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Redação Enem

Prof.ª Célia Sousa

IFMT Campus Confresa, 2024.


Características da Redação do Enem
1. O texto é dissertativo-argumentativo.
2. Não precisa ter título.
3. De 8 a 30 linhas.
4. Escrita formal da língua portuguesa.
5. Pessoas do verbo: 3ª sing. + se ou 3ª do
plural.
1. Proposta de intervenção social (5 elementos).
2. Avaliação: 5 competências / Nota: 1000
Texto dissertativo-argumentativo
1. Discute ideias e defende um ponto de vista.
2. Estrutura:
- Introdução: 1º parágrafo.
- Desenvolvimento: 2º e 3º parágrafos.
- Conclusão: 4º parágrafo.

1. Distribuição das 30 linhas (+ ou -):


- Introd.: 6
- D1: 9
- D2: 9
- Concl.: 6
Introdução
É o 1º parágrafo do texto. É quando você anuncia ao leitor (de
forma breve, mas clara):
1. o TEMA.
2. os 2 Ds (enfoques).
3. a TESE (ponto de vista).

É a vitrine da sua redação!


Desenvolvimento 👙
● D 1: desenvolve o 1º enfoque, usando argumentos, exemplos,
informações, dados, repertório sociocultural.

● D 2: desenvolve o 2º enfoque, usando argumentos…

Os desenvolvimentos são o recheio,


a parte mais importante da redação!
Conclusão
● É o fechamento da redação.
● Hora de retomar brevemente as ideias principais e confirmar a
tese.
● Momento de apresentar a proposta de solução para o problema
discutido.

Atenção! O Enem exige que a proposta seja de


intervenção social, deixando claros 5 elementos:
agente, ação, meio, finalidade, detalhamento.
PASSO A PASSO INDISPENSÁVEL
1. Identificar CLARAMENTE qual é o TEMA expresso na
PROPOSTA.
2. Ler os textos de apoio destacando o que for mais
importante.
3. Definir a TESE (o SEU ponto de vista/posicionamento
sobre o problema).
4. Definir os 2 Ds a serem abordados.
5. Definir a proposta de solução conforme sua tese.
6. Pensar em repertórios relacionados ao tema.
7. Fazer o esqueleto.
8. Rascunhar o texto.
9. Ler e reler, corrigindo.
10.Passar a limpo.
QUEM MANDA SOU EU!!!!!
O ESQUELETO

O esqueleto é a organização da estrutura da


redação!
Compõe-se de:
1. Tema
2. D 1
3. D 2
4. Tese
AS 5 COMPETÊNCIAS
1. Domínio da escrita na norma culta: ortografia, sintaxe, concordância,
regência, acentuação, pontuação… *frases siamesas ou fragmentadas, termos
vagos, coloquialidade.
2. Tema, tipologia e repertório: abordagem completa do tema; divisão clara
(introdução, desenvolvimentos, conclusão); repertório legitimado, pertinente
e produtivo.
3. Organização e defesa do ponto de vista: projeto de texto bem elaborado e
bem desenvolvido do começo ao fim; argumentos fundamentados e
relacionados entre si; clareza: tudo explicado, detalhado!
4. Coesão: uso de conjunções e nexos; operadores argumentativos intra e
interparágrafos; repetições.
5. Proposta de intervenção social: cinco elementos (ação, agente, modo, efeito,
detalhamento); respeito aos direitos humanos.
Ou seja:
Em poucas palavras a cartilha de cada competência segue as temáticas abaixo:

C1 – retrata assuntos gramaticais (erros sintáticos e desvios)


C2 – discorre sobre seu repertório legitimado associado a temática, estrutura textual
(introdução, desenvolvimento, conclusão) e seguimento da temática.
C3 – demonstra a argumentação (utilização de repertório), defesa do ponto de vista,
contextualização, problemática de um texto expositivo e seu projeto de texto.
C4- caracteriza a retomada do tema, operadores argumentativos (conectivos),
vocabulário, organização de informações no texto, sinônimos e pronomes.
C5- apresenta o alinhamento das quatro perguntas para a construção de sua conclusão:
quem? (agente), o que? (ação), como? (modo ou meio), para que? (objetivo, finalidade),
e o detalhamento. Enfatiza os direitos humanos.
Resumindo…
● Um BOM texto é a junção ORGANIZADA de BONS parágrafos, que são a
junção organizada de BOAS frases, que nada mais são do que a junção
organizada de BOAS palavras.
● Um BOM parágrafo sempre tem um tópico frasal seguido de
orações/frases que o justifiquem, expliquem, comprovem.
● Uma BOA frase é a que é completa, deixa claro o que quer comunicar e se
encerra somente quando termina de apresentar e justificar uma ideia.
● Uma BOA palavra é aquela que expressa com precisão a ideia pretendida;
é objetiva, significativa, clara.

Tudo isso com o objetivo de defender um ponto de vista!


DIFERENTES MANEIRAS DE FAZER A INTRODUÇÃO DO TEXTO
Definição do tema (feijão com arroz)

Contextualização histórica ou geográfica

Repertorio popular ( séries, filmes, livros)

Citação, argumentação de autor.


Introdução (modo nº 1)
Definição: apresenta o tema, anuncia os enfoques e define o ponto
de vista.

A democratização do acesso ao cinema no Brasil é um


processo que encontra desafios nos âmbitos culturais e
institucionais do país. Isso pode ser explicado pelo
distanciamento entre a cultura popular brasileira e os filmes
disponíveis ao público, bem como pela ausência de investimentos
estatais nas produções nacionais. Dessa forma, é preciso intervir
de modo a tornar o cinema um produto da democracia brasileira.
Introdução (modo nº 2)
Contextualização histórica ou geográfica: faz referência a um fato
histórico e relaciona-o ao tema no presente, ou ainda faz relação do tema
com a realidade de outro país.

Durante a Idade Média, as doenças mentais eram associadas à


falta de fé, resultando no julgamento de muitas pessoas como
hereges. Apesar de datar de séculos passados, o estigma dos transtornos
mentais ainda é perceptível no contexto atual, com destaque ao caso do
Brasil. Nesse sentido, a persistência dessa discriminação é causada devido
tanto à falta de empatia quanto à insuficiência estatal no acolhimento das
vítimas. Assim, é evidente a necessidade de intervir sobre essa triste
realidade de caráter medieval.
Introdução (modo nº 3)
Repertório popular: usa uma obra literária, filme ou série para introduzir o
tema e relacioná-lo com o ponto de vista.
O filme O Coringa retrata a história de um homem que possui uma
doença mental e, por não possuir atendimento psiquiátrico adequado,
ocorre o agravamento do seu quadro clínico. Com essa abordagem, a
obra revela a importância da saúde psicológica para um bom convívio
social. Hodiernamente, para lá da ficção, muitos brasileiros enfrentam
situação semelhante, o que colabora para a piora da saúde populacional e
para a persistência do estigma relacionado à doença psicológica. Dessa
forma, é preciso reverter a negligência estatal, a fim de garantir os
direitos básicos dos doentes mentais e a sanidade social.
Introdução (modo nº 4)
Citação: usa frase ou paráfrase de autoridades sobre o assunto para
introduzir o tema. O autor precisa ser retomado ao longo do texto (na
conclusão fica bem legal!).
O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire afirmava que “se a
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda”. Analisando o pensamento e relacionando-o à
realidade da educação no Brasil, percebe-se a necessidade de um olhar
mais atento para o aprimoramento do sistema de ensino, considerando
sua importância para a promoção de uma sociedade mais crítica e
reflexiva, que, consequentemente, tende a ser mais justa, igualitária e
humanizada.
Atenção para probleminhas

a serem evitados!!!
Itens importantes a observar:
1. Mencionar todas as palavras do tema proposto (já na introdução):
não tangenciamento ou fuga do tema.
2. Margens (zig-zag), número de linhas, estética, padrão.
3. Translineação: separação silábica.
4. Maiúsculas: Idade Média, Revolução Francesa, Constituição
Brasileira, Congresso Nacional, Estado (poder público)...
5. Vírgulas: marcar deslocamentos, intercalações e isolamentos
(SVC).
6. Travessões: para apostos*.
7. Aspas: citações diretas, nomes de obras.
8. Concordância verbal: verbo concorda com sujeito; HAVER
( existir/tempo): singular./ sujeito plural = verbo plural.
9. Regência/Crase: atenção às preposições; não crase “a” (sing) +
subst. (pl.).
10. Colocação pronominal: não iniciar período com pron. oblíquo.
11. Frases siamesas: emenda uma frase na outra quando deveria
isolá-las com ponto final.
Exemplo:
Nota-se que o patrimônio histórico não tem a devida preservação,
constata-se que a falta de incentivo, por parte do Estado, faz com
que a população não se interesse por conhecer e valorizar sua
história.
12. Frases fragmentadas: interrompidas, sem sentido completo.
Exemplo:
Portanto, o MEC deve promover alterações nos currículos
escolares. De modo que se dê mais atenção a esse tema.
13. Repertório(dados estatísticos, citações, obras…) não
articulado, que não contribui para a argumentação? É
preciso ter fonte, relação com o tema, ser produtivo,
relevante para a discussão.
14. Não dá pra sair escrevendo sem fazer o esqueleto do
texto.
15. Nunca deixar algo subentendido( é preciso explicar,
detalhar tudo, tintim por tintim).
16. Cuidado para não usar palavras “difíceis”
ou nexos coesivos com sentido errado…
17. Não repetir palavras desnecessariamente (usar
sinônimos, conectivos de referência).
18. Usar muitos elementos coesivos e operadores
argumentativos inter (dentro de cada parágrafo) e
intraparágrafos (entre eles).
9. Dividir o texto nos devidos parágrafos (4).
20. Não se deve copiar partes dos textos motivadores
(usar é ≠ de copiar).
21. Não citar autores ou obras desconhecidas da maioria
das pessoas.
22. Não deixar de cumprir o planejamento de texto
(obedecer ao esqueleto!)
23. Proposta de intervenção precisa dos 5
elementos obrigatórios: agente, ação,
modo, efeito, detalhamento.

24. Passar a limpo só depois de corrigir o


rascunho.
25. Controlar o tempo de escrita!
Observe a seguir:
- textos de apoio;
- exemplo de esqueleto de texto;
- texto desenvolvido dentro do padrão Enem.

"Limites entre estética e saúde"


TEXTO 01

Os ideais de beleza física, para a mulher ou para o homem,


são cultuados desde a Antiguidade. Na mitologia grega,
Afrodite (Vênus, para os romanos) era um símbolo de
beleza. A imagem representa essa personagem, em versão
renascentista italiana. É o quadro “O nascimento de
Vênus”, pintado por Sandro Botticelli, por volta de 1485.
(Disponível em http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/forma-fisica-corpo-perfeito-e-consumismo.jhtm).
TEXTO 02: Riscos X Vontade

Ser capaz de enfrentar qualquer sacrifício em favor da boa forma parece


estar mais perto da realidade brasileira nos últimos tempos. As academias se
proliferam pelas ruas das cidades, assim como salões de beleza com fórmulas
mágicas de redução de medidas do corpo prometendo à mulher – e por que não
ao homem também? – entrar naquele jeans tamanho 38, para ela. E vale também
arriscar uma lipoaspiração e muitas pessoas estão recorrendo, embora a
princípio a indicação deva ser exclusivamente para a boa saúde, à cirurgia
bariátrica, a de redução de estômago, para ter aquele corpo que talvez nunca
nem tivesse sonhado em ter. As próteses vêm sendo procuradas por uma
camada cada vez mais jovem de pacientes. E de diferentes classes sociais. São
alertados de todos os riscos, mas minimizados em favor da vontade.
(Disponível em http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/forma-fisica-corpo-perfeitoe-consumismo.jhtm).
TEXTO 03: Ditadura da beleza
A “ditadura do corpo perfeito”, pregada a ferro e fogo pela sociedade, tem se
transformado em armadilha para aqueles que acreditam que a felicidade está
em músculos grandes, em corpos magros e sem gordura. Em busca da beleza
escultural, homens e mulheres ingerem e injetam substâncias capazes de
fazer milagres. Por um lado, deixam o corpo bonito, forte e aparentemente
saudável em pouco tempo. Em contrapartida, os produtos cobram um preço
alto por isso: funcionam como um tsunami interno no organismo, causando
doenças graves e, em alguns casos, até a morte. Preocupados com o cenário
que já se tornou uma obsessão global, muitos especialistas dizem tentar
convencer as pessoas sobre os riscos que correm, mas o esforço, segundo
contam, tem sido em vão, principalmente entre os jovens que buscam essa
fórmula da beleza a qualquer custo.

(Disponível em http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/forma-fisica-corpo-perfeito-e-consumismo.jhtm).
Texto 04:
https://br.pinterest.com/pin/438256607484107063/
TEXTO 05
Exemplo de esqueleto
I ➜ Vinícius de Moraes (as feias) + como e pq (padrão, cultura) +
conseq (riscos à saúde, explor. do mercado) + PV (agir para
solucionar).
D1 ➜ mídias (imposição de padrão) + busca de aceitação social +
inversão de valores.
D2 ➜ riscos à saúde e financ.+ produtos e procedim milagrosos +
profissionais despreparados + Soc. Bras. de Cir. PLást. - Br campeão
+ probl. saúde fís., emoc. e financ. + altos lucros.
C ➜ autor.gov. + fiscal profissionais e estabelec. + combate à cultura
da estética + campanhas, socied. consum. e narcisista, valores
nobres.
Texto desenvolvido a partir do esqueleto
INTRODUÇÃO:
“Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental!” A famosa
frase do poeta Vinícius de Moraes revela a cultura presente na vida de
muitas pessoas, para as quais ter um corpo dentro dos padrões
estipulados pela sociedade é uma obrigação. Em relação a isso, algumas
questões são fundamentais: a imposição de um padrão de corpo
humano, os riscos à saúde de quem se submete a isso e a exploração
financeira do setor, em que há muitos ganhos a partir da ilusão dos que
sonham com o corpo perfeito e têm nisso um grande valor. As
consequências podem ser graves; é preciso, pois, agir para sanar tal
problema.
DESENVOLVIMENTO 1:

Primeiramente vale observar o bombardeio de imagens que


superestimam a perfeição do corpo. Elas são muito frequentes e
aparecem nos mais diversos espaços, em especial nas mídias
publicitárias de venda de produtos e serviços. Os “garotos e garotas-
propaganda” refletem, via de regra, um padrão rígido de beleza:
mulheres e homens jovens, magros, “sarados” e – atualmente com
menor ênfase, mas ainda assim considerável – brancos. Ter um
corpo perfeito desponta como condição para ser aceito e valorizado
pela sociedade, o que reflete um critério de valores humanos no
mínimo questionável. Percebe-se, assim, uma ditadura de um
padrão estético a que tantos se submetem, o que denota inversão de
valores humanos.
DESENVOLVIMENTO 2:

Paralelo a isso, há os que põem em risco sua saúde e suas finanças,


pois se submetem a dietas malucas, pagam caro por produtos “milagrosos”,
usam de aparelhos ditos infalíveis, sendo orientados por profissionais nem
sempre preparados ou habilitados para tanto. O Brasil, segundo aponta a
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, é o campeão mundial de
procedimentos cirúrgicos de estética, o que inspira a atenção da sociedade,
uma vez que tais procedimentos podem trazer sérias complicações. Como
exemplos disso, vemos mutilações, deformidades físicas e problemas
emocionais, como frustração, autorrejeição e comprometimento financeiro,
que atingem a quem se entrega a essa busca desvairada do tal “corpo
perfeito”. Assim, enquanto alguns se endividam e comprometem sua saúde,
alguns lucram – e muito – com a imensa cadeia do mercado da beleza do
corpo.
CONCLUSÃO:

Portanto, espera-se que o Ministério da Saúde, autoridade


governamental competente da área, realize ações efetivas para
melhorar a fiscalização dos profissionais e estabelecimentos de
estética, a fim de garantir qualidade de procedimentos, e combater
a ideia de valorização excessiva do corpo. Esta última, pode ser
feita por meio de campanhas públicas que valorizem as
diversidades étnicas e suas características físicas, respeitem tipos
corpóreos diversos e promovam reflexão sobre valores humanos
mais “nobres” do que buscar o que só existe no imaginário da
sociedade consumista e narcísica, além de proteger as pessoas
de serem exploradas por esse mercado sedento por lucros.
Até a próxima!

Muito obrigada!

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