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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA SUPERIOR DE DESENHO INDUSTRIAL


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ALUNOS:
BRUNA ANTUNES
LARISSA MARTINS
MATHEUS BRITO
RAFAELA TARGINO

TEORIA DA ARQUITETURA E ILUMINISMO

REFLEXOS DO PENSAMENTO ILUMINISTA SOBRE A PRODUÇÃO

TEÓRICA DA ARQUITETURA

ABADES CORDEMOY E LAUGIER

PETRÓPOLIS
DEZEMBRO, 2018
SUMÁRIO

TEORIA DA ARQUITETURA E ILUMINISMO..............................................................3

1. CONTEXTO HISTÓRICO..............................................................................................3

2. ILUMINISMO.................................................................................................................5

3. ABADE JEAN-LOUIS CORDEMOY............................................................................6

4. ABADE MARC-ANTOINE LAUGIER.........................................................................9

4.1 ENSAIO SOBRE ARQUITETURA (ESSAI SUR L’ÁRCHITECTUR.........9

5. ARTE E ARQUITETURA NEOCLÁSSICA................................................................12

6. CONCLUSÃO................................................................................................................14

7. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................15
TEORIA DA ARQUITETURA E ILUMINISMO
REFLEXOS DO PENSAMENTO ILUMINISTA SOBRE A PRODUÇÃO

TEÓRICA DA ARQUITETURA

1. CONTEXTO HISTÓRICO

No século XVIII, a Europa participou de um longo processo de mudanças políticas, religiosas,


econômicas, sociais e artísticas devido à promoção dos ideais iluministas pelos grandes filósofos da
época. Acreditavam que o pensamento racional deveria substituir a religiosidade, alguns pensadores
estavam a frente do movimento iluminista em épocas e países diferentes. Voltaire, Montesquieu, John
Locke, Adam Smith, Rousseau, são alguns desses que marcaram esse movimento ao contribuir de
maneiras diferentes em diversas áreas do conhecimento.

A “Filosofia das Luzes”, como também era conhecido o iluminismo, surgiu mais precisamente
na França do século XVII. Defendia o domínio da razão e do saber sobre a visão teocêntrica que
dominava a Europa desde a Idade Média e era contra o absolutismo monárquico, o poder da igreja e o
mercantilismo. As idéias iluministas ganharam adeptos muito rapidamente, pois, além de ter como
aliado a burguesia, classe de grande influência e poder, haviam importantes publicações como a
enciclopédia e os jornais que estavam circulando com maior freqüência.

Junto a essas mudanças de pensamento, o processo que levou a substituição das ferramentas
pelas maquinas e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril, estava em andamento, a
chamada revolução industrial. A Inglaterra foi pioneira no processo de industrialização devido as suas
largas reservas de carvão mineral, a principal matéria prima na época, fonte de energia para
movimentar as maquinas a vapor e mineiro de ferro. A burguesia industrial sedenta por maiores lucros
e por custos cada vez menores passou a investir na elaboração de projetos para o aperfeiçoamento das
técnicas de produção, conseguindo assim, produzir em larga escala.

Ainda no campo da economia, surgem duas correntes em oposição ao mercantilismo: a


Fisiocracia e o Liberalismo. A primeira, da qual é famosa a expressão “Deixe fazer, deixe passar, o
mundo vai por si mesmo” (em francês: Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même),
acreditava que a riqueza deriva unicamente do valor de terras agrícolas e que o Estado não deveria
intervir na economia. A segunda defende a liberdade política e econômica, igualdade perante a lei, a
mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação e afirmava ser o trabalho a única
fonte de riqueza.

A sociedade francesa por volta de 1750 era composta por três grupos sociais. Os dois
primeiros, primeiro e segundo Estado, eram constituídos pela Nobreza e Clero. Eram os grupos mais
privilegiados da época e não pagavam impostos ou contribuições. Diferente do Terceiro Estado,
formado por burgueses, camponeses e os trabalhadores urbanos, que sustentava as mordomias da
Nobreza pagando altos impostos desprovidos de direitos sociais. A insatisfação era tão grande, que a
população saiu às ruas para pressionar o Rei Luis XVI e seu primeiro alvo foi a bastilha, símbolo da
monarquia Francesa. A queda da bastilha, em 1789, marca o início da revolução francesa.

Em um momento em que as pessoas buscavam meios e força para combater a injusta forma de
governo, o Iluminismo surgiu como uma base pra dar veemência aos revolucionários. Os iluministas
pregavam crescimento crítico para melhorar a educação e a situação social de um povo. No início do
século XVIII, a linha de pensamento eram questões da razão e natureza. Sobretudo no entendimento
dos fenômenos físicos. Depois de algum tempo os pensadores se afastaram desses ideais e começaram
a se basear em teorias sociais. Base para o tema que estamos discutindo por meio deste trabalho.
2. O ILUMINISMO

O iluminismo foi um movimento intelectual que se desenvolveu inicialmente na França, entre


os séculos XVII e XVIII, mas não demorou muito para que se espalhasse por toda a Europa. Suas
idéias, que vinham se amadurecendo desde o Renascimento, tinham como base a liberdade política e
econômica, que eram fortemente defendidas pela burguesia. Os intelectuais que difundiam essa
filosofia diziam ter como propósito iluminar as trevas em que a sociedade estava inserida desde a
Idade Média, daí o termo Iluminista.

Os iluministas tinham uma visão antropocêntrica, onde o homem era o centro de tudo e não
mais teocêntrica – Deus no centro de tudo - e por isso, defendiam o uso da razão, do questionamento,
estudo e experimento como busca de respostas para questões que antes, eram respondidas pela igreja.
Segundo eles, a fé sem questionamento, bloqueava a evolução do homem. Acreditavam também que a
Liberdade, a justiça e a igualdade eram o caminho para uma sociedade equilibrada e livre de
problemas sociais. Criticavam o absolutismo e as regalias da nobreza que eram sustentadas pelos
trabalhadores e defendiam o liberalismo econômico.

Os principais filósofos do movimento foram: Jean-Jacques Rousseau, que defendia a idéia de


um estado democrático e leis que expressassem a vontade do povo; John Locke, que defendia a
liberdade de expressão, "pai" do que hoje chamamos de liberalismo e precursor do empirismo;
Voltaire, que defendia a liberdade do pensamento e criticava o absolutismo e a igreja; Montesquieu
acreditava que o poder deveria frear o poder e, por isso, defendia a divisão do poder político em três,
que seriam o Legislativo, Executivo e Judiciário; e John Locker, o homem adquiria conhecimento com
o passar do tempo através da experiência.
3. ABADE JEAN-LOUIS CORDEMOY

Jean-Louis de Cordemoy foi um abade pertencente, na posição de cônego, da abadia de St.


Jean de Vigne em Soissons e La-Ferté-sous-Jouarre e teórico da arquitetura francesa. Filho de Géraud
de Cordemoy filósofo, historiador e advogado francês. Cordemoy nasceu no ano de 1655 e faleceu no
ano de 1714 na França. Pouco se sabe sobre o início de sua vida, porém teve grande importância para
a teoria da arquitetura e foi um dos precursores do funcionalismo moderno.

A principal contribuição de Cordemoy para a teoria da arquitetura foi seu tratado chamado
Nouveau Traite de Toute I’architecture (Novo tratado de toda arquitetura) que estava entre os
primeiros estudos da arquitetura eclesiástica e cuja influência direta foram os escritos de Michel De
Frémim e Claude Perrault. O primeiro, crítico francês, autor de Mémories Critiques d’architecture
(Memoranda Arquitetônica Crítica), e o segundo, um famoso arquiteto francês, conhecido pela sua
tradução e comentário crítico dos 10 livros do tratado da arquitetura de Vitrúvios.

Frémim defendia abordagens racionais do design através das delimitações dos materiais,
custos e as necessidades dos usuários. Enxergava a arquitetura de alguns edifícios góticos medievais
como obras lógicas e acreditava que as ordens e regras do classicismo não se bastavam e não tinham
muito sentido, com isso, rejeitava sua superioridade por completo e exigia uma abordagem prática e de
senso comum na arquitetura. “A ordenação é o que dá a todas as partes de uma construção a justa
grandeza que lhes é própria em relação ao seu uso.” (Kruft. História e Teoria da Arquitetura... Página
294)

Cordemoy não possuía nenhum conhecimento efetivo sobre a arquiterura grega, por isso, via
a antiguidade através dos olhos de Perrault. O arquiteto acreditava na Bienséance, com o papel
atribuído à estética, como uma grandeza que não é positiva e que é dependente do costume e da
função. Para Perrault, a beleza não é uma qualidade universal, não depende de leis precisas e
imutáveis de proporção ou de harmonia matemática. Ela é contingente, sem previsão e com base na
imaginação.

Em seu tratado há uma abordagem moderna da beleza fazendo relação entre a beleza positiva e
a beleza arbitrária. Beleza positiva que tem por base razões cuja presença nas obras é obrigatória para
que possa agradar a todos. São elas: riqueza dos materiais, a magnificência do edifício, a precisão da
execução e simetria que consiste na relação que as partes têm coletivamente. Em oposição, ele diz que
a beleza arbitrária é determinada por nosso desejo de dar uma proporção ou forma definitiva para
coisas que possam ter uma forma diferente e ainda sim sejam admiráveis não com o objetivo de ser do
agrado de todos.

Para ele, os escritores até então atribuíam à proporção um papel definitivo para percepção da
beleza. Ele acreditava que a beleza de um edifício está menos na fidelidade de suas proporções ou no
tamanho dos elementos que o constitui e mais na graça da sua forma. No entanto, apesar deste
discurso libertador ele reconhece que existem regras detalhadas das quais não se pode fugir sem retirar
do edifício parte de sua graça e elegância.

Além disso, Claude Perrault dizia que tradicionalistas têm um respeito exagerado pela
antiguidade e que eles acreditam genuinamente que sua glória é considerada infalível e insuperável.
Isso o colocou na elite do debate cultural na Querela dos antigos e dos modernos, que foi uma
polêmica intelectual nascida na Academia francesa em que os antigos achavam que certas coisas da
antiguidade foram tão excepcionais e incomparáveis que não podia ser ultrapassado por nada na era
moderna. Já os modernos acreditavam na perfeição e supremacia cada vez maiores da era moderna e
que devia se exaltar o rei inspirando-se em obras próximas da história do cristianismo ou do presente.

Este pensamento racional e profundo sobre a arquitetura e como ela deveria ser projetada
influenciou os pensamentos do Abade Cordemoy. Através de Frémin, Perrault e Vitrúvio, ele refletiu
sobre essas teorias e escreveu seu tratado. Tratado este que é dividido baseado na mesma percepção
que Vitrúvio: Ordonnance, Disposition e Bienséance relacionados respectivamente como ordem,
distribuição e conveniência.

A primeira, ordem, que essencialmente está ligada à função e seus usos, foi repensada com
base em Frémin. São as ordens arquitetônicas atreladas da submissão à função. A distribuição é o
arranjo adequado das partes. Ordem e distribuição são categorias que levavam em conta a proporção
correta das ordens clássicas e a sua disposição apropriada enquanto a conveniência era a aplicação
adequada dos elementos nas estruturas. Atrelado ao pensamento de Perrault sobre beleza positiva,
Cordemoy acrescenta neste pensamento a importância de considerar também a qual camada social
pertence quem encomenda a construção.

Estes termos, que são ligados diretamente à integridade da natureza e à estrutura, anunciam a
essência para os conceitos modernos de funcionalismo e verdade nos materiais, que é o debate
recorrente sobre a arquitetura muito discutido por Laugier na cabana primitiva. Cordemoy foi uma
grande influência na busca da verdade, simplicidade e expressão honesta da forma.

Cordemoy não fornece nenhuma ilustração sobre as suas propostas, mas seu principal
argumento era que a estrutura deveria ser baseada nas ordens utilizando da clareza clássica, que a
construção deveria ter uma distribuição apropriada para obter uma composição que através de uma
regra teria uma interpretação irrefutável. Ornamentos e até mesmo molduras em fachadas eram
desnecessários e deveria ser evitado. Para um edifício expressar seu propósito ele deveria ser, nada
mais, nada menos do que desenhado baseado na natureza e na antiguidade.

A arquitetura proposta por Cordemoy é contemplada por formas geométricas simples e


ângulos retos, desprezando ângulos agudos e superfícies recurvas, propondo um interior com tetos
planos e que cada parte forme uma unidade para o corpo de toda a construção ainda que cada cômodo
possuísse sua autonomia. Tinha preferência por uma arquitetura ortogonal e, ao discutir telhado e
frontões, defendia a disposição em quatro quadrados. Ele defendia a ideia de que a coluna deveria ser
livre e que ela retomasse seu papel estrutural.

Cordemoy apelava para sua condição pertencente à classe eclesiástica no que diz respeito
principalmente à construção de igrejas no cristianismo primitivo. Em sua observação, assim como
Michel De Frémin que citou Sainte-Chapelle and Notre Dame como exemplos de uma arquitetura
lógica, ele elogiava esta arquitetura por expressar tão claramente suas funções e seus propósitos e
também por sua elegância estrutural.

A principal oposição à cordemoy foi o engenheiro Amédée François Frézier que era
conhecedor da arquitetura gótica. Seus debates eram publicados na revista mensal Mémoires de
Trévoux e a principal crítica do engenheiro a Cordemoy era o papel da coluna como elemento
principal da estrutura. O abade defendia a ideia de que a arquitetura gótica poderia ser refletida nas
colunas e vergas. Além disso, ele apresentava o discurso de uma arquitetura grego-gótica, pois
acreditava que as duas são igualmente elevadas por expressarem claramente suas funções.

Os escritos e teorias do Abade Cordemoy influenciou algumas obras e dentre delas uma
importante: O Panteão de Paris. O Arquiteto francês Jacques Germain Soufflot, responsável pela obra,
se inspirou nas características racionais das construções góticas e combinou com a sua admiração
pelas ordens clássicas. Baseado nos princípios de ordem, distribuição e conveniência refletidos e
defendidos pelo abade, Soufflot fez uma espacialidade e forma, numa estrutura translúcida, com
proporção correta e uso adequado das ordens clássicas.

Apesar de ser um importante historiador e teórico da arquitetura neoclássica na França, o


Abade Jean-Louis de Cordemoy não foi absolutamente decisivo no surto do movimento neoclássico
francês. Foi preciso de uma nova geração de críticos e estudiosos para chegar a um completo
entendimento das suas reflexões. Laugier foi um desses teóricos, se não o mais importante, pois
destrinchou os princípios arquitetônicos de Cordemoy e até mesmo conseguiu materializar ideias que
o Abade não conseguiu.
4. ABADE MARC-ANTOINE LAUGIER

Laugier foi um padre jesuíta, nascido em 22 de janeiro de 1713 na comuna francesa de


Manosque na região da Provença, e morreu em 5 de abril de 1769, aos 56 anos. Com sua formação
multifacetada, pregador jesuíta do rei, posteriormente beneditino, bem-sucedido, com grande aspiração
a revolucionário, editor da Gazette de France, historiador e diplomata, foi considerado um dos mais
importantes pensadores franceses do século XVIII e o principal representante de um rousseaunismo
concernente à teoria da arquitetura, que tinha como inspiração Cordemoy, no que diz respeito ao
pensamento arquitetônico da época.

Pode-se dizer que Laugierera leigo em teoria da arquitetura, mas tinha um grande interesse no
diz respeito à mesma. Produziu muitos inscritos, mas especificamente dois deles foram voltados para
essa área, são eles: o Essaisurl’architecture (Ensaio sobre arquitetura), publicado anonimamente em
1753, e o Observationssurl’archicture(Observações sobre a arquitetura), de 1765. Logo após as
resenhas à primeira edição de seu Ensaio Laugier foi acusado de Plagiar Cordemoy, no qual se
defendeu alguns anos depois na segunda edição de sua publicação.

4.1 ENSAIO SOBRE ARQUITETURA (ESSAI SUR L’ÁRCHITECTURE)

Considerado o principal tratado de grande racionalidade escrito no século XVIII, o Ensaio


sobre Arquitetura se tornou o mais influente da época etambémserviu de referência para a construção
do pensamento moderno. Sua principal abordagem foi a reflexão sobre a prática arquitetônica
renascentista e pós-renascentista, que segundo sua perspectiva era vista como falha. E também a sua
convicção de que a arquitetura se encontra na natureza simples e tudo se deriva dela, no qual ele diz
que os princípios arquitetônicos são imitações de processos naturais, sendo a Cabana Primitiva o
exemplo deste modelo.

Seu ensaio segue a mesma linha dos diferentes tratados franceses do século XVIII,
onde desenvolvem com veracidade as medidas e as proporções arquitetônicas, mas nenhuma obra
anterior à suase estabeleceu com tanta exatidão os princípios da arquitetura, no qual apresenta o real
espirito da obra e que se disponha de regras próprias para definir o gosto.Ele acredita que o projeto
não deve ser apenas realizado através de normas tradicionais, ou seja, um padrão construtivo e
estético, mas sim diversos preceitos que justifiquem sua forma, sua função, que respeite sua natureza,
seu caráter e seus princípios.
A arquitetura clássica foi um exemplo de manifestação concebida por Laugier, onde
questionava que ela produzia cópias das obras antigas e que apenas alterava as formas originais e
transformavam os elementos como, por exemplo, as colunas onde converteram para pilastras. A
Cabana Primitiva, segundo Laugier, seria o modelo originário de toda lógica construtiva e sua prática.

A ideia de que a arquitetura surgiu da Cabana Primitiva vem sendo exposta desde a
versão Vitruviana até as versões dos tratadistas franceses, porém nenhum deles concretizou a ideia a
respeito da mesma. Apenas Laugier teorizou a ideia de que esse abrigo era concebido por esteios
verticais, uma cumeeira e duas águas, no qual seria o modelo seguido fundamental a toda criação das
arquiteturas seguintes. Idealizando o seu preceito de que a forma arquitetônica ideal engloba o que é
natural e intrínseco.

Figura 1 – Ilustração da Cabana Primitiva

https://www.hochparterre.ch/nachrichten/kultur/blog/post/detail/huettenzauber-an-der-manifesta/1465805956/?L=njptlmdjxz
A ilustração da Cabana Primitiva de Charles Dominique Eisen foi o frontispício da
segunda edição de Ensaio da Arquitetura de Laugier. Essa imagem foi um das mais icônicas da
história da arquitetura, tornando o tratado mais acessível ao leitor. A mensagem era bastante clara,
onde sugeria uma nova ordem para a arquitetura. A imagem era compreendida como a arquitetura
sendo representada pela personificação de uma mulher sentada em colunas e capiteis gregos,
chamando a atenção da humanidade, representada por uma criança angelical, para as formas perfeitas
da natureza. Ou seja, a arquitetura está apontando para uma nova percepção e clareza estrutural
encontrada na natureza, e não para as ruínas do passado.

Para Laugier a arquitetura grega serviu como fonte primária da arquitetura ocidental e o
embrião de uma arquitetura clássica. A partir disso, surge uma forma artística, que por ser primitiva, e
feita à imagem e semelhança da arquitetura de madeira da cabana rústica, simbolizava uma evolução
direta dos preceitos essenciais que tinham formado a arquitetura grega (a origem das formas das
construções de madeira para a arquitetura de pedra desenvolvida pelos gregos). Sendo assim, ele
afirma que a arquitetura grega é mais verdadeira que a romana e que a partir dela surgem todos os
preceitos.

Esses novos conceitos apresentados configuraram uma grande evolução no pensamento


arquitetônico, e sobre arte em geral. Onde ele quis apresentar uma nova percepção de como ver a
arquitetura, não apenas incorporar o que já vem sendo produzido, mas sim entender toda a sua
praticidade, sua função, seu caráter e que ela seja facilmente compreendida a todos, exercendo um
lado mais racional do que artístico.
5. ARTE E ARQUITETURA NEOCLASSICISTA

A arte neoclassicista foi fundada na Europa em torno de 1750 até as primeiras décadas do
século XIX, marcada principalmente pelo estímulo das formas greco-romanas. Mais que apenas a
renovação da Antiguidade, o neoclassicismo esteve diretamente relacionado a eventos políticos,
sociais e econômicos. Esse movimento artístico foi concebido por duas essenciais razões, a primeira
foi o avanço do homem na sua forma de pensar e a segunda foi a busca pela arte ideal, tendo como
base os princípios do clássico.

Neste contexto, houve o estímulo de maior produção e novos conhecimentos que provocaram
novas organizações técnicas e também o aparecimento das ciências humanistas, fruto do Iluminismo.
Os artistas neoclassicistas buscaram substituir o exagero do Barroco e a luxúria do Rococó por um
estilo que fosse guiado pela coerência, solenidade, e de caráter moralizante. Quando os movimentos
revolucionários se estabeleceram na França e na América, os novos governos acolheram o
neoclassicismo como o estilo ideal para sua arte oficial. Para os artistas neoclássicos deveria haver um
ajuste dos princípios da era clássica com a realidade contemporânea, eles acreditavam que essa nova
arte deveria ter um caráter didático, deveria passar um ensinamento para o observador.

O estilo Neoclássico aflorou em diversos ramos da arte plástica, como na pintura, literatura,
escultura, arquitetura e outras áreas da arte, como cinema e teatro. Na Literatura, os textos apresentam
como características principais clareza e perfeição gramatical na busca do belo e da perfeição até
mesmo nas palavras. Na pintura, utilizaram-se predominantemente as cores frias e a valorização da
perspectiva, fazendo com que um novo estilo de pintura fosse desenvolvido. Na área da escultura,
apresentou forte influência das formas clássicas produzidas durante o Renascimento Italiano. Ao
contrário dos escultores barrocos, os artistas neoclássicos optaram pela cor branca do mármore,
fazendo com que a cor natural dos materiais utilizado nas esculturas fosse exposta em seu aspecto
natural, assim como os escultores clássicos greco-romanos.

Independente da área de atuação dessa arte, o principal objetivo do neoclassicismo era por em
pratica a teoria aristotélica da arte como imitação da natureza, continuar com as normas impostas pela
antiguidade clássica, retornar a firmeza, equilíbrio e a simplicidade dos modelos clássico-
renascentistas, apresentarem o cenário da vida campestre como meio ideal, resgatar a simplicidade,
adotar a arte com a finalidade moral e didática, além de representar o ideal do homem.

Na arquitetura, os arquitetos buscavam reavaliar a antiguidade sem simplesmente copiar, esse


estilo seria uma releitura do clássico com um toque de organização e simplicidade em sua forma geral.
O avanço da arqueologia colaborou para que o mundo voltasse a olhar para o clássico, pois foram
feitas escavações na Grécia e em Roma, então arquitetos, pintores e escultores encontraram um
modelo para seguir e respeitar aos princípios básicos dessa arte. Com isso, tornou-se um movimento
inspirado nos ideais e modelos do Classicismo greco-romano, assim como os do Renascimento, do
Maneirismo, devida influência do estilo arquitetônico Palladianismo e das tendências mais discretas
do Barroco francês.

As principais características do movimento neoclassicista na arquitetura foram as exposições


dos materiais nobres na construção, como pedra, mármore, granito, madeiras, etc; a implantação de
sistemas construtivos simples; da volumetria regular e geométrica; o uso de abóbada de berço ou de
aresta; o uso de cúpulas marcadas pela monumentalidade; plantas baixas e fachadas projetadas
segundo critérios geométricos e simétricos; pórticos colunados; entablamentos; frontões triangulares;
decoração caracterizada por elementos estruturais com formas clássicas; relevo em estuque
essencialmente a decoração de caráter estrutural.
6. CONCLUSÃO

Os novos ideais que surgiram a partir do iluminismo, acarretaram inúmeras modificações em


diferentes esferas da sociedade A arquitetura foi uma dessas áreas com maior expressão na produção
teórica do século XIII. Devido a isso surgiram diversos tratados, nos quais houve reflexões sobre o
desenvolvimento dos princípios da arquitetura para conseguir propor a melhor forma de expressa-la,
não apenas seguindo modelos, mas entendendo o seu real significado e a sua função.

A principal ideia difundida nos escritos foi a busca da razão como meio de projetar, para os
arquitetos, e compreensão, para a sociedade. Os tratadistas da época trouxeram novas concepções pro
campo dessa arte tridimensional, onde se deveria entender primordialmente seu caráter, função e
natureza. Todo esse raciocínio foi idealizado na arquitetura neoclássica, com uma premissa na
antiguidade clássica e com a sua conclusão na compreensão da filosofia do iluminismo.

Portanto, será sempre necessária uma leitura para se ter um melhor entendimento dos
processos teóricos que permitiram evoluir a arquitetura de uma disciplina prática para um novo
conceito arquitetônico. Seguiu a orientação de manuais que se multiplicaram no século XVIII, como
uma arte teórico-conceitual, foi capaz de produzir uma vivacidade criativa e uma conscientização
cultural. A arquitetura moderna deve a esses pensadores, em especial aos Abades Cordemoy e
Laugier, muitos dos conceitos e das ideias que formaram uma nova maneira de ver a arquitetura.
7. BIBLIOGRAFIA
KRUFT, Hanno-Walter. História e Teoria da Arquitetura. São Paulo: Editora EDUSP, 2016.
LAUGIER, Marc-Antoine. Essay sur L’ Architecture, Paris: M.D.CC.LV, 1753.

PRACCHI, A t t i l i o . L’architettura dell’Illuminimo: alcuni aspetti della ideologia e della prassi. In:
PATETTA, Luciano (org.). Storia dell’Architettura II. Milão, Facoltà di Architettura di Milano/
Istituto di Umanistica, 1974.

SILVA, Bruno. Arquitetura Futurista. Portugal: Tese de Mestrado UB, 2010.

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Moderna/333317.html (Vários Acessos)

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Moderna/344006.html (Vários Acessos)

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