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O MUSEU DA EMÍLIA
PERSONAGENS:
Dona Benta
Narizinho
Pedrinho
Tia Anastácia
Visconde de
Sabugosa Emília
VOZ GRAVADA DO NARRADOR: Era uma vez um homem que contava histórias, falando das
maravilhas do mundo encantado, que só as crianças podiam ver. Mas esse homem que falava às
crianças conseguiu descrever tão bem essas maravilhas que fez todas as pessoas acreditarem nelas.
Pelo menos as pessoas que cresceram por fora, mas continuaram sendo crianças em seus corações.
Ele aprendeu tudo isso com a natureza em lugares como esse Sítio, onde ele viveu. .Há quem diga,
que foi aqui que ele descobriu todas as maravilhas que levou para os livros, Há quem diga, que elas
ainda moram aqui, entre as paredes dessa casa, há quem diga, que quem entrar aqui, poderá talvez
encontrar um por um todosos sonhos, encantos e maravilhas, junto a saudade, a grande saudade
que ela guarda, de um grande homem que soube falar às crianças.
VISCONDE: Olá pessoal, tudo bem com vocês? Alguém sabe quem eu sou? Bem...pra quem não
me conhece, eu sou o Visconde de sabugosa, sou um boneco de sabugo de milho feito por
Pedrinho. Ele me deixou na biblioteca e foi lá que eu nasci, me transformei em o Visconde Sábio,
estou sempre pesquisando e estudando sobre vários assuntos. Eu tenho um laboratório, no porão da
casa de Dona Benta. Uma de minhas invenções é o pó de Pirlimpimpim que leva as crianças do
Sítio em muitas viagens. Por isso estou aqui, vou jogar o meu pó mágico para que vocês façam
uma viagem emocionante no universo da Literatura Infantil de Montaeiro Lobato. Então? Vamos
lá? (JOGA O PÓ NA PLATEIA E EM SEGUIDA ENTRAM TODOS OS PERSONAGENS
DANÇANDO A MÙSICA SÍTIO DO PICA PAU AMARELO). O Sítio do Pica Pau Amarelo foi
uma série que fez um enorme sucesso na Tv nas décadas de 70 e 80. É nessa obra que se narra
como os personagens de várias histórias fabulosas passam a morar no Sítio do Picapau Amarelo.
Lá já estavam Dona Benta e outros protagonistas: os netos Pedrinho e Narizinho, a boneca de pano
falante Emília, o Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia, Tio Barnabé, o Marquês de Rabicó e o
rinoceronte Quindim. Dona Benta é a vovó de Narizinho e Pedrinho. Ela lê muito e é excelente
contadora de histórias. Domina vários idiomas, tem uma grande cultura e sabe de tudo que
acontece no mundo. Dona Benta mora no Sítio do Picapau Amarelo. Pedrinho é um adolescente de
13 anos que mora com a mãe na cidade. Sua mãe chama-se Antonica e é filha da Dona Benta. Ele
vai para o Sítio todas as férias. Pedrinho gosta de aventuras. Narizinho, a neta de Dona Benta e
prima de Pedrinho, tem 10 anos e mora no Sítio. Seu nome é Lúcia e, por causa de seu nariz
arrebitado, é chamada de Narizinho. É uma menina gentil, carinhosa e inteligente. Foi criada na
roça e sabe subir em árvores e pescar. Sua paixão é a boneca de pano Emília. A Emília, no
começo, era apenas uma boneca de pano, feita de uma saia velha de Tia Nastácia. Mas, depois de
tomar as pílulas falantes do Doutor Caramujo, não parou mais de falar. Cheia de idéias e mandona,
lidera a maioria das aventuras das crianças. Tia Nastácia é sábia em matéria de cultura popular, é
uma grande contadora de "causos" e acredita numa série de superstições. Otima cozinheira, seus
quitutes são famosos na redondeza. Tia Nastácia também cuida da limpeza da casa e dos animais.
Vocês agora irão assistir um dos episódios de grandes aventuras desse sítio, com vocês...
TODOS: O Museu da Emília!!!
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ATO ÚNICO
CENÁRIO: Sala de jantar de uma modesta casa de fazenda: o Sítio da Dona Benta. Dona Benta
está em cena examinando várias peças de roupa de Pedrinho, amontoadas sobre a mesa. Há uma
cadeira comum, de pernas serradas – cadeira de velha.
DONA BENTA - Não sei o que Pedrinho faz dos botões. Com certeza os come. Toda a semana
levo consertando a roupa dele e pregando botões. Olha só este paletó, sem um só botão e sem
bolso também. Parece incrível!! (TOMA AQUELE PALETÓ E SENTA-SE NA CADEIRA DE
PERNAS SERRADAS JUNTO À QUAL ESTÁ A CAIXA DE COSTURA) Anastácia!!!
(PAUSA) Anastácia...
DONA BENTA - Onde andam os meninos? Saíram cedo e até agora nem sinal.
TIA ANASTÁCIA - Por onde andam?! Por esses mundos a fora, Sinhá, fazendo quanta
estripulia há. Aqueles diabretes são capazes de tudo, Sinhá. Depois que deram comigo na lua, e
me deixaram cozinhando para São Jorge e para aquele horrível Dragão que me espiava e lambia
os beiços com a língua de ponta de flecha , eu não acho nada impossível. Credo!! Só de me
lembrar disso, sinto ainda um arrepio no corpo...
TIA ANASTÁCIA - Se foi!! A Emília está virando a lampiãozinho do bando depois que se
apanhou dona daquele boi de um chifre só na testa, o tal de ri... ri...
TIA ANASTÁCIA - (SUSPIRANDO) Inda mais essa agora, a tal de gramática, como se não
fosse a minha trabalheira na cozinha, com o raio de ri... “rinoceronte” no quintal me espiando o
tempo inteiro, tal qual feito o dragão. Eu é porque...
TIA ANASTÁCIA - (QUE TEM VISTA CURTA, TREPA NUMA CADEIRA PARA VER AS
HORAS NO RELÓGIO DA PAREDE) Quatro e meia, quase hora da janta. Sinhá, não se assuste
que a cambadinha não tarda aí. Garanto! Quando a fome aperta, vêm todos ventando nem que seja
da lua. Nesses países encantados onde costumam passear ou aventurar, como eles dizem, parece
que há de tudo: Fadas, Príncipes que viram ursos, castelo de ouro e marfim, tudo, menos comida.
DONA BENTA - (RECORDANDO-SE) Espere. Essa franga parece que era da Emília, não?
Ouvi aí um negócio entre a Emília e Narizinho a propósito dessa franga.
TIA ANASTÁCIA - Eu sei, Sinhá. A franga era de Narizinho, mas Narizinho vendeu o pé da
franga a Emília e me deu o resto, de modo que matei a franga e guardei o pé de seis dedos para a
Emília que anda agora com mania de fazer um Museu de coisas esquisitas. Tem cada uma...
NARIZINHO - Bom dia ou boa tarde, Vovó. (CORRE A BEIJAR A MÃO VÓ. PEDRINHO
FAZ O MESMO)
DONA BENTA - (LEVANDO AS MÃOS AOS OUVIDOS) Parem!! Vocês me deixam tonta!!
Cada um fale de sua vez. Vamos, comece Narizinho.
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EMÍLIA - (QUE ESTÁ A UM CANTO MOSTRANDO QUALQUER COISA PARA O
VISCONDE) Não seja bobo! Eu sei o que faço!! (E COMEÇA A COCHICHAR-LHE NO
OUVIDO)
VISCONDE: Você ainda vai acabar se metendo em uma grande encrenca Emília. Estou te
avisando, tenha muito cuidado. Quem avisa amigo é!
NARIZINHO - Pois é, Vovó. Fomos parar bem perto da casa da Chapeuzinho Vermelho. Mas
sabe quem encontramos? O Lobo!!! Aquele horrível Lobo que comeu a avó dela!!!
DONA BENTA - (PARA EMÍLIA) Emília, como é que você faz isso? Nunca devemos ofender
ninguém, e principalmente quando se trata de um elemento perigoso como esse Lobo! Por
vingança é bem capaz de ele vir rondar aqui o sítio e no mínimo me apanhar uma galinha.
EMÍLIA - Pois que venha! É isso mesmo que eu quero! Provoquei-o de propósito e já botei o
meu Rinoceronte Quindim de guarda na porteira, de chifre armado. Assim que o Lobo aparecer
com aquele focinho e começar a farejar o ar para ver se tem avó de menina aqui dentro...
EMÍLIA - Esse Lobo se alimenta de avós de meninas. Comeu a avó da Capinha e gostou do
petisco.
DONA BENTA - Que bobagem, Emília! Você bem sabe que o Lobo que comeu a avó da
Chapeuzinho foi morto a machadadas por um caçador.
EMÍLIA - O caçador não o matou bem matado e o Lobo reviveu outra vez, com mais fome de
vó ainda! Cheguei bem pertinho e vi no corpo dele os sinais das machadadas!
PEDRINHO - Não perca tempo com essa boba, Vovó! Ela não viu sinal nenhum! Era um lobo à
toa, como outro qualquer! Pergunte ao Visconde.
VISCONDE - Esse Lobo era exatamente o mesmo que comeu a vó da Chapeuzinho Vermelho.
(EMÍLIA VITORIOSA PÕE A LÍNGUA PARA PEDRINHO)
NARIZINHO – Não Abram!!! É o Lobo!! Socorro!! !!! O Lobo que comeu a Vovó da
Chapeuzinho!!!
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VISCONDE - Não vejo Lobo nenhum. Foi rebate falso. Esperem... Estou vendo sim...Lá
longe ... uma coisa! Parece o cachorro do compadre Teodorico! Muito longe! Um quilômetro
daqui!
EMÍLIA - O Visconde é um idiota! Não sabe ver Lobo! (CORRE PARA ELE E TOMA-LHE O
BINÓCULO E OLHA) É Lobo sim! Cachorro do compadre Teodorico é o nariz dele.
Lobíssimo! Com dois olhos que são duas tochas! Arregalados! E os dentes!!! Vem babando de
fome! Já percebeu que aqui há avó de menina. Pedrinho, feche Dona Benta dentro do guarda-
comida!
DONA BENTA - Nossa Senhora da Aparecida! Esta criança acaba me pondo maluca! Não há
mais sossego neste Sítio? Cada dia é uma coisa? Ou é Rinoceronte, ou é Dragão de São Jorge, ou
é Lobo... (ABANA-SE AFLITA).
EMÍLIA - (SEMPRE A OBSERVAR PELO BINÓCULO) Lá vem vindo ele! Vem lambendo os
beiços. Já farejou duas velhas aqui dentro. É exatamente o mesmo que comeu a avó da Capinha.
Estou vendo as cicatrizes das machadadas e até estou vendo um pedaço de machado que ficou na
testa dele...
EMÍLIA - (CONTINUANDO) Já passou pela porteira... Está no terreiro... Vem vindo... Parou
para farejar o mastro de São João. Vai comer o mastro!
EMÍLIA - (CONTINUANDO) Não comeu o mastro, não. Vem vindo para a varanda. Chegou!
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PEDRINHO PULA NA MESA E TRANCA A JANELA. TODOS SE AGITAM, MENOS
DONA BENTA QUE NÃO CONSEGUE DESGRUDAR-SE DA CADEIRA, EMBORA O
TENTE. PEDRINHO EMPURRA UM MÓVEL PARA ESCORAR A PORTA.
EMÍLIA - Pronto! Está aí ele arranhando a porta e quero ver agora como vocês se arranjam!
(PARA DONA BENTA) E a senhora que é tão sabida de tantos livros e dicionários que leu,
quero ver como se salva. Veja no seu dicionário, que ensina tudo quanto se quer, se ensina jeitos
de espantar lobos. Eu não preciso ir ao dicionário. Sei um jeito que é tiro e queda.
NARIZINHO - Já sei. Quer que lhe dê a minha coleção de potinhos de barro para você botar no
Museu, não é? Dou sim, diga o jeito agora.
EMÍLIA - (MAIS LAMPEIRA AINDA) Todos são testemunhas de que Narizinho me deu os
potinhos, não é mesmo? Muito bem. Nesse caso direi que meu Rinoceronte já está avisado de
tudo e logo que eu der um assobio ele investe contra o Lobo e o espeta, bem espetado, no seu
chifre pontiagudo.
DONA BENTA - Pois dê logo esse assobio, Emília, e não nos atormente mais. Não seja tão
mazinha!
PEDRINHO - O cavalinho sem rabo, não é? Pois não dou. Não tenho medo de lobo. Você é
uma cigana, mas comigo não tira farinha. (O LOBO ARRANHA COM MAIS FORÇA A
PORTA E DÁ UNS RONCOS TERRÍVEIS PONDO-SE EM SEGUIDA A UIVAR.
PEDRINHO
AMEDRONTA-SE) Isto é, só dou se Vovó mandar. Por mim não dou. Mas se Vovó mandar é
outra coisa.
DONA BENTA - (SEMPRE AFLITA) Dê Pedrinho. Dê tudo quanto ela quiser. A Emília já
tomou conta dessa casa mesmo!
EMÍLIA - (VITORIOSA) E o Visconde também tem que me dar... É uma tristeza isto de
fidalgos arruinados. Ele nunca tem nada para dar. Só a cartolinha, que é tudo quanto o Visconde
possui...
NARIZINHO - Ande Emília! Chega de amolar! Assobia logo! Tenha dó da Vovó, coitada!
TIA ANASTÁCIA - Credo! Figa rabuda! É o Lobo mesmo!E agora, Sinhá, que vai ser de nós?
DONA BENTA - Emília foi quem arranjou isso e tinha combinado a defesa com o Rinoceronte.
Era só dar um assobio que ele avançava com chifre contra o Lobo e o varava de lado a lado. Mas
já assobiou três vezes e nada.
TIA ANASTÁCIA - Pois é o jeito você mesmo fazer esse serviço Visconde. Para que serve um
Visconde tão importante em casa senão para esses serviços perigosos? (VOLTANDO PARA O
VISCONDE) Ande, Visconde! Vá lá na carreira e acorde o ri... o “rinoceronte”. Mexa-se!!!
TIA ANASTÁCIA - Não come nada, menina! O Visconde é de sabugo e os lobos são “carnívo”.
DONA BENTA - Bela idéia! Vá, Visconde. Vá numa carreira acordar o Rinoceronte.
PEDRINHO - (SEMPRE COM DÓ DO VISCONDE) O Lobo pode não comer o Visconde, mas
é bem capaz de espedaçá-lo. Não existe Lobo mais malvado que esse.
TIA ANASTÁCIA - Não se incomode, Pedrinho. O Visconde é de sabugo e foi feito por estas
mãos aqui. Se ele for destruído faço outro ainda mais bonito, hoje mesmo! Vamos, Seu
Visconde. Que está esperando? Salve a família!
VISCONDE – E s t á b e m , e u v o u , m a s s e e s s e l o b o m e d e v o r a r e e u
ficar em pedaços você vai ter que me trazer de volta mesmo
v i u T i a A n a s t á c i a ! ! (PREPARA-SE PARA SAIR, MAS ANTES DISSO VAI ESPIAR
O TERREIRO E VÊ A VACA MOCHA DE DONA BENTA MASCANDO UMAS PALHAS
ALI POR PERTO. FICA APAVORADO) Não posso ir. Ela está no caminho!
VISCONDE - A vaca mocha! De lobo, de dragão, de rinoceronte eu não tenho medo, mas de
vaca tenho e hei de ter sempre. Foi a vaca mocha quem comeu meu pai e minha mãe e todos os
meus irmãos. Essa peste de vaca não perdoa um só sabugo. Assim que vê um, colhe-o com
aquele linguão vermelho e o vai mascando com a maior sem-cerimônia. Não, não vou e não vou.
PEDRINHO - Para a mocha, bodoque! “Zum”. Acertei uma na anca! “Zum”, outra na orelha.
Lá vai ela fugindo. “Zum”, mais uma na teta. Esta valeu! Pronto, Visconde, o caminho está
desimpedido. (SEMPRE A ESPIAR) Lá vai ele com muito medo, a olhar de todos os lados. É o
eterno medo que o Visconde sempre teve da vaca mocha, porque ele é o sabugo e vaca não
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perdoa a sabugos. Come mesmo! Agora fez um rodeio para não passar perto do galo. Medo que
o galo coma os três grãos de milho que ele ainda conserva no peito. Chegou... Está berrando no
ouvido de Quindim... Mas Quindim não dá pela coisa. O Visconde berra inutilmente. Mudou de
lugar. Foi berrar no outro ouvido. Nada! Agora está sapateando em cima de Quindim, mas não
há meio! Quindim não acorda!
EMÍLIA - É um impretável mesmo esse senhor Visconde! Não presta nem para acordar
rinoceronte!
O LOBO SOLTA NOVO UIVO DE CÓLERA E ARRANCA MAIS UMA TÁBUA DA PORTA
E ENFIA PELO BURACO O SEU ENORME FOCINHO.
TIA ANASTÁCIA – (IMPACIENTE) Ah Sinha! Legite, legítimo, falo como quiser, estou
nervosa demais e só sei que esse lobo é o original, foi isso que eu quis dizer pronto!
PEDRINHO - Lá vai a sirigaita muito lampeira com o vidro de pimenta. Pimenta precisa ela!
Vai correndo sem olhar para trás. Chegou junto ao Rinoceronte. Está abrindo o vidro de pimenta.
Abriu. Despejou-o quase inteiro nos olhos do Rinoceronte. Malvada! O Rinoceronte fez uma
careta. Sacudiu a cabeça. Ergueu-se. Emília o está descompondo de cachorro pra baixo, como se
ele tivesse culpa de dormir, com um sol quente destes. Agora ela está apontando para o Lobo.
Está atiçando Quindim contra o Lobo...
TIA ANASTÁCIA - Comeu nada, menina. Pois não está vendo ela aí na sua frente? Desta vez
quem foi comido foi o Lobo. O Rinoceronte deu cabo dele com uma chifrada na barriga.
DONA BENTA - Que susto! O perigo desta vez foi grande. Vi que o Lobo entrava mesmo e me
devorava.
DONA BENTA - Quem mais senão a Emília? Está ficando mais sabida que os outros. Foi lá
fora, acordou o Quindim, coisa que nem com um sapateado em cima dele o Visconde conseguiu.
E sabe como? Despejando-lhe pimenta-do-reino nos olhos. Lembranças assim só mesmo da
Emília.
NARIZINHO - (SUSPIRANDO) Ora, Graças que nós e a Chapeuzinho vamos viver sossegadas
de hoje em diante! Esse Lobo malvado comeu Vovó dela, e como o caçador não o matou bem
matado, ele sarou e vivia rondando a floresta para fazer maldade. Todos estavam muito
amedrontados. Mas graças a Deus tudo já passou!!
EMÍLIA - Mas tudo isso foi graças a quem? A essa bonequinha aqui ó, agradeçam a mim tá?
TIA ANASTÁCIA - Tenho coisa muito melhor para você, Emília. (TIRA DO BOLSO DO
AVENTAL O PÉ DA FRANGA) Uma coisa mesmo de Museu. Um pé de galinha de seis dedos,
um verdadeiro “felômeno”.
TIA ANASTÁCIA - Não sei como se diz, mas que tem seis dedos, isso tem. Veja, conte.
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EMÍLIA - É isso. Este pé de galinha vai fazer “pendant” com outras coisas que estão aqui na
minha caixa de coleção de curiosides, o museu da Emília. (TODOS SE VOLTAM PARA
ELA)
DONA BENTA – E pensar que você surgiu dessa caixa, era pedaços de retalhos que eu fui
remendenado, remendando e fez te tarnsformar em uma linda boneca de pano.
NARIZINHO – Em um belo dia, Emília engoliu por engano uma pílula que fez com que ela
começasse a falar.
FIM