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PORTUGUÊS MÓDULO 01 SOLDADO COMBATENTE

Todas os exercícios da apostila que tiverem essa câmera , estão Narrador observador
gravados em vídeo para você. Nossos professores resolveram as É um narrador em 3a pessoa que narra apenas o que vê, o que observa,
questões, comentando cada detalhe para te ajudar na hora de estudar. isto é, não participa da história e nem tem conhecimento total dos fatos
Muitas questões trazem dicas preciosas. Não deixe de assistir aos e personagens:
vídeos dentro da plataforma on-line do Perspectiva e bons estudos! “Em seguida, os homens caíram na gargalhada ao ver o garoto
enfurecido, empunhando uma espada que mais parecia um brinquedo.
AVISO: Alguns textos não foram colocados nesta apostila, por não serem Um deles segurou Abel pela túnica, de modo a deixá-lo imobilizado. Ainda
obrigatórios para resolver os exercícios. Você vai conseguir responder assim, ele agitava a espada no ar, tentando atingir seu desafeto, o que
essas questões lendo, com atenção, cada enunciado! só fez crescer o riso de todos.”
Trecho do romance A lenda de Abelardo, de Dionisio Jacob.
Gêneros Textuais
Narrador onisciente
Gêneros Textuais É um narrador em 3a pessoa, ou seja, ele não participa da história, mas
tem total conhecimento dos fatos e dos personagens.
Ao longo da história da humanidade, percebemos que existem diversas
formas de comunicação, destacando-se a textual. Há muitas formas e “Clarissa fica ali parada com uma sensação de culpa, com as flores no
maneiras de elaborar textos, o que implica que existem muitos gêneros braço, torcendo para que a estrela apareça de novo, constrangida com
textuais, os quais promovem uma interação entre os interlocutores seu interesse. Ela não é dada a bajular celebridades, não mais do que a
(emissor e receptor) de determinado discurso. maioria das pessoas, mas não consegue evitar a atração exercida pela
aura da fama — mais do que fama, imortalidade mesmo — [...]. Clarissa
Dessa forma, salienta-se que cada tipo de gênero textual tem um objetivo se deixa ficar parada ali [...]. Depois de alguns minutos (quase dez,
e uma particularidade e, portanto, o entendimento de cada um deles é embora deteste admiti-lo), parte de supetão, indignada, [...].”
Trecho do romance As horas, de Michael Cunningham, tradução de Beth Vieira.
essencial.

Narrativo Tipos de personagem


As personagens são os participantes da história, quem age ou quem é
O texto narrativo é aquele que conta uma história dentro de um
afetado pelo enredo, podendo ser planas (sem complexidade, superficial
delimitado tempo e espaço, e, por isso, possui um narrador e também
e previsível) ou redondas (complexa, com profundidade e imprevisível).
personagens. Agora, vamos estudar mais detalhadamente cada um
Assim, a personagem redonda ou esférica é muito semelhante a um ser
desses elementos.
real. Por exemplo, Capitu, personagem do livro Dom Casmurro (1899), de
Machado de Assis (1839-1908), é uma personagem redonda, já que é
Estrutura da Narrativa
complexa a ponto de, até os nossos dias, não sabermos se ela era
inocente da traição ou dissimulada.
Apresentação: Introdução – apresentação dos personagens, do local e
do tempo em que se desenvolverá a trama.
Já como exemplo de personagens planas, podemos citar o vilão e o herói
Desenvolvimento: Grande parte da história é desenvolvida com foco nas
da série de livros infantil juvenil Harry Potter (1997-2007), de J. K.
ações dos personagens.
Rowling. Nessa obra, tanto Voldemort quanto Harry são previsíveis, pois
Clímax: Momento em que ocorre a mais alta tensão da narrativa. Alguns
se comportam da forma que um vilão e um herói comportam-se, pois
livros tratam como o momento mais emocionante da narrativa, mas isso
representam a luta do bem contra o mal. Esse tipo de personagem é
pode variar de acordo com a subjetividade de cada leitor.
típico de narrativas de entretenimento, pois complexidade demais pode
Desfecho: Conclusão – parte final da narrativa, na qual a partir dos
afastar leitores e leitoras que querem apenas “passar o tempo” e divertir-
acontecimentos, os conflitos vão sendo desenvolvidos.
se.
Elementos do texto narrativo Além dessas duas classificações, os personagens também podem ser
classificados de acordo com a importância que eles têm no texto:
Foco narrativo
Uma história pode ser narrada sob diferentes pontos de vista. O narrador Protagonista
pode fazer parte da trama e, assim, expor sua visão particular dos fatos, É o personagem principal da obra, em torno da qual a história é
mas pode também estar de fora, apenas como um observador dos desenvolvida. É um herói (ou anti-herói) e, em alguns casos, pode existir
acontecimentos ou mesmo detentor de um conhecimento prévio acerca um ou mais personagens desse tipo.
do enredo. É importante ressaltar que autor e narrador são seres
distintos. Co-protagonista
É o segundo personagem mais importante da obra. Possui uma relação
Narrador personagem (onipresente) próxima com o protagonista e o auxilia na busca de seus objetivos. Em
É um narrador em 1a pessoa, portanto, é um personagem da história. Ele alguns casos, também pode haver mais de um.
não só relata os fatos, como também participa dos acontecimentos
narrados. Antagonista
O antagonista se contrapõe ao protagonista, mas nem sempre está
“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no presente nas narrativas. Geralmente é o vilão da história e pode não ser
trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de uma pessoa, mas algo que dificulta os objetivos do protagonista, como
chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da Lua e dos um objeto, monstro, espírito, instituição, dentre outras.
ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos
pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como Oponente
eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou O oponente é o parceiro do antagonista, em uma relação similar à
para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.” existente entre protagonista e co-protagonista. Pode ser um amigo,
Trecho do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. parente ou funcionário do antagonista principal.

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Coadjuvante/Secundário secas (1938), de Graciliano Ramos (1892-1953), o espaço dessa


É um personagem que auxilia no desenvolvimento da trama, exercendo narrativa, caracterizado pela seca, determina o caráter das personagens,
uma função que pode, ou não, estar relacionada com a história principal. que acabam assimilando, em suas personalidades, a brutalidade e
A quantidade de sua aparição e sua importância pode variar conforme o sequidão do ambiente:
enredo.
“Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
Figurante Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia
O figurante não é fundamental para o enredo principal e tem o objetivo porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia
de ilustrar o ambiente. trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava as
cercas, curava os animais — aproveitara um casco de fazenda sem valor.
Em relação à sua existência, temos as seguintes classificações: Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha
Real ou histórico culpa?”
O personagem real ou histórico é alguém que existe ou que existiu.
Tipos de discurso
Fictício ou ficcional A transmissão ou referência que o narrador faz da fala ou do pensamento
São personagens criados pela imaginação do autor, porém, em alguns das personagens pode ocorrer de três diferentes maneiras. O discurso
casos, podem ser inspirados em pessoas reais. pode ser direto, indireto ou indireto livre. Os tipos de discurso tratam da
participação, da fala da personagem dentro da narração.
Real-ficcional
O personagem é real, mas possui personalidade fictícia. Discurso direto
O discurso direto ocorre quando são os próprios personagens que falam.
Ficcional-ficcional O narrador, interrompe a narrativa e dá espaço para que as falas sejam
São personagens totalmente ficcionais, com características possíveis transcritas no texto. Esse tipo de discurso conta com a presença de
apenas na ficção. alguns elementos básicos, como os dois-pontos, aspas ou travessão
para marcar o início fala. Além disso, indica-se o interlocutor e sua fala
Tempo é caracterizada por meio dos verbos de elocução, tais como: dizer,
O tempo se refere à duração das ações da narrativa e desenrolar dos exclamar, perguntar, responder, pedir, concluir e gritar. Esses verbos
fatos na história. Ele pode ser cronológico, quando se trata de traduzem os sentimentos, as emoções e as reações psicológicas das
acontecimentos marcados pelas horas, dias e anos, ou pode ser personagens.
psicológico, quando se refere às lembranças e às vivências das
personagens. Exemplo: José Dias recusou, dizendo: É justo levar a saúde à casa de
sapé do pobre.
Tempo cronológico
Semelhante ao tempo do relógio, ou seja, regular. É indicado pelos Discurso indireto
segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos, enfim, o No discurso indireto não há diálogo, a fala da personagem aparece por
chamado tempo físico. Assim, passado, presente e a projeção do futuro meio do narrador, quem transmite ao leitor o que disseram ou pensaram.
são bem demarcados. Leia o trecho do conto A nova Califórnia (1910), Normalmente essa fala aparece dentro de uma oração subordinada
de Lima Barreto (1881-1922): substantiva (objetiva direta ou subjetiva).

“Havia já anos que o químico vivia em Tubiacanga, quando, uma bela Exemplo: José Dias recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa
manhã, Bastos o viu entrar pela botica adentro. O prazer do farmacêutico de sapé do pobre.
foi imenso. O sábio não se dignara até aí visitar fosse quem fosse e, [...].”
Discurso indireto livre
Tempo psicológico
Não está relacionado ao espaço, mas ao interior da personagem, é O discurso indireto livre resulta da mistura dos discursos direto e
o tempo do fluxo de consciência, ocorrido na mente da personagem, indireto. É uma espécie de monólogo interior das personagens, mas
portanto, é relativo, possibilitando a indefinição das fronteiras entre expresso pelo narrador. A narrativa é interrompida para registrar e inserir
presente, passado e futuro. Veja o trecho do romance A paixão segundo reflexões ou pensamentos das personagens. A fala da personagem se
G.H. (1964), de Clarice Lispector (1920-1977): insere no meio do discurso, dando a impressão de que se trata do
pensamento do narrador, mas na verdade se trata do pensamento do
“Oh, meu amor desconhecido, lembra-te de que eu estava ali presa na personagem. Não há marcas linguísticas claras indicando a fala. Na
mina desabada, e que a essa altura o quarto já se tornara de um familiar maioria das provas, o discurso indireto livre vem pontuado por ponto de
inexprimível, igual ao familiar verídico do sonho. E, como do sonho, o que exclamação ou interrogação.
não te posso reproduzir é a cor essencial de sua atmosfera. Como no
sonho, a ‘lógica’ era outra, era uma que não faz sentido quando se acorda, Exemplo: José Dias recusou. Era justo levar a saúde à casa de sapé do
pois a verdade maior do sonho se perde. pobre?
Mas lembra-te que isso tudo acontecia eu acordada e imobilizada pela
luz do dia, e a verdade um sonho estava se passando sem a anestesia da Descritivo
noite. Dorme comigo acordado e só assim poderás saber de meu sono
grande e saberás o que é o deserto vivo. O texto descritivo que tem como principal função detalhar
De súbito, ali sentada, um cansaço todo endurecido e sem nenhuma minuciosamente um determinado lugar, acontecimento, pessoa, objeto
lassidão me tomara. Um pouco mais e ele me petrificaria.” ou animal. O objetivo do autor é justamente transmitir as impressões,
qualidades, sensações, características e observações sobre aquilo que
Espaço está sendo detalhado. Nesse tipo de texto também são pontuados
detalhes físicos, como altura, textura, peso, comprimento, dimensões,
É o lugar onde acontece a trama. A sua escolha pode ser aleatória, mas clima, função, como também aspectos psicológicos e comportamentais,
pode também estar diretamente associada às características da como personalidade, caráter e humor.
personagem. Na maioria das vezes, a escolha do espaço da narrativa
pelo autor varia de acordo com o enredo. Observe que no romance Vidas

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A linguagem desse tipo de texto será sempre dinâmica e clara, com uso O texto argumentativo sempre se baseia em uma tese, ou seja, o ponto
também de figuras de linguagem, comparações e enumerações. A de vista central pelo qual se pretende convencer esse interlocutor. Essa
utilização de muitos substantivos, adjetivos e locuções adjetivas ajudam tese deve ser apresentada, de maneira clara, logo de início e, depois, por
o leitor a ter uma ideia exata do que está sendo detalhado são alguns meio de uma argumentação objetiva e de diversidade lexical, deve ser
exemplos. Outra característica é o uso de verbos de estado, como ser, sustentada/defendida, com vistas ao mencionado convencimento.
estar, permanecer, parecer, ficar, continuar, entre outros.
A estrutura geral de um texto argumentativo consiste de introdução,
As reportagens, biografias, listas de compras, relatos históricos ou sobre desenvolvimento e conclusão, nesta ordem. Cada uma dessas partes, por
viagens, anúncios de classificados e currículo são exemplos de textos sua vez tem função distinta dentro da composição do texto:
descritivos.
Introdução: é a parte do texto argumentativo em que apresentamos o
Os textos descritivos podem ser divido em duas categorias. São elas: assunto de que trataremos e a tese a ser desenvolvida a respeito desse
assunto.
Descrição objetiva: descrição realista ou denotativa sobre algo. Não há a
presença de juízo de valor. Desenvolvimento: é a argumentação propriamente dita, correspondendo
Descrição subjetiva: descrição que envolve as impressões pessoais do aos desdobramentos da tese apresentada. Essa é a parte mais
autor e, por isso, apresenta o sentido conotativo da linguagem. importante do texto, por isso, comumente se desdobra em mais de um
parágrafo. De modo geral, cada argumento corresponde a um parágrafo.
Em geral, podemos adotar a estrutura abaixo para elaborar ou identificar
um texto descritivo: Conclusão: a parte final do texto em que retomamos a tese central, agora
já respaldada pelos argumentos desenvolvidos ao longo do texto.
Introdução: apresentação sobre o que (ou quem) será descrito.
Desenvolvimento: realização da descrição (objetiva ou subjetiva) de algo. Confira o exemplo:
Conclusão: término da descrição.
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais
Veja abaixo a Carta de Pero Vaz de Caminha, um relato de viagem, sendo, diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os
portanto, um exemplo de descrição: impostos nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas
doenças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos por causa de
"Também andavam, entre eles, quatro ou cinco mulheres moças, nuas afastamentos de trabalhadores devido aos males causados pelo
como eles, que não pareciam mal. Entre elas andava uma com uma coxa, fumo. Portanto, é mister que sejam proibidas quaisquer propagandas de
do joelho até o quadril, e a nádega, toda tinta daquela tintura preta; e o cigarros em todos os meios de comunicação.”
resto, tudo da sua própria cor. Outra trazia ambos os joelhos, com as
curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão Expositivo
nuas e com tanta inocência descobertas, que nisso não havia nenhuma
vergonha. Também andava aí outra mulher moça com um menino ou Os textos expositivos visam, assim como o próprio nome já expõe, à
menina ao colo, atado com um pano (não sei de quê) aos peitos, de modo exposição de determinada ideia, por meio de recursos como: definição,
que apenas as perninhas lhe apareciam. Mas as pernas da mãe e o resto conceituação, informação, descrição e comparação. Dessa forma,
não traziam pano algum." percebe-se um viés objetivo no texto, ou seja, tendo, na maioria dos
casos, escassos pontos de subjetividade.
Injuntivo
Os casos mais comuns do gênero expositivo são ligados a artigos e
Também chamado de instrucional, está pautado na explicação e no trabalhos científicos, seminários, palestras, conferências, entrevistas e
método para a concretização de uma ação. Ele indica o procedimento enciclopédias.
para realizar algo, por exemplo, uma receita de bolo, bula de remédio,
manual de instruções, editais e propagandas. Você sabe a diferença entre o texto literário e não literário?
Os verbos no imperativo são recorrentes nesse tipo de texto e visam,
além da instrução, à persuasão do receptor, como no caso das O texto literário busca a criatividade, ou seja, propõe uma nova maneira
propagandas. Ao desenvolver um texto injuntivo, o escritor tem um de ver o mundo sem estar apegado necessariamente à realidade que nos
objetivo claro em mente e precisa ser certeiro para que sua mensagem limita. Por isso, esse tipo de texto tem um cuidado maior com a seleção
seja recebida como o esperado. lexical. Ele expressa o pensamento do autor de forma reflexiva e não
O texto injuntivo pode ser classificado em dois tipos: necessariamente de acordo com a realidade. Exemplos: contos,
Texto injuntivo-instrucional: Quando o objetivo do interlocutor é instruir o romances, poemas.
receptor a fazer algo, sem a necessidade de convencê-lo. Exemplo:
receitas e manuais de instrução. Já o texto não-literário tem como o objetivo maior passar ao leitor
Texto injuntivo-prescritivo: Quando o objetivo do interlocutor é o de impor informações. Portanto, o autor deve ser imparcial e objetivo no jeito de
algo ao leitor, dar uma ordem, persuadi-lo a fazer ou adquirir algo. escrever, oferecendo apenas uma interpretação daquilo que está sendo
Exemplo: editais de concursos, contratos e leis. dito. A subjetividade e o ponto de vista do escritor não possuem espaço
nesse tipo de texto. Exemplos: notícias e livros didáticos).
Dissertativo-Argumentativo
Gêneros Literários
O principal objetivo do texto dissertativo-argumentativo é convencer o
leitor do seu ponto de vista. A persuasão é o principal ponto dessa Os três gêneros clássicos que abordaremos em seguida foram
categoria de textos dissertativos. Assim, o uso de argumentações e organizados há muito tempo atrás. Aristóteles, no seu livro A poética, foi
contra argumentações são fundamentais. quem ressaltou que existiam basicamente três gêneros literários.
Observe e entenda um pouco mais sobre cada um deles:
Esse tipo de texto aparece em redações de concursos, artigo de opinião,
carta argumentativa, editorial, resenha argumentativa, dentre outros.

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Lírico Alternadas ou cruzadas


A lírica clássica pode ser hoje comparada com a poesia. Nos textos
desse gênero há uma forte marca subjetiva, pois os sentimentos e Esquema ABAB, quando se alternam – o primeiro verso rima com o
emoções dos poetas são a base das produções. Neles há a terceiro; o segundo rima com o quarto. Se formam entre versos pares e
predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa, além da exploração os versos ímpares:
da musicalidade das palavras. Na névoa da manhã, tranquila e suave (A)
“O amor agita meu espírito Vieste do fundo incerto do passado; (B)
como se fosse o vendaval Ainda tinhas o mesmo passo da ave (A)
a desabar sobre os carvalhos” E o mesmo olhar magoado... (B)
Safo de Lesbos [...]
(Ronald de Carvalho, “Romance”)
No gênero lírico, o eu lírico será a voz do poema. É importante termos
atenção para não confundir autor com eu lírico. Ao longo desse tipo de Emparelhadas ou paralelas
texto, o eu lírico irá exteriorizar as suas emoções e sentimentos. Esquema AABB, quando o primeiro verso rima com o segundo, o terceiro
rima com o quarto, o quinto rima com o sexto e assim sucessivamente.
Abaixo, você poderá entender melhor sobre a estrutura dos poemas: Veja um exemplo:

Filho meu, de nome escrito (A)


Versos Da minh’alma no Infinito. (A)
Cada uma das linhas de um poema é chamada de verso. De tal modo, a
Escrito a estrelas e sangue (B)
poesia é formada por uma quantidade de versos, que apresentam ou não
No farol da lua langue... (B)
rimas, os quais são agrupados em estrofes. Assim:
Das tuas asas serenas (C)
Faz manto para estas penas. (C)
“De tudo, ao meu amor serei atento” à 1º verso
[...]
“E rir meu riso e derramar meu pranto” à 7º verso (Cruz e Sousa, “Recolta de Estrelas”)

Os versos são classificados de acordo com o número de sílabas Opostas ou interpolada


poéticas ou métricas que eles contêm. Veja abaixo as classificações que Esquema ABBA, quando as rimas se opõem – o primeiro verso rima com
mais aparecem: o quarto; o segundo rima com o terceiro:
De tudo, ao meu amor serei atento (A)
Monossílabo: uma sílaba poética Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto (B)
Redondilha menor: cinco sílabas poéticas Que mesmo em face do maior encanto (B)
Redondilha maior: sete sílabas poéticas Dele se encante mais meu pensamento (A)
Decassílabo ou heroico: dez sílabas poéticas (Vinicius de Moraes)
Dodecassílabo ou Alexandrino: doze sílabas poéticas
Verso Bárbaro: verso com mais de doze sílabas poéticas Versos brancos
Quando o poema não possui rimas. Por exemplo:
É importante ressaltar também os versos livres, que são aqueles que não [...]
possuem qualquer tipo de métrica. Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Estrofes Uma flor ainda desbotada
A estrofe representa a união de versos que compõem os poemas e ilude a polícia, rompe o asfalto.
segundo sua estrutura. Cada um dos blocos de versos é chamado Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
de estrofe. Observe o exemplo abaixo retirado de um poema: garanto que uma flor nasceu.
[...]
1ª estrofe: “De tudo, ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e (Carlos Drummond de Andrade, “A Flor e a Náusea”)
sempre, e tanto / Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante
mais meu pensamento.” Épico ou Narrativo
2ª estrofe: “Quero vivê-lo em cada vão momento / E em seu louvor hei de No gênero épico ou narrativo há a presença de um narrador, responsável
espalhar meu canto / E rir meu riso e derramar meu canto / Ao seu pesar por contar uma história, e de personagens, que atuam em um
ou seu contentamento.” determinado espaço e tempo. Assim, esse gênero refere-se aos textos
que contam uma história. Para isso, é necessário um narrador ou
As estrofes serão classificadas em: narradora, personagem, enredo, tempo e espaço. O narrador pode ser
Monóstico: estrofe de 1 verso onisciente, observador ou personagem da narrativa, que pode conter um
Terceto: estrofe de 3 versos discurso direto, indireto ou indireto livre. Esses elementos serão
Quarteto ou Quadra: estrofe de 4 versos estudados mais a frente.
Décima: estrofe de 10 versos
Irregulares: estrofe com mais de 10 versos. Exemplos: novela, contos, crônicas.

Uma forma fixa que costuma aparecer bastante nos poemas é o soneto. Dramático
O soneto possui dois quartetos e dois tercetos em sua estrutura.
O gênero dramático é conhecido popularmente como o gênero do teatro.
Ele designa os textos literários feitos para serem representados no
Rimas palco. Sua origem, que remonta à Grécia Antiga, liga-se às festas
Rima é o nome que se dá à igualdade de sons nas sílabas poéticas. A religiosas em homenagem ao deus Dionísio (Baco).
rima é um recurso literário que designa a aproximação sonora entre duas
palavras que compõem o verso, oferecendo mais musicalidade à poesia. Ao longo dos séculos, esse gênero desprendeu-se da ligação com a
De acordo com o tipo de rima utilizada elas são classificadas em: religiosidade e foi incorporando as marcas de seu tempo e as
características dos momentos literários em que foi produzido, sendo,
ainda, produzido, lido e encenado. Assim, o texto teatral possui

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características peculiares e se distancia de outros tipos de texto pela país, à cultura e até mesmo ao estilo. A variação linguística é um
principal função que lhe é atribuída: a encenação. São, portanto, peças fenômeno decorrente dessa característica. A língua pode ser
de teatro escritas por dramaturgos e dirigidos por produtores teatrais. compreendida por intermédio das variações históricas e regionais. As
Pelo fato de ser encenado, a linguagem corporal e gestual será de variações acontecem porque o princípio fundamental da língua é a
extrema importância. comunicação, então é compreensível que seus falantes façam rearranjos
de acordo com suas necessidades comunicativas.
Elementos do texto dramático Por exemplo, em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua
Tempo: o tempo teatral é classificado em "tempo real" (que indica o da pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. O português que
representação), "tempo dramático" (quando acontece os fatos narrados) é falado no Nordeste do Brasil, por exemplo, pode ser diferente do
e o "tempo da escrita" (indica quando foi produzida a obra). português falado no Sul do país.
Espaço: o chamado “espaço cênico” determina o local em que será Temos que ter bastante cuidado e atenção com esse tema. Quando
apresentado a história. Já o “espaço dramático” corresponde ao local em tratamos as variações como erro, incorremos no preconceito linguístico
que serão desenvolvidas as ações dos personagens. que associa, erroneamente, a língua ao status. O português falado em
Personagens: segundo a importância, os personagens dos textos teatrais algumas cidades do interior do Nordeste, por exemplo, pode ganhar o
são classificados em: personagens principais (protagonistas), estigma pejorativo de incorreto ou inculto, mas, na verdade, essas
personagens secundários e figurantes. diferenças são justamente o que enriquecem a nossa língua portuguesa.

Protagonista: personagem central da ação dramática. Diastrática


Antagonista: personagem que se opõe ao protagonista. São as variedades linguísticas que dependem dos grupos sociais em que
Coro: conjunto de atores que comentam a ação ao longo da peça. ele se insere, ou seja, das pessoas com quem ele convive. São as
variedades típicas de grandes centros urbanos, já que as pessoas
Estrutura Dramática dividem-se em grupos em razão de interesses comuns, como profissão,
Um texto dramático está dividido, quanto a sua estrutura externa classe social, nível de escolaridade, esporte, tribos urbanas, idade,
em atos e cenas. gênero, sexualidade, religião etc. Para gerarem sentimento de
Ato: parte de uma peça de teatro que corresponde a um ciclo de ação pertencimento e de identidade, os grupos desenvolvem características
num determinado espaço e que é separada das outras por um intervalo próprias, que vão desde a vestimenta até a linguagem.
(muda-se de ato quando se muda de cenário). As gírias – palavras ou expressões informais, efêmeras e normalmente
Cena: momento da ação em que os atores estão a representar (muda-se ligadas ao público jovem – estão relacionadas a este tipo de variação
de cena quando existe alguma entrada ou saída de personagens). linguística. Além delas, encontramos também os jargões, que são
palavras ou expressões típicas de determinados ambientes
Nesse momento, podemos dar destaque as rubricas, indicações cênicas profissionais, logo, possuem relação com o grupo de convívio social.
que auxiliam a representação e também podem aparecer na descrição do
espaço e/ou da situação antes de cada ato. Diatópica
A variação diatópica é a variação regional, ou seja, se relaciona com o
Quanto a sua estrutura interna básica, você deve entender: lugar onde o falante reside. Em um país com dimensões continentais
Apresentação: faz-se a exposição, tanto dos personagens, quanto da como o Brasil, elas são extremamente ricas. Essas variantes são
ação a ser desenvolvida. percebidas por dois fatores:
Conflito: o momento em que surge as aventuras da ação dramática. Sotaque: fenômeno fonético (fonológico) em que pessoas de uma
Desenlace: Momento de conclusão, encerramento ou desfecho da ação determinada região pronunciam certas palavras ou fonemas de forma
dramática. particular. Exemplo: a forma como os paranaenses pronunciam o R ou os
cariocas pronunciam o S.
O texto dramático é constituído pelas falas ou réplicas das personagens, Regionalismo: fenômeno ligado ao léxico (vocabulário) que consiste na
que são apresentadas em discurso direto, na forma de: existência de palavras ou expressões típicas de determinada região.
Exemplo: em Goiás, por exemplo, normalmente se diz “mandioca”; no Sul,
Diálogo: as personagens falam umas com as outras “aipim”; no Nordeste, “macaxeira”.
Monólogo: uma personagem fala consigo mesma
Aparte: uma personagem faz um comentário para os espetadores Diacrônica
A variação diacrônica trata daquelas palavras ou expressões que eram
O texto dramático pode conter ainda indicações cénicas (ou didascálias) muito usadas, mas, com o passar do tempo, caíram em desuso. Essa
que fornecem informações sobre o cenário, a luz, o som, o tempo e o variação deixa claro como a língua varia de acordo com o período
espaço da ação, os adereços, os figurinos, os gestos, as atitudes, o tom histórico. Por exemplo, a palavra "você"sofreu várias modificações ao
de voz, os movimentos e as características físicas e psicológicas das longo do tempo, antes era “vosmecê” e hoje pode ser até "vc”, quando
personagens. entramos no contexto das redes sociais.

Variação Linguística Diafásica


“Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda São as variedades linguísticas que surgem de acordo com o contexto
num só local, apresenta um sem-número de diferenciações […] Mas essas comunicacional. O nível de linguagem varia de acordo com o estilo
variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois exigido pelo texto ou pela situação comunicativa, ou seja, a ocasião é
cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe que será determinante para a escolha do modo de falar. Nesse caso, o
exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da vocabulário escolhido e também a formalidade – linguagem culta/formal
língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se ou coloquial/informal – podem variar.
servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e A crônica, por exemplo, é um texto cujo estilo exige uso de linguagem
de emoção.” coloquial; a dissertação, por sua vez, exige do redator um estilo de escrita
Professor e gramático Celso Cunha
mais formal. Portanto, cabe ao falante ou redator dominar as diferentes
variantes a fim de adequá-las à situação e ao estilo exigido pelo texto.
Primeiramente, para entendermos um pouco mais sobre variação
linguística, precisamos admitir a língua como um sistema mutável.
Observamos diferenças na fala que se relacionam à idade, à região do

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Exercícios Opção 2) No seguinte trecho do texto I, 6o parágrafo: “... a instituição


observou in loco o método aplicado...” ocorre a variante padrão, com
1. Texto 1 predominância de termos científicos.
Piratininga virou São Paulo: o colégio é hoje uma metrópole Opção 3) No trecho do texto III, 13° parágrafo: “Me dá tonteira...", há a
Os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega subiram a Serra presença da variante coloquial.
do Mar, nos idos de 1553, a fim de buscar um local seguro para se instalar Opção 4) A ocorrência de siglas como Pisa e OCDE revelam um uso da
e catequizar os índios. Ao atingir o planalto de Piratininga, encontraram o variante coloquial nos textos I e II.
ponto ideal. Tinha “ares frios e temperados como os de Espanha” e “uma
terra mui sadia, fresca e de boas águas”. Os religiosos construíram um 3. No texto 1, nos períodos ”(…) um alemão forte pra cachorro
colégio numa pequena colina, próxima aos rios Tamanduateí e levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro.” - linhas 06 a 08 -
Anhangabaú, onde celebraram uma missa. Era o dia 25 de janeiro de 1554, e ” Até que, lá do canto do café, levantou-se um brasileiro magrinho, cheio
data que marca o aniversário de São Paulo. Quase cinco séculos depois, de picardia, para perguntar, como os outros:” - linhas 27 a 29 - observa-
o povoado de Piratininga se transformou numa cidade de 11 milhões de se um tipo de variação linguística muito comum em crônicas e que pode
habitantes. Daqueles tempos, restam apenas as fundações da construção ser definida como:
feita pelos padres e índios no Pateo do Collegio.
Piratininga demorou 157 anos para se tornar uma cidade chamada São Opção 1) variação temporal.
Paulo, decisão ratificada pelo rei de Portugal. Nessa época, São Paulo Opção 2) variação histórica.
ainda era o ponto de partida das bandeiras, expedições que cortavam o Opção 3) linguagem informal.
interior do Brasil. Tinham como objetivos a busca de minerais preciosos e Opção 4) linguagem culta.
o aprisionamento de índios para trabalhar como escravos nas minas e Opção 5) variações diatópicas.
lavouras.
(Disponível em http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/a-cidade-de-sao-paulo) 4. Leia as assertivas abaixo e, ao final, responda o que se pede.

Texto 2 I. A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa


Soneto sentimental à cidade de São Paulo e pode ser compreendida por meio das influências históricas e regionais
Ó cidade tão lírica e tão fria! sobre os falares.
Mercenária, que importa - basta! - importa II. A língua é um sistema que não admite nenhum tipo de variação
Que à noite, quando te repousas morta linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
Lenta e cruel te envolve uma agonia III. O tipo de linguagem do texto compromete o seu entendimento ao
leitor.
Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta Marque a alternativa CORRETA.
Nesse momento, amante, abres-me a porta Opção 1) Apenas a assertiva II, está correta.
E eu te possuo nua e fugidia. Opção 2) Apenas a assertiva I, está correta.
Opção 3) Apenas a assertiva III, está correta.
Sinto como a tua íris fosforeja Opção 4) Todas as assertivas estão corretas.
Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera 5.
Texto Eloquência Singular
Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa 'Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:
Há um pecador morrendo de beleza? — Senhor Presidente: não sou daqueles que...
(Vinícius de Moraes) O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural.
No entanto, podia perfeitamente ser o singular:
Sobre os textos, é correto afirmar, exceto: — Não sou daqueles que...
Não sou daqueles que recusam... No plural soava melhor. Mas era
Opção 1) O primeiro texto explora a linguagem não literária, preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem - que recusa
caracterizada pelo uso da função referencial, que preza pela objetividade ? -, ele facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não
e imparcialidade da informação. sou daqueles que ... Resolveu ganhar tempo:
Opção 2) O segundo texto explora a linguagem literária, na qual — ...embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades,
podemos observar o emprego de recursos estilísticos e expressivos. como representante do povo nesta Casa, não sou...
Predominância da função poética da linguagem. Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em
Opção 3) As notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de plural ? Era um desses casos que os gramáticas registram nas suas
dicionários e enciclopédias, anúncios publicitários e textos científicos questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida.
são exemplos da linguagem não literária. Idiotismo de linguagem, devia ser.
Opção 4) Os textos literários apresentam uma preocupação com o ...daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o
objeto linguístico. Suas características são bem delimitadas, como o uso Brasil atravessa...
da objetividade, a transparência e o compromisso em informar o leitor. Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:
— Não sou daqueles que...
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma
vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória
2. Considerando o registro linguístico presente nos exemplos abaixo lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância?
contidos nos textos I, II e III, assinale a alternativa correta: Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular.
Ou no plural:
Opção 1) A variante culta predomina no seguinte trecho do texto III, 15° — Não sou daqueles que, dizia eu - e é bom que se repita sempre, senhor
parágrafo: “Assim, fim de papo. Agarrou a águia e enfiou dentro de um Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós
saco. depositada...
Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de
partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância. Ambas

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PORTUGUÊS MÓDULO 01 SOLDADO COMBATENTE

com aparência castiça. Ambas legítimas. Ambas gramaticalmente


lídimas, segundo o vernáculo: Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer
— Neste momento tão grave para os destinos da nossa nacionalidade. escorregando no capim até a beira do açude. Com dois paus de pita,
Ambas legítimas? Não, não podia ser. Sabia bem que a expressão faremos uma balsa, e, como o carnaval é no mês que vem, vamos
"daqueles que" era coisa já estudada e decidida por tudo quanto é apanhar tabatinga para fazer formas de máscaras. Ou então vamos jogar
gramaticóide por aí, qualquer um sabia que levava sempre o verbo ao bola-preta: do outro lado do jardim tem um pé de saboneteira.
plural:
— ...não sou daqueles que, conforme afirmava... Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha, numa simples
Ou ao singular? Há exceções, e aquela bem podia ser uma delas. menina de pernas magras e vamos passear nessa infância de uma terra
Daqueles que. Não sou UM daqueles que. Um que recusa, daqueles que longe. É verdade que jamais comeu angu de fundo de panela?
recusam. Ah! o verbo era recusar:
— Senhor Presidente. Meus nobres colegas. Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino. Estaremos debaixo
A concordância que fosse para o diabo. Intercalou mais uma oração e foi da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o canivete. Mas não consigo
em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles imaginá-la assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras... Havia
que... pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à
— Como? praia. Iremos catar conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar o
Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio: alçapão junto do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser
— Não ouvi bem o aparte do nobre deputado. três horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de sono, você
Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum. gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe dou aipim ainda quente
— Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi com melado. Talvez você fosse como aquela menina rica, de fora, que
bem — e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos. achou horrível nosso pobre doce de abóbora e coco.
— Eu ? Mas eu não disse nada...
— Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do bambual; ali
aparte. pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir descendo o rio numa canoa bem
O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam devagar e de repente dar um galope na correnteza, passando rente às
em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora pedras, como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar afora até
já era, como no verso de Bilac ***, a agonia do herói e a agonia da tarde. não poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem
— Que é que você acha ? — cochichou um. pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim porque cortei uma
— Acho que vai para o singular. iba de assa-peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os
— Pois eu não: para o plural, é lógico. soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado do rio
O orador prosseguia na sua luta: gritando.
— Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente...
Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa. Vontade de aproveitar- Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em menina para subir
se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu junto de um tronco
aí pra mim, como é que é, me tira desta... queimado; e me lembro de muitas meninas. Tinha uma que era para mim
— Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado. uma adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não amarga. Assim eu
— Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu queria gostar de você, mulher estranha que ora venho conhecer, homem
discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura maduro. Homem maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava
de minha existência depois de mais de vinte anos de vida pública... distraída, meus olhos eram outra vez os encantados olhos daquele
E entrava por novos desvios: menino feio do segundo ano primário que quase não tinha coragem de
— Muito embora... sabendo perfeitamente... os imperativos de minha olhar a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco.
consciência cívica... senhor Presidente e o declaro peremptoriamente...
não sou daqueles que... Adoração de infância. Ao menos você conhece um passarinho chamado
O Presidente voltou a adverti-lo que seu tempo se esgotara. Não havia saíra? E um passarinho miúdo: imagine uma saíra grande que de súbito
mais por onde fugir: aparecesse a um menino que só tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres
— Senhor Presidente, meus nobres colegas! cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota infância, sobre
Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou: os morros e o rio. O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do
— Em suma: não sou daqueles. Tenho dito. mar se balançando sob a onda clara, junto da pedra.
Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam:
— Muito bem! Muito bem! Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da infância. Na
O orador foi vivamente cumprimentado.' minha adolescência você seria uma tortura. Quero levá-la para a
Fernando Sabino meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não
sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são pequenas
Assinale a alternativa que apresente o correto enquadramento do gênero coisas do mato e da água, são humildes coisas, e você é tão bela e
e subgênero do texto II. estranha! Inutilmente tento convertê-la em menina de pernas magras, o
Opção 1) narrativo – epopeia joelho ralado, um pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos
Opção 2) lírico – ode pés.
Opção 3) dramático – auto
Opção 4) narrativo – crônica Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na adolescência
Opção 5) narrativo – conto me torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda assim às vezes é como
um bando de sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume
6. Passeio à Infância de peixes dourados avançando, saltando ao sol, na piracema; um
bambual com sombra fria, onde ouvi silvo de cobra, e eu quisera tanto
Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois pequenos carás dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira de rio, com
dourados. E como faz calor, veja, os lagostins saem da toca. Quer ir de remanso, com cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas
batelão, na ilha, comer ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde cigarras cantando numa pobre tarde de homem.
o sol dourado atravessa a água rasa? Não catemos pedrinhas redondas Julho, 1945
para atiradeira, porque é urgente subir no morro; os sanhaços estão Crônica extraída do livro “200 crônicas escolhidas”, de Rubem Braga.
bicando os cajus maduros. É janeiro, grande mês de janeiro!

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PORTUGUÊS MÓDULO 01 SOLDADO COMBATENTE

A crônica Passeio à Infância, de Rubem Braga, é um texto:


Opção 1) que apresenta, simultaneamente, elementos narrativos e
descritivos
Opção 2) predominantemente descritivo, com vocabulário regional
variado, linguagem objetiva e, por vezes, irônica.
Opção 3) de caráter narrativo, apresentando contrastes de sentimentos
e uma reflexão sobre os problemas da vida rural.
Opção 4) descritivo, apresentando marcas de subjetividade para
contrastar com o mundo em que vivemos.
Opção 5) predominantemente narrativo, em primeira pessoa, fazendo
uso da fauna e da flora para retratar problemas sociais e cotidianos da
vida no campo.

7. O MEDO QUE DIVIDE OS DOIS BRASIS

A primeira reação à estridência em torno do banditismo é o medo. Do


medo à defesa pessoal o passo é pequeno. E da defesa vai-se aos
exageros de segurança – aos condomínios fechados e guaritas, às
cancelas, aos guarda-costas e carros blindados. E dos exageros ao
delírio de ter medo de todos os desconhecidos.

Claro está que o problema da criminalidade nas metrópoles existe, é


grave. Que em algumas cidades a polícia se misturou com a bandidagem.
Que o medo tem razão de ser. O que não se explica é como será o país
que se pretende construir, no qual se quer viver, se uma parte expressiva
da população se cerca e constrói muros cada vez mais altos para se
defender de uma outra categoria de brasileiros que considera
ameaçadora. Não existe país viável baseado na exclusão de uma
categoria de cidadãos. [...] A segregação e a exclusão não podem ser as
vigas mestras para fazer uma civilização democrática.

As metrópoles brasileiras não irão virar paraísos de tranquilidade do dia No Texto II, há o predomínio da narração, como se pode comprovar
para a noite. O desafio, justamente, é melhorá-las para o conjunto de seus através do seguinte exemplo:
habitantes, não deixando que se criem guetos – sejam eles de miseráveis
ou de triliardários. Os problemas das grandes cidades do Brasil não são Opção 1) “Guerras entre gangues têm dilacerado o Michoacán [...]” (l.9-
simplesmente policiais ou urbanos. São problemas sociais. A 10)
concentração de renda, os desníveis nas condições de vida, os extremos Opção 2) “Acho que a podemos definir como resignação [...]”(l.18-19)
de riqueza e pobreza abrem um fosso dividindo o país. Fazendo com que Opção 3) “A resignação é uma das armas preferidas do diabo!” (l.27)
uma parte tenha medo da outra. O desafio, portanto, é de outra natureza: Opção 4) “Nas ruas de Morelia, o entusiasmo pela visita do Papa é
em vez de separar com muros, é preciso juntar os Brasis, fazê-lo justo e enorme." (l.33-34)
democrático. Opção 5) “[...] Juárez é uma cidade caracterizada pela violência
Revista Veja, 23/11/1994. [...]”(l.42-43)

O texto, “O medo que divide os dois Brasis”, é quanto ao gênero textual 9. Considere as passagens:
classificado como:
Opção 1) Argumentativo. • “A quarentena é um período curto diante da vida escolar das crianças e
Opção 2) Expositivo. adolescentes. Se o trabalho for bem feito. A pandemia passa e eles não
Opção 3) Injuntivo. terão perdas ao longo da vida.”
Opção 4) Narrativo. (Veja São Paulo, 8 de julho de 2020, p. 15. Adaptado)

8. • Um suco de laranja sem gelo e um chopinho bem gelado. O garçom


colocou o chope diante dele e o suco, diante dela. O casal, sorrindo,
trocou as bebidas e brindou aquele momento especial.
(Gislene Carvalho. In: Tic Tac & outros microcontos, 2019, p. 81)

• Embusteiro! Saia! Já não suporto sua presença. Eu também já sinto


vergonha de ser mãe de semelhante ingrato! Saia! Não quero mais vê-lo!
(Júlia Lopes de Almeida. A caolha. In: Os cem melhores contos brasileiros do
século. 2001, p. 53. Adaptado)

• A caolha (...) morava numa casa pequena, paga pelo filho único,
operário numa oficina de alfaiate; ela lavava roupa para hospitais e dava
conta de todo o serviço.
(Júlia Lopes de Almeida. A caolha. In: Os cem melhores contos brasileiros do
século. 2001, p. 53. Adaptado)

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PORTUGUÊS MÓDULO 01 SOLDADO COMBATENTE

Os quatro gêneros textuais que estão representados nas passagens Opção 5) argumentativa, pois se trata de um editorial em que se defende
acima pela respectiva ordem são: o ponto de vista de que a inteligência artificial será útil para frear os
Opção 1) dissertativo, narrativo, injuntivo, descritivo. primeiros estágios de um surto por meio de rastreamento robusto.
Opção 2) descritivo, injuntivo, narrativo, dissertativo.
Opção 3) narrativo, descritivo, dissertativo, injuntivo. 11. Receita
Opção 4) injuntivo, narrativo, injuntivo, descritivo. Tome-se um poeta não cansado,
Opção 5) injuntivo, descritivo, narrativo, dissertativo. Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
10. Uma veia sangrando de pavor.
A tecnologia contra o vírus Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Além de confrontar a humanidade, em nível pessoal e civilizacional, um Duma pitada de morte se reforce,
dos efeitos da pandemia é transportar o futuro de um horizonte Que um amor de poeta assim requer.
SARAMAGO, J. Os poemas possíveis.
longínquo para o aqui e agora. Com o confinamento generalizado, a
Alfragide: Caminho, 1997.
sociedade está sofrendo um choque de digitalização. Mas enquanto o
mundo do trabalho e o do lazer têm tempo para se adaptar a esse futuro
Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e
tornado prematuramente contemporâneo pela força de um vírus, aqueles
podem reconfigurar-se em função do propósito comunicativo. Esse texto
que combatem este vírus com tecnologias como inteligência artificial
constitui uma mescla de gêneros, pois
(IA), robótica e big data precisam acelerar dramaticamente seus
procedimentos para enfrentar a velocidade da sua disseminação. Afinal,
Opção 1) introduz procedimentos prescritivos na composição do
além de permitir a continuidade do trabalho e das relações sociais, essas
poema.
tecnologias podem fazer a diferença entre a vida e a morte no front de
Opção 2) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.
batalha.
Opção 3) explora elementos temáticos presentes em uma receita.
Segundo a revista especializada em saúde STAT, a IA está sendo
Opção 4) apresenta organização estrutural típica de um poema.
experimentada pelas redes hospitalares para pré- -examinar e instruir
Opção 5) utiliza linguagem figurada na construção do poema.
possíveis infectados; identificar pacientes de alto risco para que os
médicos possam se antecipar proativamente; examinar profissionais de
12. Sobre os gêneros literários, afirma-se:
saúde na linha de frente; detectar a covid-19 e diferenciá-la de outras
doenças respiratórias; prever quais quadros irão se deteriorar; rastrear
I. O gênero dramático abrange textos que tematizam o sofrimento e a
leitos e equipamentos; acompanhar os pacientes fora do hospital;
aflição da condição humana.
detectar a distância altas temperaturas e impedir que pessoas doentes
II. Textos pertencentes ao gênero lírico privilegiam a expressão subjetiva
entrem em espaços públicos; e avaliar respostas a tratamentos
de estados interiores.
experimentais.
III. O gênero épico compreende textos sobre acontecimentos grandiosos
Além disso, a IA pode acelerar a criação de remédios e vacinas, prever a
protagonizados por heróis.
evolução da epidemia, mensurar o impacto de políticas públicas e
IV. Em literatura, o romance e a novela são formas narrativas
aprimorá-las para nos defender contra os surtos futuros que com toda
pertencentes ao gênero dramático.
probabilidade virão.
Um rastreamento robusto do vírus é decisivo para frear os primeiros
Estão corretas apenas as afirmativas
estágios de um surto e será decisivo para as estratégias de transição da
Opção 1) I e II.
quarentena para as atividades normais. O procedimento tradicional de
Opção 2) I e IV.
rastrear e notificar os contatos de um infectado é lento, mas pode ser
Opção 3) III e IV.
feito instantaneamente através da localização e dos dados dos celulares
Opção 4) II e III.
e de aplicativos para notificação de resultados positivos.
Em tempos excepcionais, os processos regulatórios também precisam
avançar em condições excepcionais. Como tudo o mais nesta pandemia, 13.
a chave está na agilidade. Assim como os tecnólogos estão acelerando Óia eu aqui de novo xaxando
seus processos de criação e produção de novas máquinas, as agências Óia eu aqui de novo pra xaxar
reguladoras, autoridades políticas e sociedade civil precisarão acelerar o Vou mostrar pr’esses cabras
processo de deliberação sobre o que é ou não aceitável. Como em todo Que eu ainda dou no couro
avanço científico e tecnológico, as soluções virão por sucessivas Isso é um desaforo
tentativas e erros. A única atitude inaceitável é não tentar. Que eu não posso levar
(Estadão. Opinião. https://opiniao.estadao.com.br, 20.04.2020. Adaptado) Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Analisando as informações textuais, conclui-se corretamente que a Óia eu aqui de novo mostrando
tipologia predominante no texto é a: Como se deve xaxar.

Opção 1) expositiva, pois se trata de um artigo de opinião em que se Vem cá morena linda
detalham usos políticos da inteligência artificial, a qual será útil para Vestida de chita
coibir o acesso das pessoas a informações relevantes sobre a pandemia. Você é a mais bonita
Opção 2) narrativa, pois se trata de uma crônica reflexiva em que se Desse meu lugar
analisa o impacto da inteligência artificial, a qual será útil para autorizar Vai, chama Maria, chama Luzia
o uso dos espaços públicos à população, para evitar a convulsão social. Vai, chama Zabé, chama Raque
Opção 3) descritiva, pois se trata de uma resenha em que se expressa a Diz que tou aqui com alegria.
ideia de que a inteligência artificial será útil para implementar o (BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em Acesso em 5 mai 2013)
procedimento tradicional de notificação de infectados.
Opção 4) injuntiva, pois se trata de uma carta eletrônica em que se
explica ao leitor o papel da inteligência artificial, que será útil para
economizar recursos financeiros com a dispensa de profissionais da
saúde.

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PORTUGUÊS MÓDULO 01 SOLDADO COMBATENTE

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do Opção 2) trazer uma abordagem inédita sobre os povos indígenas no
repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza Brasil e, assim, ser reconhecido como especialista no assunto.
uma forma do falar popular regional é Opção 3) mostrar os povos indígenas vivendo em comunhão com a
natureza e, por isso, sugerir que se deve respeitar o meio ambiente e
Opção 1) “Isso é um desaforo” esses povos.
Opção 2) “Diz que eu tou aqui com alegria” Opção 4) usar a conhecida oposição entre moderno e antigo como uma
Opção 3) “Vou mostrar pr’esses cabras” forma de respeitar a maneira ultrapassada como vivem os povos
Opção 4) “Vai, chama Maria, chama Luzia” indígenas em diferentes regiões do Brasil.
Opção 5) “Vem cá, morena linda, vestida de chita” Opção 5) apresentar informações pouco divulgadas a respeito dos
indígenas no Brasil, para defender o caráter desses povos como
14. Leia o fragmento do texto “Antigamente”, de Carlos Drummond civilizações, em contraposição a visões preconcebidas.
de Andrade:
Antigamente Textos para as questões 17, 18 e 19:
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, TEXTO I
em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé de O açúcar
alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.
O branco açúcar que adoçará meu café
Com base nos estudos de variantes linguísticas, compreende-se que a nesta manhã de Ipanema
variante apresentada no fragmento é a: não foi produzido por mim
Opção 1) geografia. nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Opção 2) histórica. Vejo-o puro
Opção 3) estilística. e afável ao paladar
Opção 4) social. como beijo de moça, água
Opção 5) geográfica e a social. na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
15. São características do gênero dramático: não foi feito por mim.
Este açúcar veio
I. Representa sentimentos e emoções a partir da expressão individual e da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
subjetiva. Nos textos dramáticos há a predominância de pronomes e Este açúcar veio
verbos na 1ª pessoa e a exploração da musicalidade das palavras. de uma usina de açúcar em Pernambuco
II. Nos textos dramáticos o poeta despoja-se do seu “eu” sentimental ou no Estado do Rio
para atirar-se na direção dos acontecimentos que o rodeiam. O amor é e tampouco o fez o dono da usina.
uma temática, mas na narrativa dramática ele é abordado em episódios Este açúcar era cana
isolados. e veio dos canaviais extensos
III. Os textos dramáticos são produzidos para serem representados, pois que não nascem por acaso
a voz narrativa está entregue às personagens, que contam a história por no regaço do vale.
meio de diálogos ou monólogos sem mediação do narrador. Em lugares distantes, onde não há hospital
IV. O auto, a comédia, a tragédia, a tragicomédia e a farsa integram-se ao nem escola,
gênero dramático. homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
Opção 1) III e IV estão corretas. plantaram e colheram a cana
Opção 2) I e III estão corretas. que viraria açúcar.
Opção 3) I e II estão corretas. Em usinas escuras,
Opção 4) I e IV estão corretas. homens de vida amarga
Opção 5) II, III e IV estão corretas. e dura
produziram este açúcar
16. Na verdade, o que se chama genericamente de índios é um grupo de branco e puro
mais de trezentos povos que, juntos, falam com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
mais de 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui diferentes fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1980, pp.227-228)
histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a vida, sobre a
liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em comum, tais comunidades
apresentam a profunda comunhão com o ambiente em que vivem, o TEXTO II
respeito em relação aos indivíduos mais velhos, a preocupação com as A cana-de-açúcar
futuras gerações, e o senso de que a felicidade individual depende do êxito
do grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção coletiva. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos
Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são indispensáveis para colonizadores portugueses no século XVI. A região que durante séculos
construir qualquer noção moderna de civilização. Os verdadeiros foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata
representantes do atraso no nosso país não são os índios, mas aqueles nordestina, onde os férteis solos de massapé, além da menor distância
que se pautam por visões preconceituosas e ultrapassadas de em relação ao mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a
“progresso”. esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é
AZZI, R. As razões de ser guarani-kaiowá. Disponível em: www.outraspalavras.net. São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas
Acesso em: 7 dez. 2012. Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte
abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de
Considerando-se as informações abordadas no texto, ao iniciá-lo com a álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A
expressão “Na verdade”, o autor tem como objetivo principal imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo,
está ligada ao uso do álcool como combustível.
(Comentários sobre os textos: “O açúcar” e “A cana-de-açúcar” )
Opção 1) expor as características comuns entre os povos indígenas no
Brasil e suas ideias modernas e civilizadas.

10
PORTUGUÊS MÓDULO 01 SOLDADO COMBATENTE

17. Para que um texto seja literário: 21. Sobre os textos injuntivos e prescritivos, estão corretas:
Opção 1) basta somente a correção gramatical; isto é, a expressão
verbal segundo as leis lógicas ou naturais. I. Ambos estão pautados na explicação e no método para a
Opção 2) deve prescindir daquilo que não tenha correspondência na concretização de uma ação através do emprego de uma linguagem
realidade palpável e externa. simples e objetiva.
Opção 3) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capacidade de
compreensão do leitor. II. Os textos injuntivos não têm como finalidade a coerção do leitor, isto
Opção 4) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O escritor é, sugere o cumprimento das regras, e não as impõe. São exemplos as
revela ao escrever, revela o mundo, e em especial o Homem, aos outros receitas culinárias e os manuais de instruções.
homens.
Opção 5) deve revelar diretamente as coisas do mundo: sentimentos, III. Os textos prescritivos apresentam um discurso coercitivo, isto é, as
ideias, ações. normas apresentadas devem ser seguidas à risca. São exemplos as
cláusulas de um contrato e as regras gramaticais.
18. Sobre o textos I e II, só é possível afirmar que:
I. O texto I é literário também pela forma com que se apresenta. IV. Não é possível delimitar as diferenças entre os textos injuntivos e
II. O texto II poderia ser literário pela forma. prescritivos, pois ambos sugerem o cumprimento de regras para a
III. Pela pluralidade significativa da linguagem, só é possível afirmar que realização de um trabalho ou a utilização correta de instrumentos e/ou
o literário é o texto II. ferramentas.

Está(ao) correta(s) apenas Opção 1) I e III.


Opção 1) a I e a II Opção 2) Apenas IV.
Opção 2) a II e a III Opção 3) II e III.
Opção 3) a I e a III Opção 4) I, II e III.
Opção 4) apenas a II
Opção 5) Todas estão corretas 22. Preencha os parênteses com os números correspondentes; em
seguida, assinale a alternativa que indica a correspondência correta.
19. Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção incorreta
Opção 1) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de 1. Narrar
produzi-lo, a expressão literária é utilizada principalmente como um meio 2. Argumentar
de refletir e recriar a realidade. 3. Expor
Opção 2) No texto II, de expressão não-literária, o autor informa o leitor 4. Descrever
sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como 5. Prescrever
teve início seu cultivo no Brasil, etc.
Opção 3) O texto I parte de uma palavra do domínio comum – açúcar – ( ) Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos e
e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos formais indicações de como realizar ações, com emprego abundante de verbos
para estabelecer um paralelo entre o açúcar – branco, doce, puro – e a no modo imperativo.
vida do trabalhador que o produz – dura, amarga, triste.
Opção 4) O texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de ( ) Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias sobre
linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de novas formas determinado assunto, assim como explicações, avaliações e reflexões.
de dizer. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.
Opção 5) O texto II não é literário porque, diferentemente do literário,
parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação. ( ) Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou não,
acontecido num determinado espaço e tempo, envolvendo personagens
20. “(...) Pegue duas medidas de estupidez e ações. A temporalidade é fator importante nesse tipo de texto.
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma ( ) Ato próprio de textos em que se retrata, de forma objetiva ou
Untada previamente subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância do uso
Com promessas não cumpridas de adjetivos. Não há relação de temporalidade.
Adicione a seguir o ódio e a inveja
As dez colheres cheias de burrice ( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e exposição de
Mexa tudo e misture bem ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista. Sua estrutura
E não se esqueça: antes de levar ao forno básica é: apresentação de ideia principal, argumentos e conclusão.
Temperar com essência de espírito de porco,
Duas xícaras de indiferença Opção 1) 3, 5, 1, 2, 4
E um tablete e meio de preguiça (…)”. Opção 2) 5, 3, 1, 4, 2
(Os anjos – Legião Urbana)
Opção 3) 4, 2, 3, 1, 5
Opção 4) 5, 3, 4, 1, 2
Opção 5) 2, 3, 1, 4, 5
A letra da música Os anjos, de autoria de Renato Russo, apresenta
elementos que a identificam com o seguinte tipo textual:
Opção 1) Narração.
Opção 2) Descrição.
Opção 3) Injunção.
Opção 4) Dissertação.

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23. Quanto à tipologia, o texto classifica-se, predominantemente, Opção 5) narrativo, mas com algumas passagens dissertativas, nas
Como quais o autor emite a própria opinião sobre o assunto abordado.

25.

Opção 1) dissertativo, pois estabelece uma relação, com base em uma


estimativa, entre o uso de agrotóxicos e o aumento do risco à saúde de
trabalhadores rurais que têm contato com tais produtos.
Opção 2) narrativo, pois faz um relato de fatos envolvendo doenças
provocadas pelo uso de agrotóxicos no campo.
Opção 3) dissertativo, pois apresenta uma sequência de fatos.
Opção 4) narrativo, pois relata um fato ocorrido em Bento Gonçalves.
Opção 5) descritivo, pois destaca as características principais dos
agrotóxicos.

24. Do ponto de vista da tipologia textual, o texto “Memória" é,


predominantemente,

O texto lido pode ser classificado como:

Opção 1) dissertativo expositivo, pois fornece uma série de informações


sem a pretensão de defender qualquer linha ideológica de pensamento.
Opção 2) descritivo, já que fornece ao leitor características da
sociedade atual
Opção 3) narrativo, visto que apresenta uma série de fatos em sequência
cronológica
Opção 4) conversacional, porque, do primeiro ao último parágrafo,
simula uma conversação com o leitor
Opção 1) dissertativo, já que nele prevalece a opinião do autor sobre o Opção 5) 
dissertativo argumentativo, já que apresenta uma tese sobre
assunto abordado. o cenário atual e argumenta com sinais de esperança para o futuro
Opção 2) dissertativo, mas com algumas passagens descritivas.
Opção 3) descritivo, uma vez que nele predomina o registro das
características da estrutura do metrô de Brasília.
Opção 4) narrativo, pois constitui-se de uma sequência de fatos que se
relacionam por meio do nexo temporal.

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26. O fragmento do Texto II que NÃO apresenta linguagem informal é:

Opção 1) Mãe, o que é esse tal de efeito estufa?


Opção 2) Dizem que os poluentes que lançamos no ar irão reter o calor
do sol
Opção 3) Claro que você já vai ter batido as botas
Opção 4) Que belo planeta vocês estão deixando para mim, hein?
Opção 5) Ei, não me falaram nada sobre as calotas polares, tá?

28.

A fala da vizinha "Só deu para entrar e tirar ele" é exemplo de:
Opção 1) fala popular;
Opção 2) linguagem muito culta;
Opção 3) gíria de marginais;
Opção 4) linguagem regional;
Opção 5) fala de jovens.

27.

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Existe entre os Textos I e II uma variação na linguagem, variação 16. Opção 5


linguística. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta. 17. Opção 4
18. Opção 1
Opção 1) Existe uma diferença de formalidade entre os textos. No caso, 19. Opção 5
a variação se deu em função do contexto comunicativo, é, portanto, 20. Opção 3
denominada variação diafásica. 21. Opção 4
Opção 2) Com o passar do tempo, a linguagem muda, sofre 22. Opção 2
transformações. No caso, a variação regional é visível no Texto II, em que 23. Opção 1
os personagens utilizam redução de palavras, gíria e outros fenômenos 24. Opção 4
que passaram a acontecer na atualidade, como o uso do "a gente” no 25. Opção 5
lugar do pronome "nós”. 26. Opção 1
Opção 3) No Texto II, como no Texto I, predominam as características 27. Opção 2
típicas de língua falada (cara, ia voltar, né, a gente, tá, pior...). Apesar de 28. Opção 1
serem gêneros textuais diferentes, não existe a variação diamésica. 29. Opção 2
Opção 4) A variação entre os textos é regional, ou seja, diatópica. A 30. Opção 1
variação linguística utilizada no Texto II é típica da região sul do Brasil.

29. O trecho que segue foi extraído do conto “Lâmpadas e Ventiladores”,


de Humberto de Campos:

A tarde estava quente, abafada, ameaçando tempestade. Na sala da


sorveteria onde tomávamos chá, os ventiladores ronronavam, como
gatos, refrescando o ambiente. Lufadas ardentes, fortes, brutais,
varreram, lá fora, o asfalto da Avenida. O céu escureceu, de repente, e um
trovão estalou, rolando pelo céu. Nesse momento, as lâmpadas do salão,
abertas àquela hora, apagaram-se todas, ao mesmo tempo em que,
dependendo da mesma corrente elétrica, os ventiladores foram, pouco a
pouco, diminuindo a marcha, até que pararam, de todo, como aves que
acabam de chegar de um grande voo.
Sobre a tipologia textual dessa passagem do conto, pode-se dizer a
organização predominante é
Opção 1) argumentativa.
Opção 2) descritiva.
Opção 3) expositiva.
Opção 4) narrativa.
Opção 5) poética.

30. “Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão
interessante, que determinei logo de começar por ela esse texto. Agora,
porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto
que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe.
Releve a importância; os gostos não são iguais”.
(Machado de Assis) (Adaptado: www.eeagorajose.kt.net)

Pelas características, esse texto é um[a]


Opção 1) crônica.
Opção 2) ensaio.
Opção 3) artigo.
Opção 4) crítica.
Opção 5) resenha.

Gabarito

1. Opção 4
2. Opção 3
3. Opção 3
4. Opção 2
5. Opção 4
6. Opção 1
7. Opção 1
8. Opção 1
9. Opção 1
10. Opção 5
11. Opção 1
12. Opção 4
13. Opção 3
14. Opção 2
15. Opção 1

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