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VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

As variações linguísticas reúnem as variantes da língua que foram criadas pelos homens e são
reinventadas a cada dia. Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem diversos
aspectos históricos, sociais, culturais e geográficos. No Brasil, é possível encontrar muitas
variações linguísticas, por exemplo, na linguagem regional.

Nas falas do Chico Bento e de seu primo Zé Lelé notamos o regionalismo

Tipos de Variações Linguísticas


Há diversos tipos de variações linguísticas segundo o campo de atuação:

 Variações Geográficas: está relacionada com o local em que é desenvolvida, por


exemplo, as variações entre o português do Brasil e de Portugal.
 Variações Históricas: ela ocorre com o desenvolvimento da história, por exemplo, o
português medieval e o atual.
 Variações Sociais: são percebidas segundo os grupos (ou classes) sociais
envolvidos, por exemplo, um orador jurídico e um morador de rua.
 Variação Situacional: ocorre de acordo com o contexto o qual está inserido, por
exemplo, as situações formais e informais.

Exemplos- Dentre os tipos de variações linguísticas podemos destacar:


 Regionalismo: particularidades linguísticas de determinada região.
 Dialetos: variações regionais ou sociais de uma língua.
 Socioletos: variantes da língua utilizadas por determinado grupo social.
 Gírias: expressões populares utilizadas por determinado grupo social.

Linguagem Formal e Informal

Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões de linguagem: a linguagem formal e
informal.

Certamente, quando falamos com pessoas próximas utilizamos a linguagem dita coloquial, ou
seja, aquela espontânea, dinâmica e despretensiosa. No entanto, de acordo com o contexto ao
qual estamos inseridos, devemos seguir as regras e normas impostas pela gramática, seja quando
elaboramos um texto (linguagem escrita) ou organizamos nossa fala numa palestra (linguagem
oral).

Em ambos os casos, utilizaremos a linguagem formal, que está de acordo com as normas
gramaticais. Observe que as variações linguísticas são expressas geralmente nos discursos orais.
Quando produzimos um texto escrito, seja em qual for o lugar do Brasil, seguimos as regras do
mesmo idioma: a língua portuguesa.
Preconceito Linguístico- O preconceito linguístico está intimamente relacionado com as
variações linguísticas, uma vez que ele surge para julgar as manifestações linguísticas ditas
"superiores". Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em nosso país, embora o
mesmo idioma seja falado em todas as regiões, cada uma possui suas peculiaridades que
envolvem diversos aspectos históricos e culturais.
Sendo assim, a maneira de falar do norte é muito diferente da falada no sul do país. Isso ocorre
porque nos atos comunicativos, os falantes da língua vão determinando expressões, sotaques e
entonações de acordo com as necessidades linguísticas. De tal modo, o preconceito linguístico
surge no tom de deboche, sendo a variação apontada de maneira pejorativa e estigmatizada.

Quem comete esse tipo de preconceito, geralmente tem a ideia de que sua maneira de falar é
correta e ainda, superior a outra. Entretanto, devemos salientar que todas variações são aceitas e
nenhuma delas é superior, ou considerada a mais correta.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS- 2

As variações linguísticas são as diversas formas como elementos de uma língua podem se
apresentar em uma situação de uso. Os falares do paulista, mineiro, gaúcho, carioca, belenense e
baiano são exemplos de variedades linguísticas regionais do português. Mas você sabia que há
muito mais variação na língua?

Os tipos de variação linguística são: geográficas, históricas, sociais e situacionais.

 Variação regional ou geográfica (diatópica): ocorre entre diferentes locais e regiões,


como os diferentes sotaques, dialetos e falares.
 Variação histórica (diacrônica): ocorre entre diferentes épocas, da mais arcaica à mais
moderna, como palavras que caíram em desuso (vossemecê, botica etc.).
 Variação social (diastrática): ocorre entre diferentes grupos sociais, como os termos
usados entre os advogados.
 Variação situacional (diafásica): ocorre de acordo com a situação ou contexto do ato
comunicativo, do mais informal ao mais formal (como a linguagem usada ao
cumprimentar um amigo ou um diretor de escola).

A diversidade de usos e modos de falar depende de diversos fatores, que foram agrupados
nesses quatro tipos. Veja os exemplos a seguir.

Variação linguística regional ou geográfica (diatópica)

As variações diatópicas, também chamadas de variações regionais ou geográficas, são


variações que ocorrem de acordo com o local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência.
Este tipo de variação ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas, com diferentes
hábitos, modos e tradições, estabelecendo assim diferentes estruturas linguísticas.

Exemplos de variações diatópicas

Diferentes palavras para os mesmos conceitos:

 abóbora, jerimum, moranga;


 sacolé, dindim, geladinho;
 totó, pebolim, matraquilhos;
 fruta-do-conde, pinha, ata, anona.
Fonte:
Armandinho. Alexandre Beck. Disponível em: www.facebook.com/tirasarmandinho.

Fonte:
Armandinho. Alexandre Beck. Disponível em: www.facebook.com/tirasarmandinho.

Diferentes sotaques, dialetos e falares:

 dialeto caipira;
 dialeto gaúcho;
 dialeto baiano;
 dialeto carioca;
 dialeto montanhês;
 dialeto nordestino.

Reduções de palavras e perda ou troca de fonemas:

 véio (velho);
 oiá (olhar);
 muié (mulher);
 cantá (cantar);
 enxovar (enxoval);
 oncotô (onde estou);
 pertim (pertinho);
 vambora (vamos embora).

Variação linguística histórica (diacrônica)

As variações diacrônicas, também chamadas de variações históricas, são variações que


ocorrem de acordo com as diferentes épocas vividas pelos falantes, sendo possível distinguir o
português arcaico do português moderno, bem como diversas palavras que ficam em desuso.

Exemplos de variações diacrônicas

Palavras que caíram em desuso:


 vossemecê;
 botica;
 comprir;
 anóveas;
 asinha;
 sisa;
 suso.

Grafias que caíram em desuso:

 flôr;
 côr;
 seqüencia;
 pingüim;
 pharmácia;
 therapeutico;
 annos;
 alliar;
 analyse.

Anúncio de uma exposição de fonógrafos no Rio de Janeiro.


Gazeta de Notícias, ed. 302 de 3 de novembro de 1879.

Vocabulário e expressões típicas de uma determinada faixa etária:

 Você é um chato de galocha!


 Ele é maior barbeiro.
 Vai catar coquinho.
 Este quindim está supimpa!
 Acho que tem marmota aí…
 Ele deu uns tabefes no primo.
Variação linguística social (diastrática)

As variações diastráticas, também chamadas de variações sociais, são variações que ocorrem de
acordo com os hábitos e cultura de diferentes grupos sociais. Este tipo de variação ocorre
porque diferentes grupos sociais possuem diferentes conhecimentos, modos de atuação e
sistemas de comunicação.

Exemplos de variações diastráticas

Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os skatistas:

 Prefiro freestyle.
 O gringo tem um carrinho irado.
 O silk do skate tá insano.

Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais e militares:

 Ele deu sopa na crista.


 Vamos na rota dele.
 Não mexe com meu peixe.

Linguajar partilhado por um grupo específico, como a comunidade LGBTQIA+:

 Tô sem aqué, querida! Não posso ir ao show!


 Então, saiu de casa para vir aqui me gongar?
 Este menino só sabe fazer a Alice, vive no mundo da lua!

Variação linguística situacional (diafásica)

As variações diafásicas, também chamadas de variações situacionais, são variações que


ocorrem de acordo com o contexto ou situação em que decorre o processo comunicativo. Há
momentos em que é utilizado um registro formal e outros em que é utilizado um registro
informal.

Exemplos de variações diafásicas

Linguagem informal, considerada menos prestigiada e culta, usada quando há familiaridade


entre os interlocutores da comunicação ou em situações descontraídas.

 Fala, garoto! Beleza?


 Rola um cinema hoje?
 Cadê Pedro? Cê viu ele?
 A gente gosta dele.
 Tá olhando pra onde?
 Valeu, Luísa!

Linguagem formal, considerada mais prestigiada e culta, usada quando não há familiaridade
entre os interlocutores da comunicação ou em situações que requerem uma maior seriedade.
 Bom dia! Tudo bom com você?
 Querem ir ao cinema hoje?
 Onde está Pedro? Você viu-o?
 Nós gostamos dele.
 Está olhando para onde?
 Muito obrigada, Luísa!

Em resumo, ocorrem variações na língua porque a língua é usada por falantes inseridos numa
sociedade complexa, formada por diferentes grupos sociais, com diferentes hábitos culturais e
diferentes graus de escolarização.

O uso faz a regra e os falantes usam a língua de modo a suprir suas necessidades comunicativas,
adaptando-a conforme suas intenções e necessidades. Assim, a língua portuguesa encontra-se
em constante alteração, evolução e atualização, não sendo um sistema estático e fechado.

Variação linguística e preconceito linguístico

O preconceito linguístico surge porque nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo
prestígio. Algumas são consideradas superiores, mais corretas e cultas e outras são consideradas
menos cultas ou mesmo incorretas.

Preconceito linguístico ocorre sempre que uma determinada variedade é referida com um tom
pejorativo e depreciativo, estando associada a situações de deboche ou até de violência, o que
contribui para a exclusão social de diversos indivíduos e grupos.

É urgente compreender e aceitar que todas as variedades linguísticas são fatores de


enriquecimento e cultura, não devendo ser encaradas como erros ou desvios.

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