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A
tempestad
e
Ficha de leitura
Nome: Aissata Embaló; n: 86; Turma 10º C
Introdução
No âmbito da disciplina de português tivemos que fazer uma ficha de leitura sobre uma das
obras sugeridas no programa da disciplina. Com este trabalho aprensentarei a ficha de leitura
de “A Tempestade” de William Shakespeare. Nesta ficha de leitura estarão incluídas uma
descrição e/ou análise de elementos paratextuais , informações sobre o autor e sobre a obra
e uma análise crítica.
Referência bibliográfica
Shakespeare, William, 1611, 1613: The Tempest. Tradução Portuguese por Ridendo Castigat
Mores, 2000. A Tempestada. www.ebooksbrasil.com
CAPA: A capa da edição usada no trabalho contém o título, o nome do autor e do tradutor
bem como o nome da editora e da coleção. Todas estas informações estão escritas á branco
com excessão do título. Este, para se destacar, foi escrito a vermelho. A capa é ilustrada com
um desenho de Shakespeare em primeiro plano chamando logo atenção, olhando a capa
com mais cuidado vê-se um casal abraçado (representando o casal da peça). No fundo está
uma praia e um raio. Estes elementos representam a ilha e a tempestade descritas na obra. A
cor predominante na capa é o azul, chamando atenção ao principal cenário da peça, o mar e
a ilha .
SINOPSE:
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retocada dois anos mais tarde, para ser representada por ocasião de um casamento. A
Tempestade é uma história de vingança, de amor, de conspirações e de traições políticas.
Estranhas personagens se movimentam em uma ilha habitada por magos, espíritos e
príncipes. A Tempestade é considerada uma das maiores obras-primas do teatro universal.”
LOMBADA: Parte do livro que segura a capa e contracapa, funcionando como um dorso.
Contem o nome o título e a editora.
TÍTULO: A Tempestade
Principais obras:
Shakespeare escreveu inumeras peças de teatro que podem ser divididas em 3 categorias:
Comédias: Sonho de uma Noite de Verão; O Mercador de Veneza; A Comédia dos Erros; Os
Dois Cavalheiros de Verona; Muito Barulho por Nada; Noite de Reis; Medida por Medida;
Conto do Inverno; Cimbelino; A Megera Domada; A Tempestade; Como Gostais; Tudo Bem
quando Acaba Bem; As Alegres Comadres de Windsor; Trabalhos de Amores Perdidos;
Péricles, Príncipe de Tiro.
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Tragédias: Tito Andrônico; Romeu e Julieta; Júlio César; Macbeth; Antônio e Cleópatra;
Coriolano; Timão de Atenas; Rei Lear; Otelo, o Mouro de Veneza; Hamlet; Tróilo e Créssida; A
Tempestade.
Dramas históricos: Rei João; Ricardo II e III; Henrique IV, Parte 1 e 2; Henrique V; Henrique
VI, Parte 1,2 e 3; Henrique VIII; Eduardo III.
Estima-se que as obras de Shakespeare influenciaram pelo menos 20.000 peças musicais.
Shakespeare é também o dramaturgo mais consistentemente adaptado nos palcos, em todo
o século XX houve mais de 50.000 produções e adaptações em todo o globo. As suas obras
como Romeu e Julieta ou Hamlet fazem parte das mais traduzidas em todo mundo.
Curiosidades
A questão da autoria das obras de Shakespeare, que remonta ao século XVIII, refere-se ao
debate sobre a atribuição das obras de William Shakespeare, ou seja, discute-se se as obras
foram realmente escritas por ele ou por uma outra pessoa ou, ainda, por um grupo maior de
dramaturgos e poetas. Embora tenham sido propostos inúmeros candidatos alternativos a
verdadeiro autor das obras, os principais incluíram os nomes de Francis Bacon, Christopher
Marlowe, William Stanley (6º Conde de Derby) e Edward de Vere, 17º conde de Oxford, que
é o candidato mais popular atualmente.
Sinopse da obra
A Tempestade abre no meio de uma tempestade, com um navio que contém o rei de Nápoles
e sua corte luta para ficar à tona. Em terra, Prospero e sua filha, Miranda, observam a
tempestade envolver o navio. Prospero criou a tempestade com magia, e ele explica que
seus inimigos estão a bordo do navio.
Prospero conta a sua história a filha, dizendo que ele é o duque legítimo de Milão e que seu
irmão mais novo, Antonio, o traiu, aproveitando seu título e propriedade. Doze anos antes,
Prospero e Miranda foram colocados no mar em pouco mais do que um frágil barco sem
vala. Milagrosamente, ambos sobreviveram e chegaram com segurança nesta ilha, onde
Prospero aprendeu a controlar a magia que ele agora usa para manipular todos na ilha. Após
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sua chegada, Prospero salvou um espirito, Ariel, que havia sido preso pela bruxa Sycorax.
Que havia agora jurado vassalagem. Ariel deseja ser livre e sua liberdade foi prometida
dentro de dois dias. O último habitante da ilha é filho de Sycorax e do demônio: Calibã que
Prospero escravizou. Calibã é praticamente um homem das cavernas, nunca teve contacto
com a “civilização” desejando apenas ter sua ilha de volta para que possa viver sozinho em
paz.
Logo a comitiva real do navio é lançada em terra e separada em três grupos. O filho do rei,
Ferdinando, é levado a Prospero, onde ele vê Miranda, e os dois se apaixonam
instantaneamente. Enquanto isso, Alonso, o rei de Nápoles, e o resto da sua corte chegaram
a terra em outra parte da ilha. Alonso teme que Ferdinando esteja morto e se aflige pela
perda de seu filho. Antonio, o irmão mais novo de Prospero, também nafragou na ilha com o
irmão mais novo do rei, Sebastian. Antonio facilmente convence Sebastian de que ele deve
matar seu irmão e aproveitar o trono para si mesmo. Esse argumento para matar Alonso é
semelhante a conspiração de Antonio contra seu próprio irmão, Prospero, 12 anos antes.
Outra parte da corte real - o palhaço da corte e o mordomo - também chegou a terra.
Trinculo e Stefano tropeçam em Calibã, e cada um vê imediatamente uma maneira de ganhar
dinheiro exibindo Calibã como um monstro recuperado desta ilha desabitada. Stefano
chegou a um barril de vinho e logo Calibã, Trinculo e Stefano estão bêbados. Enquanto bebe,
Calibã escotilha uma trama para matar Prospero e inscreve seus dois novos conhecidos como
cúmplices. Ariel ouve tudo , no entanto, e relata planejado á Prospero.
Enquanto isso, Prospero manteve Ferdinando ocupado e proibiu Miranda de falar com ele,
mas os dois ainda encontraram tempo para se ver e declarar seu amor, sendo exatamento o
que Prospero planejou. Em seguida, Prospero organiza uma festa para comemorar o noivado
do jovem casal, com deusas e ninfas entretindo o casal com música e dança.
Enquanto Ferdinando e Miranda celebraram seu amor, Alonso e o resto da corte real estão a
procurar o filho do rei. Esgotados da busca e com o rei desesperado e com medo de nunca
mais ver o filho, Prospero manda fantasmas e um banquete imaginário à corte do rei. Uma
voz de Deus acusa Antonio, Alonso e Sebastian de seus pecados, e o banquete desaparece.
Os homens estão todos assustados, e Alonso, Antonio e Sebastian fugiram.
Prospero castiga Calibã, Trinculo e Stefano. Tendo prosseguido com o seu plano, Prospero
trouxe a comitiva do rei ate si. Prospero é vestido como o duque legítimo de Milão, e quando
o feitiço foi removido, Alonso rejeita todas as reivindicações do duque de Prospero e pede
desculpas por seus erros. Em alguns momentos, Prospero reúne o rei com seu filho,
Ferdinando. Alonso está especialmente satisfeito por saber da existência de Miranda e que
Ferdinando vai se casar com ela.
Prospero então se volta para o irmão Antonio, que não oferece remorso ou desculpa por sua
perfídia. No entanto, Prospero promete não punir Antonio como um traidor. Quando Calibã é
trazido, diz a Prospero que aprendeu a lição. Seus dois co-conspiradores, Trinculo e Stefano,
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serão punidos pelo rei. Logo, toda cirte se aposenta na cela de Prospero para comemorar e
aguardar sua partida para casa. Somente Prospero é deixado no palco.
Num discurso final, Prospero renuncía da mágia e diz ao público que, apenas com seus
aplausos, ele poderá deixar a ilha com o resto da comitiva. Prospero deixa o palco para o
aplauso da audiência.
Existem algumas observações a serem feitas quando falamos das obras de Shakespeare. A
primeira delas é o contexto histórico do escritor. Shakespeare viveu durante a chamada era
elizabetana, em que artistas eram bastante valorizados pela realeza. Assim, os poemas e
peças dele caíram no gosto das classes mais altas.
Shakespeare usou como ninguém a linguagem para explorar personalidades complexas, criar
climas variados e controlar enredos estonteantes, recheados de identidades marcantes e
misteriosas. Ele dominava vocabulários e linguagens consideradas extremamente acessíveis
e que atingiam o âmago de seus leitores em cheio.
A Tempestade, escrita para o fim da carreira de William Shakespeare, é uma obra de fantasia
e romance cortês, a história de um sábio mago velho, sua filha linda e inocente, um galante
jovem príncipe e um cruel e intrigante irmão. A obra contém todos os elementos de um
conto de fadas em que os erros antigos são corrigidos e os verdadeiros amantes vivem felizes
para sempre. Começando com uma tempestade e perigo no mar, termina com uma nota de
serenidade e alegria.
Foi observado que a ilha possui diferentes significados para diferentes personagens: As
personagens com integridade vê-la como um lugar bonito; o honesto Gonzalo, por exemplo,
pensa que pode ser uma utopia. Sebastian e Antonio, no entanto, cuja visão está agredida
por sua crueldade, caracterizam o ar da ilha como perfumado por um pântano podre. Se
uma personagem sente uma sensação de liberdade ou de escravidão é condicionada não
apenas pela magia de Prospero, mas pela sua visão individual da ilha. As descrições mais
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bonitas da beleza e do encantamento da ilha vêm de Calibã, o meio humano, que conhecia
suas ofertas muito melhor do que qualquer outra pessoa antes de sua escravização por
Prospero.
1. PROSPERO
Embora Prospero pareça estar realizando o mal com sua magia, na verdade não trata-se de
uma magia negra, pois ele teve o cuidado de garantir que todos a bordo do navio estivessem
seguros. Suas intenções são boas, mesmo que sua magia nem sempre pareça ser.
2. CALIBÃ
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Calibã, tendo sido demonstrado muita pouca misericórdia, não tem capacidade para mostrar
misericórdia aos outros, e na verdade se agrada com o sofrimento dos outros. Isso é um
defeito da sua personagem, ou o resultado de um círculo vicioso de impiedade?
3. ARIEL
“The King,
His brother and yours, abide all three distracted,
And the remainder mourning over them,
Brimful of sorrow and dismay; but chiefly
Him that you termed, sir, the good old Lord
Gonzalo.
His tears run down his beard like winter's drops
From eaves of reeds. Your charm so strongly works
'em
That if you now beheld them, your affections
Would become tender.
PROSPERO
Dost thou think so, spirit?
ARIEL
Mine would, sir, were I human.
PROSPERO
And mine shall.
Hast thou, which art but air, a touch, a feeling
Of their afflictions, and shall not myself,
One of their kind, that relish all as sharply
Passion as they, be kindlier moved than thou art?“ (5.1.14-31)
ARIEL
“O rei ,
o mano dele e o vosso se acham completamente fora do juízo,
os demais lastimam,
transpassados de dor e desepero, salintando-se
aquele que chamastes de “O bom velho senhor
Gonzalo”.
As lágrimas lhe corem pelos fios da barba como gotas de inverno
nos caniços.
De tal modo vossos encantamentos os trabalham,que, se os víssseis agora,
era certeza ficardes comovido.
PROSPERO
É assim que pensas, espírito?
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ARIEl
Eu, senhor, se fosse humano, de certo ficaria.
PROSPERO
Pois o mesmo comigo vai se dar. Sendo ar, apenas, como és revelas tanto sentimento por
suas aflições; e eu, que me incluo entre os da sua espécie, e as dores que sinto, como os
prazeres, tão profundamente tal como qualquer deles, não podia mostrar-me agora menos
abalado.Muito embora seus crimes me tivessem tocado tão de perto, em meu auxílio chamo
a nobre razão, para sofrearmos de todo minha coléra. É mais nobre o perdão que a vingança.
Estando todos arrependidos, não se estende o impulso do meu intendo nem sequer a um
simples franzir do sobreceho. Vai, liberta-os, meu Ariel. Vou romper o encantamento, a razão
restituir-lhe e fazê-los voltar a ser o que eram.”
Ariel mostra que a misericórdia deveria estar na natureza dos seres humanos - ele imagina
que sentiria ternura se fosse humano. Ao dizer isso, apela a humanidade de Prospero. É mais
humano procurar vingança, ou perdoar?
4. PROSPERO
PROSPERO
“Nossos festejos terminaram. Como vos preveni,
eram espíritos todos esses atores;
dissiparam-se no ar, sim, no ar impalpável.
E tal como o grosseiro substrato desta vista,
as torres que se elevam para as nuvens, os palácios altivos,
as igrejas majestosas, o próprio globo imenso,
com tudo o que contém, hão de sumir-se,
como se deu com essa visão tênue,
sem deixarem vestígio. Somos feitos da matéria
dos sonhos; nossa vida pequenina
é cercada pelo sono.”
Prospero fala essas linhas logo depois de se lembrar do atentado contra sua vida A partir
deste momento, Prospero fala repetidamente sobre o "fim" de seus "trabalhos" (IV.i.260), e
destrui seu livro mágico (V.I.54-57). Um dos objetivos de Prospero em trazer seus antigos
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inimigos para a ilha parece ser libertar-se de uma posição de poder quase absoluto, onde as
preocupações da vida real não o afetaram. Ele espera voltar para Milão, onde "todo terceiro
pensamento deve ser meu túmulo" (V.i.315). Além disso, é com uma sensação de alívio que
ele anuncia no epílogo que desistiu de seus poderes mágicos.
De um modo global, gostei imenso de ler esta peça de W.Shakespeare. Apesar das
dificuldades na sua interpretação, a analise da obra levou me a refletir muito sobre os temas
abordados na peça.
Interessei-me principalmente pela trama familiar entre Prospero e Antonio, pois as querelas
entre irmãos são um tema muito analisado pela literatura. E também são um tema que toda
gente com irmãos entende. A final quem nunca disputou com os irmãos? É evidente que as
pequenas brigas que todos temos na família não podem ser comparadas com a disputa de
poderes entre Prospero e Antonio.
Outro fato que achei importante realçar é a relação colonizador-indígena entre Prospero e
Calibã. Ao ler a obra não podemos nos esquecer do contexto historico em que esta foi
escrita, Shakespeare era um renacentista que viveu no século XVII, quase 100 anos após o
inicio dos descobrimentos. A colonização foi um tema muito discutido pelos intelectuais da
época. Assim Prospero representa o colonizador e Calibã o colonizado.
Mas o que mais marcou me foi o fato de no fim Prospero ter perdoado a todos que lhe
haviam feito mal. Shakespeare dá ao leitor uma lição de vida importantíssima. Mostra nos
que é sempre melhor perdoar do que vingar. Este fato pode igualmente ser relacionado com
o movimento renascentista, no qual procurou se criar um “novo homem”; este deveria ter
“novos” valores morais e ser capaz de mostrar misericordia. O facto de A Tempestade ter
sido a última peça de Shakespeare é igualmente uma maneira de explicar este final
“inesperado”. Há quem diga que Prospero represente Shakespeare e que o fato de ter este
ter deixado a mágia de lado tenha sido a maneira que Shakespeare encontrou de se
“despedir” dos leitores na sua ultima peça.
Algo que igualmente achei necessário realçar é que diferente das outras tragédias, A
Tempestade acaba por ter um héroi: Prospero. É evidente que no inicio Prospero parece ser o
vilão por desejar se vingar, mas ao longo da peça a personagem revela-se mais integra que as
outras, sendo até capaz de perdoar e de renunciar dos seus poderes. Sendo então no final
muito inteligente (por elaborar tão bem seu plano), formado, autoritário mas ao mesmo
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tempo bondoso e indulgente. O autor dá ao leitor uma personagem que ele possa admirar e
louvar.
No entanto o que não gostei muito, foi o facto da única personagem feminina da peça ter
sido oprimida e muito pouco relevante. Miranda sempre vivera na dependencia do pai,
sofreu uma tentativa de estupro por Calibã e não teve outro objetivo se não casar para viver
dependete do futuro marido. Assim Shakespeare não dá uma voz a mulher nessa peça,
mostrando que nem mesmo ele escapa as circustancias do contexto histórico, no qual o sexo
femenino era considerado inferior.
Comparando o texto original com a tradução, vê-se que com todo esforço do tradutor este
não foi capaz de criar algo tão belo quanto o original de Shakespeare. Fiquei um pouco
decepcionada com a tradução usada no trabalho, porque esta não tranmitiu corretamente a
linguagem shakesperiana. Infelizmente como acontece muito nas traduções perde-se sempre
algo que torna o original tão único.
Bibliografia
Bevington, David, 2002. Shakespeare. Oxford: Blackwell. ISBN 0631227199.
Moleza, Zé, 2007. William Shakespeare vida e obra. São Paulo: UNIP.
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