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A REDAÇÃO NA FUVEST
A primeira prova terá duas partes, valendo 50 pontos cada uma. A primeira parte constará de 10
questões de Português, de igual valor, envolvendo compreensão e interpretação de textos, gramática e
literatura; a segunda parte será constituída de Redação. Esta prova vale 100 pontos.
A redação deverá ser, obrigatoriamente, uma dissertação de caráter argumentativo, na qual se espera
que o candidato, visando sustentar um ponto de vista sobre o tema, demonstre capacidade de mobilizar
conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; articular eficientemente as partes do
texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado.
Os textos elaborados pelos candidatos serão avaliados quanto a três aspectos ou quesitos:
CORREÇÃO DA REDAÇÃO
Para cada um dos três aspectos, cada avaliador atribuirá, independentemente, pontuação de 1 a 5.
Quando os pontos atribuídos pelos dois avaliadores a um determinado aspecto divergirem em 1 ponto, valerá
a média das duas notas. Se a discrepância entre os dois avaliadores exceder 1 ponto em qualquer dos três
aspectos, a redação será objeto de terceira avaliação por banca designada para esse fim. Caberá a essa banca
decidir qual das duas notas é a mais adequada ou se cabe atribuir uma terceira nota, diversa das que foram
atribuídas. Neste caso, prevalecerá a terceira nota.
Além das redações em branco, receberão nota zero textos que desenvolverem tema diverso do que foi
solicitado, ou que não atenderem à modalidade discursiva indicada. Serão passíveis de receber nota zero
também os textos com extensão claramente abaixo do limite estabelecido nas instruções da prova ou que
apresentarem elementos verbais ou visuais não relacionados com o tema da redação.
TEMAS DA FUVEST
O som do chicote soava. Prudêncio, já adulto e livre, castigava um escravo sem piedade. Ao
observar a cena, Brás volta à infância e percebe que o ex-escravo reproduzia as chicotadas que lhe eram
dadas pelo menino e seu pai. A cena da obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis,
mimetiza o ciclo criado entre passado e presente. Analogamente, movimentos contemporâneos vêm
surgindo com base em panoramas passados. Nessa perspectiva, de que forma é possível utilizar do passado
para entender e melhorar o futuro da humanidade?
Historicamente, o mundo foi palco de acontecimentos que criaram valores humanos. Durante o
século XVI, a escravidão demarcou a inferioridade do negro perante o europeu. Já em meio a Segunda
Guerra Mundial, o nazismo reproduziu tal ideal, que foi posto como justificativa ao holocausto e à busca
pela hegemonia ariana. Na contemporaneidade, movimentos racistas e xenofóbicos, como o grupo Ku Klux
Klan, ganham força nos EUA e no mundo. Percebe-se, pois, uma linha clara na histórica: a falta de reflexão
do passado perpetua destrutivos ideais no presente.
Assim como os fatos acima, o filme “1984”, baseado na obra de George Orwell, analisa de que
maneira é possível ocultar acontecimentos históricos para a alienação da massa existir. Ao longo da trama,
o governo altera informações garantindo o controle da população. Sendo assim, não ocorre reflexão
concreta sobre o verdadeiro passado, dificultando a percepção do caos que vivem no presente.
À luz de Kant, em sua obra “O que é esclarecimento”, elucida-se sobre o conceito “maioridade
intelectual” (capacidade de refletir densamente). Tal teoria pode ser aplicada no contexto atual, no qual a
falta da “maioridade” na sociedade impossibilita o estudo do passado para a compreensão do presente. A
busca pela capacidade reflexiva deve partir do indivíduo, auxiliado pela escola.
Nas palavras de Foucault: “O homem é fruto de um processo histórico”. No entanto, caso
necessário, o homem deve alterar tal processo. “Prudêncios” devem atingir a “maioridade” e quebrar as
chicotadas cíclicas. Para isso, caberá ao indivíduo exercer o “silêncio” de Orlandi (reflexão individual
visando o coletivo) por meio do estudo e análise assídua do passado, garantindo, assim, o aprendizado e
uma provável mudança no “status quo” da humanidade.