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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-10812-13.2017.5.03.0062

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10045BDA56764EF53C.
ACÓRDÃO
(3ª Turma)
GMAAB/ssm /dao/cmt

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE
NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
Inicialmente, urge ressaltar que, em sessão
ocorrida em 16/3/2017, a SBDI-1 decidiu que o
art. 896, §1º-A, I, da CLT também deve ser
observado na hipótese de apresentação de
preliminar de nulidade por negativa de
prestação jurisdicional, cabendo ao recorrente
a transcrição do trecho pertinente dos
embargos de declaração e do trecho
correspondente da decisão nestes proferida
(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067, Min. Rel. Cláudio
Mascarenhas Brandão. Acrescente-se que esse
requisito processual também passou a ser
exigido expressamente, com a edição da Lei nº
13.467/17, que incluiu o item IV ao §1º-A, do
artigo 896, da CLT. Foi estabelecido que é ônus
da parte, sob pena de não conhecimento do
recurso, "transcrever na peça recursal, no caso
de suscitar preliminar de nulidade de julgado
por negativa de prestação jurisdicional, o
trecho dos embargos declaratórios em que foi
pedido o pronunciamento do tribunal sobre
questão veiculada no recurso ordinário e o
trecho da decisão regional que rejeitou os
embargos quanto ao pedido, para cotejo e
verificação, de plano, da ocorrência da
omissão". No caso dos autos, verifica-se que a
reclamada não transcreveu os trechos
pertinentes dos embargos de declaração, bem
como o trecho da decisão regional que rejeitou

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os embargos quanto ao pedido, inviabilizando,


dessa forma, o reconhecimento da alegada
nulidade, já que não atendidas as exigências
contidas no art. 896, § 1º-A, IV, da CLT.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. O Tribunal Regional,
soberano na análise do conjunto fático
probatório, consignou que “Observo que o
COLÉGIO CENECISTA EDUCARE DE ITAÚNA e Colégio
Cenecista Dr. José Ferreira de Uberaba não são
entidades autônomas, mas sim meros estabelecimentos
da mesma empresa ré.”. Registrou que “Dessa forma,
a procuradora que firmou o TAC tinha poderes para
atuar em nome da outorgante, ou seja, da CAMPANHA
NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE e não do
COLÉGIO CENECISTA DE ITAÚNA, visto que esse último
não tem personalidade jurídica própria, por se tratar de
mero estabelecimento da executada e assim não
poderia outorgar procuração por si mesmo.”.
Evidenciou, ainda, que “Observo que não consta do
TAC qualquer cláusula dispondo que sua vigência seria
restrita ao município de Itaúna e em face da inexistência
referida, sua vigência deve ser considerada de âmbito
nacional.”.
Assim concluiu pela legitimidade da
reclamada para figurar no polo passivo da
presente demanda. Desse modo, uma vez
concluído pelo Regional, com base no conjunto
fático probatório, que as entidades não são
autônomas, mas sim estabelecimentos da
mesma empresa, bem como o fato de que não
consta no TAP nenhuma cláusula restringindo a
sua vigência ao Município do Itaúna,
considerando a sua vigência de âmbito
nacional, decidir de maneira diversa,
demandaria o reexame do conjunto fático
probatório, procedimento que encontra óbice
na Súmula nº 126 desta Corte, o que inviabiliza
o prosseguimento do recurso de revista.
Agravo conhecido e desprovido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-10812-13.2017.5.03.0062, em
que é Agravante CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE e Agravado
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO.

O Ministro relator, por meio de decisão monocrática, denegou


seguimento ao agravo de instrumento, por entender que a agravante não logrou êxito
em desconstituir os fundamentos da decisão agravada.
Dessa decisão, foi interposto agravo, com pedido de reforma e
de reconsideração da decisão.
Atendida a exigência do art. 1021, § 2º, do CPC de 2015, a parte
agravada apresentou razões de contrariedade ao apelo.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conheço do


agravo.

2 - MÉRITO

O Ministro relator, por meio de decisão monocrática, denegou


seguimento ao agravo de instrumento, por entender que a agravante não logrou êxito
em desconstituir os fundamentos da decisão agravada.
Inconformada, a reclamada manifesta o presente agravo,
reiterando as razões de recurso de revista. Insiste na sua ilegitimidade para figurar no
polo passivo da execução de título extrajudicial. Aponta violação aos artigos 653 e 654,
§1º, do Código Civil e o inciso II do art. 330 c/c o inciso VI do art. 485 do NCPC.
Insiste, ainda, na nulidade do acórdão regional por negativa de
prestação jurisdicional, defendendo que o Tribunal Regional foi omisso na análise do
excesso de execução. Aponta violação aos artigos 11, 489, § 1º, I, II e III do NCPC.

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No entanto, tais argumentos desservem para desconstituir o


despacho agravado. Ei-los:

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho, com supedâneo no


artigo 896, § 1º, da CLT, negou trânsito ao(s) recurso(s) de revista da(s) parte(s)
agravante(s), que manifesta(m) o(s) presente(s) agravo(s) de instrumento,
reiterando as razões de revista.
No entanto, tais argumentos desservem para desconstituir o despacho
agravado.
Eis os termos do despacho agravado:

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
O recurso é próprio, tempestivo (acórdão publicado em 31/08/2018;
recurso de revista interposto em 13/09/2018, considerando o não
funcionamento desta Justiça do Trabalho no dia 07/09/2018 -
feriado/Independência do Brasil, conforme Resolução Administrativa
131/2017 deste TRT da 3ª Região), inexigível o preparo, sendo regular a
representação processual.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Formação, Suspensão e
Extinção do Processo / Condições da Ação. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO
TRABALHO / Atos Processuais / Nulidade. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO
TRABALHO / Liquidação/Cumprimento/Execução / Valor da
Execução/Cálculo/Atualização.
Trata-se de recurso de revista interposto contra decisão proferida em
execução, a exigir o exame da sua admissibilidade, exclusivamente, sob o
ângulo de possível ofensa à Constituição da República, conforme previsão
expressa no §2º do art. 896 da CLT.
Analisados os fundamentos do acórdão, constato que o recurso, em
seus temas e desdobramentos, não demonstra violação literal e direta de
qualquer dispositivo da CR como exige o preceito supra.
Não existem as ofensas constitucionais apontadas, pois a análise da
matéria suscitada no recurso não se exaure na Constituição, exigindo que se
interprete o conteúdo da legislação infraconstitucional. Por isso, ainda que se
considerasse a possibilidade de ter havido violação ao texto constitucional,
esta seria meramente reflexa, o que não justifica o manejo do recurso de
revista, conforme reiteradas decisões da SBDI-I do C. TST.
Também não verifico a alegada violação ao inciso IX do art. 93 da CR,
uma vez que a decisão se mostra devidamente fundamentada.
Não constato, ainda, ofensa aos incisos LIV e LV do art. 5º da CR, pois o
devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa foram devidamente
assegurados à recorrente, que vem se utilizando dos meios e recursos
cabíveis para a análise de suas alegações.

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É também imprópria a alegada afronta ao princípio da legalidade (inciso


II do art. 5º da CR) quando a sua verificação implica rever a interpretação dada
pela decisão recorrida às normas infraconstitucionais (Súmula 636 do STF).
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
(págs. 401-402)

No tocante a preliminar de nulidade do acórdão regional por


negativa de prestação jurisdicional, inicialmente, urge ressaltar que, em sessão
ocorrida em 16/3/2017, a SBDI-1 decidiu que o art. 896, §1º-A, I, da CLT também deve
ser observado na hipótese de apresentação de preliminar de nulidade por negativa de
prestação jurisdicional, cabendo ao recorrente a transcrição do trecho pertinente dos
embargos de declaração e do trecho correspondente da decisão nestes proferida
(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067, Min. Rel. Cláudio Mascarenhas Brandão.
Acrescente-se que esse requisito processual também passou a
ser exigido expressamente, com a edição da Lei nº 13.467/17, que incluiu o item IV ao
§1º-A, do artigo 896, da CLT. Foi estabelecido que é ônus da parte, sob pena de não
conhecimento do recurso, "transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar
de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos
declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada
no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao
pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão".
No caso dos autos, verifica-se que a reclamada não transcreveu
os trechos pertinentes dos embargos de declaração, bem como o trecho da decisão
regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, inviabilizando, dessa forma, o
reconhecimento da alegada nulidade, já que não atendidas as exigências contidas no
art. 896, § 1º-A, IV, da CLT, quanto ao particular.
No que tange a ilegitimidade passiva, a reclamada, em seu
recurso de revista, destaca o seguinte trecho do acórdão regional:

A denominação da empresa executada é CAMPANHA NACIONAL DE


ESCOLAS DA COMUNIDADE.
Observo que o COLÉGIO CENECISTA EDUCARE DE ITAÚNA e Colégio
Cenecista Dr. José Ferreira de Uberaba não são entidades autônomas, mas
sim meros estabelecimentos da mesma empresa ré.

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Isso se comprova facilmente verificando-se o CNPJ dos


estabelecimentos os quais tem a mesma raiz, confira-se: o primeiro,
33.621.384/2026 e o segundo 33.621.384/0574.
Dessa forma, a procuradora que firmou o TAC tinha poderes para atuar
em nome da outorgante, ou seja, da CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA
COMUNIDADE e não do COLÉGIO CENECISTA DE ITAÚNA, visto que esse
último não tem personalidade jurídica própria, por se tratar de mero
estabelecimento da executada e assim não poderia outorgar procuração por
si mesmo.
Resolvida a questão da representação, veja-se a cláusula do TAC
39/2015:
CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DA VIGÊNCIA DO TERMO DE AJUSTE O
presente Termo de Ajuste de Conduta vigorará a partir da data de sua
assinatura e por tempo indeterminado, vinculando todos os
empreendimentos da Compromissária, presente e futuros.
A palavra “empreendimentos” referida no TAC somente pode ser
interpretada como significando “estabelecimentos”.
Isto porque, supondo por absurdo que o estabelecimento de Itaúna
tivesse firmado o TAC apenas em relação a si, a palavra “empreendimento”
em questão não teria qualquer sentido.
Observo que não consta do TAC qualquer cláusula dispondo que sua
vigência seria restrita ao município de Itaúna e em face da inexistência
referida, sua vigência deve ser considerada de âmbito nacional.
Dou provimento ao agravo de petição para rejeitar os embargos da
devedora. [...]
Acórdão Fundamento pelos quais, o Tribunal Regional do Trabalho da
Terceira Região, em Sessão Ordinária da Egrégia Décima Primeira Turma, hoje
realizada, julgou o referido processo e, à unanimidade, conheceu do Agravo
de Petição interposto pelo Ministério Público do Trabalho; no mérito, por
maioria de votos, deu provimento ao apelo para rejeitar os embargos da
devedora; vencido o Exmo. Desembargador Luiz Antonio de Paula Iennaco.
(págs. 277-278)

Com efeito, o Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto


fático probatório, consignou que “Observo que o COLÉGIO CENECISTA EDUCARE DE ITAÚNA e
Colégio Cenecista Dr. José Ferreira de Uberaba não são entidades autônomas, mas sim meros
estabelecimentos da mesma empresa ré.”. Registrou que “Dessa forma, a procuradora que firmou o
TAC tinha poderes para atuar em nome da outorgante, ou seja, da CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS
DA COMUNIDADE e não do COLÉGIO CENECISTA DE ITAÚNA, visto que esse último não tem
personalidade jurídica própria, por se tratar de mero estabelecimento da executada e assim não poderia
outorgar procuração por si mesmo.”. Evidenciou, ainda, que “Observo que não consta do TAC
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qualquer cláusula dispondo que sua vigência seria restrita ao município de Itaúna e em face da
inexistência referida, sua vigência deve ser considerada de âmbito nacional .”.
Assim concluiu pela legitimidade da reclamada para figurar no
polo passivo da presente demanda.
Desse modo, uma vez concluído pelo Regional, com base no
conjunto fático probatório, que as entidades não são autônomas, mas sim
estabelecimentos da mesma empresa, bem como o fato de que não consta no TAP
nenhuma cláusula restringindo a sua vigência ao Município do Itaúna, considerando a
sua vigência de âmbito nacional, decidir de maneira diversa, demandaria o reexame do
conjunto fático probatório, procedimento que encontra óbice na Súmula nº 126 desta
Corte, o que inviabiliza o prosseguimento do recurso de revista, a pretexto da alegada
violação dos dispositivos apontados.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo.
Brasília, 27 de outubro de 2021.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALEXANDRE AGRA BELMONTE
Ministro Relator

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