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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-10888-73.2015.5.03.0008

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100265C4CC18ECBB3B.
A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMBM/ALL/mv

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Extrai-se do
acórdão regional que o Colegiado a quo
concluiu pela configuração do vínculo
de emprego, nos moldes dos artigos 2º e
3º da CLT (pessoalidade, não
eventualidade, onerosidade e
subordinação jurídica). O Regional
concluiu pela configuração de
“pejotização” com intuito de dissimular
a relação de emprego havida entre as
partes. Ademais, registrou que “o fato
de a empresa ter sido constituída, pelo
reclamante, anteriormente à
contratação pela reclamada em nada
altera a relação de emprego existente
pelas partes”. O Colegiado a quo
consignou, ainda, a existência de
comprovada onerosidade em razão das
notas fiscais juntadas aos autos, e
ainda, que o autor prestava serviços na
atividade-fim da reclamada, pois
exercia a função de projetista na área
de elétrica. In casu, tem-se que o e. TRT
se manifestou de maneira explicita e
fundamentada, acerca das questões
ventiladas nos embargos de declaração,
tudo com base nas provas colacionadas
aos autos. Assim, não se verifica a
pretensa violação dos artigos 93, IX, da
CF, 832 da CLT, 498, II, § 1º, IV e 1.022,
I e II, parágrafo único, II, do NCPC.
Agravo não provido. PRESCRIÇÃO DO FGTS.
VÍNCULO DE EMPREGO. HORAS EXTRAS.
INDICAÇÃO DO TRECHO DA DECISÃO
RECORRIDA QUE CONSUBSTANCIA O
PREQUESTIONAMENTO DA CONTROVÉRSIA
OBJETO DO RECURSO. DESCUMPRIMENTO DA
EXIGÊNCIA CONTIDA NO ART. 896, § 1º-A,
DA CLT. O art. 896, § 1º-A, I, da CLT,
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incluído pela Lei nº 13.015/2014,
dispõe ser ônus da parte, sob pena de não
conhecimento, "indicar o trecho da
decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia
objeto do recurso de revista". Na
presente hipótese, a parte recorrente
não observou o requisito contido no
dispositivo, o que inviabiliza o
prosseguimento do recurso de revista.
Agravo não provido. MULTA DO ARTIGO 477,
§ 8°, DA CLT. VÍNCULO DE EMPREGO.
RECONHECIMENTO EM JUÍZO. O e. TRT, ao
concluir que há a incidência da multa do
art. 477, § 8º, da CLT nas hipóteses de
reconhecimento do vínculo empregatício
em juízo, decidiu em consonância com o
entendimento pacificado nesta Corte por
meio da Súmula nº 462. Incidem,
portanto, a Súmula nº 333 desta Corte e
o art. 896, § 7º, da CLT como óbices ao
prosseguimento da revista. Agravo não
provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


em Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-Ag-AIRR-10888-73.2015.5.03.0008, em que é Agravante SNC-LAVALIN
PROJETOS INDUSTRIAIS LTDA. e Agravado LUIZ FERNANDES FERREIRA COELHO.

Trata-se de agravo interposto contra decisão


monocrática que negou seguimento a agravo de instrumento, com fulcro no
art. 118, X, do RITST.
Na minuta de agravo, a parte argumenta com a incorreção
da decisão agravada.
É o relatório.

V O T O

1 - CONHECIMENTO

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Preenchidos os pressupostos de admissibilidade,
conheço do agravo.

2 – MÉRITO

A parte agravante não se insurge, na minuta de agravo,


contra a decisão que denegou seguimento ao agravo de instrumento
relativamente ao tema “DIFERENÇA SALARIAL”, razão pela qual não será
objeto de exame.
A decisão agravada foi proferida nos seguintes termos:

“Trata-se de agravo de instrumento interposto contra despacho que


negou seguimento a recurso de revista da parte agravante, sob os seguintes
fundamentos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /


ATOS PROCESSUAIS / NULIDADE / NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
Não há nulidade por negativa de prestação jurisdicional
(Súmula 459 do C. TST), em relação ao vínculo de emprego,
verbas rescisórias e média remuneratória. O acórdão recorrido
valorou livremente a prova, atento aos fatos e circunstâncias da
lide, apreciando todas as questões que lhe foram submetidas,
fundamentando-as conforme exige a lei (artigos 371 do CPC c/c
832 da CLT), não havendo as violações sustentadas no recurso.
A simples alegação de incorreta valoração da prova não é
suficiente para se veicular o Recurso de Revista, porquanto o
Juízo tem assegurada a sua liberdade de convencimento
motivado e de averiguação das provas, consoante o art. 371 do
CPC.
CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO /
RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO
DIREITO
PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / PROCESSO
E PROCEDIMENTO / PROVAS / ÔNUS DA PROVA
PRESCRIÇÃO /
FGTS DURAÇÃO DO TRABALHO /
HORAS EXTRAS RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO/VERBAS RESCISÓRIAS /
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT
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REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E
BENEFÍCIOS / SALÁRIO/ DIFERENÇA SALARIAL
Examinados os fundamentos do acórdão, constato que o
recurso não demonstra divergência jurisprudencial válida e
específica, nem contrariedade com Súmula de jurisprudência
uniforme do C. TST ou Súmula Vinculante do E. STF, tampouco
violação literal e direta de qualquer dispositivo de lei federal e/ou
da Constituição da República, como exigem as alíneas "a" e "c"
do art. 896 da CLT.
Diversamente do alegado, a Turma julgadora decidiu em
sintonia com as Súmulas 362, II, (prescrição do FGTS) e 462
(multa do art. 477 da CLT), todas do TST, de forma a sobrepujar
os arestos válidos que adotam tese diversa e afastar as violações
apontadas.
Não ensejam recurso de revista decisões superadas por
iterativa, notória e atual jurisprudência do C. Tribunal Superior
do Trabalho (§ 7º do art. 896 da CLT e Súmula 333 do TST).
No mais, o acórdão recorrido está lastreado em provas.
Somente revolvendo-as seria, em tese, possível modificá-lo, o
que é vedado pela Súmula 126 do C. TST.
Não há ofensas ao art. 818 da CLT e ao art. 373 do CPC,
em relação a todos os temas suscitados. A Turma adentrou o
cerne da prova, valorando-a contrária aos interesses da
recorrente.
Ademais, as teses adotadas pela Turma traduzem, no seu
entender, a melhor aplicação que se pode dar aos dispositivos
legais pertinentes, o que torna inviável o processamento da
revista, além de impedir o seu seguimento por supostas lesões à
legislação ordinária.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Complementou, em embargos de declaração:

Não há obscuridade, contradição, omissão ou manifesto


equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de
admissibilidade do recurso, muito menos erro material.
Nego provimento, mantendo incólume o despacho
embargado.

A parte agravante argumenta com o prosseguimento do seu recurso de


revista.
Examina-se.
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A parte agravante não infirmou os fundamentos do despacho agravado,
os quais, em virtude do acerto, adoto como razões de decidir, integrando esta
decisão para todos os efeitos jurídicos.
Registre-se que este Tribunal Superior do Trabalho tem admitido a
confirmação jurídica e integral de decisões por seus próprios fundamentos
(motivação per relationem).
Nesse sentido, os seguintes precedentes: AgR-AIRR -
114-59.2014.5.02.0068 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1ª
Turma, DEJT 01/12/2017; Ag-AIRR - 20004-79.2015.5.04.0104, Relator
Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 16/12/2016;
Ag-AIRR - 2753-98.2011.5.02.0086, Relator Ministro: Alexandre de Souza
Agra Belmonte, 3ª Turma, DEJT 25/08/2017; Ag-AIRR -
1272-57.2014.5.02.0034, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, 8ª Turma, DEJT 02/06/2017.
Ante o exposto, com fulcro no art. 118, X, do Regimento Interno desta
Corte, nego seguimento ao agravo de instrumento.”

PRELIMINAR NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL.

No agravo de instrumento, a parte ora agravante


apontou ofensa aos artigos 93, IX, da CF, 832 da CLT, 498, II, § 1º, IV
e 1.022, I e II, parágrafo único, II, do NCPC.
A reclamada alega omissão no acórdão regional, quanto
ao reconhecimento de vínculo de emprego, quanto às seguintes questões:

a) o fato de a pessoa jurídica do reclamante ter sido


constituída em junho de 1995, mais de 4 (quatro) antes do início da
prestação de serviços na empresa reclamada, que contraria o disposto na
petição inicial, segundo a qual o reclamante teria sido “obrigado a
constituir empresa para prestar serviços à reclamada”;

b) o fato de o reclamante não ter juntado aos autos


todas as notas fiscais emitidas pela PRODETEC ao longo dos anos, e ainda,

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que as referidas notas fiscais emitidas em face da reclamada não eram
sequenciais em diversas épocas;

c) as atividades da empresa do reclamante estariam


inseridas entre as atividades-fim da reclamada, e que não houve a
transcrição, no corpo do acórdão, da cláusula do contrato social que
supostamente evidenciaria que as atividades da empresa do Autor se
amoldavam às atividade-fim da reclamada.

Na minuta de agravo, afirma que seu agravo de


instrumento reúne condições de conhecimento e provimento.
Não merece reforma o despacho agravado.
A respeito das questões tidas por omissas, o Tribunal
Regional decidiu o seguinte:

“VÍNCULO DE EMPREGO/VERBAS RESCISÓRIAS/ MÉDIA


REMUNERATÓRIA
Não se conforma a reclamada com a r. sentença que julgou procedente
o pedido de reconhecimento do vínculo empregatício e os pleitos dele
decorrentes.
Examina-se.
No caso dos autos, alegou o autor que foi contratado como
projetista e, apesar de ter sido admitido por meio de pessoa jurídica com
a emissão de notas fiscais de prestação de serviços e declarações anuais
de declaração de imposto de renda, sempre trabalhou como empregado,
no período compreendido de outubro de 1999 à 16.09.2013.
Por sua vez, a reclamada negou o vínculo empregatício, ao argumento
de que o autor lhe prestou serviços especializados de elaboração de projetos,
como autônomo, através de pessoa jurídica pré-existente.
Pois bem.
Para a caracterização de vínculo empregatício faz-se necessária a
presença concomitante dos requisitos: pessoalidade, onerosidade, não
eventualidade e subordinação jurídica.

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A distinção entre o empregado e o trabalhador autônomo constitui
matéria complexa, devido às semelhanças entre as duas formas de prestação
de serviços.
Embora patente a dificuldade em diferenciá-los, a distinção se
evidenciará pela análise das condições em que se desenvolveram os serviços,
de modo a detectar a ingerência do tomador na rotina laboral, o que configura
a subordinação jurídica, elemento fundamental e presente, de forma
acentuada, no contrato de emprego e inexistente na relação de trabalho
autônomo.
Admitida a prestação de serviços, atraiu a reclamada para si o
ônus da prova da ausência de subordinação jurídica na relação de
trabalho havida, nos termos do art. 818/CLT, c/c art. 373, II, CPC/15, ônus
do qual não se desincumbiu a contento.
Isto porque, ao se analisar os autos, coaduno do entendimento
adotado pelo d. Juízo de origem, no sentido de que restaram configurados
os elementos necessários ao reconhecimento do vínculo de emprego,
sendo certo que as atividades realizadas pela parte autora caracterizam
labor em atividade-fim da reclamada.
Neste sentido, o depoimento do próprio preposto da ré foi bastante
esclarecedor no aspecto, em especial quanto à inexistência de autonomia
do obreiro no desempenho de suas atividades, que ora transcrevo (grifos
acrescidos- Id 5948baf - Pág. ½):

[...] que o Reclamante executava projetos na área de


elétrica; que desconhece empregado da Reclamada que realize
projeto de elétrica; que existe projetista contratado pela CLT
voltado à elaboração de projeto de lavra e cava de mineração;
que parte dos projetos do Reclamante foi executada in loconas
obras da Reclamada, através de força-tarefa que incluía os
próprios empregados da Reclamada, outras empresas e o
contratante final da obra; alguns projetos poderiam ser
executados fora das dependências da Reclamada, na sede da
empresa do Reclamante ou em sua residência; que o Reclamante
comparecia com frequência à Reclamada; que o Reclamante
comparecia no mínimo quatro vezes por semana à Reclamada;
que raramente o Reclamante trabalhava aos sábados que o
Reclamante não trabalhava em feriados; não sabe dizer em qual
horário o Reclamante permanecia na empresa, pois não tinha
jornada controlada; não sabe dizer quanto tempo de intervalo o
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Reclamante fazia, pois este não era controlado pela Reclamada;
que o Reclamante na Reclamada se reportava ao departamento
de compras/corporativa e dentro do projeto o Reclamante se
reportava ao coordenador do projeto; que o contato do
Reclamante com o coordenador era com o objetivo do controle
do prazo e serviços a serem executados; que os prazos eram
estabelecidos pelo cliente final; que o cronograma do projeto é
divulgado pelo terceiro, no caso o cliente; caso o atraso na
entrega do projeto/seviço (sic) seja atribuível ao Reclamante,
este pode arcar com uma multa contratual pelo atraso, fixada
pelas partes de acordo com o contrato de prestação de serviços;
que a solução é o Reclamante fazer um ajuste no prazo ou
contratar auxiliares para conseguir cumprir o prazo; não se
recorda do Reclamante ter indicado substituto, mas poderia
indicar; que o Reclamante trabalhava de um a dois sábados por
ano; que o Reclamante poderia receber por quinzena ou por mês,
a depender do prazo de medição estabelecido para cada contrato;
que o Reclamante parou de prestar serviços porque encerrou o
projeto elétrico S11D da Vale foi concluído; que a empresa do
Reclamante foi desmobilizado como prestadora de serviço
porque não havia mais demanda na área dele.

Outrossim, a testemunha indicada pelo reclamante, Alan Douglas


Silva, informou que sempre prestou serviços para a reclamada através
de pessoa jurídica, com exclusividade, por tempo indeterminado, em
situação similar à do obreiro, corroborando as assertivas iniciais, como
segue (grifos acrescidos - Id 5948baf - Pág. 2):

[...] que trabalhou na Reclamada de 2005 a 2015, com


CTPS assinada, como desenhista; que trabalhou nos escritórios
da Reclamada; que o Reclamante trabalhava nos escritórios da
Reclamada; trabalhou junto com o Reclamante por 10 anos; que
o depoente trabalhava de segunda a sexta, das 8h as 17:30h;
raramente trabalhava final de semana e feriado; que já encontrou
com o Reclamante trabalhando sábado e feriado; que sabe que o
Reclamante trabalhava das 8h as 21h porque nas raras hipóteses
em que fez horas extras o Reclamante estava trabalhando até o
horário informado; que depoente e Reclamante tinham um
superior de disciplina e estavam subordinados ao coordenador do
projeto em que trabalhavam; que trabalhou por último com o
Reclamante no projeto S11D da Vale, o que ocorreu por
aproximadamente quatro anos; que raramente o Reclamante se
ausentava do trabalho; que recebiam as seguintes ordens: divisão
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de área pelo coordenador e conferência do trabalho na área
designada; que o coordenador conferia os trabalhos, fazia
anotações no documento e pedia que fosse refeito; que não havia
diferença na prestação de serviços do depoente comparada com a
do Reclamante; os projetos não poderiam ser executados fora das
dependências da Reclamada; que o Reclamante nunca indicou
substituto para realização do serviço; que o Reclamante foi
demitido pelo supervisor de disciplina Antônio Parreiras; que o
projeto estava no final, estavam sendo reduzidas as equipes e o
Reclamante foi dispensado; que o depoente estava presente no
momento em que o Reclamante foi dispensado; que o depoente
foi dispensado após o Reclamante; que foi dispensado entre
março e maio/2015; que acredita que o Reclamante foi
dispensado no final de 2013; que o depoente realizava projetos
elétricos, assim como o Reclamante; não leu a petição inicial do
Reclamante antes de prestar depoimento; que existia um recesso
do dia 23/12 a 02/01 todos os anos; que nunca trabalhou no
recesso; que acredita que o Reclamante trabalhou no período do
recesso, mas como não estava presente não pode afirmar; não se
recorda do Reclamante ter problema de ordem pessoal e precisar
se ausentar da empresa; nunca presenciou o Reclamante sendo
advertido ou sofrendo qualquer punição na empresa; que sempre
gozou uma hora de intervalo; que nas vezes que saía para
almoçar o Reclamante permanecia trabalhando; quando estava
gozando o intervalo no próprio escritório também via o autor
trabalhando; que o Reclamante geralmente lanchava e voltava
para trabalhar; quando o Reclamante estava no escritório
costumava comer um pote de granola; que o cliente final também
fazia anotações para correções nos projetos; que o procedimento
era finalizar o trabalho, o supervisor realizar a vistoria e
encaminhar para o cliente e se o projeto não atendesse às
expectativas do cliente retornava ao projetista; que recebia por
mês aproximadamente R$2.630,00; que as funções do depoente
eram idênticas às do Reclamante; dentro do horário em que o
Reclamante estava trabalhando, não realizava projetos para
outros clientes além da Reclamada; não sabe dizer se o
Reclamante teve sócio de fato ou de direito em sua PJ.

Referidos depoimentos revelam a existência de pessoalidade, não


eventualidade, onerosidade e subordinação jurídica na relação jurídica
havida entre as partes.
Quanto à subordinação, restou comprovado que o reclamante era
subordinado ao coordenador de projetos, que era quem controlava os

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horários de trabalho, as ausências e, ainda, quem acompanhava a
execução dos trabalhos através de cronogramas.
Além do mais, o fato de os projetistas ficarem alocados na
reclamada, com mesa e local próprio de trabalho e, ainda, o fato de que
visitavam as obras trajando uniforme da reclamada é mais um indício
da subordinação jurídica existente.
E, não apenas comprovada a subordinação direta, como bem
registrou o d. Juízo de origem, restou comprovada a subordinação
estrutural, mediante a integração do autor à dinâmica organizativa e
operacional da reclamada, eis que exercia atividade fim na reclamada,
porquanto, como projetista na área de elétrica, o autor auxiliava a reclamada
na consecução do seu objeto social (prestação de serviços de engenharia no
setor mineral), tanto que há projetistas com carteira assinada que exercem o
mesmo tipo de trabalho que o autor, o que deixa claro que a própria natureza
da prestação laboral conduz à necessidade de a empresa manter em seus
quadros empregados desenhistas/projetistas.
Assim, na hipótese dos autos, configurou-se o que a doutrina tem
denominado por ‘pejotização’, fenômeno no qual os empregados prestam
serviços através de pessoa jurídica para a empresa (empregadora), na
tentativa de burlar o cumprimento das leis trabalhistas, dissimulando a
relação de emprego, o que não pode ser tolerado, incidindo, no caso, o
art. 9º/CLT, sendo certo que tanto as testemunhas obreiras quanto a
empresária prestam serviços para a reclamada através de uma pessoa
jurídica.
Ressalta-se que o fato de a empresa ter sido constituída, pelo
reclamante, anteriormente à contratação pela reclamada em nada
altera a relação de emprego existente pelas partes.
Restou comprovado, ainda, que o reclamante prestava serviços de
forma ininterrupta e exclusiva e não apenas por projetos, como afirmado
pela reclamada em suas razões recursais.
Sobre a pessoalidade, a prova oral, de forma indubitável, demonstrou
que a prestação de serviços era efetuada pessoalmente pelo reclamante, não
existindo provas de que o mesmo poderia ser substituído.
O requisito da não eventualidade também está presente, uma vez que a
prova oral revelou que o reclamante comparecia de forma eventual à
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empresa, sendo a atividade desempenhada pelo obreiro diretamente
relacionada à atividade-fim da reclamada (cláusula 3ª do contrato social
de Id eb2ba91 - Pág. 2), e não acessória, como alegado nas razões recursais.
Por fim, a onerosidade restou provada através das notas fiscais
anexadas nos Ids 60fd535 e seguintes.
Nesse contexto, evidenciado o trabalho nos moldes dos artigos 2º e
3º da CLT, impõe-se reconhecer o vínculo empregatício existente entre o
reclamante e a reclamada, mostrando-se correta a r. sentença de origem que
declarou nulo o contrato de prestação de serviços firmado pelas partes e
declarou o vínculo de emprego entre elas.
Uma vez não desconstituído o vínculo empregatício declarado pela r.
decisão, ficam mantidas as verbas dele decorrentes, que não foram
questionadas nas razões recursais de forma específica.
Tampouco é caso aqui de ofensa ao princípio da boa-fé objetiva
contratual, ante a fraude perpetrada pela reclamada (art. 9º/CLT).
No que se refere à remuneração e à base de cálculo das verbas da
condenação, considerando a remuneração por hora fixada nos contratos de
prestação de serviços (Ids 3cf1abb e seguintes) e, ainda, as notas fiscais
mensais relacionadas aos serviços prestados (Ids 60fd535 e seguintes), é
possível aferir a remuneração líquida mensal do reclamante, mostrando-se
correta a r. sentença de origem, que fixou a média salarial de R$15.000,00, à
base de comissões, durante todo o contrato de trabalho.
Ademais, não merecem prosperar as alegações recursais da reclamada
de que os valores quitados ao reclamante já englobam as horas extras, que
será analisada em tópico apartado.
Nego provimento.”

A reclamada opôs embargos de declaração, os quais


foram rejeitados:

“JUÍZO DE MÉRITO
Em síntese, alega a reclamada que houve omissão quanto à análise de
aspectos fáticos relevantes apresentados na defesa que levariam à não
caracterização do vínculo de emprego.
Sem razão.
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Nos termos do art. 1022 do NCPC, que reproduz as hipóteses de
cabimento dos embargos de declaração do CPC/73, esses são cabíveis
quando o julgado apresentar obscuridade ou contradição, ou quando for
omitido ponto sobre o qual o juízo devia se pronunciar. Ainda, de acordo
com o art. 897-A da CLT, os embargos também são cabíveis ante a presença
de manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
Nessa esteira, em sede de embargos declaratórios, a omissão a ser
suprida é a ausência de solução para uma questão controvertida. A
contradição a ser sanada é aquela ínsita à própria decisão, ou seja, a existente
dentro de seus fundamentos ou entre estes e o relatório ou a parte conclusiva,
e não do acórdão com os fatos e provas por ele analisados ou, ainda,
dispositivos de lei e outras decisões, o que não é o caso dos autos, porque o
julgado encerra decisão fundamentada para todas as questões aduzidas no
feito.
Pelo que se depreende da leitura da petição de embargos (Id 2847c24),
os argumentos aventados não apontam, efetivamente, qualquer vício a ser
sanado via embargos de declaração (art. 1022 do NCPC e art. 897-A da
CLT). Na verdade, a embargante pretende rediscutir matéria que foi
examinada, para obter substancial modificação do julgado, o que não é
permitido.
Veja-se que a matéria relativa ao vínculo de emprego, verbas
rescisórias e média remuneratória foi devidamente enfrentada no v.
acórdão de Id d4857ea - Pág. 02/06.
Cabe ressaltar que o juiz não está obrigado a rebater expressamente
todas as teses apresentadas, mas tão somente aquelas capazes de infirmar a
conclusão adotada (art. 489, §1º, IV, CPC/2015). Subsiste, entretanto, o
dever constitucional de declarar as razões que lhe formaram a convicção
(artigo 93, IX, da CR/88), o que se cumpriu fielmente, não se verificando,
assim, qualquer deficiência na prestação jurisdicional, tampouco violação
aos dispositivos legais e constitucionais citados.
Quanto ao disposto no art. 489, § 1º, IV, do CPC de 2015, transcreve-se
a seguinte decisão do Col. STJ:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE NÃO


CABIMENTO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Mesmo
após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de
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declaração contra decisão que não se pronuncie tão somente
sobre argumento incapaz de infirmar a conclusão adotada. Os
embargos de declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do
CPC/2015, destinam-se a suprir omissão, afastar obscuridade ou
eliminar contradição existente no julgado. O julgador não está
obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes,
quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a
decisão. A prescrição trazida pelo inciso IV do § 1º do art. 489 do
CPC/2015 ["§ 1º Não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que: (...) IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador"] veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo
STJ, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões
capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão. (EDcl no
MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora
Convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8.6.2016, DJe
15.6.2016)

Em razão disso, os presentes embargos de declaração carecem de


utilidade prática para o fim colimado, qual seja, o prequestionamento, uma
vez que todas as alegações neles apostas consistem em questões que podem
ser contrapostas ao decisório ora embargado, sem necessidade de nenhum
aclaramento, dada sua explicitude em relação à tese jurídica adotada pela
decisão.
Dessa forma, se a parte entender que houve erro de julgamento é
necessário que se valha do instrumento processual próprio para pleitear a
modificação do julgado.
Nego provimento.” (destacou-se)

Extrai-se do acórdão regional que o Colegiado a quo


concluiu pela configuração do vínculo de emprego, nos moldes dos artigos
2º e 3º da CLT (pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e
subordinação jurídica).
O Regional concluiu pela configuração de
“pejotização” com intuito de dissimular a relação de emprego havida entre
as partes. Ademais, registrou que “o fato de a empresa ter sido
constituída, pelo reclamante, anteriormente à contratação pela reclamada
em nada altera a relação de emprego existente pelas partes”.
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O Colegiado a quo consignou, ainda, a existência de
comprovada onerosidade em razão das notas fiscais juntadas aos autos,
e ainda, que o autor prestava serviços na atividade-fim da reclamada,
pois exercia a função de projetista na área de elétrica.
In casu, tem-se que o e. TRT se manifestou de maneira
explicita e fundamentada, acerca das questões ventiladas nos embargos
de declaração, tudo com base nas provas colacionadas aos autos.
Assim, não se verifica a pretensa violação dos artigos
93, IX, da CF, 832 da CLT, 498, II, § 1º, IV e 1.022, I e II, parágrafo
único, II, do NCPC.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

PRESCRIÇÃO DO FGTS. VÍNCULO DE EMPREGO. HORAS EXTRAS.

Na minuta de agravo, a parte agravante insurge-se


contra a referida decisão, sustentando, em síntese, que quanto à
prescrição, deve ser aplicado o entendimento da Súmula nº 362; que não
há elementos caracterizadores do vínculo de emprego; são indevidas as
horas extras.
Não merece reforma a r. decisão agravada, ainda que
por fundamento diverso.
Com efeito, a SBDI-1 desta Corte, interpretando o
alcance da previsão contida no art. 896, § 1º-A, da CLT, incluído pela
Lei nº 13.015/2014, firmou jurisprudência no sentido de ser
imprescindível a transcrição da fração específica da fundamentação
regional que consubstancie o prequestionamento da matéria contida nas
razões recursais, “não se admitindo, para tanto, a mera indicação das
páginas correspondentes, paráfrase, sinopse, transcrição integral do
acórdão recorrido, do relatório, da ementa ou apenas da parte
dispositiva” (TST-E-ED-RR-242-79.2013.5.04.0611, Rel. Min. José Roberto
Freire Pimenta, DEJT 25/5/2018).
Dessa forma, tendo a parte indicado, nas razões de
revista, o inteiro teor da fundamentação relativa às matérias trazidas
no recurso, relativas à prescrição do FGTS, vínculo de emprego e horas
extras, sem ao menos destacar o trecho específico que consubstancia o
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prequestionamento dos referidos temas, inviável se torna o seu
prosseguimento, uma vez que não estão satisfeitos os requisitos contidos
no art. 896, § 1º-A, da CLT.
Nesse contexto, não tendo sido apresentados
argumentos suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser
desprovido o agravo.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

MULTA DO ARTIGO 477, § 8°, DA CLT. VÍNCULO DE EMPREGO.


RECONHECIMENTO EM JUÍZO.

No agravo de instrumento, a parte ora agravante


apontou ofensa aos arts. 477, § 8º, da CLT.
Sustentou, em síntese, que não merece a aplicação da
multa contida no art. 477, §8°, da CLT, uma vez que o vínculo de emprego
foi reconhecido em juízo.
Na minuta de agravo, afirma que seu agravo de
instrumento reúne condições de conhecimento e provimento.
Merece reforma a decisão agravada.
O Tribunal Regional decidiu, quanto ao tema em exame:

“MULTA DO ARTIGO 477/CLT


Também correto o decisum guerreado no que diz respeito à
imposição da multa em epígrafe, pois efetivamente o acerto rescisório não
foi realizado no prazo legal, sendo que a controvérsia a respeito do
vínculo empregatício, sobretudo quando constatada a fraude à legislação
trabalhista (art. 9º/CLT), não constitui óbice ao deferimento das referidas
parcelas.
Nesse sentido é a OJ 25 das Turmas deste Eg. Tribunal,
especificamente em relação à multa do art. 77/CLT, in verbis:

RELAÇÃO DE EMPREGO CONTROVERTIDA.


APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO § 8º DO ART. 477
DA CLT.
Mesmo havendo séria controvérsia sobre a existência de
vínculo empregatício e sendo este reconhecido apenas em Juízo,
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aplica-se ao empregador a multa por atraso no pagamento das
verbas rescisórias. (ex-Súmula n. 12/TRT3)
(Disponibilização/divulgação: DEJT/TRT3 18/09/2013,
19/09/2013 e 20/09/2013)

Nego provimento.” (destacou-se)

Conforme se verifica, o e. TRT, ao concluir que há a


incidência da multa do art. 477, § 8º, da CLT nas hipóteses de
reconhecimento do vínculo empregatício em juízo, decidiu em consonância
com o entendimento pacificado nesta Corte por meio da Súmula nº 462,
segundo a qual:

“MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. INCIDÊNCIA.


RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO
(Republicada em razão de erro material) - DEJT divulgado em 30.06.2016.
A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida
apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa
prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas
quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no pagamento
das verbas rescisórias.

Nesse sentido, precedentes:

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. (...). MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO EM JUÍZO. O
entendimento já cristalizado nesta Corte Superior, por meio da Súmula 462, é
no sentido de considerar devida a multa prevista no art. 477, §8º, da CLT
mesmo na hipótese de reconhecimento do vínculo de emprego em juízo.
Desse modo, o acórdão regional, ao considerar devida a condenação à multa
do artigo 477, § 8º, da CLT, o fez em consonância com a iterativa
jurisprudência desta Corte. Incidem, portanto, a Súmula nº 333 desta Corte e
o art. 896, § 7º, da CLT como óbices ao prosseguimento da revista, a pretexto
da alegada ofensa aos dispositivos apontados, bem como da divergência
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jurisprudencial transcrita. Agravo não provido. (Ag-AIRR -
20775-86.2015.5.04.0741 , Relator Ministro: Breno Medeiros, Data de
Julgamento: 15/08/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/08/2018)

RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA


LEI N.º 13.015/2014 E DO CPC/1973. (...) MULTA DO ART. 477, § 8.º,
DA CLT. RECONHECIMENTO JUDICIAL DO VÍNCULO
EMPREGATÍCIO. A multa do art. 477 da CLT é devida mesmo quando há
discussão judicial sobre o vínculo de emprego (controversa). Pertinência da
Súmula n.º 462 do TST. (...). (RR - 176200-91.2013.5.17.0005 , Relator
Ministro: Luiz José Dezena da Silva, Data de Julgamento: 27/03/2019, 1ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 29/03/2019)

RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014 (...) 3 -


MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. Conforme atual entendimento desta
Corte Superior, a multa do art. 477, § 8º, da CLT é devida ainda que tenha
existido fundada controvérsia quanto à caracterização do vínculo
empregatício e este tenha sido reconhecido apenas em juízo. Inteligência da
Súmula 462 do TST. Recurso de revista conhecido e provido. (RR -
1000220-03.2014.5.02.0715 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes,
Data de Julgamento: 27/03/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
29/03/2019)

(...) II - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA VE SERVIÇOS EIRELI


- ME - DESCABIMENTO. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
VÍNCULO RECONHECIDO EM JUÍZO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
462 DO TST. Nos termos da Súmula 462 desta Corte, "a circunstância de a
relação de emprego ter sido reconhecido apenas em juízo não tem o condão
de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. A referida
multa não será devida apenas quando, comprovadamente, o empregado der
causa à mora no pagamento das verbas rescisórias" (art. 896, § 7º, da CLT).
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (...). (AIRR -
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649-72.2016.5.17.0141 , Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, Data de Julgamento: 13/03/2019, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/03/2019)

RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO DE DECISÃO


PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014 E
13.467/2017. (...). 5. MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT. VÍNCULO DE
EMPREGO RECONHECIDO EM JUÍZO. I. A Corte Regional manteve a
sentença em que houve a condenação dos Reclamados ao pagamento da
multa do art. 477, §8º, da CLT, ao fundamento de que esta é devida ainda
quando se discute em Juízo a existência da relação de emprego. II. A decisão
regional está de acordo com o entendimento sedimentado por esta Corte por
meio da Súmula nº 462. III. Recurso de revista de que não se conhece. (..).
(RR - 836-25.2010.5.04.0021 , Relator Ministro: Alexandre Luiz Ramos,
Data de Julgamento: 26/09/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
28/09/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. (...).


AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. IN 40 DO TST.
MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT. VÍNCULO EMPREGATÍCIO
RECONHECIDO EM JUÍZO. Merece provimento o agravo de instrumento
que tem por objetivo o processamento do recurso de revista, quando
demonstrada possível violação do art. 477, §8º, da CLT. Agravo de
instrumento de que se conhece e a que se dá provimento, para determinar o
processamento do recurso de revista, observando-se o disposto na Resolução
Administrativa nº 928/2003. RECURSO DE REVISTA DA
RECLAMANTE. IN 40 DO TST. MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT.
VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECONHECIDO EM JUÍZO. A aplicação
da multa de que cogita o artigo 477, § 8º, da CLT tem pertinência quando o
empregador não cumpre o prazo ali estabelecido para a quitação das verbas
rescisórias, ainda que o vínculo empregatício tenha sido reconhecido em
juízo. Entendimento da Súmula nº 462 do TST. Recurso de revista conhecido
e provido. (ARR - 1450-25.2014.5.09.0094 , Relatora Desembargadora
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Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, Data de Julgamento: 08/11/2017,
6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/11/2017)

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE - PROCESSO NÃO


REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014 E SOB A ÉGIDE DO CPC/73 (...).
MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT - RECONHECIMENTO DO
VÍNCULO DE EMPREGO EM JUÍZO. A decisão recorrida é consonante
com a Súmula nº 462 do TST, segundo a qual "A circunstância de a relação
de emprego ter sido reconhecida apenas em juízo não tem o condão de
afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. A referida
multa não será devida apenas quando, comprovadamente, o empregado der
causa à mora no pagamento das verbas rescisórias". Incidem a Súmula nº 333
do TST e o art. 896, § 7º, da CLT. Agravo desprovido. (...). (ARR -
179-96.2010.5.01.0076 , Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, Data de Julgamento: 21/11/2018, 7ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 23/11/2018)

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO PELA 1ª RECLAMADA, CIDADE BRASIL LTDA. (...). 4.
MULTA DO ART. 477 DA CLT. A questão atinente à incidência da multa
prevista no § 8º do art. 477 da CLT, nas hipóteses de reconhecimento de
vínculo de emprego em juízo, não comporta maiores controvérsias no âmbito
deste Tribunal Superior, porquanto pacificada na Súmula nº 462/TST. (...).
B) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO PELO 2º RECLAMADO, MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM.
(...). (AIRR - 10580-59.2015.5.15.0022 , Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, Data de Julgamento: 27/03/2019, 8ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 29/03/2019)

Incidem, portanto, a Súmula nº 333 desta Corte e o art.


896, § 7º, da CLT como óbices ao prosseguimento da revista, a pretexto
da alegada ofensa aos dispositivos apontados, bem como da divergência
jurisprudencial transcrita.
Nego provimento ao agravo.

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ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo e, no mérito,
negar-lhe provimento.
Brasília, 4 de setembro de 2019.

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BRENO MEDEIROS
Ministro Relator

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