveis”.
Considerações finais
Vocês já prestaram à atenção em um CLIPES.
Um pedaço de arame entortado, simples, mas com um propósito espetacular, unir coisas,
semelhantes e/ou diferentes, que podem permanecer juntas por certo tempo e serem separadas e
distribuídas e depois tornarem a ser “re-colhidas” e “re-unidas”, em um constante ir e vir sem
ferir
ou estragar (BROTO, 1999).
Nos dias de hoje temos “clipes” de tipos variados, tamanhos e cores, mas todos em sua
simplicidade possuem uma unidade de propósito: UNIR EM LIBERDADE (BROTO, 1999).
Quando falamos da comunicação e do trabalho com pessoas podemos ter uma
compreensão que tenha como base e fundamento o mesmo propósito dos Clipes, ou seja,
cada
um fazendo a sua parte em harmonia com os demais para o benefício de todos.
Segundo Bersusa e Riccio (1996), “um grupo só pode ser produtivo na medida em que todos
deem sua contribuição. O papel principal do participante é o envolvimento e compromisso com
o
trabalho, portanto um grupo onde não há participação em conjunto, não existe, mas sim um
aglomerado de pessoas. Se os participantes adotam uma atitude passiva, à espera que alguém
assuma responsabilidades, que são suas, ou que assuma as tarefas de liderança, não terão direito
de
julgar o trabalho, que tem uma grande probabilidade de ocorrer quando a maioria se omite”.
Na enfermagem não é diferente, temos que construir o trabalho de enfermagem de modo a
que tenhamos um trabalho em equipe e que caminhe para se tornar um time.
Neste sentido, Bersusa e Riccio (1996), citam alguns pontos básicos que podem contribuir
para que caminhemos na direção do trabalho em equipe, são eles:
➢Aprendizagem da comunicação para aperfeiçoamento da expressão pessoal, da
espontaneidade, da capacidade de ouvir o outro;
➢Aprendizagem da cooperação para superar o egocentrismo, poder pessoal, a falta de
confiança nos outros, competição, a não consideração do outro, inibição, ansiedade e
sentimento de inferioridade;
➢Aprendizagem de dinâmica de grupo – para aumentar a capacidade de perceber o que se
passa num grupo, participar autenticamente de um grupo e conduzir um debate;
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➢Aprendizagem de organização de trabalho – para esclarecer os objetivos, perceber a
estrutura da tarefa, prever a divisão de papéis, utilizar meios disponíveis e criar outros mais
adequados, organizar seu trabalho, administrar seu cargo e programar suas atividades;
➢Aprendizagem da gestão de equipe – para compreender problemas de administração dos
recursos da equipe, estratégias, planejamento etc.
Segundo Hartzler e Henry citados por Catunda e Cerqueira Neto (1996), existem quatro
áreas de atividades que auxiliam aos times a se desenvolverem são: foco no cliente, direção
(diretriz, visão, missão, metas e objetivos), entendimento (identificação das potencialidades
individuais dos membros do time, e seus pontos fracos) e responsabilidade com
comprometimento
(processos de consenso mútuos de quais resultados devem ser alcançados pelo time).
A este respeito ainda, segundo Bersusa e Riccio (1996), o enfermeiro para buscar o espírito
do trabalho em equipe deve: promover reuniões com a equipe de enfermagem e
multiprofissional,
no sentido de discutir sobre os problemas dos clientes e usuários, bem como estratégias para
poder
ajudá-los, deve também discutir questões relacionadas à própria equipe, no que diz respeito a
conflitos, desempenho, utilizando-se de dinâmicas de grupo, dando espaço para desabafos e a
exteriorização de sentimentos e angústias dos próprios elementos e nunca perder de vista o
propósito da visão holística, não permitindo a fragmentação da assistência.
Trabalhar em equipe não é uma tarefa fácil, exige de todos comunicação eficaz, dedicação e
compromisso com o que se faz e o como se faz, em contrapartida pode ser mais prazeroso na
medida em que os resultados podem ser mais efetivos.
O desafio está lançado, agora é arregaçarmos as mangas e bom trabalho para todos nós.
Referências
BERSUSA A. A. S.; RICCIO, G. M. G. Trabalho em equipe – instrumento básico de
enfermagem.
In: CIANCIARULLO, T I (org.). Instrumentos básicos para o cuidar: um desafio para a
qualidade da assistência.São Paulo: Atheneu, 1996.
BITTES JÚNIOR, A.; MATEHEUS, M. C. C. Comunicação. In: CIANCIARULLO, T.I (org.).
Instrumentos Básicos do Cuidar. São Paulo: Editora Atheneu, 1996.
BISPO, P. Conto com times ou grupos de trabalho? Diaponível em:
http://www.rh.com.br/Portal/imprima.php?cod=4671. Acessado em: 13 de maio de 2014.
BROTO, F. O. Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar.
Santo, SP: Re-novada, 1999.
CATUNDA, R.; CERQUEIRA NETO, E P. Times de trabalho autodirigidos: equipe Grifo.
São
Paulo: Pioneira, 1996.
DUTRA, J. S. Gestão de Pessoas: modelo, processos, tendências e perspectiva. São Paulo:
Atlas,
2002.
GEHRINGER, M. Digestão de Pessoal: lidar com a fauna corporativa não é sopa. Revista
Exame,
São Paulo, no. 17, p.86-7, 20 de agosto de 2003.
KRON, T.; GRAY, A. Administração dos cuidados de enfermagem ao paciente: colocando
em
ação as habilidades de liderança. Rio de Janeiro: Interlivros, 1994.
PAIM, R. Metodologia Científica em Enfermagem. Rio de Janeiro: Editora Espaço e Tempo,
1986.
RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho. Petrópolis, Vozes, 1994.
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SILVA, M. J. P. Valor da Comunicação para o Sucesso dos Processos de Qualidade. In:
MELLO, J.
B e CAMARGO, M. O. Qualidade na Saúde. São Paulo: Best Selller, 1998.
SILVA, M. J. P. DA. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais
em
saúde. São Paulo: Editora Gente, 1996.
SHINYASHIKI, R. Os donos do futuro. São Paulo: Editora Infinito, 2000.
TAKAHASHI, R. T. Sistema de Informação em Enfermagem. In: Kurcgant Paulina (org)
Administração em Enfermagem. São Paulo: EPU, 1991.
Trabalho em
equipe:
sucesso ao alcance de todos
http://www.mapfrevida.com.br/qualidadedevida/trabalho_em_equipe.asp. Acessado em 2 de
novembro de 2003.
Exercícios para fixação do conteúdo
1. Quais os componentes de um processo comunicacional?
2. Como pode ser classificada a comunicação, em relação ao canal de informação?
3. Cite e explique os tipos de Comunicação.
4. Qual a importância de um bom processo comunicacional para a Enfermagem?
5. Como desenvolver uma boa comunicação nas relações de trabalho?
6. No que consiste um trabalho em grupo?
7. O que é um trabalho em Equipe?
8. Explique no que consiste um time de trabalho.
9. O que o enfermeiro pode fazer para estimular o trabalho em equipe?

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