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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ARR-161500-43.2009.5.02.0434

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ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMSPM/brf

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA DO RECLAMANTE. ACÓRDÃO
REGIONAL PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.015/2014 - NULIDADE
PROCESSUAL DO ACÓRDÃO REGIONAL.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
APLICAÇÃO DO ART. 282, § 2º, DO CPC/2015.
Deixa-se de analisar a preliminar de nulidade
processual arguida pelo Agravante, tendo em
vista a possibilidade de julgamento do mérito
em favor da parte a quem aproveitaria a
decretação de nulidade processual por
negativa de prestação jurisdicional, nos termos
do disposto no § 2º do art. 282 do CPC/2015.
Agravo de instrumento não apreciado,
passando-se de imediato à análise do recurso
de revista.

II - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE.


ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
1 - INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO
POR MEIO DE NORMA COLETIVA. VALIDADE.
DIREITO DISPONÍVEL. TEMA 1.046 DA TABELA
DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF.
CONSONÂNCIA. ART. 927 DO CPC/2015. O STF
apreciou o Tema 1046 do ementário de
repercussão geral e deu provimento ao recurso
extraordinário ARE nº 1.121.633/GO para
estabelecer, como regra geral, a prevalência do
negociado sobre o legislado, em prestígio ao
princípio da autonomia coletiva, consagrado no
art. 7º, XXVI, da Constituição da República, a

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instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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afastar a norma coletiva apenas e tão somente


nas situações em que essa negociação
vilipendie direito indisponível do trabalhador.
Trata-se de decisão com efeito vinculante e
eficácia erga omnes e, portanto, obriga todos os
órgãos e instâncias do Poder Judiciário. Na
hipótese dos autos, o direito material
postulado (horas extras decorrentes da
redução do intervalo intrajornada mínimo
previsto em lei para repouso e alimentação)
não está albergado no rol de direitos
indisponíveis do trabalhador, e, portanto, não
tem viés constitucional direto, razão pela qual o
seu alcance é passível de flexibilização via
ajuste coletivo. Conforme registrado no
acórdão recorrido, o Tribunal Regional
consignou a premissa de que a norma coletiva
da categoria autorizou a redução do intervalo
intrajornada para 30 minutos diários. Dessa
forma, a exigência constante do artigo 71, § 3°,
da CLT (relativa à autorização específica do
Ministério do Trabalho e Emprego) não pode
prevalecer sobre a previsão constitucional de
validade das negociações coletivas, sendo
impositiva a observância da norma coletiva
quanto à redução do intervalo intrajornada
para repouso e alimentação, transacionada
pelos atores coletivos pactuantes, na linha da
mais recente jurisprudência do STF. No
particular, não se discute direito
absolutamente indisponível do trabalhador,
uma vez que a alteração se deu apenas quanto
ao tempo de intervalo, reduzido para 30
minutos, mantido o direito à fruição do
intervalo intrajornada. Desse modo, deve
prevalecer a cláusula coletiva negociada. Por
fim, tal diretriz foi dada pelo STF na fixação do
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tema 1046 de repercussão geral, de modo que


está superada a Súmula 437 do TST no tocante
à invalidade da norma coletiva que pactua a
redução do intervalo intrajornada. A decisão
regional está de acordo com a tese jurídica
proferida pelo Eg. STF no julgamento do ARE nº
1.121.633/GO (Tema 1046 da tabela de
Repercussão Geral), razão pela qual é inviável o
processamento do recurso de revista, nos
termos do art. 927 do CPC/2015. Recurso de
revista de que não se conhece.
2 - MULTA DE 40% DO FGTS. DIFERENÇAS
DECORRENTES DOS EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. RESPONSABILIDADE DO
EMPREGADOR PELO PAGAMENTO. ÔNUS DA
PROVA QUANTO À REGULARIDADE DOS
DEPÓSITOS. O Tribunal Regional rejeitou o
pedido, sob o fundamento de que “não há
prova nos autos de que o reclamante tenha
recebido os créditos oriundos dos expurgos
inflacionários. Portanto, não tendo recebido o
principal (expurgos), não há se falar no
pagamento de diferenças da multa respectiva”.
Todavia, nos termos da Orientação
jurisprudencial 341 da SbDI-1 do TST, é do
empregador a responsabilidade pelo
pagamento das diferenças da multa de 40%
sobre os depósitos do FGTS, decorrente da
atualização monetária em face dos expurgos
inflacionários. Dessa forma, o ônus de provar a
regularidade deste adimplemento é da
empresa, a teor da Súmula 461 do TST: "É do
empregador o ônus da prova em relação à
regularidade dos depósitos do FGTS, pois o
pagamento é fato extintivo do direito do autor".
No caso, a Corte Regional decidiu em
desconformidade com o entendimento no
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âmbito desta Corte Superior. Recurso de


revista conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


com Agravo n° TST-ARR-161500-43.2009.5.02.0434, em que é Agravante e Recorrente
EDGARD AZEVEDO DE ARAÚJO e é Agravada e Recorrida BRIDGESTONE DO BRASIL
INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

O Autor interpôs recurso de revista contra o acórdão regional. O


apelo foi parcialmente admitido, o que ensejou a interposição de agravo de
instrumento. A insurgência foi admitida quanto ao tema “MULTA DE 40% DO FGTS.
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS”, por aparente divergência jurisprudencial.
A Reclamada apresentou contraminuta ao agravo de
instrumento e contrarrazões ao recurso de revista.
Sem remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho.
É o relatório.

VOTO

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

a) Conhecimento

Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade do agravo


de instrumento, dele conheço.

b) Mérito

O recurso de revista foi parcialmente admitido, nos seguintes


termos:

“Tendo em vista o despacho de fl. 309 e a nova decisão proferida pela E.


3ª Turma às fls. 327/328, passo à análise dos pressupostos de admissibilidade
do recurso de revista interposto pelo reclamante (CLT, art. 896, § 1º).
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
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Tempestivo o recurso (decisão publicada em 03/03/2015 - fl. 296;


recurso apresentado em 11/03/2015 - fl. 297).
Regular a representação processual, fl(s). 9.
Desnecessário o preparo.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Processuais /
Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional.
O recorrente, embora afirme estar incompleta a prestação jurisdicional,
deixou de opor embargos declaratórios em face do v. acórdão regional para
sanar o suposto vício processual. Logo, preclusa a oportunidade de arguição
de nulidade do v. julgado recorrido, nos termos da Súmula 184, do C. TST.
Esse é o entendimento da Corte Superior, como pode ser conferido nos
seguintes julgados: RR-140-85.2011.5.12.0035, 1ª Turma, Relator Ministro
Hugo Carlos Scheurmann, DEJT 24/07/2017; RR-521-45.2010.5.04.0005, 2ª
Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda Arantes, DEJT 24/02/2017;
AIRR-426-75.2011.5.02.0315, 3ª Turma, Relator Ministro Maurício Godinho
Delgado, DEJT 11/04/2017; AIRR-1030-12.2012.5.15.0130, 4ª Turma, Relatora
Ministra Maria de Assis Calsing, DEJT 07/04/2017; RR-368-60.2012.5.15.0126,
Relator Ministro João Batista Brito Pereira, DEJT 11/04/2017;
AIRR-4520-54.2015.5.12.0022, 6ª Turma, Relator Ministro Aloysio Corrêa da
Veiga, DEJT 11/04/2017; AIRR-2328-14.2010.5.02.0084, Relator Ministro Cláudio
Mascarenhas Brandão, DEJT 07/04/2017; AIRR-927-45.2014.5.03.0008,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 24/04/2017.
Descabida, por conseguinte, a alegação de ofensa aos artigos 93, IX, da
Constituição Federal, 832, da CLT e 458, do CPC.
DENEGO seguimento.
Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada.
Alegação(ões):
O reclamante pleiteia o pagamento de uma extra diária, sustentando
ser inválida a redução do intervalo intrajornada por acordo coletivo.
Eis a tese combatida:
[...] É certo que o art. 71, da CLT, se refere a intervalo para
refeição e descanso de uma hora, considerando o objetivo de higiene,
descanso e segurança do trabalhador.
Porém, também é verdade que a atual Constituição Federal
elevou o grau de reconhecimento das normas coletivas oriundas de
negociações trabalhistas, envolvendo empregadores e sindicatos de
trabalhadores (inciso XXVI, do art. 7º, da C. Federal).
Deste modo, existindo nos autos cláusula de Acordo Coletivo
reduzindo a duração do intervalo, tal previsão deve ser respeitada,
por refletir a vontade normativa coletiva, amparada expressamente
na Carta Magna. Reformo.
Consignada no v. acórdão a validade da cláusula de acordo coletivo
prevendo redução do intervalo intrajornada, determino o seguimento do

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apelo, diante da aparente contrariedade à Súmula 437, II, da Corte


Superior.
RECEBO o recurso de revista.
Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa de
40% do FGTS / Expurgos Inflacionários.
Alegação(ões):
O recorrente alega ser credor de diferenças da multa do FGTS,
decorrentes dos expurgos inflacionários.
Sobre o tema, assim dissertou o Regional:
Entende o reclamante lhe serem devidas as diferenças da
multa de 40% sobre o FGTS depositado, com a inclusão dos expurgos
inflacionários ocorridos nos Planos Econômicos Verão e Collor.
Sem razão. Com efeito, não há prova nos autos de que o
reclamante tenha recebido os créditos oriundos dos expurgos
inflacionários. Portanto, não tendo recebido o principal (expurgos),
não há se falar no pagamento de diferenças da multa respectiva.
Mantenho.
O aresto de fl. 302-verso, proveniente do TRT da 1ª Região, viabiliza o
reexame da matéria, porquanto revela a existência de tese oposta
específica (Súmula 296, I, do TST) no sentido de que, reconhecido por lei o
direito aos expurgos inflacionários (Lei Complementar nº 110/2001), o
trabalhador faz jus a diferenças da multa do FGTS, tenha ele recebido o
principal ou não.
Eis a ementa do aresto-paradigma:
"EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. CÁLCULO DOS 40% DO FGTS.
Para ter direito às diferenças de 40% do FGTS, ante a aplicação dos
expurgos inflacionários não há necessidade de ter o empregado
recebido efetivamente os expurgos, seja através de ação proposta
perante a Justiça Federal ou de adesão ao acordo, pois a Lei
Complementar nº 110/01 é enunciativa do direito, condicionando
apenas seu pagamento aos requisitos nela fixados, inclusive àqueles
que não tenham firmado o termo de adesão. Declarado pela lei o
direito aos expurgos, as diferenças de 40% independe de que tenha
ele efetivamente recebido ou não os expurgos."
RECEBO o recurso de revista.
Duração do Trabalho / Turno Ininterrupto de Revezamento.
A Turma decidiu em perfeita consonância com a Súmula 423, da Corte
Superior, o que torna inviável o seguimento do apelo, nos termos do artigo
896, § 7º, da CLT, e da Súmula 333, do C. TST, inclusive com base em dissenso
pretoriano.
DENEGO seguimento.
CONCLUSÃO

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RECEBO o recurso de revista em relação aos temas "INTERVALO


INTRAJORNADA" e "MULTA DE 40% DO FGTS / EXPURGOS INFLACIONÁRIOS" e
DENEGO seguimento quanto aos demais” (destaques acrescidos).

Registre-se que, antes do retorno dos autos ao Tribunal Regional


de origem por determinação desta 8ª Turma, o Reclamante havia oposto embargos de
declaração contra o primeiro acórdão regional do recurso ordinário pretendendo sanar
supostas omissões quanto às demais matérias que restaram prejudicadas.
Logo, não houve preclusão da oportunidade para arguir nova
nulidade processual por negativa de prestação jurisdicional da referida decisão regional
quanto aos temas remanescentes, não se aplicando os termos da Súmula 184 do TST
no particular.
Assim sendo, supero o óbice apontado na decisão denegatória
de seguimento do recurso de revista relativamente ao tópico da nulidade processual do
acórdão regional por negativa de prestação jurisdicional.
Passa-se, portanto, à análise dos demais pressupostos
intrínsecos do recurso de revista, relativamente ao tema agravado.

NULIDADE PROCESSUAL DO ACÓRDÃO REGIONAL. NEGATIVA


DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. APLICAÇÃO DO ART. 282, § 2º, DO CPC/2015

Nas razões do recurso de revista, o Reclamante indica violação


dos arts. 93, IX, da Constituição da República, 832 da CLT e 458 do CPC/1973.
Sustenta que o Tribunal Regional negou-lhe prestação
jurisdicional completa quanto à multa de 40% sobre os expurgos inflacionários, uma
vez que “opôs embargos de declaração para que fosse esclarecido se o fato de o mesmo ter
trabalhado nos períodos em que vigoraram os Planos Econômicos em discussão, aliado ao
fato de os expurgos terem sido reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal já não seria
suficiente para o deferimento do pedido, por ser fato notório. Além disso, requereu á
manifestação do Tribunal quanto à ausência de contrariedade na defesa sobre a adesão ao
acordo/recebimento do recurso, o que torna o fato incontroverso. Em resumo, o recorrente
procurou a Expressa manifestação do Regional no que se refere ao artigo 334 do CPC, na,
medida em que este exime a responsabilidade da prova quando se trata de fato notório e
incontroverso”.
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Narra que a Corte Regional “foi reticente sobre referida matéria


objeto dos embargos, eis que apenas mencionou não poder ser aceita a tese de fato notório,
sendo inadmissível a presunção de recebimento pelo autor, deixando, pois, de analisar a
questão da afronta ao artigo 334 do CPC sob o prisma do fato incontroverso. Frise-se, a
recorrida não contestou a informação da adesão ao acordo contida na inicial. Assim, o
Tribunal deveria ter se manifestado quanto a necessidade de provas deste fato
incontroverso. Assim, observa-se que matérias de total relevância ao feito foram
simplesmente ignoradas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, o qual agiu em
expressa negativa de prestação jurisdicional. Diante de todo exposto, resta configurada a
negativa de prestação jurisdicional pelo Tribunal de origem, requerendo o acolhimento do
Recurso de Revista, e a reforma do v. acórdão, determinando-se o retorno dos autos ao
Tribunal ‘a quo’, a fim de que seja proferida nova decisão, com a devida manifestação as
questões aludidas nos Embargos Declaratórios do recorrente”.
Todavia, deixa-se de analisar a preliminar de nulidade processual
arguida pelo Recorrente, tendo em vista a possibilidade de julgamento do mérito em
favor da parte a quem aproveitaria a decretação de nulidade processual por negativa de
prestação jurisdicional, nos termos do disposto no § 2º do art. 282 do CPC/2015.
Por outro lado, da leitura da minuta de agravo de instrumento,
observa-se que o Reclamante não renovou expressamente o seu inconformismo,
versado nas razões do recurso de revista, quanto ao tema “TURNO ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO”, o que pressupõe sua concordância tácita com os fundamentos da
decisão denegatória, e, por isso, não será apreciado.
Ante o exposto, deixo de apreciar o agravo de instrumento,
passando-se de imediato à análise do recurso de revista.

II – RECURSO DE REVISTA

a) Conhecimento

O recurso de revista é tempestivo, está subscrito por advogado


regularmente habilitado e cumpre os demais pressupostos extrínsecos de
admissibilidade.

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1 - INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO POR MEIO DE


NORMA COLETIVA. VALIDADE. DIREITO DISPONÍVEL. TEMA 1.046 DA TABELA DE
REPERCUSSÃO GERAL DO STF. CONSONÂNCIA. ART. 927 DO CPC/2015

Nas razões do recurso de revista, o Autor aponta ofensa ao art.


71, §§ 3º e 4º, da CLT, contrariedade à Súmula 437 do TST e divergência jurisprudencial.
Sustenta que “somente pode ocorrer redução do intervalo para
refeição e descanso por meio de ato do Ministério do Trabalho, o que não ocorreu durante
todo o período imprescrito”.
Afirma que “não há se falar em previsão de redução do intervalo
por meio de norma coletiva, como alegado no v. acórdão, visto que isso é inválido e
contraria os termos do item II da Súmula 437 do C. TST”.
Pretende que seja “reformado o v. acórdão, condenando-se a
recorrida no pagamento de uma hora extra diária, com adicional de 50% bem como seus
devidos reflexos no aviso prévio, férias+1/3, DSR's e feriados, 13° salário e FGTS+40%, nos
períodos em que mão houve comprovação da autorização ministerial, a saber: de 16/8/2006
a 27/12/2006 e de 28/12/2008.a 23/03/2009”.
A Corte Regional reformou a sentença para “excluir da
condenação o pagamento de horas extras por ausência de intervalo intrajornada”.
Consta do acórdão recorrido a seguinte fundamentação:

“Mérito
Das horas extras/intervalo para refeição
Insurge-se a recorrente contra a condenação ao pagamento de horas
extras por não concessão do intervalo intrajornada. Alega que há cláusula
normativa dispondo sobre o intervalo de apenas 30 minutos.
Razão lhe assiste. É certo que o art. 71, da CLT, se refere a intervalo para
refeição e descanso de uma hora, considerando o objetivo de higiene,
descanso e segurança do trabalhador.
Porém, também é verdade que a atual Constituição Federal elevou o
grau de reconhecimento das normas coletivas oriundas de negociações
trabalhistas, envolvendo empregadores e sindicatos de trabalhadores (inciso
XXVI, do art. 7º, da C. Federal).
Deste modo, existindo nos autos cláusula de Acordo Coletivo reduzindo
a duração do intervalo, tal previsão deve ser respeitada, por refletir a vontade
normativa coletiva, amparada expressamente na Carta Magna.
Reformo” (destaques no original).

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Como se vê, o Tribunal Regional indeferiu o pedido, sob o


fundamento de que, “existindo nos autos cláusula de Acordo Coletivo reduzindo a duração
do intervalo [para 30 minutos], tal previsão deve ser respeitada, por refletir a vontade
normativa coletiva, amparada expressamente na Carta Magna”.
Sobre o tema, em sessão realizada em 02/06/2022, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal apreciou o Tema 1046 do ementário de repercussão geral e
deu provimento ao recurso extraordinário (ARE nº 1.121.633/GO) para estabelecer a
seguinte tese jurídica:

"São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao


considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou
afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis".

Por conseguinte, a Suprema Corte passou a admitir, como regra


geral, a prevalência do negociado sobre o legislado, em prestígio ao princípio da
autonomia coletiva, consagrado no art. 7º, XXVI, da Constituição da República, a afastar
a norma coletiva apenas e tão somente nas situações em que essa negociação
vilipendie direito indisponível do trabalhador.
Trata-se de decisão com efeito vinculante e eficácia erga omnes e,
portanto, obriga todos os órgãos e instâncias do Poder Judiciário.
Manter decisões, em casos concretos, em dissonância com as
teses adotadas pela Suprema Corte resultaria em ruptura do sistema e desarrazoada
imposição, às partes, do oneroso encargo de alçarem à jurisdição constitucional, via
recurso extraordinário, para preservarem a uniformidade de interpretação e a unidade
na aplicação da questão jurídica já pacificada (exegese do art. 1.035, § 3º, III, do
CPC/2015).
No caso, o direito material postulado (horas extras decorrentes
da redução do intervalo intrajornada mínimo previsto em lei para repouso e
alimentação) não está albergado no rol de direitos indisponíveis do trabalhador, e,
portanto, não tem viés constitucional direto, razão pela qual o seu alcance é passível de
flexibilização via ajuste coletivo.

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Conforme registrado no acórdão recorrido, o Tribunal Regional


consignou a premissa de que a norma coletiva da categoria autorizou a redução do
intervalo intrajornada para 30 minutos diários.
Dessa forma, a exigência constante do artigo 71, § 3°, da CLT
(relativa à autorização específica do Ministério do Trabalho e Emprego) não pode
prevalecer sobre a previsão constitucional de validade das negociações coletivas, sendo
impositiva a observância da norma coletiva quanto à redução do intervalo intrajornada
para repouso e alimentação, transacionada pelos atores coletivos pactuantes, na linha
da mais recente jurisprudência do STF.
No particular, não se discute direito absolutamente indisponível
do trabalhador, uma vez que a alteração se deu apenas quanto ao tempo de intervalo,
reduzido para 30 minutos, mantido o direito à fruição do intervalo intrajornada. Desse
modo, deve prevalecer a cláusula coletiva negociada.
Ainda que não seja o caso de aplicação retroativa de lei nova
para fatos pretéritos, uma vez que a previsão do art. 7º, XXVI, da Constituição da
República vem desde a redação original da Constituição da República de 1988, cabe
destacar a título ilustrativo o art. 611-A, III, da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, ao
dispor que “a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei
quando, entre outros, dispuserem sobre: [...] III - intervalo intrajornada, respeitado o limite
mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas” (grifos nossos).
Por fim, tal diretriz foi dada pelo STF na fixação do tema 1046 de
repercussão geral, de modo que está superada a Súmula 437 do TST no tocante à
invalidade da norma coletiva que pactua a redução do intervalo intrajornada.
No mesmo sentido, os seguintes julgados desta Corte Superior:

"RECURSO DE REVISTA. REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA .


NEGOCIAÇÃO COLETIVA. LIMITAÇÃO OU AFASTAMENTO DE DIREITOS
TRABALHISTAS. VALIDADE. RESPEITO AOS DIREITOS ABSOLUTAMENTE
INDISPONÍVEIS. APLICAÇÃO DA TESE JURÍDICA VINCULANTE FIXADA NO TEMA
1.046 PELO STF. REPERCUSSÃO GERAL. Hipótese na qual a Norma Coletiva,
com fundamento no artigo 7.º XXVI da CF, estabeleceu a redução do intervalo
intrajornada. Considerando que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1.121.633-GO, com repercussão
geral reconhecida (Tema 1.046) fixou a tese segundo a qual " são
constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de

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direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de


vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis " (trânsito em julgado 9/5/2023) imperioso se torna o
provimento do Recurso de Revista para adequar o acórdão regional a tese
jurídica de efeito vinculante e eficácia erga omnes. Recurso de Revista
conhecido e provido" (RR-1000494-77.2019.5.02.0072, 1ª Turma, Relator
Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 18/08/2023).

“RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA - VALIDADE DA CLÁUSULA


COLETIVA QUE AUTORIZA A REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA
PARA 30 MINUTOS DIÁRIOS - TEMA 1.046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL DO STF - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA -
PROVIMENTO. 1. Em 02/06/22, o Supremo Tribunal Federal pacificou a
questão da autonomia negocial coletiva, fixando tese jurídica para o Tema
1046 de sua tabela de repercussão geral, nos seguintes termos: ''São
constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de
direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de
vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". Nesse sentido, consagrou a tese da prevalência do negociado
sobre o legislado e da flexibilização das normas legais trabalhistas. Ademais,
ao não exigir a especificação das vantagens compensatórias e adjetivar de
''absolutamente'' indisponíveis os direitos infensos à negociação coletiva,
também sacramentou a teoria do conglobamento e a ampla autonomia
negocial coletiva, sob tutela sindical, na esfera laboral. 2. Com efeito, se os
incisos VI, XIII e XIV do art. 7º da CF admitem a redução de salário e jornada
mediante negociação coletiva, que são as duas matérias básicas do contrato
de trabalho, todos os demais direitos que tenham a mesma natureza salarial
ou temporal são passíveis de flexibilização. 3. Na esteira da Carta Magna, a
reforma trabalhista de 2017 (Lei 13.467) veio a parametrizar a negociação
coletiva, elencando quais os direitos que seriam (CLT, art. 611-A) ou não (CLT,
art. 611-B) negociáveis coletivamente. Ainda que, no presente caso, parte do
período contratual seja anterior à reforma trabalhista, o entendimento do STF
fixado no julgamento do Tema 1.046 aplica-se a esse período anterior,
enquanto que a norma legal acima citada aplicar-se-ia a períodos posteriores.
4. No caso dos autos, o objeto da cláusula da norma coletiva refere-se à
redução do intervalo intrajornada para 30 minutos, o que atende aos
parâmetros do precedente vinculante do STF, fixados no ARE 1121633, de
relatoria do Min. Gilmar Mendes, além dos constitucionais e legais supra
referidos, pois se está legitimamente flexibilizando norma legal atinente a
jornada de trabalho. 5. Nesses termos, reconhecida a transcendência política
da causa por contrariedade ao entendimento vinculante do STF no Tema
1.046 da Tabela de Repercussão Geral e a violação do art. 7º, XXVI, da CF,
impõe-se o provimento do recurso de revista para, reconhecendo a validade

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da cláusula coletiva, excluir da condenação o pagamento das horas extras


referentes ao intervalo intrajornada. Recurso de revista provido, no tópico”
(RR - 1421-66.2013.5.01.0341, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins
Filho, 4ª Turma, DEJT 23/06/2023).

“AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.


INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO PARCIAL. FLEXIBILIZAÇÃO POR
NORMA COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1.046 DO EMENTÁRIO DE
REPERCUSSÃO GERAL. JULGAMENTO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
DO ARE 1121633. DIREITO DISPONÍVEL. PREVALÊNCIA DA NORMA
COLETIVA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA NA DECISÃO
AGRAVADA. 1. Caso em que foi reconhecida a validade da norma coletiva em
que prevista a redução parcial do intervalo intrajornada. 2. O Plenário do
Supremo Tribunal Federal, em sessão realizada em 02/06/2022, apreciou o
Tema 1.046 do ementário de repercussão geral e deu provimento ao recurso
extraordinário (ARE 1121633) para fixar a seguinte tese: "São constitucionais
os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação
setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". Portanto, segundo o entendimento consagrado pelo STF, as
cláusulas dos acordos e convenções coletivas de trabalho, nas quais previsto o
afastamento ou limitação de direitos, devem ser integralmente cumpridas e
respeitadas, salvo quando, segundo a teoria da adequação setorial negociada,
afrontem direitos gravados com a nota da indisponibilidade absoluta. Embora
não tenha definido o STF, no enunciado da Tese 1046, quais seriam os direitos
absolutamente indisponíveis, é fato que eventuais restrições legais ao
exercício da autonomia da vontade, no plano das relações privadas, encontra
substrato no interesse público de proteção do núcleo essencial da dignidade
humana (CF, art. 1º, III), de que são exemplos a vinculação empregatícia
formal (CTPS), a inscrição junto à Previdência Social, o pagamento de salário
mínimo, a proteção à maternidade, o respeito às normas de proteção à saúde
e segurança do trabalho, entre outras disposições minimamente essenciais.
Nesse exato sentido, a Lei 13.467/2017 definiu, com clareza, conferindo a
necessária segurança jurídica a esses negócios coletivos, quais seriam os
direitos transacionáveis (art. 611-A da CLT) e quais estariam blindados ao
procedimento negocial coletivo (art. 611-B da CLT). Ao editar a Tese 1.046, a
Suprema Corte examinou recurso extraordinário interposto em instante
anterior ao advento da nova legislação, fixando, objetivamente, o veto à
transação de "direitos absolutamente indisponíveis", entre os quais não se
inserem, obviamente, direitos de índole essencialmente patrimonial, inclusive
suscetíveis de submissão ao procedimento arbitral (Lei 9.307/96), como na
hipótese, em que se questiona a redução do intervalo intrajornada. 3. Nesse
cenário, a redução de intervalo intrajornada, quando prevista em norma

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coletiva, é plenamente válida e deve ser respeitada, sob pena de maltrato ao


artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal. 4. A decisão agravada, portanto,
encontra-se em consonância com a tese firmada pelo STF. Agravo não
provido, com acréscimo de fundamentação” (Ag-RRAg -
1000704-18.2016.5.02.0466, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, 5ª
Turma, DEJT 18/08/2023) .

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INTERVALO


INTRAJORNADA. REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA. TRANSCENDÊNCIA
JURÍDICA. 1. A causa referente à validade da norma coletiva que reduz o
intervalo intrajornada apresenta transcendência jurídica, por estar inserida no
Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral. 2. Em recente decisão acerca do
tema de repercussão geral nº 1046, o STF fixou a tese de que "são
constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao consideraram a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de
direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de
vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". 3. No presente caso, há registro de que houve negociação
coletiva acerca do intervalo intrajornada, o que atende ao precedente
vinculante do STF, além de estar em consonância com as normas
constitucional (artigo 7º, XIII) e legal (artigo 611-A, III, da CLT), que permitem a
flexibilização da jornada de trabalho. 4. Em face da possível violação do art. 7º,
XXVI, da CF, dou provimento ao agravo de instrumento a fim de determinar o
processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e
provido para processar o recurso de revista quanto ao tema. II - RECURSO DE
REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA.
TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL. TRANSCENDÊNCIA
JURÍDICA RECONHECIDA. 1. Esta Corte Superior tinha o entendimento de que
o intervalo intrajornada por constituir-se medida de higiene, saúde e
segurança do trabalho, era inválida a cláusula normativa que contemplava sua
supressão ou intervalo (Súmula nº 437, II, do TST). 2. Com a reforma
trabalhista, a Lei nº 13.467/2017 estabeleceu novos parâmetros à negociação
coletiva, introduzindo os artigos 611-A e 611-B à CLT, que possibilitam a
redução do intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 minutos
para jornada superior a seis horas, fazendo, ainda, constar que regras sobre
duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas de
saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins da proibição de
negociação coletiva (art. 611-B, parágrafo único). 3. Em recente decisão
proferida no Tema nº 1046 da Tabela de Repercussão Geral (ARE 1121633), o
STF fixou a tese jurídica de que "são constitucionais os acordos e as convenções
coletivos que, ao consideraram a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da
explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os
direitos absolutamente indisponíveis". (destaquei). 4. Na oportunidade, segundo

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notícia extraída do sítio eletrônico da Suprema Corte, prevaleceu o


entendimento do Exmo. Ministro Gilmar Mendes (Relator), que prestigiou a
norma coletiva que flexibilizou as horas in itinere, explicitando que, ainda que
a questão esteja vinculada ao salário e à jornada de trabalho, a própria
Constituição Federal permite a negociação coletiva em relação aos referidos
temas, ficando vencidos os Exmos. Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, que
entendiam que, estando o direito relacionado com horas extras, seria
inadmissível a negociação coletiva. 5. A conclusão a que se chega é que,
exceto nos casos em que houver afronta a padrão civilizatório mínimo
assegurado constitucionalmente ao trabalhador, será sempre prestigiada a
autonomia da vontade coletiva consagrada pelo art. 7º, XXVI, da CR. 6. No
presente caso, há registro de que a reclamante usufruía de 30 minutos de
intervalo intrajornada e de que houve negociação coletiva a respeito do tema,
o que atende ao precedente vinculante do STF, além de estar em consonância
com a norma constitucional (artigo 7º, XIII) e legal (artigo 611-A, III, da CLT),
que permitem a flexibilização da jornada de trabalho. 7. Impõe-se, assim, a
reforma do acórdão regional, para que seja excluído da condenação o
pagamento do intervalo intrajornada resultante da declaração de invalidade
da norma coletiva. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 7º,
XXVI, da CF e provido" (RR-10560-94.2016.5.15.0002, 8ª Turma, Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 14/11/2022).

“RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE RECURSO INTERPOSTO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. 1. REDUÇÃO DO INTERVALO
INTRAJORNADA. AUTORIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO. AUTORIZAÇÃO EM NORMA COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1046
DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. Considerando a existência de decisão
proferida pelo STF acerca da matéria, em caráter vinculante, nos termos do
artigo 927 do CPC, deve ser reconhecida a transcendência da causa. 2.
REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA. AUTORIZAÇÃO DO MINISTÉRIO
DO TRABALHO E EMPREGO. AUTORIZAÇÃO EM NORMA COLETIVA.
VALIDADE. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. NÃO CONHECIMENTO. Cinge-se a controvérsia em
saber se a norma coletiva que autoriza a redução do intervalo intrajornada
para 35 minutos deve ser considerada válida, à luz da decisão proferida no
julgamento do Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral do Supremo
Tribunal Federal. Decerto que, no tocante à amplitude das negociações
coletivas de trabalho, sempre defendi que esta Justiça Especializada, em
respeito ao artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal, tem o dever constitucional
de incentivar e garantir o cumprimento das decisões tomadas a partir da
autocomposição coletiva, desde que formalizadas nos limites constitucionais.
A negociação coletiva consiste em valioso instrumento democrático inserido
em nosso ordenamento jurídico, por meio do qual os atores sociais são

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autorizados a regulamentar as relações de trabalho, atendendo às


particularidades e especificidades de cada caso. Em razão de reconhecer a
relevância da negociação coletiva, a OIT, no artigo 4º da Convenção nº 98,
promulgada por meio do Decreto n° 33.296/1953, estabeleceu a necessidade
de serem tomadas medidas apropriadas para fomentá-la, incentivando a sua
utilização para regular os termos e as condições de emprego. De igual modo,
a Convenção nº 154 da OIT, promulgada pelo Decreto nº 1.256/1994, versa
sobre o incentivo à negociação coletiva, cujo artigo 2º estabelece que essa tem
como finalidade fixar as condições de trabalho e emprego, regular as relações
entre empregadores e trabalhadores ou "regular as relações entre os
empregadores ou suas organizações e uma ou várias organizações de
trabalhadores ou alcançar todos estes objetivos de uma só vez". Essa
regulação, bem como a fixação das condições de emprego, se dá a partir do
diálogo entre os entes coletivos, os quais atuam em igualdade de condições e
com paridade de armas, legitimando o objeto do ajuste, na medida em que
afasta a hipossuficiência ínsita ao trabalhador nos acordos individuais de
trabalho. Desse modo, penso que as normas autônomas oriundas de
negociação coletiva devem prevalecer, em princípio, sobre o padrão
heterônomo justrabalhista, já que a transação realizada em autocomposição
privada é resultado de uma ampla discussão havida em um ambiente
paritário, com presunção de comutatividade. Esse, inclusive, foi o
entendimento firmado pelo excelso Supremo Tribunal Federal, por ocasião do
julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo 1.121.633, em regime de
repercussão geral (Tema 1046), com a fixação da seguinte tese jurídica: "São
constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuem limitações ou afastamentos de
direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de
vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". Importante realçar que as decisões proferidas pelo excelso
Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, por força de sua
natureza vinculante, mostram-se de observância obrigatória por parte dos
demais órgãos do Poder Judiciário, que devem proceder à estrita aplicação de
suas teses nos casos submetidos à sua apreciação, até mesmo para a
preservação do princípio da segurança jurídica. Vale ressaltar, ainda, que o
artigo 611-A, III, da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, prevê que a norma
coletiva que dispuser sobre o intervalo intrajornada terá prevalência sobre a
lei, desde que respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornada
superior a seis horas. Assim, em observância aos termos do artigo 7º, XXVI, da
Constituição Federal, deve ser privilegiada a autonomia das partes, porquanto
o intervalo intrajornada não trata de direito indisponível. No caso, infere-se
que a egrégia Corte Regional reputou válida a redução do intervalo
intrajornada para 35 minutos no referido período, porquanto pactuada por
norma coletiva e com a autorização do Ministério do Trabalho e Emprego.
Assim, tenho que a decisão regional está em conformidade com a tese

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vinculante firmada no julgamento do Tema 1046. Recurso de revista de que


não se conhece” (RR - 1392-41.2019.5.12.0004, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, 8ª Turma, DEJT 21/08/2023).

Por oportuno, ressalte-se que a decisão proferida pelo Supremo


Tribunal Federal possui efeito vinculante e eficácia erga omnes, cabendo às demais
instâncias do Poder Judiciário tão-somente aplicá-la nos casos concretos, a fim de
conferir efetividade ao julgamento do STF. Assim, é imperiosa a manutenção do
acórdão de origem neste tocante.
Logo, a decisão regional está de acordo com a tese jurídica
proferida pelo Eg. STF no julgamento do ARE nº 1.121.633/GO (Tema 1046 da tabela
de Repercussão Geral), razão pela qual é inviável o processamento do recurso de
revista, nos termos do art. 927 do CPC/2015.
Não conheço do recurso de revista no particular.

2 – MULTA DE 40% DO FGTS. DIFERENÇAS DECORRENTES DOS


EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR PELO
PAGAMENTO. ÔNUS DA PROVA QUANTO À REGULARIDADE DOS DEPÓSITOS

Nas razões do recurso de revista, o Autor aponta violação do art.


334 do CPC e divergência jurisprudencial.
Sustenta que o “caso em discussão tanto envolve direito
consubstanciado em fato notório (direito aos expurgos), quanto fato incontroverso (adesão
ao acordo não contestada pela reclamada)”, e que, assim, “não se faz necessária a prova de
que o trabalhador efetivamente tenha recebido os expurgos inflacionários, ou seja, o direito
ao pagamento das diferenças de 40% independe de que tenha ele efetivamente recebido ou
não os expurgos”.
Pretende a reforma da “decisão de origem e condenar a recorrida
no pagamento da multa de 40% sobre as diferenças na Correção dos depósitos de FGTS
relativas aos planos Collor e Verão”.
Com razão.
A decisão regional é do seguinte teor:

“Recurso Ordinário do reclamante


[...]
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Da multa de 40% dos expurgos inflacionários


Entende o reclamante lhe serem devidas as diferenças da multa de 40%
sobre o FGTS depositado, com a inclusão dos expurgos inflacionários
ocorridos nos Planos Econômicos Verão e Collor.
Sem razão. Com efeito, não há prova nos autos de que o reclamante
tenha recebido os créditos oriundos dos expurgos inflacionários. Portanto,
não tendo recebido o principal (expurgos), não há se falar no pagamento de
diferenças da multa respectiva.
Mantenho” (destaques no original).

Como se vê, o Tribunal Regional rejeitou o pedido, sob o


fundamento de que “não há prova nos autos de que o reclamante tenha recebido os
créditos oriundos dos expurgos inflacionários. Portanto, não tendo recebido o principal
(expurgos), não há se falar no pagamento de diferenças da multa respectiva”.
O Reclamante logrou demonstrar divergência jurisprudencial,
pois o aresto transcrito nas razões do recurso de revista (Tribunal Regional do Trabalho
da 1ª Região, Relator Desembargador José Antônio Teixeira da Silva, DORJ 09/12/2011)
ostenta a seguinte antítese:

“EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. CÁLCULO DOS 40% DO FGTS. Para ter


direito às diferenças de 40-% do FGTS, ante a aplicação dos expurgos
inflacionários não há necessidade de ter o empregado recebido efetivamente
os expurgos, seja através de ação proposta perante a justiça federal ou de
adesão ao acordo, pois a Lei Complementar n° 110/01 é enunciativa do
direito, condicionando apenas seu pagamento aos requisitos nela fixados,
inclusive àqueles que não tenham firmado o termo de adesão. Declarado pela
Lei o direito aos expurgos, as diferenças de 40% independe de que tenha ele
efetivamente recebido ou não os expurgos” (RO 0168600-58.2009.5.01.0052).

Ao entender que as diferenças pleiteadas não seriam devidas


porque não havia prova de que o valor da multa do FGTS pago pela Reclamada não
tivesse sido calculado considerando as diferenças decorrentes dos expurgos
inflacionários, o Tribunal Regional divergiu da conclusão espelhada no paradigma.
Diante do exposto, no particular, conheço do recurso de revista
por divergência jurisprudencial.

b) Mérito

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MULTA DE 40% DO FGTS. DIFERENÇAS DECORRENTES DOS


EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR PELO
PAGAMENTO. ÔNUS DA PROVA QUANTO À REGULARIDADE DOS DEPÓSITOS

Trata-se de controvérsia acerca de diferenças nos recolhimentos


do FGTS, tendo como base de cálculo para o recolhimento da respectiva multa de 40%
os expurgos inflacionários ocorridos nos Planos Econômicos Verão e Collor.
O Tribunal Regional rejeitou o pedido, sob o fundamento de que
“não há prova nos autos de que o reclamante tenha recebido os créditos oriundos dos
expurgos inflacionários. Portanto, não tendo recebido o principal (expurgos), não há se falar
no pagamento de diferenças da multa respectiva”.
Nos termos da Orientação jurisprudencial 341 da SbDI-1 do
TST, é do empregador a responsabilidade pelo pagamento das diferenças da multa de
40% sobre os depósitos do FGTS, decorrente da atualização monetária em face dos
expurgos inflacionários.
Dessa forma, o ônus de provar a regularidade deste
adimplemento é da empresa. No mesmo sentido é o teor da Súmula 461 do TST:

"FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA PROVA - Res. 209/2016,


DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016
É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos
depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art.
373, II, do CPC de 2015)".

No caso, a Corte Regional decidiu em desconformidade com o


entendimento no âmbito desta Corte Superior.
Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista do
Reclamante para deferir as diferenças relativas à multa de 40% do FGTS decorrentes
dos expurgos inflacionários, a serem apuradas em liquidação de sentença.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, I - não apreciar o agravo de instrumento quanto ao tópico
“NULIDADE PROCESSUAL DO ACÓRDÃO REGIONAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
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JURISDICIONAL”, nos termos do disposto no § 2º do art. 282 do CPC/2015, passando-se


de imediato à análise do recurso de revista; II – por maioria, não conhecer do recurso
de revista quanto ao tema “INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO POR MEIO DE
NORMA COLETIVA. VALIDADE. DIREITO DISPONÍVEL. TEMA 1.046 DA TABELA DE
REPERCUSSÃO GERAL DO STF. CONSONÂNCIA. ART. 927 DO CPC/2015”; e III – por
unanimidade, conhecer do recurso de revista quanto ao tema “MULTA DE 40% DO
FGTS. DIFERENÇAS DECORRENTES DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR PELO PAGAMENTO. ÔNUS DA PROVA QUANTO À
REGULARIDADE DOS DEPÓSITOS”, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, dar-lhe
provimento para deferir as diferenças relativas à multa de 40% do FGTS decorrentes
dos expurgos inflacionários, a serem apuradas em liquidação de sentença. Valor da
condenação acrescido em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com custas processuais de R$
100,00 (cem reais), para efeito de novo recurso.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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