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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ARR-11038-12.2016.5.18.0102

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ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMDMA/MPN /at

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA DO RECLAMANTE, INTERPOSTO
NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017
1 – DANO MORAL. TROCA DE UNIFORME.
BARREIRA SANITÁRIA. AUSÊNCIA DE
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO DO
TRIBUNAL REGIONAL QUE CONSUBSTANCIA
O PREQUESTIONAMENTO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT.
TRANSCENDÊNCIA NÃO ANALISADA. 1.1. A
parte não transcreveu nas razões do recurso
de revista os trechos do acórdão então
recorrido que consubstanciavam o
prequestionamento da matéria objeto da
controvérsia, deixando de atender ao disposto
no art. 896, § 1º-A, I, da CLT. 1.2. Não cumpre o
objetivo da norma a simples referência,
paráfrase ou a sinopse do acórdão, pois não
permite a imediata e precisa identificação da
tese adotada pelo Tribunal Regional e o
confronto analítico com as normas tidas como
violadas, nos casos do art. 896, "c", ou do art.
896, § 2º, da CLT, ou das circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados, na hipótese do art. 896, "a" e "b",
da CLT, principal escopo da norma em questão.
Agravo de instrumento não provido.

2 – RESCISÃO INDIRETA. AUSÊNCIA DE FALTA


GRAVE DO EMPREGADOR. SÚMULA 126 DO
TST. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA.
O Tribunal Regional, analisando o quadro
fático-probatório dos autos, concluiu que não

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restou comprovada a existência de falta grave


cometida pela empregadora apta a justificar
a rescisão indireta. Para se chegar ao
entendimento defendido pelo agravante, seria
necessário reexaminar fatos e provas,
procedimento vedado em sede extraordinária,
consoante Súmula 126 do TST. Agravo de
instrumento não provido.

3 – HORAS EXTRAS. COMPENSAÇÃO DE


JORNADA. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DO
TRECHO DO ACÓRDÃO DO TRIBUNAL
REGIONAL QUE CONSUBSTANCIA O
PREQUESTIONAMENTO DA CONTROVÉRSIA.
ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA
NÃO ANALISADA. 3.1. A parte não transcreveu
nas razões do recurso de revista os trechos do
acórdão então recorrido que
consubstanciavam o prequestionamento da
matéria objeto da controvérsia, deixando de
atender ao disposto no art. 896, § 1º-A, I, da
CLT. 3.2. Não cumpre o objetivo da norma a
simples referência, paráfrase ou a sinopse do
acórdão, pois não permite a imediata e precisa
identificação da tese adotada pelo Tribunal
Regional e o confronto analítico com as normas
tidas como violadas, nos casos do art. 896, "c",
ou do art. 896, § 2º, da CLT, ou das
circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados, na
hipótese do art. 896, "a" e "b", da CLT, principal
escopo da norma em questão. Agravo de
instrumento não provido.

II – AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO NA
VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017
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1 – TEMPO À DISPOSIÇÃO (SÚMULA 366 DO


TST). AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. O
Tribunal Regional, ao considerar como à
disposição o tempo gasto com a higienização
exigida pela reclamada, necessária para que o
reclamante pudesse atender às normas de
higiene impostas, decidiu em consonância com
a Súmula 366 do TST. Agravo de instrumento
não provido.

2 – COMPENSAÇÃO DE JORNADA. AUSÊNCIA


DE TRANSCENDÊNCIA. A parte não observou o
inciso II do art. 896, § 1º-A da CLT, uma vez que
não indicou, de forma explícita e
fundamentada, a contrariedade aos
dispositivos de lei e a súmula do TST, apenas
tangenciados ao longo do arrazoado.
Especificamente quanto à alegação de violação
dos arts. 818 da CLT e 373 do CPC, extrai-se do
acórdão que a conclusão do Tribunal Regional
está amparada na prova documental, razão por
que descabe cogitar de violação dos referidos
dispositivos legais. Agravo de instrumento
não provido.

3 – HONORÁRIOS PERICIAIS. AUSÊNCIA DE


TRANSCENDÊNCIA. Hipótese em que o único
aresto transcrito à demonstração de
divergência não traz a fonte oficial de
publicação, circunstância que inviabiliza o
conhecimento do apelo, nos termos da Súmula
337, IV, “c”, do TST. Agravo de instrumento
não provido.

III - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI
13.467/2017. HORAS IN ITINERE. SUPRESSÃO
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POR MEIO DE NORMA COLETIVA. TEMA 1046


DO STF. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
RECONHECIDA. No caso, a controvérsia reside
em saber se o autor faz jus ao recebimento
como extra das horas in itinere, suprimidas por
meio da norma coletiva. O Supremo Tribunal
Federal, ao julgar o Tema 1046 da Tabela de
Repercussão Geral, fixou tese no sentido de
que “São constitucionais os acordos e as
convenções coletivas que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde
que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". Assim, não se tratando de
restrição ou redução de direito indisponível, a
decisão regional que reconheceu a validade da
norma coletiva que flexibilizou o pagamento
das horas in itinere, se mostra em consonância
com a tese jurídica fixada pela Suprema Corte.
Precedentes desta Corte. Recurso de revista
não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


com Agravo n° TST-ARR-11038-12.2016.5.18.0102, em que é Agravante, Agravado e
Recorrente ELENILSON LOPES PASSOS e Agravante, Agravada e Recorrida BRF S.A.

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela reclamada e recebeu o
recurso de revista do reclamante quanto ao tema “horas in itinere”.
Inconformada, a reclamada apresenta agravo de instrumento,
sustentando que seu recurso de revista tinha condições de prosperar. O reclamante
apresenta agravo de instrumento contra o capítulo denegatório da decisão de
admissibilidade da revista.
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Foram apresentadas contrarrazões e contraminuta.


Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, consoante o art. 95, § 2º, II, do RITST.
É o relatório.

VOTO

I – AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE

1 – CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, CONHEÇO


do agravo de instrumento.

2 – MÉRITO

2.1 – DANO MORAL TROCA DE UNIFORME. BARREIRA


SANITÁRIA

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante, no particular,
por concluir pela ausência de violação legal e de divergência jurisprudencial.
O reclamante sustenta que seu recurso de revista merecia
seguimento por não incidir o óbice encontrado na decisão agravada. Aduz que a
violação legal apontada encontra-se patente no caso concreto. Insiste na configuração
de violação dos arts. 5º, V e X, da CF; e, 186 e 927 do CCB e de divergência
jurisprudencial.
Pois bem.
O acórdão recorrido, consoante o trecho indicado nas razões do
recurso de revista (art. 896, § 1º-A, I, da CLT), consignou:

Na inicial, o autor alegou, durante a realização da troca de uniforme,


mais precisamente durante a transição do setor sujo para o setor limpo,

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permanece apenas de roupas íntimas e, quando utilizam o chuveiro ficam


totalmente despidos perto de outros(as) colegas de trabalho, fl. 07.
(...)
Logo, sendo razoável a forma como a reclamada realiza a higienização
de seus empregados, não há prática de ato ilícito suficiente à reparação
pretendida. Não pode ser encarado o dissabor ou constrangimento de
natureza subjetiva como caracterizador do dano moral.

Verifica-se que a parte, ao interpor o recurso de revista, não


observou o disposto no art. 896, § 1.º-A, I, da CLT, deixando de transcrever os trechos do
acórdão do Tribunal Regional que consubstanciam o prequestionamento da matéria
objeto da controvérsia.
Com efeito, do trecho consignado pelo reclamante não consta o
registro fático- probatório acerca da higienização dos empregados, de modo que não há
como esta Corte avaliar eventual existência do ato ilícito apontado pelo agravante.
A Lei 13.015/2014, em vigor a partir de 22/9/2014, alterou a
redação do art. 896 da CLT, acrescendo a esse dispositivo, dentre outros, o § 1º-A, que,
em seus incisos I a III, determinam novas exigências de cunho formal para a
interposição do recurso de revista.
O art. 896, § 1º-A, I, da CLT determina expressamente o seguinte:

§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:


I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista (grifos
nossos)

O pressuposto formal em questão foi acrescido pela Lei


13.015/2014, com o propósito de tornar a análise desta Corte Superior mais objetiva,
célere e precisa, com a identificação imediata da tese a ser impugnada nas razões
recursais (art. 896, § 1º-A, I), e mediante o cotejo entre essa tese e as violações legais
apontadas ou a demonstração do conflito de teses entre os Tribunais (art. 896, § 1º-A, II,
III e § 8.º), tarefas que incumbem exclusivamente à parte.
Por essa razão, não se admite a simples referência, paráfrase ou
a sinopse do acórdão, pois não permite identificar de forma precisa a tese adotada pelo
Tribunal Regional, objeto da insurgência.
Essa é a lição do Ministro Cláudio Brandão:
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Assim, cabe ao recorrente, nas razões do Recurso de Revista, indicar (o


que significa transcrever) o trecho da decisão recorrida que revele a resposta
do tribunal de origem quanto ao tema, ou seja, o pronunciamento prévio
sobre a matéria que pretende seja reapreciado (o denominado
prequestionamento).
Não é suficiente, pois, revelar que a decisão merece reforma, mas
apontar (revelar, designar, enunciar, mencionar) em qual passagem dos
fundamentos adotados pela Corte de origem se encontra contemplada a
argumentação que pretende ver reformada.
Essa exigência estará atendida não apenas se houver a transcrição
específica do trecho, destacado da ementa ou do corpo do acórdão, conforme
a hipótese, como também pode a parte destacá-lo, sublinhando-o ou o
negritando, por exemplo. Em qualquer caso, o exame comparativo das teses
jurídicas se restringirá ao que houver sido apontado.
A alteração promovida pelo legislador busca evitar que seja do órgão
julgador a tarefa de interpretar a decisão impugnada para dela deduzir a tese
veiculada e a fundamentação que ampara a pretensão recursal, naquilo que
representa o atendimento dos pressupostos que viabilizam o conhecimento
do recurso interposto.
[...]
Pelas mesmas razões, também não atende a exigência do
prequestionamento a transcrição integral do acórdão do TRT nas razões
recursais, sem dele destacar o trecho revelador do prequestionamento, como
exemplificam decisões neste sentido [...]. (Reforma do Sistema Recursal
Trabalhista, 2.ª Edição, 2016, LTr, p. 107/116)

As garantias constitucionais de acesso ao Judiciário, bem como


do direito ao contraditório e à ampla defesa, não eximem as partes de observarem as
formalidades previstas em lei e os pressupostos processuais.
Tampouco há de se falar de apego ao rigor processual, uma vez
que é a lei que estabelece os pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal.
Ademais disso, não há como se afastar a aplicação do art. 896, §
1º-A, I, da CLT, sem declarar-se a sua inconstitucionalidade, sob pena de ofensa à
cláusula de reserva de plenário insculpida no art. 97 da Constituição Federal e na
Súmula Vinculante 10 do STF.
Saliente-se que a previsão contida no art. 896, § 11, da CLT não
permite desconsiderar ou conferir prazo para saneamento do vício, por se tratar de
pressuposto de admissibilidade previsto em lei, sujeito à preclusão consumativa.

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Por fim, considerando-se que a análise prévia da transcendência


condiciona-se à viabilidade, ainda que potencial, do conhecimento do recurso de revista
a que se refere, o não cumprimento de pressuposto formal do recurso - caso dos autos
- torna prejudicado o exame dos indicadores previstos no art. 896-A, §1º, da CLT.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

2.2 – RESCISÃO INDIRETA. AUSÊNCIA DE FALTA GRAVE DO


EMPREGADOR

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante, no particular,
por concluir pela ausência de violação legal e de divergência jurisprudencial.
O reclamante sustenta que seu recurso de revista merecia
seguimento por não incidir o óbice encontrado na decisão agravada. Afirma que o art.
483, “d” da CLT fora violado, em razão da supressão de diversas parcelas trabalhistas.
Pugna pela manifestação se a supressão de parcelas trabalhistas, prequestionadas no
acórdão, é motivo suficiente para o reconhecimento da rescisão indireta. Insiste na
configuração de violação do arts. 483, “d”, da CLT e de divergência jurisprudencial.
Pois bem.
Sobre a questão, assim decidiu o Tribunal Regional:

RESCISÃO INDIRETA COM O EXERCÍCIO DA OPÇÃO DO TRABALHADOR


EM SE MANTER NO TRABALHO - CLT, ART. 483, § 3°. DESCUMPRIMENTO DE
OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS.
O MM. Juízo a quo considerou que não há provas das supostas
perseguições sofridas pela autora, bem como que o deferimento dos créditos
deferidos neste processo não é motivo para se reputar insuportável a
manutenção do vínculo empregatício, razão pela qual indeferiu o pleito
declaração de rescisão indireta.

Insurge-se o autor. Limita-se a dizer que restou configuradas as


hipóteses prescritas no art. 483, ´c´ e 'd', da CLT, diante do inadimplemento
das horas de trajeto, tempo à disposição, intervalo de recuperação térmica,
adicional de insalubridade, além da nulidade do sistema de compensação da
jornada.

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Repise-se que o contrato de trabalho do autor ainda se encontra


vigente.
O descumprimento reiterado das obrigações contratuais autoriza a
rescisão indireta do contrato de trabalho, conforme prescreve o art. 483, "c" e
"d" da CLT.
Por outro lado, um dos princípios do direito do trabalho é o da
continuidade da relação de emprego, que visa proteger o vínculo laboral
e tem ampla finalidade social. Assim, para a declaração da rescisão
indireta necessário que os motivos alegados sejam relevantes e
dificultem sobremaneira a continuidade da relação de emprego.
Conforme visto em linhas anteriores, o presente decisum afastou
da condenação o pagamento das horas in itinere, adicional de
insalubridade, remanescendo quanto ao tempo à disposição e às
diferenças das horas extras decorrentes da nulidade da compensação de
jornada.
A ausência das referidas parcelas, na esteira do entendimento
desta eg. Turma, não legitimam a rescisão contratual, por via oblíqua, e
não impedem a continuidade do liame empregatício, como no presente
caso, já que o autor foi admitido em 05.05.2014, e não há notícia de que
tenha havido a ruptura do contrato de trabalho, de modo que trabalha
por quase de 2 anos nas mesmas condições.
Destaque-se, ainda, que esta é a 2ª demanda aforada pela autora,
sendo que em sua primeira, proc. 0010353-36.2015.5.18.0103.
Anote-se que a imediatidade, a teor do que preleciona Russomano,
estabelece um vínculo de relação direta entre a justa causa alegada e a
despedida imposta ao trabalhador. Essa imediação tem, como consequência
lógica, a afirmativa de que a despedida se legitima (ou não) pelo fato que lhe
dá causa.
Assim, se o trabalhador é despedido por motivo não comprovado, a
rescisão será considerada injusta, mesmo que, durante a instrução do
processo, se venha a descobrir a prática de outros atos, até então
desconhecidos, que constituam justa causa. (Destaque constante do texto
original. Russomano, Mozart Victor - Curso de Direito do Trabalho. 4a. ed.
Curitiba: Ed. Juruá, 1991. pág. 189.)
O que se discute aqui, portanto, não é a imediatidade, mas sim a
ausência de atualidade. É certo que, na rescisão indireta, ela é atenuada, visto
que a reação do empregado tende a ser muito contingenciada por seu estado
de subordinação e pela própria necessidade de preservar o vínculo, que lhe
garante o sustento.
Todavia, a prática de atos faltosos do empregador por longos anos, sem
qualquer insurgência, não pode ser aceito como causa para uma rescisão
indireta. Isso porque, nessa situação, faz nascer uma presunção de aceitação
das condições de trabalho (venire contra factum proprium).
Portanto, não há causa bastante para a rescisão indireta pretendida.

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Oportuno frisar que, novamente, o autor ajuizou a ação trabalhista sem


romper o contrato. Destaco mais que os registros de jornada evidenciam a
continuidade do contrato após a propositura da reclamação.
Sua opção tem expressa previsão na Lei Trabalhista Consolidada, a
saber:

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e


pleitear a devida indenização quando:
(...);
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
(...)
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
(...);
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.

A leitura desse último dispositivo tem ensejado cizânia nos julgamentos


dda 1a Turma, entendendo os Desembargadores Kathia Maria Bomtempo de
Albuquerque e Geraldo Rodrigues do Nascimento que, uma vez improcedente
o pedido rescisório, necessariamente deve o autor deixar o emprego, pois a
sua permanência nele equivale a uma espécie de aviso prévio.
Nada obstante, considerando que a ré não devolveu a este órgão
julgador o pleito declaratório de resilição a pedido do autor, mantém-se a r.
sentença, em respeito ao non reformatio in pejus.
Nega-se provimento.

O Tribunal Regional, analisando o quadro fático-probatório dos


autos, concluiu que não restou comprovada a existência de falta grave cometida pela
empregadora apta a justificar a rescisão indireta.
Para se chegar ao entendimento defendido pela agravante, seria
necessário reexaminar fatos e provas, procedimento vedado em sede extraordinária,
consoante Súmula 126 do TST.
Consoante salientou o Exmo. Ministro Caputo Bastos, por
ocasião da sessão de 18/10/2023, de fato, “esta Corte Superior tem firme entendimento
de que a ausência de pagamento de horas extraordinárias dá ensejo à rescisão indireta
do contrato de trabalho. Tal entendimento, contudo, não é aplicável à hipótese dos
autos, porquanto a egrégia Corte Regional consigna que o deferimento das diferenças
das horas extraordinárias decorreu da declaração em Juízo da nulidade do regime de
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compensação. Essa é a tese. Se não pagar horas extraordinárias, a jurisprudência é


clara, tem direito à rescisão indireta, mas, neste caso, foi em Juízo que se disse: como
não considerou a compensação de jornada e do tempo à disposição, tem de pagar.
Assim, digo que não estaria dando azo à rescisão contratual”.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

2.3 – HORAS EXTRAS. COMPENSAÇÃO DE JORNADA

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante, no particular,
por concluir incidente o óbice da Súmula126 do TST.
O reclamante sustenta que seu recurso de revista merecia
seguimento por não incidir o óbice encontrado na decisão agravada. Afirma que a
ocorrência de prestação habitual de horas extras enseja a nulidade do banco de horas,
dando azo ao pagamento das horas extras compensadas irregularmente com seu
acréscimo legal e não só de seu acréscimo como fixado pelo v. Acórdão. Insiste na
configuração de violação dos arts. 9º da CLT e 120 do Código Civil, de contrariedade à
Súmula 85, III e IV, do TST e de divergência jurisprudencial.
Pois bem.
O acórdão recorrido, consoante o trecho indicado nas razões do
recurso de revista (art. 896, § 1º-A, I, da CLT), consignou:

Quanto às horas objeto de compensação irregular, outrossim, aplica-se


a Súmula n. 85, inc. III, c. TST, uma vez que o presente caso não se cuida de
banco de horas, mas, sim, de sistema de compensação de jornada.
Desta forma, reforma-se a r. sentença, a fim de condenar a ré ao
pagamento de apenas o adicional das horas extras de 55%, conforme
acordado em norma coletiva. Autoriza-se a dedução de créditos de mesmo
título.

Verifica-se que a parte, ao interpor o recurso de revista, não


observou o disposto no art. 896, § 1.º-A, I, da CLT, deixando de transcrever os trechos do
acórdão do Tribunal Regional que consubstanciam o prequestionamento da matéria
objeto da controvérsia.
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Com efeito, do trecho consignado pelo reclamante não consta o


registro fático-probatório acerca da irregularidade da compensação de jornada, de
modo que não há como esta Corte depreender qual teria sido a irregularidade
apontada, a fim de concluir pela aplicação do item III ou IV, da Súmula 85 do TST.
A Lei 13.015/2014, em vigor a partir de 22/9/2014, alterou a
redação do art. 896 da CLT, acrescendo a esse dispositivo, dentre outros, o § 1º-A, que,
em seus incisos I a III, determinam novas exigências de cunho formal para a
interposição do recurso de revista.
O art. 896, § 1º-A, I, da CLT determina expressamente o seguinte:

§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:


I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista (grifos
nossos)

O pressuposto formal em questão foi acrescido pela Lei


13.015/2014, com o propósito de tornar a análise desta Corte Superior mais objetiva,
célere e precisa, com a identificação imediata da tese a ser impugnada nas razões
recursais (art. 896, § 1º-A, I), e mediante o cotejo entre essa tese e as violações legais
apontadas ou a demonstração do conflito de teses entre os Tribunais (art. 896, § 1º-A, II,
III e § 8.º), tarefas que incumbem exclusivamente à parte.
Por essa razão, não se admite a simples referência, paráfrase ou
a sinopse do acórdão, pois não permite identificar de forma precisa a tese adotada pelo
Tribunal Regional, objeto da insurgência.
Essa é a lição do Ministro Cláudio Brandão:

Assim, cabe ao recorrente, nas razões do Recurso de Revista, indicar (o


que significa transcrever) o trecho da decisão recorrida que revele a resposta
do tribunal de origem quanto ao tema, ou seja, o pronunciamento prévio
sobre a matéria que pretende seja reapreciado (o denominado
prequestionamento).
Não é suficiente, pois, revelar que a decisão merece reforma, mas
apontar (revelar, designar, enunciar, mencionar) em qual passagem dos
fundamentos adotados pela Corte de origem se encontra contemplada a
argumentação que pretende ver reformada.
Essa exigência estará atendida não apenas se houver a transcrição
específica do trecho, destacado da ementa ou do corpo do acórdão, conforme

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a hipótese, como também pode a parte destacá-lo, sublinhando-o ou o


negritando, por exemplo. Em qualquer caso, o exame comparativo das teses
jurídicas se restringirá ao que houver sido apontado.
A alteração promovida pelo legislador busca evitar que seja do órgão
julgador a tarefa de interpretar a decisão impugnada para dela deduzir a tese
veiculada e a fundamentação que ampara a pretensão recursal, naquilo que
representa o atendimento dos pressupostos que viabilizam o conhecimento
do recurso interposto.
[...]
Pelas mesmas razões, também não atende a exigência do
prequestionamento a transcrição integral do acórdão do TRT nas razões
recursais, sem dele destacar o trecho revelador do prequestionamento, como
exemplificam decisões neste sentido [...]. (Reforma do Sistema Recursal
Trabalhista, 2.ª Edição, 2016, LTr, p. 107/116)

As garantias constitucionais de acesso ao Judiciário, bem como


do direito ao contraditório e à ampla defesa, não eximem as partes de observarem as
formalidades previstas em lei e os pressupostos processuais.
Tampouco há de se falar de apego ao rigor processual, uma vez
que é a lei que estabelece os pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal.
Ademais disso, não há como se afastar a aplicação do art. 896, §
1º-A, I, da CLT, sem declarar-se a sua inconstitucionalidade, sob pena de ofensa à
cláusula de reserva de plenário insculpida no art. 97 da Constituição Federal e na
Súmula Vinculante 10 do STF.
Saliente-se que a previsão contida no art. 896, § 11, da CLT não
permite desconsiderar ou conferir prazo para saneamento do vício, por se tratar de
pressuposto de admissibilidade previsto em lei, sujeito à preclusão consumativa.
Por fim, considerando-se que a análise prévia da transcendência
condiciona-se à viabilidade, ainda que potencial, do conhecimento do recurso de revista
a que se refere, o não cumprimento de pressuposto formal do recurso - caso dos autos
- torna prejudicado o exame dos indicadores previstos no art. 896-A, §1º, da CLT.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

II – AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA

1 – CONHECIMENTO
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Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, CONHEÇO


do agravo de instrumento.

2 – MÉRITO

2.1 – TEMPO À DISPOSIÇÃO

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela reclamada, no particular, por
entender não observado o art. 896, § 1º-A, I, da CLT.
A reclamada sustenta que o reclamante não estava aguardando
ou era submetido a qualquer tipo de ordem nesse período, pois realizava atos
preparatórios essenciais para iniciar o seu labor. Aduz que o tempo de troca de
uniformes, higienização e deslocamento do vestiário ao relógio de ponto, não se
caracteriza tempo à disposição, e não afronta o artigo 4º da CLT. Assevera que a
Cláusula 31ª, do Acordo Coletivo dispõe que “os 15 minutos diários utilizados para troca
de uniforme não serão considerados como tempo à disposição da empresa”. Insiste na
configuração de violação do art. 4º da CLT e de divergência jurisprudencial.
Pois bem.
Inicialmente, afasto o óbice processual relativo ao não
atendimento do art. 896, §1º-A, I, da CLT, uma vez que o trecho do acórdão indicado
pela reclamada é sucinto e atende ao disposto no referido dispositivo legal. Assim, com
amparo na Orientação Jurisprudencial 282 da SBDI-1 do TST, passo ao exame dos
demais pressupostos do recurso de revista.
O Tribunal Regional consignou:

A respeito da matéria epigrafada, a reclamada, visando suprimir a parte


da condenação que a condena ao pagamento do tempo à disposição,
colacionou junto com a defesa os ACTs do interregno compreendido entre
2010 e 2017, sendo que a vigência da contratualidade é abarcada somente
pelos ACTs dos biênios 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. Desse modo,
conquanto a ré invoque, em seu apelo, preceptivo contido no ACT 2011/2012,
tal norma não se aplica ao contrato de trabalho das partes, que passou a
vigorar a partir de 20.11.2014 - CTPS, fl. 7. Como os demais instrumentos
coletivos jungidos aos autos ACTs 2014 a 2017, fls. 1161/1235, e vigentes
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durante desde o início do contrato de trabalho até a data do ajuizamento da


presente ação (19.07.2016), não trataram especificamente do tempo à
disposição, a análise da questão deve ser permeada pela ponderação,
levando-se em consideração as necessidades de higienização exigidas pela
reclamada e o tempo necessário para que o reclamante efetivamente pudesse
atender às normas de higiene impostas.
Seguindo a linha de entendimento já adotada por esta Turma, tenho
que a análise da questão deve ser permeada pela ponderação, levando-se em
consideração as necessidades de higienização exigidas pela reclamada e o
tempo necessário para que a reclamante efetivamente pudesse atender às
normas de higiene impostas. O tempo apurado em Termo de Inspeção por
atuação do Ministério Público do Trabalho não deve prevalecer, porquanto
realizado em outubro de 2011 e não se pode assegurar que as condições
apuradas naquela época persistem atualmente. Efetivamente, não é razoável
que um empregado necessite de tanto tempo para realizar as atividades
supramencionadas, que podem ser resumidas em vestir uniforme,
higienizar-se e registrar a sua jornada. Desse modo, pautando-se pela
prudência, esta Turma fixou o tempo para troca de uniforme, higienização e
deslocamentos internos em 15 minutos, conforme se dessome do precedente
ROPS- 0010530-69.2016.5.18.0101, julgado em 12/07/2016. A propósito,
também foi esse o tempo estabelecido entre os sindicatos das categorias
profissional e econômica nos supracitados ACTs. A tais fundamentos,
reforma-se a sentença para reduzir a condenação a tal título para 15 min
diários, permitindo-se a dedução dos valores já quitados constantes dos
contracheques. Destaque-se, por fim, que na inicial não constou pedido de
tempo à disposição despendido no café da manhã e lanche. Portanto, inova a
reclamada ao pretender o desconto de 12min despendidos no café da manhã,
tese, inclusive, não apresentada na defesa. Parcial provimento.

O acórdão do Tribunal Regional, ao considerar como tempo à


disposição o tempo gasto com a higienização exigida pela reclamada, necessária para
que o reclamante pudesse atender às normas de higiene impostas, está em
consonância com a Súmula 366 do TST, verbis :

"Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária


as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco
minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado
esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a
jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador, não
importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo
residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc)".

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Assim, inviável o processamento do apelo, nos termos da Súmula


333 do TST, o que afasta a alegação de violação do art. 4º da CLT.
Ressalte-se que aresto oriundo do mesmo Tribunal prolator da
decisão recorrida não autoriza o conhecimento do apelo, nos termos da Orientação
Jurisprudencial 111 da SDI-1 do TST.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

2.2 – COMPENSAÇÃO DE JORNADA

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela reclamada, no particular, por
entender não observado o art. 896, § 1º-A, I, da CLT.
A reclamada alega que não há que se falar em pagamento de
horas extras e reflexos, tendo em vista que todas as horas extras eventualmente
trabalhadas foram devidamente quitadas ou compensadas, conforme se extrai dos
demonstrativos de pagamento e controles de jornada. Aduz que o banco de horas é
plenamente válido e corretamente utilizado. Argumenta que tendo em vista que o
agente insalubre foi devidamente neutralizado, a prorrogação de jornada de trabalho,
seja a título de compensação de horas, seja a título de trabalho extraordinário,
independe de autorização prévia do Ministério do Trabalho e Emprego. Afirma que
incumbia ao reclamante provar incumbe a jornada declinada na prefacial. Insiste na
configuração de violação dos arts. 818 da CLT e 373, I, do CPC, e de divergência
jurisprudencial.
Pois bem.
Em que pese possa se entender que o trecho do acórdão
indicado pela reclamada é sucinto e atende ao disposto no art. 896, § 1º-A, I, da CLT,
verifica-se que a parte não observou o inciso II do referido dispositivo legal. Isso porque
não indicou, de forma explícita e fundamentada, a contrariedade a dispositivo de lei e a
súmula do TST que conflite com a decisão regional.
Relativamente à alegação de violação dos arts. 818 da CLT e 373
do CPC, únicos dispositivos expressamente apontados, extrai-se do acórdão que a

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conclusão do Tribunal Regional está amparada na prova documental, razão por que
descabe cogitar de violação dos referidos dispositivos legais.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

2.3 – HONORÁRIOS PERICIAIS

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela reclamada, no particular, por
concluir incidente a Súmula 337, I, do TST.
A reclamada requer que seja arbitrado valor razoável aos
honorários periciais, conforme parâmetros utilizados pela justiça especializada. Indica
divergência jurisprudencial.
Pois bem.
Verifica-se que o único aresto transcrito à demonstração de
divergência não traz a fonte oficial de publicação, circunstância que inviabiliza o
conhecimento do apelo, nos termos da Súmula 337, IV, “c”, do TST.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

III – RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE

1 – CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos genéricos de admissibilidade,


passa-se ao exame dos específicos do recurso de revista.

1.1 – HORAS IN ITINERE. SUPRESSÃO POR MEIO DE NORMA


COLETIVA. TEMA 1046 DO STF

O Tribunal Regional assim fundamentou:

Incontroverso que o período contratual ora debatido refere-se ao


período 14.03.2015 a outubro/2015, tendo em vista que o contrato de
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trabalho ainda se encontra vigente. No particular, a ré trouxe o ACT de


2014/2015 que estabelece expressamente a supressão o tempo de recurso.
(...)(...)
Dessa forma, curvo-me ao entendimento recente do col. STF, que
sufragou a autonomia da vontade coletiva, declarando-se despicienda a
análise dos pressupostos ensejadores das horas itinerárias, já que a norma
coletiva da categoria afastou este direito.
Registre-se que todos os instrumentos coletivos acostados pela ré
reproduzem o teor da norma coletiva acima descrita, e que aludidos
instrumentos abrangem todo o lapso temporal do contrato de trabalho do
autor.
(...)(...)
Logo, atento à novel jurisprudência do col. STF e deste eg. TRT, reformo
a sentença para excluir da condenação o pagamento das horas in itinere.

Reconheço a transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, §


1º, IV, da CLT, uma vez que a discussão em torno da validade da norma coletiva que
suprime horas in itinere está inserida no Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral.
Nas razões do recurso de revista, o reclamante sustenta a
invalidade da norma coletiva que suprimiu o pagamento das horas de percurso. Aponta
violação dos arts. 2º, 9º, caput, 58, § 2.º, da CLT e 7º, caput, da Constituição Federal e
contrariedade à Súmula 90 do TST. Indica divergência jurisprudencial.
No caso, a controvérsia reside em saber se o autor faz jus ao
recebimento como extras das horas in itinere, suprimidas por meio da norma coletiva.
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Tema 1046 da Tabela de
Repercussão Geral, fixou tese no sentido de que “São constitucionais os acordos e as
convenções coletivas que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis".
Assim, não se tratando de restrição ou redução de direito
indisponível, a decisão regional que reconheceu a validade da norma coletiva que
flexibilizou o pagamento das horas in itinere, se mostra em consonância com a tese
jurídica fixada pela Suprema Corte. Nesse sentido, citam-se recentes julgados:

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014 E


DA IN 40 DO TST. HORAS IN ITINERE. SUPRESSÃO POR NORMA COLETIVA.
POSSIBILIDADE. DECISÃO VINCULANTE DO STF. TEMA 1046. REQUISITOS DO
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ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. De início, convém ressaltar tratar-se


de caso concreto anterior à vigência da Lei 13.467/2017. O vínculo de
emprego perdurou de 2010 a 2016. O entendimento que vigorava nesta Corte,
a partir da publicação da Lei 10.243/2001, a qual acresceu o § 2º ao art. 58 da
CLT, era o de não ser possível suprimir, por meio de norma coletiva, o
pagamento das horas in itinere, pois se cuida de garantia mínima assegurada
ao trabalhador. Todavia, o Supremo Tribunal Federal finalizou o julgamento
do Tema 1.046 da tabela de Repercussão Geral, ao apreciar o Recurso
Extraordinário nº 1121633, de relatoria do Min. Gilmar Mendes. Na decisão,
foi fixada a seguinte tese: "São constitucionais os acordos e as convenções
coletivas que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da
explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que
respeitados os direitos absolutamente indisponíveis". Convém destacar que o
caso concreto analisado pela Suprema Corte tratava especificamente de
debate sobre a validade de norma coletiva que autorizava supressão ou
redução do pagamento das horas de itinerário. No voto do relator, ficou
registrado que os temas que envolvem debate sobre salário e jornada de
trabalho já contam com autorização constitucional, podendo ser objeto de
ajuste em norma coletiva, nos ternos do art. 7º, XIII e XIV, da Constituição
Federal, sendo desnecessário demonstrar as vantagens auferidas pela
categoria, em atenção à teoria do conglobamento. Portanto, o acórdão
regional está em consonância com o entendimento vinculante do STF.
Recurso de revista não conhecido. (...) (RR - 20221-61.2016.5.04.0404, Relator
Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, DEJT 19/08/2022)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. HORAS IN ITINERE.


SUPRESSÃO POR NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1046 DO STF.
JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA DO ARE 1121633. TRANSCENDÊNCIA
JURÍDICA RECONHECIDA. PROVIMENTO. Cinge-se a causa à declaração de
validade de cláusula coletiva que suprimiu o pagamento de horas in itinere.
Há transcendência jurídica da causa, nos termos do art. 896-A, §1°, IV, da CLT,
porquanto o tema, objeto do ARE 1121633 foi julgado procedente pelo
Supremo Tribunal Federal. Assim, diante da possível violação ao art. 7º, XXVI,
da Constituição Federal, deve ser processado o recurso de revista. Agravo de
instrumento provido. RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. HORAS IN
ITINERE. SUPRESSÃO POR NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1046 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA DO ARE
1121633. O Supremo Tribunal Federal, em 02/06/2022, ao julgar o ARE
1121633, com repercussão geral reconhecida no Tema 1046, deu provimento
ao recurso extraordinário para fixar a tese de validade de acordos e
convenções coletivas de trabalho que limitam ou suprimem direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação de vantagens
compensatórias, desde que assegurado um patamar civilizatório mínimo ao

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trabalhador. A hipótese dos autos trata sobre a pactuação de horas in itinere,


tema levado à análise do caso concreto à Suprema Corte, em que firmado
entendimento de que a controvérsia se vincula diretamente ao salário e à
jornada de trabalho, temáticas às quais a Constituição expressamente
autoriza a negociação e elaboração de normas coletivas de trabalho,
conforme previsão dos incisos XIII e XIV do artigo 7° da Constituição Federal,
direito disponível, portanto, e que foi, inclusive, objeto de supressão pela
chamada Reforma Trabalhista. Recurso de revista conhecido e provido. (RR -
21074-41.2017.5.04.0661, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 8ª Turma,
DEJT 26/08/2022)

Diante do exposto, NÃO CONHEÇO do recurso de revista.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade: I) negar provimento ao agravo de instrumento do
reclamante; II) não conhecer do recurso de revista do reclamante; III) negar provimento
ao agravo de instrumento da reclamada.
Brasília, 3 de abril de 2024.

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DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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