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TEXTOS

FUNDAMENTAIS DE
POESIA EM LÍNGUA
INGLESA

Liana Paraguassu
UNIDADE 4
Spenser e Shakespeare e os
grandes sonetistas: apogeu
da dramaturgia inglesa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as obras de Spenser e Shakespeare.


 Reconhecer a importância da dramaturgia para a literatura inglesa.
 Relacionar as obras de Spenser e Shakespeare ao desenvolvimento
da literatura inglesa.

Introdução
Neste capítulo, você estudará dois poetas que revolucionaram a literatura
inglesa do século XVI e influenciam a arte até os dias de hoje: Edmund
Spenser e William Shakespeare.
Você aprenderá sobre a vida e a obra desses grandes autores e co-
nhecerá as obras (os poemas de Spenser e o drama de Shakespeare)
que marcaram a literatura da época e são referências até hoje. Você
descobrirá, ainda, por que William Shakespeare é reconhecido como o
maior dramaturgo de todos os tempos.

Poesia não dramática da Era Elisabetana:


Edmund Spenser
Sabe-se muito pouco sobre os primeiros anos de Edmund Spenser (1552–1559)
(Figura 1), exceto que ele nasceu em Smithfield, próximo à Torre de Londres,
2 Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa

começou seus estudos em Londres e depois mudou-se para Cambridge,


onde era o aluno pobre em meio aos colegas ricos e nobres. Ele considerava
Geoffrey Chaucer uma referência, mas seu sonho não era rivalizar com
The Canterbury Tales (1387–1400), e sim contar histórias sobre cavaleiros
ingleses da mesma forma que Ariosto havia feito na Itália na obra Orlando
Furioso, em 1516.

Figura 1. Edmund Spenser (1552–1599).


Fonte: Georgios Kollidas/Shutterstock.com.

Após deixar Cambridge, em 1576, Spencer partiu para o norte da Inglaterra,


onde se apaixonou e sofreu por amor, registrando sua melancolia na obra
Shepherd’s Calendar, publicada em 1579. Ao retornar a Londres, trazendo seus
poemas, ele se tornou, em 1580, secretário de Lorde Grey, o representante da
rainha na Irlanda e, depois de residir por aproximadamente 16 anos na ilha,
em 1596, o poeta escreveu View of the State of Irland, em que cria um plano
para pacificar os rebeldes e oprimidos.
Já em Kilcolman, Irlanda, rodeado por belezas naturais, Spenser concluiu
os três primeiros livros de The Faerie Queene, que foram um sucesso absoluto
e aclamados como a maior obra em língua inglesa da época.
Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa 3

Em 1589, Sir Walter Raleigh leva-o de volta a Londres, após ter ouvido
seus poemas, e o apresenta à rainha Elizabeth I, a qual lhe concedeu uma
pensão de 50 libras, que quase nunca foi paga, e ele teve de retornar à Irlanda.
De volta ao país, o poeta conheceu Elizabeth, uma garota irlandesa por quem
se apaixonou, e escreveu Amoretti em sua homenagem, sendo que, em 1594,
ele se casa com ela e celebra seu matrimônio com a obra Epithalamion. Ele
visitou Londres novamente em 1595, quando publicou Astrophel, uma elegia
(poema lírico) sobre a morte de seu amigo Sidney, e três outros livros da série
The Faerie Queene. Spenser morreu em Londres, em 13 de janeiro de 1599,
aos 46 anos.

Obra
The Faerie Queene (1589–1596) é a obra mais famosa de Edmund Spenser. A
ideia original é que o poema possuísse 24 livros e cada um deles recontasse
as aventuras e os triunfos de um cavaleiro que representaria uma virtude,
mas suas intenções não se confi rmaram, e ele escreveu apenas seis livros,
que, juntos, formam uma das grandes obras-primas do inglês renascentista
e uma das mais importantes escritas em verso. Esse poema épico começou
a ser escrito em 1590, e seu último volume, em 1596, três anos antes de
sua morte.
Trata-se de um romance alegórico feito para glorificar a rainha Elizabeth
I da Inglaterra, e o objetivo de Spenser, ao escrevê-lo, era criar uma grande
literatura nacional, da mesma forma que os poemas épicos de Homero e
Virgílio. The Faerie Queene é dividido nos livros I a VI, e cada um centra-se
nas aventuras de um herói ou uma heroína e uma virtude diferente, como a
santidade, a temperança, a caridade, a amizade, a justiça e a gentileza — para
esse projeto, ele inventou uma forma de verso que passou a ser conhecida como
estrofe spenseriana. O poeta foi celebrado como um grande artista nacional
durante a vida e, desde então, tem sido reconhecido como influência para os
autores que vieram depois dele, principalmente para os poetas românticos
do século XIX. The Faerie Queene é considerado pelos críticos um conto
alegórico, com uma variedade de alegorias políticas, sociais, psicológicas e
religiosas em suas histórias paralelas. Na Figura 2, você pode ver uma amostra
de uma das páginas desse poema.
4 Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa

Figura 2. Amostra de uma das páginas da obra The


Faerie Queene, de Edmund Spenser.
Fonte: British Library (2018a, documento on-line).

Drama shakespeariano na Era Elisabetana


A vida de Shakespeare antes do sucesso com suas obras e peças de teatro é
pouco conhecida. Nascido no interior da Inglaterra, sua família fazia parte
de uma classe média rural, e ele não teve acesso aos melhores colégios da
época, por isso, muitos se questionam como ele teria se tornado um gênio
da literatura. A escola romântica de escritores credita sua genialidade ao
talento inato, porém, outros mais pragmáticos acreditam que o meio moldou
Shakespeare e o tornou genial. Assim, precisa-se estudar mais o meio do que
ele próprio para compreender sua genialidade.
Já William J. Long (2013) acredita em um meio termo. A genialidade de
Shakespeare é inquestionável, mas deve-se também considerar outros fatores,
por exemplo, sabe-se que ele teve a experiência de trabalhar como ator, depois
como revisor de peças antigas e, por último, como dramaturgo independente.
Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa 5

Com isso, ele ganhou uma percepção apurada do público da época e do que
lhe agradava, portanto, seu sucesso deveu-se a um misto de genialidade,
trabalho duro, compreensão de sua época e sagacidade para superar sua falta
de educação formal.
William Shakespeare (1554–1616) nasceu na pequena vila de Stratford,
na Inglaterra rural. Sabe-se pouco sobre sua educação, a não ser que ele
provavelmente frequentou, por alguns anos, uma escola formal dessa região,
na qual aprendeu “pouco latim e menos ainda de grego”, como referenciado
por Ben Jonson, um dramaturgo e amigo de Shakespeare. Por volta de 1587,
ele mudou-se para Londres, onde viveu até 1611, sendo que essa longa pas-
sagem pela cidade foi seu período de maior atividade literária, porém, não
se tem conhecimento de nada sobre sua vida nessa época, exceto aquilo que
ele produziu na literatura. Ben Jonson escreveu sobre o amigo: “eu amava o
homem e honro sua memória, beirando a idolatria, tanto quanto qualquer um.
Ele foi de fato honesto e de uma natureza aberta e livre”.
Shakespeare começou no teatro como ajudante geral, mas logo se tornou
ator. Os registros dos antigos teatros de Londres indicam que ele chegou a ter
papéis de destaque, embora haja poucos indícios de que tenha sido uma das
estrelas das companhias. Depois, ele passou a escrever as peças e, como os
dramaturgos de seu tempo, criava em parceria com outros autores e revisava
muitas obras antigas antes de produzir as próprias, ganhando experiência e
prática na arte da dramaturgia. No entanto, são seus poemas, e não suas peças,
que marcaram o início de seu sucesso. Venus and Adonis (1593) foi um grande
sucesso em Londres, e sua dedicatória ao Conde de Southampton lhe rendeu
uma alta soma em dinheiro, possibilitando que ele investisse em sua arte.
Shakespeare tornou-se sócio dos teatros Globe e Blackfriars, nos quais suas
peças eram encenadas por suas próprias companhias, crescendo imensamente
seu sucesso e sua popularidade.
Após uma década de sua chegada a Londres, William Shakespeare se
tornou um dos mais famosos atores, dramaturgos e escritores da Inglaterra.
Apesar de ainda estar no auge de sua vida, ele abandonou cedo seu trabalho
para viver no campo, pois não dava grande importância para o sucesso que
havia alcançado e não tinha ideia de que suas peças eram as mais espetacu-
lares que o mundo já viu. Isso fica evidente pelo fato de que ele nunca tentou
publicar suas obras ou mesmo guardar seus manuscritos, que foram deixados
com gerentes de palco nos teatros. Após alguns anos de uma vida sossegada,
Shakespeare morreu provavelmente no dia de seu aniversário, em 23 de abril,
do ano de 1616.
6 Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa

Obra
No momento de sua morte, existiam 21 peças em manuscrito, sendo que al-
gumas outras já haviam sido impressas. A primeira coleção impressa de suas
obras, chamada de First Folio (1623), foi produzida por dois atores, Heming
e Condell, e publicada a partir de manuscritos e documentos com vários
comentários e alterações feitas por atores e gerentes de palco.
Segundo William J. Long (2013), as obras de Shakespeare podem ser divididas
em quatro fases, sendo a primeira um período de experimentação, que corres-
ponde à sua chegada a Londres até 1595, marcado pela juventude e exuberância
da imaginação, extravagância da língua e pelo uso frequente de versos rimados
e brancos. Suas principais criações nessa fase são seus primeiros poemas, como
Love’s Labour’s Lost, Two Gentlemen of Verona e Richard III. Já a segunda
fase, de 1595 a 1600, foi uma época de rápido crescimento e desenvolvimento,
com enredos mais bem trabalhados, nos quais ficava evidente o conhecimento
profundo do dramaturgo sobre a natureza humana: ele escreveu peças como The
Merchant of Venice, Midsummer Night’s Dream, As You Like It e Henry IV. A
terceira fase, por sua vez, de 1600 a 1607, foi de escuridão e depressão, marcando
a maturidade de sua genialidade, não se sabe o que causou essa tristeza repentina,
mas ela produziu Sonnets, Twelfth Night e suas grandes tragédias Hamlet, King
Lear, Macbeth, Othello e Julius Caesar. Na quarta e última fase, ele parece ter
recobrado a serenidade, e seus últimos anos de produção literária presentearam
o mundo com as peças The Winter’s Tale e The Thempest.

Classificação por fonte


Shakespeare encontrou material para suas criações, em grande parte, na
história, nas lendas e em obras clássicas. Portanto, elas são divididas em três
categorias: as peças históricas, como Richard III e Henry V; as lendárias ou
parcialmente históricas, por exemplo, Macbeth, King Lear e Julius Caesar; e
as ficcionais, como Romeo and Juliet e The Merchant of Venice. Ele inventou
poucos, se algum, dos enredos de seus dramas, baseando-os em costumes e
histórias reais de seu tempo ou em obras já existentes. Para escrever as peças
históricas, ele dependia, em geral, das Crônicas de Raphael Holinshed (1577)
sobre a Inglaterra, Escócia e Irlanda e da tradução de Plutarco (Vidas Ilustres).
Já praticamente metade de suas peças são de ficção e, para cria-las, ele usou
os romances mais populares da época, sobretudo os escritos pelos italianos.
Somente duas ou três de suas obras parecem ser totalmente originais, como
Love’s Labours’s Lost e Merry Wives of Windsor.
Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa 7

Na Figura 3, você pode ver uma página da primeira coletânea das obras
de Shakespeare, First Folio.

Figura 3. Página do First Folio, coletânea das obras de Shakespeare, produzida por Condell
e Heming.
Fonte: British Library (2018b, documento on-line).

Resumo da produção de William Shakespeare, por fase e prováveis datas


 Primeira fase (experimentação): Venus and Adonis, Rape of Lucrece, 1594; Titus An-
dronicus, Henry VI (três partes), 1590–1591; Love’s Labour’s Lost, 1590; Comedy of Errors,
Two Gentlemen of Verona, 1591–1592; Richard III, 1593; Richard II, King John, 1594–1595.
 Segunda fase (evolução): Romeo and Juliet, Midsummer Night’s Dream, 1595; Mer-
chant of Venice, Henry IV (primeira parte), 1596; Henry IV (segunda parte), Merry Wives
of Windsor, 1597; Much Ado About Nothing, 1598; As You Like It, Henry V, 1599.
 Terceira fase (maturidade e escuridão): Sonnets, 1600–?, Twelfth Night, 1600;
Tamming of Shrew, Julius Caesar, Hamlet, Troilus and Cressida, 1601–1602; All’s Well
That Ends Well, Measure for Measure, 1603; Othello, 1604; King Lear, 1605; Macbeth,
1606; Antony and Cleopatra, Timon of Athens, 1607.
 Quarta fase (últimas experimentações): Coriolanus, Pericles, 1608; Cymbeline,
1609; Winter’s Tale, 1610–1611; The Tempest, 1611; Henry VIII (inacabada).
8 Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa

Dramaturgia na literatura inglesa


O drama atinge seu apogeu na Inglaterra com William Shakespeare, que
mudaria a dramaturgia no mundo para sempre, porém, surge como forma de
entretenimento e informação antes dele. Esse período de 30 anos que separa
as primeiras peças inglesas regulares e a primeira comédia de Shakespeare
foi marcado por uma rápida evolução e sua variedade de obras encenadas.
O drama inglês se desenvolveu a partir das peças chamadas de Miracle e se
iniciou com professores de escolas, como Udall, que traduziam e adaptavam
obras em latim para seus alunos encenarem, os quais eram, naturalmente,
influenciados por ideias clássicas. Ele tem seguimento com os mestres da St.
Paul Chapel, Royal Chapel e Queen’s Chapel, cujas companhias de meninos
atores, que pertenciam ao coro das igrejas, se tornaram famosas em Londres
e rivalizavam com os atores dos teatros regulares — nos quais os maestros
dos corais foram os primeiros gerentes de palco. As peças eram encenações
de mitos clássicos, baseadas nos italianos, mas Richard Edwards, maestro da
Queen’s Chapel (1561) logo adicionou elementos da vida no campo inglesa e
dramatizou histórias de Geoffrey Chaucer. Após esse período, autores como
Kyd, Nash, Lyly, Peele, Greene e o famoso Christopher Marlowe, levaram o
drama inglês a um nível que possibilitou que gênios como Shakespeare se
interessassem pelo gênero.
Cada um desses dramaturgos adicionou ou enfatizou algum elemento
essencial no drama que apareceria, mais tarde, nas obras de Shakespeare.
Uma breve análise na vida e obra de John Lyly (1554-1606), Thomas Kyd
(1558-1594) e Robert Greene (1558-1592) traz aspectos que demonstram como
funcionava o teatro e a dramaturgia naquela época, bem como influenciariam
a carreira de Shakespeare posteriormente:

1. esses homens trabalhavam como atores e dramaturgos, bem como


conheciam o palco e seu público;
2. eles começaram como atores, revisaram peças antigas e, posteriormente,
tornaram-se escritores independentes, a mesma trajetória de William
Shakespeare;
3. eles trabalhavam juntos com frequência, provavelmente da mesma
forma que Shakespeare trabalhou com Marlowe e Fletcher, tanto na
revisão dos textos das peças como na criação de novas.

Todos esses fatores são essenciais para entender o drama elisabetano e o


homem que levou a dramaturgia da Inglaterra a um novo patamar, pois ele não
Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa 9

era apenas um gênio, mas também um grande trabalhador e desenvolveu sua


obra exatamente do mesmo modo que outros antes dele. Segundo William J.
Long (2013), esse drama evoluiu de forma organizada e rápida, em que vários
autores tiveram um papel importante e pavimentaram o caminho que, mais
tarde, seria ocupado com maestria por William Shakespeare.

Comédia e tragédia
As obras de Shakespeare são comumente divididas em tragédia, comédia e peças
históricas. Em geral, o drama é classificado somente em tragédia e comédia, no qual
se inclui várias formas subordinadas, como tragicomédia, melodrama, drama lírico
(ópera), farsa, etc.
A tragédia é um drama em que os personagens principais se envolvem em circuns-
tâncias desesperadoras ou em paixões avassaladoras. Seus movimentos são sempre
monumentais e evoluem rapidamente até chegar ao clímax, com um final calamitoso,
resultando em morte ou desgraça para esses personagens.
A comédia, por sua vez, é um drama em que os personagens passam por situações
mais ou menos engraçadas. Seus movimentos são leves e frequentemente joviais,
com um final feliz. Já o drama histórico tem o propósito de apresentar uma época e/
ou personagem histórico e pode ser tanto uma comédia como uma tragédia.

Influência de Spenser e Shakespeare


Edmund Spenser é considerado um dos grandes poetas de todos os tempos,
mas sua missão não era inovar, ao contrário, ele se inspirava nos clássicos
e vivia no passado, em um mundo de emoções e aventuras imaginárias.
O propósito de suas obras não era retratar a realidade da época, criticá-la
ou observá-la, e sim exaltá-la, e entre suas maiores qualidades estão a
imaginação e a sensibilidade ao belo. Alguns críticos afi rmam que elas
contribuíram para unir as pessoas, pois ele escrevia poesia nacionalista,
na qual Elizabeth I foi homenageada e exaltada. Considerado por muitos
o poeta dos poetas, Spenser perpetuou sua obra e influenciou escritores
depois dele com sua forma de escrever versos, os quais levam seu nome,
estrofe ou verso spenseriano, e influenciaram significativamente os poetas
românticos do século XIX.
É consenso que William Shakespeare tem lugar de destaque na literatura
mundial, com sua genialidade inquestionável. Somente dois poetas foram
10 Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa

colocados no mesmo patamar de importância: Homero e Dante, porém,


eles escreviam dentro de certos limites, não diversificando sua temática
como Shakespeare, o qual tratou dos mais variados assuntos e conflitos que
acompanham a humanidade há séculos. Ele foi capaz de retratar o homem
e a natureza de maneira que suas obras continuam atuais, tornando-o um
poeta universal, por isso fica difícil medir sua influência não somente
na literatura, mas também no mundo. Como seria o mundo sem as obras
shakespearianas? Qual nível de influência elas tiveram na época e até os
dias de hoje? Sabe-se que é imensa tanto sobre a língua como sobre os
costumes da sociedade, por exemplo, Goethe uma vez disse: “eu não me
lembro de nenhum livro ou pessoa ou evento ter me impressionado tanto
como as peças de William Shakespeare”.
Mesmo aqueles que nunca tenham lido uma obra de Shakespeare ou assistido
a uma peça ou a um filme baseado em suas obras, não conseguem escapar
de sua influência, pois ela está no inglês moderno e nas diferentes línguas
ocidentais. Em português, usa-se expressões, traduzidas do inglês, que foram
criadas por ele, fraseologias como “quebrar o gelo”, “o amor é cego”, entre
outras, foram cunhadas pelo dramaturgo. Segundo Stephen Marche (2012),
autor de “How Shakespeare Changed Everything”, depois que você conhece
sua obra, você passa a vê-lo em tudo.
Veja no Quadro 1 um esquema comparativo entre os poemas de Edmund
Spenser e William Shakespeare.

Quadro 2. Esquema comparativo entre os poemas de Shakespeare e Spenser

Sonetos ingleses — spenserianos e shakespearianos

Ambos: Spenseriano:
 usam o parâmetro iâmbico;  criado por Edmund Spenser;
 possuem três estrofes de 4 linhas  tem esquema de rimas: abab bcbc
(quarteto); cdcd ee.
 são finalizados com um couplet
(linha dupla uma do lado da outra); Shakespeariano:
 o tema é geralmente encontrado  criado por William Shakespeare;
no couplet de conclusão e resume  tem esquema de rima: abab cdcd
a mensagem do poeta; efef gg.
 os três quartetos expressam as
ideias relacionadas ou os exemplos.

Fonte: Adaptado de Gillespie (2009, documento on-line).


Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa 11

Descubra algumas curiosidades sobre William Shakespeare e de que forma ele mudou o
mundo para sempre acessando o link a seguir, 10 Ways Shakespeare Changed Everything.

https://goo.gl/LpuCxw

1. Defina quais das seguintes históricas e as ficcionais. Selecione


afirmações são falsas e verdadeiras a afirmativa correta com relação
sobre a obra The Faerie Queene, à classificação e aos exemplos
de Edmund Spenser: de peças por categoria.
I. The Faerie Queene é a obra mais a) Peças históricas, como Richard
conhecida de Edmund Spenser. III e Elizabeth I; peças lendárias
II. A obra é um poema épico ou parcialmente históricas,
que faz uma homenagem e como Macbeth, King Lear e
glorifica a rainha Elizabeth I. Julius Caesar; e peças ficcionais,
III. A obra trata de virtudes como Romeo and Juliet e
como santidade, temperança, The Merchant of Venice.
caridade, amizade, justiça e b) Peças históricas, como
gentileza, todas representadas Richard III e Elizabeth I; peças
por heróis ou heroínas. lendárias ou parcialmente
IV. O poema está dividido em históricas, como Macbeth, King
24 livros, todos publicados Lear e Julius Caesar; e peças
após a morte do poeta. ficcionais, como Romeo and
V. The Faerie Queene tem Juliet e The Canterbury Tales.
como objetivo representar c) Peças históricas, como Richard
a sociedade da época, com III e Henry V; peças lendárias
seus vícios e suas virtudes. ou parcialmente históricas,
a) V, F, V, F, V. como Macbeth, King Lear
b) V, V, F, F, F. e Julius Caesar; e peças
c) V, V, V, F, F. ficcionais, como Romeo and
d) F, V, F, F, V. Juliet e The Canterbury Tales.
e) V, V, F, V, F. d) Peças históricas, como Richard
2. As peças de Shakespeare podem III e Henry V; peças lendárias
ser divididas em três classificações ou parcialmente históricas,
por fonte: as peças históricas, como Macbeth, King Lear e
as lendárias ou parcialmente Julius Caesar; e peças ficcionais,
12 Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa

como Romeo and Juliet e conclusão, que resume a


The Merchant of Venice. mensagem do poeta, e os três
e) Peças históricas, como Richard III quartetos expressam as ideias
e Julius Caesar; peças lendárias relacionadas ou os exemplos.
ou parcialmente históricas, como b) Ambos usam parâmetro
Macbeth e King Lear; e peças iâmbico, possuem três estrofes
ficcionais, como Romeo and de quatro linhas, chamadas
Juliet e The Merchant of Venice. de quartetos, e são finalizados
3. Defina quais das seguintes com couplets. O tema é
afirmações são falsas e verdadeiras geralmente encontrado no
sobre a vida de William Shakespeare: couplet inicial, que introduz a
I. William Shakespeare era nobre, mensagem do poeta, e os três
rico e viveu desde a infância na quartetos expressam as ideias
corte da rainha Elizabeth I. relacionadas ou os exemplos.
II. A formação de Shakespeare é c) Ambos usam parâmetro
pouco conhecida, mas o amigo iâmbico, possuem três estrofes
e dramaturgo Ben Jonson faz de três linhas, chamadas de
menção sobre sua possível tercetos, e são finalizados com
educação, dizendo que ele havia couplets. O tema é geralmente
estudado em uma escola em encontrado no couplet de
que aprendera “pouco latim conclusão, que resume a
e menos ainda de grego”. mensagem do poeta, e os três
III. Shakespeare fazia parte de uma tercetos expressam as ideias
classe média rural da Inglaterra. relacionadas ou os exemplos.
IV. Shakespeare mudou-se para a d) Ambos usam parâmetro
França, onde passou a trabalhar no iâmbico, possuem três estrofes
teatro como ator e, depois, escritor. de seis linhas, chamadas de
V. Shakespeare não escreveu sextetos, e são finalizados com
somente peças de teatro, couplets. O tema é geralmente
mas também poesia. encontrado no couplet de
a) F, V, V, F, V. conclusão, que resume a
b) F, F, V, V, V. mensagem do poeta, e os três
c) F, V, F, V, F. sextetos expressam as ideias
d) V, F, V, F, V. relacionadas ou os exemplos.
e) V, V, F, F, F. e) Ambos usam parâmetro
4. Quais as semelhanças entre iâmbico, possuem três estrofes
os sonetos spenserianos e de quatro linhas, chamadas de
os shakespearianos? quartetos, e são finalizados com
a) Ambos usam parâmetro couplets. O tema é geralmente
iâmbico, possuem três estrofes encontrado no couplet de
de três linhas, chamadas de conclusão, que resume a
tercetos, e são finalizados com mensagem do poeta, e os três
couplets. O tema é geralmente quartetos expressam as ideias
encontrado no couplet de relacionadas ou os exemplos.
Spenser e Shakespeare e os grandes sonetistas: apogeu da dramaturgia inglesa 13

5. Marque verdadeiro ou falso — com peças próprias.


nas seguintes afirmações sobre IV. As peças, antes de serem encenadas
a dramaturgia na literatura por atores profissionais, eram
inglesa da Era Elisabetana. realizadas em escolas pelos alunos.
I. Shakespeare introduziu o V. Um período de 300 anos
teatro na Era Elisabetana. transcorreu entre as primeiras
II. Os dramaturgos costumavam peças regulares da Inglaterra e a
trabalhar em parceria para primeira comédia de Shakespeare.
escrever os enredos das peças. a) F, F, V, V, F.
III. A maioria dos dramaturgos b) F, V, V, V, F.
iniciou sua carreira da mesma c) V, V, V, F, F.
forma: como ator, revisor de d) F, V, F, V, F.
peças antigas e, depois, escritor e) F, F, V, V, V.

BRITISH LIBRARY. Edmund Spenser, The Faerie Queene. 2018a. Disponível em: <http://
www.bl.uk/learning/timeline/item126947.html>. Acesso em: 14 jun. 2018.
BRITISH LIBRARY. Shakespeare’s first folio. 2018b. Disponível em: <https://www.bl.uk/
collection-items/shakespeares-first-folio>. Acesso em: 14 jun. 2018.
GILLESPIE, P. Shakespearean, Spenserian, & Petrarchan Sonnets. 2009. Dsiponível em:
<https://poemshape.wordpress.com/2009/01/11/>. Acesso em: 14 jun. 2018.
LONG, W. J. English Literature: Its History and its Significance for the English-speaking.
London: Full Moon, 2013.
MARCHE, S. How Shakespeare changed everything. London: Harper Perennial, 2012.

Leituras recomendadas
BBC. Shakespeare’s plays, themes and characters, 2014. Disponível em: <http://www.
bbc.co.uk/drama/shakespeare/60secondshakespeare/themes_index.shtml>. Acesso
em: 14 jun. 2018.
DAVIDSON, C. Drama in Britain. 2017. Disponível em: <http://www.oxfordbibliogra-
phies.com/view/document/obo-9780195396584/obo-9780195396584-0030.xml>.
Acesso em: 14 jun. 2018.
HADFIELD, A. Edmund Spenser: a life. Oxford: Oxford University Press, 2014.
MCCRUM, R. Ten ways in which Shakespeare changed the world. 17 abr. 2016. Disponível
em: <https://www.theguardian.com/culture/2016/apr/17/ten-ways-shakespeare-
-changed-the-world>. Acesso em: 14 jun. 2018.
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