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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1001339-63.2019.5.02.0055

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004BEF83C327E8F3B.
ACÓRDÃO
(4ª Turma)
GMALR/mla

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO
REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS
LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017.

1. NULIDADE POR NEGATIVA DE


PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ACORDÃO
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. 2.
CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA –
INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº
126 DO TST. DECISÃO MONOCRÁTICA DO
RELATOR QUE DENEGA SEGUIMENTO AO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DO PREENCHIMENTO DOS
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO
RECURSO DE REVISTA. CONHECIMENTO E
NÃO PROVIMENTO.
I. Quanto ao tema “nulidade por negativa de
prestação jurisdicional”, o Tribunal Regional
atendeu ao comando dos arts. 832 da CLT, 489 do
CPC/2015 (art. 458 do CPC/1973) e 93, IX, da
CF/1988, uma vez que a decisão recorrida
encontra-se fundamentada. Na verdade, a parte
Recorrente se insurge contra o posicionamento
adotado pela Corte de origem no exame da matéria
controvertida. Contudo, a discordância quanto à
decisão proferida, a má apreciação das provas ou a
adoção de posicionamento contrário aos interesses
da parte não são causas de nulidade processual,
nem ensejam ofensa aos arts. 832 da CLT, 489 do
CPC/2015 (art. 458 do CPC/1973) e 93, IX, da
CF/1988. II. Quanto ao tema “cláusula de não
concorrência – indenização”, a aplicação da
Súmula nº 126 do TST impede o processamento do
recurso de revista. III. Fundamentos da decisão
agravada não desconstituídos, mantendo-se a
intranscendência da causa, por não atender aos
parâmetros legais (político, jurídico, social e
econômico). IV. Agravo de que se conhece e a
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que se nega provimento, com aplicação da
multa de 5% sobre o valor da causa
atualizado, em favor da parte Agravada,
com fundamento no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1001339-63.2019.5.02.0055, em
que é Agravante WAGNER DE PAULA e é Agravada SOLENIS ESPECIALIDADES
QUIMICAS LTDA.

Por decisão monocrática, negou-se seguimento ao agravo de


instrumento, em razão da ausência de transcendência da causa (art. 896-A da CLT).
A parte ora Agravante interpõe recurso de agravo, em que pleiteia, em
síntese, a reforma da decisão agravada, com o conhecimento e provimento do seu agravo de
instrumento e o consequente processamento do seu recurso de revista.
A Reclamada apresentou contraminuta ao agravo.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho.
É o relatório.

VOTO

1. CONHECIMENTO
Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade do agravo, dele
conheço.

2. MÉRITO
A decisão ora agravada está assim fundamentada:
Trata-se de agravo de instrumento em que se pretende destrancar recurso de
revista interposto de decisão publicada na vigência das Leis nº 13.015/2014 e
13.467/2017.
Na forma do art. 247 do RITST, o exame prévio e de ofício da transcendência
deve ser feito à luz do recurso de revista. Logo, o reconhecimento de que a causa
oferece transcendência pressupõe a demonstração, no recurso de revista, de tese
hábil a ser fixada, com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política,
social ou jurídica, a que se refere o § 1º do art. 896-A da CLT.

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A parte ora Agravante insiste no processamento do recurso de revista, sob o
argumento, em suma, de que o apelo atende integralmente aos pressupostos legais
de admissibilidade.
Entretanto, como bem decidido em origem, o recurso de revista não alcança
conhecimento, não tendo a parte Agravante demonstrado, em seu arrazoado, o
desacerto daquela decisão denegatória.
Assim sendo, adoto, como razões de decidir, os fundamentos constantes da
decisão agravada, a fim de reconhecer como manifestamente inadmissível o recurso
de revista e, em consequência, confirmar a decisão ora recorrida.
Esclareço que a jurisprudência pacífica desta Corte Superior é no sentido de
que a confirmação integral da decisão recorrida por seus próprios fundamentos não
implica vício de fundamentação, nem desrespeito às cláusulas do devido processo
legal, do contraditório ou da ampla defesa, como se observa dos ilustrativos
julgados: Ag-AIRR-125-85.2014.5.20.0004, Data de Julgamento: 19/04/2017,
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 24/04/2017;
AIRR-2017-12.2013.5.23.0091, Data de Julgamento: 16/03/2016, Relator Ministro
José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, DEJT 18/03/2016;
AgR-AIRR-78400-50.2010.5.17.0011, Data de Julgamento: 05/04/2017, Relator
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, DEJT 11/04/2017;
Ag-AIRR-1903-02.2012.5.03.0112, Data de Julgamento: 28/02/2018, Relator
Ministro Breno Medeiros, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/03/2018;
AIRR-1418-16.2012.5.02.0472, Data de Julgamento: 30/03/2016, Relatora Ministra
Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2016;
Ag-AIRR-61600-46.2007.5.02.0050, Data de Julgamento: 07/10/2015, Relator
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
16/10/2015; AgR-AIRR - 453-06.2016.5.12.0024, Data de Julgamento: 23/08/2017,
Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 25/08/2017.
Na mesma linha é o seguinte e recente julgado da Quarta Turma do Tribunal
Superior do Trabalho:
“AGRAVO. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE
MOTIVAÇÃO. PER RELATIONEM. NÃO PROVIMENTO. A adoção da
técnica de fundamentação per relationem atende à exigência de
motivação das decisões proferidas pelos órgãos do Poder Judiciário,
consoante a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal,
trazida à colação na própria decisão agravada (STF-ARE 657355- Min.
Luiz Fux, DJe-022 de 01/02/2012). Assim, não se vislumbra a nulidade
apontada, pois a v. decisão encontra-se devidamente motivada, tendo
como fundamentos os mesmos adotados pela Vice-Presidência do
egrégio Tribunal Regional quando do exercício do juízo de
admissibilidade a quo do recurso de revista, que, por sua vez, cumpriu
corretamente com seu mister, à luz do artigo 896, § 1º, da CLT.
Afasta-se, portanto, a apontada afronta aos artigos 5º, LV, da
Constituição Federal e 489, § 1º, II, III e IV, do NCPC. Agravo a que se
nega provimento” (Ag-AIRR-148-67.2014.5.06.0021, Relator Ministro
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 02/08/2018,
4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/08/2018).

Há de se destacar, ainda, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


também é uniforme no sentido de que “a técnica da fundamentação per
relationem, na qual o magistrado se utiliza de trechos de decisão anterior ou de

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parecer ministerial como razão de decidir, não configura ofensa ao disposto no art.
93, IX, da Constituição Federal” (RHC 130542 AgR/SC, Relator Ministro Roberto
Barroso, Julgamento: 07/10/2016, Órgão Julgador: Primeira Turma, DJe-228 de
26/10/2016).
Nesse sentido, se o recurso de revista não pode ser conhecido, há de se
concluir que não há tese hábil a ser fixada, com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica e, portanto, a causa não oferece
transcendência (exegese dos arts. 896-A da CLT e 247 do RITST).
Assim sendo, considero ausente a transcendência da causa e, em
consequência, nego seguimento ao agravo de instrumento.

No caso, foi mantida, por seus próprios fundamentos, decisão da


Autoridade Regional de seguinte teor:
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS
PROCESSUAIS / NULIDADE / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL.
Alegação(ões):
Sustenta que o v. Acórdão incorreu em negativa de prestação jurisdicional,
pois não se pronunciou acerca de seus argumentos no que toca à análise da matéria
ligada à cláusula de não concorrência.
Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade
por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida
examinou toda a matéria posta no recurso.
Com efeito, conforme se vê no julgado, a fundamentação apresentada é
suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões
levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia
apontada no apelo.
A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de
decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos
pertinentes e relevantes para a solução da lide.
No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente
outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o
prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes as
disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Sumula 459, do TST).
DENEGA-SE seguimento.
CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO.
Alegação(ões):
-COMPROMISSO DE NÃO CONCORRÊNCIA
Consignado no v. acórdão que o reclamante somente veio a Juízo após o
transcurso do prazo da cláusula de não-concorrência, quando não mais havia a
possibilidade de reconhecer sua nulidade, não se vislumbra ofensa aos dispositivos
legais e constitucionais apontados.
DENEGA-SE seguimento.
CONCLUSÃO
DENEGA-SE seguimento ao recurso de revista.

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Ressalte-se, de plano, que, embora conste das razões do recurso de
revista a matéria “honorários sucumbenciais – justiça gratuita”, bem assim da minuta
de agravo de instrumento e de agravo, aquela não foi apreciada pela Autoridade
Regional, no despacho de admissibilidade, e o Agravante não opôs embargos de
declaração, nos termos do art. 1°, §1º, da Instrução Normativa n° 40 do TST, de
modo que a matéria em epígrafe não será apreciada por esta Corte por conta da preclusão.
Na minuta de agravo, a parte Recorrente argumenta, quanto à
“preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional”, que a decisão foi
omissa, uma vez que “a cláusula de não concorrência foi inserida pela demandada no contrato
de trabalho do agravante pouco tempo antes de realizar a dispensa do trabalhador, e que, o
eventual descumprimento desta pelo trabalhador (que, incontroversamente não ocorreu) lhe
imporia as sanções legais, razão pela qual seria despiscienda a fixação de penalidade expressa
no contrato”.
Afirma que “a própria recorrida alega em sua defesa que o recorrente
somente poderia se ativar em favor de qualquer outro empregador, DESDE QUE OBSERVASSE
OS LIMITES DA CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA CONTRATUALMENTE IMPOSTA PELA
EMPRESA”.
Requer que “seja complementado o v. Acórdão, possibilitando-se a
manifestação expressa desta C. Turma acerca da natural sujeição do trabalhador às
disposições dos artigos 389 a 391 do Código Civil, o que, por si, restringia a sua liberdade de
trabalho, desde a imposição contratual”.
Entretanto, o agravo não merece provimento.
Inicialmente, destaca-se que a adoção de fundamentação per
relationem na decisão agravada não implica ofensa às normas processuais relativas à
fundamentação dos julgados. Como já consignado na decisão ora recorrida, a jurisprudência
do Tribunal Superior do Trabalho e do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a adoção
da técnica per relationem atende à exigência de motivação das decisões proferidas pelos
órgãos do Poder Judiciário, não havendo que se falar, portanto, em violação dos arts. 5º, II, 93,
IX, da Constituição Federal, nem do art. 489, § 1º, III, do CPC/2015.
Consta do acórdão regional o seguinte:
No ponto, os fundamentos externados na origem para rejeição do pedido são
idênticos aos adotados por este Relator, permitindo a aplicação, ao caso, da técnica
de julgamento conhecida como motivação "per relationem".
Esta forma de fundamentação é compatível com a regra do inciso IX do art.
93, da CF, conforme já reconhecido pelo E. STF em despacho exarado pelo Exmo.
Ministro Celso de Mello nos autos da MC 27.350/DF, proferido em 29.05.2008 e
publicado no DJU de 04.06.2008. Há, inclusive, recentes decisões daquela E. Corte
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Suprema, posteriores à entrada em vigor do atual Código de Processo Civil (Lei
13.105/15), que reafirmam a legitimidade desta forma de julgamento (cf. ARE
887.611/AP, relatado pelo Exmo. Ministro Luís Roberto Barroso e julgado em 16 de
agosto de 2016, com publicação em 19 de agosto de 2016).
Esclareço que a remissão aos fundamentos da sentença, ou, em outros
termos, sua incorporação formal às razões de decidir, importa na automática
rejeição, por incompatibilidade lógica, de todos os argumentos em sentido contrário
levantados nas razões recursais.
Eis os fundamentos da r. sentença, ora adotados como razão de decidir:
"O reclamante alega que, durante o pacto laboral, a reclamada
lhe impôs a obrigação de firmar um compromisso de não-concorrência
pelo período de um ano após a rescisão de seu contrato de trabalho,
impedindo seu ingresso em qualquer empresa concorrente da ré.
Pleiteia, assim, o pagamento de uma indenização como forma de
ressarcimento pelo período de não-concorrência imposto
contratualmente pela ré.
A reclamada aduz que jamais exigiu do autor o cumprimento da
cláusula de não concorrência em tela, e que, no mais, sequer há
comprovação de que o reclamante tenha cumprido a mesma, ou que
suportou qualquer prejuízo em razão de sua existência.
Razão assiste à reclamada.
Vejamos: Primeiramente, o autor não comprova que a
reclamada exigiu o cumprimento da cláusula de
não-concorrência após o término do pacto laboral, eis que
não produziu prova testemunhal nos autos e não apresentou
qualquer documento neste sentido. Assim, não havendo
demonstração de que a existência da cláusula em tela tenha
impossibilitado a contratação do reclamante por outra
empresa, ou impedido, de qualquer forma, o posterior
desempenho de suas atividades profissionais, inexiste
prejuízo capaz de ensejar o pagamento da indenização ora
pleiteada.
No mais, verifico do contrato acostado aos autos (Id.
cc8b07f), que, embora exista a citada cláusula de
não-concorrência, não restou estipulada qualquer penalidade
ao autor caso infringisse respectiva regra. Assim, o
reclamante não seria penalizado em caso de não
cumprimento da cláusula em tela, o que demonstra, também
por este ângulo, a ausência de prejuízo ao reclamante.
Neste sentido, em depoimento pessoal, o autor relatou que "que
não foi informado penalidade" (sic).
Vale dizer, ainda, que também não foi estipulado o pagamento
de qualquer indenização por parte da reclamada em virtude da
existência de referida cláusula. Portanto, não há como este Juízo fixar o
pagamento de qualquer indenização, eis que ausente norma legal ou
contratual estipulando referida indenização.
Por fim, verifico dos autos que o autor aguardou o
término do prazo da cláusula de não concorrência para só
então ajuizar a presente ação buscando uma contraprestação
pelo tempo em que supostamente foi impedido pela ré de
trabalhar. Assim, entendo que, no caso dos autos, não

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observou o reclamante os princípios da lealdade e da boa-fé,
pois, de forma injustificada, somente veio a Juízo após o
transcurso do prazo da cláusula de não-concorrência, quando
não mais havia a possibilidade de reconhecer sua nulidade e
permitir sua inserção no mercado de trabalho, demonstrando,
assim, que seu interesse era, na verdade, o percebimento de
vantagem pecuniária e não a garantia do livre exercício de
sua profissão.
Vale dizer que o reclamante poderia ter ajuizado ação trabalhista
contra a reclamada, para resguardar seus direitos, pleiteando a
nulidade da cláusula de nulidade em tela, e buscando a garantia de seu
direito de inserção no mercado de trabalho pelo período de vigência da
cláusula em tela. A inércia do reclamante, durante o período de
não-concorrência, serve de indício para demonstrar que este, de fato,
não desejava sua reintegração ao mercado de trabalho, mas apenas o
pagamento de uma indenização pecuniária, o que não encontra
qualquer amparo legal ou contratual.
Assim sendo, por todo o exposto, entendo que não poderão
prosperar as pretensões do autor ao pagamento de uma
indenização equivalente ao período de um ano após a
rescisão contratual, como forma de ressarcimento pelo
período de não-concorrência.
Indefiro o pedido elencado no item "a" da petição inicial."
Necessário repetir, ademais, que o próprio reclamante confessa, em
audiência (ID. a879086 - Pág. 1), que não foi estipulada penalidade na
hipótese de descumprimento da cláusula debatida. Assim, diante da
ausência de qualquer reprimenda, por eventual desprezo à cláusula de
cunho aparentemente moral, não impediria o autor, caso quisesse,
colocar-se no mercado de trabalho, no ramo que melhor atendesse a seus
interesses.
Isso porque não sofreria qualquer consequência pecuniária pela iniciativa de
prestar trabalho em eventual concorrente da reclamada.
De resto, lembro que decisões proferidas por juízos diversos não têm força de
vincular as razões de decidir deste relator.
Nego provimento.
Mantida a condenação do reclamante ao pagamento de honorários
sucumbenciais, bem como, em razão do resultado da demanda, incabível a
obrigação da reclamada ao pagamento da parcela a favor do demandante (Grifos
nossos).

Da decisão dos embargos de declaração extrai-se o seguinte:


Tempestivos e regulares.
Conheço.
Inicialmente, o autor não comprovou que teria deixado de atuar no
mercado de trabalho em razão de eventual cláusula de não concorrência.
No particular, não juntou qualquer documento ou apresentou testemunhas para dar
suporte ao alegado.
Assim, ausente comprovação do suposto prejuízo de ingresso no
mercado de trabalho, inviável o deferimento do pedido.
Também, não indica a parte autora, de forma precisa, qual seria a reprimenda
aplicável na hipótese de suposta violação da cláusula que menciona. A pretensão do
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embargante é a reforma do julgado, expediente vedado pela estreita via dos
embargos declaratórios.
Nego provimento (Grifos nossos).
Como consignado na decisão ora agravada, não há nulidade por
negativa de prestação jurisdicional a sanar, uma vez que a Corte Regional emitiu tese a
respeito dos questionamentos da parte ora Agravante.
Como se observa do acórdão anteriormente transcrito, o Tribunal
Regional atendeu ao comando dos arts. 832 da CLT, 489 do CPC/2015 (art. 458 do CPC/1973)
e 93, IX, da CF/1988, uma vez que a decisão recorrida encontra-se fundamentada.
Isso porque a Corte de origem examinou a questão relativa ao
cumprimento da cláusula de não concorrência, tendo decidido que “o próprio reclamante
confessa, em audiência (ID. a879086 - Pág. 1), que não foi estipulada penalidade na hipótese
de descumprimento da cláusula debatida [...] diante da ausência de qualquer reprimenda, por
eventual desprezo à cláusula de cunho aparentemente moral, não impediria o autor, caso
quisesse, colocar-se no mercado de trabalho”.
Ademais, a Corte Regional ressaltou que “o autor não comprova que a
reclamada exigiu o cumprimento da cláusula de não-concorrência após o término do pacto
laboral, eis que não produziu prova testemunhal nos autos e não apresentou qualquer
documento neste sentido”.
Como se percebe, a parte Recorrente se insurge contra o
posicionamento adotado pela Corte de origem no exame da matéria controvertida. Contudo, a
discordância quanto à decisão proferida, a má apreciação das provas ou a adoção de
posicionamento contrário aos interesses da parte não são causa de nulidade processual, nem
ensejam ofensa aos arts. 832 da CLT, 489 do CPC/2015 (art. 458 do CPC/1973) e 93, IX, da
CF/1988.
A bem da verdade, o acórdão regional, ao qual o Autor, ora
Agravante, atribui a pecha de nulo, está em sintonia com o precedente firmado pelo STF no
Tema 339 de Repercussão Geral, exigindo-se que o “acórdão ou decisão sejam
fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado
de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão”,
de modo que não se vislumbra a alegada negativa de prestação jurisdicional.
Quanto ao tema “cláusula de não concorrência – indenização”,
verifica-se que para se chegar a conclusão diversa da estabelecida no acórdão regional há
necessidade de revolvimento de fatos e provas, procedimento incompatível com a natureza
extraordinária do recurso de revista (óbice da Súmula nº 126 do TST).

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Nessa circunstância, os argumentos da parte Agravante acima
transcritos não logram desconstituir a decisão agravada, razão pela qual nego provimento
ao agravo.
O entendimento desta Turma é de que se aplica a multa prevista no
art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, nas hipóteses em que o agravo for declarado manifestamente
inadmissível ou improcedente em votação unânime. No mesmo sentido é a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, ilustrada pelo seguinte julgado:
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA LEGAL E FÁTICA – O recurso
extraordinário não é meio próprio ao revolvimento da prova nem serve à
interpretação de normas estritamente legais. AGRAVO – MULTA – ARTIGO
1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Se o agravo é
manifestamente inadmissível ou improcedente, impõe-se a aplicação da
multa prevista no § 4º do artigo 1.021 do Código de Processo Civil de
2015, arcando a parte com o ônus decorrente da litigância protelatória”
(RE 1123275 AgR, Relator Ministro MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
11/09/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-242 DIVULG 14-11-2018 PUBLIC
16-11-2018, destaque acrescido).

Considerando que o presente agravo foi julgado improcedente à


unanimidade, condeno a parte Agravante a pagar multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor
da causa atualizado, em favor da parte Agravada, com fundamento no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, à unanimidade, conhecer do agravo; no mérito, negar-lhe provimento e
condenar a Agravante a pagar multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa
atualizado, em favor da parte Agravada, com fundamento no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015.
Custas processuais inalteradas.
Brasília, 16 de agosto de 2022.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALEXANDRE LUIZ RAMOS
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 17/08/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a
Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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