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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000785-22.2021.5.02.0003

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DE74B2FFE2F.
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMDMA/LV

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
RECLAMADA NA VIGÊNCIA DA LEI
13.467/2017. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE
LÍQUIDO INFLAMÁVEL. CONSTRUÇÃO
VERTICAL (ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL
385 DA SBDI-1 DO TST). AUSÊNCIA DE
TRANSCENDÊNCIA. No caso, não se verifica
nenhum dos indicadores de transcendência
previstos no art. 896-A, § 1.º, da CLT. O valor da
causa (R$ 104.390,51) não é elevado, o que
revela a falta de transcendência econômica. A
decisão do Tribunal Regional não contraria
Súmula ou Orientação Jurisprudencial do
Tribunal Superior do Trabalho ou Súmula do
Supremo Tribunal Federal, nem contraria
jurisprudência pacífica e reiterada desta Corte
Superior, circunstância que afasta a
possibilidade de transcendência política.
Destaca-se que, na hipótese dos autos, o
Tribunal Regional reformou a sentença para
condenar a reclamada ao pagamento do
adicional de periculosidade, consignando que,
“em se tratando de armazenamento de
inflamáveis no interior de prédio, toda a área
interna da construção vertical deve ser
considerada como área de risco, e não apenas o
andar ou o setor onde se localizam os
inflamáveis”. Nesse contexto, a conclusão do
Tribunal Regional encontra-se em consonância
com a Orientação Jurisprudencial 385 da
SBDI-1 do TST. No mais, a controvérsia dos

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autos não afeta matéria nova atinente à


interpretação da legislação trabalhista, pelo
que não há transcendência jurídica. Por fim,
não há transcendência social, porquanto não
caracterizada ofensa a direito social
constitucionalmente assegurado. Agravo não
provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000785-22.2021.5.02.0003, em
que é Agravante EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT e é
Agravada NELCI RAMALDES ASEVEDO.

Trata-se de agravo interposto à decisão que denegou


seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, na forma dos arts. 932, III
e IV, “a”, do CPC; 896, § 14, da CLT e 118, X, do RITST.
Inconformada, a agravante alega que seu recurso reunia
condições de admissibilidade. Pugna pela reconsideração da decisão agravada.
Não foram apresentadas contrarrazões.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade recursal,


CONHEÇO do agravo.

2 – MÉRITO

A decisão monocrática proferida por esta Relatora negou


seguimento ao agravo de instrumento da reclamada, adotando os fundamentos da decisão
denegatória do recurso de revista, nos seguintes termos:
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“RECURSO REGIDO PELA LEI 13.467/2017


Trata-se de agravo de instrumento interposto à decisão que denegou
seguimento ao recurso de revista pelos fundamentos a seguir transcritos:

[...]
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS /
ADICIONAL / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Diante do quadro fático delineado no v. acórdão,
insuscetível de reexame em sede extraordinária (Súmula 126, do
TST), verifica-se que o Regional decidiu em consonância com a
Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST.
Assim, inviável o reexame pretendido, nos termos do art.
896, § 7º, da CLT e da Súmula 333 do TST, porquanto atingida a
finalidade precípua do recurso de revista.
Nesse sentido:
[...] DECISÃO EM CONFORMIDADE COM ENTENDIMENTO
PACIFICADO DESTA CORTE SUPERIOR. ÓBICE DO ART. 896, § 7º,
DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. 1. Tendo em
vista a finalidade precípua desta instância extraordinária na
uniformização de teses jurídicas, a existência de entendimento
sumulado ou representativo de iterativa e notória jurisprudência,
em consonância com a decisão recorrida, configura impeditivo ao
processamento do recurso de revista, por imperativo legal. Tal
diretriz, antes contida no art. 896, "a", parte final, da CLT e na
Súmula 333/TST, está, hoje, consagrada pelo mesmo art. 896, § 7º,
do Texto Consolidado [...]. Mantém-se a decisão recorrida. Agravo
conhecido e desprovido. (Ag-AIRR-11204-31.2017.5.03.0036, 5ª
Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT
10/02/2023).
DENEGO seguimento.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Inconformada, a parte agravante sustenta, em síntese, que seu recurso


de revista preenche os pressupostos de admissibilidade, na forma do art. 896
da CLT, motivo pelo qual requer o processamento do apelo.
À análise.
A parte agravante traz em suas razões recursais a demonstração de seu
inconformismo. Contudo, não apresenta argumentos capazes de invalidar os
fundamentos da decisão agravada, o que inviabiliza o prosseguimento do
recurso.

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A admissibilidade do recurso de revista restringe-se às estreitas


hipóteses jurídicas do art. 896, “a”, “b” e “c”, da CLT, com os limites contidos
nos §§ 2º, 7º e 9º do referido artigo, em consonância com as Súmulas 266, 333
e 442 desta Corte Superior.
Nos termos dos arts. 932, III e IV, do CPC; 896, § 14, da CLT e 118, X, do
RITST, o Relator está autorizado a denegar seguimento ao recurso de revista
que não preenche os pressupostos intrínsecos ou extrínsecos de
admissibilidade, podendo, inclusive, adotar como razões de decidir, os
fundamentos da decisão impugnada.
Destaca-se a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no sentido de
que a técnica de manutenção da decisão recorrida por seus próprios e
jurídicos fundamentos ou da fundamentação per relationem não configura
ofensa ao art. 93, IX, da Constituição Federal, tampouco desrespeito aos
princípios do devido processo legal, do contraditório ou da ampla defesa (RHC
130542 AgR/SC, Relator Ministro Roberto Barroso, Órgão Julgador: Primeira
Turma, DJe-228 de 26/10/2016).
No Tribunal Superior do Trabalho, em igual sentido, os seguintes
julgados de Turmas: Ag-AIRR-115100-23.2009.5.19.0005, 1ª Turma, Relator
Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 09/08/2021;
Ag-AIRR-3040-51.2013.5.02.0002, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 24/05/2019; Ag-AIRR-147-13.2012.5.06.0002, 4ª Turma, Relator
Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 18/06/2021;
Ag-AIRR-2425-30.2015.5.02.0022, 5ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT 28/05/2021;
Ag-AIRR-685-19.2013.5.02.0083, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira
Valadão Lopes, DEJT 06/08/2021 e AgR-AIRR-453-06.2016.5.12.0024, 8ª Turma,
Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 25/08/2017.
Dessa forma, no caso concreto, após a análise das razões aduzidas pela
parte recorrente, mantenho a decisão agravada e adoto integralmente os
seus fundamentos, os quais passam a integrar essas razões de decidir.
Diante do exposto e com fundamento nos arts. 932, III e IV, “a”, do CPC;
896, § 14, da CLT e 118, X, RITST, NEGO SEGUIMENTO ao agravo de
instrumento.”

Nas razões do agravo, a reclamada renova a insurgência relativa


ao tema “Adicional de Periculosidade”.
Alega que a reclamante não faz jus ao recebimento do adicional
de periculosidade, uma vez que “não laborava em área de risco e os tanques de
armazenamento de óleo diesel estão localizados em área externa de um dos prédios da ECT,
não se tratando, portanto, de construção vertical a atrair a aplicação da OJ 385 da SDI-1 do
TST”.

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Aponta contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1


do TST (por má aplicação). Traz arestos a cotejo.
Ao exame.
Constou no acórdão regional, in verbis:

“O Anexo 2, item 1, "b", da NR 16 considera como atividade periculosa o


armazenamento de inflamáveis líquidos. Já os itens 4 e 4.1 do mesmo Anexo
ressaltam que só não estará caracterizada a periculosidade caso a capacidade
máxima de armazenamento de inflamáveis por recipiente (elemento de
contenção), seja este de plástico, aço ou metal, não ultrapasse de 250 litros
cada (Quadro I do Anexo 2 da NR 16).
Realizada perícia técnica, constatou a perita judicial que a reclamante,
ao exercer as funções de operadora de triagem, não esteve exposta a agentes
periculosos (Id. 2b326fe).
A expert detalhou no corpo do laudo as condições do armazenamento
de inflamáveis, relatando que (fls. 595.596):

A edificação vistoriada possui instalado no 2º subsolo dois


sistemas de geração de energia (grupo motogerador), em duas salas
distintas. Os tanques encontram-se instalados fora da projeção
horizontal do edifício, este alimentado por óleo diesel, sendo o ponto
de abastecimento em área externa do prédio. Segue detalhamento:
3 (três) geradores com potência de 355 KVA cada;
2 (dois) geradores com potência de 438 KVA cada - c/ tanque
acoplado com capacidade volumétrica de armazenamento de 900
litros.
O óleo diesel está acondicionado em 01 (um) tanque metálico
com capacidade de 2.000, dotado com as seguintes (mil) litros
instalado em superfície no 2º subsolo medidas de proteção: bacia de
segurança, sistema de detecção de fumaça, porta corta-fogo, sistema
de CO2 para prevenção de incêndio e/ou explosão e em caso de falha
desse sistema, aciona-se os sprinklers (chuveiros automáticos para
extinção de fogo), válvula de respiro externo, porta corta-fogo
iluminação blindada (a prova de explosão), unidade extintora,
aterramento.
Em outro ponto, em área externa fora da projeção vertical da
edificação, em local a céu aberto, estão localizados na calçada da rua
Jaguaré Mirim 10 (dez) geradores carenados com potência de 550 KVA
cada, sendo 08 com tanque reservatório acoplado com capacidade
de 820 litros e dois com tanque acoplado de 750 litros. Atualmente
removidos.
Obs.: Anterior ao mês de Março de 2015 (17.03.2015) havia
instalado no local um tanque reservatório com capacidade de
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armazenamento de 10.000 litros, o qual foi removido, e substituído


pelo tanque atual supracitado com capacidade de 2.000 litros,
destinado ao abastecimento dos grupos geradores de emergência do
edifício.
Ressalta-se, que o uso dos motogeradores é de forma
emergencial, para manter a energia elétrica do prédio em situações
emergenciais.
[...]
A AUTORA tinha seu posto fixo de trabalho em outro local, onde
realizava suas atividades e onde permanecia durante toda sua
jornada de trabalho, portanto, fora da bacia de segurança do tanque
de óleo diesel.
O gerador e/ou o tanque de óleo diesel estão instalados em
área isolada com acesso restrito, apenas pessoas autorizadas. A
AUTORA não tinha permissão de acesso e jamais adentrou nestes
recintos onde estão instalados os tanques e a sua respectiva bacia de
segurança.
Portanto, não houve o ingresso em área de risco deste tanque.
Logo, afastamos a hipótese de área de risco por tanques de
inflamáveis para o caso da AUTORA. (grifei).

Nesse contexto, em se tratando de armazenamento de inflamáveis


no interior de prédio, toda a área interna da construção vertical deve ser
considerada como área de risco, e não apenas o andar ou o setor onde se
localizam os inflamáveis. Isso se justifica porque, não sendo observado o
limite legal de armazenamento (caso dos autos), um eventual sinistro
(explosão ou incêndio) tem o potencial de afetar todo o prédio e atingir
todos os trabalhadores que nele se ativam, conforme entendimento
cristalizado na OJ n. 385 da SDI-I do TST, assim disposta:

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE


LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL. (DEJT
divulgado em 09, 10 e 11.06.2010). É devido o pagamento do
adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas
atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual
ou distinto daquele onde estão instalados tanques para
armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do
limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna
da construção vertical.

De outro lado, não pode a ré escudar-se na NR 20, uma vez que as


atividades e operações perigosas em decorrência de exposição a inflamáveis
não se encontram disciplinadas na referida NR, mas unicamente na NR 16,

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que estabelece o limite legal de 250 litros por tanque. A respeito do tema, cito
julgado do C. TST.

"[...] RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. PROCESSO SOB A


ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. ADICIONAL
DE PERICULOSIDADE. INFLAMÁVEIS. A jurisprudência desta Corte se
firmou no sentido de ser devido o pagamento do adicional de
periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em
edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto
daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de
líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal,
considerando-se como área de risco toda a área interna da
construção vertical (OJ 385/SBDI-1/TST). A SBDI-1 desta Corte
Superior, no julgamento do processo E-RR-970-73.2010.5.04.0014, da
relatoria do Ministro João Oreste Dalazen, em sessão realizada em
16/2/2017, adotou entendimento no sentido de que a NR-16, nos itens
3 e 4 do Anexo 2, estabelece expressamente os limites de líquido
inflamável armazenado no local de trabalho que ensejam o
pagamento de adicional de periculosidade, ainda que se trate de
recinto fechado . Assim, não acarreta direito à referida parcela a
existência de armazenamento de líquido inflamável acondicionado
em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros metais ou
plástico, com capacidade entre 60 e até 250 litros - hipótese dos
autos. Recurso de revista do Reclamante não conhecido (TST,
Processo: ARR - 21839-45.2015.5.04.0511, 3ª Turma, Relator: Maurício
Godinho Delgado, Julgamento: 09/12/2021, Publicação: 17/12/2021)
(grifei).

A NR 20, a meu ver, possui cunho exclusivamente administrativo. Tanto


é que o seu item 20.17.2 (vigente à época do contrato) autoriza, por exemplo,
o armazenamento de tanque de superfície com capacidade de até 3 mil litros
no interior do prédio "[...] nos casos em que seja comprovada a
impossibilidade de instalá-lo enterrado ou fora da projeção horizontal do
edifício". Ora, seria ilógico e ofenderia o princípio da alteridade (art. 2º, CLT)
caso fosse afastado o adicional de periculosidade apenas em razão da
impossibilidade do empregador de instalar os tanques de forma enterrada ou
fora do prédio.
Assim, o julgador não está adstrito ao laudo pericial, na forma do art.
479 do CPC, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos
provados nos autos.
Por tais razões, dou provimento ao recurso da reclamante para
julgar procedente a ação, deferindo-lhe o pagamento do adicional de
periculosidade, no importe de 30% do salário básico mensal, com

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reflexos nas férias + 1/3, 13º salários e FGTS, este último a ser depositado
na conta vinculada, tendo em vista a vigência do contrato de trabalho.
Sucumbente no objeto da perícia, a reclamada deverá pagar os
honorários devidos ao perito engenheiro, conforme valor fixado na origem, de
R$ 806,00.
Após o trânsito em julgado e com a intimação específica, a reclamada
deverá incluir o benefício em folha de pagamento, no prazo de 60 (sessenta)
dias, sob pena de multa diária de 1/30 do valor da remuneração mensal
percebido pela reclamante, em caso de descumprimento da obrigação de
fazer.” (Grifei)

Quanto ao tema, não se verifica nenhum dos indicadores de


transcendência previstos no art. 896-A, § 1.º, da CLT.
O valor da causa (R$ 104.390,51 – fl. 13-pdf) não é elevado, o que
revela a falta de transcendência econômica.
A decisão do Tribunal Regional não contraria Súmula ou
Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou Súmula do Supremo
Tribunal Federal, nem contraria jurisprudência pacífica e reiterada desta Corte Superior,
circunstância que afasta a possibilidade de transcendência política.
Destaca-se que, na hipótese dos autos, o Tribunal Regional
reformou a sentença para condenar a reclamada ao pagamento do adicional de
periculosidade, consignando que, “em se tratando de armazenamento de inflamáveis no
interior de prédio, toda a área interna da construção vertical deve ser considerada como
área de risco, e não apenas o andar ou o setor onde se localizam os inflamáveis”.
Nesse contexto, a conclusão do Tribunal Regional de que é
devido o adicional de periculosidade está em consonância com a Orientação
Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST, in verbis:

"385. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE


LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL. (DEJT divulgado
em 09, 10 e 11.06.2010)
É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado
que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em
pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para
armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal,
considerando-se como área de risco toda a área interna da construção
vertical".

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Esbarra o apelo, portanto, no óbice da Súmula 333 do TST e do


art. 896, § 7.º, da CLT.
No mais, a controvérsia dos autos não afeta matéria nova
atinente à interpretação da legislação trabalhista, pelo que não há transcendência
jurídica.
Por fim, não há transcendência social, porquanto não
caracterizada ofensa a direito social constitucionalmente assegurado.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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