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Prof.

Thállius Moraes
Prof. Márcia Peixoto Trabalho e Processo do Trabalho

TEMAS ATUAIS DE PROCESSO DO TRABALHO


e DIREITO DO TRABALHO
(mudanças com destaque em vermelho)

PROCESSO DO TRABALHO

1. DESPESAS PROCESSUAIS

As custas são devidas em favor da União, recolhidas através de guia própria (GRU), no importe de 2%, calculadas:
a) quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor. No caso de condenação as custas são pagas
pelo vencido e, no caso de conciliação, as custas serão pagas em partes iguais pelos litigantes, salvo se convencionado
pelas partes de forma diversa.
b) quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o
pedido, sobre o valor da causa, de responsabilidade do litigante;
c) no caso de procedência do pedido em ação declaratória ou constitutiva, sobre o valor da causa;
d) quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.
As custas são pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão (fase de execução).
Vejamos os artigos que versam acerca das custas processuais, com as alterações impostas pela reforma
trabalhista (Lei 13.467/2017):
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da
Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição
trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o
mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social1, e serão calculadas: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;
II - quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido,
sobre o valor da causa;
III - no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa;
IV - quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.
§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão
pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal.
§ 2º Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas processuais.
§ 3º Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes
iguais aos litigantes.
§ 4º Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas
sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.

1
Valor alterado anualmente. Limite vigente em 2018 no importe de R$ 5.645,80.
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Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final,
de conformidade com a seguinte tabela:
I - autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de
R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos);
II - atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:
a) em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);
b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);
III - agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);
IV - agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);
V - embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte
e seis centavos);
VI - recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);
VII - impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);
VIII - despesa de armazenagem em depósito judicial - por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação;
IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo - sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento)
até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos).
Em havendo recurso, o pagamento e a comprovação do recolhimento das custas deve se dar dentro do prazo
recursal.
Nas ações plúrimas, as custas incidem sobre o respectivo valor global (Súmula 36 TST).
Os emolumentos serão suportados pelo requerente, conforme tabela prevista no art. 789-B da CLT:
Art. 789-B. Os emolumentos serão suportados pelo Requerente, nos valores fixados na seguinte tabela:
I - autenticação de traslado de peças mediante cópia reprográfica apresentada pelas partes - por folha: R$ 0,55
(cinquenta e cinco centavos de real);
II - fotocópia de peças - por folha: R$ 0,28 (vinte e oito centavos de real);
III - autenticação de peças - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real);
IV - cartas de sentença, de adjudicação, de remição e de arrematação - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos
de real);
V - certidões - por folha: R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta e três centavos).
Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de
pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
§ 1º Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato
que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas.
§ 2º No caso de não-pagamento das custas, far-se-á execução da respectiva importância, segundo o procedimento
estabelecido no Capítulo V deste Título.
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1.1. Justiça gratuita

Os benefícios da Justiça Gratuita são concedidos, a pedido ou de ofício, àqueles que percebam salário igual ou
inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Com o advento da reforma
trabalhista, além da alteração do valor do salário para concessão dos benefícios da justiça gratuita, a parte deverá
comprovar a insuficiência de recursos para pagamento das despesas processuais. Tal benefício pode ser concedido a
pessoas físicas ou jurídicas.
O beneficiário da justiça gratuita não paga custas, emolumentos, honorários periciais e depósito recursal (art.
899, § 10, da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017).
Sobre a justiça gratuita dispõem os parágrafos 3o e 4º do art. 790 da CLT:
§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder,
a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento
das custas do processo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Tal benefício pode ser concedido a qualquer momento, nos termos da OJ 269 da SDI-I do TST:
OJ-SDI1-269 JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DE ISENÇÃO DE DESPESAS PROCESSUAIS. MOMENTO OPORTUNO.
Inserida em 27.09.02 - O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição,
desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso.
A despeito de a reforma trabalhista ter trazido previsão para responsabilidade do beneficiário pelo pagamento
de honorários periciais e honorários de sucumbência, o STF firmou entendimento de inconstitucionalidade dos
respectivos legais.
a) honorários periciais: o STF, no julgamento da ADI 5766, em outubro de 2021, considerou inconstitucional o
caput do art. 790-B que atribuía a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais ao beneficiário da justiça
gratuita, quando sucumbente no objeto da perícia. Assim, a regra aplicável é aquela no dispositivo legal antes da
reforma trabalhista, qual seja: “A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na
pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita”. Nessa hipótese, a União será responsabilizada
pelo pagamento.
b) honorários de sucumbência: o STF, no julgamento da ADI 5766, em outubro de 2021, considerou
inconstitucional o art. 791-A, §4º, da CLT, de forma que o beneficiário da justiça gratuita fica isento do pagamento dos
honorários advocatícios sucumbenciais.
Por outro lado, é importante observar que a mesma decisão do STF (ADI 5766), considerou constitucional o art.
844, §3º, da CLT, que determina a cobrança das custas processuais para o reclamante que, mesmo sendo beneficiário
da justiça gratuita, faltar injustificadamente à audiência (o que acarreta o arquivamento dos autos), mantendo a
comprovação do recolhimento de custas como requisito para o ajuizamento de nova ação.

1.2. Isenção do pagamento de custas

Por força de lei (10.537/02), são isentos do pagamento das custas, além dos beneficiários da justiça gratuita,
nos termos do art. 790-A da CLT:
I - a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais,
estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica;
II - o Ministério Público do Trabalho.
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Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem
exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte
vencedora.

1.3. Honorários periciais

O pagamento dos honorários é de responsabilidade da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia (e não
sucumbente no processo), salvo se beneficiária de justiça gratuita (hipótese em que a União arcará com a verba).
O STF considerou inconstitucional o caput do art. 790-B, no julgamento da ADI 5766, razão pela qual o
beneficiário da justiça gratuita não será responsável pelo pagamento dos honorários periciais, ainda que possua
crédito a receber no processo. Nessa hipótese, os honorários serão pagos pela União, nos termos da Súmula 457 do
TST:
SUM-457 - HONORÁRIOS PERICIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO PELO
PAGAMENTO. RESOLUÇÃO Nº 66/2010 DO CSJT. OBSERVÂNCIA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 387 da
SBDI-1 com nova redação) - Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 - A União é responsável pelo
pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência
judiciária gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1º, 2º e 5º da Resolução n.º 66/2010 do Conselho
Superior da Justiça do Trabalho – CSJT.
Atenção: não confundir a indicação, pela parte, de assistente técnico com a nomeação de perito (este pelo juiz),
hipótese em que cada parte é responsável pelos honorários de seu assistente2, valor que não representa despesa
processual.
Em conformidade com o parágrafo 3º do artigo 790-B da CLT, inserido à CLT com a reforma trabalhista, “O juízo
não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias”.
Esse já era o entendimento do TST, por meio da OJ 98 da SDI-II, segundo a qual cabe mandado de segurança
contra decisão que determinar tal antecipação.
OJ 98 DO SDI-II - MANDADO DE SEGURANÇA. CABÍVEL PARA ATACAR EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO DE
HONORÁRIOS PERICIAIS.
É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo
do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito.
Veja o teor do art. 790-B da CLT:
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto
da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita. (texto adaptado em consonância com a ADI 5766)
§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho
Superior da Justiça do Trabalho.
§ 2o O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.
§ 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias.
§ 4o Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar
a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo.
IMPORTANTE: Observe que, em razão de alteração do art. 819 da CLT, as despesas de intérprete, nomeado pelo
juízo para tradução de depoimento de partes e/ou testemunhas que não souberem falar a língua nacional, serão de
responsabilidade da parte sucumbente no processo.

2
SUM-341 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 - A indicação do perito assistente é
faculdade da parte, a qual deve responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia.
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2. JUÍZES DO TRT e MINISTROS DO TST – Idade máxima

A Emenda Constitucional 122, de 17/05/2022, alterou a idade máxima para nomeação de juízes para os Tribunais
Regionais do Trabalho, bem como para os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, ambos para 70 anos,
acarretando alteração nos artigos 111 e 115 da Constituição Federal, dispositivos bastante cobrados em concursos de
TRT.

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;


II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juizes do Trabalho.
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compõe-se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais
de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 122, de 2022):
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo
próprio Tribunal Superior.
(...)

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de setenta
anos de idade, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 122, de 2022)
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
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DIREITO DO TRABALHO

1. TELETRABALHO

O teletrabalho (realizado à distância, normalmente no domicílio do empregado) foi regulamentado


pela Lei 13467/2017 (Reforma Trabalhista) que inseriu o Capítulo II-A da CLT (artigos 75-A a 75-E). Todavia,
a Medida Provisória nº 1.108, de 25/03/2022, alterou alguns importantes aspectos a respeito de tal
modalidade e deve ser observada durante sua vigência.
Conceito: Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das
dependências do empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de
informação e de comunicação, que, por sua natureza, não se configure como trabalho externo (aquele que
não é prestado na empresa, como visitas a clientes). Não se confunde com o trabalho do operador de
telemarketing ou teleatendimento e pode ser adotado para aprendizes ou estagiários.
Local da prestação de serviços: não há necessidade de que o trabalho seja desempenhado
preponderantemente fora das dependências do empregador, podendo ocorrer de forma mista (alguns dias
na empresa e outros à distância). O fato de o empregado comparecer, mesmo que habitualmente, na
empresa para realização de atividades específicas que exijam sua presença não descaracteriza o teletrabalho
(também denominado trabalho remoto).
Remuneração: o empregado pode receber por jornada (fazendo jus, nesta modalidade ao
recebimento de horas extras caso labore em sobrejornada) ou por tarefa ou produção (hipótese que não
está incluído no controle de jornada, não tendo direito, assim, à percepção de horas extras).
O fato de o empregado utilizar internet ou outras ferramentas digitais, fora do horário de trabalho,
não caracteriza tempo à disposição (não implicando em jornada extraordinária) e tampouco regime de
prontidão ou sobreaviso (o que conferiria direito à adicional), salvo se houver previsão específica em
contrato de trabalho individual ou instrumento de negociação coletiva (Acordo Coletivo de Trabalho ou
Convenção Coletiva de Trabalho).
Outras observações:
A forma a ser desempenhado o teletrabalho deverá constar no contrato individual, sendo
possível a alternância entre teletrabalho e presencial na empresa, por mútuo consentimento das partes.
Todavia, o retorno do sistema de teletrabalho para trabalho presencial pode ocorrer por determinação
do empregador, desde que observada a comunicação com antecedência mínima de 15 dias e termo aditivo
contratual.
O empregador não será responsável pelas despesas resultantes do retorno ao trabalho presencial, na
hipótese de o empregado optar pela realização do teletrabalho ou trabalho remoto fora da localidade
prevista no contrato, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.
Caso o empregado opte por trabalhar remotamente fora do Brasil, é aplicável a legislação brasileira,
salvo pactuação em contrário pelas partes.
No contrato individual de trabalho as partes podem estipular os meios de comunicação e os horários,
resguardando-se, naturalmente, o tempo de repouso legal.
Também deve constar no contrato individual de trabalho, por escrito, as disposições acerca da
responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da
infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas
arcadas pelo empregado, sendo que tais valores não possuem natureza salarial.
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Há, ainda, obrigatoriedade de que o empregador forneça instruções aos empregados, de maneira
expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho (art. 75-
E da CLT), devendo o empregado assinar termo de responsabilidade, se comprometendo a seguir as
recomendações.
Por fim, importante alteração trazida pela MP 1.108, de 25/03/2022, convertida na Lei 14.442, de
02/09/2022, é a preferência para alocação de deficientes e pessoas que tenham filhos ou crianças sob sua
guarda de até 4 anos de idade, nas vagas destinadas ao teletrabalho.

Dispositivos legais

Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste
Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 75-B. Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das dependências do
empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e de
comunicação, que, por sua natureza, não se configure como trabalho externo. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 1º O comparecimento, ainda que de modo habitual, às dependências do empregador para a realização de
atividades específicas, que exijam a presença do empregado no estabelecimento, não descaracteriza o
regime de teletrabalho ou trabalho remoto. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022,
convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 2º O empregado submetido ao regime de teletrabalho ou trabalho remoto poderá prestar serviços por
jornada ou por produção ou tarefa. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na
Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 3º Na hipótese da prestação de serviços em regime de teletrabalho ou trabalho remoto por produção ou
tarefa, não se aplicará o disposto no Capítulo II do Título II desta Consolidação. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 4º O regime de teletrabalho ou trabalho remoto não se confunde e nem se equipara à ocupação de
operador de telemarketing ou de teleatendimento. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108, de
2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 5º O tempo de uso de equipamentos tecnológicos e de infraestrutura necessária, bem como de softwares,
de ferramentas digitais ou de aplicações de internet utilizados para o teletrabalho, fora da jornada de
trabalho normal do empregado não constitui tempo à disposição ou regime de prontidão ou de sobreaviso,
exceto se houver previsão em acordo individual ou em acordo ou convenção coletiva de trabalho. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 6º Fica permitida a adoção do regime de teletrabalho ou trabalho remoto para estagiários e
aprendizes. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de
02/09/2022)
§ 7º Aos empregados em regime de teletrabalho aplicam-se as disposições previstas na legislação local e nas
convenções e acordos coletivos de trabalho relativas à base territorial do estabelecimento de lotação do
empregado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de
02/09/2022)
§ 8º Ao contrato de trabalho do empregado admitido no Brasil que optar pela realização de teletrabalho
fora do território nacional, aplica-se a legislação brasileira, excetuadas as disposições constantes na Lei nº
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7.064, de 6 de dezembro 1982, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 9º Acordo individual poderá dispor sobre os horários e os meios de comunicação entre empregado e
empregador, desde que assegurados os repousos legais. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108,
de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho ou trabalho remoto deverá constar
expressamente do contrato individual de trabalho. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.108, de
2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
§ 1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo
entre as partes, registrado em aditivo contratual. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do
empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo
contratual. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 3º O empregador não será responsável pelas despesas resultantes do retorno ao trabalho presencial, na
hipótese do empregado optar pela realização do teletrabalho ou trabalho remoto fora da localidade prevista
no contrato, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)
Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos
equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem
como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do
empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às
precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)
Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as
instruções fornecidas pelo empregador. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 75-F. Os empregadores deverão dar prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados com
filhos ou criança sob guarda judicial até quatro anos de idade na alocação em vagas para atividades que
possam ser efetuadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 1.108, de 2022, convertida na Lei 14.442, de 02/09/2022)

2. INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

• Repouso semanal remunerado: se o empregado trabalhou sem faltas injustificadas e/ou


atrasas durante a semana;
• Férias: não trabalha, mas ganha salário (acrescido de 1/3 previsto na Constituição Federal);
• Feriados;
• Falecimento de cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou dependente anotado na CTPS: 2
dias consecutivos (para professor são garantidos 9 dias consecutivos – art. 320, § 3º, da CLT);
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• Casamento: 3 dias consecutivos (para professor são garantidos 9 dias consecutivos – art. 320,
§ 3º, da CLT);
• Doação de sangue: 1 dia a cada 12 meses (não se considera o ano civil, por exemplo: o ano de
2017, mas sim o período de 12 meses, de forma que se doou sangue em 11.11.2017 só poderá faltar
justificadamente a partir de 12.11.2018);
• Doença e acidente de trabalho: nos primeiros 15 dias o empregador precisa arcar com o salário
do empregado3. Após (a partir do 16º dia), a Previdência Social paga o benefício e passa a ser suspensão do
contrato.
• Redução do trabalho no aviso prévio e aviso prévio indenizado: como veremos em capítulo
próprio, o empregado dispensado sem justa causa tem direito a trabalhar 2 horas a menos todos os dias ou
por 7 dias consecutivos, mas receberá o salário de forma integral. Da mesma forma se o aviso prévio for
indenizado pelo empregador.
• Licença remunerada: na hipótese de licença remunerada (prevista em CCT ou ACT, por
exemplo), o empregador continua a pagar salário, correspondendo à hipótese de interrupção do contrato;
• Aborto: a mulher tem direito a um repouso remunerado de 2 semanas na hipótese de aborto
não criminoso (texto da CLT);
• Alistamento eleitoral: até 2 dias, consecutivos ou não. Período para que o empregado emita
seu título de eleitor. Observe que a lei prevê dois dias (apesar de sabermos que atualmente o documento é
emitido na hora, a CLT é de 1943) e, ainda, que podem ser consecutivos ou não (normalmente os
afastamentos são em dias consecutivos).
• Comparecimento em juízo: o tempo que o empregado tiver de comparecer em juízo, na
condição de parte, testemunha ou jurado, não pode ser descontado de seu salário4;
• Exame vestibular para ingresso em ensino superior: tantos dias quantos forem necessários.
Observe que é apenas para ensino superior. Já tivemos questões de concurso que trouxeram hipótese de
ensino técnico (não previsto em lei como hipótese de interrupção);

• Suspensão para inquérito do estável: quando afastada a falta grave são devidos os salários do
período;

• Participação de representante de entidade sindical, em reunião oficial de organismo


internacional do qual o Brasil seja membro (pelo tempo necessário). Exemplo: representante sindical em
reunião da OIT (Organização Internacional do Trabalho);

• Acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de


sua esposa ou companheira: pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em até
seis consultas médicas, ou exames complementares, durante o período de gravidez; (Redação dada pela
Medida Provisória nº 1.116, de 2022, convertida na Lei 14.457, de 21/09/2022)

3
SÚMULA 282 - ABONO DE FALTAS. SERVIÇO MÉDICO DA EMPRESA - Ao serviço médico da empresa ou ao mantido por esta última mediante
convênio compete abonar os primeiros 15 (quinze) dias de ausência ao trabalho.
4
SUM-155 AUSÊNCIA AO SERVIÇO - As horas em que o empregado falta ao serviço para comparecimento necessário, como parte, à Justiça do
Trabalho não serão descontadas de seus salários (ex-Prejulgado nº 30).
Prof. Thállius Moraes
Prof. Márcia Peixoto Trabalho e Processo do Trabalho

• Acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica: por 1 (um) dia por ano. Parece
pouco, mas representa, na realidade, conquista muito recente para os trabalhadores. Incluído na CLT pela
Lei nº 13.257 de 2016.

• Realização de exames preventivos de câncer: até 3 dias a cada 12 meses de trabalho.

• Eleições: trabalho nas eleições por convocação da Justiça Eleitoral (além do direito à folga em
dobro dos dias trabalhados – art. 98 da Lei 9504/97);

• Licença paternidade: durante 5 dias consecutivos a contar da data do nascimento ou adoção


do filho (ainda que com guarda compartilhada). (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022,
convertida na Lei 14.457, de 21/09/2022)

Fique ligado: Com relação à licença paternidade, importante observar que o acréscimo de mais 15 dias
(totalizando 20 dias de licença), instituído pela Lei 13.257 de 2016, aplica-se apenas para empregados de
empresas que fazem parte do programa empresa cidadã, devendo o empregado formular o pedido de
prorrogação durante os 5 dias da licença aplicável a todos os empregados, o qual deve participar do
programa de paternidade responsável.

• Licença maternidade: Apesar do fato de que a empregada não fica recebendo salário do
empregador neste período, mas sim benefício previdenciário (ainda que e empregador pague diretamente
para a trabalhadora, abate tal valor das contribuições previdenciárias devidas), não se pode ignorar que em
tal período o contrato de trabalho continua normalmente em vigor, com a contagem normal do tempo de
serviço e recolhimento de FGTS, razão pela qual é classificada como interrupção do contrato de trabalho.

Dispositivos legais

O artigo 473 da CLT, com recentes alterações, trata de hipóteses de interrupção do contrato de
trabalho:
Art. 473. O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário:
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou
pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência
econômica; (Inciso modificado de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;
III - por 5 (cinco) dias consecutivos, em caso de nascimento de filho, de adoção ou de guarda
compartilhada; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022, convertida na Lei 14.457/2022, de
21/09/2022)
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente
comprovada;
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva;
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do
artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar);
Prof. Thállius Moraes
Prof. Márcia Peixoto Trabalho e Processo do Trabalho

VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em
estabelecimento de ensino superior;
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo;
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver
participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro.
X - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em
até seis consultas médicas, ou exames complementares, durante o período de gravidez (Redação dada pela
Medida Provisória nº 1.116, de 2022, convertida na Lei 14.457/2022, de 21/09/2022)

XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica.

XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de
câncer devidamente comprovada.

Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput será contado a partir da data de nascimento do
filho. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022, convertida na Lei 14.457/2022, de 21/09/2022)

3. DISPENSA COLETIVA

Havendo dispensa imotivada, quer individual ou coletiva, não há necessidade de prévia


autorização para sua efetivação, tampouco é imprescindível a pactuação coletiva sobre o tema.
Neste sentido é o art. 477-A, inserido na CLT pela Lei 13467/2017:
Art. 477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não
havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho para sua efetivação.
O STF decidiu pela necessidade de prévia negociação (RE nº 999.435) entre Sindicato dos empregados
e empresa, o que não significa pactuação de instrumento normativo, mas conversação entre as partes. Veja
trecho da decisão do STF:
"A intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dispensa em massa de
trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por parte da entidade sindical ou celebração de
convenção ou acordo coletivo".

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