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A língua portuguesa é o código mais utilizado por nós, brasileiros, nas situações

de comunicação e interação social. Criei este blog para falar sobre o tema
variação linguística e suas vertentes. Darei uma breve definição sobre língua e
em seguida tratarei do tema variação linguística.
Língua é um código formado por signos (palavras) e leis combinatórias por meio
do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si.
Língua é a linguagem verbal (oral/escrita) utilizada por um grupo de indivíduos
que constituem uma comunidade.
· Ela é uma construção humana e histórica;
· É organizadora da identidade dos seus usuários;
· Ela também dá unidade a uma cultura, a uma nação;
· Uma língua viva é dinâmica e, por isso, está sujeita a variações.
Variações linguísticas são diferenças que uma mesma língua apresenta quando é utilizada,
de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas.

Onde se fala melhor o português no Brasil?


Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também respostas como “no Maranhão”,
no Rio de Janeiro”,” no Rio Grande do Sul” justificadas por motivos históricos, sociais,
culturais. Porém, de acordo com a visão moderna de língua, não existi um modelo
linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português lusitano.
Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente adequadas á realidade onde
surgiram. Em certos contextos, aliás, o uso de outra variedade, mesmo que seja a língua
padrão, é que pode soar estranho e até não cumprir sua função essencial de comunicar.
Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais,
culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
Entre as variedades da língua, existe uma que tem maior prestígio: a variedade padrão. Também
conhecida como língua padrão e norma culta, essa variedade é utilizada na maior parte dos livros, jornais,
e revistas, em alguns programas de televisão, nos livros científicos e didáticos, e é ensinada na escola. As
demais variedades linguísticas - como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem
dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas, etc.) – são chamadas genericamente
de variedades não padrão.
Variedade padrão, língua padrão ou norma culta é a variedade linguística de maior prestígio social.
Variedade não padrão ou língua não padrão são todas as variedades linguísticas diferentes da padrão.
Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação a variedades não padrão, todas elas são válidas e
tem valor nos grupos ou nas comunidades em que são usadas. Contudo, em situações sociais que exigem
maior formalidade- por exemplo, uma entrevista de emprego, um requerimento, uma carta dirigida a um
jornal ou uma revista, uma exposição publica, uma redação num concurso publico – a variedade
linguística exigida quase sempre é a padrão. Por isso é importante dominá-la bem.
Norma culta ou norma padrão?
Se há tantas variações de uma língua, qual delas é a ensinada na escola? Por que essa e não as demais? “Quem” faz essa
escolha? Essas perguntas apenas refletem um fato: de todas as variações, uma tem mais prestígio que as demais e acaba por ser
escolhida como Padrão a todos os falantes.

“Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou, simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em
determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual
se avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de maior
formalidade, usado nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão, etc.), ensinado na escola, e
codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa ideia de que só o dialeto padrão pode ter uma gramática, quando
qualquer variedade linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o dialeto usado quando se escreve (há naturalmente,
diferenças formais, que decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por exemplo, de sua
descontextualização. Excetuadas diferenças de pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão sobrepõe-se
aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão do país”
Magda Soares
Exemplos com humor da norma padrão:
Tipos de Variações Linguísticas
· Variação Histórica
· Variação Geográfica
· Variação Social
· Variação Situacional
Variação Histórica

Refere-se aos estágios de desenvolvimento de uma língua ao longo da História.


Exemplo: português arcaico x português contemporâneo.
Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, século XVI:

“De ponta a ponta, é tudo praia... Muito chã e muito formosa. Nela, até agora, não
pudemos saber que haja ouro nem prata... Porém a terra em si é de muitos bons ares,
assim frios e temperados... Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa, que
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Porém o melhor
fruto que dela pode tirar me parece será salvar essa gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.” (tradução)
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo.
Um exemplo bastante comum é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra
farmácia, antigamente era grafada com “ph”, opondo-se à linguagem dos internautas, a qual
suprime os vocábulos.

Analisemos, o fragmento exposto:

Antigamente
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo
sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo
do balaio."
Carlos Drummond de Andrade
Em comparação à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado.
Variação Geográfica
Variedade que a Língua Portuguesa assume nos
diferentes lugares onde ela é falada.
O Português é a língua oficial em oito países de quatro continentes:
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe, Timor Leste.
Variação Social

Refere-se às formas da língua empregadas pelas diferentes classes ou grupos sociais.


“o réu vive de espórtula, tanto que é notória sua cacosmia”. (linguajar jurídico).
Oi rapeize do surf brigadão pela moral que vcs tão me dando, pow ta muito bom quando
ta batendo aquelas ondas na prainha. Tá show, valeu brigadão. (conversa de surfista).
Variação situacional
É a capacidade que tem um mesmo indivíduo de empregar as diferentes formas da língua em situações
comunicativas diversas, procurando adequar a forma e o vocabulário em cada situação.
No trabalho, na escola, com os amigos, com a família, em solenidades, no mundo virtual, etc.

Dependendo do grupo
social que João se encontra
ele muda sua linguagem.
Com um colega ele usa
gírias já com um professor
ele usa a linguagem formal,
esta mudança é justificada
por João estar interagindo
com grupos sociais
diferentes.
Considerações importantes:
Todas as variações estão presentes tanto na língua falada quanto na língua escrita
Podemos, inclusive, encontrar (e usar) as variações linguísticas em diferentes
contextos de produção escrita.
Existe uma variedade de língua padrão, que é a variedade linguística de maior
prestígio social. Aprendemos a valorizar a variedade padrão porque socialmente
ela representa o poder econômico e simbólico dos grupos sociais que a elegeram
como padrão.
É importante compreender as variações linguísticas para melhor usar a língua em
diferentes situações. Utilizar a língua como meio de expressão, informação e
comunicação requer, também, o domínio dos diferentes contextos de aplicação da
língua.
O idioma pode ser um instrumento de dominação e descriminação social.
Devemos, por isso, respeitar as linguagens utilizadas pelos diferentes grupos
sociais.

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