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GUIA DE LEITURA

A TEMPESTADE
Índice

Do autor__________________________________ 3
Do tradutor________________________________ 9
Principais personagens_______________________ 12
Sinopses __________________________________ 15
Do autor
Shakespeare é um caso único na literatura. Celebrado por público e
crítica como maior poeta de todos os tempos, o que se sabe sobre sua
vida é incerto. Sua biografia é repleta de lacunas, e as hipóteses que
buscam preenchê-las são objeto de acirradas polêmicas.

O que resta como certeza é um enredo simples: William Shakespeare


era um ator talentoso, que se tornou dramaturgo, ganhou fama e di-
nheiro com suas peças e aposentou-se precocemente.

Não há documentação que comprove sua data de nascimento. Na pa-


róquia da Santíssima Trindade, em Stratford-upon-Avon, consta um
batistério datado de 26 de abril. Como houvesse tradição de consagrar
as crianças três dias após o parto, assumiu-se o 23 de abril de 1564
como provável aniversário do autor.

Seu pai, John Shakespeare, foi um comerciante e político de prestígio.


Sua mãe, Mary Shakespeare, era herdeira de um rico proprietário de
terras. A abastada situação do casal permitiu que Shakespeare fosse
matriculado na King Edward II School, onde o escritor foi educado no
latim e na literatura. Como passasse por apertos financeiros durante a
década de 1570, John o reitrou da escola antes da conclusão dos estu-

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dos. Alguns biógrafos afirmam que, após ser obrigado a abandonar a
escola, Shakespeare passou a trabalhar para ajudar a família, ocupan-
do-se sobretudo do abate de bois e carneiros.

Em 1582, contando apenas 18 anos de idade, casou-se com Anne Ha-


thaway, 26. Algumas fontes afirmam que o casamento foi forçado,
pois Anne havia engravidado; outras, por sua vez, dizem que a união
foi motivada pela ambição de Shakespeare, que desejaria desposar uma
senhora rica para obter vida mais confortável.

Em 1583 nasce Susanna, primeira filha do casal. Em 1585, nascem os


gêmeos Hamnet e Judith. Após o nascimento destes, não há registro da
vida de Shakespeare até o ano de 1592. Este período, conhecido como
os anos perdidos de Shakespeare, deu azo a fantasias de fãs e biógrafos, que
inventaram centenas de enredos sobre as causas do aparente sumiço do
escritor. São muitas as especulações: Shakespeare alistou-se no exérci-
to, viajou à Itália, ministrou aulas, foi funcionário público, envolveu-se
num assassinato, dedicou-se inteiramente aos negócios da família etc.

Nicholas Rowe (1674 -1718), primeiro biógrafo do Bardo, afirma que


Shakespeare abandonou Stratford por envolver-se em problemas rela-
cionados a roubo de animais de uma fazenda vizinha. O escritor inglês
Samuel Jonhson (1709 - 1784) dá outra versão: Shakespeare teria pas-
sado toda a década de 1580 trabalhando nas estrebarias de teatros lon-
drinos. Muitos estudiosos de Shakespeare acreditam que desde 1585
o escritor atuava e escrevia peças para o teatro elisabetano. Todas as
versões, entretanto, carecem de provas documentais.

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Após esta década perdida, inicia-se um período mais claramente conhe-
cido da vida do escritor. Em 1592, surge no panfleto Greene’s Groast-
sworth of Wit a primeira alusão a Shakespeare como dramaturgo, que
dá testemunho da repercussão do autor na sua chegada a Londres.

Embora não haja consenso quanto à data, a maior parte dos biógrafos
está de acordo sobre a trajetória de Shakespeare no teatro. O escritor
chegou à capital depauperado e sem amigos, e foi admitido na com-
panhia de teatro prestando serviços que pouco ou nada tinham a ver
com atuação e criação. O escritor trabalhava como estribeiro, zelador,
faxineiro, assistente de palco e, de pouco em pouco, forjou seu espaço
até, enfim, chegar à condição de ator e dramaturgo.

Suas primeiras obras teatrais devem datar, portanto, do início da dé-


cada de 1590, entre elas a tragédia Titus Andronicus e a comédia The
Two Gentlemen of Verona. Os teatros de Londres fecharam em 1592,
devido a uma pandemia de peste. Durante os cerca de dois anos de
paralisação, Shakespeare compôs dois longos poemas narrativos: The
Rape of Lucrece e Venus and Adonis.

Após o fim da pandemia, alguns atores e dramaturgos se reúnem e for-


mam a companhia Lord Chamberlain’s Men. Shakespeare foi um dos
fundadores, e, daí em diante, tornou-se um empresário bem-sucedido.
O poeta segue levando uma vida pacata em Londres; porém, nos anos
seguintes, adquire uma grande casa e algumas propriedades em Strat-
ford. Os registros das movimentações financeiras mostram que Sha-
kespeare vivia em situação bastante confortável e que, embora vivesse

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em Londres, direcionava todos os seus investimentos para Stratford,
seu verdadeiro lar.

Na obra Palladis Tamia, importante testemunho de Francis Meres so-


bre a literatura inglesa do período elisabetano, há o primeiro olhar
crítico sobre a obra de Shakespeare e também uma lista das peças en-
cenadas até então, como A Midsummer Night’s Dream, The Merchant
of Venice e Romeo and Juliet. Além de poeta, Shakespeare também tra-
balhou como ator. Os relatos, porém, dão conta de que seu talento era
limitado, e seus papéis, portanto, de menor relevância.

Em 1602, ano da morte de seu pai, o poeta investe a vultuosa quan-


tia de £320 em propriedades rurais de sua cidade natal; nos anos que
se seguem, repetem-se investimentos em agricultura e pecuária. Alguns
anos antes, em 1599, Shakespeare tornou-se um dos sócios-fundadores
do Globe Theatre. Em 1603, após a morte de Elizabete e a coroação de
Jaime I, a companhia foi renomeada em homenagem ao seu novo me-
cenas, passando a chamar-se King’s Men. De sua fundação até 1616, ano
da morte de Shakespeare, a trupe apresentou-se ao rei centenas de vezes.

Sua filha Susanna casa-se com o médico John Hall em 1607 e, no ano
seguinte, nasce Elizabete, sua única neta. Os King's Men, nesse mesmo
ano, adquirem um teatro coberto para apresentações no inverno. No
ano seguinte, 1609, surge uma edição de seus sonetos, uma das pou-
cas obras, junto a Venus and Adonis e The Rape of Lucrece, que o autor
cuidou de editar e publicar em vida.

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Daí em diante, William distancia-se aos poucos de Londres, prolon-
gando cada vez mais a duração de suas estadias em Stratford. Sua pro-
dução teatral escasseia, tornando-se frequente peças escritas em cola-
boração com outros autores.

Em 1616, ano de sua morte, sua filha Judith casou-se no mês de fe-
vereiro. No mês de março o escritor alterou seu testamento, legando
seus bens para Anne, sua esposa, e Susanna, sua outra filha. Em 23 de
abril o poeta faleceu. Foi enterrado na mesma igreja em que recebeu o
batismo.

Shakespeare jamais se preocupou em editar e publicar suas peças e,


até onde chegaram as descobertas de biógrafos e historiadores, o poeta
cuidava tão somente da criação, encenação e produção dos seus escri-
tos. Mesmo gozando de imenso prestígio no teatro elisabetano, Sha-
kespeare dele se afastou relativamente cedo, ainda distante do ocaso de
seu vigor criativo.

Não se sabe ao certo quando A Tempestade foi escrita, e as principais


evidências apontam para o biênio 1610-1611, o que a leva a ser con-
siderada a última peça que Shakespeare escreveu sozinho. Tendo por
base um manuscrito confeccionado por Ralph Crane, escrivão dos
King's Men, A Tempestade é a primeira obra do First Folio, coletânea de
peças de Shakespeare organizada por John Heminges e Henry Condell,
que também eram companheiros do dramaturgo em sua trupe teatral.
Nesta compilação, a peça foi designada como a primeira comédia do
autor. Entretanto, observando a mescla de temas trágicos e cômicos

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no enredo, críticos modernos criaram a categoria romance para esta e
outras das derradeiras peças de Shakespeare.

A Tempestade foi lida sob diferentes óticas. Há quem veja a obra como
alegoria sobre a criação artística – com Próspero sendo imagem do
autor e a renúncia à magia como despedida de Shakespeare dos palcos.
Outra interpretação recorrente em nossos tempos crê que A Tempes-
tade é uma reflexão acerca do colonialismo europeu que se expandia
durante o séc. XVII.

A variedade das abordagens dos estudiosos e críticos, que mudam con-


forme modas e preocupações de cada época, dão testemunho do cará-
ter clássico de A Tempestade, que se mantém viva e atual independente
das contingências históricas.

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Do tradutor
Carlos Alberto Nunes nasceu em S. Luís do Maranhão a 19 de janeiro
de 1897. Formado em medicina em Salvador, exerceu a profissão no
estado do Acre antes de se mudar definitivamente para o estado de São
Paulo, onde trabalhou em diversas cidades. Prestou concurso para o
cargo de médico legista, e trabalhou no Instituto Médico Legal (IML),
na capital paulista, até sua aposentadoria.

Apesar da carreira médica, dedicou-se com afinco à literatura. Com-


pôs o poema épico Os Brasileidas, em dez cantos, publicado em 1931.
Nesta obra, precedida por um “Ensaio sobre a poesia épica”, o autor se
serve não só da linguagem épica antiga, mas também de muitos vocá-
bulos tupis, para narrar a história das bandeiras paulistas:

Musa, canta-me a régia poranduba


das bandeiras, os feitos sublimados
dos heróis que o Brasil plasmar souberam
través do Pindorama, demarcando
nos sertões a conquista e as esperanças.
Dá que em versos eu fixe os fundamentos
históricos e míticos da pátria

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brasileira, deixando-os perpetuados
na memória de todos os seus filhos:
a luta dos Titãs, os novos deuses,
as Amazonas varonis e a raça
que o Gigante de pedra fez do solo
surgir, robusta e bela, ideias novas
de grandeza forçando à eternidade.

Compôs também as peças Moema (1950) e Estácio (1971), entre ou-


tras obras.

Em 1956, foi eleito membro da Academia Paulista de Letras. Apesar


de sua obra original, Carlos Alberto Nunes é lembrado hoje sobretudo
por suas traduções. Do alemão, verteu todas as tragédias de Friedrich
Hebbel, além de peças de Goethe; do espanhol, traduziu A Amazônia:
Tragiepopéia em Quatro Jornadas, de Edgardo Ubaldo Guenta. Tradu-
ziu os dois poemas homéricos em um metro que tenta mimetizar o
hexâmetro dactílico grego, produzindo um verso longo mas extrema-
mente melódico:

Canta-me a cólera, ó deusa, funesta de Aquiles Pelida,


causa que foi de os Aquivos sofrerem trabalhos sem conta
e de baixarem para o Hades as almas de heróis numerosos
e esclarecidos, ficando eles próprios aos cães atirados
e como pasto das aves. Cumpriu-se de Zeus o desígnio
desde o princípio em que os dois em discórdia ficaram cindidos:
o de Atreu filho, senhor de guerreiros, e Aquiles divino.

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Servindo-se do mesmo metro, traduziu também a Eneida de Virgílio.

Em 1954, concluiu a proeza de traduzir o teatro completo de William


Shakespeare, a primeira versão integral em português, e, na década de
70, todo o Corpus Platonicum, isto é, todos os diálogos de Platão.

Era casado com Filomena Turelli (1897-1983), mas não teve filhos.
Morto em Sorocaba, a 9 de outubro de 1990, Carlos Alberto Nunes é
um dos grandes vultos literários brasileiros do século XX, tendo sido
grande poeta e tradutor de cinco línguas diferentes: alemão, inglês,
espanhol, latim e grego antigo.

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Principais personagens

PRÓSPERO – Protagonista da peça, Próspero é um dos mais enigmá-


ticos personagens de Shakespeare. À primeira vista, atrai simpatia por
ter sido derrubado do trono de Milão graças à traição de seu irmão.
Ao desenrolar da trama, porém, seus planos de vingança e sua índole
manipuladora o tornam antipático aos olhos do leitor.

Conforme conta a Miranda, quando era duque preocupava-se menos


com os assuntos temporais do que com seus estudos e meditações.
Exilado na ilha, Próspero torna-se autoritário e rude. Ariel e Cailbã
são seus cativos, e Próspero os trata de modo violento e cruel. Além
de dominar espíritos, Próspero também é capaz de voar e de se tornar
invisível.

O duque destronado utiliza seus dons extraordinários para conduzir


os atos dos seus algozes ao fim que deseja. Seus comentários à parte
e suas ações friamente calculadas dão ao personagem um aspecto de
dramaturgo – o que leva muitos críticos a interpretá-lo como imagem
de William Shakespeare.

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MIRANDA – “Miranda”, palavra de raiz latina, significa “aquilo que é
digno de admiração, de maravilhamento”. A personagem faz jus a seu
nome: os traços característicos de Miranda são seu assombro diante
dos fatos extraordinários e a grande admiração que sua beleza provoca
nos que estão à sua volta.

Miranda é uma jovem de 15 anos de idade. Sua índole é delicada e


compassiva, e por isto ela se apieda tanto da desgraça dos náufragos
quanto dos infortúnios de seu pai.

Contando apenas três anos quando da saída de Milão, Miranda não


tem lembrança deste episódio. Seu convívio social limitou-se ao estrei-
to círculo de habitantes da ilha, e, portanto, a chegada dos náufragos
lhe causa grande admiração.

ARIEL – Ariel é um espírito que trabalha a serviço de Próspero. Esse o

encontrou preso na fenda de um pinheiro quando chegou à ilha. Ariel


era, então, escravo da bruxa Sicorax, que lhe impingia trabalhos repug-
nantes. Próspero libertou o espírito da prisão, com a promessa de que
lhe restituiria a liberdade após um ano de serviços. A promessa não foi
cumprida e por isto vemos Ariel ainda cativo durante a peça.

Ariel tem poderes mágicos extraordinários e eficientíssimos, que são


fundamentais para a execução dos planos de Próspero. Há, inclusive,
espíritos inferiores sob seu domínio. Ariel cumpre diligente todas as
tarefas que lhe são requisitadas, na esperança da liberdade. Apesar da
sua frieza e impassibilidade na condição de cumpridor de ordens, o

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espírito demonstra verdadeira compaixão dos náufragos, tentando co-
mover Próspero a libertá-los.

CALIBÃ – Calibã é o único nativo da ilha presente na peça. Filho da


bruxa Sicorax, Calibã tornou-se cativo após Próspero destronar sua
mãe e, por esta razão, insiste que o trono, que era seu por direito, foi
usurpado. Traído e maltratado por seu senhor, Calibã jura vassalagem
aos náufragos Trínculo e Estéfano, prometendo ajudá-los a matarem
Próspero e tomarem pela força o controle da ilha.

Ao contrário de Ariel, Calibã é um escravo insubmisso, que pragueja


contra Próspero e só acata ordens sob ameaças. O monstro também
apresenta contraste em relação a Ferdinando. Enquanto este tem um
amor casto e respeitoso por Miranda, Calibã confessa, num linguajar
torpe, ter tentado desonrar a filha de Próspero.

A aparência diferente, a servidão forçada e a condição de nativo leva-


ram muitos críticos a interpretarem Calibã como representação das
culturas nativas das terras colonizadas por europeus.

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SINOPSES
ATO I

CENA I: Uma tempestade castiga o navio em alto-mar. A tri-


pulação trabalha para evitar que a nau vá a pique. Marinhei-
ros e passageiros creem-se perdidos. O casco se abre e a em-
barcação naufraga.

CENA II: Na ilha, pai e filha conversam em frente à cela de


Próspero. Miranda se apieda da má sorte dos navegantes e
pede ao pai, caso tenha sido ele o responsável pela tempesta-
de, que apazigue os ventos. Próspero lhe garante que a tripu-
lação não sofreu dano algum.

Próspero revela à filha lances do passado. Doze anos antes, era


duque de Milão. Antônio, seu irmão, e Alonso, Rei de Nápo-
les, usurparam-lhe o trono e exilaram pai e filha na ilha onde
ora habitam.

Miranda pergunta a Próspero a razão que o fez levantar a tem-


pestade que casou o naufrágio. Próspero afirma que seus ini-
migos foram trazidos àquela praia pela Fortuna e induz Mi-
randa ao sono.

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Ariel entra em cena e presta contas a seu senhor quanto à per-
feita execução do plano de trazer os navegantes à ilha sem lhes
causar ferimento algum.

Ariel reclama sua liberdade, que lhe é negada por Próspero. Este
relembra o espírito seu cativo os males dos quais lhe libertou.
Antes da chegada de Próspero à ilha, Ariel era escravo da ma-
ligna bruxa Sicorax, que lhe impunha trabalhos indignos e re-
pugnantes. Próspero promete a Ariel liberdade no prazo de dois
dias e lhe ordena tomar forma de ninfa, visível somente a seu
senhor.

Miranda é despertada por seu pai. Próspero chama Calibã,


monstro de aparência terrível e filho de Sicorax. Calibã amaldi-
çoa Próspero por ter lhe usurpado a ilha que era sua por heran-
ça; Próspero amaldiçoa Calibã por ter tentado desonrar Miran-
da e ser ingrato e insubmisso.

Próspero ordena que Calibã vá buscar lenha e, caso o escravo


desobedeça ou cumpra a ordem de má vontade, promete lhe
causar dores lancinantes. Calibã sai.

Ariel volta à cena, invisível, tocando e cantando. Ferdinando o


segue. Miranda e Ferdinando se encontram e admiram a beleza
um do outro. Os dois apaixonam-se à primeira vista, mas Prós-
pero impõe dificuldades ao amor de sua filha.

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ATO II

CENA I: Em outra parte da ilha estão Alonso, Sebastião, An-


tônio, Gonzalo e outros. Uns lamentam o naufrágio, outros
agradecem por estarem salvos. Gonzalo observa que as vestes de
todos estão mais belas e frescas do que jamais estiveram. Ariel
entra em cena, invisível e tocando música solene, e a todos faz
adormecer, com exceção de Alonso, Sebastião e Antônio, que
são importunados por cantos e estrondos produzidos pelo es-
pírito.

CENA II: Em outra parte da ilha, Cailbã carrega achas de lenha

enquanto lança maldições sobre Próspero. Trínculo cruza seu


caminho e se espanta com a figura do monstro. Estéfano en-
tra em cena cantando e com uma garrafa na mão. Calibã crê
inicialmente que os dois náufragos são espíritos invocados por
Próspero para importuná-lo, em seguida, porém, julga-os deu-
ses dignos de adoração.

Trínculo e Estéfano zombam da ingenuidade de Calibã. O


monstro embriaga-se com a bebida dos náufragos, ajoelha-se
aos seus pés e lhes jura vassalagem.

ATO III

CENA I: Diante da cela de Próspero, Ferdinando entra em cena

carregando achas de lenha. Miranda vê seu amado trabalhando


arduamente e lhe oferece ajuda. Os dois declaram amor um ao

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outro e firmam noivado. Próspero, enquanto isso, observa-os à
parte e se compraz com sua felicidade.

CENA II: Em outra parte da ilha, Calibã trama com Trínculo


e Estéfano o assassinato de Próspero. Calibã expõe seu plano
de conduzir os náufragos até seu senhor enquanto este dorme.
Estéfano consente e planeja matar Próspero para tornar-se rei e
tomar Miranda por esposa.

Ariel entra invisível em cena e tudo escuta. O espírito passa, en-


tão, a tocar e fazer ruídos que causam grande espanto em Tríncu-
lo e Estéfano.

CENA III: Em outra parte da ilha, Alonso e seus companhei-


ros perdem as esperanças de encontrar Ferdinando. Surge uma
música estranha e solene e, no alto, Próspero está invisível. Fi-
guras bizarras trazem uma mesa repleta de iguarias, dançam à
sua volta, convidam o rei e sua comitiva a comer e em seguida
desaparecem.

A um tempo fascinados e temerosos, os náufragos decidem-se


por comer das oferendas. Ariel surge em forma de harpia, em
meio a trovões e relâmpagos. O espírito anuncia que a tempes-
tade e o naufrágio foram punição pela usurpação do trono de
Próspero, então some.

Tornam a entrar as figuras bizarras, envoltas por música agradá-


vel, e levam embora a mesa.

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ATO IV

CENA I: Diante da cela, entram Próspero, Ferdinando e Miran-

da. Próspero concede a mão de sua filha a Ferdinando, exigindo


somente que não se consume a união antes da celebração da
cerimônia santa.

A Ariel Próspero ordena que reúna outros espíritos para apre-


sentar a todos uma ilusão de sua arte.

Surge uma música amena e entram em cena as figuras mitoló-


gicas Íris, Ceres e Juno. Inicia-se uma mascarada com cantigas
que celebram e instruem os noivos. Após o final da apresenta-
ção, Próspero ordena que Ariel prepare armadilhas para Calibã
e os outros náufragos traidores. Próspero e Ariel tornam-se in-
visíveis.

Calibã, Trínculo e Estéfano entram em cena buscando sur-


preender Próspero. Diversos espíritos, sob forma de cães, os
perseguem e fustigam.

ATO V

CENA I: Diante da cela, Próspero e Ariel conversam. O mágico

pergunta ao espírito o paradeiro e situação de Alonso e sua co-


mitiva, que se encontram fora de juízo e presos em um bosque.
Próspero ordena que Ariel liberte-os e lhes restitua a razão.

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Conduzidos pelo espírito, Alonso, Antônio, Gonzalo, Sebas-
tião, Adriano e Francisco são postos em círculo. Próspero per-
doa-lhes a usurpação do trono e o exílio.

Alonso de início não se convence de estar falando com o verda-


deiro Próspero, porém, após breve conversação, reconhece seu
rival e ambos trocam amistosas saudações.

Próspero mostra ao Rei de Nápoles Miranda e Ferdinando.


Alonso alegra-se por rever seu filho, que julgava morto, e Mi-
randa maravilha-se ao ver tantas pessoas diferentes.

Todos os náufragos se reencontram. Próspero oferece, por uma


noite, abrigo a Alonso e liberta Ariel.

EPÍLOGO: Próspero abdica de seus dons mágicos, alegra-se por

ter restituído seu ducado e perdoado seus usurpadores, e pede


indulgência por seus pecados.

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