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P R O F E S S O R F I L I P E F E R R E I R A

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B T
O I
M L E
COMO USAR ESTE

GUIA PRÁTICO?
Para nós brasileiros, ler pode parecer algo complicado e
intimidador.

Esse ato, que deveria ser simples e natural, pode se


apresentar como algo frustrante por uma razão principal: a
falta de cultura leitora do nosso país. E não sou eu quem
está dizendo. Os principais estudos apontam que:

30% 12% 2,5 livros 260 anos

O Brasil tem Somente 12% É a média de É a perspectiva de

30% de dos brasileiros é livros completos alcaçar os níveis de

analfabetos proficiente em lidos por ano no leitura de paises

funcionais ¹ leitura ¹ Brasil ² desenvolvidos ³

A verdade é que esse cenário não precisa ser assim.


Certamente não para você. Eu não tenho um plano para
resolver a situação da leitura no brasil, mas eu tenho este
Guia para resolver a situação da sua leitura e essa é a
melhor contribuição que podemos dar ao país.

Foi para isso que eu juntei a minha experiência pessoal


como leitor e professor, além dos meus estudos: para te
ajudar a dar um salto prático de qualidade, não em 260 anos,
mas hoje mesmo.

Espero que este Guia te mostre que a leitura não é uma


atividade para uns poucos iluminados, para ter sucesso nela
basta querer e saber como executá-la.

¹ Inaf, Instituto Paulo Montenegro ² Instituto Pró-Livros ³ World Development Report, Banco Mundial

PROF. FILIPE FERREIRA


ÍNDICE

Este Guia foi dividido em 6 dificuldades principais, as


quais estão subdivididas em ações práticas para
combatê-las e superá-las. Elas são o resultado do
mapeamento de alguns anos dos desafios mais
comuns encontrados por mim, meus amigos, meus
alunos e seguidores do Instagram e, por isso, creio eu,
são também as suas maiores dificuldades.

1. A Falta de Tempo

2. A Falta de Constância

3. A Falta de Concentração

4. A Dificuldade de Seleção

5. A Dificuldade de Compreensão

6. A Dificuldade de Aplicação

PROF. FILIPE FERREIRA


A FALTA

DE TEMPO

Divida o dia em blocos de 30 minutos -

isso pode ser feito em uma folha de papel,

em uma planilha de Excel ou em um

aplicativo próprio para a montagem de

cronogramas. O mais importante é que seja

o mais prático possível e te leve a visualizar

como estão distribuídas suas atividades ao

longo do dia.

Encontre os tempos mortos - com isso

quero dizer aqueles horários de transição,

jogados fora, esquecidos ou ignorados ao

longo do dia. O trasporte, o tempo depois

que acorda ou antes de dormir, a meia hora

depois que almoçou. Em geral, nossos dias

estão cheios deles e não podemos

desperdiçá-los se queremos viver bem.

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A FALTA

DE TEMPO

Construa janelas, ainda que curtas - a

atividade de leitura não precisa ser extensa,

ao contrário do que muitos pensam. Mais

vale ler pouco todos os dias do que muito de

vez em quando. Crie janelas, ainda que de 15

a 30 minutos de leitura em sua rotina.

Substitua atividades mortas pela leitura -

como atividade morta entenda a televisão, o

computador, as séries, as redes sociais

quando usadas como um passa tempo

irrefletido. Aquele momento em que você

simplesmente mata o tempo, ocupando-o

com uma ação para a qual sequer tem um

objetivo planejado. Nosso rotina está cheia

desses momentos e você pode aproveitá-los

de modo produtivo, realizando leituras.

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A FALTA

DE TEMPO

Crie horários de leitura - se sua rotina é

tão apertada que os pontos anteriores não te

ajudaram, seja mais ousado. Crie horários

para ler no seu dia, acordando um pouco

mais cedo, retirando-se no horário de

almoço, dormindo um pouco mais tarde. Mas

cuidado com horários coringa como esperas

e deslocamentos, embora úteis, não os

transforme no seu momento oficial, quando

eles não acontecerem, você não lerá.

ANOTAÇÕES

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A FALTA DE

CONSTÂNCIA

Estabeleça momentos fixos de leitura -

para ter constância, ainda mais no ínicio, é

fundamental ter uma rotina. Para alguns, os

horários fixos irão funcionar bem (p. ex. das

6h30 às 7h), para outros, não, e, nesse caso,

o que deve se estabelecer são momentos

fixos (p. ex. o cochilo da tarde dos filhos). O

importante é saber que sem previsibilidade

e repetição não há constância.

Crie metas possíveis de tempo de leitura,

mas não complacentes - melhor que

estabelecer metas de número de páginas

por dia ou de livros por mês é se

comprometer com um tempo de leitura.

Assim, protege-se a qualidade. Seja realista,

nada de metas megalomaníacas ou medrosas.

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A FALTA DE

CONSTÂNCIA

Assuma um compromisso público - isso

não significa, necessariamente, anunciar aos

sete ventos o que está lendo, a não ser que

você queira. Firme um compromisso com

amigos, entre em um grupo de leitura ou se

comprometa a ler e comentar um livro em

seu perfil do Instagram. A ideia é criar

mecanismos que te façam ter que ler.

Acredite, eu leio mais hoje do que antes de

do meu perfil pelo compromisso com você.

Tenha jogo de cintura, shit happens - é, a

verdade é que, embora seja importante para

a constância, ater-se cegamente à rotina te

fará mal. Nem sempre é possível manter os

planos originais. Saiba ser flexível e

encontre soluções no dia a dia.

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A FALTA DE

CONSTÂNCIA

Se falhar, recomece, não acumule - uma

ideia prejudicial a quem se propõe ter uma

rotina e metas de leitura é a de compensar

as falhas. Acredite, você irá falhar. Não digo

isso para que você aceite passivamente, mas

para que fique preparado. Ao não conseguir

ler ou ler menos que o planejado em um dia,

você deve retomar imediatamente no dia

seguinte, mas não tente compensar, cumpra

a meta daquele dia apenas. Vida que segue.

ANOTAÇÕES

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A FALTA DE

CONCENTRAÇÃO

Afaste-se das distrações - o primeiro ponto

e o mais óbvio, é um dos erros mais comuns.

No momento da leitura, fique longe das

distrações. Celular, música, conversas, tv,

tudo isso possui um apelo de estímulos

maior que o da leitura e, por isso, atrai mais

a atenção. Não crie competições

descenessárias. Ao contrário, fuja delas.

Faça um jejum de mídias excessivamente

estimulantes - essas mesmas mídias podem

te atrapalhar fora do momento de leitura.

Vivemos imersos em estímulos pensados

para nos prender a eles. Nosso cérebro cria

uma dependêcia aos impulsos atencionais e

encontra, quando se depara com um livro,

dificuldade para manter-se focado. Detox

já!

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A FALTA DE

CONCENTRAÇÃO

Quando cansar, faça uma breve pausa - o

funcionamento da atenção é como o de um

músculo, precisa ser exercitado e se esgota

com o esforço. Assim, é normal que, durante

seções um pouco mais longas de leitura, haja

um cansaço mental. Quando isso acontecer

dentro do horário estipulado para ler, pare

por alguns segundos, medite sobre o que

acabou de ler e, aí sim, retorne à leitura.

Antes de começar a leitura, volte-se

totalmente para o livro - pare de pensar no

que não diz respeito a ele, é um exercício de

atenção. Para voltar-se ao livro, leia os seus

resumos dos capítulos anteriores, ou o

índice, ou medite sobre o que lembra dele.

Pronto, você estará em sintonia com o livro.

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A FALTA DE

CONCENTRAÇÃO

Marque e anote os trechos principais -

durante a leitura, faça marcações e pequenas

notas de apoio ou questionamento. Essa

leitura mais ativa tende a manter-nos

atentos e concentrados no texto, evitando

dispersão e sono. Porém, não resuma, isso

deve ser feito ao final da seção ou do

capítulo, pois causaria interrupções muito

prolongadas no ritmo de leitura.

ANOTAÇÕES

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A DIFICULDADE

DE SELEÇÃO

Planeje os seus objetivos - mas não faça

planos abstratos e longínquos. O pessamento

de longo prazo é importante? Sim, mas aqui

o que importa é definir o que deve ser lido

agora. Aonde você quer chegar com suas

leituras? O que você quer ou precisa

aprender? Que habilidades ou

conhecimentos precisa para isso?

Monte um plano de estudos convergente -

se os assuntos estão ligados e compõem uma

mesma grande área ou habilidade, os livros

farão sentido juntos e isso facilitará tanto a

seleção, quanto a organização e a

compreensão das obras (p. ex. estudar os

mitos gregos, ou a poética de Camões, ou a

ética aristotélica, ou a psicologia de Frankl)

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A DIFICULDADE

DE SELEÇÃO

Vá ao que há de melhor, os clássicos -

nosso tempo é limitado. Nós não seremos

capazes de ler tudo o que há à disposição em

todas as áreas. Nós sequer seremos capazes

de ler tudo de uma área. Por isso, mesmo que

o movimento seja de especialização, vá aos

clássicos, todas as áreas têm os seus. Os

livros mais basilares e fundamentais que

todos os grandes leram e que foram

provados no tempo são os que você procura.

Compre por objetivo e necessidade - evite

compar livros apenas porque estão em

promoção. Eu sei, as ofertas são tentadoras.

Quer aproveitar as promoções? Tenha uma

lista das necessidades de aquisição, seja fiel

a ela e procure os descontos desses livros.

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A DIFICULDADE

DE SELEÇÃO

Escolha 1 ou 2 grandes temas para o ano -

Não tenha pressa para aprender. Outro

grande erro, não só do iniciante, é ter ânsia

de dominar tudo ao mesmo tempo. Acredite

no poder do médio e do longo prazo. Um ano

pode parecer muito para quem olha em

direção ao futuro, mas é pouco para quem

olha para o passado. Em um ano, um ou dois

grandes temas. Em dez anos, muitos temas.

Escolha os livros que precisará para isso.

ANOTAÇÕES

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A DIFICULDADE

DE COMPREENSÃO

Respeite a hierarquia de dificuldade -

você já deve ter percebido que existem

livros mais difíceis e complexos que outros,

certo? A ideia é respeitar essa hierarquia

nas suas leituras, até porque é bem provável

que para entender um livro mais difícil seja

útil ter lido os mais fáceis antes. Porém, não

se acomode, sempre desafie sua inteligência.

Situe-se na época e na linguagem da obra -

os clássicos, em geral, são antigos e, por isso,

requerem certos conhecimentos específicos.

Busque referências anteriores,

contemporâneas e posteriores à obra.

Entenda para quem ela foi escrita. Caso

necessário, pesquise e entenda os termos e

conceitos desconhecidos antes de avançar.

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A DIFICULDADE

DE COMPREENSÃO

Descubra as ideias centrais - encontre,

resuma e formule a ideia central dos

parágrafos, capítulos e, por fim, dos livros. É

assim que você entenderá e, melhor, poderá

memorizar os principais conhecimentos das

obras. Mas, saiba, nem todo parágrafo terá

uma ideia central, alguns são acessórios,

outros essenciais. Faça isso quando perceber

que há algo de central na ideia do autor.

Relacione os dados novos e os já sabidos -

faça isso o mais extensa e variadamente

possível. Ler bem é um exercício contínuo

de estabelecer conexões entre o que se está

aprendendo e o que já se sabe. Mantenha o

hábito de conectar informações. Questione-

se sempre: onde isso pode se encaixar?

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A DIFICULDADE

DE COMPREENSÃO

Ensine o conteúdo lido - esse exercício é

excelente para dois aspectos fundamentais: a

compreensão e a memorização. Ao explicar,

ou pelo menos tentar explicar para alguém,

há a oportunidade de verificar se, de fato,

entendemos o que foi lido, se memorizamos

o que apreendemos e se as informações

estão postas de forma organizada em nossa

mente. Ensine presencialmente ou por meio

de posts ou stories no Instagram.

ANOTAÇÕES

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A DIFICULDADE

DE APLICAÇÃO

Avalie três áreas de melhora: a profissão,

a família e a personalidade - nossas

leituras, de maneira ideal, devem estar

distribuídas entre profissionais, literário-

filosóficas e espirituais. O objetivo é dar

uma formação mais plena, tanto na

especialização, quanto na universalização.

Assim, para aplicar os aprendizados, é bom

verificar como as lições podem melhorar

sua presença nas três áreas.

Medite sobre o que leu - para encontrar

lições mais profundas e perceber de que

forma elas se conectam com sua presença

no mundo, medite sobre o que lê. Algumas

perguntas úteis são: o que o livro diz? O que

isso quer dizer? Qual o impacto disso?

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A DIFICULDADE

DE APLICAÇÃO

Fuja da leitura como um fim em si - um

dos erros mais comuns dos leitores hoje é

ver a leitura como um fim em si. Isso é um

claro resultado da má formação educacional.

A leitura não pode ser um fim, pois, por si

só, não é um bem. A leitura é um meio e

deve estar aplicada aos fins corretos se

queremos que ela conduza ao bem.

Esteja atento à realidade - procure pensar

se o que você leu é análogo a alguma

experiência que você ou algum conhecido

viveu ou poderia viver. Nos livros de ficção,

isso se torna mais claro, pois presenciamos

ações. Porém, também é possível exercitar

isso em livros teóricos, pensando em como

as teorias se aplicam à realidade.

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A DIFICULDADE

DE APLICAÇÃO

Ilumine a realidade com os saberes do

livro - seja pelo conhecimento passado pelo

autor ou pela experiência dos personagens,

nosso dever como bom leitor é usar a obra

de forma a iluminar a realidade. Para isso é

fundamental avaliar se o que foi lido é

totalmente, parcialmente ou se não é

verdade. Nesse caso, verdade não tem a ver

com verossimilhança, mas com a condução

às verdades últimas.

ANOTAÇÕES

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