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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0000466-32.2022.5.06.0001

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 16/06/2022


Valor da causa: R$ 110.000,00

Partes:
RECLAMANTE: JAILTON GOMES DA SILVA
ADVOGADO: ISADORA COELHO DE AMORIM OLIVEIRA
ADVOGADO: CLAUDIO GONCALVES GUERRA
RECLAMADO: PLENO PROMOCOES DE VENDAS E SERVICOS LTDA

ADVOGADO: Orígenes Lins Caldas Filho


RECLAMADO: M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO: JULIANA DE ABREU TEIXEIRA
PERITO: ALEXANDRE JOSE PEDROSO DE ANDRADE
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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EXMO(A). SR.(A) JUIZ(ÍZA) DO TRABALHO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE-PE

Proc. Nº 0000466-32.2022.5.06.0001

JAILTON GOMES DA SILVA, qualificado nos autos do processo em epígrafe, em que contende
com PLENO PROMOÇÕES DE VENDAS E SERVIÇOS LTDA. E outros., vem respeitosamente
por intermédio de seus advogados infra-assinados, interpor RECURSO ORDINÁRIO, nos
termos das razões e fundamentos em anexo, requerendo a remessa dos presentes autos ao
Egrégio TRT da 6ª Região, para apreciação e julgamento.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 16 de fevereiro de 2024.

Isadora Amorim - OAB/PE 16.455

Cláudio Guerra – OAB/PE 29.252

Igor Leopoldo Lavor – OAB/PE 31.716

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RECURSO ORDINÁRIO interposto por JAILTON GOMES DA SILVA, nos


autos do Processo nº 0000466-32.2022.5.06.0001, onde figura como
parte recorrida PLENO PROMOCOES DE VENDAS E SERVICOS LTDA E
OUTROS (1).

EGRÉGIA TURMA:

Merece reforma a decisão ora hostilizada, apenas no que pretende o recorrente, posto que
proferida em dissonância com a legislação e orientação jurisprudencial aplicáveis à hipótese.

I. DA TEMPESTIVIDADE

Considerando que não houve expediente neste Eg. Regional nos dias 12, 13 e 14/02/2024,
conforme PORTARIA TRT6–GP nº 474/2023, percebe-se que presente recurso, protocolado
nesta data, encontra-se tempestivo.

II. PRELIMINARMENTE – DA NULIDADE DO PROCESSO – AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO


DOS CÁCULOS NOS TERMOS DA SENTENÇA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Conforme se observa dos autos, a sentença de id. a06c7bb foi proferida de forma líquida,
consoante cálculos de id. 403f95b. O reclamante, por sua vez, apresentou embargos de
declaração que foram acolhidos nos seguintes moldes:

“1. Aduz o Embargante que a sentença foi omissa quanto ao pleito


de reflexos dos adicionais de insalubridade que repercutem em outras verbas
a gerar incidência no FGTS + 40%.
Sana-se a omissão, para julgar procedentes os pleito de incidência
no FGTS + 40% dos reflexos de adicionais de insalubridade sobre 13º salário e
aviso prévio, pois são temas pacificados na legislação e na jurisprudência,
consoante artigo 15 da Lei nº 8.306/90 e Súmula nº 305 do TST.

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Julgo procedentes referidos pleitos, tendo sido a conta retificada


nesse particular..” (g.n.)

Todavia, em que pese o acolhimento dos embargos e a menção à retificação das contas, não
houve o respectivo ajuste conforme acima decidido. Basta observar que, após a juntada da
sentença não foram anexados os novos cálculos:

A decisão deverá ser reformada. Proferida a sentença de forma líquida, em fase de


conhecimento, as planilhas dos cálculos de liquidação integram o ato decisório.
Consequentemente, acolhidos os embargos em relação a tema que necessariamente irá
modificar as contas anteriormente elaboradas, percebe-se que a retificação destas é medida
que se impõe, sob pena de violação ao art. 93, IV, da CF/88, bem como ao próprio contraditório
(art. 5º, LV, CF/88).

Isso porque o momento processual para impugnação aos cálculos, quando proferida sentença
líquida, é com a interposição do recurso ordinário, sob pena de preclusão, com impossibilidade
de rediscussão da matéria na fase de execução. Neste sentido já se posicionou este Regional:

RECURSO ORDINÁRIO OBREIRO. DIREITO PROCESSUAL DO


TRABALHO. AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DA PLANILHA DE CÁLCULOS APÓS
ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE
PREJUÍZO. NULIDADE. Apesar das expressas determinações, na sentença que
acolheu os embargos declaratórios do autor, de retificação da planilha de
cálculos, além da menção, na parte dispositiva, sobre "Planilha de cálculos

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retificada em anexo", não houve a retificação dos cálculos de liquidação. A


ausência de tal planilha impede o reclamante de impugná-la no
momento oportuno, uma vez que, para o caso de sentença líquida, é no
Recurso Ordinário que a parte deve apresentar suas impugnações aos
cálculos de liquidação, inclusive sob pena de preclusão. Apelo ao qual se
dá provimento, determinando-se o retorno dos autos ao Juízo de origem,
para a devida anexação da planilha de retificação dos cálculos, com nova
intimação das partes. (Processo: ROT - 0000528-09.2022.5.06.0313,
Redator: Virginia Malta Canavarro, Data de julgamento: 01/08/2023, Terceira
Turma, Data da assinatura: 01/08/2023)

“RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. NULIDADE DA


SENTENÇA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONFIGURAÇÃO DE PREJUÍZO.
AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DA PLANILHA DE CÁLCULOS. Em face do
acréscimo condenatório decorrente do julgamento dos embargos de
declaração, a falta de correção da conta originariamente elaborada no
primeiro grau enseja prejuízo ao exercício do direito à ampla defesa das
partes, pois o momento processual para impugnação aos cálculos,
quando proferida sentença líquida, é com a interposição do recurso
ordinário, sob pena de preclusão, com impossibilidade de rediscussão da
matéria na fase de execução. Acolhida arguição de nulidade da sentença de
embargos de declaração, suscitada pela parte autora, para determinar o
retorno dos autos à Vara de origem, para refazimento dos cálculos.
Prejudicada a apreciação do apelo patronal. (Processo: ROT - 0000613-
96.2017.5.06.0142, Redator: Dione Nunes Furtado da Silva, Data de
julgamento: 19/05/2022, Terceira Turma, Data da assinatura: 19/05/2022)”

"DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. JUNTADA INCOMPLETA


DAS PLANILHAS DE LIQUIDAÇÃO PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU.
IMPOSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO DA REGULARIDADE DOS VALORES

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LIQUIDADOS. PREJUÍZO. NULIDADE PROCESSUAL. RETORNO DOS AUTOS À


ORIGEM. A juntada incompleta das planilhas de liquidação, que fazem parte
integrante da sentença de mérito, impede que as partes verifiquem a
regularidade dos valores liquidados, em efetivo prejuízo à ampla defesa e ao
duplo grau de jurisdição. A impugnação aos cálculos, no caso de sentença
líquida, faz-se mediante apresentação de recurso ordinário, sob pena de
preclusão. Nulidade pronunciada, para fins de devolução dos autos ao órgão
de origem, para repetição do ato." (ROT-0001408-39.2016.5.06.0142,
Redator: Virginia Malta Canavarro, Data de julgamento: 10/12/2018, Terceira
Turma, Data da assinatura: 11/12/2018).

Desta forma, deverá ser declarada a nulidade do processo, a fim de que os autos retornem à
Vara de origem, para que os cálculos que acompanham a sentença de mérito sejam retificados e
adequados ao que restou decidido na sentença de embargos de id. 91ebe45.

No mérito, por cautela, aduz:

III. DAS HORAS EXTRAS – ÔNUS DA PROVA – INAPLICABILIDADE DA EXCLUDENTE


LEGAL – PAGAMENTO DEVIDO

O autor narrou que ao longo do contrato teria laborado das 07h00min às 19h00min, com 30
(trinta) minutos de intervalo, de segunda a sexta, bem como aos sábados das 07h00min às
12h00min. Consequentemente, requereu o pagamento de horas extras, intervalares, bem como
dobras de domingos e sobreaviso.

A reclamada contestou afirmando que o autor, ao longo de todo o período, estava inserido nas
exceções do art. 62, I da CLT, ou seja, laborava sem controle de jornada.

Analisando o mérito, o Juízo sentenciante acolheu a tese de defesa e indeferiu todos os títulos
fundados na jornada de trabalho.

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A decisão deverá ser reformada. Ao contrário do que entendeu o MM. Juízo singular, a prova ds
autos demonstrou que o reclamante, ao longo de todo o contrato, esteve sujeito ao controle de
jornada.

Pela resistência ofertada, permaneceu com a empresa o ônus da prova, de modo que para
refutar a pretensão do autor, o réu deveria ter trazido testemunha que com ele trabalhou, de
modo a demonstrar:

a) Que o trabalho desenvolvido gerava uma impossibilidade material ao empregador de


realizar o controle de horário do reclamante;
b) Que os horários apontados não eram cumpridos;
c) Que o intervalo desfrutado era de uma hora;
d) Que o supervisor gozava de autonomia para prática de atos de mando e gestão;

Contudo, desse encargo a ré não se desincumbiu, tanto que sequer produziu prova oral. Até
mesmo os documentos adunados aos autos pelo reclamado demonstram a possibilidade de
controle. Observe-se que o contrato não faz menção ao art. 62, I, da CLT, mas aponta que havia
uma jornada pré-estabelecida a ser cumprida:

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Situação semelhante se extrai da ficha de registros, que traz uma carga horária a ser
desenvolvida:

Importante observar que embora a testemunha obreira tenha declarado que não estava
submetida a controle de jornada, ela não apontou que tal fiscalização fosse impossível. Além
disso, suas declarações revelam o desenvolvimento de labor extraordinário:

“que recebia visitas dos diretores nas lojas em que trabalhava; que
havia alteração de jornada de trabalho em razão disso; que num mês eram
recebidas, no máximo, de duas a três visitas de diretores; que as visitas
duravam um dia e que neste dia o horário de trabalho era das 07:00 às

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19:00/19:30 horas com quinze minutos de intervalo intrajornada; que


no sábado não tinha intervalo para almoço;”

Fato é que a lei entende que a impossibilidade de controle de horário é o requisito maior
porque privilegia aspectos fáticos em detrimento das formalidades, e não poderia ser diferente.
Nessa esteira de considerações, a lei visou proteger o empregado que trabalhe externamente
de abusos por parte de seu empregador. Não raras são as situações em que o empregado
externo se lança em horários extraordinários e a empresa, por meios indiretos, tem condições
de controlar toda a jornada. Os meios indiretos podem ser desde a visitação da rota até a
utilização de aparelhos e sistemas eletrônicos.

Ressalte-se que mesmo no caso de se admitir que a empresa não realizasse a fiscalização da
jornada cumprida pelos promotores, percebe-se que, ainda assim, a aplicação do dispositivo
deveria ser afastada, diante da flagrante possibilidade de fiscalização, como se extrai dos
documentos adunados.

Pois bem, no caso entelado, o Juízo singular aplicou o Art. 62, I da CLT de forma totalmente
equivocada, sem observar o verdadeiro espírito do dispositivo. A decisão viola a literalidade do
aludido artigo da CLT, in verbis:

Art. 62 – Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:


(Redação dada pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994).
I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a
fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na
Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;
(Incluído pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994).

O mais importante do inciso I é a parte que diz “atividade externa incompatível”. Isso quer
dizer que o empregado, para não ter direito ao recebimento de horas extras, precisa trabalhar

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externamente e ainda estar numa condição que torne incompatível, impossível o


controle da sua jornada de trabalho.

Logo, restou evidente que o reclamante não estava inserido na hipótese do art. 62, I, da CLT. A
decisão, além de violar o próprio art. 62, I, da CLT, subverteu o ônus da prova, visto que cabia à
reclamada comprovar a total impossibilidade de fiscalização dos serviços prestados pelo
autor.

Nesse contexto, conclui-se, no enquadramento jurídico do caso concreto, a partir das provas
narradas na sentença recorrida, que a reclamada não se desincumbiu do ônus de provar que
a jornada externa fosse incompatível com o controle, pois a prova produzida pela
própria empresa demonstra justamente o contrário: que havia a possibilidade de
controle da jornada externa. Ressalte-se que este Eg. Regional já se manifestou sobre o
controle de jornada dos empregados da ré:

PROC. Nº TRT - 0000198-84.2021.5.06.0171 (ROT)


Órgão Julgador: QUARTA TURMA
Relator: DESEMBARGADOR JOSÉ LUCIANO ALEXO DA SILVA
Recorrente: PLENO PROMOCOES DE VENDAS E SERVICOS LTDA.
Recorridos: MARCOS WEVERTON DE SOUSA LIMA e M DIAS
BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS
Procedência: 1ª VARA DO TRABALHO DO CABO DE SANTO
AGOSTINHO/PE
(...)
RECURSO ORDINÁRIO. TRABALHO EXTERNO. ENQUADRAMENTO
DO EMPREGADO NA EXCEÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 62, I, DA CLT.
DESCABIMENTO. Como regra, todo empregado se submete aos limites de
jornada constitucionalmente fixados (art. 7º, XIII, CF). Excepcionalmente,
admite-se a existência de trabalhadores alheios a esse controle, como é o caso
dos empregados executantes de labor externo, hipótese prevista no art. 62, I,

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da CLT, mas desde que exerçam atividades incompatíveis com a fixação de


horários de trabalho. Demonstrada a viabilidade de controle da jornada do
reclamante, este tem direito à remuneração das horas extraordinárias
prestadas. Recurso patronal desprovido, no aspecto.

Além disso, em se tratando de controvérsia sobre horários de trabalho, somado ao fato de que
foi afastada a aplicação do art. 62, I e II, da CLT, a matéria depende da apreciação de documento
essencial a cargo do empregador - cartões de ponto -, por imperativo legal, a teor dos artigos
74, § 2º, e 2º, ambos da CLT e 443, II, do CPC.

É de se ressaltar ser incabível a substituição da prova documental necessária por outro meio de
prova, conforme regramento contido no inciso II do artigo 443 do CPC, fonte subsidiária do
Processo Trabalhista. Logo, cabia a ré trazer aos autos os registros de horário do autor, de
modo que a sua inércia atrai a incidência da Súmula nº 338, I, do TST, razão pela qual a
sentença se mostra equivocada neste ponto.

Portanto, deverá ser reformado o julgado, a fim de que sejam deferidas as horas extras
perseguidas, com base nos horários descritos na exordial. Devido, ainda, o pagamento do
intervalo intrajornada.

Todas as verbas acima devem incidir no aviso prévio, férias+1/3, 13º salários, DSR e
FGTS+40%. O produto decorrente da majoração do aviso prévio, férias+1/3, 13º salários e DSR
deverão incidir no FGTS+40%.

IV. DOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS TÍTULOS PERSEGUIDOS –


IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO EM EVENTUAL FASE DE
EXECUÇÃO – QUANTIFICAÇÃO POR ESTIMATIVA

Na petição inicial, em sede de preliminar, a parte autora apontou as dificuldades para liquidar
os títulos pretendidos. Consequentemente, ressaltou que os pedidos estariam sendo

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quantificados por mera estimativa, conforme autorizado pela IN 41/2018, razão pela qual os
valores efetivamente devidos deveriam ser apurados em liquidação.

A sentença não se manifestou sobre tal preliminar. Após apresentados embargos de


declaração, o MM. Juízo concluiu pela limitação através dos seguintes fundamentos:

“Esclareço quanto ao assunto que a presente reclamação


trabalhista foi ajuizada na vigência da Lei nº 13.467/17, a qual emprestou
nova redação ao parágrafo 1°, do art. 840, da Consolidação das Leis
Trabalhistas, para estabelecer que a inicial deverá conter a designação do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu
valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. E, em
sendo assim, a liquidação da condenação deve se limitar aos valores
especificados na exordial, pois em assim não se procedendo contrariaríamos
os mandamentos contidos nos arts. 141 ("O juiz decidirá o mérito nos limites
propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não
suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte") e 492, ambos do
Novo Código Processual Civil ("É vedado ao juiz proferir decisão de natureza
diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em
objeto diverso do que lhe foi demandado"), sob pena de julgamento “extra” ou
“ultra petita”.
Logo aos valores indicados somente serão acrescidos os juros de
mora e correção monetária.”

A decisão deverá ser reformada. Pois bem, como dito anteriormente, o reclamante ressalvou
de forma expressa que os valores dos pedidos foram atribuídos por simples estimativa:

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Tomando por base a redação da Instrução Normativa nº 41/2018 ao autor indicou nos pedidos
formulados valores estimativos, ressaltando tal fato na exordial e indicando que os
valores efetivamente devidos teriam de ser apurados através de cálculos quando da
época processual própria, ou seja, na fase de liquidação.

Essa é a interpretação a ser dada ao referido dispositivo (art. 840, §1º da CLT), ou seja, de que
não é obrigatória a prévia liquidação dos pedidos, mas apenas que cada pleito esteja
acompanhado de um valor a ser arbitrado pelo respectivo causídico, o qual jamais poderá
ser cravado como definitivo quando indicado por estimativa, principalmente pela
natural incidência de juros e correção monetária. Como dito, esse é o raciocínio que o C.
TST utilizou para editar a Instrução Normativa nº 41/2018, que em seu art. 12º, §2º dispõe:

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“§ 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT , o valor da


causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts.
291 a 293 do Código de Processo Civil .”

Essa conclusão está em harmonia com o próprio Princípio da Simplicidade e Informalidade há


tempos consagrados no processo trabalhista, razão pela qual não se justifica qualquer
antecipação da liquidação de uma sentença que sequer se sabe ainda se terá natureza
condenatória. Entendimento contrário caracteriza uma afronta ao próprio direito
constitucional de acesso à justiça, pois servirá unicamente para criar barreiras àquela parte de
historicamente reconhecida como hipossuficiente e que busca tão-somente a satisfação de um
crédito de natureza alimentar.

Ressalte-se, ainda, que o que se extrai dos artigos 141 e 492 do CPC é que o juiz decidirá dentro
dos limites do que foi proposto, na medida da pretensão resistida e observando o princípio da
congruência, ou seja, é vedado deferir ao autor aquilo que não pleiteou, o que não se
confunde com a base de cálculo usada pelo autor na exordial, em atenção à dicção do art.
840 da CLT.

Outrossim, a Lei 13.467/2017, apesar de esculpir na CLT a tal exigência de “indicação do valor
do pedido”, manteve a redação do art. 879 da CLT, que trata do incidente de liquidação de
sentença, situação que corrobora o entendimento de que os valores atribuídos aos pedidos não
deverão possuir exatidão matemática.

Além disso, há situações em que não é possível a indicação já na inicial da quantificação dos
pedidos, em face da ausência de documentos necessários à liquidação - por estarem em poder
da reclamada - ou mesmo diante de pedidos que envolvem cálculos complexos, em que há
necessidade de liquidação por contador/perícia contábil.

O Código de Processo Civil de 2015, arts. 322 e 324, de aplicação subsidiária, reporta apenas à
certeza e determinação, não exigindo expressamente a liquidez dos pedidos. Apesar disso,

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admite o pedido genérico, dentre outras situações, quando não for possível determinar, desde
logo, as consequências do ato ou do fato ou quando a determinação do objeto ou do valor da
condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

A fixação do valor da causa e da condenação no processo do trabalho só são relevantes na fase


de conhecimento do processo, na medida em que servem apenas para fixar rito e
admissibilidade recursal, sem interferir em questões de competência funcional. Na fase de
cumprimento (execução), o valor do pedido é totalmente irrelevante e se desvincula de
sua origem na medida em que se apura mediante realização de operações aritméticas o
valor devido, com, no mínimo, acréscimo de juros e correção monetária, sem prejuízo de
multas, o que certamente vai elevar o valor do quantum debeatur, e isto não pode
significar prejuízo ou decréscimo patrimonial à parte exequente.

Nesse sentido o Prof. Mauro Schiavi em seu livro "A Reforma Trabalhista e o Processo do
Trabalho", sustenta que "indicação de seu valor" (§ 1º do art. 840 da CLT) não corresponde à
liquidação. Este valor seria estimativo e não vincularia o julgamento.

Houve, ainda, no Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (XIX CONAMAT -
2 a 5/05/2018), da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA),
aprovação de tese afirmando que a expressão "pedido, que deverá ser certo, determinado e
com indicação de seu valor" (§ 1º do art. 840 da CLT), não corresponde a pedido líquido.

A indicação do valor não pode se transformar em requisito que impeça o acesso à justiça, sob
pena de incorrer em violação à Constituição Federal. É necessário considerar que a liquidação
do pedido, em seu valor exato, pode ser impossível, ou muito complexo de se alcançar, já que
depende, inúmeras vezes, de documentos que só a empresa detém, como também depende de
cálculos trabalhistas complexos que invariavelmente não são passíveis de serem realizados no
momento do ajuizamento da ação.

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Antecipar tal momento, sem que haja previsão expressa na legislação, significa violar
acesso à justiça, apresentando obstáculos e sanções indissociáveis de seu ajuizamento. Ficam
violados, também, o princípio da instrumentalidade das formas e o princípio da simplicidade,
inerentes ao processo do trabalho.

Logo, evidente que os valores atribuídos por estimativa não poderão ser utilizados para
limitar o quantum debeatur a ser apurado durante a fase de liquidação. Ressalte-se que
este tem sido o entendimento exposto pelo Eg. TST, tanto através das suas Turmas, quanto pela
própria Subseção II Especializada em Dissídios Individuais:

"RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA SOB A ÉGIDE DO


CPC/1973. LIMITE DA CONDENAÇÃO AOS VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO
INICIAL. AÇÃO SUBJACENTE ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. INDICAÇÃO
DO MONTANTE DOS PEDIDOS COM EXPRESSA RESSALVA DA NATUREZA DE
“VALORES ESTIMATIVOS MÍNIMOS”. 1. Discute-se nos autos a legalidade de
provimento jurisdicional que limitou a condenação aos valores indicados por
mera estimativa na petição inicial, em ação ajuizada antes da vigência da Lei
nº 13.467/2017. 2. De plano, sobreleva destacar que o exame dos termos da
petição inicial na lide subjacente não esbarra no óbice da Súmula 410 do TST,
porquanto não implica o reexame de fatos e provas, mas tão somente dos
próprios limites processuais da ação matriz. 3. No caso, emerge da peça de
ingresso naquela ação a enumeração, pelo reclamante, de pedidos com
indicação de valores líquidos, mas com expressa ressalva de se tratar de “
valor estimativo mínimo, sujeito à correção com base nos documentos a serem
trazidos pela reclamada, prova na fase instrutória e na fase executória ”. 4. A
esse respeito, pacífica a jurisprudência desta Corte Superior, inclusive à
época da prolação do acórdão rescindendo, no sentido da
impossibilidade de limitar a condenação com base em valores indicados
a título de mera estimativa na exordial. 5. Conclui-se, por consequência,
que o Órgão Julgador, ao fazer incidir limitação monetária à condenação com

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base em valores indicados por estimativa, em reclamação não submetida ao


rito sumaríssimo, incorreu em violação dos arts. 128 e 460 do CPC/1973, por
má aplicação. Recurso ordinário conhecido e provido para julgar a ação
rescisória procedente " (RO-10289-59.2013.5.02.0000, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Morgana de Almeida
Richa, DEJT 22/09/2023).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA


RECLAMANTE INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. 1 -
JULGAMENTO ULTRA PETITA . LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES
INDICADOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO
DO TRECHO DETECTADA PELO TRT. Afastada o óbice previsto no artigo art.
896, § 1º-A, I, da CLT, prossegue-se no exame do recurso de revista, e com
fundamento na OJ 282 da SBDI-1 desta Corte. Agravo de instrumento
conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE
INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA
JURÍDICA RECONHECIDA. JULGAMENTO ULTRA PETITA . LIMITAÇÃO DA
CONDENAÇÃO AOS VALORES INDICADOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL.
RESSALVA REGISTRADA. Trata-se de ação ajuizada na vigência da Lei
13.467/2017, a qual alterou a redação do art. 840, § 1º, da CLT, passando a
prever que: "sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo,
a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio,
o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a
data e a assinatura do reclamante ou de seu representante". De acordo com o
entendimento desta Corte Superior, quando a petição inicial contém pedido
líquido e certo, a condenação em quantidade superior ao indicado na inicial,
importa em julgamento ultra petita , exceto quando na inicial, consta a
informação expressa de que a indicação dos valores foi realizada por
estimativa . Em tal hipótese, não há falar em limitação da condenação aos
valores atribuídos na petição inicial. No caso dos autos, não obstante o

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reclamante tenha indicado de forma individualizada os valores de cada


verba pleiteada, ao atribuir o valor da causa, no fim da inicial, fez constar
que o valor atribuído era mera estimativa. Dessa forma, merece reforma
acórdão regional que entendeu que a apuração do quanto devido deve ser
limitada aos valores indicados na petição inicial. Recurso de revista conhecido
e provido" (RRAg-10668-44.2020.5.15.0080, 8ª Turma, Relatora Ministra
Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 02/10/2023).”

"AGRAVO INTERNO. RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO


NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. JULGAMENTO EXTRA PETITA -
LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR INDICADO NA PETIÇÃO INICIAL -
ART. 840, §1º, DA CLT - MERA ESTIMATIVA - RESSALVA DESNECESSÁRIA . De
acordo com o novel art. 840, § 1º, da CLT, com redação inserida pela Lei nº
13.467/17, " Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo,
a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio,
o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a
data e a assinatura do reclamante ou de seu representante ". Respeitados os
judiciosos posicionamentos em contrário, a melhor exegese do referido
dispositivo legal é que os valores indicados na petição traduzem mera
estimativa, e não limites, à condenação, sobretudo porque, a rigor, é
inviável a liquidação, já no início da demanda, de todos os pedidos deduzidos
na inicial. Não se deve perder de vista os postulados que informam o processo
do trabalho, em especial os princípios da proteção, do valor social do trabalho,
do acesso ao Poder Judiciário, da oralidade e da simplicidade dos atos
processuais trabalhistas. Sem embargo, exigir que o trabalhador aponte
precisamente a quantia que lhe é devida é investir contra o próprio jus
postulandi trabalhista. A propósito, não se faz necessária qualquer ressalva na
petição inicial de que tais valores representam mera estimativa à liquidação
do julgado, não havendo que se falar, portanto, em julgamento extra petita na
hipótese em que quantia liquidada perpasse o montante pleiteado. Agravo

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interno a que se nega provimento " (Ag-AIRR-448-04.2019.5.05.0014, 2ª


Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 29/09/2023).

"(...) AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. LIMITES DA CONDENAÇÃO. VALORES
INDICADOS NA PETIÇÃO INICIAL. DECISÃO EM CONFORMIDADE COM A
REITERADA JURISPRUDÊNCIA DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA . A
jurisprudência desta Corte segue no sentido de que a atribuição de valores
específicos aos pedidos formulados na petição inicial, sem registrar qualquer
ressalva, fixa os limites da prestação jurisdicional, por expressa dicção do art.
492 do CPC. Precedente da SBDI-1 desta Corte. Conforme consta da decisão
agravada, na hipótese dos autos, contudo, constata-se que a parte registrou
expressamente na exordial que os valores elencados para cada um dos
pedidos tratava-se de mera estimativa para fins de alçada. Assim, os
valores indicados na petição inicial devem ser considerados como
estimativa das pretensões deduzidas, sendo que a apuração do valor da
condenação deve ocorrer em liquidação, não havendo falar em limitação
aos valores elencados na inicial. Precedentes. Estando a decisão regional em
perfeita harmonia com a jurisprudência desta Corte, incide a Súmula nº 333
do TST como obstáculo à extraordinária intervenção deste Tribunal Superior
no feito. Agravo não provido" (Ag-RRAg-11015-07.2017.5.03.0019, 5ª Turma,
Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 22/09/2023).

"(...) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. APELO SOB A


ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA
CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, §
1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA
RECONHECIDA . A controvérsia gira acerca da aplicação do artigo 840, § 1º, da
CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca
do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art.

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896-A, § 1º, IV, da CLT. A controvérsia acerca da limitação da condenação, aos


valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial, tem sido analisado,
pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do
Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são
aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se
refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na
inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à
aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados
pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº
221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a
imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não
exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas
ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar
ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade
das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no
seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º,
da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº
41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018,
registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas
pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem
atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidas sob a égide da
lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano
2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei
13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos
valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na
exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme
normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A
decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos
pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Reconhecida a
transcendência jurídica do recurso de revista. Recurso de revista conhecido e

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provido" (ARR-1000987-73.2018.5.02.0271, 6ª Turma, Relator Ministro


Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 16/10/2020). - Grifos acrescidos

"I - AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017. VALOR DA
CONDENAÇÃO CONCERNENTE À EQUIPARAÇÃO SALARIAL. LIMITAÇÃO AO
VALOR ESTIMADO NA PETIÇÃO INICIAL. ARTIGO 840, §1º, DA CLT.
ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI Nº 13.467/2017. Ante as razões
apresentadas pelo agravante, afasta-se o óbice oposto no despacho agravado.
Agravo conhecido e provido. II - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA. VALOR DA CONDENAÇÃO CONCERNENTE À EQUIPARAÇÃO
SALARIAL. LIMITAÇÃO AO VALOR ESTIMADO NA PETIÇÃO INICIAL. ARTIGO
840, §1º, DA CLT. ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI Nº 13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. 1. No caso presente, constato haver
transcendência, tendo em vista tratar-se de questão nova nesta Corte
Superior, inaugurada com a alteração do artigo 840, §1º, da CLT, promovida
pela Lei nº 13.467/2017, a respeito da qual não se consolidou jurisprudência
uniforme. 2. A decisão recorrida adotou o entendimento de que " Os valores
[da condenação] deverão ser limitados ao postulado na letra "c" da inicial,
acrescidos de juros e correção monetária". Todavia, e a par da
jurisprudência precedente à referida alteração legislativa, o TST
aprovou a Instrução Normativa 41/2018, que regulamenta a aplicação
das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas
pela Reforma Trabalhista, cujo artigo 12, §2º, estabelece que " § 2º Para
fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será
estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293
do Código de Processo Civil " (grifo nosso). 3. Nessa medida, constata-se
aparente violação do artigo 840, §1º, da CLT, nos moldes do artigo 896 da CLT,
apta a ensejar o provimento do agravo de instrumento, nos termos do artigo
3º da Resolução Administrativa nº 928/2003. Agravo de instrumento

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conhecido e provido. III - RECURSO DE REVISTA. VALOR DA CONDENAÇÃO


CONCERNENTE À EQUIPARAÇÃO SALARIAL. LIMITAÇÃO AO VALOR
ESTIMADO NA PETIÇÃO INICIAL. ARTIGO 840, §1º, DA CLT. ALTERAÇÃO
PROMOVIDA PELA LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA.
1. Cinge-se a discussão à viabilidade da limitação do valor da condenação ao
montante indicado para cada um dos pedidos elencados na petição inicial,
diante das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017, especialmente no
que concerne à interpretação a ser dada ao artigo 840, § 1º, da CLT, segundo o
qual " sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a
qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o
pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data
e a assinatura do reclamante ou de seu representante ". 3. Com efeito, e a par
da jurisprudência precedente à referida alteração legislativa, o TST
aprovou a Instrução Normativa 41/2018, que regulamenta a aplicação
das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas
pela Reforma Trabalhista, cujo artigo 12, §2º, estabelece que " § 2º Para
fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será
estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293
do Código de Processo Civil " (grifei). 4. Nesse contexto, e tendo-se em
conta que houve pedido expresso da parte, no sentido de que fossem " h)
... as verbas deferidas apuradas em regular liquidação por cálculos ",
infere-se que a decisão regional, que limitou a condenação concernente à
equiparação salarial ao valor do pedido indicado na petição inicial, viola
o artigo 840, § 1º, da CLT. Com efeito, em relação à verba em apreço, é
razoável que os valores objeto da condenação sejam apurados definitivamente
em liquidação, quando então possível aferir, com base nos documentos e
demais informações trazidas aos autos, o quantum realmente devido, razão
pela qual não se pode, na espécie, limitar a condenação aos valores expressos
na petição inicial, porquanto meramente estimativos. Recurso de revista

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conhecido e provido" (RR-1000514-58.2018.5.02.0022, 1ª Turma, Relator


Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 04/08/2021)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA -


DESCABIMENTO. (...) 5. CONDENAÇÃO. LIMITAÇÃO AOS VALORES
ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. CPC, ARTS. 141 E 492.
Havendo expressa menção na exordial de que os valores ali indicados
são estimados e se destinavam apenas à definição do rito procedimental,
não há que se falar em limitação da condenação. (...) ( AIRR-10333-
97.2019.5.18.0008, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de
Fontan Pereira, DEJT 20/11/2020 ).

Consequentemente, por tais razões, o valor atribuído por estimativa aos pedidos na petição
inicial não pode ser limitador da condenação, mas, sim, mera indicação que servirá para cálculo
do valor da causa e de alçada.

Desta forma, deverá ser reformada a sentença, a fim de que seja afastada a limitação imposta à
liquidação, haja vista que, conforme ressalva da exordial, os valores atribuídos aos pedidos
são estimativos, logo, não poderão ser utilizados como limite das parcelas deferidas,
cuja apuração apenas ocorrerá na fase de liquidação.

V. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ABUSO DO PODER DIRETIVO

O autor narrou que ao longo do contrato teria sido constrangido pelo supervisor Erasmo
(funcionário da PLENO), bem como pelo supervisor GABRIEL (funcionário da M Dias). Este
último, inclusive, teria exigido que o autor trabalhasse mesmo após um diagnóstico de COVID-
19.

A Reclamada Pleno Promoções de Vendas e Serviços Ltda., por sua vez, refutou as alegações
sob o argumento de que todos atestados de COVID apresentados pelo autor foram aceitos e que

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ele não teria trabalhado doente. A Demandada M. Dias Branco S/A Indústria e Comércio de
Alimentos, ao contestar o pleito, asseverou inexistir entre as partes relação de subordinação.
Analisando o mérito, o MM. Juízo rejeitou o pleito, sob o argumento de que não teria sido
demonstrado que as reclamadas praticaram qualquer ato ilícito.

A decisão deverá ser reformada. Ao contrário do que entendeu a MM. Julgadora, a prova oral
produzida, juntamente aos documentos carreados, dá conta de que o autor foi instado pelos
prepostos do réu a trabalhar, mesmo após o diagnóstico de COPVID-19. Observe-se as
declarações da única testemunha ouvida em audiência:

“INTERROGATÓRIO DA 1ª TESTEMUNHA DO RECLAMANTE: Sr.


JOSE AUGUSTO CAETANO DE LIMA - que se recorda que o Reclamante foi
contaminado com COVID e que comunicou ao superior Gabriel mas não
foi liberado tendo permanecido no trabalho até o final da jornada de
trabalho; que viu o atestado médico constatando o COVID; que não se recorda
se houve alguma solicitação específica do Sr. Gabriel; que não se recorda se era
exigido teste de COVID pela empresa para afastamento; que não se recorda se
no dia seguinte o Reclamante foi trabalhar; que o Sr. Gabriel era empregado
da M Dias Branco; que o superior hierárquico do depoente e do Reclamante,
empregado da Pleno, era o Sr. Erasmo; que no dia do comunicado do
Reclamante ao Sr. Gabriel, o Sr. Erasmo não estava na loja; que o Reclamante
neste dia estava com sintomas gripais;”

As informações prestadas pela testemunha são ratificadas pelos documentos juntados.


Observe-se que o autor adunou às fls. 121 declaração médica emitida pelo Dr. Fernando
Cavalcanti – CRM 4262, indicando a irresponsabilidade da reclamada ao exigir que o
trabalhador apresentasse atestado médico, a despeito de já ter indicado que estava com COVID:

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O conteúdo da referida documentação não foi especificamente impugnado pelo 1º reclamado,


como se extrai da defesa às fls. 213. Além disos, temos às fls. 120 mensagem enviada pelo
reclamante ao supervisor Gabriel enviando o resultado do exame, onde este questiona se o
obreiro deveria “avisar” quando chegasse na loja:

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Ressalte-se que o próprio reclamado trouxe aos autos atestado médico que indica o quadro de
COVID do reclamante no período em questão, emitido um dia após àquele de fls. 121:

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Não há razoabilidade em se exigir de um funcionário vá trabalhar, mesmo com um diagnostico


positivo de COVID-19, independentemente dele estar munido de atestado médico. Trata-se de
verdadeiro abuso do poder diretivo, para não se falar em violação às normas de saúde pública e
de segurança do trabalho.

A conclusão lançada na sentença destoa das provas produzidas e da própria jurisprudência,


que reconhece o abuso do empregador em casos análogos, apto ao deferimento da indenização
por danos morais:

116000275375 - DANOS MORAIS - ABUSO DO PODER DIRETIVO -


Obrigar o empregado a trabalhar diagnosticado com o Covid-19 gera o
dever de indenizar em face do abuso de seu poder diretivo. (TRT-05ª R. -
ROT 0000589-82.2021.5.05.0004 - 4ª T. - Relª Maria das Gracas Oliva Boness -
DJ 20.06.2022 )

124000108041 – (...). RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO DA


RECLAMANTE - COLEGA DE TRABALHO CONTAMINADO COM COVID-19
OBRIGADO A TRABALHAR - EXPOSIÇÃO DA RECLAMANTE A RISCO -
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - QUANTUM INDENIZATÓRIO -
MAJORAÇÃO INDEVIDA - A reclamada foi condenada ao pagamento de
uma indenização por danos morais, em razão de obrigar colega de
trabalho da reclamante a trabalhar mesmo estando contaminado com
covid-19, expondo a autora e outros empregados a risco de contágio.
Constatado que o quantum indenizatório fixado na origem repara
satisfatoriamente o prejuízo imaterial causado à reclamante, não há como
deferir a pretensão recursal de sua majoração. Recurso ordinário adesivo a
que se nega provimento. (TRT-13ª R. - RO 0000332-23.2022.5.13.0029 - Rel.
Ubiratan Moreira Delgado - DJ 23.12.2022 )

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Desta forma, deverá ser reformada a sentença, a fim de que a reclamada seja condenada ao
pagamento de indenização por danos morais, nos moldes pretendidos na exordial.

VI. DAS CONTAS QUE ACOMPANHAM A SENTENÇA – DEDUÇÃO DO INSS

Como se observa dos cálculos elaborados, a cota do segurado não está sendo deduzida com a
parcela do INSS já paga em contracheque. Conforme a Súmula 368 do TST, em seu inciso III, “os
descontos previdenciários relativos à contribuição do empregado, no caso de ações
trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de conformidade com o art. 276, § 4º, do Decreto
n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991, aplicando-se as alíquotas previstas no
art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição’. Assim, necessária a retificação
das contas, para que haja a inclusão dos valores dispostos nos recibos de pagamentos
acostados aos autos.

VII. DOS JUROS DE MORA NA FASE PRÉ-JUDICIAL

O Juízo determinou que na fase pré-judicial seja observada apenas a incidência do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial- IPCA-E do IBGE.

A setença deverá ser reformada. Isso porque a decisão proferida pelo Eg. STF não afasta a
incidência dos juros na fase pré-judicial, mas apenas disciplina o índice de correção monetária
a ser observado. Consequentemente, nesta fase os juros de mora continuam sendo no
percentual de 1% (um por cento) ao mês, conforme se observa da ementa da decisao proferida
pelo Eg. STF :

“100000169448 - DIREITO CONSTITUCIONAL - DIREITO DO TRABALHO


- AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS DE
CONSTITUCIONALIDADE - ÍNDICES DE CORREÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS E
DOS DÉBITOS JUDICIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO - ART. 879, § 7º, E ART. 899 , §
4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI - 13- 467, DE 2017 - ART. 39, CAPUT E § 1º,
DA LEI 8.177 DE 1991 - POLÍTICA DE CORREÇÃO MONETÁRIA E TABELAMENTO DE

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JUROS - INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO POLÍTICA DE


DESINDEXAÇÃO DA ECONOMIA - TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA -
INCONSTITUCIONALIDADE - PRECEDENTES DO STF - APELO AO LEGISLADOR -
AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS DE
CONSTITUCIONALIDADE JULGADAS PARCIALMENTE PROCEDENTES, PARA
CONFERIR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AO ART. 879, § 7º, E AO
ART. 899 , § 4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13.467, DE 2017 -
MODULAÇÃO DE EFEITOS - 1- A exigência quanto à configuração de controvérsia
judicial ou de controvérsia jurídica para conhecimento das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADC) associa-se não só à ameaça ao princípio da presunção de
constitucionalidade - Esta independe de um número quantitativamente relevante de
decisões de um e de outro lado - , mas também, e sobretudo, à invalidação prévia de
uma decisão tomada por segmentos expressivos do modelo representativo.
2- O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art.
1º-F da Lei 9.494/1997 , com a redação dada pela Lei 11.960/2009, decidindo que a
TR seria insuficiente para a atualização monetária das dívidas do Poder Público, pois
sua utilização violaria o direito de propriedade. Em relação aos débitos de natureza
tributária, a quantificação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da
caderneta de poupança foi reputada ofensiva à isonomia, pela discriminação em
detrimento da parte processual privada (ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e RE
870.947-RG- tema 810).
3- A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho (TST) tornou-se confusa ao ponto de se imaginar que, diante da
inaplicabilidade da TR, o uso daquele índice seria a única consequência possível. A
solução da Corte Superior Trabalhista, todavia, lastreia-se em uma indevida
equiparação da natureza do crédito trabalhista com o crédito assumido em face da
Fazenda Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da Lei 9.494/1997 ,
com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009.
4- A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda análise específica, a
partir das normas em vigor para a relação trabalhista. A partir da análise das
repercussões econômicas da aplicação da lei, verifica-se que a TR se mostra
inadequada, pelo menos no contexto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),
como índice de atualização dos débitos trabalhistas.

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5- Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, e ao


art. 899 , § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de 2017, definindo-se que, até
que sobrevenha solução legislativa, deverão ser aplicados à atualização dos créditos
decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
judiciais na Justiça do Trabalho os mesmos índices de correção monetária e de juros
vigentes para as hipóteses de condenações cíveis em geral (art. 406 do Código Civil), à
exceção das dívidas da Fazenda Pública que possui regramento específico (art. 1º-F
da Lei 9.494/1997 , com a redação dada pela Lei 11.960/2009), com a exegese
conferida por esta Corte na ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e no RE 870.947-RG
(tema 810).
6- Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como indexador o
IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro de 2000. A partir de
janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E mensal (IPCA-15/IBGE), em
razão da extinção da UFIR como indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP
1.973-67/2000. Além da indexação, serão aplicados os juros legais ( art. 39,
caput, da Lei 8.177 , de 1991).
7- Em relação à fase judicial, a atualização dos débitos judiciais deve ser
efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC,
considerando que ela incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da
Lei 9.065/95 ; 84 da Lei 8.981/95 ; 39, § 4º, da Lei 9.250/95 ; 61, § 3º, da Lei
9.430/96 ; e 30 da Lei 10.522/02 ). A incidência de juros moratórios com base na
variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de
atualização monetária, cumulação que representaria bis in idem.
8- A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na aplicação do novo
entendimento, fixam-se os seguintes marcos para modulação dos efeitos da decisão:
(i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão, em ação em curso ou
em nova demanda, incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados
utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de
forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1%
ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em
julgado que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR
(ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em curso que

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estejam sobrestados na fase de conhecimento, independentemente de estarem com


ou sem sentença, inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma retroativa,
da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de
inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao
posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535 , §§ 5º e 7º, do CPC.
9. Os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos processos,
ainda que transitados em julgado, em que a sentença não tenha consignado
manifestação expressa quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros
(omissão expressa ou simples consideração de seguir os critérios legais).
10- Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ações Diretas de
Inconstitucionalidade julgadas parcialmente procedentes. (STF - ADC 58 - TP - Rel.
Gilmar Mendes - J. 07.04.2021 )

É importante se ter em mente que, diferentemente do IPCA-e, a Selic é um índice de caráter


híbrido, que engloba tanto correção monetária como juros. Consequentemente, não há como
se excluir a incidência dos juros na fase pré-judicial. Esse, inclusive, é o entendimento do C.
TST:

103002549627 - AGRAVO - RECURSO DE REVISTA - REGIDO PELA


LEI 13.467/2017 - CORREÇÃO MONETÁRIA - ADC 58/DF - INCIDÊNCIA DO
IPCA-E NA FASE PRÉ-JUDICIAL E INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC A PARTIR DO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO - JUROS DE MORA - 1- Caso em que o recurso de
revista da Reclamada foi conhecido e provido para determinar a incidência do
IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa Selic, com
base na decisão do STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade 58. 2-
Quanto aos juros de mora, conforme consta da ementa da ADC 58, " Em
relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o ajuizamento das ações
trabalhistas, deverá ser utilizado como indexador o IPCA-E acumulado no
período de janeiro a dezembro de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá
ser utilizado o IPCA-E mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR
como indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além da

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indexação, serão aplicados os juros legais ( art. 39, caput, da Lei 8.177 ,
de 1991). " Assim, na fase pré-judicial incide o IPCA-E, como fator de
correção monetária, e juros de 1% ao mês (art. 39, caput , da Lei 8.177 ,
de 1991 ou art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 ). Quanto à fase judicial,
consoante decidido pelo Plenário do STF na ADC 58/DF, "(...), a
atualização dos débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial
do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que
ela incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei
9.065/95 ; 84 da Lei 8.981/95 ; 39, § 4º, da Lei 9.250/95 ; 61, § 3º, da Lei
9.430/96 ; e 30 da Lei 10.522/02 ). A incidência de juros moratórios com
base na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação de
outros índices de atualização monetária, cumulação que representaria bis in
idem. " Isso porque a taxa SELIC é um índice composto, ou seja, funciona como
indexador de correção monetária e de juros moratórios, concomitantemente,
nos termos do art. 406 do Código Civil. Logo, os juros de mora de 1% ao mês
são devidos apenas na fase pré-judicial, ao passo que, na fase judicial, os juros
já estão englobados na taxa SELIC. 3- Cumpre registar que a Suprema Corte,
em julgamento recente, ao examinar os embargos de declaração opostos ao
acórdão lavrado nos autos da ADC 58, considerou configurado erro material
na fixação do instante a partir do qual deveria incidir a SELIC, fazendo-o nos
seguintes termos: " No caso, reconheço a ocorrência do erro material no
acórdão embargado, conforme apontado pela Advocacia-Geral da União. De
fato, constou da decisão de julgamento e do resumo do acórdão que a
incidência da taxa SELIC se daria, apenas, a partir da citação [...]. No entanto,
conforme fundamentação do meu voto e ementa do acórdão, decidiu-se pela
incidência da taxa SELIC a partir do ajuizamento da ação : [...]. Dessa forma,
faz-se necessário acolher os embargos, no ponto, para sanar o erro material
constante da decisão de julgamento e do acórdão. " Considerando, pois, a força
Vinculante e a eficácia erga omnes das decisões proferidas pela Excelsa Corte (
CF, art. 102, § 2º ), os cálculos deverão considerar a diretriz acima referida

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para a contagem dos juros, evitando-se questionamentos ulteriores (CPC, arts.


525, §§ 12 a 15, e 535, §§ 8º a 12), que apenas comprometem a razoável
duração do processo (CF, art. 5 º, LXXVIII c/c o art. 4 º do CPC). Decisão
monocrática mantida com acréscimo de fundamentação. Agravo não provido.
(TST - Ag-RR 1000147-96.2019.5.02.0087 - Rel. Douglas Alencar Rodrigues -
DJe 18.02.2022 )

Desta forma, deverá ser reformada a sentença, a fim de que na fase pré-judicial (até o
ajuizamento da ação) seja aplicado o IPCA-E, acrescido dos juros legais (art. 39, caput , da Lei
8.177 , de 1991 ou art. 1º-F, da Lei 9.494/1997).

VIII. DO PEDIDO

Dessa forma, requer que seja dado PROVIMENTO, in totum, ao presente Recurso Ordinário, na
conformidade das razões supra-articuladas, para por se avistar medida de direito.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 16 de fevereiro de 2024.

Isadora Amorim – OAB/PE 16.455

Cláudio Guerra – OAB/PE 29.252

Igor Leopoldo Lavor – OAB/PE 31.716

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Número do processo: 0000466-32.2022.5.06.0001
Número do documento: 24021617303199800000074347329

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