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Comunicação

para o
Planejamento
Profissional
LINGUA, LINGUAGEM E AS DIFERENTES SITUAÇÕES
SOCIOCOMUNICATIVAS

Língua
Esta língua é como um elástico que espicharam pelo mundo.

No início era tensa, de tão clássica.

Com o tempo, se foi amaciando, foi-se tornando romântica, incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira as expressões mais sisudas.

Um elástico que já não se pode mais trocar, de tão gasto; nem se arrebenta mais, de tão
forte.

Um elástico assim como é a vida que nunca volta ao ponto de partida.

Gilberto Mendonça Teles.


O ser humano, como um ser social, desenvolveu a linguagem pela necessidade de se
comunicar, sendo a língua um de seus meios mais utilizados. Do mesmo modo, percebemos
que a língua possui uma importante função dentro de um povo e de uma cultura, pois, além
da comunicação, além de um fenômeno vivo, é, também, uma forma de identificação de seus
membros.

Todas as línguas vivas mudam com o tempo. É um processo dinâmico, contínuo e gradativo.
Toda a língua possui variação.

Percebemos não só que existem variações no modo de se falar a língua portuguesa em


termos regionais, a partir de diferentes sotaques, assim como perceberemos as diferenças
na forma de usar a língua olhando as questões sociais. Pessoas que têm maior grau de
formação, por exemplo, usam a língua de forma diferente do que aquelas que têm pouca
instrução ou mesmo analfabetas. Basicamente, são três os fatores que impulsionam as
variações linguísticas: fator histórico, geográfico e sociocultural.

Linguagem
Desde os primórdios, a humanidade se organizou socialmente, e uma das necessidades
principais da vida em sociedade é a comunicação. O homem desenvolveu a linguagem
porque precisava se comunicar, e assim ele faz até hoje, e a cada dia de forma mais
complexa e com novas ferramentas.
A linguagem nasce a partir de uma necessidade primordial do homem: a de viver em
sociedade e de interagir não apenas com o próprio homem, mas com o mundo que o cerca.
É, como disseram Heidegger e Gadamer, o solo de uma cultura, aquilo que possibilita o
homem a participar e a estar integrado, antropologicamente, a esse “acervo de tudo aquilo
que a espécie humana veio acumulando ao longo de sua experiência histórica” (REALE, 2002,
p. 1). A sociabilidade e o saber humano estão, na linguagem, fundamentados.

Linguagem verbal
A linguagem verbal é aquela que usa a palavra, escrita ou falada, para comunicação. É
amplamente utilizada em diferentes situações: jornais, revistas, diálogos, sites, filmes,
reportagens, livros, cartas etc.

Linguagem não verbal


A linguagem não verbal utiliza outros métodos de comunicação. Podem ser imagens, gestos,
sons, símbolos, expressão facial, mímica, sinais de trânsito, linguagem corporal, gestos etc.
É a comunicação além das palavras. Alguns sinais são convenções criadas para facilitar
o entendimento, como é o caso da placa do cigarro e da placa com seta virando à direita em
um círculo vermelho com uma linha atravessada, indicando o sinal de proibido. Entendemos
facilmente que é proibido fumar ou que é proibido virar à direita. Tal como entendemos que
o dedo polegar levantado é sinal de positivo, que está tudo bem etc. Assim como o emoji,
figura criada recentemente para mensagens eletrônicas, indica tristeza.

Linguagem mista
Na linguagem mista, usam-se simultaneamente a linguagem verbal e a linguagem não verbal.
É o uso de palavras escritas e figuras simultaneamente. A linguagem mista também é
bastante comum em nossos dias; pode aparecer em placas, histórias em quadrinhos,
charges, outdoors, filmes, peças de publicidade etc.

A linguagem mista, em alguns casos, reforça o que a linguagem não verbal já apresenta por si
só, que é o caso da placa: proibido fumar, cão bravo e risco de morte. Vai depender do
objetivo e do público que essa mensagem quer atingir.

A língua e suas variações


Tal como a linguagem, a língua também é um fenômeno social e se desenvolve, sempre, a
partir de um determinado grupo e de um determinado contexto. Jamais nasce no âmbito
individual. Por isso, sempre pertencerá a um determinado povo e a uma determinada
cultura. Quando discutimos a transformação de uma língua, é importante lembrar que
nenhum falante pode ou consegue modificá-la conforme achar melhor, a partir de uma
percepção ou verdade unicamente sua. Assim como uma cultura, que possui sua dinâmica
na coletividade, a língua depende de todos, pois ela é um fato cultural como qualquer outro.
Se uma pessoa que fala a Língua Portuguesa no Brasil resolvesse usar um nome diferente
para os meses do ano, por exemplo, não teríamos uma transformação, mas um fato que
acarretaria em uma grande dificuldade para a comunicação dela com os demais falantes. Por
surgir de um grupo e pertencer a esse grupo, ela adota um regramento, uma convenção. Só
assim é possível que todos se entendam, ou seja: ao mesmo tempo em que se trata de um
aparato cultural, “trata-se de um sistema de natureza gramatical, pertencente a um grupo de
indivíduos, formado por um conjunto de sinais (palavras) e por um conjunto de regras para
combinação destes” (TERRA, 2008, p. 13).

Se a língua emana do coletivo, o mesmo não se pode dizer da fala. Ela é entendida como um
ato individual, pois cada indivíduo pode optar em usar variedades da língua quando fizer uso
da fala. A fala é sempre individual e seu uso depende da vontade do falante. No entanto,
língua e fala estão interligadas. Uma não sobrevive sem a outra. Para compreendermos a
fala, é necessário a língua, mas também há a necessidade da fala para que uma língua se
estabeleça.

Variação histórica
A variação histórica, como o nome já indica, acontece dentro de um determinado período de
tempo. Só pode ser identificada quando comparamos a língua em dois momentos diferentes.
Para termos uma ideia clara, vejamos, por exemplo, o texto a seguir, no qual a princesa
Isabel, em 1888, assina a Lei Áurea:

De lá para cá, algumas palavras sofreram modificação na grafia, como Brazil (Brasil),
extincção (extinção), súbditos (súditos), d’esta (desta), princeza (princesa), n’ella (nela), dentre
outras que facilmente podem ser identificadas, o que prova justamente o caráter dinâmico.

Variação geográfica
A variação geográfica, como também sua denominação já indica, diz respeito às diferentes
formas de pronúncia, à diferença de vocabulário e também à estrutura sintática das frases
dos falantes de uma mesma língua, ou seja, diz respeito às diferenças que uma mesma
língua apresenta na dimensão do espaço, quando falada em diferentes regiões de um
mesmo país ou em países diferentes.

O Português falado em Portugal apresenta algumas


diferenças do Português falado no Brasil. Vejamos a
seguir alguns exemplos.
São, portanto, as diferentes formas de falar a mesma
língua em dois países diferentes. Além das palavras
diversas para designar a mesma coisa, há também a
questão da pronúncia da Língua, que é perceptível ao
ouvirmos um nativo de Portugal falar o Português de
Portugal.
Variação social
Como outra forma de variação linguística, temos aquela que se manifesta por elementos
ligados à condição social de um indivíduo. Você certamente já se deu conta de que a forma
como pessoas de idade usam a linguagem difere da forma como pessoas jovens o fazem.
Também se percebe isso em diferentes profissões, usando jargões ou termos técnicos, ou
mesmo fazendo uso de uma linguagem mais formal.

Da mesma forma, pessoas que pertencem a determinados grupos sociais, como tribos
urbanas, ou mesmo a determinados grupos étnicos (que nada mais são do que pessoas que
se identificam ou são identificadas com base em semelhanças culturais e/ou biológicas) que
também se comunicam com uma linguagem própria daquele grupo. Portanto, essa variação,
também conhecida como variação diastrática, se refere à organização socioeconômica e
cultural de uma comunidade, e se relaciona ainda à idade, como já mencionamos, ao
mercado de trabalho, à classe social e ao
grau de escolaridade.

Idade – A idade é um fator que interfere


na forma de como as pessoas usam a
linguagem. Muitas das palavras que os
jovens usam, talvez, causem estranheza
aos seus avós e aos seus pais. O contrário
também é verdadeiro. Algumas palavras
soam estranhas aos jovens de hoje. Veja
os exemplos:

Variação situacional
Outro tipo de variação é a chamada de
situacional, que envolve diretamente os
diferentes espaços e situações
comunicacionais. Em diferentes contextos,
usa-se diferentes formas de linguagem. A
mesma pessoa pode, por exemplo, no seu
trabalho, usar linguagem formal e, entre
amigos ou família, usar linguagem
informal.

A linguagem formal, como o próprio nome


sugere, é a linguagem usada para atender
os padrões da norma culta ou norma
padrão. Pauta-se pelo uso correto das
normas gramaticais e boa pronúncia das
palavras. É usada em ambientes em que
não há muita familiaridade entre os interlocutores, como reuniões, entrevistas de empregos,
discursos oficiais, enfim, em ambientes e momentos que requerem formalidade e seriedade.

A linguagem informal, por sua vez, é a linguagem que usamos no cotidiano. É uma linguagem
despreocupada em relação à norma padrão. É usada com os amigos, família, com pessoas
com as quais temos grande familiaridade e em ambientes despreocupados, em que não se
exige formalidade. Saber jogar com todas as formas de linguagem e perceber sua influência
nas relações sociais, dentre elas as que ocorrem dentro do universo do trabalho, é o que
começaremos a debater daqui para frente.

COMUNICAÇÃO E CARREIRA PROFISSIONAL:


PERSPECTIVAS PARA UM NOVO CONTEXTO
O atual mercado de trabalho e suas exigências
comunicacionais

Comunicar-se bem, hoje, não é apenas mais uma habilidade capaz de colocar o sujeito em
destaque dos demais em um ambiente de trabalho, mas essencial para que ele
simplesmente o acesse. É exatamente o que nos mostra Rosa e Landim, no artigo
intitulado Comunicação: a ferramenta profissional, afirmando que:

“O papel da comunicação começa bem antes de sua atuação em uma determinada função,
começa na hora de conseguir um emprego ou um contrato para prestar um serviço [...]. Sem
essa habilidade ele [o sujeito] já sai em desvantagem em relação aos seus concorrentes”
(2009, p. 142).
Decorrente dos acontecimentos sociais e econômicos mais recentes, o contexto atual nos
mostra que estamos vivendo diversas mudanças em torno das concepções de carreira
profissional e de mercado de trabalho, oriundas não só do avanço da tecnologia, mas da
multiplicidade de funções, da maior expectativa de vida, do alto nível de desemprego, entre
outros fenômenos. Nesse cenário, em que a carreira é cada vez menos linear ou pensada
dentro de uma ideia segura de progressão, a arte da boa comunicação é, sem dúvida, um dos
instrumentos vitais para o desenvolvimento de um indivíduo dentro de uma organização ou
de forma autônoma, imprescindível àqueles que buscam um nível de profissionalismo à
altura de seus planos.

Se você observar com atenção, vai notar que todo o profissional de sucesso possui uma
característica em comum: a de comunicar-se bem, seja ele um gestor de empresa, que vende
de forma única suas ideias; ou um professor, que cativa seus alunos e os encanta; ou mesmo
alguém da área de saúde ou tantas outras que, por meio da palavra, escrita ou falada, se
aproxima daqueles a quem se dirige e os conforta, passa segurança, confiança ou mesmo os
acolhe. Do contrário, sem uma comunicação eficiente, as portas se fecham, mesmo que o
conhecimento específico do indivíduo seja de excelência.
Não adianta ser uma pessoa formada em determinada área, ter uma pós-graduação,
mas ter dificuldade em comunicação. É preciso saber como proceder em uma reunião,
falar com os clientes, com os superiores, saber redigir documentos, e-mails  etc.
Resumindo, tudo o que fará em sua vida profissional terá a comunicação como
prioridade [...]. (CUNHA, 2009, p. 9-10)

É interessante lembrar, porém, que a capacidade comunicativa, ou melhor, o grau de


competência comunicacional de um indivíduo não está ligado perfeitamente ou
necessariamente ao seu nível de conhecimento gramatical, como se bastasse ser um
gramático para saber se comunicar bem, e sim, no modo como ele usa a linguagem. Existem
excelentes comunicadores semianalfabetos, bem como eruditos extremamente incapazes de
se comunicar por escrito ou oralmente com todas as pessoas a que desejam atingir pela
simples dificuldade de adequar sua linguagem à determinada situação sociocomunicativa.
Não conseguem proporcionar uma simetria discursiva e uma aproximação linguística com
seus ouvintes ou grupo de leitores. É como se uma criança perguntasse ao doutor em
química porque o sabão limpa com facilidade a gordura e ele lhe desse uma explicação
extremamente científica a partir de uma exemplificação relacionada à quebra de
determinadas moléculas causadas pelo contato de uma substância com outra. Por isso,
como nos mostra David Lima Jr.:

Não basta ser um “um gênio” em sua área de atuação se ninguém entende o que você fala.
Suas ideias brilhantes pouco lhe valerão alguma coisa se, na hora de apresentá-las ao
público, não souber ordená-las de forma convincente, e argumentar de maneira clara e
objetiva. Seu sucesso é do tamanho de suas habilidades de comunicação. Se você não ocupa
o lugar que acredita merecer, é porque ainda não aprendeu a comunicar ao mundo suas
habilidades. (LIMA, 2015, p. 1)
Isso tudo não significa, de forma alguma, que o conhecimento gramatical seja dispensável ou
visto como algo menos importante. Não mesmo. Significa, isso sim, que o grau de
competência comunicacional de um indivíduo vai além desse importante conhecimento. O
conhecimento gramatical apenas está ligado a um rol muito maior de destrezas no que se
refere à boa capacidade comunicacional, que podem ser desenvolvidas a partir da prática da
leitura, de exercícios de prática de escrita, do exercício de leitura em voz alta, de exercícios de
comunicação oral, como veremos mais para frente, quando tratarmos mais especificamente
dessa questão, entre outros, assim como uma visão atual e voltada para as inúmeras
demandas sociais da linguagem, como as estudadas anteriormente e que devem ser levadas
sempre em conta.

Lembre-se, a linguagem é uma roupa que se veste.


O filólogo e gramático Evanildo Bechara resume bem toda essa questão, ao dizer que
“Precisamos ser poliglotas em nossa própria língua”, adequando nosso nível de linguagem de
acordo com nosso interlocutor, o que só poderá ser feito por quem conhece todos os níveis.
Transitar do nível coloquial ao nível culto só é possível a quem domina todos.

Comunicação e pluralismo na sociedade contemporânea


Se elencarmos algumas das principais características que o mercado busca encontrar no
profissional contemporâneo (como a sempre tão almejada proatividade, a facilidade para os
bons relacionamentos e a criatividade na resolução de problemas de modo dinâmico e
eficaz), temos nitidamente a questão da comunicação como seu pilar mestre: a essência de
tudo. E é nesse pilar que está a relação com a metáfora da “roupa que se veste” que demos
acima. Estamos vivendo em uma sociedade plural, tanto em aspectos culturais, étnicos, de
gênero quanto midiática, e saber jogar, respeitar e compreender essa pluralidade é essencial.
Mais do que nunca, aprendeu-se que a boa relação interpessoal, a aptidão para lidar com a
diferença, a facilidade de trabalhar em grupo e de liderar, a empatia e a capacidade de
promover não apenas algo ou uma determinada empresa, mas também a si mesmo são
alguns dos grandes segredos de nosso tempo.

Vivemos o tempo da comunicação e da informação por excelência, e saber se comunicar com


todos, percebendo esse contexto de diversidade e pelas mais distintas ferramentas é o
caminho para o êxito. Podemos pensar essa questão, inclusive, no que se refere ao estudo
de línguas estrangeiras ou mesmo por um viés de caráter inclusivo. Por que não colocar
LIBRAS em seu currículo, não é mesmo? Dominar a Língua Brasileira de Sinais, hoje, pode lhe
abrir muitas portas. Isso porque tudo o que nos cerca (e nisso a vida organizacional e a
carreira) não caminha sem sua relação com os fenômenos não apenas econômicos, mas
igualmente políticos, ecológicos, tecnológicos e culturais do momento histórico em que
vivemos. E sem esquecer a importante atenção que temos de dar à velocidade desse nosso
período, pois uma das fortes marcas culturais do século XXI é a alta tecnológica de
comunicação e sua veloz funcionalidade.
Isso ocorre porque, no final do século XX, assistiu-se, nas sociedades avançadas e
também nas emergentes, a um processo desenfreado no avanço das tecnologias de
comunicação e de transporte, acelerando o tempo e comprimindo o espaço, o que ocasionou
a globalização econômica e determinou mudanças decisivas no modo de se pensar a
sociedade e suas instituições. Hoje, tudo é propaganda, marketing e, principalmente, auto
marketing, auto promoção, afinal, estamos na época de redes sociais e dos youtubers, em
que as pessoa em destaque são aquelas, segundo Nelson Abreu Renata Badana, com a
aptidão de gerenciar com êxito sua imagem “por meio de atitudes relevadas do dia a dia,
ampliando a capacidade de atuação pessoal e profissional, garantindo uma imagem saudável
e condizente com as expectativas do mercado e da sociedade” (ABREU; BALDANZA, 2003, p.
103).

Diferentemente da sociedade moderna anterior, a que eu chamo de modernidade sólida,


que também estava sempre a desmontar a realidade herdada, a de agora não o faz com
uma perspectiva de uma longa duração, com a intenção de torná-la melhor e novamente
sólida. Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da “liquidez” para caracterizar o
estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, se caracterizam por uma
incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de
vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes,
hábitos e verdades “auto evidentes”.
BAUMAN, Zygmunt. A sociedade líquida. Folha de São Paulo, São Paulo, 19 out. 2003.
Mais!, p 5-6.
Em uma realidade com essas características e tão competitiva e liquida como a nossa, em
que tudo é temporário e mutável (como nos ensinou o sociólogo Zygmunt Nauman, fazendo
com que a novidade de hoje seja o obsoleto de amanhã) conquistar, inovar e fidelizar são os
principais desafios que buscam as mais variadas estratégias empreendedoras, e nenhuma
existe sem o poder da comunicação e sem utilizá-lá da melhor forma possível nesse contexto
plural e instantâneo de nossa denominada pós-modernidade, construindo, dentro desses
inúmeros espaços comunicacionais, que também exigem suas vestimentas próprias, sua
própria narrativa, seu protagonismo.

Por isso tudo, a comunicação é essencial para o crescimento pessoal e profissional de


qualquer indivíduo, assim como uma importante alavanca para qualquer carreira. lembre-se:

A forma como nos comunicamos é responsável pela primeira impressão causada sobre
nós em qualquer espaço, seja ele um ambiente de lazer ou organizacional.
Independentemente de suas habilidades, a primeira a ser testada é sua capacidade de
comunicação, pois dificilmente, em um processo seletivo, por exemplo, que exija uma
exposição escrita ou verbal, você será capaz, pelo curto tempo ou demais limitações, de
mostrar todo seu potencial técnico e todo seu conhecimento, que só serão revelados no
decorrer de suas práticas e de sua caminhada a partir de seu trabalho. Nesse primeiro
momento, a grande responsabilidade está na sua aptidão comunicativa e comportamental.

A história da humanidade nos mostra que o ser humano se relaciona com o mundo e
organiza o mundo, para si, por meio da linguagem, e que, dentre as várias formas de
linguagem, a palavra, verbalizada ou escrita, é a matéria-prima da formação de nosso saber
cultural, político, científico, filosófico, religioso e tecnológico. Ter a ciência de que a natureza
comunicacional do ser humano é uma complexa rede de relações e de variáveis, e que ela
sempre foi decisiva no desenvolvimento dos indivíduos e em sua posição social é um dado
indispensável para quem pretende traçar um caminho sólido (pessoais e profissionais) em
uma sociedade como a nossa.

Oralidade, trabalho e relações interpessoais

Os relacionamentos interpessoais, essenciais e muito exigidos no espaço do trabalho,


constituem-se a partir de um emaranhado complexo, que envolve questões de alteridade, de
personalidade, de ética, de autoestima, de empatia e, fundamentalmente, de comunicação,
responsável, esta última, pela mediação dos elementos anteriores. Cada ser humano é único
e constituído por um conjunto de características que torna um indivíduo. Ser um indivíduo é
possuir algo apenas seu, de modo singular, individual, distinto dos demais. “A vida no
trabalho é composta de um cenário no qual atitudes, emoções e sentimentos de enorme
diversidade são manifestados, reproduzindo a forma particular de cada indivíduo de lidar
com a realidade” (CARVALHO, 2009, p. 75).

Saber se relacionar é justamente perceber que todo ser humano possui uma personalidade
própria e, mais do que isso, saber respeitar essa singularidade, fazendo com que uma das
formas mais simples de compreendermos o que se denomina de relação interpessoal não
seja nada além do que uma disposição para a aceitação e compreensão do outro, visível na
maneira de olhar, de falar e de agir.

Diferenças individuais são as várias formas em que os indivíduos se distinguem uns


dos outros, sejam nos aspectos físicos, psíquicos, intelectuais, emocionais ou sociais. O
conceito de relacionamento pessoal se estende por uma variedade de
comportamentos e atitudes que determinam o seu grau de convívio em sociedade.
Quanto maior a sua capacidade de expor e respeitar as opiniões de terceiros maior
serão as suas habilidades de relacionamento interpessoal, isso é muito importante na
sociedade atual tanto na esfera profissional como no pessoal. Muitas pessoas
assumem determinadas posturas nos relacionamentos em geral como instrumento de
posicionamento, ou seja, a pessoa pode assumir posturas comportamentais passivas
ou agressivas, tudo isso relacionado ao seu suposto papel naquele contexto social. Os
principais conceitos de relacionamento pessoal são: relacionamento interpessoal
profissional, pessoal, e mais recentemente o virtual, que consiste no comportamento
que o indivíduo assume no mundo virtual. (GHELMAN, 2016, p. 05)
E por falar em olhar, falar e agir, não podemos nos esquecer de que a comunicação oral
compreende todas essas questões, importantes não só para as boas relações, mas para a
exposição de suas ideias, posicionamento dentro de um debate, tomada de decisões, bem
como a capacidade de trabalhar em grupo e, inclusive, liderar.

Fala e corpo
Saber se comunicar verbalmente, assim como na linguagem escrita, cada uma em suas
particularidades, é saber, em primeiro lugar, adaptar-se: apenas conhecendo o outro existe a
probabilidade de uma aproximação coerente. Cada situação exige uma estratégia própria.
Conforme Magda Soares (1999), é preciso adaptar o conteúdo da mensagem ao interesse do
ouvinte, e, junto a isso, ter a criatividade para motivar. O entusiasmo, de acordo com a
autora, é uma espécie de combustível da expressão verbal, nunca esquecendo a observação,
a teatralização, a síntese, o ritmo, a voz, a respiração, a dicção, o vocabulário e a expressão
corporal. Cada espaço e grupo de pessoas exige uma determinada postura, uma
determinada cadência, um determinado nível técnico etc. Para isso, no entanto, a
necessidade de autoconhecimento torna-se, da mesma forma, uma importante ferramenta.
Conhecendo bem o outro e conhecendo bem a si mesmo você terá a possibilidade de se
ajustar perfeitamente as mais diversas necessidades.

Conhecer não só suas potencialidades, mas também suas fragilidades, permite, a você, uma
possibilidade maior de organização na hora de comunicar. Faz com que você possa jogar
melhor com essas questões, destacando aquilo que lhe traz benefícios no momento da fala e
minimizando aquilo que você considera como ponto fraco seu, proporcionando-lhe mais
confiança. Estar confiante faz com que sua mensagem saia de forma mais precisa e assertiva.
Se você costuma tremer as mãos, por exemplo, evite segurar qualquer objeto enquanto está
falando. Fazendo isso, você saberá que as pessoas não irão perceber e, assim, ficará mais
tranquilo. Apenas você sabe o que é melhor para sua comunicação, como, em outro
exemplo, se é melhor para você (havendo ambas as possibilidades) estar em pé ou sentando,
dentre outros tantos detalhes.

Todos nós sabemos que nossos movimentos e expressões revelam aqueles que estão nos
ouvindo toda nossa ansiedade e insegurança, e trabalhar sobre isso é necessário. A
confiança, ou melhor, a autoconfiança, essencial à comunicação oral, nada mais é do que o
resultado de um autoconhecimento e uma reflexão sobre si. Somente assim, conhecendo
melhor a si próprio, você poderá criar mecanismos e estratégias que inibam aqueles detalhes
que você considera problemáticos em sua forma de se comunicar oralmente.

Não esqueça, crie suas estratégias para se comunicar melhor e com mais tranquilidade.
Existem pessoas, por exemplo, que pecam pelo excesso de informalidade ou de formalidade,
e precisam, a partir dessa constatação, ajustar o discurso, a postura e tudo o que se liga
diretamente a questões de adaptação, conforme já́ menciona- mós e discutimos mais de
uma vez, e de empatia, que nada mais é do que a sensibilidade de se colocar no lugar do
outro. Fazer essa leitura de forma coerente é essencial. Há inúmeras técnicas para o
desenvolvimento da oralidade, mas também existe a necessidade de uma forte sensibilidade
em relação a esse processo, para que, a partir dessa percepção, os ajustes sejam feitos e o
canal de comunicação seja devidamente estabelecido.

Sobre o que se fala


Um detalhe de extrema relevância, quando tratamos de comunicação oral e que parece
óbvio, mas nem sempre é coerentemente respeitado, diz respeito ao conhecimento sobre
aquilo que se está́ falando. Quando se domina verdadeira e profundamente o tema a ser
exposto, seja uma aula a ser dada, uma palestra a ser proferida, uma proposta ou mesmo
um trabalho acadêmico a ser apresentado, a sensação de conforto e de relaxamento, no ato
da comunicação, é muito maior, e transparece em todos os aspectos, que vão desde o
volume da voz, que sai clara e direta, ao baixo nível de transpiração e cacoetes de fala, como
os conhecidos “né” e “ãh...”.

Por outro lado, se o domínio do tema é deficitário, as frases tendem a ser menos assertivas e
eficazes, geralmente permeadas por uma prolixidade desnecessária e evidente, próprio dos
discursos que possuem mais tempo a ser preenchido do que assunto a ser tratado, e o olhar
do comunicador parece nunca se fixar em nada, mantendo-se em fuga e geralmente para
baixo. Isso coloca você̂ em uma posição de fragilidade, desprotegido em relação ao outro e
suscetível ao ataque de argumentos contrários.

Domine o conteúdo de sua fala. assim, não haverá erro.


̂
Se você não está seguro sobre aquilo que vai falar, é melhor pensar duas vezes antes de
seguir em frente, pois o interlocutor percebe facilmente e difere aquele que tem domínio
sobre o que fala daquele que não possui uma real autoridade sobre o que diz. Preparar-se
bem é, sem dúvida alguma, a principal garantia de sucesso e de tranquilidade.
Você precisa saber sobre o que está falando. Ninguém explica com propriedade algo
que não domina. Ninguém apresenta bem uma ideia se ela não estiver clara na cabeça
de quem a está expondo.
Isso tudo não significa que não existam momentos em que um sujeito, mesmo com plena
propriedade sobre o que vai falar, possa se sentir apreensivo e tenha, por outros infindáveis
fatores, sua comunicação prejudicada. Nesse caso, destacamos novamente a questão da
necessidade de uma busca por estratégia que objetivam minimizar essa angústia. Aconselha-
se, sempre, para segurança em relação ao tema, que o sujeito leve consigo (em cartões
pequenos, que possa segurar, ou em uma simples folha de papel ou até mesmo em um
dispositivo móvel, como um tablet) um roteiro de sua fala, que pode ser em forma de tópicos
ou resumo. Muitas vezes, esse material nem chega a ser utilizado, mas funciona como uma
bengala a dar apoio ao comunicador, deixando-o mais confiante.

É comum, quando estamos nos preparando para algum tipo de fala ou apresentação,
treinarmos previamente não apenas nosso texto, mas também nossos trejeitos: como nos
posicionaremos, que tipo de material de apoio fará parte de nossa explanação etc. Porém,
por mais que exercitemos nossa apresentação, nada simula verdadeiramente o local (o
espaço) e o momento de contato direto com o público ou com a pessoa com quem vamos
falar.

Por isso, e principalmente se não for um espaço comum a você, é fundamental chegar antes
para que haja uma familiarização com o ambiente. Observe-o, caminhe um pouco, faça uma
espécie de reconhecimento do território em que atuará. E mesmo se o lugar for de seu
convívio, como em seu ambiente de trabalho ou em uma sala de aula de sua universidade, na
qual irá apresentar um trabalho aos colegas e professores, chegue mais cedo, teste seu
material, seus recursos tecnológicos etc. Chegar muito próximo do início ou atrasado para
um compromisso desse tipo, seja uma reunião, uma seleção de emprego ou mesmo a
exposição de um trabalho acadêmico, faz com que seu nível de estresse se eleve muito, e
dificilmente você conseguirá se recompor, pois não terá tempo para se acalmar. Chegar
antes possibilita a você, também, conversar de modo mais informal com a pessoa ou as
pessoas para quem irá falar, fazendo, assim, com que seu primeiro contato não seja o exato
momento de sua comunicação. Isso abre o canal, possibilita testá-lo, observar o humor das
pessoas, entre outros detalhes.

Saber falar, mas também saber ouvir: o diálogo como base da boa
relação pessoal e profissional

Diálogo, a essência de toda a boa comunicação.


Por fim, vale lembrar que a comunicação não é uma via de mão única. No entanto, muitas
vezes, quando tratamos não só de comunicação oral, de oratória, mas também da
importância dessa comunicação para as relações interpessoais, nós nos esquecemos de que
não só precisamos aprender a falar, a nos comunicarmos bem, como a ouvir. E saber ouvir,
obviamente, não é apenas uma ação de escutar, mas buscar compreender o que está sendo
dito, respeitar, bem como observar os mesmos sinais da linguagem não verbal utilizados por
você quando está falando. Como já dissemos aqui, uma boa comunicação depende de uma
boa sensibilidade. Ser sensível é ter a habilidade de ler o contexto, de saber a hora certa das
coisas, como quando falar e quando, inclusive, ficar em silêncio.

Falar é importante, mas ouvir é fundamental.


O silêncio faz parte da competência comunicacional de um indivíduo, e ele deve, da mesma
forma, ser exercitado. Nunca interrompa, por exemplo, o pensamento daquele que está
falando. Dê a ele o tempo necessário para que conclua seu raciocínio e para que discorra,
também, sobre suas ideias. É comum encontrarmos pessoas, tanto em momentos formais
como em simples bate-papos, que não permitem que seus interlocutores concluam seus
pensamentos, intervindo sempre em momentos inoportunos (ora discordando ora até
mesmo concordando com aquele que discursa, na tentativa, equivocada, de colaborar) e
interrompendo a fala dos outros constantemente. Tudo isso é responsável por algo
primordial das relações sociais: o diálogo.

De acordo com David Bohm, o diálogo é um modo de comunicação em conjunto, em grupo,


em que as pessoas elaboram e compartilham um curso de significado, que possibilita a elas
se entenderem dentro de uma visão do mundo. No diálogo, as pessoas, muitas vezes, iniciam
em polos opostos, mas, ao conversarem abertamente, descobrem terrenos e metas comuns.
Isso é saber dialogar. É buscar pontos de encontro, conexões. O diálogo, conforme Bohm, se
difere de uma simples discussão, que geralmente tenta transmitir um ponto de vista e
persuadir os outros a adotá-lo como verdade, havendo sempre um único ganhador.

Em um diálogo, ninguém está tentando ganhar. Todo mundo ganha se alguém ganhar. Há
uma espécie de jogo diferente quando se dialoga. Trata-se de um jogo onde não há
tentativas de ganhar pontos ou de fazer prevalecer um lado. Ao invés disso, sempre que um
erro é descoberto por parte de alguém, todo mundo sente ter ganho. É um jogo chamado
ganha-ganha, enquanto o outro jogo é chamado ganha–perde. No diálogo não estamos
jogando uns contra os outros, mas todos com todos. (BOHM, 2017, p. 09)
Enquanto em uma discussão ou em um debate o oponente é derrotado, no diálogo, os
participantes deixam um pouco de lado suas convicções e mostram um nível mais elevado de
escuta e de compreensão. Um bom relacionamento em grupo depende exatamente disso, de
saber dialogar, adotar um modo de pensamento participativo, não competitivo. É comum
encontrarmos pessoas que não concordam com nossas ideias, e somente o diálogo será
capaz de fazer com que haja compreensão de ambas as partes e, inclusive, aprendizagem. De
acordo com Gustavo Matos (2006, p. 12), “a cultura do diálogo é construída pela disposição
de abertura, ao mesmo tempo íntima e coletiva, para a comunicação”, o que gera
produtividade.
Dialogar requer justamente o exercício de alteridade, de personalidade, de ética, de
autoestima e principalmente de empatia. Não é uma tarefa fácil. É dar liberdade ao outro,
aceitar diferentes perspectivas, possibilitar a você mesmo a revisão de suas convicções e,
mais ainda, buscar e oferecer, mesmo no pensamento diverso, conexão com o seu, o que
possibilita o crescimento mútuo. Dialogue. Dialogue sempre. Fale, mas também ouça. Não
exija apenas que te ouçam. Ceda, também, espaço para a voz alheia.

ARGUMENTAÇÃO E
PRODUÇÃO ESCRITA

A proficiência na expressão
escrita e o êxito acadêmico
e profissional
Muitos acreditam que quem escreve bem são
somente algumas raras pessoas ou escritores, isto
é, aqueles que escrevem livros. Mas isso não é
verdade. Todos nós podemos escrever bem, com
criatividade e domínio dos aspectos da língua
culta. E, para isso, devemos praticar a escrita, uma
vez que só aprendemos a escrever bem,
escrevendo.

Além disso, não podemos escrever, muito menos


argumentar, sobre algo que não conhecemos.
Para adquirirmos e ampliarmos nosso
conhecimento, devemos ler jornais, revistas, livros
e sites, além de participarmos de cursos, palestras e fóruns que nos deem informações.
Também esses instrumentos nos ajudam na aquisição de um conjunto de vocábulos
indispensáveis para quem pretende escrever.

A propósito, o avanço da comunicação eletrônica tem aumentado a necessidade de o


profissional escrever. Hoje, as empresas comunicam mensagens que circulam dentro da
empresa ou fora dela, exigindo dos profissionais a habilidade da expressão escrita. Desse
modo, você deve saber que a competência profissional depende tanto de saber escrever
corretamente o português quanto dos conhecimentos técnicos da área de sua atuação.

O que é argumentação?
A argumentação é uma tipologia discursiva que é marcada pela intenção do argumentador
de fazer o interlocutor admitir seu ponto de vista ou simplesmente fazer o argumentador
defender a pertinência de seu próprio ponto de vista. Com isso, o ato de argumentar é visto
como o ato de persuadir ou convencer alguém. Sempre que argumentamos, temos o intuito
de convencer alguém a pensar como nós.

“o ato de argumentar, isto é, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões,


constitui o ato linguístico fundamental, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na
acepção mais ampla do termo.”

Koch (2011, p. 117)


Os textos cujo objetivo principal é argumentar são a dissertação e a argumentação.
Conforme Garcia (1996), enquanto a dissertação tem como propósito principal expor ou
explanar, explicar ou interpretar ideias, a argumentação visa, sobretudo, a convencer,
persuadir ou influenciar o leitor ou ouvinte. Acrescenta, também, que, na dissertação, é dito
o que se sabe ou acredita-se saber a respeito de determinado assunto; externa-se uma
opinião sobre o que é ou parece ser. Na argumentação, além disso, procura-se
principalmente formar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a razão
está com o emissor, de que ele é quem está de posse da verdade.

Estrutura do texto argumentativo


A partir das definições anteriores, destacamos, agora, um aspecto que diz respeito à
estruturação da argumentação, considerando-se que todo texto escrito deve ter início, meio
e fim e é dirigido a alguém.

Introdução: apresentação da tese


É onde o produtor apresenta a ideia-base, objeto das considerações do argumentador para
situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido; é a posição que o argumentador
defende. Algumas das maneiras de apresentarmos uma tese são:

Declaração afi rmativa (ou negativa):

Interrogação:

Defi nição:

Alusão histórica:

Citação:

Comparação:
Desenvolvimento: defesa da tese
Consiste na apresentação dos argumentos que fundamentam a tese apresentada na
introdução, por meio de razões ou provas, que podem ser por fatos, exemplos, ilustrações,
dados estatísticos, testemunhos, comparações, alusões históricas, entre outros. Os
argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por
quê? Para elaborarmos um desenvolvimento com qualidade, podemos escolher entre os
tipos de ordenação, os quais variam conforme o objetivo do argumentador (GUIMARÃES,
2012):

Argumento pragmático ou evidência:

Argumento de consenso:

Argumento por comparação (analogia):

Argumento por exemplifi cação:

Argumento de autoridade citada:

Conclusão: fecho do texto


É a parte final da argumentação que procede naturalmente das provas arroladas, dos
argumentos apresentados; consiste em pôr em termos insofismáveis a essência da
proposição. Na formulação da conclusão, podemos:
 Reafirmar o assunto;
 Fazer referência ao título;
 Retomar a introdução em outras palavras;
 Sintetizar os argumentos;
 Confirmar a tese com uma paráfrase;
 Fazer uma advertência;
 Fazer uma sugestão;
 Fazer uma possível proposta de solução para o problema apresentado na
introdução e discutido no desenvolvimento.

A transição entre o desenvolvimento e a conclusão é feita, geralmente, por meio de


conectores conclusivos que indicam a relação que desejamos estabelecer, tais como:
Portanto, ...; Dessa forma, ...; Isso posto, ...; Em face do exposto, ...; Por conseguinte, ...; Em
vista disso, ...; Por tais razões, ...; Por tudo isso, ...
Aspectos básicos da argumentação e produção
escrita
Para que o texto argumentativo seja bem construído e de fácil compreensão ao leitor, é
necessário que se observem os seguintes aspectos:

Emprego dos mecanismos de coerência e coesão


A produção da coerência é o acerto das partes com relação ao todo textual; do ajuste
sequencial das ideias; da progressão dos argumentos; das afirmativas que são explicadas;
das justificativas a teses; das transformações acompanhadas de provas; das proposições que
se concluem; da adequação desse (e outros) processos ao leitor.

A coesão trata de um conjunto de elementos responsáveis pela passagem de uma ou outra


unidade de sentido. Chama-se coesão ao conjunto dos recursos linguísticos responsáveis
pelas ligações que se estabelecem entre as partes de uma frase, entre as orações de um
período ou entre os parágrafos de um texto.

Domínio da língua culta


O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de identidade, constitui
também um recurso imprescindível para uma boa argumentação. Dito de outra forma: em
situações em que a norma culta se impõe, eventuais transgressões podem desautorizar a
fidedignidade de quem redige e desqualifica o próprio conteúdo exposto.

Você já deve saber que, além do respeito às regras gramaticais, uma das características do
texto argumentativo é a impessoalidade da linguagem. Texto impessoal significa que deve
ser evitado o discurso na primeira pessoa do singular (eu) e adotar o uso da primeira pessoa
do plural ou da terceira pessoa do singular ou do plural. Expressões como: nossas
conclusões, procuramos demonstrar, o governo não entregou, aprende-se na escola,
cientistas reconhecem, os parlamentares votaram.

Análise de um texto escrito argumentativo


Permeada pela desigualdade de gênero, a história brasileira deixa clara a posição inferior
imposta a todas as mulheres. Essas, mesmo após a conquista do acesso ao voto, ensino e
trabalho – negado por séculos – permanecem vítimas da violência, uma realidade que ceifa
vidas e as priva do direito a terem sua integridade física e moral protegida.

O machismo e a misoginia são promovidos pela própria sociedade. Meninas são ensinadas a
aceitar a submissão ao posicionamento masculino, ainda que estejam inclusas agressões e
violência, do abuso psicológico ao sexual. Os meninos, por sua vez, têm seu caráter
construído conforme absorvem valores patriarcais e abusivos, os quais serão refletidos em
suas condutas ulteriores.
Um dos conceitos filosóficos de Francis Bacon, que declara o comportamento humano como
contagioso, se aplica perfeitamente à situação. A violência de gênero, conforme continua a
ser reproduzida, torna-se enraizada e frequente. Concomitantemente, a voz das mulheres é
silenciada e suas manifestações são reprimidas, o que favorece o mantimento das atitudes
misóginas.

O ensino veta todo e qualquer tipo de instrução a respeito do feminismo e da igualdade de


gênero e contribui com a perpetuação da ignorância e do consequente preconceito. Ademais,
os veículos de comunicação pouco abordam a temática, enquanto o Estado colabora com a
Lei Maria da Penha, nem sempre eficaz, e com unidades da Delegacia da Mulher, em número
insuficiente.

Entende-se, diante do exposto, a real necessidade de ações governamentais que garantam


que a lei puna todos os tipos de violência, além da instalação de delegacias específicas em
áreas necessitadas. Cabe à sociedade, em parceria com a mídia e com as escolas, instruções
sobre igualdade de gênero e campanhas de oposição à violência contra as mulheres. Essas,
por fim, devem permanecer unidas, pelo feminismo, em busca da garantia de seus direitos
básicos e seu bem-estar social.

Comentários
O texto está estruturado em cinco parágrafos, organizados em blocos temáticos
independentes, mas bem articulados entre si. Apresenta as três estruturas básicas:
introdução, desenvolvimento e conclusão.

O primeiro parágrafo constitui a introdução do texto. Nessa parte, o assunto se desenvolve


em torno da ideia-núcleo, expressa pelo primeiro período, que é a tese – do tipo alusão
histórica: “Permeada pela desigualdade de gênero, a história brasileira deixa clara a posição
inferior imposta a todas as mulheres.”, que apresenta a posição da autora do texto em torno
da problemática do tema. Ainda nesse parágrafo, há reforço da tese no segundo período.

Nos segundos, terceiro e quarto parágrafos, que fazem parte do desenvolvimento, a autora
confirma e justifica sua tese por meio de argumentos. No segundo parágrafo, por meio de
exemplificação, analisa e critica o ensinamento das meninas e meninos. No terceiro
parágrafo, por meio de argumento de autoridade, legitima a sua tese citando Francis Bacon,
demonstrando conhecimento sociocultural. No quarto parágrafo, a autora reforça o seu
ponto de vista, apresentando ter informações relacionadas ao papel da educação, dos
veículos de comunicação e de instituições que reforçam a desigualdade entre os gêneros e o
preconceito contra a mulher.

Para a conclusão, no último período, a autora aponta uma perspectiva de solução para a
situação-problema, esta apresentada na tese e defendida nos argumentos do
desenvolvimento. A transição entre o desenvolvimento e a conclusão é feita pelo recurso
coesivo “diante do exposto”.

No texto, há encadeamento entre as ideias, e o tema é desenvolvido com coerência. Além de


assegurar a continuidade e a progressividade temáticas, a autora articula o texto com
elementos de coesão, como: “Essas” (1º parágrafo); “ainda que”, “por sua vez”, “os quais” (2º
parágrafo); “se aplica perfeitamente à situação”, “o que” (3º parágrafo); “Ademais” (4º
parágrafo); “diante do exposto”, “além”, “Essas” (5º parágrafo).

Você deve ter observado que a autora demonstra domínio da modalidade escrita formal da
Língua Portuguesa, tanto pelas estruturas linguísticas construídas como pela seleção lexical.
Além disso, o texto é objetivo, claro e impessoal, omitindo marcas de subjetividade no
discurso.

Posto isso, o texto apresentado é argumentativo, pois se organiza na defesa de um ponto de


vista, para formar a opinião do leitor, tentando convencê-lo à aceitação e persuasão da ideia
defendida. Seu objetivo é, em última análise, o convencimento do interlocutor mediante a
apresentação da tese, dos argumentos consistentes e da conclusão que sugere soluções.

LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO:


APRIMORANDO A CAPACIDADE RECEPTIVA

Leitura: compreensão e interpretação


A leitura é prática necessária à vida e cabe à universidade, como espaço privilegiado,
desenvolver habilidades intelectuais do pensamento. O pensar decorre da existência de um
problema ou situação que exige uma solução. A solução provém de uma atividade
sistemática na qual levantamos hipóteses, analisamos dados, sintetizamos informações,
emitimos julgamentos e chegamos a conclusões e soluções.

Ler e compreender um texto envolve apreensão dos significados nele contidos e capacidade
de relacionar o lido às experiências/conhecimentos pré-existentes no “mundo” já conhecido.
Freire (1988) explica essa habilidade intrínseca ao ato de ler quando afirma que “a leitura do
mundo precede a leitura da palavra” e, assim, “linguagem e realidade se prendem
dinamicamente”.

Sem dúvida, o leitor, ao construir o sentido do texto, baseia-se em seus valores sociais, seus
conhecimentos prévios e suas experiências de vida. Tal tarefa exige muitas habilidades
ligadas aos processos mentais que viabilizam a compreensão. Para entender um pouco
melhor esses processos, leia o seguinte texto:

A leitura requer o reconhecimento do vocabulário e a percepção da lógica frasal para que se


possa, assim, encontrar resposta à pergunta feita no título. Esses são os elementos
linguísticos da superfície textual e permitem, por exemplo, entendermos que as expressões
“três macacos”, “primatas sábios”, “os macaquinhos” e “seus nomes” referem-se à mesma
ideia nesse texto.
A referência aos macacos, identificando-os como “um não vê, o outro não escuta e o terceiro
não fala”, exige do leitor um conhecimento extratextual, pois induz à busca de uma imagem
que não está no texto. A explicação feita só tem sentido para o leitor se ele percebe como
relevante a resposta dada acerca da origem dos macacos cuja imagem foi resgatada pela
memória.

A compreensão do texto é um processo cognitivo no qual nossas faculdades mentais são


postas em ação. Compreender é “partir dos conhecimentos (informações) trazidos pelo texto
e dos conhecimentos pessoais (chamados de conhecimentos enciclopédicos) para produzir
(inferir) um sentido como produto de nossa leitura” (MARCUSCHI, 2008, p. 239).

Não é tarefa fácil diferenciar as atividades de compreensão e interpretação. Alguns teóricos


percebem-nas como equivalentes, outros sugerem que compreender é muito mais complexo
que interpretar. Para tornar esses conceitos um pouco mais claros, pense que, ao responder
às questões anteriores, você leu ambos os textos e foi desafiado a estabelecer a relação
existente entre eles.

Esse trabalho consciente na busca das conexões textuais é a atividade de interpretação. Por
meio dela, você foi conduzido a comparar os dois textos por meio das três questões que
orientaram o seu raciocínio de forma intertextual. Já a compreensão, como destaca Leffa
(2012, p. 267), “é vista como uma camada subterrânea, invisível e impregnada de conexões
possíveis”, ou seja, compreender abre um leque de outras percepções e entendimentos que
as questões dadas não alcançam.

Compreender é uma prática social que envolve a participação do leitor ou do ouvinte na


construção dos sentidos necessários à interação. Sendo assim, a compreensão está envolvida
em todas as situações nas quais buscamos entender o mundo e participar dele; é condição
para conviver, partilhando conhecimentos.

Em síntese, a interpretação é construída por meio de diferentes estratégias e sistemas de


conhecimento. Sobre esses aspectos, trata a próxima seção.

Ler e compreender como processo mental


A leitura é aqui entendida como prática social e, do ponto de vista da interação, dá-se no
encontro entre autor e leitor por meio do texto. Nesse sentido, Hartmann e Santarosa (2012,
p. 60) entendem que a leitura “se configura em uma prática que conduz à autonomia do
pensamento, porque não é apenas recepção, é diálogo, é construção de sentidos [...]”, ou
seja, o leitor processa a compreensão, por meio de fatores envolvidos nesse trabalho.

Nessa perspectiva, texto é lugar de interação, são os enunciados concretos que se realizam
nas práticas sociais vivenciadas diariamente. É no contato com o texto que construímos o
processo pessoal da leitura, por meio de fatores especialmente ligados às habilidades de ler
e interpretar.
Koch e Elias (2010) destacam os seguintes fatores como essenciais ao
processamento textual:

Conhecimento linguístico
O conhecimento linguístico refere-se ao conhecimento gramatical e lexical necessários para a
compreensão dos recursos utilizados na organização do que se lê. Abrange o conhecimento
do vocabulário, das regras da língua e dos seus usos. Ou, como destaca Leffa (2012), é a
tradução do código; o que significa afirmar que o leitor aplica seus conhecimentos, acerca do
código linguístico, na tarefa de decifrar o texto a ser lido.

Conhecimento enciclopédico
O conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo, por sua vez, está ligado aos
conhecimentos gerais sobre o mundo, relativos a vivências pessoais e eventos já arquivados
na memória que são evocados na tarefa de produzir sentidos. Para exemplificar, leia o
excerto a seguir retirado do texto “Para que servem as ficções?”, de Contardo Calligaris:

Para que servem as ficções

Cresci em uma família em que ler romances e assistir a filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não
era considerado uma perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono para acabar
um capítulo, e não era preciso me trancar no banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais,
eventualmente, pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam claro que meu
interesse pelas ficções era uma parte crucial (e aprovada) de minha "formação". Eles sequer
exigiam que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor cultural estabelecido. Um
policial e um Dostoievski eram tratados com a mesma deferência. Quando foi minha vez de ser
pai, agi da mesma forma. Por quê?

Contardo Calligaris
Perceba que, neste trecho, Calligaris faz referência a Dostoievski, autor russo do clássico
“Crime e Castigo”. E não o faz por acaso. No texto, elabora uma comparação entre qualquer
romance do gênero policial (sem citar obra ou autor) e um Dostoievski, no intuito de frisar
que as leituras eram tratadas com a mesma importância pelos pais, independentemente do
seu valor cultural ou possíveis ensinamentos. Nesse sentido, se o leitor tem essas
informações na sua memória, consegue processar melhor as intenções do texto, bem como a
argumentação construída pelo autor. Além disso, fica mais fácil chegar ao significado de
“deferência”, caso o leitor desconheça o termo.

Conhecimento interacional
Por último, o interacional é o conhecimento das formas de interação por meio da linguagem.
Esse tipo de conhecimento refere-se à capacidade de compreender os objetivos do autor, a
situação comunicativa em que o texto se insere e a variante linguística empregada; o que
também inclui a percepção do gênero textual quanto, por exemplo, aos seus aspectos
estruturais e à sua função social.
Trata-se evidentemente de horóscopo. Mas o que permite ter certeza disso? A forma de
estruturação do texto, o diálogo com o leitor no intuito de orientá-lo em suas ações ou ainda
a estruturação curta, pois equivale aos conselhos para o dia. Essas marcas são as
interacionais, mas só se tornam eficientes se o leitor souber a que signo se refere (Touro) e o
período de nascimento que o identifica (21 de abril a 20 de maio).

A compreensão e a atividade inferencial


Na leitura, estão envolvidos elementos linguísticos, como letras, sílabas, palavras, estruturas
e proposições, bem como as expectativas do leitor, sua interpretação e compreensão. Para a
construção de significados, também colaboram elementos que constituem o conhecimento
de mundo do leitor, os quais são armazenados na sua memória sob a forma de modelos
cognitivos que permitem formular inferências.

Compreender um texto, portanto, exige que o leitor aplique vários tipos de conhecimento
necessários à leitura. Nessa tarefa de produção de sentidos, o conhecimento prévio é
essencial, posto que “no processo de compreensão, desenvolvemos atividades inferenciais”
(MARCUSCHI, 2008, p. 239). Mas o que são as atividades inferenciais?

Inferência consiste no resultado de um processo cognitivo por meio do qual uma informação
nova é gerada com base em uma informação velha, ou seja, chega-se à conclusão de algo a
partir de um dado conhecimento. São, pois,
conexões que as pessoas fazem na tarefa de
interpretar o que leem.

No processamento das informações do texto e


com base no contexto que envolve a situação
comunicativa, o leitor ativo estabelece relações
entre os conhecimentos anteriormente
constituídos e as informações novas contidas no
texto. Ou seja, a inferência não está no texto, mas
na leitura, e vai sendo construída conforme os
leitores vão interagindo com a escrita.

Cabe também ressaltar a percepção de


elementos adequados ao gênero textual crônica
como, por exemplo, uso de estrutura narrativa,
linguagem simples e tema do cotidiano. Também
ficam perceptíveis, quanto aos fatores
interacionais, os objetivos de Veríssimo que se
vale de um bate-papo comum para, de forma
irônica e divertida, destacar por que “pai não
entende nada”.
COMUNICAÇÃO E MÍDIAS CONTEMPORÂNEAS: NOVOS ESPAÇOS,
NOVOS DESAFIOS
O conceito de “mídia” e a diferença entre mídias
analógicas e mídias digitais
Etimologicamente, mídia é uma adaptação do termo latino “media”, que é o plural de
“medium” (singular), significando meio. Na língua portuguesa, nós utilizamos tanto o termo
meios de comunicação como mídias para designar “suportes materiais, canais físicos, nos
quais as linguagens se corporificam e através dos quais transitam” (SANTAELLA, 2003, p. 25).
Ao longo da história, o ser humano produziu inúmeras mídias para armazenar e distribuir
informações e, dessa forma, ampliar a sua capacidade de comunicação, pois a nossa voz, por
mais eficiente que possa ser em situações de fala, tem uma duração efêmera.

Na Pré-história e na Antiguidade, alguns dos meios de comunicação mais comuns eram a


pintura rupestre em cavernas, as tabuletas feitas de argila, os rolos de papiro e pergaminho,
que foram sendo substituídos pelos livros de papel e, hoje, em parte, pelos aparelhos de
computação.
Atualmente, no campo de estudos das mídias, os pesquisadores costumam caracterizar as
mídias mais antigas como “mídias analógicas”. Já as “mídias digitais”, também chamadas de
novas mídias, estão relacionadas com o desenvolvimento do computador e das ciências da
computação, que tiveram seu início nas décadas de 1950 e 1960. Basicamente, de acordo
com Lister et al. (2009, p. 16), o que diferencia uma mídia analógica de uma mídia digital é
que, nas mídias analógicas, as propriedades físicas dos dados de entrada (as informações
capturadas) são convertidas em um outro objeto, que possui uma forma física parecida
(análoga) com os próprios dados de entrada.

Para exemplificar, também podemos pensar no funcionamento de uma câmera fotográfica


analógica, que está equipada com um filme revestido com produtos químicos sensíveis à luz.
Assim sendo, em termos simplificados, a informação que entra na câmera analógica (a flor,
na imagem abaixo) é a própria luz que emana do objeto que está sendo fotografado, ficando
marcada sobre o filme, como um rastro semelhante ao objeto fotografado. Posteriormente, o
filme será revelado, e esse “rastro” deixado pela luz será transposto para o papel da foto. Em
última análise, a forma física da fotografia que veremos, no final do processo, é semelhante
(por isso, analógica) ao rastro deixado pela luz sobre o filme.

Já nas mídias digitais, a informação é organizada eletronicamente em sequências de bits


(bytes), ou feixes discretos de informação. Isso permite um número maior de informação a
ser armazenado e processado em uma velocidade maior do que qualquer outro meio na
história humana. A informação pode ser comprimida durante a transmissão e
descomprimida na chegada, permitindo que dados viajem em uma velocidade maior em
distâncias maiores. No caso das imagens, esses bits são chamados de pixels. Embora a
câmera fotográfica digital, assim como a analógica, também utilize uma superfície
fotossensível (sensível à luz) para captar a luz dos objetos fotografados, ela transforma esse
rastro deixado pela luz em bits ou pixels, os quais podem ser gravados como arquivos
digitais no próprio aparelho e, posteriormente, podem ser colocados para circular na rede
mundial de computadores. Nesse caso, a forma da fotografia que veremos, no final do
processo – na tela de algum aparelho ou impressa em papel –, é diferente (e não análoga)
aos pixels que compõem a imagem e, por isso, esse tipo de mídia não é chamado de
analógico e sim, de digital.

A fluidez dos conteúdos digitais através das


múltiplas plataformas
Ao passo que nas mídias analógicas geralmente o conteúdo é transmitido de forma linear e
centralizada para públicos massivos, nas mídias digitais a produção e a recepção não
possuem um centro unificado, pois muitas pessoas transmitem conteúdo para muitas
outras. Em poucos termos, antes de convergir com as mídias digitais, as mídias analógicas
não permitiam que produzíssemos nossos próprios conteúdos a partir da interação com
aquilo que recebíamos; já as mídias digitais vêm nos transformando em uma espécie de
produtor-consumidor, o que levou o pesquisador Axel Bruns a sugerir o conceito “produser”
(em português, produsuário) para caracterizar esse produtor-usuário híbrido (BARKER, 2011).

Para compreender esse fenômeno, podemos comparar o funcionamento da televisão (uma


mídia originalmente analógica) com o funcionamento de sites de rede social como o
Facebook ou o Youtube.

Na televisão, um mesmo conteúdo – uma telenovela, um documentário, um telejornal, por


exemplo – é transmitido, ao mesmo tempo, por uma emissora, para um número muito
grande de pessoas, o que a caracteriza como uma mídia endereçada a grandes massas.

Já em sites como o Facebook, há uma série de pessoas intercalando os papéis de produtores


e receptores de conteúdos os mais variados, ao mesmo tempo.
Assim sendo, quando lemos o que é postado (o que nos torna receptores), também somos
capazes de fazer nossas próprias postagens (o que nos torna produtores), e os conteúdos
que circulam não são os mesmos a atingir as mesmas pessoas, como ocorria com as mídias
analógicas.

O pesquisador Jorge Yudice (p. 91) chamou a atenção para o modo como empresas de mídia
estão usando essa estratégia para atingir os consumidores de mídia de forma personalizada,
através de fenômenos como o streaming, que permite disponibilizar conteúdo on-line, o qual
é acessado pelo usuário quando e como ele decidir, desde que pague uma taxa mensal ou
anual. Plataformas de filmes e séries como Netflix, de música como Deezer e mesmo de
livros como Amazon ou Scribd são exemplos do uso desse recurso. Nas palavras de Yúdice,
Enquanto as redes de televisão oferecem programas que nem todo espectador quer ver e
precisam desenvolver estratégias para manter a atenção desses espectadores ao longo de
uma noite, para assim alcançar bons ratings e, portanto, anunciantes, os novos serviços de
streaming e OTT (over-the-top content ou conteúdo transmitido sem a intervenção de um
operador) oferecem o que e quando os espectadores querem ver, sem se preocuparem com
a publicidade.
Essa dispersão na produção e na recepção, típica das mídias digitais, ocorre porque a
digitalização permite que um mesmo conteúdo migre entre muitas plataformas, tornando
flexíveis as condições de tempo e espaço para os processos comunicativos. Lister et al. (2009,
p. 19) sintetizam essa característica afirmando o seguinte:

As mídias analógicas tendem a ser fixas, ao passo que as mídias digitais tendem a um
estado permanente de fluxo. [...] As mídias digitais também existem como uma cópia física
analógica, mas quando o conteúdo de uma imagem ou texto está digitalizado, fica
disponível como uma sequência de números binários armazenados na memória de um
computador.

Por exemplo, se eu leio uma notícia interessante em algum jornal on-line, posso transmiti-la,
a qualquer momento, através de sites de redes sociais, mas também posso enviá-la
diretamente para apenas alguns de meus contatos por e-mail ou através de outros canais.
Além disso, também é possível enviar livros inteiros, filmes, músicas – desde que estejam
digitalizados –, por e-mail, através de sites das redes sociais ou de outras plataformas
compatíveis. Em poucos termos, a notícia flui através de muitas plataformas porque consiste
em conteúdo digitalizado (bits, pixels). Portanto, pode-se dizer que, de certo modo, o
conteúdo digital é volátil, no sentido de que não está preso ou fixo a um único suporte ou
plataforma, o que não significa que seja instável, pois sempre que for acessado, estará
disponível de modo idêntico, independentemente do suporte utilizado para o acesso (por
exemplo, um celular, um tablet, um desktop).

O internetês e o uso de ícones visuais


É importante ressaltar que cada nova mídia introduz também novas possibilidades de utilizar
a linguagem. No contexto das mídias digitais, existe uma tendência, por parte dos usuários, a
modificar a linguagem verbal em relação ao código da norma culta, criando adaptações ou
“desvios linguísticos”. Essa tendência é tão forte que levou alguns linguistas a afirmarem que
a internet gerou uma nova linguagem, o internetês. Em um estudo sobre a escrita em
webblogs, por exemplo, a pesquisadora Roberta Varginha Ramos Caiado (2007, p. 41)
constatou uma série de adaptações linguísticas motivadas pelo espaço comunicacional dos
blogs. Na internet, ao invés de escreverem as palavras com todas as letras, é muito comum
que as pessoas utilizem abreviações, de modo a facilitar e acelerar o ritmo da comunicação.

Outra característica forte da linguagem no espaço das mídias digitais é o uso de signos
visuais mesclados à linguagem verbal, principalmente os assim chamados emoticons.

Dessa forma, ocorre um hibridismo entre a linguagem verbal e a linguagem visual quando
nos comunicamos através de plataformas digitais.
Conforme esclarece Anderson Cristiano da Silva, (p. 98), para alguns professores, o Internetês
compromete o aprendizado da língua portuguesa padrão, mas outros acreditam que “toda
forma de comunicação é válida, com a ressalva de que é preciso que os alunos estejam
atentos para que a linguagem virtual não extrapole situações que exigem o uso do português
padrão culto.” Em poucos termos, embora algumas pessoas considerem esse tipo de
linguagem como “errada”, em nossa perspectiva, trata-se de uma “variação linguística” válida
em contextos comunicativos informais do ambiente digital, como os chats, os e-mails, as
mensagens rápidas em redes sociais e outros canais.

Entretanto, é muito importante que você saiba que essa linguagem não é adequada em
contextos formais de comunicação, como, por exemplo, em uma redação acadêmica, em um
documento oficial vinculado ao ambiente de trabalho, entre outros tantos espaços que
exigem o domínio da norma padrão da língua escrita. A pesquisadora Ana Elisa Ribeiro
sintetiza essa discussão, afirmando que o problema não é utilizar linguagem de internet para
se comunicar, mas dominar apenas um modo de operar com textos:

Um jovem que frequenta salas de bate-papo provavelmente domina a escrita peculiar a


esse ambiente. Se ele percebe o momento de alterar o modo de escrita quando se transfere
para outro ambiente, ainda está tudo bem. O que parece indesejável é que ele empregue
um único modo para todos os ambientes, como se não fosse capaz de reinventar sua
maneira de interagir de acordo com indicadores do novo ambiente. (RIBEIRO, 2007, p. 238)

A remixagem e os memes
Como esclarece o pesquisador Henry Jenkins (2014), cada vez mais, a tecnologia digital tem
sido desenvolvida de modo a facilitar a convergência das mídias e o compartilhamento dos
conteúdos. Segundo Jenkins, essa lógica tem estimulado um modelo mais participativo de
cultura, que vê o público não simplesmente como consumidores de mensagens pré-
construídas, mas como pessoas que estão formando, compartilhando, reconfigurando e
remixando os conteúdos de mídia de modos que anteriormente não poderiam ser
imaginados. E as pessoas não estão fazendo isso como indivíduos isolados, mas dentro de
comunidades maiores e de redes, o que lhes permite espalhar conteúdos muito além de sua
proximidade geográfica imediata.

O remix (ou remixagem, em português) é uma dessas práticas às quais se refere Jenkins,
tendo se tornado tão popular no ambiente digital que a revista Wired (julho de 2005) chegou
a afirmar que estamos vivendo “na era do remix”. O pesquisador Chris Barker (2011)
esclarece que, em geral, o remix envolve as funções de “cortar e colar”, mas também
processos mais complexos para desconstruir e reconstruir conteúdos dos mais diversos
campos da cultura, desde obras de arte, literatura, filmes, animação e música. A intenção do
remix é sempre produzir algo novo e distinto a partir das formas pré-existentes, sejam elas
animações, filmes, charges, fotos ou canções. Nas palavras de Dudeney, Hockly e Pegrum
(2016, p. 54),

o remix pode implicar mudar o slogan de um anúncio para subverter a mensagem original.
Pode envolver o uso de Photoshop em determinada imagem de uma figura política numa
foto anterior para lançar nova luz sobre a política que ela pratica. Pode acarretar mashing
up, isto é, combinar duas canções preexistentes para criar um diálogo inesperado entre
duas letras. Pode incluir dublar ou legendar criativamente um filme para surpreender os
espectadores. O remix é um jogo de saber, no qual as reivindicações de verdade
frequentemente não têm lugar. E, como em todos os outros jogos, tem a ver com diversão
ao longo do trajeto.

Um exemplo recente muito popular de canção que foi submetida a inúmeros processos de
remixagem é Despacito, composta originalmente pelo cantor porto-riquenho Luis Fonsi e o
rapper Daddy Yankee. Recentemente, circularam inúmeras versões remixadas da letra e da
coreografia dessa canção, através das redes sociais, geralmente remetendo a vídeos no
Youtube. Algumas remixagens que ficaram muito populares incluem versões com os
personagens da animação Minions, versões em japonês, alemão e inclusive adaptações com
a música nativista gaúcha.

O remix é a prática de produzir novos conteúdos utilizando conteúdos já disponíveis na


Internet. Se você quiser saber mais sobre a Cultura do Remix, não deixe de ler o artigo que se
encontra no livro produzido de forma colaborativa Para entender a Internet!

Outro fenômeno típico do ambiente virtual são os assim chamados memes, conteúdos
capazes de despertar o interesse de um número gigantesco de pessoas conectadas à rede –
principalmente nas redes sociais – e que, por isso, são compartilhados e difundidos de forma
vertiginosa. O vídeo da escocesa Susan Boyle, já citado anteriormente, é um exemplo de
meme, mas também algumas remixagens de Despacito. Alguns memes são construídos com
técnicas de remixagem, embora outros sejam gravações de situações do cotidiano ou
fragmentos de canções ou programas televisivos. Popularmente, afirma-se que um conteúdo
se transformou em meme quando foi viralizado, o que remete a uma metáfora do campo da
Biologia.

Novas ferramentas e espaços de comunicação


O ambiente de convergência das mídias, onde o compartilhamento dos conteúdos é cada vez
mais facilitado, propiciou o surgimento de uma série de novas ferramentas e espaços de
comunicação, muitos deles caracterizados como projetos colaborativos, os quais não seriam
possíveis sem a mediação da internet.
Um dos exemplos mais conhecidos e bem-sucedidos é a Wikipedia, uma enciclopédia virtual
produzida por voluntários ao redor do mundo, em vários idiomas, que fornece conteúdo
gratuito a qualquer usuário.
Nessa mesma linha, o projeto internacional REA (Recursos Educacionais Abertos)
disponibiliza, gratuitamente, material educacional com licença aberta, o que permite que
qualquer usuário possa não apenas acessar e utilizar uma grande quantidade de material,
mas também modificá-lo sem infringir leis de direitos autorais.
Uma das primeiras reações do mercado editorial ao cenário das tecnologias digitais foi
oferecer versões digitalizadas dos livros impressos para compra e venda, os assim chamados
e-books, que podem ser lidos em um desktop, em um celular, em um tablet, mas também
nos e-readers (livros eletrônicos) produzidos por empresas como a Kindle, entre outros. Com
a possibilidade de digitalização dos livros impressos, surgiram também muitos projetos de
bibliotecas virtuais gratuitas ao redor do mundo, permitindo que qualquer pessoa conectada
à rede escolha e acesse livros gratuitamente. Alguns exemplos são a iniciativa
internacional Projeto Gutenberg e projetos brasileiros, como o Domínio Público e a Biblioteca
Virtual da UFSC. A grande vantagem dos e-books, comparados com os livros impressos, é a
facilidade de acesso e disponibilização dos livros.

Versões mais recentes de livros digitais incluem também os assim chamados book apps
(também chamados de livros-aplicativos ou livros interativos). Ao passo que o e-book é um
arquivo que pode ser replicado e enviado através de e-mail e das redes sociais, o livro
interativo é um tipo de software de aplicação que precisa ser baixado de lojas como iTunes,
Google Play ou do site de alguma editora independente. Juntamente com os traços
tradicionais dos e-books, tais como texto e imagens mostrados de forma digital, ícones de
navegação e telas iniciais, por exemplo, os livros interativos também permitem mover
imagens e letras com o toque dos dedos, iniciar pequenas animações, ouvir músicas e efeitos
sonoros que acompanham as narrativas. Eles também permitem ouvir a história ao invés de
lê-la, pois estão equipados com dispositivos de leitura automática. Em poucos termos, os
livros interativos estão dotados de recursos de hipermídia, multimídia e interatividade.

As redes sociais da internet


Algumas das mídias digitais mais populares atualmente são os sites de redes sociais, como o
Facebook, o Instagram, o Twitter, entre outros. É importante ter claro, de início, que as redes
sociais sempre existiram, mesmo antes do surgimento das tecnologias digitais, sendo que,
antes, as pessoas se inseriam nessas redes através de espaços como clubes, igrejas,
comunidades de trabalho, criando laços através de conversas, cartas, encontros, entre outras
tantas possibilidades.

Na era das tecnologias digitais, contudo, ficou muito mais fácil criar e participar de redes
sociais, pois, como esclarece a pesquisadora Raquel Recuero,

enquanto no mundo off-line, manter uma conexão social, seja forte ou fraca, necessita
investimento de atenção, sentimento etc. tanto para a sua criação quanto para a sua
manutenção, nos sites de rede social as conexões são inicialmente mantidas pela própria
ferramenta [...]. Mesmo que nenhuma interação ocorra, a menos que um dos atores delete
a conexão, esta, uma vez estabelecida, permanece.
Os sites de rede social, portanto, influenciam as nossas redes sociais na medida em que
possuem modos particulares de funcionamento. Devido ao fato de agregarem uma
quantidade imensa de pessoas conectadas em redes e por contarem com tecnologia digital,
esses sites proporcionam uma facilidade antes impensada de compartilhamento de
informações, transformando-se, dessa forma, em um dos espaços mais importantes da
atualidade para a difusão de todos os tipos de conteúdo, desde notícias muito relevantes até
informações deliberadamente falsas e discursos violentos.
Alguns pesquisadores, como Paula Sibilia (2016), demonstraram que as redes sociais da
internet incentivam o narcisismo e o culto ao eu, valores que têm se tornado cada vez mais
fortes na atual sociedade em que vivemos, voltada para o consumo.
Nesse sentido, as pessoas parecem cada vez mais interessadas em exibir suas próprias vidas
na rede, geralmente transmitindo a ideia de um protagonismo antes destinado apenas aos
famosos e exibindo uma felicidade construída e frequentemente artificial. Algumas das
práticas mais comuns, nesse sentido, são a exposição espetacularizada de tudo o que se faz
durante a maior parte do dia, fotos em situações sempre muito felizes – como viagens,
festas, encontros etc. –, além dos famosos selfies. Nas palavras de Sibilia (2016, p. 42),

afinal, o que se busca ao se exibir nas redes? Seduzir, agradar, provocar, ostentar,
demonstrar aos outros – ou a alguém em particular – o quanto se é belo e feliz, mesmo que
todos estejam a par de uma obviedade: o que se mostra nessas vitrines costuma ser uma
versão "otimizada" das próprias vidas. Nessa performance de si, cada usuário faz uma
cuidadosa curadoria do próprio perfil visando a obter os melhores efeitos na maior
audiência possível.
Independentemente das razões que nos levam a participar das redes sociais da Internet, é
muito importante levarmos em conta que, pelo simples fato de estarmos conectados a elas,
produzimos uma identidade on-line naquele espaço, que alguns pesquisadores denominam
de identidades digitais. Elas são formadas pelas informações que disponibilizamos nos perfis
das plataformas das redes sociais, sites e blogs, mas também pelo tipo de conteúdo que
produzimos, postamos e compartilhamos nesses espaços. É cada vez mais comum, no
mundo em que vivemos, que empregadores utilizem essas informações, juntamente com
outros critérios, para selecionar candidatos a vagas de trabalho. Por essa e outras razões,
antes de compartilhar conteúdo, você deve refletir sobre como quer ser conhecido e
reconhecido on-line.

Alguns pesquisadores (Recuero, 2012) têm demonstrado que as redes sociais da Internet
também são um espaço onde se produz e se adquire capital social, um tipo de valor ou
benefício obtido através do pertencimento a um ou vários grupos sociais. Esse aspecto
aponta para o imenso potencial dos sites de redes sociais como espaço para a educação,
para o crescimento pessoal e para o desenvolvimento da carreira profissional.

Recuero esclarece que o capital social tem um duplo aspecto, pois, de um lado, é preciso
investimento nas relações sociais para, apenas num segundo momento, obter os benefícios
advindos dessas relações. Em outros termos, o capital social está relacionado com o
investimento que cada pessoa está disposta a realizar nas redes, o qual, por sua vez, está
relacionado com as expectativas de retorno. Nesse sentido, a maior parte das pessoas
conectada nas redes parecem estar interessadas em obter recursos como reputação,
visibilidade, popularidade, conhecimento, suporte social e laços sociais. Os principais
investimentos para atingir esse capital, por sua vez, geralmente demandam a criação e a
manutenção das conexões (que pode acontecer através de conversações ou outras
atividades de interação com os contatos), a construção de um perfil e o compartilhamento
constante de recursos na rede (conteúdos e informações).

Quando compartilhamos conteúdos nas mídias sociais, é comum termos a sensação de


estarmos sozinhos, pois não estamos vendo as inúmeras pessoas que fazem parte da nossa
rede. Nesse sentido, Recuero (2015) nos lembra que, na comunicação presencial, face a face,
nós emitimos vários sinais de feedback que informam as pessoas quando elas estão
entrando em uma zona "perigosa" ou "tensa" durante a fala, permitindo que mudem de
assunto, ou que simplesmente reparem o que foi dito. Esse contexto da comunicação
presencial não existe on-line, pois os usuários têm a sensação de estarem "falando" para
uma tela, não para uma pessoa e, muito menos, para um grupo imenso de pessoas. Alguns
pesquisadores denominam esse fenômeno de “colapso do contexto” ou, então, de
“audiências invisíveis” na rede (RECUERO, 2015). Por essa razão, é muito mais fácil disseminar
discursos de violência, conteúdos agressivos e, em alguns casos, informações equivocadas ou
deliberadamente adulteradas através dos sites de redes sociais do que presencialmente. Os
prejuízos causados com esse tipo de prática são imensos e incluem o ciberbullyng, a
difamação, a agressão verbal, a violência simbólica contra minorias, além da propagação de
ignorância, obscurantismo e ódio.

Isso nos leva a concluir que, acima de tudo, é necessário aprender a se relacionar nas redes
mediadas pela internet, investindo em práticas que nos tragam benefícios como informação
atualizada e de qualidade, fortalecimento de nossas relações sociais, entretenimento.

LEGENDA: Como produtores e replicadores de conteúdo, temos a obrigação de barrar


informações falsas, notícias duvidosas, além de sempre evitar linguagem agressiva e
discursos que façam apologia ao ódio, pois tais práticas se caracterizam como um péssimo
investimento para quem está interessado em obter capital social de qualidade nas redes.
Antes de compartilhar algo, portanto, é preciso pesquisar sempre a fonte, garantir a
veracidade e a legitimidade do que está sendo compartilhado: uma vez que algo entra na
rede, sua capacidade de impacto sobre as pessoas será sempre maior do que se imagina.

TEXTO VERBAL E NÃO VERBAL: AMPLIANDO A


IDEIA E A CAPACIDADE DE LEITURA
A relação entre a linguagem verbal e a linguagem
visual
A linguagem verbal – falada e escrita – é o mais complexo sistema de que dispõe o ser
humano para se comunicar. No entanto, não devemos subestimar a capacidade dos demais
sistemas comunicativos, principalmente as imagens. Na comunicação oral, é muito comum
utilizarmos a linguagem verbal juntamente com outros sistemas de signos. Por exemplo,
quando falamos, não emitimos apenas palavras. Também comunicamos através de nossas
expressões faciais, dos gestos de nossas mãos e, mesmo, através de certas posturas
corporais.
Muitas vezes, só é possível identificar se o que está sendo dito é sério ou não através dos
gestos, da entonação da voz e da expressão facial que acompanha as palavras enunciadas.
Outras vezes, nós sequer utilizamos palavras para a comunicação, quando, por exemplo,
fazemos um sinal afirmativo com a mão ou quando balançamos a cabeça para sinalizar uma
resposta negativa.
Em todos esses casos, estamos utilizando a visualidade produzida pelo nosso corpo como
forma de expressão para nos comunicarmos, juntamente com a linguagem oral.

Por outro lado, é importante saber que a linguagem escrita também possui uma dimensão
visual que se manifesta, por exemplo, quando dizemos que a letra de uma pessoa é bonita,
feia, legível, ilegível. Além disso, com recursos de computação, podemos mudar e manipular
facilmente as fontes das letras que usamos para digitar um texto, às vezes, apenas por
questões estéticas, mas também para expressar algum significado adicional. Na comunicação
mais informal que predomina em redes sociais da internet ou em aplicativos como o
Whatsapp, as pessoas costumam utilizar a visualidade das letras para expressar emoções ou
para criar efeitos estéticos nas mensagens. Por exemplo, se alguém faz um convite para ir a
um restaurante ou a uma festa, é possível reagir de várias maneiras, algumas muito
empolgadas e outras muito negativas: repetindo a mesma letra, usando maiúsculas ou
minúsculas, acrescentando sinais de pontuação, mudando o tipo de fonte, mudando a cor
das fontes.
O uso do ponto de exclamação pode acrescentar uma dimensão mais afetiva a uma
afirmação ou a uma resposta.
Geralmente, escrever com todas as letras maiúsculas acrescenta intensidade a uma resposta.
O ponto de exclamação aumenta ainda mais essa intensidade.
Outra maneira de enfatizar uma resposta, acrescentando uma dimensão emotiva, é repetir
uma das letras ou um ponto de exclamação várias vezes.
Como você percebeu a partir desses exemplos, a visualidade da linguagem escrita pode
agregar sentidos emotivos e contextuais às mensagens.

Embora na linguagem formal isso seja pouco adequado, o uso da visualidade das letras é
utilizado intencionalmente como forma de expressão em alguns tipos de discurso, não
apenas na linguagem informal das redes sociais, mas também na publicidade e na literatura,
especialmente na poesia.

Para vender uma versão do refrigerante Coca-Cola que vinha em uma garrafa de gelo (e não
de vidro), os publicitários que criaram a peça que está no hiperlink fizeram uso da estética
visual das letras que compõem o enunciado em espanhol "Fría hasta la última gota" (Fria até
a última gota).

Nesse caso, chama atenção principalmente o contraste entre o uso da cor branca para as
palavras “frio; até; gota” e o uso do preto para “a última”. O objetivo provavelmente é
ressaltar a ideia de frescor dessa embalagem com o uso do branco associado ao frio, de um
lado, e, de outro, associar a palavra “última” ao próprio líquido, que é preto.
Nesse sentido, é possível modificar as formas, cores, tamanhos, disposições das letras no
espaço da página, entre outras possibilidades, de modo a criar efeitos estéticos e sentidos
literários surpreendentes. Trata-se de uma maneira criativa e prazerosa de exercer a
criatividade artística e literária. Observe como o poeta português E. M. Melo e Castro, no
poema Pêndulo , conferiu dinamismo e iconicidade à palavra pêndulo unicamente através da
disposição das letras, criando um belo e sugestivo poema visual.
O processo de significação das imagens
Para compreender o processo de significação de uma imagem, é importante pensar,
primeiro, sobre como nós compreendemos as palavras.

A compreensão do significado de uma palavra depende do domínio de um código ou


convenção. Por exemplo, para entender o que é uma casa em países onde não se fala
português, é preciso aprender o código linguístico (o idioma) que cada uma dessas
sociedades utiliza para expressar o significado daquilo que denominamos “casa”, pois não há
nenhuma semelhança entre as palavras casa, Haus (Alemão), house (Inglês), Maison
(Francês), indlu (Zulu) e o objeto que reconhecemos como uma casa.
As palavras, portanto, só fazem sentido para as pessoas que dominam os códigos,
convenções ou acordos de cada comunidade linguística, o que faz com que as palavras sejam
consideradas “signos convencionais ou arbitrários”.

Já as imagens não dependem necessariamente do domínio de um código para fazerem


sentido. Retomando o exemplo anterior, poderíamos simplesmente desenhar, pintar ou
fotografar uma casa e mostrar essa imagem para o receptor que não fala português, o qual
provavelmente entenderia imediatamente o que queremos expressar. Em poucos termos,
enquanto palavras não fazem sentido se não dominarmos o código linguístico em que elas se
inserem, para compreender o significado de uma imagem, basta conhecer previamente o seu
objeto de referência, pois existe uma semelhança entre ambos. Por essa razão, as imagens
são consideradas “signos icônicos”. No blog Diariodesescolar, você poderá ver algumas
imagens de diferentes tipos de casas e, provavelmente, não terá problema algum para
reconhecê-las como casas.

Devido à semelhança que mantêm com os objetos que representam, a compreensão das
imagens seria, aparentemente, mais fácil do que a compreensão das palavras faladas ou
escritas. No entanto, isso é verdadeiro apenas em parte, pois o que compreendemos, de
imediato, em uma imagem, é apenas o seu significado mais óbvio, que pode ser chamado de
significado literal ou denotativo, mas não os seus significados conotativos, simbólicos,
culturais e ideológicos.

Por exemplo, as casas das imagens são diferentes umas das outras, apontando para
diferentes culturas, sociedades, tecnologias de construção, classes sociais etc. Para
compreender esses significados mais amplos, você também precisaria aprender sobre as
culturas e as sociedades onde cada uma dessas casas foi construída.
No caso de imagens artísticas, embora seja possível reconhecer imediatamente o significado
denotativo de “casa”, para compreender os seus significados conotativos você precisaria
pesquisar e aprender um pouco sobre os códigos estéticos e artísticos de cada pintor que as
produziu.
Como interpretar diagramas ou
gráficos?
Podemos afirmar que o diagrama é uma imagem criada como a
representação gráfica de alguma informação que se quer veicular e não de um objeto físico.
A compreensão desse tipo de signo demanda, portanto, que você faça um exercício para
entender a relação entre a forma visual da imagem e a informação que essa forma visual
representa.
Um exemplo bastante simples de diagrama são os mapas, que, em última análise, não
passam de representações visuais de determinados espaços geograficamente definidos.
Ao pensar no território brasileiro, por exemplo,
provavelmente a primeira imagem que vem à sua mente é o
mapa do Brasil. Mas existem muitos outros tipos de diagramas,
alguns muito simples e outros mais complexos.

Representações diagramáticas muito simples são, por exemplo, flechas alinhadas uma do
lado da outra para representar a ideia de sequência, progressão ou evolução, círculos
fatiados para indicar a ideia de comparação ou proporção entre partes, colunas para criar
grupos, classificar ou hierarquizar informações, entre tantas outras possibilidades.
Por outro lado, utilizando diferentes imagens articuladas entre si em um mesmo diagrama, é
possível não apenas representar visualmente ideias mais complexas e sofisticadas, mas
também tornar a sua compreensão mais simples e mais rápida.

Na prova do ENADE de 2014, por exemplo, uma das questões gerais colocadas para os
estudantes perguntava sobre a relação entre a pegada ecológica e a biocapacidade do
planeta: se for maior que 1, a exigência humana sobre os recursos disponíveis em nosso
planeta é mais alta do que a capacidade que o planeta possui para se recuperar. Como você
pode observar no gráfico abaixo de antes de 1975, as colunas estão na cor verde e abaixo da
linha divisória que marca o número 1. Depois de 1975, por sua vez, as colunas se invertem e
passam a ser representadas em vermelho. O que isso significa? De forma muito simplificada,
esse gráfico revela que, desde 1975, estamos usando gradativamente mais recursos naturais
do que nosso planeta consegue prover!
Pegada ecológica X Biocapacidade do planeta.
Devido à sua incrível capacidade de sistematizar e esquematizar um grande volume de
informação de forma rápida e simples, os gráficos estão presentes em muitas dimensões de
nossa vida letrada, sendo também muito utilizados em provas e testes. Por isso, é muito
importante que você aprenda a interpretá-los corretamente.

A relação entre imagem e publicidade


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2008, p. 18) resume em três regras a lógica dos
mercados contemporâneos:

Primeira, o destino final de toda mercadoria colocada à venda é ser consumida por
compradores. Segunda: os compradores desejarão obter mercadorias para consumo se, e
apenas se, consumi-las for algo que prometa satisfazer seus desejos. Terceira: o preço que o
potencial consumidor em busca de satisfação está preparado para pagar pelas mercadorias
em oferta dependerá da credibilidade dessa promessa e da intensidade desses desejos.

A função da publicidade, nesse processo, é fundamental, pois ela se destina a convencer o


maior número possível de pessoas a comprar e consumir, o que só ocorrerá se for capaz de
criar, mobilizar e intensificar os seus desejos. Para tanto, uma das principais estratégias da
publicidade é a construção de imagens que levem as pessoas a realizarem “uma associação
entre os produtos oferecidos e certas características socialmente desejáveis e significativas, a
fim de produzir a impressão de que é possível vir a ser certo tipo de pessoa [...] comprando
aquele produto [...]” (KELLNER, 2001, p. 318). Por essa razão, geralmente, as peças
publicitárias contêm imagens que associam os produtos anunciados a ideias de riqueza,
alegria, felicidade, juventude, beleza, entre outros, pois se trata de valores muito desejados
na sociedade em que vivemos.

O pesquisador Douglas Kellner exemplifica esse processo através de algumas imagens


utilizadas em peças publicitárias antigas para vender cigarros. Nesse sentido, a marca
Marlboro, na década de 1950, criou uma campanha publicitária para associar seu produto à
ideia de masculinidade, pois, antes disso, essa marca era consumida predominantemente
por mulheres. Nas palavras de Kellner, o cigarro dessa marca “era visto como um cigarro
fraco para mulheres, e a campanha do 'Homem Marlboro' foi uma tentativa de conquistar o
mercado masculino com imagens e personagens masculinas arquetípicas” (ibidem).
A campanha associou o cigarro às imagens do caubói, de cavalos e da natureza, na esperança de que
os homens que fossem interpelados por essa campanha internalizassem a ideia de que, fumando
Marlboro, seriam mais másculos, intrépidos, destemidos, independentes.
Já a marca Virginia Slims, naquela mesma época, procurava convencer as mulheres de que é
charmoso fumar e de que o produto anunciado é perfeito para a mulher "moderna" (ibidem).
Além disso, as imagens produzidas para as campanhas publicitárias também sugeriam que
fumar ajudaria a emagrecer. Abaixo, por exemplo, uma mulher esbelta e bem-vestida
aparece fumando na parte inferior da imagem, em oposição à imagem de uma família
patriarcal, vestindo roupas antigas, na parte superior. Como você já deve ter percebido, essa
imagem procura levar as mulheres a acreditarem que, fumando cigarros da marca Virginia
Slims, tornam-se belas, esbeltas, modernas e independentes, uma vez que a mulher do
passado – representada na parte superior da imagem – está associada à família patriarcal, na
qual a mulher está completamente atrelada ao lar e aos afazeres domésticos.
Um dos motivos por que é tão importante estudar as estratégias de representação das
imagens publicitárias é justamente porque “a propaganda ‘interpela" os indivíduos e os
convida a se identificar com produtos, imagens e comportamentos” (KELLNER, 2001, p. 322).
Em outras palavras, as imagens construídas nesses anúncios estão carregadas de valores
culturais e, por isso mesmo, vendem não apenas os produtos que anunciam, mas também
identidades e estilos de vida. É por isso que algumas pessoas se sentem empoderadas
quando conseguem comprar produtos de certas marcas. Para citar alguns exemplos mais
atuais, podemos dizer que algumas marcas de tênis estão associadas com classe social
elevada, sucesso, juventude, saúde, aventura, liberdade; algumas marcas de cerveja estão
associadas com a masculinidade; alguns acessórios femininos, como bolsas e joias, estão
associados às ideias de elegância, distinção, sucesso e classe social elevada, entre tantos
outros exemplos possíveis.

Imagens nos espaços digitais


Com o surgimento das tecnologias digitais, ficou mais fácil produzir e fazer circular imagens.
Hoje, praticamente qualquer aparelho celular, além de estar equipado com uma câmera
fotográfica, também disponibiliza acesso à internet, o que faz com que, diariamente, sejam
produzidas e compartilhadas, nas redes sociais, um número imenso de imagens. Além disso,
existem muitos softwares que permitem não apenas armazenar, senão também editar as
imagens digitalizadas, o que possibilita acrescentar textos escritos às imagens, corrigir
possíveis imperfeições, alterar os padrões visuais originais, mudar cores, acrescentar frames,
mesclar imagens, entre inúmeros outros recursos existentes.

Essa facilidade para produzir imagens (e outros tipos de texto) a partir de conteúdos já
disponíveis nos espaços digitais levou alguns teóricos a afirmar que estamos vivendo na
cultura da remixagem, pois, conforme afirma o teórico das mídias Henry Jenkins, basta um
conteúdo digital ser propagado para que seja refeito:

Quando o material é propagado, ele é refeito: seja literalmente, ao ser submetido aos vários
procedimentos de remixagem e sampleamento, seja figurativamente, por meio de sua
inserção em conversas em andamento e através de diversas plataformas. (JENKINS, 2014, p.
54)
Os processos de remixagem e sampleamento a que se refere Jenkins significam que as
pessoas utilizam amostras, partes ou fragmentos (samples, em inglês) de imagens retiradas
da internet para construir seus próprios textos visuais, mas também sonoros ou multimídia.
Quando uma remixagem se torna tão popular que é replicada de forma vertiginosa, passa a
ser chamada de meme.

Um exemplo de remixagem com imagem são


os vários memes produzidos por internautas
do mundo inteiro depois que a senhora
espanhola Cecilia Giménez, viúva de 83 anos e
pintora amadora, tentou restaurar uma
imagem de Cristo na igreja de sua cidade,
obtendo um resultado catastrófico.
Na primeira imagem abaixo, o autor utilizou
dois samples (partes) para construir sua própria remixagem: uma famosa pintura da última
ceia, pintada pelo famoso artista renascentista Leonardo Da Vinci, e a pintura de Cecilia
Giménez. Já a segunda remixagem foi feita a partir do quadro do norueguês Eduard
Munch, O grito, e a pintura de Gimenez.
Ainda segundo Jenkins, mesmo quando não são submetidas a processos de remixagem, as
imagens adquirem significados diferentes ao serem propagadas nas redes sociais, pois
quando muda o contexto da comunicação, muda também o significado daquilo que está
sendo comunicado. Um exemplo muito comum é a prática, por parte de alguns internautas,
de retirar fotos de políticos ou de pessoas famosas que foram publicadas em jornais ou
revistas on-line e reposicioná-las em uma discussão onde esse político ou pessoa famosa
está sendo criticado ou criticada. Nesse caso, o significado da imagem muda imediatamente
devido ao novo contexto em que foi posicionada.

Para finalizar, é importante afirmar que grande parte das produções remixadas e dos memes
que circulam na Internet se destinam ao entretenimento. No entanto, a facilidade para
remixar e propagar imagens no ciberespaço também tem levado à proliferação de imagens
manipuladas com o objetivo de difamar e estigmatizar certas pessoas e grupos sociais,
frequentemente estimulando a cultura do ódio e do preconceito.

Por isso, antes de replicar qualquer conteúdo imagético, lembre-se sempre de que é muito
fácil manipular imagens no mundo digital e que, talvez, aquilo que você está vendo na
imagem que lhe foi passada seja algum tipo de edição e pode estar servindo a algum
propósito pouco ético. Em síntese, antes de compartilhar, verifique sempre a origem e a
legitimidade do que está sendo propagado.

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