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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-488-88.2017.5.05.0132

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ACÓRDÃO
6ª Turma
GMKA/dl

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017.
RECLAMADA. PRELIMINAR DE NULIDADE
PROCESSUAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. DANO MORAL.
QUANTIFICAÇÃO
1 – Na decisão monocrática foi negado
provimento ao agravo de instrumento, ficando
prejudicada a análise da transcendência.
2 – Inicialmente, vale salientar que a delegação
de competência ao relator para decidir
monocraticamente encontra respaldo no art.
896, § 14, da CLT, na Súmula nº 435 do TST, no
Código de Processo Civil de 2015 e no
Regimento Interno do TST, além da Emenda
Constitucional nº 45/2004, que consagrou o
princípio da razoável duração do processo.
Destaque-se, ainda, que o STF, em tese
vinculante no AI nº 791.292-QO-RG/PE
(Repercussão Geral), concluiu que atende a
exigência do art. 93, IX, da Constituição Federal
a técnica da motivação referenciada, a qual se
compatibiliza com os princípios da razoável
duração do processo, do devido processo legal
e da ampla defesa. Assim, não há óbice para
que fosse decidido o recurso
monocraticamente, permitindo à parte
interposição de agravo ao Colegiado, sem
prejuízo processual.
3 – De ofício, corrige-se erro material havido
na decisão monocrática para registrar que no
caso concreto deve ser reconhecida a
transcendência jurídica das matérias “DANO

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MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM


VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO”, “DANO
MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM
VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO.
QUANTIFICAÇÃO” e “MULTA POR EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS” para exame
mais detido da controvérsia devido às
peculiaridades do caso concreto. O enfoque
exegético da aferição dos indicadores de
transcendência em princípio deve ser positivo,
especialmente nos casos de alguma
complexidade, em que se torna aconselhável o
debate mais aprofundado do tema.
4 – No que se refere ao tema “PRELIMINAR DE
NULIDADE PROCESSUAL POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DANO MORAL.
QUANTIFICAÇÃO”, não caracteriza nulidade
processual eventual ausência de manifestação
do TRT sobre matéria de direito quando há a
interposição de embargos de declaração pela
parte, na medida em que tal providência atrai o
suficiente prequestionamento (Súmula nº 297,
III, do TST), autorizando o exame da matéria
pelo TST e, consequentemente, resultando na
ausência de prejuízo para a parte (art. 794 da
CLT).
5 – De tal modo, tendo em vista que a parte
procura a manifestação do Regional acerca do
arbitramento do valor indenizatório à luz do
art. 233-G da CLT e da “proporcionalidade ao
valor do salário do reclamante/recorrido” (fato
incontroverso), matéria de direito e passível de
exame pelo TST, não há prejuízo processual,
nem nulidade a ser decretada.
6 – Agravo a que se nega provimento.

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PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL POR


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA
JUDICIAL PELO SINDICATO. PROCURAÇÃO
COM TIMBRE DA ENTIDADE SINDICAL
1 – Inicialmente, anote-se que a análise da
invalidade de um ato processual depende da
aferição de existência do defeito alegado e de
suas repercussões processuais, em especial
quando se sabe que a decretação de invalidade
é última consequência que pode vir do ato
defeituoso. Nesse tocante, Fredie Didier Jr. e
Pedro Henrique Pedrosa Nogueira explanam
que “Nem todo defeito implica em invalidação: a
lei pode permitir a conversão do ato jurídico
defeituoso em outro ato jurídico (art. 170 do
Código Civil), considerar o vício irrelevante ou,
ainda, não obstante a falha, aproveitar o ato
deficiente. A invalidação é a consequência mais
drástica que pode advir da prática de um ato
jurídico defeituoso. [...] O ato processual
defeituoso produz efeitos até a decretação de sua
invalidade. [...] Toda invalidade processual precisa
ser decretada.” (Teoria dos fatos jurídicos
processuais. Salvador: Juspodivm, 2013. 2. ed. p.
73 e 79).
2 – Firmada tal premissa, observa-se que o TRT
consignou que ”o c. Tribunal Superior do
Trabalho já decidiu no sentido de que, diante da
omissão da Lei n. 5.584/70, quanto à forma a ser
observada no credenciamento dos advogados
pertencentes ao quadro do sindicato, não sendo
específica se o instrumento deveria ser assinado
pelo reclamante assistido ou mesmo pelo
sindicato, não há como exigir tal formalidade,
sendo suficiente, para comprovação da
assistência sindical, que a petição inicial ou
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mesmo o instrumento de mandato sejam feitos


em papel timbrado do sindicato, assinado o
documento por advogado com procuração”.
Anotou que “declarando o reclamante que está
devidamente assistido por sindicato de classe, e
tendo sido as peças processuais, especificamente
a petição inicial e o recurso ordinário,
confeccionadas em papel timbrado do referido
sindicato, à luz dos princípios da simplicidade e
informalidade que regem o Processo do Trabalho
resta comprovado o preenchimento dos requisitos
previstos na Lei n. 5.584/70 e Súmulas 219 e 329
do TST, o que torna devido o pagamento dos
honorários advocatícios”.
3 – Desse modo, tem-se que o TRT apreciou a
questão relativa à assistência jurídica prestada
pelo sindicato e a comprovação de tal
circunstância, conforme diversos elementos
colhidos do processo.
4 – Ademais, por se tratar de ato processual, a
procuração juntada pelo reclamante pode ser
revisitada por esta Corte, o que revela, também
por esse lado, a ausência de prejuízo.
5 – Assim, não há nulidade processual por
negativa de prestação jurisdicional a ser
decretada.
6 – Agravo a que se nega provimento.

DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA


EM VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO
1 – Consoante os termos do acórdão do TRT,
percebe-se que a condenação em danos
morais foi imposta em face das constatações
de que a reclamada teria cometido ato ilícito,
ao dispensar trabalhador dirigente eleito da
CIPA em gozo de garantia de emprego, o que,

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por sua gravidade, evidenciaria o dano moral in


re ipsa, presumido.
2 – Em análise do caso, faz-se importante
observar que os ditames constitucionais não se
limitam a expressar um poder simbólico do
Direito, conforme anota as lições do sociólogo
francês Pierre Bourdieu. Enquanto
fundamentos de nossa República Federativa
são também normas cogentes e que exigem
sua concretude. Nesse sentido, o Supremo
Tribunal Federal ao julgar a ADI 1.721 e a AI
756.861 ED, concluiu que: “Os valores sociais do
trabalho constituem: a) fundamento da República
Federativa do Brasil (inciso IV do art. 1º da CF); b)
alicerce da Ordem Econômica, que tem por
finalidade assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, e, por um
dos seus princípios, a busca do pleno emprego
(art. 170, caput e inciso VIII); c) base de toda a
Ordem Social (art. 193).” Assim, em defesa dos
princípios constitucionais fundamentos da
República Federativa do Brasil, em específico a
dignidade da pessoa humana e o valor social
do trabalho, respectivamente presentes no art.
1º, III e IV da Constituição Federal de 1988, é
que, objetivando a promoção da continuidade
da relação de emprego, o art. 7º, I, veda a
dispensa arbitrária dos empregados.
3 – Visto isso, em direção ao caso presente, o
art. 10, I, do ADCT veda a dispensa arbitrária ou
sem justa causa “do empregado eleito para cargo
de direção de comissões internas de prevenção de
acidentes, desde o registro de sua candidatura até
um ano após o final de seu mandato”. Para a
Suprema Corte, esse arcabouço principiológico,
comina, inclusive, no inciso I do art. 7º da
Magna Carta e as do art. 10 do ADCT/1988 e
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representa “um mandamento constitucional que


perpassa toda relação de emprego, no sentido de
sua desejada continuidade.”
4 – Entrementes, o ato de dispensa de um
trabalhador que goza de estabilidade e que tal
manutenção é de conhecimento prévio por
parte do empregador, caracteriza nitidamente
uma dispensa arbitrária e uma afronta a
direitos fundamentais e ao art. 165 da CLT que
de forma exemplificativa, no âmbito
infraconstitucional, qualifica como arbitrária
aquela dispensa que não se funda: a) em
motivo disciplinar; b) técnico; c) econômico ou
d) financeiro.
5 – Sobre o caso, ressalta-se, inclusive, que a
prescrição constitucional se dá em razão do
escopo da função a ser desempenhada pelo
empregado na condição cipeiro, a qual se
caracteriza, de forma geral, na fiscalização do
próprio empregador para garantia do
cumprimento das regras de proteção de saúde
e de segurança dos trabalhadores (arts. 163 a
165 da CLT e NR nº 5 da Portaria MTE nº
3.214/1978).
6 – Percebe-se assim, além da função de
proteção social da CIPA, a assunção de
responsabilidade e a subsunção a processo
eleitoral pelos trabalhadores que se dispõe a
participar de seus quadros, executando
atividade à qual o legislador constitucional
atribuiu especial relevância.
7 – Há, ainda, sob o aspecto pessoal do
empregado, a expectativa de manutenção de
uma relação de emprego guarnecida por lei.
Assim, quando o empregador, por meio de
inquestionável ato ilícito, dispensa o cipeiro em
ofensa ao art. 10, II, “a”, do ADCT, ele não
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apenas frustra o objetivo da lei e ataca a


função social de prevenção da CIPA, como
atinge diretamente o empregado, seja por lhe
impedir que desempenhe a função para a qual
foi eleito pelos seus pares, seja porque impõe-
lhe inesperada situação de desemprego.
8 – À luz de tais circunstâncias, transparece a
gravidade do ato lesivo, suficiente para que se
alcance a conclusão de ocorrência de dano
moral como consequência dele próprio.
Julgados.
9 – Agravo a que se nega provimento.

DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA


EM VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO.
QUANTIFICAÇÃO
1 – Na forma já relatada, percebe-se que a
condenação em danos morais foi imposta em
face das constatações de que a reclamada teria
cometido ato ilícito, ao dispensar trabalhador
dirigente eleito da CIPA em gozo de garantia de
emprego, o que, por sua gravidade,
evidenciaria o dano moral in re ipsa,
presumido.
2 – No que se refere aos fatos anteriores à
vigência da Lei 13.467/2017, tal como se
percebe no caso dos autos (dispensa
obstativa da garantia de emprego cipeiro
ocorrida em 20/4/2017), a fixação do
montante da indenização por danos morais,
levam-se em consideração os princípios da
proporcionalidade e da reparação integral dos
danos (arts. 5º, V, da Constituição Federal e 944
do Código Civil). A regra matriz da indenização
por danos morais (art. 5º, X, da CF) é a
dignidade da pessoa humana indicada pelo
legislador constituinte originário como um dos
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fundamentos do Estado Democrático de


Direito (art. 1º, III, da CF).
3 – Por esses motivos, de acordo com o STF,
não encontraram legitimidade na Constituição
Federal as antigas leis especiais que fixavam
valores da indenização por danos morais em
hipóteses específicas, como eram os casos da
Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967), do Código
Brasileiro de Telecomunicações (Lei
4.117/1962) e do Código Brasileiro de
Aeronáutica (Lei 7.565/1986), que compunham
o denominado “Sistema de Tarifação Legal da
Indenização” (SANSEVERINO, Paulo de Tarso.
Princípio da reparação integral: indenização no
Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010). No RE
447.584/RJ, Ministro Cezar Peluso, o STF
concluiu pela não recepção do art. 52 da Lei de
Imprensa (Lei 5250/1967) registrando que
"Toda limitação, prévia e abstrata, ao valor de
indenização por dano moral, objeto de juízo de
equidade, é incompatível com o alcance da
indenizabilidade irrestrita assegurada pela atual
Constituição da República". Na ADPF 130,
Ministro Carlo Britto, o STF decidiu pela não
recepção integral da Lei de Imprensa (Lei
5250/1967), afastando novamente a hipótese
de tabelamento do montante da indenização
por danos morais, entre outros, pelo seguinte
fundamento: “(...) A relação de proporcionalidade
entre o dano moral ou material sofrido por
alguém e a indenização que -lhe caiba receber
(quanto maior o dano maior a indenização) opera
é no âmbito interno da potencialidade da ofensa
e da concreta situação do ofendido (...)”.
4 – Sendo vedado o tabelamento do montante
da indenização por danos morais por meio de
leis infraconstitucionais, também ficou
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afastada a tarifação jurisprudencial. O método


bifásico proposto pelo Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino (STJ) recomendou a pesquisa
jurisprudencial como ponto de partida, e não
como ponto de chegada, do critério de fixação
do montante da indenização por danos morais
- assim, quando possível, uma vez coletados os
julgados sobre casos semelhantes, cabe ao
julgador sopesar os fatos e as circunstâncias
agravantes ou atenuantes do caso concreto
para decidir pelo montante mais adequado.
Justamente por não haver em princípio casos
rigorosamente idênticos, mas hipóteses
assemelhadas, é que a SBDI-1 do TST decidiu
que em regra é inviável o conhecimento do
tema por divergência jurisprudencial (mesmo
entendimento da Súmula 420 do STJ).
5 – Nas Cortes Superiores, a conclusão pela
proporcionalidade ou desproporcionalidade do
montante da indenização por danos morais
não leva em conta a expressão monetária
considerada em si mesma, mas a ponderação
entre o montante fixado e os fatos ocorridos
no caso concreto, observando-se as
peculiaridades processuais que envolvem a
matéria devolvida pela via recursal
(prequestionamento demonstrado, tipo de
impugnação apresentada, limites do pedido
etc.). Nesse contexto, majora-se o montante
quando for necessário assegurar a efetividade
das naturezas compensatória, dissuasória e
exemplar da indenização; por outro lado,
reduz-se o montante na hipótese de valores
excessivos (evitando-se o enriquecimento sem
causa do demandante ou o comprometimento
das finanças da demandada).

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6 – Não há incidência do art. 223-G da CLT ao


caso concreto, uma vez que se trata de fatos
ocorridos antes de sua vigência.
7 – À luz de tais circunstâncias, não se
constata que o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais) tenha sido arbitrado em valor
desproporcional ao dano moral suportado
quando, como já asseverado anteriormente, o
ato do empregador frustrou o objetivo da lei e
ataca a função social de prevenção da CIPA
(caráter educativo e punitivo), além de atingir o
empregado, impedindo-lhe que desempenhe a
função para a qual foi eleito pelos seus pares e
impondo-lhe inesperada situação de
desemprego (caráter compensatório).
8 – Agravo a que se nega provimento.

MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


PROTELATÓRIOS
1 – Do excerto transcrito pela parte, tem-se que
o TRT reconheceu o caráter protelatório dos
embargos de declaração e impôs a multa
prevista na legislação à reclamada.
2 – Desses termos, não se depreende ofensa
aos arts. 5º, LIV, da Constituição Federal, 897-A
da CLT e 1.026 do CPC. Ademais, o
entendimento da Súmula nº 297 do TST não
tem relação com a matéria relativa à imposição
de multa por embargos de declaração
protelatórios.
3 – Agravo a que se nega provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-488-88.2017.5.05.0132, em que
é Agravante DAX OIL REFINO S/A e Agravado MARCOS PAULO SOUSA SANTANA.

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Por meio de decisão monocrática, negou-se provimento ao


agravo de instrumento, ficando prejudicada a análise da transcendência.
A parte interpõe agravo, com a pretensão de demonstrar o
desacerto da decisão monocrática e a viabilidade do processamento do recurso de
revista denegado.
Intimada, a parte contrária não se manifestou.
É o relatório.

VOTO

1. CONHECIMENTO
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do
agravo.

2. MÉRITO
Conforme relatado, negou-se provimento ao agravo de
instrumento por decisão monocrática, ficando prejudicada a análise da transcendência,
mediante a adoção dos seguintes fundamentos:
“TEMAS DO RECURSO DE REVISTA EXAMINADOS NO DESPACHO
DENEGATÓRIO E RENOVADOS NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
No caso concreto, em juízo primeiro de admissibilidade, o TRT negou
seguimento ao RR nos seguintes termos:
‘PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o Recurso (Decisão publicada em 20/10/2021 - fl./Seq./Id.
protocolado em 04/11/2021 - fl./Seq./Id. 2128795).
Regular a representação processual, fl./Seq./Id. cf36a61 - Pág. 1.
A Parte Recorrente requer a isenção ao pagamento do depósito
recursal, argumentando que se encontra em recuperação judicial.
Ressalte-se o disposto no art. 899, §10, da CLT, verbis: "Art. 899...§10.
São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as
entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial." Constata-se
que a Parte Recorrente esta em processo de recuperação judicial,
ID.d75d291 - Pág. 12.
Desta forma, isenta a Parte Recorrente de depósito recursal.
Verifica-se, ainda, o recolhimento das custas no ID. e903b6e.
Com efeito, regular o preparo.

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PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO


TRABALHO / Atos Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação
Jurisdicional.
Com relação a todas as alegações contidas neste tópico , registre-se
que, da análise do Acórdão observa-se que, ao contrário do alegado, a
prestação jurisdicional foi plenamente entregue, conforme será
demonstrado adiante, quando do exame dos demais temas do Recurso.
As questões essenciais ao julgamento da controvérsia foram
devidamente enfrentadas pelo Colegiado, que sobre eles adotou tese
explícita, embora com resultado diverso do pretendido pela Parte
Recorrente.
O pronunciamento do Juízo encontra-se, pois, íntegro, sob o ponto de
vista formal, não sendo possível identificar qualquer vício que afronte os
dispositivos invocados.
Sob a ótica da restrição imposta pela Súmula nº 459 do TST, não se
constatam as violações apontadas.
Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano Moral.
Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano Moral
/ Valor Arbitrado.
Com relação a todas as alegações contidas neste tópico, referente a
condenação ao pagamento de dano moral e material, registre-se que o
julgamento proferido pelo Colegiado Regional está lastreado na dilação
probatória dos autos. Assim, somente com o revolvimento do substrato
fático-probatório seria possível sua reforma, aspecto que torna inviável a
admissibilidade do Apelo, inclusive por divergência jurisprudencial ,
conforme previsão contida na Súmula nº 126 da Superior Corte Trabalhista.
Registre-se, quanto ao valor arbitrado , que os fundamentos
revelados no Provimento Jurisdicional impugnado estão em sintonia com a
atual jurisprudência da mais Alta Corte Trabalhista, principalmente quando
traduz o entendimento da SDI-I, como se vê no seguinte precedente:
"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 13 . 015/2014 . DANOS
MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO
CONFIGURADA. Salvo situações teratológicas, de valores excessivamente
módicos ou estratosféricos, não cabe a esta Subseção atribuir novo valor ao
dano moral e apreciar tal matéria, impulsionada por divergência
jurisprudencial. Esta Subseção, em sessão realizada em 30/6/2011 (E-ED-RR
362340-74.2001.5.01.0241, DEJT de 29/7/2011, de relatoria do Ministro
Milton de Moura França), procedeu a intenso debate sobre as variáveis a se
considerar no cotejo dos paradigmas a tratarem do tema, concluindo que a
diversidade do quadro fático impede o reconhecimento de especificidade
entre os modelos. Evidentemente, hão de ser levados em conta não apenas
o caráter profilático ou a natureza também punitiva dessa reparação por
dano moral, mas, sobretudo, aqueles dados referentes à condição
econômica do ofensor e ao grau de lesividade da ofensa e da culpa desse

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empregador. São muitas variáveis que possuem vinculação imediata com a


causa e com os sujeitos da causa. No caso, nenhum dos arestos paradigmas
revela-se específico nos termos da Súmula 296, I, do TST. Recurso de
embargos não conhecido.(...)" (E-RR-1780-33.2010.5.09.0459, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto César Leite
de Carvalho, DEJT 30/09/2016)."
A revisão do Julgado em sede de Recurso de Revista mostra-se
inviável, sob quaisquer alegações, inclusive por dissenso pretoriano ,
consoante regra do art. 896, §7º, da CLT e o teor da Súmula nº 333 do TST.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e Procuradores /
Sucumbência / Honorários Advocatícios.
Verifica-se que dirimida a controvérsia mediante aplicação da
solução que melhor se ajusta ao caso concreto, não se observa possível
violação aos dispositivos constitucionais e legais invocados, assim como
possível contrariedade à jurisprudência uniformizada do TST, inviabilizando
a admissibilidade do Recurso de Revista.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades Processuais
/ Multa por ED Protelatórios.
Com relação a todas as alegações contidas neste tópico, registre-se
que os fundamentos revelados no Provimento Jurisdicional impugnado
estão em sintonia com a atual jurisprudência da mais Alta Corte
Trabalhista, principalmente quando traduz o entendimento da SDI-I, como
se vê no seguinte precedente:
NA VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO DESPROVIDOS. MULTA PELA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS. Não existindo omissão a ser sanada na
decisão embargada, em que se analisaram todas as matérias arguidas por
inteiro e de forma fundamentada, são absolutamente descabidos e
meramente procrastinatórios os embargos de declaração nos quais a parte
visa apenas polemizar com o julgador naquilo que por ele já foi apreciado e
decidido de forma clara, coerente e completa. Flagrante, pois, a natureza
manifestamente protelatória dos embargos de declaração interpostos pela
reclamada, deve ser-lhe aplicada a multa de 2% sobre o valor atualizado da
causa, nos termos dispostos no artigo 1.026, § 2º, do NCPC, a ser
oportunamente acrescida ao montante da condenação. Embargos de
declaração desprovidos, aplicando-se a multa de 2% sobre o valor
atualizado da causa em favor do reclamante. (ED-AgR-E-RR - 2159-
23.2012.5.11.0014, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 09/06/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Data de Publicação: DEJT 17/06/2016)
A revisão do Julgado em sede de Recurso de Revista mostra-se
inviável, sob qualquer alegação, inclusive por dissenso pretoriano, incidindo
no caso concreto a Súmula nº 333 do TST.
CONCLUSÃO

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instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.14

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-488-88.2017.5.05.0132

DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.’

A partir do exame do despacho denegatório e do acórdão recorrido,


assim como das alegações recursais, não se constata a viabilidade do recurso
de revista, convergindo-se para a mesma linha de conclusão do despacho
agravado. Prejudicada a análise da transcendência.
No juízo definitivo de admissibilidade no TST somente podem ser
examinados os temas constantes no RR, que tenham sido examinados no
despacho agravado e renovados no AIRR. Incide o óbice da preclusão quanto
aos temas não renovados no AIRR e quanto aos temas não examinados no
despacho agravado, em relação aos quais não foram opostos embargos de
declaração. Também não se admite o exame de temas inovatórios no AIRR,
mas que não constaram no RR.
Na vigência da Instrução Normativa nº 40 do TST, a arguição de nulidade
da decisão agravada pressupõe a prévia oposição de embargos de declaração
na instância ordinária, sob pena de preclusão, a qual inviabiliza a aferição de
eventual afronta aos arts. 93, IX, da Constituição Federal, 458 do CPC de 1973
(art. 489 do CPC de 2015) e 832 da CLT. E não há nulidade quando o TRT faz o
juízo de admissibilidade nos termos alegados nas razões recursais.
O juízo primeiro de admissibilidade do RR exercido no TRT está previsto
no § 1o do art. 896 da CLT. Compete à Corte regional examinar os
pressupostos extrínsecos e intrínsecos do recurso de revista, não havendo
nesse particular a usurpação de competência funcional do TST, tampouco a
afronta às garantias constitucionais do devido processo legal, do acesso à
justiça, do duplo grau de jurisdição, do contraditório e da ampla defesa.
O STF, em tese vinculante no AI-QO no 791.292-PE (Repercussão Geral),
concluiu que atende a exigência do art. 93, IX, da Constituição Federal
(exigência de motivação das decisões judiciais) a técnica da motivação
referenciada (fundamentação per relationem), a qual se compatibiliza com os
princípios da razoável duração do processo, do devido processo legal e da
ampla defesa (art. 5o, LIV, LV e LXXVIII, da Constituição Federal). O STF
manteve o mesmo posicionamento inclusive na vigência do CPC de 2015 (ARE
1346046 AgR, Rel. Min. NUNES MARQUES, Segunda Turma, julgado em
13/06/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 20-06-2022 PUBLIC 21-
06-2022); RHC 113308, Relator p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Primeira
Turma, julgado em 29/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-105 DIVULG 01-
06-2021 PUBLIC 02-06-2021). A SBDI-1 do TST, a qual uniformiza o
entendimento das Turmas, também admite a técnica da motivação
referenciada na vigência do CPC de 2015 (AG-E-RR-2362-24.2011.5.032.0061,
Rel. Min. Cláudio Brandão, DEJT de 30/08/2018; AG-AIRR-11053-
76.2014.5.15.0120, Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, DEJT de 08/11/2019).
CONCLUSÃO

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Pelo exposto, nego provimento ao agravo de instrumento quanto ao(s)


tema(s) analisado(s), com amparo nos arts. 118, X, e 255, III, a, do RITST e 932,
VIII, do CPC.”

Inicialmente, vale salientar que a delegação de competência ao


relator para decidir monocraticamente encontra respaldo no art. 896, § 14, da CLT, na
Súmula nº 435 do TST, no Código de Processo Civil de 2015 e no Regimento Interno do
TST, além da Emenda Constitucional nº 45/2004, que consagrou o princípio da razoável
duração do processo. Destaque-se, ainda, que o STF, em tese vinculante no AI nº
791.292-QO-RG/PE (Repercussão Geral), concluiu que atende a exigência do art. 93, IX,
da Constituição Federal a técnica da motivação referenciada, a qual se compatibiliza
com os princípios da razoável duração do processo, do devido processo legal e da
ampla defesa.
Assim, não há óbice para que fosse decidido o recurso
monocraticamente, permitindo à parte interposição de agravo ao Colegiado, sem
prejuízo processual.
De ofício, corrige-se erro material havido na decisão
monocrática para registrar que no caso concreto deve ser reconhecida a
transcendência jurídica das matérias “DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM
VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO”, “DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA
EM VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO. QUANTIFICAÇÃO” e “MULTA POR
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS” para exame mais detido da controvérsia
devido às peculiaridades do caso concreto.
O enfoque exegético da aferição dos indicadores de
transcendência em princípio deve ser positivo, especialmente nos casos de alguma
complexidade, em que se torna aconselhável o debate mais aprofundado do tema.

2.1. PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL POR NEGATIVA


DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DANO MORAL. QUANTIFICAÇÃO
A reclamada argui preliminar de nulidade processual por
negativa de prestação jurisdicional sob o argumento de que, não obstante a
interposição de embargos de declaração, o TRT teria deixado de se manifestar acerca
de questões relevantes para a solução do processo.

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Aduz que o TRT deixou de apresentar as razões pelas quais


arbitrou a indenização por dano moral em R$ 20.000,00, principalmente ao que dispõe
o art. 233-G da CLT.
Indica violação dos arts. 93, IX, da Constituição Federal, entre
outros.
Ao exame.
Acerca do tema, o TRT consignou as seguintes razões de
decidir:
“[...]
Examino.
De fato, considerando que a dispensa ocorreu no curso do período da
estabilidade, defere-se, nos termos postulados na inicial, o pagamento dos
salários e consectários referentes ao período compreendido entre a data da
dispensa (20/04/2017) e a reintegração, efetivada em 19/10/2017, conforme
certidão de Id 2e0eb14, com a dedução dos valores comprovadamente
adimplidos a título de verbas rescisórias (Id c9f0146).
De outro lado, com relação ao dano moral, penso que a sentença
merece ser reformada, ainda que parcialmente.
Sabe-se que a indenização por danos morais é um dos principais efeitos
conexos passíveis de ocorrência no contrato de emprego.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, operou-se uma
série de mudanças normativas, alçando o ser humano à condição de maior
importância, com destaque para a proteção de sua dignidade.
Uma das facetas deste novo paradigma foi a proteção conferida aos
direitos da personalidade, os quais adquiriram status constitucional,
positivando-se no art. 5º, X, CF, ao prever que: "todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos: o (...) omissis
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;" Com efeito, a proteção conferida aos direitos da
personalidade surtiu efeitos na relação laboral, atuando como contraponto
jurídico, em relação ao exercício dos poderes diretivo, normativo, fiscalizatório
e disciplinar por parte do empregador.
Assim, o reconhecimento de que a afronta a direitos de personalidade
do trabalhador pode redundar na prática de ato ilícito, conforme regramento
contido no art. 187 do Código Civil.
Por sua vez, para que o dano moral enseje o dever de indenizar é
necessário o preenchimento concomitante de alguns requisitos, como quando
configurado o prejuízo, além do nexo causal e culpa, aliados aos critérios de
uma responsabilidade subjetiva, em regra.
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Logo, evidencia-se que não basta a ocorrência de qualquer dano, por si


só, para que seja deferida a pretensão indenizatória, mas que tenha havido
uma relação de causalidade entre a conduta do empregador e o dano sofrido
pelo empregado (nexo causal), bem como a culpabilidade do agente causador
- empregador ou seus prepostos.
Ainda temos a hipótese de um tipo de dano moral presumido, ou seja,
in re ipsa, que prescinde de requisitos outros, eis que restaria configurado
pela força do próprio ato em si perpetrado, independente da comprovação de
culpa, diante da presunção do abalo e prejuízo que presumidamente já
ocasionaria em todo e qualquer ser humano.
Dito isso, observo que não há prova nos autos da "perseguição" a que
se reporta o reclamante, sendo que a reversão da dispensa por justa causa,
de per si, nas peculiaridades do caso concreto, em que ficou provada a
conduta do autor em subtrair documentos da empresa sem a devida
autorização, ainda que "temporariamente" e sem efetivo prejuízo, no modo
constatado, diante da conjuntura fática já delineada, embora não justificasse a
penalidade aplicada, na desproporcionalidade constatada, não seria capaz de
configurar lesão grave e de ordem moral apta a justificar a indenização
pleiteada, até porque já há penalidade expressa para a hipótese.
Contudo, penso que faz jus o autor a indenização por dano moral por
ter sido ilegalmente despedido, enquanto detentor de estabilidade provisória
de emprego, restando evidente que a Ré cometeu ato ilícito (art. 186 do CC)
ao provocar a dissolução contratual, causando-lhe, assim, dano in re ipsa de
natureza extrapatrimonial (moral).
Reformo para deferir uma indenização por danos morais no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais).”

Nesse tocante, é relevante o registro de que a decretação de


nulidades no processo exige, entre outros fatores, a existência de prejuízo à parte em
razão do ato defeituoso. No caso do processo do trabalho, tal previsão consta
expressamente no art. 794 da CLT.
Nesse sentido, Fredie Didier Jr. e Pedro Henrique Pedrosa
Nogueira explanam que “a invalidade processual é sanção que somente pode ser aplicada
se houver a conjugação do defeito do ato processual (pouco importa a gravidade do defeito)
com a existência de prejuízo. Não há invalidade processual sem prejuízo (pas de nullité sans
grief). A invalidade processual é sanção que decorre da incidência de regra jurídica sobre um
suporte fático composto: defeito + prejuízo”. (Teoria dos fatos jurídicos processuais. Salvador:
Juspodivm, 2013. 2. ed. p. 83)
Nesse passo, não caracteriza nulidade processual eventual
ausência de manifestação do TRT sobre matéria de direito quando há a interposição de
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embargos de declaração pela parte, na medida em que tal providência atrai o suficiente
prequestionamento (Súmula nº 297, III, do TST), autorizando o exame da matéria pelo
TST e, consequentemente, resultando na ausência de prejuízo para a parte (art. 794 da
CLT).
De tal modo, tendo em vista que a parte procura a manifestação
do Regional acerca do arbitramento do valor indenizatório à luz do art. 233-G da CLT e
da “proporcionalidade ao valor do salário do reclamante/recorrido” (fato incontroverso),
matéria de direito e passível de exame pelo TST, não há prejuízo processual, nem
nulidade a ser decretada.
Nego provimento.

2.2 PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL POR NEGATIVA


DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA
JUDICIAL PELO SINDICATO. PROCURAÇÃO COM TIMBRE DA ENTIDADE SINDICAL
A reclamada argui preliminar de nulidade processual por
negativa de prestação jurisdicional sob o argumento de que, não obstante a
interposição de embargos de declaração, o TRT teria deixado de se manifestar acerca
de questões relevantes para a solução do processo.
Argumenta que o Regional não consignou que a procuração
outorgada pelo reclamante para os advogados que patrocinam sua causa não traz o
timbre do sindicato profissional.
Indica violação dos arts. 93, IX, da Constituição Federal, entre
outros.
Ao exame.
A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria, a
reclamada transcreveu no recurso de revista o seguinte trecho do acórdão recorrido:
“Quanto aos honorários advocatícios, tendo em vista o ajuizamento da
ação anteriormente à Lei n. 13.467/2017, e, nos termos do art. 6º da IN n.
41/2018 do TST, continua prevalecendo a tese, deste e. TRT5, no sentido de
que a possibilidade de deferimento da verba, nesta Especializada, cinge-se às
hipóteses em que a parte está assistida pelo sindicato da categoria e recebe o
benefício de gratuidade judiciária (Súmula 219 do TST), ou quando se discute
uma relação de trabalho, conforme orientação traçada pelo TST na Instrução
Normativa 27.

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Com isso, a verba honorária é devida quando preenchidos os


requisitos tratados pela Súmula citada, o que justamente ocorreu nos
autos.
Nesses termos foi aprovado verbete para compor súmula deste Quinto
Regional no julgamento do Incidente de Uniformização de jurisprudência nº
0000478-23.2015.5.05.0000, litteris:
[...]
Com efeito, o c. Tribunal Superior do Trabalho já decidiu no sentido
de que, diante da omissão da Lei n. 5.584/70, quanto à forma a ser
observada no credenciamento dos advogados pertencentes ao quadro do
sindicato, não sendo específica se o instrumento deveria ser assinado
pelo reclamante assistido ou mesmo pelo sindicato, não há como exigir
tal formalidade, sendo suficiente, para comprovação da assistência
sindical, que a petição inicial ou mesmo o instrumento de mandato
sejam feitos em papel timbrado do sindicato, assinado o documento por
advogado com procuração.
Neste sentido, confiram-se as ementas transcritas a seguir:
[...]
Destarte, declarando o reclamante que está devidamente assistido
por sindicato de classe, e tendo sido as peças processuais,
especificamente a petição inicial e o recurso ordinário, confeccionadas
em papel timbrado do referido sindicato, à luz dos princípios da
simplicidade e informalidade que regem o Processo do Trabalho resta
comprovado o preenchimento dos requisitos previstos na Lei n. 5.584/70
e Súmulas 219 e 329 do TST, o que torna devido o pagamento dos
honorários advocatícios.
Dito isto, dou provimento ao apelo, no particular, pa ra condenar a
reclamada no pagamento de honorários advocatícios em favor do
sindicato que assiste a parte autora, no percentual de 15% (quinze por
cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, § 3o, inciso I do
CPC/2015.
Sentença reformada. [...].”

Inicialmente, anote-se que a análise da invalidade de um ato


processual depende da aferição de existência do defeito alegado e de suas
repercussões processuais, em especial quando se sabe que a decretação de invalidade
é última consequência que pode vir do ato defeituoso.
Nesse tocante, Fredie Didier Jr. e Pedro Henrique Pedrosa
Nogueira explanam que “Nem todo defeito implica em invalidação: a lei pode permitir a
conversão do ato jurídico defeituoso em outro ato jurídico (art. 170 do Código Civil),
considerar o vício irrelevante ou, ainda, não obstante a falha, aproveitar o ato deficiente. A

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invalidação é a consequência mais drástica que pode advir da prática de um ato jurídico
defeituoso. [...] O ato processual defeituoso produz efeitos até a decretação de sua
invalidade. [...] Toda invalidade processual precisa ser decretada.” (Teoria dos fatos jurídicos
processuais. Salvador: Juspodivm, 2013. 2. ed. p. 73 e 79).
Firmada tal premissa, observa-se que o TRT consignou que ”o c.
Tribunal Superior do Trabalho já decidiu no sentido de que, diante da omissão da Lei n.
5.584/70, quanto à forma a ser observada no credenciamento dos advogados pertencentes
ao quadro do sindicato, não sendo específica se o instrumento deveria ser assinado pelo
reclamante assistido ou mesmo pelo sindicato, não há como exigir tal formalidade, sendo
suficiente, para comprovação da assistência sindical, que a petição inicial ou mesmo o
instrumento de mandato sejam feitos em papel timbrado do sindicato, assinado o
documento por advogado com procuração”.
Anotou que “declarando o reclamante que está devidamente
assistido por sindicato de classe, e tendo sido as peças processuais, especificamente a
petição inicial e o recurso ordinário, confeccionadas em papel timbrado do referido
sindicato, à luz dos princípios da simplicidade e informalidade que regem o Processo do
Trabalho resta comprovado o preenchimento dos requisitos previstos na Lei n. 5.584/70 e
Súmulas 219 e 329 do TST, o que torna devido o pagamento dos honorários advocatícios”.
Desse modo, tem-se que o TRT apreciou a questão relativa à
assistência jurídica prestada pelo sindicato e a comprovação de tal circunstância,
conforme diversos elementos colhidos do processo.
Ademais, por se tratar de ato processual, a procuração juntada
pelo reclamante pode ser revisitada por esta Corte, o que revela, também por esse lado,
a ausência de prejuízo.
Assim, não há nulidade processual por negativa de prestação
jurisdicional a ser decretada.
Nego provimento.

2.3. DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM


VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO
A parte alega que a circunstância de o reclamante haver sido
dispensado quando em gozo de garantia de emprego do cipeiro não evidenciaria dano
moral, o qual demandaria prova de sua ocorrência, a encargo do reclamante.

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Indica violação dos arts. 186 e 927 do Código Civil e divergência


jurisprudencial em relação aos arestos que aponta.
Ao exame.
A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria, a
reclamada transcreveu no recurso de revista o seguinte trecho do acórdão recorrido:
“DANOS MATERIAIS E MORAIS
O reclamante, por sua vez, pretende indenização por danos morais e
materiais.
[...] Examino.
De fato, considerando que a dispensa ocorreu no curso do período da
estabilidade, defere-se, nos termos postulados na inicial, o pagamento dos
salários e consectários referentes ao período compreendido entre a data da
dispensa (20/04/2017) e a reintegração, efetivada em 19/10/2017, conforme
certidão de Id 2e0eb14, com a dedução dos valores comprovadamente
adimplidos a título de verbas rescisórias (Id c9f0146).
De outro lado, com relação ao dano moral, penso que a sentença
merece ser reformada, ainda que parcialmente.
Sabe-se que a indenização por danos morais é um dos principais efeitos
conexos passíveis de ocorrência no contrato de emprego.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, operou-se uma
série de mudanças normativas, alçando o ser humano à condição de maior
importância, com destaque para a proteção de sua dignidade.
Uma das facetas deste novo paradigma foi a proteção conferida aos
direitos da personalidade, os quais adquiriram status constitucional,
positivando-se no art. 5º, X, CF, ao prever que: "todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:
(...) omissis
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;"
Com efeito, a proteção conferida aos direitos da personalidade surtiu efeitos
na relação laboral, atuando como contraponto jurídico, em relação ao
exercício dos poderes diretivo, normativo, fiscalizatório e disciplinar por parte
do empregador. Assim, o reconhecimento de que a afronta a direitos de
personalidade do trabalhador pode redundar na prática de ato ilícito,
conforme regramento contido no art. 187 do Código Civil.
Por sua vez, para que o dano moral enseje o dever de indenizar é
necessário o preenchimento concomitante de alguns requisitos, como quando
configurado o prejuízo, além do nexo causal e culpa, aliados aos critérios de
uma responsabilidade subjetiva, em regra.

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instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-488-88.2017.5.05.0132

Logo, evidencia-se que não basta a ocorrência de qualquer dano, por si


só, para que seja deferida a pretensão indenizatória, mas que tenha havido
uma relação de causalidade entre a conduta do empregador e o dano sofrido
pelo empregado (nexo causal), bem como a culpabilidade do agente causador
- empregador ou seus prepostos.
Ainda temos a hipótese de um tipo de dano moral presumido, ou seja,
in re ipsa, que prescinde de requisitos outros, eis que restaria configurado
pela força do próprio ato em si perpetrado, independente da comprovação de
culpa, diante da presunção do abalo e prejuízo que presumidamente já
ocasionaria em todo e qualquer ser humano.
Dito isso, observo que não há prova nos autos da "perseguição" a
que se reporta o reclamante, sendo que a reversão da dispensa por justa
causa, de per si, nas peculiaridades do caso concreto, em que ficou
provada a conduta do autor em subtrair documentos da empresa sem a
devida autorização, ainda que "temporariamente" e sem efetivo
prejuízo, no modo constatado, diante da conjuntura fática já delineada,
embora não justificasse a penalidade aplicada, na desproporcionalidade
constatada, não seria capaz de configurar lesão grave e de ordem moral
apta a justificar a indenização pleiteada, até porque já há penalidade
expressa para a hipótese.
Contudo, penso que faz jus o autor a indenização por dano moral
por ter sido ilegalmente despedido, enquanto detentor de estabilidade
provisória de emprego, restando evidente que a Ré cometeu ato ilícito
(art. 186 do CC) ao provocar a dissolução contratual, causando-lhe, assim,
dano in re ipsa de natureza extrapatrimonial (moral).
Reformo para deferir uma indenização por danos morais no valor
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).” (ID. d75d291 - Pág. 23 a 26 - grifos
acrescidos)

Consoante os termos do acórdão do TRT, percebe-se que a


condenação em danos morais foi imposta em face das constatações de que a
reclamada teria cometido ato ilícito, ao dispensar trabalhador dirigente eleito da CIPA
em gozo de garantia de emprego, o que, por sua gravidade, evidenciaria o dano moral
in re ipsa, presumido.
Em análise do caso, faz-se importante observar que os ditames
constitucionais não se limitam a expressar um poder simbólico do Direito, conforme
anota as lições do sociólogo francês Pierre Bourdieu. Enquanto fundamentos de nossa
República Federativa são também normas cogentes e que exigem sua concretude.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI 1.721
e a AI 756.861 ED, concluiu que: “Os valores sociais do trabalho constituem: a) fundamento

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da República Federativa do Brasil (inciso IV do art. 1º da CF); b) alicerce da Ordem


Econômica, que tem por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, e, por um dos seus princípios, a busca do pleno emprego (art. 170, caput e
inciso VIII); c) base de toda a Ordem Social (art. 193).”
Assim, em defesa dos princípios constitucionais fundamentos da
República Federativa do Brasil, em específico a dignidade da pessoa humana e o valor
social do trabalho, respectivamente presentes no art. 1º, III e IV da Constituição Federal
de 1988, é que, objetivando a promoção da continuidade da relação de emprego, o art.
7º, I, veda a dispensa arbitrária dos empregados.
Visto isso, em direção ao caso presente, o art. 10, I, do ADCT veda
a dispensa arbitrária ou sem justa causa “do empregado eleito para cargo de direção de
comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um
ano após o final de seu mandato”.
Para a Suprema Corte, esse arcabouço principiológico, comina,
inclusive, no inciso I do art. 7º da Magna Carta e as do art. 10 do ADCT/1988 e
representa “um mandamento constitucional que perpassa toda relação de emprego, no
sentido de sua desejada continuidade.”
Entrementes, o ato de dispensa de um trabalhador que goza de
estabilidade e que tal manutenção é de conhecimento prévio por parte do empregador,
caracteriza nitidamente uma dispensa arbitrária e uma afronta a direitos fundamentais
e ao art. 165 da CLT que de forma exemplificativa, no âmbito infraconstitucional,
qualifica como arbitrária aquela dispensa que não se funda: a) em motivo disciplinar; b)
técnico; c) econômico ou d) financeiro.
Sobre o caso, ressalta-se, inclusive, que a prescrição
constitucional se dá em razão do escopo da função a ser desempenhada pelo
empregado na condição cipeiro, a qual se caracteriza, de forma geral, na fiscalização do
próprio empregador para garantia do cumprimento das regras de proteção de saúde e
de segurança dos trabalhadores (arts. 163 a 165 da CLT e NR nº 5 da Portaria MTE nº
3.214/1978).
Percebe-se assim, além da função de proteção social da CIPA, a
assunção de responsabilidade e a subsunção a processo eleitoral pelos trabalhadores
que se dispõe a participar de seus quadros, executando atividade à qual o legislador
constitucional atribuiu especial relevância.

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Há, ainda, sob o aspecto pessoal do empregado, a expectativa de


manutenção de uma relação de emprego guarnecida por lei. Assim, quando o
empregador, por meio de inquestionável ato ilícito, dispensa o cipeiro em ofensa ao art.
10, II, “a”, do ADCT, ele não apenas frustra o objetivo da lei e ataca a função social de
prevenção da CIPA, como atinge diretamente o emprego, seja por lhe impedir que
desempenhe a função para a qual foi eleito pelos seus pares, seja porque impõe-lhe
inesperada situação de desemprego.
À luz de tais circunstâncias, transparece a gravidade do ato
lesivo, suficiente para que se alcance a conclusão de ocorrência de dano moral como
consequência dele próprio.
Nesse mesmo diapasão, alguns julgados desta Corte:
"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO PELA RECLAMADA NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017[...] 5 -
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DA DISPENSA ILEGAL.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. A decisão regional, no sentido de que a dispensa
ilegal do reclamante, portador de estabilidade provisória do cipeiro, autoriza a
condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais,
não viola os dispositivos legais e constitucionais invocados. Quanto ao valor
arbitrado a título de reparação por dano moral - R$ 5.000,00-, não se mostra
irrisório ou excessivamente elevado a ponto de se o conceber
desproporcional. Incólumes os dispositivos tidos por violados. Agravo não
provido. [...]" (Ag-AIRR-179-98.2011.5.05.0028, 8ª Turma, Relatora Ministra
Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 01/02/2023).
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017 . 1. ESTABILIDADE
PROVISÓRIA. CIPA. ARTIGO 10, II, "A", DO ADCT DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 2.
RESPONSABILIDADE CIVIL DA RECLAMADA. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. 3. VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS . A conquista e afirmação da dignidade da pessoa humana não mais
podem se restringir à sua liberdade e intangibilidade física e psíquica,
envolvendo, naturalmente, também a conquista e afirmação de sua
individualidade no meio econômico e social, com repercussões positivas
conexas no plano cultural - o que se faz, de maneira geral, considerado o
conjunto mais amplo e diversificado das pessoas, mediante o trabalho e,
particularmente, o emprego. O direito à indenização por dano moral encontra
amparo no art. 5º, V e X, da Constituição da República; e no art. 186 do
CCB/2002, bem como nos princípios basilares da nova ordem constitucional,
mormente naqueles que dizem respeito à proteção da dignidade humana, da
inviolabilidade (física e psíquica) do direito à vida, do bem-estar individual (e
social), da segurança física e psíquica do indivíduo, além da valorização do
trabalho humano. O patrimônio moral da pessoa humana envolve todos
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esses bens imateriais, consubstanciados, pela Constituição, em princípios


fundamentais. Afrontado esse patrimônio moral, em seu conjunto ou em
parte relevante, cabe a indenização por dano moral, deflagrada pela
Constituição de 1988. Para a caracterização do dano moral, é preciso a
conjugação de três requisitos: a comprovação do dano; nexo de causalidade
entre a conduta do empregador e o dano sofrido; e a culpa (tendo o art. 927
do Código Civil introduzido, excepcionalmente, a responsabilidade objetiva,
sem culpa, nas situações mais raras aventadas por aquela regra legal). Na
hipótese dos autos , pelos termos do acórdão recorrido, observa-se que a
dispensa do Reclamante se deu por meio de artificio ardiloso , de modo a
evitar possível estabilidade no emprego . Extrai-se do acórdão que "o
reclamante sofreu dispensa discriminatória e obstativa de direito, pois a
reclamada visou impedir que se candidatasse à CIPA" . Assim, conforme
registrou o TRT, " restou provada e caracterizada a conduta lesiva ao
reclamante, passível de gerar os danos psíquicos e morais alegados na inicial,
que devem acarretar a fixação de indenização, inclusive para que a conduta
do reclamado não mais seja passível de repetição ". Portanto, deve ser
mantida a conclusão do Regional, mesmo porque a adoção de entendimento
diverso implicaria, necessariamente, o revolvimento de fatos e provas,
procedimento vedado nesta instância extraordinária de jurisdição, a teor da
Súmula 126/TST. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-10666-
82.2014.5.15.0113, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado,
DEJT 13/03/2020).

Caracterizado o dano, não há ofensa aos arts. 186 e 927 do


Código Civil. Destaque-se que os arestos colacionados para demonstração de
divergência jurisprudencial não trazem a necessária especificidade a que alude a
Súmula nº 296, I, do TST, pois não revelam as mesmas circunstâncias fáticas vistas
nestes autos.
Nego provimento.

2.4. DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM


VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE EMPREGO. QUANTIFICAÇÃO
A reclamada sustenta que o valor de R$ 20.000,00 reais arbitrado
à indenização por dano moral é excessiva e revela enriquecimento sem causa. Indica
violação dos arts. 8º e 223-G, §1º, I, da CLT.
Ao exame.
A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria, a
reclamada transcreveu no recurso de revista o seguinte trecho do acórdão recorrido:
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“DANOS MATERIAIS E MORAIS


O reclamante, por sua vez, pretende indenização por danos morais e
materiais.
[...] Examino.
De fato, considerando que a dispensa ocorreu no curso do período da
estabilidade, defere-se, nos termos postulados na inicial, o pagamento dos
salários e consectários referentes ao período compreendido entre a data da
dispensa (20/04/2017) e a reintegração, efetivada em 19/10/2017, conforme
certidão de Id 2e0eb14, com a dedução dos valores comprovadamente
adimplidos a título de verbas rescisórias (Id c9f0146).
De outro lado, com relação ao dano moral, penso que a sentença
merece ser reformada, ainda que parcialmente.
Sabe-se que a indenização por danos morais é um dos principais efeitos
conexos passíveis de ocorrência no contrato de emprego.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, operou-se uma
série de mudanças normativas, alçando o ser humano à condição de maior
importância, com destaque para a proteção de sua dignidade.
Uma das facetas deste novo paradigma foi a proteção conferida aos
direitos da personalidade, os quais adquiriram status constitucional,
positivando-se no art. 5º, X, CF, ao prever que: "todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:
(...) omissis
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;"
Com efeito, a proteção conferida aos direitos da personalidade surtiu efeitos
na relação laboral, atuando como contraponto jurídico, em relação ao
exercício dos poderes diretivo, normativo, fiscalizatório e disciplinar por parte
do empregador. Assim, o reconhecimento de que a afronta a direitos de
personalidade do trabalhador pode redundar na prática de ato ilícito,
conforme regramento contido no art. 187 do Código Civil.
Por sua vez, para que o dano moral enseje o dever de indenizar é
necessário o preenchimento concomitante de alguns requisitos, como quando
configurado o prejuízo, além do nexo causal e culpa, aliados aos critérios de
uma responsabilidade subjetiva, em regra.
Logo, evidencia-se que não basta a ocorrência de qualquer dano, por si
só, para que seja deferida a pretensão indenizatória, mas que tenha havido
uma relação de causalidade entre a conduta do empregador e o dano sofrido
pelo empregado (nexo causal), bem como a culpabilidade do agente causador
- empregador ou seus prepostos.
Ainda temos a hipótese de um tipo de dano moral presumido, ou seja,
in re ipsa, que prescinde de requisitos outros, eis que restaria configurado

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pela força do próprio ato em si perpetrado, independente da comprovação de


culpa, diante da presunção do abalo e prejuízo que presumidamente já
ocasionaria em todo e qualquer ser humano.
Dito isso, observo que não há prova nos autos da "perseguição" a
que se reporta o reclamante, sendo que a reversão da dispensa por justa
causa, de per si, nas peculiaridades do caso concreto, em que ficou
provada a conduta do autor em subtrair documentos da empresa sem a
devida autorização, ainda que "temporariamente" e sem efetivo
prejuízo, no modo constatado, diante da conjuntura fática já delineada,
embora não justificasse a penalidade aplicada, na desproporcionalidade
constatada, não seria capaz de configurar lesão grave e de ordem moral
apta a justificar a indenização pleiteada, até porque já há penalidade
expressa para a hipótese.
Contudo, penso que faz jus o autor a indenização por dano moral
por ter sido ilegalmente despedido, enquanto detentor de estabilidade
provisória de emprego, restando evidente que a Ré cometeu ato ilícito
(art. 186 do CC) ao provocar a dissolução contratual, causando-lhe, assim,
dano in re ipsa de natureza extrapatrimonial (moral).
Reformo para deferir uma indenização por danos morais no valor
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).” (ID. d75d291 - Pág. 23 a 26 - grifos
acrescidos)

Na forma já relatada, percebe-se que a condenação em danos


morais foi imposta em face das constatações de que a reclamada teria cometido ato
ilícito, ao dispensar trabalhador dirigente eleito da CIPA em gozo de garantia de
emprego, o que, por sua gravidade, evidenciaria o dano moral in re ipsa, presumido.
No que se refere aos fatos anteriores à vigência da Lei
13.467/2017, tal como se percebe no caso dos autos (dispensa obstativa da
garantia de emprego cipeiro ocorrida em 20/4/2017), a fixação do montante da
indenização por danos morais, levam-se em consideração os/princípios da
proporcionalidade e da reparação integral dos danos (arts. 5º, V, da Constituição Federal
e 944 do Código Civil).
A regra matriz da indenização por danos morais (art. 5º, X, da CF)
é a dignidade da pessoa humana indicada pelo legislador constituinte originário como
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito (art. 1º, III, da CF).
Por esses motivos, de acordo com o STF, não encontraram
legitimidade na Constituição Federal as antigas leis especiais que fixavam valores da
indenização por danos morais em hipóteses específicas, como eram os casos da Lei de
Imprensa (Lei 5.250/1967), do Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/1962) e
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do Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565/1986), que compunham o denominado


“Sistema de Tarifação Legal da Indenização” (SANSEVERINO, Paulo de Tarso. Princípio da
reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010).
No RE 447.584/RJ, Ministro Cezar Peluso, o STF concluiu pela não
recepção do art. 52 da Lei de Imprensa (Lei 5250/1967) registrando que "Toda limitação,
prévia e abstrata, ao valor de indenização por dano moral, objeto de juízo de equidade, é
incompatível com o alcance da indenizabilidade irrestrita assegurada pela atual Constituição
da República".
Na ADPF 130, Ministro Carlo Britto, o STF decidiu pela não
recepção integral da Lei de Imprensa (Lei 5250/1967), afastando novamente a hipótese
de tabelamento do montante da indenização por danos morais, entre outros, pelo
seguinte fundamento: “(...) A relação de proporcionalidade entre o dano moral ou material
sofrido por alguém e a indenização que lhe caiba receber (quanto maior o dano maior a
indenização) opera é no âmbito interno da potencialidade da ofensa e da concreta situação
do ofendido (...)”.
Sendo vedado o tabelamento do montante da indenização por
danos morais por meio de leis infraconstitucionais, também ficou afastada a tarifação
jurisprudencial. O método bifásico proposto pelo Ministro Paulo de Tarso Sanseverino
(STJ) recomendou a pesquisa jurisprudencial como ponto de partida, e não como ponto
de chegada, do critério de fixação do montante da indenização por danos morais -
assim, quando possível, uma vez coletados os julgados sobre casos semelhantes, cabe
ao julgador sopesar os fatos e as circunstâncias agravantes ou atenuantes do caso
concreto para decidir pelo montante mais adequado. Justamente por não haver em
princípio casos rigorosamente idênticos, mas hipóteses assemelhadas, é que a SBDI-1
do TST decidiu que em regra é inviável o conhecimento do tema por divergência
jurisprudencial (mesmo entendimento da Súmula 420 do STJ).
Nas Cortes Superiores, a conclusão pela proporcionalidade ou
desproporcionalidade do montante da indenização por danos morais não leva em conta
a expressão monetária considerada em si mesma, mas a ponderação entre o montante
fixado e os fatos ocorridos no caso concreto, observando-se as peculiaridades
processuais que envolvem a matéria devolvida pela via recursal (prequestionamento
demonstrado, tipo de impugnação apresentada, limites do pedido etc.). Nesse contexto,
majora-se o montante quando for necessário assegurar a efetividade das naturezas

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compensatória, dissuasória e exemplar da indenização; por outro lado, reduz-se o


montante na hipótese de valores excessivos (evitando-se o enriquecimento sem causa
do demandante ou o comprometimento das finanças da demandada).
Não há incidência do art. 223-G da CLT ao caso concreto, uma
vez que se trata de fatos ocorridos antes de sua vigência.
À luz de tais circunstâncias, não se constata que o valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais) tenha sido arbitrado em valor desproporcional ao dano
moral suportado quando, como já asseverado anteriormente, o ato do empregador
frustrou o objetivo da lei e ataca a função social de prevenção da CIPA (caráter
educativo e punitivo), além de atingir o empregado, impedindo-lhe que desempenhe a
função para a qual foi eleito pelos seus pares e impondo-lhe inesperada situação de
desemprego (caráter compensatório).
Nego provimento.

2.5. MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


PROTELATÓRIOS
A parte alega que “objetivou o saneamento de flagrantes omissões,
uma vez que visava prequestionar matérias objeto do presente recurso de revista, momento
oportuno para tanto, a teor da súmula 297 deste Tribunal”, sem qualquer propósito de
atrasar a conclusão do processo. Indica violação dos arts. 5º, LIV, da Constituição
Federal, 897-A da CLT e 1.026 do CPC, além de contrariedade à Súmula nº 297 do TST.
Ao exame.
A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria, a
reclamada transcreveu no recurso de revista o seguinte trecho do acórdão recorrido:
“MULTA. PROCRASTINAÇÃO.
Com efeito, diante do que foi analisado, afigura-se o intuito meramente
protelatório dos embargos de declaração, o que ora se declara, interpostos
com o único fito de procrastinar o andamento do feito.
Por conseguinte, condeno o embargante ao pagamento de multa no
percentual de 1% (um por cento) sobre o valor da causa (art. 1.026, parágrafo
segundo, do CPC, com a faculdade concedida pelo art. 769 da CLT).”

Do excerto transcrito pela parte, tem-se que o TRT reconheceu o


caráter protelatório dos embargos de declaração e impôs a multa prevista na legislação
à reclamada.

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Desses termos, não se depreende ofensa aos arts. 5º, LIV, da


Constituição Federal, 897-A da CLT e 1.026 do CPC.
Ademais, o entendimento da Súmula nº 297 do TST não tem
relação com a matéria relativa à imposição de multa por embargos de declaração
protelatórios.
Pelo exposto, nego provimento ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade; I - corrigir erro material para reconhecer a transcendência
das matérias “DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM VIOLAÇÃO DA GARANTIA
DE EMPREGO”, “DANO MORAL. MEMBRO DA CIPA. DISPENSA EM VIOLAÇÃO DA
GARANTIA DE EMPREGO. QUANTIFICAÇÃO” e “MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
PROTELATÓRIOS” e negar provimento ao agravo; II – negar provimento ao agravo
quanto aos demais temas.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA
Ministra Relatora

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