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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-AIRR-234200-30.2009.5.02.0462
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10013CAB353CBFFED9.
A C Ó R D Ã O
(2ª Turma)
GMMHM/nsb/
V O T O
PROCESSO Nº TST-AIRR-234200-30.2009.5.02.0462
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Conheço do agravo de instrumento, uma vez que
atendidos os pressupostos de admissibilidade.
A vice presidência do Tribunal Regional denegou
seguimento ao recurso de revista ao seguinte fundamento, in verbis:
“PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRT 2ª Região
RO-0234200-30.2009.5.02.0462 - Turma 3
Recurso de Revista
Recorrente(s):VOLKSWAGEN DO BRASIL INDUSTRIA DE
VEICULOS AUTOMOTORES LTDA.
Advogado(a)(s):TULIO MARCUS CARVALHO CUNHA (SP -
115726-D)
Recorrido(a)(s):WALLACE ROSA SOARES
Advogado(a)(s):PROCESSOS COM PARTE SEM ADVOGADO (SP
- 999998-D)
Recurso enviado por petição eletrônica - e-Doc -, nos termos do Ato
GP nº 05/2007 deste Regional.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 20/02/2013 - fl. 113;
recurso apresentado em 27/02/2013 - fl. 114).
Regular a representação processual, fl(s). 35 e 36.
Satisfeito o preparo (fls. 95).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
Adicional de Insalubridade.
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Descontos
Salariais - Devolução.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) 248/TST.
- violação do(s) art(s). 5º, II, da CF.
- violação do(s) art(s). 194 da CLT; 876 e seguintes e 884 e seguintes
do CC.
- divergência jurisprudencial.
Insiste o recorrente na restituição dos valores recebidos pelo recorrido
a título de adicional de insalubridade, desde a propositura da presente ação
revisional, até o seu trânsito em julgado, razão pela qual pleiteou a tutela
antecipada.
Consta do v. Acórdão:
Da restituição de valores
Insiste a recorrente na restituição dos valores recebidos pelo recorrido
a título de adicional de insalubridade, desde a propositura da presente ação
revisional, até o seu trânsito em julgado, razão pela qual pleiteou a tutela
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antecipada a fim de que fossem depositados judicialmente os valores
relativos ao referido adicional, evitando-se assim, o enriquecimento
indevido.
A r. sentença hostilizada reconheceu o direito à autora (empregadora)
de suspender o pagamento do adicional de insalubridade ao réu (empregado).
Ainda, concedeu a tutela antecipada para imprimir efeito ex nunc à decisão, a
partir de sua publicação.
Em suma, a autora insiste no efeito ex tunc da decisão proferida, ou
seja, na devolução dos valores pagos desde a propositura da ação e a
concessão da tutela antecipada na referida sentença.
Não lhe assiste razão, entretanto.
Isso porque, a d. Magistrada sentenciante, atribuiu à presente ação
natureza de ação revisional, com fundamento no disposto no artigo 471, I, do
CPC:
"Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à
mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio
modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir
a revisão do que foi estatuído na sentença;"
Não vislumbro incorreção. Trata-se efetivamente de reclamação
trabalhista com pedido revisional da situação jurídica que se aponta
modificada, in casu, a não mais sujeição do trabalhador a trabalho insalubre.
Assim, fica claro que a sentença que reconhece a alteração nas
condições jurídicas anteriores, ou seja, a eliminação da condição insalubre de
trabalho, por transferência do empregado para setor diverso, é de natureza
jurídica constitutiva (criam, modificam ou extinguem determinada relação
jurídica).
Evidente, assim, que os efeitos destas sentenças, as constitutivas, são
ex nunc (não retroagem), diferentemente das condenatórias.
Não há subsídio para a pretensão da recorrente, pois, somente com a
publicação da sentença de fls. 79/87, que antecipou os efeitos da tutela, é que
a relação jurídica se extinguiu.
Mantenho.
Consta do v. Acórdão dos Embargos de Declaração:
Alega a recorrente violação ao artigo 5º, II, da CF, à Súmula 248, do C.
TST, aos artigos 194, da CLT e 876 e seguintes do Código Civil e
divergência jurisprudencial, no tocante à restituição de valores recebidos
pelo reclamante a título de adicional de insalubridade, da propositura da ação
ao trânsito em julgado do v. acórdão, pretendendo manifestação acerca da
matéria.
No mérito, rejeito-os.
Ocorre que nenhuma omissão ou contradição o foi apontada, nos
termos dos artigos 897-A, da CLT e 535, do CPC;
O v. acórdão manteve a r. decisão de Primeiro grau ao fundamento de
que o efeito da sentença que reconheceu a alteração da condição insalubre do
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trabalho do autor tem efeito ex nunc, o que impede o ressarcimento dos
valores pagos ao autor, a partir do ajuizamento da presente ação.
Portanto, não há que se falar violação a qualquer dispositivo legal ou
constitucional. Tampouco verifica-se afronta a entendimento sumulado do
C. TST.
Quanto ao prequestionamento de matéria, este só é cabível nos moldes
previstos na Súmula 297, do C. TST se e, somente quando for capaz de
inviabilizar a remessa do debate à instância extraordinária, o que não se
verifica in casu.
Prestados os esclarecimentos supra, rejeito os embargos de declaração.
A discussão é interpretativa, combatível nessa fase recursal mediante
apresentação de tese oposta, mas os arestos transcritos para essa finalidade
são inservíveis a ensejar o reexame:
- o de fl. 118, não atende às exigências da Súmula nº 337, I, do C.
Tribunal Superior do Trabalho, vez que não há citação da fonte oficial ou
repositório autorizado em que foi publicado;
- o de fl 118, verso, porque não atende o disposto na letra a do art. 896
Consolidado com a redação dada pela Lei n° 9.756/98, porquanto oriundo de
Turma do C. TST(Orientação Jurisprudencial n° 111, da SDI-I, do C.
Tribunal Superior do Trabalho).
Ressalte-se que, se uma norma pode ser diversamente interpretada, não
se pode afirmar que a adoção de exegese diversa daquela defendida pela
parte enseja violação literal a essa regra, pois esta somente se configura
quando se ordena exatamente o contrário do que o dispositivo expressamente
estatui. Do mesmo modo, não se pode entender que determinada regra restou
malferida se a decisão decorre do reconhecimento da existência, ou não, dos
requisitos ensejadores da aplicação da norma. No caso dos autos, o exame do
decisum não revela a ocorrência apta a ensejar a reapreciação com supedâneo
na alínea "c", do artigo 896, da CLT.
Também não se vislumbra contrariedade à súmula invocada, eis que
referido verbete não aborda especificamente a situação delineada pela
decisão recorrida.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.”
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Analiso.
De início registro que da leitura do agravo de
instrumento, observo que não foi renovada a divergência jurisprudencial,
tornando-se assim inviável a apreciação.
O Tribunal regional consignou que a agravante
exonerou-se da obrigação de pagar o adicional de insalubridade somente
com a prolação da sentença, não havendo que se falar em devolução dos
valores recebidos pelo réu no período anterior à prolação da sentença.
Esta Corte vem decidindo que a sentença prolatada em
ação revisional possui natureza constitutiva negativa, na medida em que
objetiva a modificação de determinada relação jurídica continuativa,
produzindo efeitos ex nunc, ou seja, a partir do seu trânsito em julgado.
Cito precedentes desta Corte:
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efeitos de forma não retroativa. A imutabilidade da coisa julgada só pode ser
afastada mediante a estreita via da ação rescisória. Dessa forma, conhecida a
compreensão da matéria no âmbito do TST, não autoriza o provimento do
agravo de instrumento a suposição de violação legal, de afronta
constitucional, ou de dissenso jurisprudencial, cujo tema está pacificado nas
decisões desta Corte. A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve
ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada
por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, a
teor do artigo 896, § 7º, da CLT, e da Súmula 333/TST. Agravo conhecido e
desprovido. ( AIRR - 1517-44.2011.5.02.0464 , Relator Desembargador
Convocado: Cláudio Soares Pires, Data de Julgamento: 05/08/2015, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 07/08/2015)
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Pelo exposto, correta a negativa de seguimento à
Revista, nego provimento ao agravo de instrumento.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.
Brasília, 24 de Agosto de 2016.
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