Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LEVY
RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar a (in)visibilidade do sujeito negro na
literatura inglesa tendo como corpus o conto Uriah’s War, de Andrea Levy. A análise
focaliza-se na participação de dois soldados do BWIR durante a Primeira Guerra
Mundial em busca por reconhecimento e glória. Utilizando os estudos de Hall (2006),
Ashcroft (2001, 2004) e Smith (2004), dentre outros, os resultados mostram que, apesar
de invisibilizados pela história, os soldados negros contribuíram para a vitória britânica
sobre os inimigos.
ABSTRACT: This paper analyzes the black subject’s (in)visibility in English literature
having as its corpus Andrea Levy’s short story Uriah’s War. The analysis focuses on
the participation of two BWIR soldiers during World War I in their quest for
recognition and glory. With the studies of Hall, Ashcroft and Smith, among others, the
results show that although they were invisible by the history, black soldiers contributed
to the British victory over enemies.
INTRODUÇÃO
1
Todos os trechos sem correspondência para a língua portuguesa foram traduzidos pelos autores.
2
As leituras sintomáticas [...] servem para ilustrar três características importantes de toda a escrita pós-
colonial. O silenciamento e marginalização da voz pós-colonial pelo centro imperial; a revogação deste
centro imperial dentro do texto; e a apropriação ativa da língua e cultura desse centro. Esses traços e as
Deste modo, o objetivo desse artigo é analisar a (in)visibilidade do negro na
literatura tendo como corpus o conto Uriah’s War, da escritora britânica Andrea Levy;
para tanto, temos como base teórica os estudos de Ashcroft (2001, 2004), Hall (2006),
Smith (2004), dentre outros. O conto, que se insere no livro Six Stories and an essay,
publicado em 2014, narra a trajetória de dois soldados jamaicanos que lutaram na
Primeira Guerra Mundial e que mimetizam a vivência de muitos outros soldados
negros. Buscamos, ao final, ilustrar que apesar de invisível para a história, o sujeito
negro participou ativamente dos eventos dessa guerra.
The short stories are almost perfunctory but they too give a
disconcerting glimpse into events that have the power to move. Of
particular note are Loose Change and Uriah’s War; the first a clever
and honest look at contemporary attitudes to ‘migrants’ and the
second recalling the forgotten story of West Indian troops during the
first World War.5 (THE IRISH TIMES, 2015, online, s/p).
transições entre eles são expressos de várias maneiras nos diferentes textos, ora através de subversões
formais e ora através de contestação no nível temático. Em todos os casos, no entanto, as noções de poder
inerentes ao modelo de centro e margem são apropriadas e desmanteladas.
3
Nenhum dos meus livros é apenas sobre raça. [...] Eles são sobre pessoas e a história.
4
triunfantemente deram voz às pessoas e estórias que podem ter escapado através das rachaduras da
história.
Levy faz uma breve introdução ao conto Uriah’s War para alertar os leitores de
que, apesar de seu conhecimento da história da Jamaica, ela não sabia que seu avô havia
lutado na Batalha de Somme, mais conhecida como Ofensiva de Somme, travada entre
julho e novembro de 1916, ao norte da França. Considerada uma das maiores batalhas
da Primeira Guerra Mundial, tratou-se de uma ofensiva anglo-francesa cujo objetivo
era romper as linhas de defesa alemãs, estacionadas na região do Rio Somme, na
França. As baixas foram elevadíssimas para ambos os lados, sobretudo para o Reino
Unido, principalmente pelo fato de o objetivo não ter sido atingido.
O que, no entanto, a história não conta, é que muitos jamaicanos fizeram parte
dessa ofensiva, servindo voluntariamente ao Reino Unido por meio do Regimento
Britânico das Índias Ocidentais (doravante BWIR). Provavelmente eles não combateram
na linha de frente, mas ajudando a suprir as necessidades básicas dos combatentes. Por
isso, esquecidos. Assim, baseando-se na experiência vivenciada por seu avô, Levy
escreve o conto Uriah’s War, paródia da história de muitos soldados do BWIR.
5
Os contos são quase superficiais, mas também dão uma visão desconcertante de eventos que têm o poder
de movimentar. Merecem destaque Loose Change e Uriah’s war; o primeiro, um olhar inteligente e
honesto sobre as atitudes contemporâneas em relação aos “migrantes” e o segundo, relembrando a história
esquecida das tropas das Índias Ocidentais durante a Primeira Guerra Mundial. Disponível em:
https://www.irishtimes.com/culture/books/six-stories-and-an-essay-by-andrea-levy-1.2446157 . Acesso
em: 04. Dez. 2020.
6
O centenário do início da Primeira Guerra Mundial me fez querer registrar a experiência das tropas das
Índias Orientais. Quanto mais eu pesquisei, mais fiquei impressionada com o patriotismo e a coragem dos
homens [das tropas das Índias Orientais] que se voluntariaram para lutar pelo Império Britânico. [...] Sua
contribuição não pode ser esquecida.
Loyalty to abstract British ideals, as opposed to concrete experience,
particularly equality before the law, suffrage and land rights, had been
a central feature of pro-British sentiment among Africans and Indian
migrants during the South African War. Such ideals, much vaunted by
British leaders at the time, and existing limited rights as British
subjects, stood in stark contrast to fears of dispossession under a Boer
regime. Many Jamaican volunteers adopted a similar approach by
continuing to maintain an enthusiasm for the ideals of Empire, despite
experiencing daily racism.7 (SMITH, 2004, p. 40).
A ironia reside no fato de que essa mesma pátria mãe havia escravizado esses
sujeitos durante anos e a liberdade só foi alcançada por meio de revoltas que o povo
caribenho armou contra o domínio britânico. O benevolente Reino Unido não se sentiu
satisfeito com o fim da escravidão e domínio colonial nas colônias caribenhas, pois a
manutenção do status quo da nação dominante foi duramente ameaçado com o fim da
exploração da mão de obra escravizada.
Quando a Primeira Guerra Mundial se tornou um desafio muito maior que
esperado pelo Reino Unido, o Ministério Britânico de Guerra, que se opunha ao
alistamento das tropas das Índias Orientais, se viu obrigado a aceitar soldados das mais
variadas partes de suas ex-colônias caribenhas. Assim, o regimento BWIR foi formado,
sendo composto por dois terços de soldados vindos da Jamaica e o restante oriundos das
Bahamas, e atuando em diversas frentes na Europa, na África e no Oriente Médio. O
texto literário, entretanto, revela que, embora se dedicassem ao dever militar tanto
quanto os brancos, os soldados negros eram relegados à invisibilidade, ao esquecimento.
Neste artigo, elencamos três momentos inscritos no conto Uriah’s War em que
podemos observar como a história apagou os soldados jamaicanos da Primeira Guerra
Mundial. O conto de Levy é narrado em primeira pessoa por Uriah. O jovem soldado
jamaicano conta as aventuras e dramas vividos por ele e seu amigo, Walker, durante o
7
A lealdade aos ideais abstratos britânicos, em oposição à experiência concreta, particularmente a
igualdade perante a lei, o conflito e o direito à terra, tinha sido uma característica central do sentimento
pró-britânico entre africanos e indianos durante a Guerra da África do Sul. Tais ideais, muito elogiados
pelos líderes britânicos na época, e direitos limitados existentes como súditos britânicos, contrastavam
fortemente com os temores de desapropriação sob um regime Boer. Muitos voluntários jamaicanos
adotaram uma abordagem semelhante, continuando a manter e entusiasmar os ideais do Império, apesar
de experimentar o racismo diário.
8
A imaginação carinhosa sobre a Grã-Bretanha como a emancipadora dos escravos e a guardiã da
liberdade tornou-se um ingrediente básico em comícios de recrutamento para os contingentes jamaicanos.
Em uma reunião em St. Mary e St. Thomas, em outubro de 1915, o brigadeiro-general Blackden,
comandante das tropas na Jamaica, enfatizou que a guerra era uma luta pela liberdade. ‘Os homens da
Jamaica estavam lutando para se sentar e ser escravos’?
tempo em que serviram ao BWIR. O conto ainda é composto por um epílogo narrado
por Walker, após a morte prematura e brutal de Uriah. O início da narração já
demonstra a ansiedade dos soldados em participarem ativamente da guerra: “And we
finally got to England”9 (LEVY, 2014, p. 113), denotando que os que se alistaram
ouviram o chamado da pátria mãe e foram socorrê-la.
O primeiro momento em que percebemos hifenização dos soldados negros no
conto é quando, em um bar, um soldado branco zomba do fato de eles estarem lutando
uma guerra por um salário ínfimo: “‘Why are you going to fight in this war for only a
shilling10 a day?’”11 (LEVY, 2014, p. 113). Em uma época em que a Jamaica atravessa
um período econômico crítico, quando a falta de empregos assola a população, qualquer
dinheiro, como se vê, era bem-vindo. O narrador protagonista esclarece: “And all the
while I am thinking, a shilling is a lot of money. It took many a long time in Jamaica to
earn a shilling” 12 (LEVY, 2014, p. 114). Observa-se que a condição socioeconômica da
Jamaica era típica de nações colonizadas. O extrativismo, a exploração do solo, da mão-
de-obra e o pouco investimento em educação empobreceram as nações largamente.
Assim, a soma ínfima para o soldado inglês torna-se um atrativo para o soldado
jamaicano. Ashcroft et. al. (2001) argumentam que muitas colônias, após o fim da
escravidão e/ou sua independência, desenvolveram o que eles chamam de teoria da
dependência, a qual descrevem como um atraso no desenvolvimento industrial
provocado pelas metrópoles:
[…] in the years since 1838, the white minority had become more
diverse, both ethnically and occupationally, but it continued to
constitute an elite, holding economic power and privilege over the
black and brown population in inverse proportion to its size. 14
(SMITH, 2004, p. 34).
9
E nós finalmente chegamos na Inglaterra.
10
Moeda que, até fevereiro de 1971, representava a vigésima parte da libra esterlina britânica.
11
‘Por que vocês estão lutando em uma guerra por um xelim por dia?’
12
E durante todo o tempo eu pensava, um xelim é muito dinheiro. Demorava muito tempo para
ganharmos um xelim na Jamaica.
13
A lógica econômica da colonização, ao estabelecer as colônias como produtoras de matérias-primas e
alimentos para os centros metropolitanos industrializados, desempenhou um papel importante no
retardamento da industrialização e desenvolvimento dessas regiões.
14
[...] nos anos desde 1838, a minoria branca tornou-se mais diversificada, tanto étnica quanto
ocupacionalmente, mas continuou a constituir uma elite, detendo poder econômico e privilégio sobre a
população negra e parda na proporção inversa de seu tamanho.
pobreza e, em muitos casos, para a marginalidade. Ainda em relação à Jamaica, Howe
(2011) acrescenta que os recrutadores, cientes das condições econômicas precárias nas
ex-colônias, utilizavam o incentivo monetário como um grande aliado:
The economic advantages of enlisting also constituted a central theme
used by recruiters in virtually every territory. In the prevailing
conditions of high unemployment, spiraling cost of living, and
depressed wages, the groups most susceptible to the economic
incentives included plantation workers, artisans and the many
unemployed of the working class in the towns. 15 (HOWE, online,
2011, s/p).
Mais tarde, após já terem passado por algumas experiências na retaguarda dos
campos de batalhas, os protagonistas descobrem que haveria um aumento no salário dos
soldados, passando de um xelim para um xelim e seis centavos por dia. Uriah e Walker
se empolgam, porém, suas expectativas de tocar naquele dinheiro são minadas ao
descobrirem que o aumento seria dispensado apenas aos soldados brancos. Enfurecido,
Walker discute o assunto com Uriah:
21
Trabalhávamos juntos como balconistas para uma agencia de manufatura. Até que ele [Walker] ouviu o
chamado e nos alistamos! Dois voluntários orgulhosos do 1º Batalhão.
22
‘Abaixem suas armas… não lutem… homens brancos deveriam lutar suas batalhas e os negros as suas!’
23
As tropas BWIR estavam engajadas em várias funções de apoio na Frente Ocidental, incluindo cavar
trincheiras, construir estradas e posições de armas, agindo como carregadores de maca, carregando navios
e trens e trabalhando em depósitos de munições. Esse trabalho era frequentemente executado dentro do
alcance da artilharia e atiradores alemães. Em julho de 1917, 13 homens do BWIR foram mortos por tiros
e bombardeios aéreos. Disponível em: https://www.iwm.org.uk/history/the-story-of-the-british-west-
indies-regiment-in-the-first-world-war Acesso em 04 Dez. 2020.
24
Sinceramente, quem queria vir até aqui para estar em um batalhão de trabalho? Correndo para a frente e
para trás com cartuchos e sei-lá-o-que para a linha de frente. Sem rifle, sem combate, mas com
probabilidade de morrer. Isso teria sido uma humilhação.
25
um alerta para evitar a ideia de que o subalterno pode ser isolado de alguma forma absoluta e
essencialista do jogo de discursos e práticas institucionais que lhe dê sua voz.
Na trama de Levy, em contrapartida, os soldados caribenhos deixam sua posição
de invisibilidade quando são surpreendidos por um ataque no Egito e os soldados
brancos não conseguem conter o exército inimigo. São Uriah e Walker que fazem o
trabalho de combate em colaboração com os outros soldados. Isso lhes dá uma sensação
momentânea de pertencimento e igualdade:
Após o episódio, os soldados negros são elogiados por sua bravura e disposição
para a luta. Seus superiores reconhecem seu esforço e isso reforça ainda mais o espírito
de honra e devoção à pátria mãe: “And at the armistice we patted the backs of our
imperial comrades – from Britain, New Zealand, Australia, India, Africa – and they
patted ours. ‘From over the seven seas the Empire’s sons came…’” 27 (LEVY, 2014, p.
121). Observamos que no contexto de vitória e comemoração, os soldados negros não se
enxergam diferentes dos outros soldados. Naquele momento, eram todos camaradas,
lutando a mesma guerra. Desse modo, conclui-se que a invisibilidade dos soldados
caribenhos é solapada por sua bravura e capacidade de lutar tal qual os soldados
brancos. Entretanto, o momento de reconhecimento e autoestima não dura muito tempo,
visto que os protagonistas teriam que passar por uma situação extremamente vexatória e
desmerecedora de seu empenho, culminando em uma tragédia ainda maior.
O terceiro momento em que a ação dos negros é marginalizada e invisível na
Primeira Guerra Mundial ilustrada no conto é quando, ao retornar para o campo base,
eles não recebem aumento de salário como todos os outros soldados brancos e, ainda,
precisam limpar as latrinas de seus colegas brancos. Após o armistício, Uriah e Walker
são enviados para Taranto, na Itália, para esperarem um navio que os levaria de volta à
Jamaica. Levy elenca em seu conto um fato histórico ocorrido no mês de dezembro em
Taranto envolvendo os batalhões do BWIR. Em 1918, o tenente-coronel Willis ordenou
que os soldados do BWIR limpassem a latrina dos soldados italianos. Ultrajados com a
demora em serem dispensados e enviados para seus países, pela falta de suprimentos,
por receberem salários menores que os dos soldados brancos e por terem que limpar as
latrinas, os soldados negros organizaram um motim. Naquele cenário, um dos soldados
foi baleado e morto.
Na ficção de Levy, os dois protagonistas, indignados com o fato de serem
convocados a limparem as latrinas dos homens brancos, decidem comunicar sua não
conformidade com as ordens absurdas. Walker, prezando pelo respeito e educação,
explica a situação, mas em retorno recebe a seguinte razão pela qual os soldados negros
deveriam fazer o que foi ordenado: “He could order us to do whatever work he pleased.
And then this sergeant, this sergeant, he shout [sic] on Walker that we were better fed
and treated than any nigger had a right to expect.” 28 (LEVY, 2014, p. 124). O racismo
26
A frieza e a devoção de Walker ao dever foram “mencionadas em despachos”. E um de nossos oficiais,
que pensava que os negros não seriam uma ajuda real nesta guerra, declarou que tínhamos mudado sua
opinião muito bem. Esplendidamente, ele disse que nos comportamos, esplendidamente!
27
E no armistício, demos tapinhas nas costas de nossos camaradas imperiais - da Grã-Bretanha, Nova
Zelândia, Austrália, Índia, África - e eles deram tapinhas nas nossas. ‘Dos sete mares vieram os filhos do
Império...’
28
Ele poderia ordenar que fizéssemos qualquer trabalho que ele quisesse. E então esse sargento, esse
sargento, gritou para Walker que éramos mais bem alimentados e tratados do que qualquer preto tinha o
direito de esperar.
explícito na palavra nigger juntamente com o trabalho injusto imputado aos soldados do
BWIR enfurece Walker que usa da violência como revide. Após atacar o sargento,
Walker é agarrado por vários homens que o jogam ao chão e o tratam com violência
também:
Four white men then seized Walker. Threw him to the ground. Knelt
on him. On his back. On his legs. His face was rubbing in the dirt.
And he was struggling to fight them fierce. While the sergeant yelled
on us black men that niggers should expect no more than this! 29
(LEVY, 2015, p. 124-5).
CONSIDERAÇÕES
32
Como consequência, eu viro as minhas costas para a Grã-Bretanha, minha pátria mãe. O lugar que eu
acreditava ser a sede de tudo o que havia de bom em minha vida. E eu me concentro em minha ilha natal,
a Jamaica. Esta guerra foi travada pelos princípios da democracia e da liberdade. Eu agora exijo esses
princípios para o homem negro. E todas as minhas energias serão colocadas nessa luta. Pelo direito de
votar, o direito de trabalhar. Mas acima de tudo, o direito de viver sem insultos.
The ability of literary texts to disrupt the apparently transparent
narrativity of history and expose its allegorical nature is almost
boundless. But however energetic and subtle the literary dismantling
of historical truth, literature is to some extent shielded by its
simulation of the political struggle over ‘the truth of what is real’ in
colonial experience.33 (ASHCROFT, 2001, p. 112, destaques do
autor).
Por um lado, o conto termina de uma forma amarga, com a morte de um soldado
entusiasmado e sedento de glória, como muitos que vão para a batalha, por outro,
Walker, o soldado que dá continuidade à voz do amigo assassinado no epílogo,
prossegue a narrativa dos soldados negros à partir de uma intensa conscientização de
seu papel social e de militância pelos direitos dos sujeitos negros sempre relegados a um
espaço marginal, seja na guerra, seja na história oficial.
Se há a necessidade de, em pleno século XXI, escrever sobre a invisibilidade do
negro, é porque certamente a sociedade branca ainda não os considera como iguais.
Ainda, a tessitura de Levy nos mostra que a história oficial, por ser registrada por
homens brancos, relega o sujeito negro às margens de grandes eventos, quando não o
invisibiliza. Neste sentido, a escrita literária trabalha como uma paródia, em que os
sujeitos marginalizados, os chamados outros, são também agentes desta história.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASHCROFT, Bill. Et. Al. Key concepts in post-colonial studies. New York/London:
Routledge, 2001.
ASHCROFT, Bill. Et. Al. The Empire Writes Back: Theory and practice in post-
colonial literatures. New York/London: Routledge, 2004.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: ___. Vários Escritos. São Paulo: Duas
Cidades, 2011.
HOWE, Glenford D. A White Man's War? World War One and the West Indies.
Disponível em: http://www.bbc.co.uk/history/worldwars/wwone/west_indies_01.shtml.
Acesso em 07 Dez. 2020.
33
A capacidade dos textos literários de interromper a narratividade aparentemente transparente da história
e expor sua natureza alegórica é quase ilimitada. Porém, por mais enérgico e sutil que seja o
desmantelamento literário da verdade histórica, a literatura é, em certa medida, protegida por sua
simulação da luta política sobre ‘a verdade do que é real’ na experiência colonial.
IWM. The Story of The British West Indies Regiment in The First World War.
Disponível em: https://www.iwm.org.uk/history/the-story-of-the-british-west-indies-
regiment-in-the-first-world-war. Acesso em 07 Dez. 2020.
LEVY, Andrea. Six Stories and an Essay. London: Headline, 2014, Kindle Edition.
SMITH, Richard. Jamaican Volunteers in the First World War: Race, Masculinity and
the Development of a National Consciousness. Manchester: Manchester University
Press, 2004.
THE IRISH TIMES. West Indian troops during the first World War. Disponível em:
https://www.irishtimes.com/culture/books/six-stories-and-an-essay-by-andrea-levy-
1.2446157 Acesso em: 04 Dez. 2020.