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Armando David Sousa1, Claudina Martins2; Dina Duarte Pinto3, Fernanda Silva4; Liliana Ferreira5; Vitor Santos6
1-6
RN, CNS, MsC
Resumo
A gestão da qualidade surge da necessidade de assegurar o compromisso das organizações com o objetivo da excelência dos
seus serviços.
Em 2001, a Ordem dos Enfermeiros (OE) assume o compromisso da melhoria contínua dos cuidados em enfermagem, com a
publicação dos Padrões de Qualidade, que define a uniformização dos cuidados ao indivíduo e à população e o valor em saúde
dos mesmos, proporcionando melhoria e visibilidade dos mesmos.
O presente artigo tem como objectivo: identificar a evolução do conceito de qualidade e qualidade em saúde; compreender a
relevância da gestão da qualidade em saúde e da gestão da enfermagem com qualidade; e compreender a avaliação da
qualidade em saúde. Como metodologia adotou-se a pesquisa bibliográfica.
Abstract
The Quality of management arises from the need to ensure the commitment of organizations with the goal of excellence in their
services.
In 2001, the Order of Nurses is committed to the continuous improvement of nursing care, with the publication of the nursing care
quality standards, which defines the standardization of care to the individual and to the population, and there health value.
The aims of these article is to identify the evolution of the concept of quality and quality in health; understand the relevance of
quality management in health and quality nursing management; and understand the evaluation of health quality. The
bibliographical research, was the methodology adopted.
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1. INTRODUÇÃO
A qualidade por ser subjetiva e dinâmica, tem evoluído ao longo dos tempos originando uma
multiplicidade de interpretações, que ocorrem em paralelo com a evolução social, originando
adaptações do seu conceito em detrimento do contexto (Pisco e Biscaia, 2001).
O conceito de qualidade ganha destaque com o desenvolvimento tecnológico observado no
século transato. Com a evolução industrial nos anos 1920, especificamente nas indústrias
bélicas, recorrente da grande guerra mundial, em que o aumento da produção de armamento
era fundamental, surgiu a atividade de inspeção com a finalidade de avaliar o produto final e
separar os que continham defeitos (Vieira, Shitara, Mendes e Sumita, 2011).
Na década de 1950 desenvolve-se a moderna conceção de Gestão da Qualidade Total (GQT),
que consolidaria a engenharia da qualidade num corpo de conhecimentos consistente, a partir
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conhecimento. A gestão de uma organização, leva a uma maior eficiência e adequação dos
recursos disponíveis, tendo em consideração o fator económico. É fundamental a partilha e
divulgação da informação na garantia da qualidade e sucesso (Chiavenato, 2004).
A qualidade em enfermagem assumiu visibilidade com a publicação em 2001 dos Padrões de
Qualidade dos Cuidados de Enfermagem emanados pela OE, constituindo um referencial
segundo o qual os enfermeiros se envolvem num processo de reflexão, tomada de decisão e
desenvolvimento do seu exercício profissional, que conduz à melhoria contínua dos cuidados
prestados ao indivíduo e à população. Nos padrões, estão explanados os metaparadigmas
da enfermagem, que consensualmente são aceites pelos membros da comunidade científica,
abrangendo os conceitos de pessoa, ambiente, cuidados de enfermagem e saúde. Nesta
lógica, e com o objetivo de tornar as organizações de saúde mais eficientes e com Cuidados
de Enfermagem de excelência, insere-se uma gestão em enfermagem com mais qualidade.
Compete às Direções de Enfermagem das Instituições de Saúde, contribuir na definição de
políticas que garantam e promovam a qualidade dos cuidados de enfermagem, favorecendo
a aplicação dos padrões de qualidade, planear e avaliar as ações e os métodos de trabalho
com o objetivo da melhoria da qualidade dos mesmos (Portaria n.º 245/2013).
O enfermeiro com funções de gestão, desempenha um papel de relevo na certificação e
validação da qualidade do exercício profissional, tendo como premissa a certificação do
cumprimento dos Padrões de Qualidade em Enfermagem e motor do desenvolvimento
profissional técnico-científico e relacional, devendo possuir conhecimentos efetivos no
domínio da disciplina/profissão de enfermagem e de gestão (Regulamento n.º 101/2015).
A qualidade dos cuidados de enfermagem tornou-se assim, um fenómeno de crescente
interesse nas organizações de saúde, pelo conhecimento científico e a necessidade de
adequá-lo a cada pessoa, sendo a liderança fundamental para essa mesma qualidade,
estimulando a formação dos profissionais, criando envolvência e compromisso efetivo,
fundamental para a evolução da organização. No processo de liderança, deve haver espaço
para promover a conceção e implementação de projetos e programas na área da qualidade,
tendo presente uma prática baseada na evidência, com o propósito da melhoria da prática
profissional.
Portugal tem apresentado uma evolução significativa no seu sistema de saúde, fruto das
reformas introduzidas que se refletem na melhoria dos indicadores de saúde, como a
esperança média de vida e a mortalidade infantil. Na base está o Serviço Nacional de Saúde
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(SNS) que foi fundado em 1979, cuja qualidade dos seus serviços e profissionais já mereceu
reconhecimento internacional.
Como suporte da qualidade dos serviços portugueses, está o Instituto Português da Qualidade
criado em 1986, cujas funções estão sob a tutela do Ministro da Economia. Este é o organismo
gestor e coordenador do Sistema Português de Qualidade criado em 1993 em substituição do
anterior Sistema Nacional de Gestão da Qualidade, responsável pelas atividades que
promovem a qualidade nos diversos sectores, incluindo a saúde.
Segundo Pisco e Biscaia (2001) a Comissão Sectorial para a Saúde – CS/09 – tem vindo a
promover a qualidade nas instituições de saúde através do desenvolvimento de
recomendações para a melhoria. Em 1993 a Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma
circular normativa determinando a criação de comissões de qualidade em todos os
estabelecimentos de saúde, com a função de desenvolverem e implementarem programas de
garantia da qualidade, não obtendo resultados práticos desta norma.
Só em 1998, com o documento “Saúde: um compromisso. A estratégia de saúde para o virar
do século (1998-2002)” é que a qualidade passa a ser reconhecida como prioridade para o
SNS. Com o programa “Saúde XXI” é definida uma política da qualidade, cuja missão foi o
desenvolvimento contínuo da qualidade a nível nacional, regional e local, assente em atributos
de melhoria contínua, responsabilização, participação e coordenação. Criou um conjunto de
estruturas das quais se destaca o Conselho Nacional da Qualidade, órgão de consulta do
Ministério da Saúde, no âmbito da política da qualidade, responsável pela elaboração de
recomendações nacionais para o desenvolvimento do sistema da qualidade e o Instituto da
Qualidade em Saúde na definição e desenvolvimento de normas, estratégias e procedimentos
para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde (Pisco e Biscaia, 2001).
Estes dois órgãos acabaram por se extinguir dando lugar em 2006 à Administração Central
do Sistema de Saúde que ficou responsável pela gestão da qualidade organizacional e a DGS
pela qualidade clínica, criando em 2009 o Departamento da Qualidade na Saúde que
contempla cinco divisões: qualidade clinica e organizacional; segurança do doente; gestão
integrada da doença e inovação; mobilidade de doentes e acreditação (Departamento de
Qualidade em saúde - DGS, 2014).
Em junho de 2009 foi definido que o Departamento da Qualidade na Saúde da DGS era
responsável pela criação de um Programa Nacional de Acreditação em Saúde baseado num
modelo de acreditação sustentável e adaptável às caraterísticas do Sistema de Saúde
Português - Despacho nº 14223/2009, de 24 de junho (Departamento de Qualidade em Saúde
- DGS, 2014).
Por influência dos modelos ingleses e americanos, a DGS adota o Programa “Accreditation”,
definindo que o modelo espanhol – Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía (ACSA) se
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provocar desvio nos processos e sistema de gestão da qualidade em relação aos resultados,
implementando medidas preventivas para minimizar efeitos negativos (NP ISO 9001, 2015).
Segundo Heuvel et al (2005) com o processo de certificação, são introduzidas melhorias no
registo e na documentação, acrescentando um maior rigor na definição dos objetivos de
qualidade e no planeamento e controlo dos processos. A atribuição do certificado de qualidade
a uma organização, confere que o trabalho desenvolvido cumpre os padrões preconizados
internacionalmente, gerando confiança nos cidadãos em relação aos serviços. (Heuvel et al,
2005).
O modelo de Excelência da European Foundation for Quality Management (EFQM), que tem
como missão promover a excelência nas organizações, introduzindo oito conceitos
fundamentais nas práticas de gestão: orientação para os resultados; focalização do cliente;
liderança e persistência de propósitos; gestão por processos e por factos; desenvolvimento e
envolvimento das pessoas; aprendizagem, inovação e melhoria contínua; desenvolvimento
de parcerias e a responsabilização social corporativa (EFQM, 2003).
CONCLUSÃO
O acesso aos cuidados de saúde de qualidade é por si só, um fator determinante da saúde
das populações. Desta forma, impõe‐se que os sistemas de saúde respondam com maior
rapidez e eficiência, e que evidenciem as suas atividades em função das necessidades das
populações e das expectativas sociais com uma orientação mais centrada no cidadão,
potenciando a obtenção de ganhos em saúde e criação de valor.
A gestão da qualidade em enfermagem na atualidade impõe que o Enfermeiro Gestor
assegure o cumprimento dos padrões de qualidade emanados pela OE, de acordo com a
formação da equipa, dar condições de desenvolvimento para uma prática clínica baseada na
evidência, com elaboração, utilização e atualização de normas de boas práticas de forma a
garantir as melhores práticas profissionais bem como a qualidade dos cuidados.
A gestão da qualidade em enfermagem, na atualidade, impõe que o Enfermeiro Gestor
assegure o cumprimento dos padrões de qualidade, sistemas de gestão da qualidade, que
visam a melhoria contínua da qualidade, tendo como objetivos corrigir erros do sistema,
reduzir a variabilidade das práticas e melhorar a sua eficácia. O enfermeiro gestor, tem a
responsabilidade de dar condições de desenvolvimento para uma prática clínica baseada na
evidência, com elaboração, utilização e atualização de normas de boas práticas de forma a
garantir as melhores práticas profissionais bem como a qualidade dos cuidados.
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