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FUNDAMENTAIS DE
FICÇÃO EM LÍNGUA
INGLESA
Introdução
O que lhe vem a mente quando você ouve falar em textos de ficção? Será
que você associa a textos literários ou o tema lhe remete àqueles livros ou
filmes sobre mundos estranhos em um tempo futurístico? Bem, a ficção
engloba tudo isso, mas não somente. Ficção é uma história ou cenário
que é baseada na imaginação do autor, isto é, não é necessariamente
originada a partir de um fato.
Muitas vezes, os limites que separam fato e ficção são muito estreitos
e há muitos debates nesse sentido. Isso acontece, por exemplo, quando
existe uma adaptação de um fato real, digamos, a II Guerra Mundial, para
um livro ou filme. Desse modo, uma história fictícia é criada a partir de
elementos desse evento, seguidos de recriações de acontecimentos verí-
dicos que lhe imprimem um caráter dramático ou até mesmo romântico,
a fim de atingir a sensibilidade do leitor ou do espectador.
Neste capítulo, você irá aprender como identificar os elementos
principais necessários para a interpretação de obras de ficção em lingua
inglesa. Do mesmo modo, você irá compreender a importância desses
elementos para dar sentido à história e discutir a sua aplicabilidade a
partir da maneira como são elaborados e dos efeitos que causam em
sua audiência.
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Textos ficcionais
Se analisarmos a etimologia (origem do significado) da palavra ficção, veremos
que ela é derivada do latim fictus, que significa “formar”. Entretanto, sob o
ponto de vista literário, o dicionário Oxford (FICTION, 2018, documento on-
-line) conceitua o termo como “literatura em forma de prosa, especialmente
romances que descrevem eventos imaginários e pessoas”.
A ficção é uma área da literatura que consiste em histórias, romances e
dramas baseados em histórias e personagens fictícios. Com esse intento, pode
tratar de questões relacionadas à vida social e política do ser humano, e tem
a possibilidade de extrapolar a lógica e apelar à imaginação.
Uma obra de ficção pode aumentar nossa adrenalina ao nos fazer imaginar
experiências impossíveis ou improváveis, cenários fantasiosos ou observações
sobre a condição humana. Certamente, essas obram demandam do leitor maior
envolvimento emocional e menor conexão com a realidade. Assim, os leitores
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esperam que a ficção reflita, de certo modo, o mundo real, sem, entretanto,
retratá-lo fielmente. É assim que livros baseados ou inspirados em fatos reais,
tais como A Night to Remember, de Walter Lord, que aborda o naufrágio do
navio Titanic, pode criar personagens, inventar diálogos e acrescentar eventos
que podem não ter acontecido exatamente como o que descreve o autor.
Muitas vezes, a interpretação subjetiva é requerida do leitor. Por exemplo,
o clássico da literatura Moby Dick, de Herman Melville, pode parecer, em
um primeiro momento, uma simples aventura de um homem caçando uma
baleia. Entretanto, em uma análise mais detalhada, veremos que o autor está
tratando de um tema universal, ou seja, da representação da batalha do homem
dominando a natureza ou até mesmo da luta entre o bem e o mal. Portanto,
visto que a ficção é indireta, ela requer um grau maior de interpretação se o
leitor quiser ir além do significado mais superficial da história.
Enredo (plot)
Este elemento se refere ao modo com que a ação ocorre na história, ou seja,
o desenrolar da ação. A partir do enredo podemos perceber algum tipo de
conflito (que pode ser externo, como uma guerra, por exemplo, ou interno,
como uma dúvida constante de algum personagem). Esse conflito deve chegar
ao seu clímax, geralmente a parte mais emocionante do livro, na qual o conflito
é resolvido e é dado um desfecho (resolução).
Espaço (setting)
Personagem (character)
Ponto de vista
Tema
Dessa maneira, grande parte dos textos de ficção apresentam alguns com-
ponentes (enredo, espaço, personagens, ponto de vista, tema) que permitem, ao
criador da história, por um lado, desenvolvê-la a partir de certa lógica estrutural
e, por outro, possibilita ao leitor uma melhor fluidez na compreensão dos textos.
É preciso estar atento ao fato de que essa linha mestra que serve de guia
aos autores não tem a ver, na contemporaneidade, com aquele conceito de
mimesis de Aristóteles, que considerava a arte como técnica. Segundo Hoff
e Forli (2017, p. 39), a interpretação atual desse conceito aristotélico concebe
a arte como representação da realidade a partir da perspectiva e do estilo de
cada artista.
Outro conceito apontado por Hoff e Forli (2017) é a noção de verossimi-
lhança, que resulta em um “pacto ficcional”. Essa relação criada entre escritor
e leitor permite que este interprete eventos e personagens fantásticos, embora
não existentes no mundo real, tais como bruxos, animais e objetos falantes,
com valor de verdade naquela obra, eximindo o autor de ser um eventual
criador de “mentiras”.
Assim, as obras de ficção propiciam ao leitor a oportunidade de vivenciar
realidades paralelas, de despertar a sua imaginação, dar asas às suas fantasias
e incentivam a sua reflexão.
Para atingir tal objetivo, aliado aos recursos organizacionais, os autores
se utilizam de uma série de imagens e símbolos que desencadeiam respostas
emocionais e imagens mentais. As cores, principalmente, carregam muito
simbolismo a partir de associações que geralmente fazemos acerca delas.
No livro “Scarlet Letter”, de Nathaniel Hawthorne, a personagem principal,
Hester Pryne, após dar à luz a uma criança sem ter constituído uma família, é
condenada pela sociedade puritana da época a portar a letra vermelha “A” (de
adúltera) em suas vestimentas. O vermelho, que evoca emoções contrastantes
como paixão e vingança, é bem explorado na obra deste autor.
Dentre os vários gêneros, os livros infantis são os que mais se utilizam de
recursos imagéticos. Por exemplo, no livro “Branca de Neve” (Snow White),
dos irmãos Grimm, a personagem principal é descrita como com lábios “red
as blood”, cútis “white as snow” e cabelos “black as ebony”. Cada uma dessas
cores se coaduna com o desdobramento da história: vermelho (sofrimento,
raiva vs. amor); branco (pureza, ingenuidade) e preto (mal, morte).
Outro recurso bastante explorado em textos de ficção são as figuras de
linguagem, sempre com o objetivo de evocar sentimentos ou criar imagens
mentais nos leitores. Grandes filósofos da antiguidade já utilizavam esses
artifícios em suas obras e discursos. Segundo Silva (2009), Aristóteles, por
exemplo, já dava sentido à metáfora, definindo-a como “o transporte de uma
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The party preserved a dignified homogeneity, and assumed to itself the function
of representing the staid nobility of the countryside—East Egg condescending
to West Egg, and carefully on guard against its spectroscopic gayety. (“The
Great Gatsby”, de Scott Fitzgerald)
Nesse caso, Fitzgerald usa o nome de locais como “West Egg” e “East Egg”
para se referir às pessoas que ali vivem. No contexto da história, o narrador
está enfatizando a diferença de classe social entre as pessoas que moram em
uma área mais elegante da cidade, “East Egg”, comparada a outra de moradores
de classe média, “West Egg”.
The Raven,
Edgar Allen Poe
But the Raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing farther then he uttered—not a feather then he fluttered—
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Till I scarcely more than muttered “Other friends have flown before—
On the morrow he will leave me, as my Hopes have flown before.”
Then the bird said “Nevermore”.
An Ideal Husband,
de Oscar Wilde
Lord Caversham:
I don’t know how you stand society. A lot of damned nobodies
talking about nothing.
Lord Arthur Goring:
I love talking about nothing, Father. It’s the only thing
I know anything about.
Portanto, pode-se perceber que, devido ao caráter subjetivo criado pela lin-
guagem e seus simbolismos, a interpretação dos textos pode variar a depender
da perspectiva, dos valores e interesses de cada um que os analise, tornando
o leitor, de certo modo, cocriador de determinada obra.
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Gêneros de ficção
Gêneros são tipos de textos que apresentam características próprias tanto em sua
organização quanto no vocabulário utilizado.
De modo geral, a ficção é subdividida em vários gêneros literários a partir de catego-
rias mais amplas, que envolvem a apresentação de diferentes conflitos, personagens
e locais. São eles:
Ficção histórica: retrata ou se baseia em situações ou personagens que fazem
parte da história.
Ficção realística: eventos que ocorrem no presente, que podem, ou não, asse-
melhar-se à realidade.
Ficção científica: muito semelhante à fantasia, mas difere no sentido de que há,
necessariamente, a apresentação de tecnológicas futurísticas, também incluindo
seres de outros mundos ou galáxias.
Fantasia: envolve a criação de personagens, locais e situações mágicos ou míticos
que não podem ocorrer no mundo real.
Mistério: abrange a tentativa de um ou mais personagens em resolver um mistério,
seja no presente, no passado ou no futuro.
Contos populares: são histórias contadas ou recontadas a partir das gerações, tais
como fábulas ou contos de fada.
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Leituras recomendadas
E-READING WORKSHEETS. 2018. Disponível em: <https://www.ereadingworksheets.
com>. Acesso em: 02 jul. 2018.
LITERARY DEVICES. What are literary devices? 2018. Disponível em: <http://www.
literarydevices.com>. Acesso em: 02 jul. 2018.
PROENÇA FILHO, D. A linguagem literária. 8. ed. São Paulo: Ática, 2008.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.