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Escrito por
ROBERTO R. FILHO
Sinopse: Uma misteriosa joia desaparece da casa de Seu Amnésio. Para descobrir o possível
ladrão, ele manda chamar o Detetive Ló, que tem em sua missão, descobrir o paradeiro desta
joia preciosa, antes que outras desapareçam.
Personagens:
Amnésio: é um velho viúvo, que mora numa casa de classe média. Ao acordar,
descobre que sua joia desapareceu e com medo de que suas demais joias
desapareçam, ele resolve chamar o detetive, a quem deposita sua confiança de
que irá recuperar seu bem mais precioso. Amnésio parece ser um homem
adorável, mas é meio rabugento e um pouco surdo.
Zezinho: é o mordomo de Seu Amnésio. Muito fiel e esperto, ele sempre acaba
interrompido por alguém. Mesmo sem conseguir falar, Zezinho é um mordomo
confiável e pra lá de chameguento. Acaba sendo convocado por Amnésio para
ajudar o Detetive à solucionar o mistério.
Histórico: A peça foi escrita em julho de 2009 e levada aos palcos pela primeira vez, 24
dias depois de sua escrita, no dia 31 de julho para o projeto Teatro-Escola no
município de Sobradinho-BA. O elenco foi formado por Mielle Ferreira, Almir
Eudes (hoje, conhecido como Eudes Zambai) e Adriano Cardoso que
protagonizaram, respectivamente, os personagens: Detetive Ló, Amnésio e
Zezinho. A peça foi levada para 9, de 11, escolas em Sobradinho, tendo quase
1.500 espectadores, entre crianças, adolescentes e adultos. Em 2010, ela foi
remontada com alterações no elenco: Roberto R. Filho substituiu Mielle
Ferreira e Aleks Ferreira substituiu Adriano Cardoso. Ambos os atores saíram
da companhia por irem embora. Só em 2013, o elenco original se reencontrou
e, novamente, montaram o espetáculo. A peça do Detetive Ló ganhou mais
três aventuras, que foram apresentadas entre 2010 e 2011, formando uma
franquia valiosa para a Cotesf. Em 2016, Detetive Ló serviu de inspiração para
um roteiro de uma série. Com poucos recursos para produzir o piloto da série,
o roteiro foi adaptado e nasceu O ESTRANHO, um curta-metragem de
suspense, voltado para o público juvenil-adulto, que foi produzido em abril de
2017 e terá estreia para o primeiro trimestre de 2018.
Detetive Ló Registro Sob o nº 22813 – FBN/EDA
E a Joia Rara Preciosa
Introdução
Nesta, os atores precisam estar cientes de que o jogral será feito com “pantomima”, tendo como
grande referência as ações de Charlie Chaplin.
Ao som de uma música suspense e uma luz azul, o ambiente se torna mais sinistro quando entra
Amnésio com passos largos e lentos. Ele dirige-se ao público e senta no colo de alguém, se
despreguiçando. Em seguida, ele dirige-se ao cenário e, de costas ao público, ele guarda algo,
pegando uma maçã. Ele dá duas dentadas, jogando-a no chão e sai.
Som de passarinhos, luz amarela indica nascer do sol. Zezinho entra, tentando se despreguiçar. Ele
escorrega na maçã, caindo ao chão. Ele se levanta e joga a maçã no chão, indo até o sofá,
arrumando-o com as almofadas, e deita-se, pegando no sono e roncando.
Amnésio entra se despreguiçando, mostrando tamanha vitalidade. Passando por trás do sofá, ele
escorrega, caindo no chão e se levantando com a mesma maçã em mãos. Amnésio ouve uns roncos
e procura, até encontrar no sofá. Ele cutuca Zezinho uma vez, que não dá importância e volta a
roncar. Amnésio cutuca pela segunda vez e Zezinho mais uma vez demonstra não se importar. Na
terceira, Amnésio empurra Zezinho, que cai no chão e se levanta pronto para brigar.
Amnésio, que está a sua frente, encara-o. Ele disfarça e sai. Amnésio senta no sofá e Zezinho
retorna com um jornal em mãos e tropeça, caindo sobre Amnésio com o jornal tapando sua cara.
Zezinho se levanta, ajeitando o jornal e entregando a Amnésio que começa a ler. Zezinho caminha
para trás do assento e observa-o a ler. Quando Amnésio muda de página, Zezinho desfaz a ação,
fingindo que ainda está lendo a matéria. Esta ação é repetida duas ou três vezes. Amnésio se cansa
e se levanta do sofá indo à mesa, enquanto Zezinho pega o jornal e senta no lugar de Amnésio.
Amnésio pega a garrafa de café e derrama dentro da xícara. Ao tentar beber, ele acaba tossindo e
“cospe” pó. Embora não haja diálogo, será favorecido com sons de “psi” para um chamar o
outro. Amnésio “chama” e Zezinho procura pelo som. Amnésio chama pela segunda vez e Zezinho
torna a procurar, encontrando a origem do som. Ele responde da mesma forma. Amnésio continua
chamando para ir até à mesa. Zezinho responde da mesma forma para que Amnésio vá até ele.
Amnésio repete mais uma vez e Zezinho responde da mesma forma.
Amnésio cansa de tal atitude e decide ir até Zezinho, tomando-lhe o jornal e jogando no chão.
Zezinho apanha o jornal e amassa, jogando no chão também. Amnésio esfrega os dedos indicador e
o polegar, afirmando que será descontado do bolso. Zezinho, rapidamente, apanha o jornal, dobra
bonitinho, colocando-o sobre o sofá. Amnésio pega-o pela orelha e leva até a mesa.
Amnésio passa o dedo indicador na mesa e mostra para o pó. Zezinho acha que é uma brincadeira
e arma com o seu dedo indicador, fazendo guerra de “indicadores” com Amnésio, dando um
“touche” no final. Amnésio dá uns tapas, se desfazendo daquela brincadeira. Ele chama o Zezinho
para ver de mais perto e assopra, espalhando uma poeira de pó na cara de Zezinho, que entende o
recado e sai. Amnésio volta ao sofá e pega o jornal, continuando a leitura.
Zezinho retorna com uma vassoura e um espanador. Ele pega o espanador e começa pela mesa,
espalhando ainda mais o pó. Ele segue até o sofá e espalha o pó sobre Amnésio. Neste momento, o
jogral será passando de um lado ao outro. Zezinho empurra a cabeça de Amnésio para um canto
limpa, depois empurra a cabeça dele para o outro e limpa o local. Esse jogral se repete duas ou
três vezes, sendo interrompido com um possível tapa de Amnésio em Zezinho.
Copyright © 2009/2017 COTESF – Companhia Teatral do São Francisco. Todos os Direitos Reservados por ROBERTO R. FILHO
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E a Joia Rara Preciosa
Zezinho desiste do espanador e pega a vassoura, varrendo de qualquer jeito. O mesmo jogral feito
com o espanador, desta vez será feito com a vassoura, usando as pernas. Zezinho limpa de um
canto e joga as pernas de Amnésio para um lado. Ele limpa, mas quando Amnésio, põe as pernas
no chão, do outro lado, Zezinho repete em jogar as pernas para o alto. A ação é repetida duas ou
três vezes e, novamente, é interrompido com Amnésio batendo em Zezinho com o jornal. Zezinho
varre ao redor da sala e procura com o que apanhar a poeira. Não encontrando a saída, ele
“chama” a atenção de Amnésio e aponta para o alto, como se tivesse algo. Amnésio e levanta e
fica procurando, enquanto isso, Zezinho varre a poeira para debaixo do tapete. Amnésio, que ainda
procura, olha para Zezinho para questionar e acaba deparando com a ação do personagem.
Zezinho sai correndo em volta do sofá e Amnésio segue o mesmo, até saírem de cena.
Fim da Intro.
Ato Único
Fora de cena, ouvimos o grito de Amnésio, que entra aos desesperos, acompanhado de Zezinho,
que tenta lhe confortar. Amnésio para no meio do palco e Zezinho, que dá tchau pro público,
tropeça sem perceber.
Amnésio – Oxi. (para Zezinho) Olha por onde anda, homi. Ah, meu Deus. O que eu
faço? (Zezinho tenta falar) Agora não, Zezinho. Eu estou todo aperriado e você
querendo falar baboseiras. (raiva) Ah! Se eu pego o cretino que roubou a minha joia
rara preciosa, esbagaço ele que nem vara de cana. (para Zezinho) Você ligou para o
detetive? (Zezinho tenta falar) Cale-se. Você já falou demais. Já falou demais. E
agora? O que vou fazer sem a minha joia rara preciosa? Só espero que o detetive não
demore a chegar. Ter minha casa invadida sem parecer que foi é muito estranho. O
que você acha, Zezinho?
Ao som de seu tema, surge o Detetive Ló acompanhado de Zezinho . Ele tira a bolsa que leva
consigo e estende para um lado. Zezinho vai pegar, o Detetive estende para o outro. É um jogral de
desencontro, repetido 2 ou 3 vezes. Ló se cansa e entrega na mão de Zezinho, que coloca em volta
do seu pescoço. Detetive Ló desaprova, Zezinho retira sem graça.
Amnésio (surdo) – Ã? Cornélio? Não, aqui não mora nenhum Cornélio, não.
Detetive – Sou o detetive Ló. O senhor lembra que mandou me chamar, né?
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Detetive Ló Registro Sob o nº 22813 – FBN/EDA
E a Joia Rara Preciosa
Amnésio – Ah! Sim, sim, sim, sim. Zezinho diga-o o que realmente aconteceu.
(Zezinho tenta falar) Não, não, não, não. Deixa que eu mesmo falo. Você é muito
faladeiro. (pra o detetive) É que nesta manhã eu acordei e descobri que minha joia
rara preciosa foi roubada.
Detetive – Muito interessante. Mas como o senhor descobriu que ela foi roubada?
Diga-me.
Amnésio – É que essa minha joia rara, é muito rara, ganhei em um concurso desde os
meus velhos tempos de escola, né Zezinho? (Zezinho tenta falar). Demorou a falar.
Então, venho guardando essa minha preciosa joia há anos. Todos os dias eu durmo
com ela do meu lado. Aliás, dormia. Por que hoje cedinho, acordei com a minha
dentadura.
Nesse jogral, enquanto Amnésio diz “Só eu e…”, ele anda de um lado ao outro sendo sempre
seguido por Zezinho.
Detetive – E o Zezinho?
O detetive cai no chão. Zezinho e Amnésio ajudam o detetive a se levantar. Zezinho pega o
espanador e limpa o Detetive dos pés ao chão. Ele tira a boina do Detetive e limpa, cuspindo
dentro e depois coloca na cabeça de Amnésio, jogando o chápeu de Amnésio no chão. Durante esse
tempo, Amnésio e o Detetive apenas observam. Zezinho percebe que errou de cabeça, pega a boina
e coloca no Detetive, pegando o chapéu e colocando em Amnésio. Em seguida, continua limpando
o detetive com o espanador. Detetive abre o espanador, já furioso. Zezinho percebe e apenas ri, se
afastando.
Detetive (percebendo) – Não é Jó, é Ló. E eu estou bem sim. O senhor por um acaso
tem mais joias preciosas?
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Amnésio – Charmosa?
Nesse jogral, os três fazem juntos ao mesmo tempo, como uma ação de sombras.
Detetive – Por que se o ladrão veio para pegar uma, ele também voltará…
Zezinho bate na mão por diversas vezes, sendo percebido pelo Detetive. Zezinho para e tenta
disfarçar.
Detetive e o Zezinho vão para trás da mesa e Amnésio se esconde por trás do sofá. Eles fingem se
esconder por um bom tempo.
Detetive – E esperar o bandido voltar, quando ele voltar (Zezinho que está mais
próximo, é pego pelo Detetive que “encena” tudo que fará com o bandido) ai pego
ele e dou um soco na barriga, que ele vai cair no chão gritando e dizendo (todo
dramático) “Por quê?”. E sabe o que vou responder?
Amnésio – O quê?
Detetive – Não, já venho pensando em fazer isso há algum tempo. Mas é preciso que
eu conte com vocês.
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Detetive – Ah! Amnésio… eu quis dizer que, vocês devem ir para o quarto e não sair
de lá para nada.
Detetive – Ah que maravilha… ainda bem que sempre estou com roupa de banho…
(caindo na real) É o que?
Amnésio – O senhor disse que era pra gente ir pro quarto e não sair para nadar. Eu
disse que o rio fica aqui atrás.
Zezinho arrasta Amnésio para fora de cena e retorna. Segundos depois, Amnésio retorna.
Detetive – Zezinho!
Zezinho repete a ação, dessa vez, girando Amnésio e dando um chute na bunda dele, que sai de
cena. Zezinho se aproxima do Detetive e mostra o que fez com Amnésio. Detetive achando isso um
máximo, repete em Zezinho, que sai.
Detetive – Pronto. Agora, para descobrir quem roubou a joia rara preciosa do Seu
Amnésio, vou colocar armadilhas pela casa inteira.
O detetive pega sua bolsa, que está sobre o sofá, e pega as ratoeiras que estão dentro e espalha
pelo lugar. Entre esses lugares, ele coloca uma dentro do vaso, tirando uma rosca e sai comendo.
Amnésio entra todo cauteloso.
Amnésio – Vem Zezinho… não faz corpo. Precisamos descobrir quem roubou a jóia
rara. (gritando) Zezinho? Zezinho! Ô, Zezinho!
Amnésio sai de cena e volta com Zezinho, trazendo com muita dificuldade.
Amnésio – Vai, Homi de Deus. Ajude o detetive a encontrar o ladrão. (Zezinho tenta
falar) Deixe de falar asneiras, homi. Eu vou me esconder lá dentro. (Zezinho tenta
falar) Ah! Boa sorte. Afinal de contas, você já foi peso pena…
Zezinho se sente importante e, ao som de “Eye of Tiger”, começa a dar socos no vento, sentido-se
Rock.
A música para como quem tivesse arranhado o disco. Amnésio sai. Zezinho observa o local e se
aproxima de uma cesta de frutas, pegando uma banana e come-a. Ele joga a casca de banana no
chão e depois se abaixa, detrás do sofá, procurando por alguma pista.
O detetive entra segurando o cassetete e, sem perceber, pisa na casca de banana, escorregando e
caindo. Zezinho se levanta e observa, se abaixa, saindo detrás do sofá. O detetive se levanta e vai
para frente do cenário e fica a observar. Zezinho entra por debaixo das pernas do detetive e vira
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para um lado, enquanto o Detetive vira a cabeça para o oposto. Jogral repetido duas vezes. O
Detetive sai por um lado. Zezinho dá a volta no sofá por um lado e o Detetive dá a volta pelo outro.
Os dois se encontram por trás do sofá. Detetive topa com Zezinho e pega um vaso, quebrando na
cabeça dele. Zezinho se levanta com cacos de vidros na cabeça e cai de novo. Detetive Ló sai.
Amnésio – Ouvi barulhos. O que será que aqueles dois estão aprontando? Aliás, onde
estão esses dois? Será que foi o ladrão que entrou na minha casa e os sequestrou?
Devo ficar atento. Se não, meu conjunto de esmeraldas pode desaparecer como a
minha joia rara desapareceu. Já sei. Vou preparar a minha espingarda.
Amnésio sai. Zezinho se levanta e procura o responsável que lhe bateu. Detetive Ló entra. Neste
jogral, ambos ficarão de costa um para o outro. Detetive e Zezinho dão 180º andando para a frente
e depois retornam, dando mais 180º indo a frente. Quando retornam, ainda de costas, eles se
esbarram e, aos poucos, viram-se. Detetive Ló se assusta e bate com o cassetete em Zezinho. Som
de tiro, Amnésio entra com a espingarda. Zezinho e o Detetive levantam os braços assustados.
Amnésio – Agora eu lhe pego seu cabra. Mas o que está acontecendo? (percebendo o
vaso) Caramba… quem quebrou o meu vaso? (Zezinho tenta falar, mas é
interrompido) E quem derrubou o meu vaso com bolinhas? (Zezinho tenta falar, mas
é interrompido) Será que alguém pode me explicar o que aconteceu?
Detetive – Não, não. Pode parar. Não é dó, não é nó, não é jó. Não é nenhuma das
notas musicais dó-ré-mi-fá-sol-lá-si. Quantas vezes eu tenho de falar que meu nome
é… (para o público)? (gritando para Amnésio) Lóóóóóóóóóóóóóó!
Amnésio – Oxí… tem uma cachoeira aí, é? Mas o senhor ainda não me disse se
encontrou alguma pista?
Detetive – Sim.
Amnésio – Quem?
Detetive – Alguém!
Detetive repete mais uma vez os passos, sendo seguidos por Amnésio e Zezinho.
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Detetive – Um ladrão. Agora, quero que me deixem sozinho para procurar o culpado.
Podem sair?
Detetive – É como diz o ditado, melhor um pirulito do que um chiclete. (cai na real)
Não, não, não. É … Se eu chupo bala, o dente estraga. Pera aí. (pensando) Coceira na
cabeça, se não é molho, é piolho…
Amnésio – Eu acho melhor o senhor ficar com o Zezinho pra ajudar na captura.
Detetive – É, pode ser. Mas sendo assim, saia seu Amnésio, saia que o Zezinho e eu
temos muito trabalho.
Amnésio sai.
Detetive – Zezinho eu nunca tive um parceiro. Mas juntos, você e eu, eu e você,
vamos descobrir quem roubou a joia rara preciosa do seu Amnésio, e colocá-lo atrás
da cadeia. Portanto companheiro, vamos ao trabalho, que nós temos muuuuuuuuuito
trabalho. Seja a minha sombra, siga os meus passos e apoie-se em mim.
Detetive – Mas o quê é isso? Sai daí, criatura. Sai. O quê pensa que está fazendo?
(Zezinho tenta falar) Não, não, não. Quando eu disse apoie-se em mim, eu quis dizer
para fazer exatamente o que eu fizer.
Zezinho se faz de entendido. Detetive pega sua lupa e ao tentar dar o primeiro passo, é puxado por
Zezinho, que observa a lupa dele.
Zezinho pede pra ele esperar e sai, voltando com uma lupa maior. Detetive dá alguns passos e
escorrega, caindo no chão. Zezinho imita o Detetive, caindo sobre ele. Detetive faz sinal de
“Shhhh” pra Zezinho, que faz sinal de silêncio para o público. Detetive dá alguns passos e para
procurando pistas. Zezinho imita-o. Detetive ao olhar para trás, se assusta com Zezinho, que faz a
mesma ação e se assusta com o vento.
Detetive corre para um lado e fica observando. Zezinho imita a ação, mas bate com o corpo contra
o Detetive fazendo ele perder ar. Zezinho sai da frente do detetive, que está com o corpo pra dentro
e olhos revirados. Detetive empurra Zezinho. Eles seguem para trás da mesa e faz um jogral de
sobe desce. Detetive se abaixa, Zezinho abaixa. Detetive se levanta. Zezinho se levanta. Esse jogral
é repetido durante algumas vezes. Detetive Ló se cansa e bate com o cassetete em Zezinho, que
coça com a cabeça.
Detetive vai ao centro da sala e fica à procura. Zezinho segue-o e, no caminho, encontra uma
moeda. Ele se abaixa. O detetive vira-se.
Detetive – Olha só, Zezinho… estou começando a achar que… (percebendo que
Zezinho não está ali) Zezinho? Zezinho! (assobiando como se chamasse cachorro)
Vem cá, vem.
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Ao dar o primeiro passo, o Detetive cai no chão. Zezinho se levanta, mostrando uma moeda
gigantesca e, dando língua para o Detetive, sai. Amnésio entra.
Amnésio – Outra vez esses barulhos. E para completar aqueles dois malucos
sumiram de novo também. Será que minhas joias também sumiram?
Amnésio (para o público) – Mas quem seria o idiota a roubar a minha joia rara
preciosa? Ela não tinha tanto valor para outra pessoa. Só pra mim. Me faz lembrar
que a única pessoa que tinha inveja era a Silvinha. Mas ela mora lá onde Judas
perdeu a bota e… Agora que estou percebendo, este banco é tão duro.
Detetive – Confortável?
Detetive – Ora, Seu Amnésio. Que coisa! Para sua informação, estou começando a
desconfiar que não existe ladrão algum.
Amnésio – Mas se não tem ladrão, como a minha joia rara preciosa foi roubada?
Detetive (pensando) – Já sei. Vamos voltar do zero. Mostre-me onde o senhor estava,
exatamente, quando viu a sua joia pela última vez.
Amnésio e o Detetive saem. Zezinho entra, removendo o papel de um pirulito gigante e começa a
lamber.
Zezinho corre aos desesperos, de um lado para o outro, pegando o cassetete e cobrindo o seu rosto
com o pirulito. Amnésio e o Detetive retornam a sala.
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Nesse jogral, os atores podem fazer um improviso de uma retrospectiva do sumiço da joia e da
chegada do Detetive. Detetive e Amnésio ficam de costa um para o outro. Zezinho lambe o pirulito
e bate contra o cassetete em Amnésio, que vira. Sempre que Zezinho bate, ele antes lambe o pirulito
e volta à posição estátua.
Amnésio – Quê que foi, quê que foi, quê que há?
Novamente se dão as costas. Nesse jogral, pode ser repetido umas quatro ou cinco vezes. Amnésio
e o Detetive entram em um conflito e um começa a bater no outro. Zezinho passa o cassetete para a
mão de um, que bate e devolve o objeto, que é entregue ao outro. Amnésio, que pega pela última
vez, tenta bater com o pirulito no Detetive, que estende o braço e Zezinho lambe o cassetete.
Amnésio – Ora, ora, ora… Zezinho, você tem alguma coisa a dizer?
Zezinho fica contente, apontando com o dedo para si mesmo. Detetive e Amnésio concordam com
as cabeças. Ele tenta falar.
Zezinho – Chega! Chega! Chega! Chega! A minha vida inteira foi ficar calado,
calado, calado. Agora chegou a hora da verdade.
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Zezinho (se aproxima do vaso) – Hoje mais cedo quando eu estava limpando, eu vi a
joia aqui (põe a mão dentro do vaso) e…
Amnésio – E o que Zezinho? Fale, homi de Deus. Isso não é hora de fazer careta.
Todo mundo sabe que você féi.
Detetive e Amnésio brigam pra ver quem tira. Amnésio segura Zezinho e o Detetive puxa a
ratoeira. Os três caem no chão e se levantam.
O detetive tira um pedaço da rosca do bolso. Amnésio finge chorar. Zezinho tenta consolar.
Amnésio pega o cassetete e tenta bater no detetive, que sempre desvia e acerta Zezinho. Todos
saem de cena. Sobe música, apagam-se as luzes e fecham-se as cortinas.
FIM!!!
Por ROBERTO R. FILHO
Escrita em 07 DE JULHO DE 2009
Reescrita em 30 DE NOVEMBRO DE 2017
Copyright © 2009/2017 COTESF – Companhia Teatral do São Francisco. Todos os Direitos Reservados por ROBERTO R. FILHO