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Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira 2021/2022

Os Maias
Trabalho 7 - Personagens

Figura 1

Trabalho realizado no âmbito da


disciplina de português por:

Márcia Esteves, nº14


Maria Martins, nº15
Pedro Gomes, nº23
Pedro Mendes, nº24

Turma 11º11ª

Professora Cristina Coutinho


Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira 2021/2022

Escola Secundária Vergílio Ferreira

Línguas e Humanidades

Os Maias
Trabalho 7: Personagens

Trabalho realizado no âmbito da


disciplina de português por:

Márcia Esteves, nº14


Maria Martins, nº15
Pedro Gomes, nº23
Pedro Mendes, nº24

Turma 11º11ª

Trabalho de pesquisa
Disciplina de Português
Professora Cristina Coutinho
Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira 2021/2022

Resumo

O nosso trabalho tem como objetivo analisar as personagens da obra “Os Maias”,
caracterizando-as física e psicológicamente de forma a aprofundar o conhecimento sobre as
mesmas.

Palavras Chaves:

• Carlos da Maia

• Maria Eduarda

• Afonso da Maia e Maria Eduarda Runa

• Pedro da Maia e Maria Monforte

• João da Ega

• Tomás de Alencar

• Eusébiozinho e modelo de educação

• Dâmaso Salcede e Taveira

• Conde e condessa Gouvarinho

• Jornalistas e jornalismo

• Cruges, Craft, Sequeira

• Vilaça e Vilaça Junior

• Jacob e Raquel Cohen, Steinbroken


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Índice

1. Introdução
2. Personagens
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Índice de Imagens

Figura 1 – https://www.fantastictv.pt/2017/01/rtp1-exibe-os-maias-de-joao-botelho.html
Figura 2 – http://www.aplumacriativa.com/2020/07/podcast-ana-rita-reis.html
Figura 3 - https://images.app.goo.gl/xicUXX95qADLkD1eA
Figura 4 - https://images.app.goo.gl/ZLLZtTj4fBKbEWr17
Figura 5 - https://images.app.goo.gl/erqVbPPeTtwVXBvD9
Figura 6 - https://images.app.goo.gl/c5u6d86o9HshtXSF7
Figura 7 - https://images.app.goo.gl/Jx9T4t3uPhf65Eo46
Figura 8 - https://images.app.goo.gl/JqcFGpRFc5TyDiFK6
Figura 9 - https://images.app.goo.gl/i7JQZM9qYTvTwPt3A
Figura 10 - https://images.app.goo.gl/kQQuqU7uDnTyQt1o6
Figura 11 - https://images.app.goo.gl/6TuZfEqunKzt4C776
Figura 12 - https://images.app.goo.gl/8nVfMFiU4TG6YBJTA
Figura 13 - https://pt.slideshare.net/tiagoferreira131/os-maias-jornalismo-portugus
Figura 14 - https://pt.slideshare.net/tiagoferreira131/os-maias-jornalismo-portugus
Figura 15 - https://images.app.goo.gl/wELhXkGkjqgy6z3w9
Figura 16 - https://images.app.goo.gl/jxHCMP5eFS62TJSm6
Figura 17 - https://tvhistoria.com.br/artistas-de-os-maias-que-ja-morreram/
Figura 18 - https://images.app.goo.gl/m44cksyyv3jE3dNY7
Figura 19 - https://images.app.goo.gl/VZjbBYnkhxMA22ps7
Figura 20 - https://aia.madeira.gov.pt/images/files/telensino/PORT11_Aula3_7maio.pdf
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Introdução

O tema deste trabalho, “Personagens” é importante pois é necessário conhecer os


intervenientes para compreender as suas funções ao longo do Romance, e para também ser
possível compreender a obra em si.
Para desenvolver este tópico, em primeiro lugar, procedeu-se à leitura da obra e fez-se
a lista das personagens.
A seguir colecionou-se uma série de características que as mesmas apresentam e
ilustrou-se essa lista com exemplos retirados da obra.
Finalmente elaborou-se um texto de análise sintética sobre cada uma delas, no qual se pôs em
relevo tudo o que era significativo para o desenrolar do Romance.

NOTA: Todas as situações deste trabalho foram retiradas da obra “Os Maias” de Eça de
Queiroz, editor Porto Editora, edição 06-2021.
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Carlos da Maia

A personagem Carlos, devido à sua centralidade, tem


direito a um tratamento privilegiado por parte do narrador. Pelo
caminho encontramo-lo em Coimbra levando uma vida
estudantil e literária, em Lisboa planeava mudar a mentalidade
da sociedade que aí habitava, os lisboetas, que o idolatravam.
Vive a vida de forma intensa, como a sua paixão por
Maria Eduarda. Carlos interessa-se por tudo e por nada ao
mesmo tempo. É um apreciador, que acaba por se deixar
afundar pela indolência da sociedade lisboeta em que vive,
desistindo, um a um, de todos os seus projetos de vida, inclusive Figura 2

de Maria Eduarda, a sua paixão.


A educação que Carlos recebeu ensinou-o a ser forte. Após a revelação do incesto e a
morte do seu avô, Carlos consegue sobreviver, pelo menos fisicamente. Porquê? Devido à sua
educação britânica. Comparando a sua atitude com a de Pedro, facilmente se conclui que são
duas personagens distantes que têm formas diferentes de agir e pensar.
Dever-se-á ainda mencionar que o percurso de Carlos pode ser o símbolo da evolução
da sociedade portuguesa após a Regeneração.
É difícil indicar excertos em relação a Carlos da Maia, devido à sua centralidade e à
quase omnipresença da personagem na obra, encontrando a sua caracterização ao longo do
Romance de forma indireta.

Excerto 1 – “Carlos ao lado, muito sério, todo esbelto, com as mãos enterradas nos
bolsos das suas largas bragas de flanela branca, o casquete da mesma flanela posto de lado sobre
os belos anéis do cabelo negro”1
Excerto 2 – “Era decerto um formoso e magnífico moço, alto, bem-feito, de ombros
largos, com uma testa de mármore sob os anéis dos cabelos pretos, e os olhos dos Maias, aqueles

1
“Os Maias”, página 58
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irresistíveis olhos do pai, de um negro líquido, ternos como os dele e mais graves. Trazia a
barba toda, muito fina, castanho-escura, rente na face, aguçada no queixo”2

2
“Os Maias”, página 102
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Maria Eduarda

Maria Eduarda é apresentada aos leitores como um


ser superior e de destaque entre outras mulheres lisboetas.
Alta, loira, elegante, misteriosa, requintada.
Características próprias que tornavam inevitável o
interesse e atração de Carlos pela mesma. Mas, são
reveladas a Carlos da Maia diferentes aspetos desta mulher
após se conhecerem melhor. Aspetos como a sua sensatez,
ser uma mulher equilibrada, doce, bastante culta e com
forte sentido de dignidade. Figura 3

Maria Eduarda é, nesta obra, a heroína romântica que se encontra momentaneamente a


viver uma paixão e um amor intenso.

Excerto 1 – "Um esplêndido preto, já grisalho" até "a voz de Craft murmurou: - Très
chic."3
Excerto 2 – "Mas Carlos não escutava, nem sorria já." (Cap. VII, p.211) até "[...]
aparecia o tom do seu cabelo castanho, quase louro à luz; a cadelinha trotava ao lado, com as
orelhas direitas."4

3
“Os Maias”, página 164
4
“Os Maias”, página 211
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Afonso da Maia

Afonso é a personagem que funciona como


pilar da família Maia e é para este que todos procuram
aquando dos momentos de crise.

Excerto 1 – "No escritório de Afonso da


Maia[...]"5 até [...] depois de ter devorado um prato de
croquetes. ".6

Afonso foi um símbolo do Portugal liberal da


década (século XIX), foi um jovem revolucionário que
sofreu o exílio pela sua audácia ideológica.
Afonso é o ponto de equilíbrio dos Maias. É a
ele que Pedro entrega a carta após a fuga de Maria,
Afonso por ser o pilar da sua família é interrogado por Figura 4
Carlos na esperança de que o avô desminta as revelações de Guimarães

Excerto 2 – "Há uma coisa extraordinária, avó!”7 até "o esmagava ao fim da velhice com
a desgraça do neto"8.

Afonso é ainda a encarnação do bom senso, da experiência, dos valores da nação e da


raça portuguesa, é alguém que defende o património do seu país face à descaracterização e à
invasão das modas estrangeiras. Convive harmoniosamente com várias gerações e vários tipos
de formação.

5
“Os Maias”, página 119
6
“Os Maias”, página 128
7
“Os Maias”, página 658
8
“Os Maias” página 661
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Maria Eduarda Runa

Maria Eduarda Runa, uma jovem


"linda morena, mimosa e um pouco
adoentada" (Cap. I, p.16), filha do Conde de
Runa, casa com Afonso. Maria é uma jovem
com ideias revolucionárias e progressistas,
tendo que se exilar em Inglaterra onde se
tornou ainda mais infeliz e doente. Esta
jovem sentindo-se deslocada, acaba por
encontrar abrigo numa devoção religiosa
exacerbada.

Excerto 1 – "[...] Foi então que conheceu Figura 5


D.Maria Eduarda Runa, [...] para ir visitar a
sepultura da mamã..."9

9
“Os Maias”, página 10
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Pedro da Maia

Pedro da Maia é uma personagem que obedece


ao cânone naturalista: as suas características
psicológicas, o meio social em que se move e a sua
educação são fundamentais na formação da sua
personalidade. Pedro, com a sua educação católica e
tradicional, herda de sua mãe, Maria Eduarda Runa,
um caráter depressivo e melancólico, assim Pedro
nada mais podia fazer do que arrastar se por uma vida
boémia e desperdiçada, que cultiva uma paixão
obsessiva e fatal por Maria Monforte. É esta a mulher
que o precipita no abismo da perdição. O facto de a
caracterização direta de Pedro e a omnisciência do
narrador em relação a esta personagem ajudar a sua
conceção de traços naturalistas.

Excerto 1 – de “Odiando tudo o que era


inglês...”10
Excerto 2 – de “O Pedrinho, no entanto estava Figura 6
11
quase um homem.” até “alguma coisa de imortal é
superior à terra.”12
Excerto 3 – de “Pedro e Maria, no entanto, numa felicidade de novela”13 até “Todos os
amigos de Pedro, naturalmente, a amavam.”14

10
“Os Maias”, página 19
11
“Os Maias”, página 21
12
“Os Maias”, página 24
13
“Os Maias”, página 35
14
“Os Maias”, página 39
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Maria Monforte

Maria Monforte é conhecida pela sua


beleza e pela sua revolta como mulher da
sociedade da altura. Filha de negreiro, com
grande riqueza devido ao tráfico de escravos.
Protagonista de aventuras amorosas
(casamento secreto com Pedro da Maia).
Termina casamento com nobre que lhe salvara
um lugar estável na sociedade, rejeita também
fortuna de seu marido, mostrando o seu caráter,
insurgindo contra o poder masculino mesmo
Figura 7
quando está na miséria. Esta personagem, foge
com a filha, deixando seu filho com o pai do mesmo e já em Paris chega a ser proprietária de
uma casa de jogo.

Excerto 1 – "O papá, a mamã, os seres amados, estavam todos ali - no avô."15

15
“Os Maias”, página 192
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João da Ega

Representatividade social: protótipo do


demagogo, incoerente nas suas posições, alheio a
convenção, mas vítima do meio que
irreverentemente contesta.
Ega é aquele que nos momentos mais
difíceis e mais dolorosos da vida de Carlos o
ampara e ajuda, não só em termos psicólogos, mas
também na resolução dos problemas práticos

Excerto 1 – "João da Ega, com efeito, era


considerado não só em Celorico, mas também na
Academia" A sua fama de fidalgote rico tornava-
o apetecido nas famílias."16

Ega é o símbolo da irreverência, do


Figura 8
sarcasmo, da ironia, da crítica pela crítica, do
prazer de chocar e questionar apesar de em
algumas situações se mostrar contraditório nas suas opiniões.
É um homem com um aspeto bizarro e que usa um monóculo. É apaixonado por Raquel
Cohen.

16
“Os Maias”, página 98
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Tomás de Alencar

Tomás de Alencar era um homem alto, com


uma cara magra fazendo lembrar uma caveira e
seus bigodes eram longos e espessos, era calvo e
em toda a sua pessoa havia alguma coisa de
antiquado, simboliza o romantismo piegas, era
também o companheiro e amigo de Pedro da Maia,
e Eça serve se desta personagem para criar
discussões de escola, entre naturalistas e
românticos, numa versão caricatural da Questão
Coimbrã, é um poeta do ultrarromantismo. Não
tem defeitos e possui um grande é generoso
coração.

Excerto 1 – “E apareceu um indivíduo Figura 9


muito alto, todo abotoado numa sobrecasaca preta,
com uma face encaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino, longos, espessos,
românticos bigodes grisalhos: já todo calvo na frente, os anéis fofos de uma grenha muito seca
caíam-lhe inspiradamente sobre a gola: e em toda a sua pessoa havia alguma coisa de antiquado,
de artificial e de lúgubre”17

17
“Os Maias”, página 163
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Eusebiozinho

Eusebiozinho é o produto da educação


portuguesa, retrógrada e deformadora. Também
conhecido por Silveirinha, era o primogénito de
uma das Silveiras – senhoras ricas e moralistas.
Amigo de infância de Carlos de quem
sempre apanhava. Brincavam em Santa Olávia.
Quando criança, mostra uma grande paixão por
livros, mas dececiona tornando-se um adulto sem
vestígios de qualquer amor por eles. Cresceu
molengão, tristonho e corrupto. Tem um jeito de
ser que irrita profundamente Carlos. Sempre teve
uma proteção excessiva e mimos exagerados pela
“mamã” e pela “titi”. Merecedor, portanto, do nada Figura 10

carinhoso diminutivo com que é tratado já em adulto.

Casou-se, mas enviuvou cedo. O mesmo tem um fraco por espanholas e vive tomado de
paixões súbitas. Procurava, para se distrair, bordéis ou aventureiras de ocasião pagas à hora.

Excerto 1 – “Não, com o Eusebiozinho não, filho! Não tem saúde para essas cavaladas...
Carlinhos, olhe que eu chamo o avô! Mas o Eusebiozinho a um repelão mais forte, rolara no
chão, soltando gritos medonhos. Foi um alvoroço, um levantamento. A mãe, trémula, agachada
junto dele, punha-o de pé sobre as perninhas moles, limpando-lhe as grossas lágrimas, já com
o lenço, já com beijos, quase a chorar também”18
Excerto 2 – “Ó filho, dize tu aqui ao Sr. Vilaça aqueles lindos versos que sabes... Não
sejas atado, anda!... Vá, Eusébio, filho, sê bonito... Mas o menino molengão e tristonho, não se
descolava das saias da titi: teve ela de o pôr de pé, ampará-lo, para que o tenro prodígio não

18
“Os Maias”, página 76
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aluísse sobre as perninhas flácidas; e a mamã prometeu-lhe que, se dissesse os versinhos,


dormia essa noite com ela...”19
Excerto 3 – desde “Oh! Eusebiozinho! Carlos correu, olhou... Era ele, o viúvo, acabando
de almoçar, com duas raparigas espanholas.”20
Excerto 4 – desde “Ouve cá, estupor! – rugiu Carlos, baixo. – Então também andaste
metido nessa maroteira da Corneta? Eu devia era rachar-te os ossos um a um! Agarrara-lhe o
braço, ainda sem ódio. Mas, apenas sentiu na sua mão de forte aquela carne molenga e trémula,
ressurgiu nele essa aversão nunca apagada – que já em pequeno o fazia saltar sobre o
Eusebiozinho, esfrangalhá-lo, sempre que as silveiras o traziam à quinta. E então abanou-o,
como outrora, furiosamente, gozando o seu furor. O pobre viúvo, no meio das lunetas negras
que lhe voavam, do chapéu coberto de luto que lhe rolara nas lajes, dançava, escanifrado e
desengonçado. Por fim, Carlos atirou-o contra a porta de uma cocheira. Acudam! Aqui d’el-rei,
polícia – rouquejou o desgraçado.”21

19
“Os Maias”, página 79
20
“Os Maias”, página 234
21
“Os Maias”, página 620
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Dâmaso Salcede

Salcede é uma personagem secundária da obra. É um português vulgar de um estrato


social privilegiado, representando a podridão das sociedades, é súmula de vários defeitos –
calúnia, cobardia, imitação servil do
estrangeiro, falta de identidade, culto do
“chic a valer”.
Bem abaixo de uma pessoa,
Dâmaso é antes uma conjunção de
vícios. É filho de um agiota e assume um
comportamento de adulação e
deslealdade concorrentes.
É obcecado com o “chiq”, o que decalca
qualquer comportamento importado do
Figura 11
estrangeiro, particularmente de França.

Este é caracterizado fisicamente como baixo e gordo. Era sobrinho materno de


Guimarães e usava o apelido da sua mãe no lugar do de seu pai, da Silva, sendo a ele e ao seu
tio que de sevem, respetivamente, o início e o fim dos amores de Carlos com Maria Eduarda.
Psicologicamente, é uma súmula de defeitos por ser filho de um agiota, ter sido acusado
por Guimarães de ser Judeu, comportando-se com presunção, cobardice e sem dignidade. É da
sua autoria a carta anónima enviada a Castro Gomes, carta a qual revela o envolvimento de
Maria Eduarda com Carlos. É mesquinho, mentiroso, convencido e provinciano. Representa o
novo-riquismo e os vícios da Lisboa de segunda metade do século XIX.
O seu caráter é tão baixo que se deixa obrigar por Carlos e Ega a retratar a si próprio,
publicamente por carta, entre outras coisas, como um bêbado, só para evitar um duelo entre ele
e Carlos.

Excerto 1 – “O Sr. Salcede que não despegava os olhos de Carlos, acudiu logo: - Bem
sei! Os Castro Gomes... Conheço-os muito... Vim com eles de Bordéus... Uma gente muito
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chique que vive em Paris. Carlos voltou-se, reparou mais nele, perguntou-lhe, afável e
interessando-se: - O Sr. Salcede chegou agora de Bordéus?”22
Excerto 2 – “Era realmente sincero. Desde que Carlos habitava Lisboa, tivera ali,
naquele moço gordo e bochechudo, sem o saber, uma adoração muda e profunda; o próprio
verniz dos seus sapatos, a cor das suas luvas eram para o Dâmaso motivo de veneração, e tão
importantes como princípios. Considerava Carlos um tipo supremo de chique, do seu querido
chique, um Brummel, um D’Orsay”23
Excerto 3 – “Dâmaso, no entanto, imitava o Maia com uma minuciosidade inquieta,
desde a barba, que começava agora a deixar crescer, até à forma dos sapatos. Lançara-se no
bricabraque. Trazia sempre o coupé cheio de lixos arqueológicos, ferragens velhas, um bocado
de tijolo, a asa rachada de um bule... E, se avistava um conhecido, fazia parar, entreabria a
portinhola como um ádito de sacrário, exibia a preciosidade: - Que te parece? Chique a valer!...
Vou mostrá-la ao Maia.”24
Excerto 4 – “Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das “suas
conquistas”, naquela sólida satisfação em que vivia de que todas as mulheres, desgraçadas
delas, sofriam a fascinação da sua pessoa e da sua toilette.”25

22
“Os Maias”, página 166
23
“Os Maias”, página 185
24
“Os Maias”, página 199
25
“Os Maias”, página 200
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Taveira

Taveira sobre de ociosidade crónica, ou seja, de preguiça, não trabalha nem faz nada de
útil. É empregado público. Trabalha como funcionário no tribunal de contas e é frequentador
dos serões do Ramalhete, é o típico funcionário público, verdadeira imagem inércia do país. É
descrito por Ega como um bom tipo.

Excerto 1 – “Depois perguntou pelo Taveira. Esse lindo moço, contou o Ega.”26

26
“Os Maias”, página 616
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Conde e Condessa Gouvarinho

Conde de Gouvarinho era ministro e


par do reino, possuía um bigode encerado e
uma curta pêra. Era um homem voltado para
o passado, tem lapsos de memória e revela
uma absurda falta de cultura, não compreende
a ironia de Ega. Representa uma enorme
incompetência do poder político. Fala de um
modo depreciativo com sua mulher que mais
tarde se revela um bruto com ela.

Condessa de Gouvarinho é uma


mulher de seus cabelos crespos e ruivos, com
uns olhos escuros e brilhantes, fina e doce, é
casada com conde de Gouvarinho. Condessa é
uma mulher imoral e sem escrúpulos, traí o
marido sem qualquer tipo de remorosos, com
Carlos. Questões de dinheiro e mediocridade
do conde fazem com que o casal se
desentenda, envolve se com Carlos e mostra
se apaixonada e impetuosa.

Excerto 1 – “O conde maçara-o Figura 12


indiscretamente com a política, admirações
idiotas por um grande orador, um deputado Mesão Frio, e explicações sem fim sobre a reforma
da instrução.”27

Excerto 2 - A condessa, que estava muito constipada, horrorizou-o, dando sobre


Inglaterra, apesar de inglesa, as opiniões da Rua de Cedofeita.”28

27
“Os Maias”, página 153
28
“Os Maias”, página 153 e 154
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Jornalistas e jornalismo

O jornalismo e a crítica a este encontram-se


bastante presentes na obra “Os Maias”.
Demonstra, por exemplo, a corrupção quando no jornal
“Corneta do Diabo” quando o diretor redator do jornal,
Palma Cavalão, aceita dinheiro em troca de divulgar a
informação de quem terá escrito a carta comprometedora
para Carlos da Maia. Mostra também a sua imoralidade e
vontade que estes têm de escrever e publicar escândalos
para chamar a atenção do público, havendo uma
publicação, também no jornal “Corneta do Diabo”, que
satiriza a relação íntima que Maria Eduarda e Carlos da
Maia tinham.
Já no jornal “A Tarde”, desta obra, é retratada a
parcialidade existente na publicação de uma matéria, neste
caso sendo a carta de retratação de Dâmaso.
Ega e Carlos decidiram não publicar esta carta, mas Figura 13
consumido pelos ciúmes depois de ver Dâmaso com Raquel Cohen, Ega mudou de ideias.
Dirige-se então a convencer, o diretor do jornal
“A Tarde” a publicar esta carta e este aceitou o
pedido pelo facto de que se queria vingar do
"maganão" que os "entalara na eleição passada”

Excerto 1 – “só Lisboa, só a horrível


Lisboa, com o seu apodrecimento moral, o seu
rebaixamento social, a perda inteira de bom
senso, o desvio profundo do bom gosto, a sua
pulhice e o seu calão, podia produzir um Corneta
do Diabo.”29
Figura 14
Excerto 2 – “na impressão, no papel, na
abundância dos itálicos, no tipo de gasto, todo ele revelava imundice e malandrice”30

29
“Os Maias”, página 466
30
“Os Maias”, página 464
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Cruges

Cruges é dos poucos que é moralmente correto,


representa a exceção na mediocridade da sociedade
portuguesa. Maestro e pianista, o Cruges é um intelectual
incompreendido e marginalizado, que representa os artistas da
música. Era amigo de Carlos, pertencendo à roda social desse.
É a imagem típica de um artista, menos cuidadoso com o
visual do que os demais amigos.

Tem vocação para a música, o seu sonho é tornar-se um Figura 15


afamado maestro, porém, indolente e acomodado, vai adiando
indefinidamente os seus projetos, culpando sempre a sua ignorância alheia pelo não-
reconhecimento da sua inegável genialidade.
É uma pessoa calada, reservada, quase inescrutável, embora possua um temperamento
sobrexcitado. Tem um génio instável, de humor imprevisível, que às vezes sobressalta os
próprios amigos.
Ora permanece a um canto modorrento e apático, sem ânimo para nada, ora é tomado
por acessos súbitos que o levam a explodir em gritos pelos motivos mais banais.

Excerto 1 – “um diabo adoidado, maestro, pianista, com uma pontinha de génio; o
marquês de Souselas...”31
Excerto 2 – “E todos os três deixaram a sala, discutindo ainda a república – enquanto
Cruges continuava ao piano, vagueando por Mendelssohn e por Chopin, depois de ter devorado
um prato de croquetes.”32
Excerto 3 – “E Cruges subiu precipitadamente para a almofada, para o lado de Carlos,
rosnando que, com a preocupação de se levantar tão cedo, tivera uma insónia abominável...”33

31
“Os Maias”, página 114
32
“Os Maias”, página 128
33
“Os Maias”, página 228
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Craft

Inglês representa a formação e


mentalidade britânica, sendo o jovem
mais parecido com Carlos.
É uma personagem com pouca
importância para o desenrolar da ação,
mas que representa a educação britânica,
"Filho de um clergyman da igreja inglesa
do Porto", o protótipo do que deve ser um
homem.
Defende a arte como idealização
do que há de melhor na natureza. É culto
e forte de hábitos rígidos sentindo
finalmente, pensando com retidão. Craft
representa uma mentalidade diferente de Figura 16
todas as personagens, sente-se superior e
distante em relação ao meio em que está inserido.

Excerto 1 - "Também Carlos não lhe dizia que Craft tivesse o gosto correto de um
ateniense. Era um saxónio batido de um raio de sol meridional: mas havia muito talento na sua
excentricidade"34

34
“Os Maias”, página 375
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Sequeira
Sequeira é um velho amigo de
Afonso da Maia e frequenta bastante o
Ramalhete, quando Afonso começava a
ficar pior mentalmente era ao coronel
Sequeira que recorria, indo para sua
quinta em Queluz.

Excerto 1 – “Uma noite que o


coronel Sequeira, à mesa do whist,
contava que vira Maria Monforte e Pedro
passeando a cavalo, “ambos muito bem e
muito distingués”, Afonso,
depois dum silêncio, disse com um ar enfastiado: - Enfim…”35 Figura 17

35
“Os Maias”, página 29
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Vilaça e Vilaça Junior

O primeiro Vilaça era procurador e administrador dos Maias. Era amigo próximo e
conselheiro de Afonso da Maia quanto às vendas da família. Após o falecimento de Vilaça,
Afonso da Maia confiou em seu filho, Manuel Vilaça, rapaz com sonhos de ser vereador ou
deputado, para seguir os passos de seu pai com a família. Manuel Vilaça acaba por ser a
personagem que dá a notícia a Carlos da relação incestuosa que este tem com Maria.

Excerto 1 – "como lhe chamava Vilaça Junior, agora por morte de seu pai administrador dos
Maias"36

36
“Os Maias”, página 4
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Jacob Cohen

Jacob é um homem calculista e cínico.


Jacob é o diretor do Banco nacional o marido
de Raquel Cohen, o dono dessa hospitaleira
casa da rua do ferrigial onde se jantava tão
bem. Judeu e banqueiro é um homem muito
influente no seu meio "com aquele sorriso
indulgente de homem superior"37.

Excerto 1 – "O Cohen, com aquele


sorriso indulgente de homem superior que lhe
mostrava os vómitos dentes, viu apenas um dos Figura 18
paradoxos do nosso Ega"38

37
“Os Maias”, página 145
38
“Os Maias”, página 145
Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira 2021/2022

Raquel Cohen

Raquel Cohen era alta, muito pálida e delicada de


saúde, a sua maior beleza estava nos seus longos cabelos
negros, o seu sorriso era pálido e constante o que lhe dava
um certo ar de insignificância. É uma mulher de 30 anos,
judia e esposa de Jacob Cohen, torna se amante de Ega,
mas logo acaba com seu relacionamento por ser
desmascarada pelo marido, apesar de bela tem uma alma
superficial.
Vaidosa, mantém o seu romance com Ega, sem
por ele ter qualquer tipo de sentimento profundo, tais
características farão com que esta se aproxime de seu
primo Dâmaso. Entrega se à emoção de uma relação
adúltera com João da Ega, a quem convence, com
lamúrias, sobre seu matrimónio infeliz, que levam Ega a
tomar a sua defesa.
Figura 19
Excerto 1 – “É a mulher de Cohen, hás de
conhecer, um diretor do Banco Nacional…Demo-nos bastante. É simpática… Mas o marido é
uma besta…Foi uma flirtation de praia”39

39
“Os Maias”, página 111
Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira 2021/2022

Steinbroken

Steinbroken é, durante o desenrolar da narrativa,


um político neutro que nunca se compromete, diplomata
e ministro da Finlândia em Portugal. É um frequentador
dos serões do Ramalhete e amigo de Afonso da Maia.
Vestido de modo britânico, com um “olhar azul
claro e frio” e “cabelos loiros de espiga”.
Steinbroken é, também, um especialista em
canto, sendo dotado de uma excelente voz, muita
apreciada pelo Marquês, amigo de Carlos e regular
convidado do Ramalhete.
É um entusiasta da Inglaterra. É também um Figura 20

grande conhecedor de vinhos.

Excerto 1 – “Todos riam; e Steinbroken também, mas com um riso franzino e difícil,
fixando no marquês o olhar azul-claro, claro e frio, que tinha no fundo da sua miopia a durea
de um metal”40
Excerto 2 – “Era uma negociação que havia semanas se arrastava entre eles, a respeito
de uma parelha de éguas.”41

40
“Os Maias”, página 124
41
“Os Maias”, página 125

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