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resenhista ou crítico ACHA ser importante. Ao contrário, dá informações sobre: de que trata
o texto, o que explana, exige algum conhecimento prévio para o entendimento, possui
alguma característica especial, como foi abordado o assunto;
- conclusão do autor da obra: o resenhista ou crítico relata quais são as conclusões a que o
autor da obra chega, aonde estão colocadas tais conclusões e quais são as mesmas;
- referência do autor: mencionar a teoria ou pressupostos teóricos usados como apoio pelo
autor da obra;
- metodologia da autoria da obra: identificar qual ou quais os métodos (instrumentos de
pensamento) de que se serve o autor da obra sob análise; identificar quais as técnicas de
pesquisa utilizadas pelo autor, dentro do método anteriormente identificado;
- crítica ou apreciação do resenhista ou crítico: julgar a obra quanto a sua contribuição no
campo do conhecimento, originalidade de idéias, quanto às Escolas-Correntes-Tendências
científicas-filosóficas-culturais, quanto às circunstâncias culturais-sociais-econômicas-
históricas... em que a obra foi escrita, qual é o estilo do autor (conciso, objetivo, simples,
idealista, realista....);
-mérito da obra: qual é a contribuição dada pela obra, as idéias são verdadeiras, originaiS,
criativas; qual a contribuição ao conhecimento (apresenta conhecimentos novos, amplos,
restritos, abordagem vigente, abordagem diferente?);
- estilo: o autor é conciso, simples, claro, preciso, coerente, sua linguagem é ou não correta
segundo a língua em questão;
- Forma: qual é a lógica sistematizadora da obra, sua originalidade, seu equilíbrio na
disposição e na explicitação das partes;
- Indicação do resenhista: a que público a obra se dirige (geral, de especialistas, estudantes,
pode ser adotado em algum curso ou disciplina).
Nome:_____________________________________________
Disciplina: ____________
Professora: ____________
7 EXEMPLOS DE RESENHA
RESENHA CRÍTICA
Publicam-se a seguir duas resenhas que podem ilustrar melhor as considerações feitas ao
longo desta apresentação:
1º exemplo:
Gilberto Scarton
Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino
(L&PM, 1995, 112 páginas) do gramático Celso Pedro Luft traz um conjunto de idéias que
subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o
ensino da gramática em sala de aula.
Essa fundamentação lingüística de que lança mão – traduzida de forma simples com fim
de difundir assunto tão especializado para o público em geral – sustenta a tese do Mestre, e
o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz
ver o ensino gramaticalista tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser
humano; um processos espontâneo, automático, natural, inevitável, como crescer.
Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de
preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno
poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si.
Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto
pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos teóricos
ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente
fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores – vítimas do ensino
tradicional – e os professores de português – teóricos, gramatiqueiros, puristas – têm ao se
depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a gramática na sala
de aula.
2º exemplo:
Atwood se perde em panfleto feminista
Marilene Felinto
Da Equipe de Articulistas
Margaret Atwood, 56, é uma escritora canadense famosa por sua literatura de tom
feminista. No Brasil, é mais conhecida pelo romance "A mulher Comestível" (Ed. Globo).
Já publicou 25 livros entre poesia, prosa e não-ficção. "A Noiva Ladra" é seu oitavo
romance.
É a história de três amigas, Tony, Roz e Charis, cinqüentonas que vivem infernizadas
pela presença (em "flashback") de outra amiga, Zenia, a noiva ladra, inescrupulosa
"femme fatale" que vive roubando os homens das outras.
Vilã meio inverossímel - ao contrário das demais personagens, construídas com certa
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solidez -, a antogonista Zenia não se sustenta, sua maldade não convence, sua história não
emociona. A narrativa desmorona, portanto, a partir desse defeito central. Zenia
funcionaria como superego das outras, imagem do que elas gostariam de ser, mas não
conseguiram, reflexo de seus questionamentos internos - eis a leitura mais profunda que
se pode fazer desse romance nada surpreendente e muito óbvio no seu propósito.
Segundo a própria Atwood, o propósito era construir, com Zenia, uma personagem
mulher "fora-da-lei", porque "há poucas personagens mulheres fora-da-lei". As
intervenções do discurso feminista são claras, panfletárias, disfarçadas de ironia e humor
capengas. A personagem Tony, por exemplo, tem nome de homem (é apelido para
Antônia) e é professora de história, especialista em guerras e obcecada por elas, assunto
de homens: "Historiadores homens acham que ela está invadindo o território deles, e
deveria deixar as lanças, flechas, catapultas, fuzis, aviões e bombas em paz".
Outras alusões feministas parecem colocadas ali para provocar riso, mas soam apenas
ingênuas: "Há só uma coisa que eu gostaria que você lembrasse. Sabe essa química que
afeta as mulheres quando estão com TPM? Bem, os homens têm essa química o tempo
todo". Ou então, a mensagem rabiscada na parede do banheiro: "Herstory Not History",
trocadilho que indicaria o machismo explícito na palavra "História", porque em inglês a
palavra pode ser desmembrada em duas outras, "his" (dele) e story (estória). A sugestão
contida no trocadilho é a de que se altere o "his" para "her" (dela).
Mesmo aí, prevalecem as artificiais inserções de fundo histórico, sem pé nem cabeça,
no meio do texto ficcional, efeito da pesquisa que a escritora - em tom cerimonioso na
página de agradecimentos - se orgulha de ter realizado.
profnivia@gmail.com