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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-495-90.2021.5.05.0342

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ACÓRDÃO
(8ª Turma)
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I – AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA DO ESTADO DA BAHIA -
REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 -
NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL
POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. Deixa-se de analisar a
preliminar de nulidade processual arguida pela
recorrente, tendo em vista a possibilidade de
julgamento do mérito em favor da parte a
quem aproveitaria a decretação de nulidade
processual por negativa de prestação
jurisdicional, nos termos do disposto no § 2º do
art. 282 do CPC/2015. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS.
ENTE PÚBLICO. CONTRATO DE GESTÃO.
AUSÊNCIA DE PROVA DE FISCALIZAÇÃO.
ÔNUS DA PROVA. TRANSCENDÊNCIA
POLÍTICA RECONHECIDA. Constatada possível
violação do inciso I do art. 373 do CPC, merece
provimento o agravo de instrumento para
determinar o processamento do recurso de
revista. Agravo de instrumento a que se dá
provimento.
II – RECURSO DE REVISTA DO ESTADO DA
BAHIA - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 –
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. ENTE
PÚBLICO. AUSÊNCIA DE PROVA DE
FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA.
O Tribunal Regional manteve a
responsabilidade subsidiária do ente público. O
Supremo Tribunal Federal, ao examinar a

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ADC-16/DF e o RE-760931/DF (leading case do


Tema nº 246 do Ementário de Repercussão
Geral), firmou tese no sentido de que a
inadimplência da empresa contratada não
transfere ao ente público tomador de serviços,
de forma automática, a responsabilidade pelo
pagamento dos encargos trabalhistas e fiscais,
sendo necessário verificar, caso a caso, a
eventual ocorrência de culpa da Administração
Pública. Embora o tema nº 1.118 ainda esteja
pendente de julgamento, o Supremo Tribunal
Federal tem reiteradamente cassado decisões
da Justiça do Trabalho em que se atribui a
responsabilidade subsidiária ao ente público,
em razão de este não ter se desincumbido do
encargo de demonstrar a efetiva fiscalização do
contrato. Julgados do STF. Considerando que o
Supremo Tribunal Federal delineia o alcance
dos seus precedentes vinculantes por meio de
suas reclamações, constata-se que a mera
ausência de prova quanto à fiscalização do
contrato não induz à responsabilização do
Poder Público. Caso contrário, estar-se-ia
diante da possibilidade de novas condenações
do Estado por simples inadimplemento, em
desrespeito à tese fixada na ADC 16. Recurso
de revista de que se conhece e a que se dá
provimento.
III - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE -
REGÊNCIA DAS LEIS NOS 13015/2014 E
13467/2017. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO
AOS VALORES INDICADOS NA INICIAL. A
reclamação trabalhista foi interposta na
vigência da Lei nº 13467/2017, que alterou a
redação dos §§ 1º e 2º do art. 840 da CLT,
segundo o qual, "sendo escrita, a reclamação
deverá conter a designação do juízo, a
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qualificação das partes, a breve exposição dos


fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que
deverá ser certo, determinado e com indicação de
seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
de seu representante" e, "se verbal, a reclamação
será reduzida a termo, em duas vias datadas e
assinadas pelo escrivão ou secretário, observado,
no que couber, o disposto no § 1º deste artigo". A
jurisprudência dessa Corte tem se inclinado no
sentido de que, se houver indicação de valores
certos e determinados na petição inicial, sem
ressalva da parte quanto a se tratar de mera
estimativa ou quanto a remeter à apuração dos
valores à fase de liquidação, o provimento
jurisdicional deve se liminar aos valores
expressos na petição inicial. No caso, houve
expressa indicação pela parte, na inicial, de que
os valores indicados eram de mera estimativa.
Recurso de revista conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-495-90.2021.5.05.0342, em que é Recorrente e Recorrido ESTADO DA BAHIA
e RONNEY LUCENA DA SILVA e é Recorrido ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO À
MATERNIDADE E À INFÂNCIA DE CASTRO ALVES.

O reclamante interpôs recurso de revista (fls. 1.020/1.032) contra


o acórdão do Tribunal Regional de fls. 974/984.
O recurso de revista foi admitido em relação ao tema “LIMITAÇÃO
DOS VALORES DA PETIÇÃO INICIAL”.
O segundo reclamado interpôs agravo de instrumento (fls.
1.082/1.106) contra a decisão de fls. 1.052/1.060, mediante a qual foi denegado
seguimento ao seu recurso de revista (fls. 988/1.019).
Não houve apresentação de contraminuta e contrarrazões.

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O Ministério Público do Trabalho oficiou pelo prosseguimento


dos apelos (fls. 1.117/1.118).
É o relatório.

VOTO

I – AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO


ESTADO DA BAHIA

1 - CONHECIMENTO

Conheço do agravo de instrumento por estarem presentes os


pressupostos legais de admissibilidade, entre os quais a representação processual
(Súmula 436 do TST) e a tempestividade (ciência da decisão denegatória em 31/8/2023 e
interposição do apelo em 3/9/2023), sendo inexigível o preparo.

2 – MÉRITO

Inicialmente, deixo de analisar o tema “MULTA POR EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS”, pois inovatório, uma vez que não suscitado nas razões do
recurso de revista.

2.1 – PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISIDICIONAL

Evidenciada a possibilidade de êxito da parte a quem aproveita a


declaração de nulidade, deixa-se de examinar a preliminar, nos termos do § 2º do art.
282 do CPC.

2.2 - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE


SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. CONTRATO DE GESTÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DE
FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA

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O Regional denegou seguimento ao recurso de revista com


fundamento no § 7º do art. 896 da CLT e nas Súmulas 331, V, 333 do TST.
O segundo reclamado reitera a argumentação apresentada no
referido apelo. Destaca os julgamentos proferidos pelo STF na ADC 16 e no RE 760.931 e
afirma que a decisão regional viola as referidas decisões vinculantes. Argumenta que
incumbe à parte autora o ônus de provar que não houve a efetiva fiscalização e
acompanhamento da execução do contrato. Sustenta que o ente público não pode ser
responsabilizado subsidiariamente, salvo se comprovada a sua culpa in vigilando ou in
elegendo. Renova a divergência jurisprudencial e as alegações de violação do § 1º do art.
71 da Lei nº 8.666/1993.
Com razão.
Verifico que a causa oferece transcendência política hábil a
viabilizar sua apreciação (art. 896-A, § 1º, II, da CLT).
No presente caso, o Regional, ao reconhecer a responsabilidade
subsidiária do ente público, assim fundamentou sua decisão:

“A responsabilidade do Estado da Bahia está fundamentada na regra de


responsabilidade civil que estabelece que quem, de qualquer modo, contribui
para a violação do direito, responde pelos danos provocados.
De igual sorte, a condenação do Recorrente fundamenta-se no princípio
da proteção do trabalhador contra os atos que busquem, de qualquer forma,
fraudar, impedir ou desvirtuar a aplicação da legislação trabalhista (art. 9º da
CLT), tendo em vista que quem mais se beneficiou do labor operário foi o
Estado, que para não desempenhar diretamente função que era de sua
responsabilidade, atribui-a a terceiro, por meio de contrato de gestão.
À medida que a Administração Pública se torna beneficiária direta da
força de trabalho dos empregados de seus contratados, mas negligencia o
cumprimento da lei (arts. 58, III, e 67 da Lei 8666/93), que lhe impõe o dever
de fiscalizar as ações destes, essa conduta culposa in vigilando autoriza
atribuir-lhe o dever de garantir, subsidiariamente, o cumprimento de tais
encargos, sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado.
O fato de se nomear de contrato de gestão o pacto firmado entre as
Reclamadas e não de ajuste para o fornecimento de mão de obra não altera o
quanto até aqui exposto, pois além dos motivos acima delineados, o art. 9º da
Lei 9.637/98, também confere ao contratante o dever de fiscalizar o contrato
de gestão, sob pena de ser responsabilizado solidária/subsidiariamente.
[...]
Inexistindo nos fólios documentos que comprovam que a administração
pública fiscalizou se a empresa contratada estava cumprimento corretamente

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com o deveres trabalhistas, ônus que competia ao Estado da Bahia, nos


termos da Súmula nº 41 deste E. TRT-5, a responsabilidade subsidiária do ente
público se impõe. Pelo contrário, constatou-se o reiterado atraso salarial, bem
como sonegação dos depósitos do FGTS, sem que nenhuma providência
tenha sido adotada pelo ente público para ajustar a atividade laboral às
normas legais.
Cumpre anotar que a condenação alcança todas as verbas devidas pela
1ª Reclamada, inclusive as de caráter punitivo, porque decorrentes da relação
empregatícia mantida entre a Reclamante e a contratada, a qual se beneficiou
o ente público.
Apenas para evitar questionamentos posteriores, esclareça-se que o art.
71, da Lei nº 8666/93 apenas exime a Administração Pública da
responsabilidade principal, reforçando a impossibilidade de haver vínculo
empregatício entre o Poder Público e os funcionários de empresas
contratadas em virtude de exigência constitucional de realização de concurso
público, regra contida no art. 37, II da Carta Magna. O legislador, ao retirar do
ente público contratante a obrigação pelos encargos trabalhistas, pautou-se
em uma situação de normalidade, de regular pagamento destas parcelas pelo
empregador, mas não isentou a administração pelo eventual inadimplemento.
Nesse sentido, os julgamentos na ADC nº 16 e no RE 760931, ambos do STF.
Pelo exposto, mantenho a condenação.
Nada a reparar.” (fls. 976/978)

Registre-se, de plano, que a jurisprudência desta Corte Superior


adota o entendimento de que, na hipótese de haver sido firmado contrato de gestão, a
responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas inadimplidas pelo
empregador conveniado ou parceiro é verificada à luz das diretrizes consubstanciadas
na Súmula 331 do TST.
Nesse sentido, cito o seguinte precedente da SBDI-1 desta Corte:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CONVÊNIO COM ENTIDADE
PRIVADA. SÚMULA Nº 331, V, DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - 1. O
regime de parceria pactuado com pessoa jurídica de direito privado, quer seja
sob o regime de "contrato de gestão" (Lei nº 9.637/98), quer seja sob o regime
de "gestão por colaboração" (Lei nº 9.790/99), qualifica-se como convênio
administrativo em virtude da comunhão de interesses e da mútua cooperação
entre os pactuantes para realização de serviços de interesse social e utilidade
pública. 2. Em tais modalidades de contratação, o ente público atua como
verdadeiro tomador de mão de obra mediante contratação de pessoa jurídica
interposta, razão por que responde subsidiariamente quando resultar
comprovado que este não cumpriu ou falhou em cumprir as obrigações
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previstas na Lei nº 8.666/93, aplicáveis ao convênio por força do disposto no


art. 116 desse diploma legal. 3. Se o ente público abstém-se de comprovar o
cumprimento do dever de fiscalizar a entidade conveniada, legítima a
declaração de responsabilidade subsidiária pelo débito trabalhista. 4. Agravo
de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento."
(AIRR-142800-31.2009.5.01.0051, 4ª Turma, Relator Ministro Joao Oreste
Dalazen, DEJT 13/3/2015).

Feito esse registro inicial, tem-se que o Supremo Tribunal


Federal, ao examinar a ADC-16/DF e o RE-760931/DF (leading case do Tema nº 246 do
Ementário de Repercussão Geral), firmou tese no sentido de que a inadimplência da
empresa contratada não transfere ao ente público tomador de serviços, de forma
automática, a responsabilidade pelo pagamento dos encargos trabalhistas e fiscais,
sendo necessário verificar, caso a caso, a eventual ocorrência de culpa da
Administração Pública. Na ocasião desses julgamentos, a excelsa Corte não firmou tese
explícita a respeito da distribuição do ônus da prova, o que constitui objeto do Tema nº
1.118.
Por sua vez, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais
do TST, em composição plena, quando da análise do feito
TST-E-RR-925-07.2016.5.05.0281 (Rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT de
22/5/2020), concluiu, majoritariamente, ser do ente público o ônus de demonstrar que
fiscalizou o cumprimento das obrigações contraídas pela empresa contratada.
Não obstante, o Supremo Tribunal Federal tem, reiteradamente,
cassado decisões da Justiça do Trabalho em que se atribui responsabilidade subsidiária
ao ente público em razão de este não ter se desincumbido do encargo de demonstrar a
efetiva fiscalização do contrato. A título de ilustração, citam-se julgados oriundos de
ambas as Turmas: Rcl-48371-AgR/ES, 1ª Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJE nº 34,
publicado em 22/2/2022; Rcl-50774-AgR/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE nº
75, publicado em 22/4/2022.
Considerando que o Supremo Tribunal Federal delineia o alcance
dos seus precedentes vinculantes por meio de decisões proferidas em reclamações
constitucionais, constata-se que a mera ausência de prova quanto à fiscalização da
execução do contrato não induz à responsabilização do Poder Público. Caso contrário,
estar-se-ia diante da possibilidade de novas condenações do Estado por simples
inadimplemento, em desrespeito à tese vinculante ora enfocada.
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Ademais, conforme destacado pela excelsa Corte na ementa do


acórdão relativo aos embargos de declaração opostos no leading case do Tema nº 246,
"(...) a responsabilização subsidiária do poder público não é automática, dependendo de
comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando (...)" [STF-RE-760931-ED/DF, Red.
Min. Edson Fachin (DJe nº 194, publicado em 6/9/2019) – g. n.].
Portanto, o que deve ser objeto de prova é a culpa, e não a
fiscalização, o que induz à conclusão de que o ônus da prova incumbe ao empregado.
No presente caso, verifica-se que a Corte de origem
responsabilizou o ente público de forma automática, porque decidiu unicamente com
base na inversão do ônus da prova, consignando a ausência de provas quanto à
fiscalização eficaz, o que destoa do entendimento firmado pelo STF, no julgamento da
ADC 16.
Demonstrada possível violação do inciso I do art. 373 do CPC
deve ser superada a negativa de seguimento recursal e dado prosseguimento ao exame
do recurso de revista.
Dou provimento ao agravo de instrumento para mandar
processar o recurso de revista e determinar a consequente reautuação do feito,
prosseguindo, desde logo, o exame do referido apelo.

II – RECURSO DE REVISTA DO ESTADO DA BAHIA

a) Conhecimento

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, entre os


quais a representação processual (Súmula 436 do TST) e a tempestividade (ciência do
acórdão regional em 2/6/2023 e interposição do recurso de revista em 9/6/2023), sendo
inexigível o preparo.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE


SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. CONTRATO DE GESTÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DE
FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA

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Pelas razões já consignadas no exame do agravo de instrumento,


conheço do recurso de revista por violação do inciso I do art. 373 do CPC.

b) Mérito

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE


SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. CONTRATO DE GESTÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DE
FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA

Consequência lógica do conhecimento do recurso de revista por


violação do inciso I do art. 373 do CPC é o seu provimento para eximir o segundo
reclamado (ESTADO DA BAHIA) da responsabilidade subsidiária que lhe foi imposta.
Prejudicado o exame da matéria remanescente.

III – RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE

a) Conhecimento

Estão satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade


do apelo.

LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES INDICADOS NA


INICIAL

O reclamante se insurge contra o acórdão regional que limitou a


condenação aos valores indicados na petição inicial da reclamação trabalhista. Alega
que o valor indicado na petição inicial se trata de mera estimativa para adequação ao
valor da causa e, portanto, não é critério de limitação da condenação em liquidação de
sentença. Aponta violação do § 1º do art. 840 da CLT; do art. 879 da CLT e do § 2º do art.
12 da IN 41/TST. Traz arestos a confronto de teses.
Ao exame.
O reclamante observou o requisito do inciso I do § 1º-A do art.
896 da CLT (fls. 1.023).

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O recurso foi interposto sob a égide da Lei nº 13.467/2017, a qual


introduziu o art. 896-A à CLT que, por sua vez, trouxe os indicadores de transcendência
como pressuposto de admissibilidade do recursal, nos seguintes termos:

"Art. 896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista,


examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
§1º- São indicadores de transcendência, entre outros:
I - econômica, o elevado valor da causa;
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência
sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista."

A discussão trazida a lume refere-se à limitação dos valores dos


pedidos, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 840 da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, razão pela qual a causa oferece transcendência jurídica.
O Tribunal de origem adotou os seguintes fundamentos:

“Sustenta o Recorrente que a condenação deverá ser limitada aos


valores apontados na Exordial pelo obreiro.
Com razão.
A ação proposta após 11.11.2017, submete-se aos ditames do art. 840,
§1º, da CLT, com redação dada pelo Lei 13.467/2017, que preconiza: ‘Sendo
escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das
partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá
ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do
reclamante ou de seu representante’.
Os valores atribuídos aos pedidos na inicial, ainda que estimados,
inserem-se nos contornos da lide nela definidos, de sorte que a condenação
não pode ultrapassá-los, sob pena de ofensa ao art. 492 do CPC/15.
Reforma-se a decisão.” (fls. 980)

A reclamação trabalhista foi interposta na vigência da Lei nº


13467/2017, que alterou a redação dos §§ 1º e 2º do art. 840 da CLT, segundo o qual,
"sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes,
a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,

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determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu


representante" e, "se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e
assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1º deste
artigo".
Com vistas a orientar a aplicação desses dispositivos, esta Corte
editou a Instrução Normativa 41/2018, que, em seu § 2º do art. 12 explicitou que o valor
da causa, para os fins dos §§ 1º e 2º do art. 840 da CLT, tratar-se-á de estimativa,
observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 e 293 do CPC.
Assim, a jurisprudência dessa Corte tem se inclinado no sentido
de que, se houver indicação de valores certos e determinados na petição inicial, sem
ressalva da parte quanto a se tratar de mera estimativa ou quanto a remeter à
apuração dos valores à fase de liquidação, o provimento jurisdicional deve se limitar aos
valores expressos na petição inicial.
Nesse sentido, citam-se os seguintes julgados:

"[...] PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES


DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. A controvérsia gira em torno da
aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No
caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência
jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência
reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA
RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS.
LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO
DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de
instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO
DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS
LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO.
APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017.
REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia
acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em
cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante,
apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por
certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no
processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos
efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os
dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos
parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei
13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de

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21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa


necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre
a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou
acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao
jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade
das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no
seu art. 12, § 2º, normatizou que ‘para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º,
da CLT, o valor da causa será estimado (...)’. A Instrução Normativa nº 41/2018
do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a
aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei
13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no
entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei
revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018,
hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei
13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos
valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial
deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o
parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que
limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura
ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de
revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma,
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/3/2022).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. 1. CERCEAMENTO DO


DIREITO DE DEFESA. ACOLHIMENTO DE CONTRADITA DE TESTEMUNHA.
JUNTADA DE DOCUMENTOS QUE COMPROVAM OS FATOS QUE SERIAM
OBJETO DA PROVA TESTEMUNHAL. DECISÃO REGIONAL PAUTADA NA
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 2. REINTEGRAÇÃO.
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO CELETISTA. FORMALIDADES PARA A DISPENSA
PREVISTA EM NORMA INTERNA. INOBSERVÂNCIA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO
DOS DISPOSITIVOS APONTADOS NO RECURSO DE REVISTA (ARTS. 7º, I, E 207,
CAPUT E §§ 1º E 2º, DA CF E 53, § 1º, V, DA LEI 9.394/96). ARESTOS
FORMALMENTE INVÁLIDOS OU INESPECÍFICOS (ART. 896, ‘A’, DA CLT E
SÚMULA 296, I, DO TST). 3. INTERVALO INTERJORNADAS. CONDENAÇÃO
FUNDAMENTADA NA PROVA DOCUMENTAL PRODUZIDA. IMPERTINÊNCIA DO
ART. 818 DA CLT. APLICAÇÃO DA SÚMULA 126 DO TST COMO ÓBICE AO
EXAME DA ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO ART. 74, § 2º, DA CLT. EXAME DA
TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA PREJUDICADO. 4. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA
GRATUITA. CONCESSÃO AO RECLAMANTE. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA NA
VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA. REQUISITO PARA CONCESSÃO PREENCHIDO. TRANSCENDÊNCIA
NÃO DEMONSTRADA. Impõe-se confirmar a conclusão adotada na decisão
agravada, no sentido de negar seguimento ao recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e não provido. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.
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LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO INICIAL.


IMPOSSIBILIDADE. MERA ESTIMATIVA DE VALORES. ART. 840, § 1º, DA CLT. 1.
Nos termos do § 1º do art. 840 da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017, o
pedido deve ser certo, determinado e com a indicação do seu valor. 2. A teor
do art. 12, § 2º, da Instrução Normativa do TST nº 41/2018, ‘para fim do que
dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado,
observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de
Processo Civil’. 3. Nesse contexto, a disposição contida na novel legislação
trabalhista, no sentido de que o pedido deve ser ‘certo, determinado e com
indicação de valor’, não impossibilita que o valor da condenação venha a ser
posteriormente apurado na fase de liquidação. 4. No caso dos autos,
depreende-se da petição inicial que os valores apontados são apenas
estimados, pois o reclamante postula, no item ‘i’, a ‘apuração dos valores em
liquidação de sentença’. 5. Assim, a ausência de limitação da condenação aos
valores expressos na petição inicial não importa em afronta ao art. 840, §1º,
da CLT, tampouco em julgamento fora dos limites da lide (art. 492 do
CPC). Recurso de revista não conhecido.” (RRAg-0020814-48.2020.5.04.0405, 1ª
Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 15/12/2022).

“AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA


DA LEI 13.467/2017. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR DOS PEDIDOS.
INDICAÇÃO MERAMENTE ESTIMATIVA. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. A
jurisprudência desta Corte segue no sentido de que a atribuição de valores
específicos aos pedidos formulados na petição inicial, sem registrar qualquer
ressalva, fixa os limites da prestação jurisdicional, por expressa dicção do
artigo 492 do CPC. Precedente da SBDI-1. Na hipótese dos autos a parte
registrou expressamente, na exordial, que os valores elencados para cada um
dos pedidos tratava-se de mera estimativa. Assim, o valor da condenação
deve ser apurado em liquidação. A decisão regional, tal como proferida, está
em perfeita harmonia com a jurisprudência desta Corte. Nesse contexto,
incide o óbice da Súmula 333 do TST como obstáculo à extraordinária
intervenção deste Tribunal Superior no feito. A existência de obstáculo
processual apto a inviabilizar o exame da matéria de fundo veiculada, como
no caso, acaba por evidenciar, em última análise, a própria ausência de
transcendência do recurso de revista, em qualquer das suas modalidades,
razão pela qual deve ser reformada a r. decisão agravada, uma vez que o
recurso de revista da parte ora agravada não ostentava condições de
conhecimento. Agravo provido.” (Ag-ED-RRAg-20343-60.2018.5.04.0871, 5ª
Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 09/12/2022).

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO.


1. ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA PREVISTA EM NORMA COLETIVA. A
transcrição de trecho insuficiente do acórdão regional, que não atende ao
disposto no art. 896, § 1º-A, da CLT, equivale à ausência de transcrição, uma

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vez que não há determinação precisa da tese regional combatida no apelo. 2.


ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. DÉBITOS TRABALHISTAS. 1. O Supremo
Tribunal Federal, no julgamento conjunto das ADCs 58e 59 e das ADIs 5.867 e
6.021, decidiu, com efeito vinculante e eficácia "erga omnes", que, até que
sobrevenha solução legislativa, em relação à fase extrajudicial, antecedente ao
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como índice de
correção monetária o IPCA-E e, em relação à fase judicial, a atualização dos
débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa SELIC. 2. Diante da controvérsia
anterior acerca do tema, para garantir a segurança jurídica e a isonomia,
modulou os efeitos da decisão, nos seguintes termos: ‘(i) são reputados
válidos e não ensejarão qualquer rediscussão, em ação em curso ou em nova
demanda, incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados
utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos
(de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de
mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as
sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua
fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1%
ao mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de
conhecimento, independentemente de estarem com ou sem sentença,
inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa
Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de
inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao
posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC’.
Concluiu, ainda, que os índices fixados ‘aplicam-se aos processos, ainda que
transitados em julgado, em que a sentença não tenha consignado
manifestação expressa’, quanto ao tema. 3. No caso dos autos, o TRT
determinou a retificação dos cálculos de liquidação, no tocante a juros e
correção monetária, devendo incidir o IPCA-E na fase pré-judicial e a taxa
SELIC (juros e correção monetária) a partir da notificação inicial. Estando a
decisão de acordo com os parâmetros fixados pelo Pretório Excelso, não
vislumbro as ofensas manejadas. Agravo de instrumento conhecido e
desprovido. II - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA -
PROVIMENTO. VALOR DA CONDENAÇÃO. LIMITAÇÃO AOS VALORES
ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS. Diante de potencial violação do art. 790, § 4º, da
CLT e contrariedade à Súmula 463, II, do TST, merece processamento o
recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. III - RECURSO
DE REVISTA. VALOR DA CONDENAÇÃO. LIMITAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS
AOS PEDIDOS. Havendo expressa menção na exordial de que os valores ali
indicados são estimados, não há que se falar em limitação da condenação.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.”
(RRAg-1000320-28.2019.5.02.0441, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 26/11/2021).

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“JULGAMENTO ULTRA PETITA. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DO


VALOR DA CONDENAÇÃO AOS VALORES INDICADOS EXPRESSAMENTE NA
PETIÇÃO INICIAL. Para se concluir pela existência de julgamento ultra petita, é
necessário que a decisão julgue além (a mais) do que foi pedido pelo
reclamante na petição inicial, como disposto nos artigos 141 e 492 do Código
de Processo Civil de 2015. No caso dos autos, verifica-se que, embora indique
valores para cada pedido, o autor faz ressalva expressa de que se trata de
‘mera estimativa, não servindo, como fundamento para limitação do ‘quantum
debeatur’, o qual será apurado em regular liquidação de sentença’. A decisão
regional, portanto, encontra-se em consonância com o teor do artigo 492 do
CPC/2015. Agravo conhecido e não provido.”
(Ag-AIRR-2319-48.2013.5.15.0096, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 26/03/2021).

“RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA 1 - VALOR DA CAUSA. PETIÇÃO


INICIAL. PEDIDO LÍQUIDO E CERTO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. AÇÃO
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. NOVA REDAÇÃO DO § 1º DO ART.
840 DA CLT. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. De acordo com o
entendimento desta Corte Superior, quando a petição inicial contém pedido
líquido e certo, a condenação em quantidade superior ao indicado na inicial,
importa em julgamento ultra petita. No caso, todavia, verifica-se que o
reclamante, na inicial, informou expressamente que a indicação dos valores
foi realizada por estimativa. Em tal hipótese, não há de se falar em limitação
da condenação aos valores atribuídos a cada um dos pedidos da inicial.
Recurso de revista não conhecido.” (RR-21048-34.2019.5.04.0221, 8ª Turma,
Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 24/6/2022).

Todavia, no caso em análise, está expresso na petição inicial (fls.


27/28) que os valores indicados na inicial são por mera estimativa, "XVI) A apuração dos
valores devidos pelo reclamado e liquidação do julgado após a Sentença, momento
processual adequado para apurar o quantum efetivamente devido pelo réu, sem limitação
ao valor indicado como mera formalidade ao art. 840 da CLT, ou seja, os pedidos são mera
estimativa.”
Logo, a decisão regional, ao limitar a condenação aos valores
indicados na petição inicial, violou o disposto no § 1º do art. 840 da CLT.
Diante do exposto, conheço do recurso de revista, por violação
do § 1º do art. 840 da CLT.

b) Mérito

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LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES INDICADOS NA


INICIAL

Conhecido o recurso de revista por violação do § 1º do art. 840


da CLT, a consequência lógica é o seu provimento.
Dou provimento ao recurso de revista para afastar a limitação
da condenação aos valores indicados na petição inicial e determinar que as parcelas
deferidas sejam apuradas por meio de regular liquidação de sentença.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade: I – conhecer e dar provimento ao agravo de instrumento
do segundo reclamado ESTADO DA BAHIA para determinar o processamento do
recurso de revista; II - conhecer do recurso de revista quanto ao tema
“RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. CONTRATO
DE GESTÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DE FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA” por violação do inciso
I do art. 373 do CPC e, no mérito, dar-lhe provimento para eximir o ente público da
responsabilidade subsidiária que lhe foi imposta. Prejudicado o exame da matéria
remanescente; e III - conhecer do recurso de revista interposto pelo reclamante por
violação do § 1º do art. 840 da CLT e, no mérito, dar-lhe provimento para afastar a
limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial e determinar que as
parcelas deferidas sejam apuradas por meio de regular liquidação de sentença. Custas
inalteradas.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

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