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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-E-Ag-RR-1001255-32.2017.5.02.0411

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10053676E0A81ED74C.
ACÓRDÃO
(SDI-1)
GMEV/SRM/csn/iz

AGRAVO. EMBARGOS. AGRAVO. RECURSO DE


REVISTA. DECISÃO AGRAVADA PUBLICADA
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA NÃO
CONHECIDO. BANCÁRIO. SÚMULA 372, I, DO
TST. INCORPORAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE
FUNÇÃO RECEBIDA POR MAIS DE DEZ ANOS.
ESTABILIDADE FINANCEIRA.
REESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA DA
EMPRESA. NÃO CONFIGURAÇÃO DO JUSTO
MOTIVO. CÔMPUTO DO PERÍODO
LABORADO COMO CAIXA EXECUTIVO.
IRRETROATIVIDADE DA LEI Nº 13.467/2017.
INAPLICABILIDADE DA NORMA DO ART. 468,
§2º, DA CLT. DIREITO ADQUIRIDO. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DE DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. ÓBICES DA SÚMULA 296,
I, DO TST E DO ART. 894, §2º, DA CLT.
I. A 2ª Turma desta Corte Superior manteve a
decisão unipessoal que não conheceu do
recurso de revista interposto pela parte
reclamada, ao fundamento de que a
reestruturação administrativa promovida pelo
banco reclamado não configura o justo motivo
referido pela Súmula 372, I, do TST, a qual
também é aplicável na hipótese em que o
empregado exerce a função de caixa bancário.
Destacou, ainda, que as alterações promovidas
pela Lei 13.467/2017 não se aplicam ao caso
em análise, pois a parte já havia preenchido o
requisito antes da entrada em vigor da nova
legislação. Seguiu-se a interposição de recurso

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de embargos pela parte reclamada, não


admitidos pela Presidente da 2ª Turma, por
entender que a decisão embargada foi
proferida em conformidade com a
jurisprudência desta c. Corte Superior, razão
pela qual os arestos transcritos para confronto
jurisprudencial não atendem ao comando do
art. 894, §2º, da CLT.
II. A decisão da Turma do TST encontra-se em
estrita conformidade com a jurisprudência
dominante desta Corte, descrita na Súmula
372, I, do TST, no sentido de que o exercício do
cargo de confiança por mais de dez anos
acarreta a subsistência do pagamento de
gratificação, tendo em vista o princípio da
estabilidade financeira. No caso concreto, o
autor recebeu gratificação de função por mais
de 15 anos, antes da sua supressão.
III. A decisão também está em harmonia com o
entendimento consolidado nesta Corte
Superior de que a reestruturação
administrativa do empregador não é
considerada justo motivo para a supressão da
gratificação de função recebida pelo
empregado por mais de 10 anos. Precedente
da SBDI-1/TST.
IV. Com relação ao exercício da função de
“caixa executivo” e ao enquadramento do autor
na Súmula 372, I, do TST, esta c. Corte Superior
entende que, embora o caixa executivo (caixa
bancário) não exerça cargo de confiança nos
moldes descritos na Súmula 102 do TST, o
princípio da estabilidade financeira (que
embasa a Súmula 372 do TST) aplica-se
também aos empregados que recebem
gratificação de caixa, desde que auferida por
período igual ou superior a dez anos, como no
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caso destes autos. Precedentes. A decisão da


Turma está em harmonia em esse
entendimento.
V. Por fim, quanto à aplicação ao presente caso
do art. 468, §2º, da CLT, acrescido pela Lei
13.467/2017, a Turma julgadora decidiu em
consonância com a jurisprudência deste TST no
sentido de que, ante o princípio da
irretroatividade, é inaplicável a Lei 13.467/2017
aos casos em que o requisito necessário à
incorporação (exercício por mais de 10 anos da
função gratificada) já havia sido implementado
antes de 11/11/2017, data da entrada em vigor
da referida Lei. Entende-se que a lei não pode
retroagir para alcançar situação pretérita já
consolidada sob a égide da lei anterior, sob
pena de ofensa ao direito adquirido do autor,
nos termos do art. 5º, XXXVI, da Constituição da
República. Precedentes. É esse justamente o
caso dos autos, no qual é incontroverso que o
autor recebeu gratificação de função por mais
de 15 anos, tendo ela sido suprimida em
junho/2017.
VI. Incidem, por consequência, os óbices da
Súmula 296, I, do TST e do art. 894, §2º, da CLT
a afastar a divergência jurisprudencial trazida
para confronto pela parte recorrente.
Irreprochável, portanto, a decisão proferida
pela Presidente da Turma.
VII. Agravo de que se conhece e a que se nega
provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Recurso


de Revista n° TST-Ag-E-Ag-RR-1001255-32.2017.5.02.0411, em que é Agravante BANCO
DO BRASIL S.A. e é Agravado SERGIO LEMOS DA SILVA.

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Trata-se de agravo interposto em face da decisão proferida pela


Presidente da 2ª Turma, que não admitiu o recurso de embargos (fls. 1264/1275 -
Visualização Todos PDF).
A parte agravada apresentou contraminuta ao agravo e
contrarrazões ao recurso de embargos.
O processo foi à mim atribuído, por sucessão, nos termos do art.
106 do RITST.
É o relatório.

VOTO

1. CONHECIMENTO

Atendidos os pressupostos de admissibilidade do agravo, dele


conheço.

2. MÉRITO

BANCÁRIO. SÚMULA 372, I, DO TST. INCORPORAÇÃO DA


GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO RECEBIDA POR MAIS DE DEZ ANOS. ESTABILIDADE
FINANCEIRA. REESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA DA EMPRESA. NÃO
CONFIGURAÇÃO DO JUSTO MOTIVO. CÔMPUTO DO PERÍODO LABORADO COMO
CAIXA EXECUTIVO. IRRETROATIVIDADE DA LEI Nº 13.467/2017. INAPLICABILIDADE
DA NORMA DO ART. 468, §2º, DA CLT. DIREITO ADQUIRIDO. NÃO DEMONSTRAÇÃO
DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ÓBICES DA SÚMULA 296, I, DO TST E DO ART.
894, §2º, DA CLT.

A parte agravante, em suas razões recursais, pugna pela


admissão do recurso de embargos.
Afirma que embora a Turma tenha entendido que a gratificação
de caixa também é comissão que possibilita o enquadramento na Súmula 372 do TST,
“a decisão se embasou em acórdão da SDI-I de 14.08.2015, já superada pelo acórdão que

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trata do tema mais recentemente também do SDI-I, de 23.08.2018, pois é a última que se
tem notícia que trata do tema” (fl. 1279). Aduz, ainda, que “a decisão agravada embasou-se
em várias decisões turmárias, que não podem superar referida decisão da SDI-I” (fl. 1279).
Argumenta que “o Banco reclamado efetuou a reversão da
empregado ao cargo efetivo, sendo requerido pelo obreiro a incorporação da gratificação de
função, posto que exerceu diversas funções de confiança, bem como a função de Caixa
Executivo, alegando estabilidade financeira. Não obstante a questão da existência de justo
motivo para a retirada da gratificação, vale ressaltar que a gratificação de caixa paga à
reclamante ou quebra de caixa, expressões sinônimas, somente é paga enquanto o
empregado estiver exercendo a função respectiva, no caso, a função de Caixa Executivo. No
momento em que cessa o exercício dessa função cessa também a obrigação de o
empregador pagar a gratificação respectiva, que não se confunde com a gratificação de
função do cargo de confiança” (fls. 1279/1280).
Assevera ser “Necessário exigir o debate em torno das premissas
(natureza de salário-condição da gratificação de caixa) para que se promova o novo
enquadramento jurídico do caso, frente à patente inobservância da súmula 372, I, do TST”
(fl. 1280).
Alega que “conforme Súmula 102, inciso VI, desse TST ‘o caixa
bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança’. Logo, o enquadramento
do reclamante se dá com o caput do artigo 224 da CLT, tanto que restou incontroverso que
exercia jornada de 6 horas diárias”. Sustenta, por fim, que “a reforma trabalhista (Lei
13.467/2017) expressamente previu em seu artigo 468, § 2°, que a reversão do empregado
ao cargo efetivo não assegura o direito à manutenção do pagamento a gratificação
correspondente, seja com ou sem justo motivo” (fl. 1281).
À análise.
Eis os fundamentos que ensejaram a não admissão dos
embargos pela Presidente da 2ª Turma:

Trata-se de recurso de embargos à SDI-1 interposto pela parte


reclamada em face de acórdão proferido pela 2ª Turma do Tribunal Superior
do Trabalho, por meio do qual negou provimento ao agravo interposto pela
parte ré.
Eis o teor da ementa do citado julgamento:

"AGRAVO INTERNO. RECURSO DE REVISTA. GRATIFICACÃO


DE CAIXA. RECEBIMENTO POR MAIS DE 10 ANOS.
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INCORPORAÇÃO. Hipótese em que o Tribunal Regional condenou


o reclamado a realizar a incorporação da gratificação da função
de caixa executivo recebida por mais de 10 anos . Nos termos da
jurisprudência do TST, a reestruturação administrativa promovida
pelo banco reclamado não configura o justo motivo referido pela
Súmula 372, I, do TST, a qual também é aplicável na hipótese em
que o empregado exerce a função de caixa bancário. As
alterações promovidas pela Lei 13.467/2017 não se aplicam ao
caso em análise, pois a parte já havia preenchido o requisito antes
da entrada em vigor da nova legislação . Precedentes . Óbice da
Sumula 333/TST. Não merece reparos a decisão. Agravo não
provido " (Ag-RR-1001255-32.2017.5.02.0411, 2ª Turma, Relatora
Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 19/08/2022).

Aduz a parte demandada que “a gratificação de caixa paga à reclamante


ou quebra de caixa, expressões sinônimas, somente é paga enquanto o
empregado estiver exercendo a função respectiva, no caso, a função de Caixa
Executivo. No momento em que cessa o exercício dessa função cessa também
a obrigação de o empregador pagar a gratificação respectiva, que não se
confunde com a gratificação de função do cargo de confiança” (fl. 1249).
Alega que “conforme Súmula 102, inciso VI, desse TST “o caixa bancário,
ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança”. Logo, o
enquadramento do reclamante se dá com o caput do artigo 224 da CLT, tanto
que restou incontroverso que exercia jornada de 6 horas diárias” (fl. 1250).
Assevera que “a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) expressamente
previu em seu artigo 468, § 2°, que a reversão do empregado ao cargo efetivo
não assegura o direito à manutenção do pagamento a gratificação
correspondente, seja com ou sem justo motivo” (fl. 1250).
Aponta contrariedade à Súmula 372, I, do TST, bem como transcreve
arestos para demonstrar divergência jurisprudencial.
É o relatório.
Decido.
Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade do
recurso, prossigo no exame dos pressupostos intrínsecos dos embargos à
SDI-1.
Inicialmente, mostra-se relevante esclarecer que, nos termos do art.
894, II, da CLT, com a redação conferida por meio da legislação vigente, o
apelo de embargos é cabível quando houver conflito jurisprudencial entre
Turmas do TST, ou entre Turma e SDI, assim como das decisões que
contrariem súmula do TST, orientação jurisprudencial da SDI-1 ou súmula
vinculante.
Fixada essa premissa, prossigo no exame das alegações recursais da
parte demandada.

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Como visto, a 2ª Turma concluiu que a reestruturação administrativa


promovida pelo banco reclamado não configura o justo motivo referido pela
Súmula 372, I, do TST, a qual também é aplicável na hipótese em que o
empregado exerce a função de caixa bancário e que as alterações promovidas
pela Lei 13.467/2017 não se aplicam ao caso em análise, pois a parte já havia
preenchido o requisito antes da entrada em vigor da nova legislação.
Ao assim decidir, perfilhou entendimento em conformidade com a
jurisprudência desta Corte uniformizadora, no sentido da aplicação da Súmula
372, I, do TST ao caixa bancário e da inaplicabilidade da Lei 13.467/2017, ante
o princípio da irretroatividade, nas hipóteses em que o requisito necessário à
incorporação – exercício por mais de 10 anos da função gratificada -, já havia
sido implementado antes de 11/11/2017, data da entrada em vigor da referida
Lei.
Com vistas a corroborar o exposto, transcrevo os seguintes precedentes
da SDI-1 e de todas as Turmas quanto à aplicação da Súmula 372, I, do TST ao
caixa bancário:
(...)
Assim, evidenciada a conformidade do acórdão turmário com a
jurisprudência deste Tribunal, resulta inviável o processamento do recurso de
embargos, nos termos do art. 894, §2º da CLT.
Destarte, diante de todos os fundamentos expostos, não merece
trânsito o apelo apresentado.
Ante o exposto, com fundamento nos arts. 93, VIII, e 260 do RITST,
NEGO SEGUIMENTO ao recurso de embargos.
(fls. 1264/1275 – Visualização Todos PDF – grifos nossos).

A 2ª Turma desta Corte Superior manteve a decisão unipessoal


que não conheceu do recurso de revista interposto pela parte reclamada, ao
fundamento de que a reestruturação administrativa promovida pelo banco reclamado
não configura o justo motivo referido pela Súmula 372, I, do TST, a qual também é
aplicável na hipótese em que o empregado exerce a função de caixa bancário.
Destacou, ainda, que as alterações promovidas pela Lei 13.467/2017 não se aplicam ao
caso em análise, pois a parte já havia preenchido o requisito antes da entrada em vigor
da nova legislação.
Seguiu-se a interposição de recurso de embargos pela parte
reclamada, não admitidos pela Presidente da 2ª Turma, por entender que a decisão
embargada foi proferida em conformidade com a jurisprudência desta c. Corte
Superior, razão pela qual os arestos transcritos para confronto jurisprudencial não
atendem ao comando do art. 894, §2º, da CLT.

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A decisão da Turma encontra-se em estrita conformidade com a


jurisprudência dominante desta Corte, descrita na Súmula 372, I, do TST, no sentido de
que o exercício do cargo de confiança por mais de dez anos acarreta a subsistência do
pagamento de gratificação, tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. No
caso concreto, o autor recebeu gratificação de função por mais de 15 anos, tendo ela
sido suprimida em junho/2017.
A decisão também está em harmonia com o entendimento
consolidado nesta Corte Superior no sentido de que a reestruturação administrativa do
empregador não é considerada justo motivo para a supressão da gratificação de função
recebida pelo empregado por mais de 10 anos. A confirmar esse entendimento, eis o
seguinte julgado desta Subseção:

EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014. GRATIFICAÇÃO DE


CAIXA. RECEBIMENTO POR MAIS DE 10 ANOS. SUPRESSÃO. READEQUAÇÃO
DO QUADRO DE FUNCIONÁRIOS. SUCESSÃO DO BESC PELO BANCO DO
BRASIL. NÃO CONFIGURAÇÃO DE JUSTO MOTIVO. SÚMULA Nº 372, ITEM I, DO
TST. A controvérsia diz respeito à caracterização de justo motivo apto a
permitir a supressão da gratificação de função percebida por empregado por
mais de dez anos pela negativa de adesão ao novo plano de carreira do banco
sucessor. A Turma entendeu que não houve justo motivo para a reversão,
com fundamento no artigo 468 da CLT. A jurisprudência dominante desta
Corte firma-se no sentido de que o exercício do cargo de confiança por mais
de dez anos acarreta a subsistência do pagamento de gratificação, tendo em
vista o princípio da estabilidade financeira. Conforme dispõe o artigo 468,
caput, da CLT, nos contratos individuais de trabalho só será lícita a alteração
de suas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente dessa garantia. A readequação ao novo
quadro de funcionários em virtude da incorporação do BESC pelo Banco
do Brasil não configura o justo motivo a que se refere à Súmula nº 372
desta Corte, uma vez que se trata de fato inerente aos riscos do
empreendimento, que devem ser suportados pelo empregador, e não
pelo empregado (artigo 2º da CLT). Além disso, a incorporação do BESC pelo
Banco do Brasil também não configura, por si só, o justo motivo para a
destituição do reclamante da função comissionada, pois, nos termos do artigo
448, caput, da CLT, "a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da
empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados".
Assim, o autor faz jus à incorporação do adicional de função na remuneração,
conforme pretendido, em observância ao princípio da estabilidade financeira,
nos termos do item I da Súmula nº 372 desta Corte, tal como decidido pela

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Turma. Aliás, esta Subseção, revendo seu entendimento sobre a matéria, em


7/12/2017, no julgamento do Processo nº E-ED-RR-9161-82.2011.5.12.0036,
acórdão publicado no DEJT de 19/12/2017, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira
de Mello Filho, decidiu, por unanimidade, que a readequação ao novo quadro
de funcionários em virtude da incorporação do BESC pelo Banco do Brasil não
configura o justo motivo a que se refere a Súmula nº 372 desta Corte.
Embargos não conhecidos. (E-ED-RR - 364-40.2012.5.12.0018, Relator Ministro:
José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 07/11/2019, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
22/11/2019)

Com relação ao exercício da função de “caixa executivo” e ao


enquadramento do autor na Súmula 372, I, do TST, esta c. Corte Superior posiciona-se
no sentido de que, embora o caixa executivo (caixa bancário) não exerça cargo de
confiança nos moldes descritos na Súmula 102 do TST, o princípio da estabilidade
financeira (que embasa a Súmula 372 do TST) aplica-se também aos empregados que
recebem gratificação de caixa, desde que auferida por período igual ou superior a dez
anos, como no caso destes autos. A decisão da Turma está em harmonia em esse
entendimento. A respeito da matéria, eis os seguintes julgados:

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA


LEI 11.496/2007. CAIXA BANCÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. PERCEPÇÃO
POR MENOS DE DEZ ANOS. SUPRESSÃO. POSSIBILIDADE. 1. A Turma,
concluindo ser inviável a incorporação da gratificação percebida pela
reclamante em decorrência do exercício da função de caixa executivo, deu
provimento ao recurso de revista da reclamada para, "considerando lícita a
supressão da gratificação de caixa bancário paga de forma habitual por
menos de dez anos, determinar seja excluído da condenação o pagamento da
incorporação determinada pelo eg. Tribunal Regional, bem como os reflexos
legais daí advindos". Consignou que, "apesar de o caixa bancário não exercer
cargo de confiança (Súmula 102/IV do TST), o entendimento predominante
nesta Corte é no sentido de que o princípio da estabilidade financeira,
consagrado no item I da Súmula 372, aplica-se também aos empregados que
recebem gratificação de caixa, desde que observado o limite temporal
estabelecido na referida Súmula (percepção da gratificação por 10 ou mais
anos), o que não ocorreu com o Reclamante". 2. Decisão recorrida em
harmonia com a jurisprudência deste Tribunal, firme no sentido de que o
fato de o caixa bancário não exercer cargo de confiança não afasta a
aplicação da Súmula 372, I, do TST , de modo que, exercida a função de
caixa bancário por menos de dez anos, e deixando o empregado de exercê-la,
o empregador poderá suprimir o pagamento da gratificação respectiva, não
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havendo falar em incorporação. Precedentes desta SDI-I. Recurso de


embargos conhecido e não provido. (E-ED-RR-67600-04.2004.5.02.0071, Rel.
Min. Hugo Carlos Scheuermann, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, DEJT 14/08/2015)

"AGRAVO DA RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO


PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. (...). AGRAVO DO BANCO DO
BRASIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BANCO DO BRASIL.
FUNÇÃO DE CAIXA EXECUTIVO. INCORPORAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO.
GRATIFICAÇÃO PERCEBIDA POR PERÍODO SUPERIOR A DEZ ANOS.
INCORPORAÇÃO DEVIDA. IMPLEMENTO DA CONDIÇÃO ANTES DA VIGÊNCIA
DA LEI 13.467/2017. NÃO APLICAÇÃO DA REDAÇÃO ATUAL DO ART. 468, § 2º,
DA CLT. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA . Discute-se a
aplicabilidade do artigo. 468, § 2º, da CLT, incluído pela Lei 13.467/2017, à
hipótese na qual o empregado já havia implementado os requisitos contidos
na Súmula 372, I, do TST quando da entrada em vigor do referido diploma
legal (11/11/2017). No caso dos autos, a Corte Regional concluiu, após a
análise do conjunto fático probatório da ação trabalhista, que a reclamante
percebeu gratificação por mais de dez anos, ainda que de forma descontínua.
Desta maneira, restando demonstrado o exercício de função gratificada por
mais de 10 anos antes da vigência da Lei 13.467/17, a decisão regional está
em consonância com a jurisprudência desta Corte, consolidada no item I da
Súmula 372 do TST. Logo, em que pese a transcendência jurídica, o artigo 468,
§ 2º, da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, o qual afasta o direito à
incorporação da gratificação de função, não se aplica à hipótese dos autos,
posto que o requisito à incorporação, qual seja, mais de 10 anos no exercício
da função gratificada, já havia sido implementado antes de 11/11/2017, não
podendo retroagir para alcançar situação pretérita já consolidada sob a égide
da lei antiga, sob pena de ofensa ao direito adquirido do autor. Desta
maneira, a decisão regional está em consonância com a jurisprudência desta
Corte, firme no sentido de que o item I da Súmula nº 372 do TST não faz a
exigência de que o empregado exerça a função gratificada de forma
ininterrupta, tampouco a de que o exercício ocorra na mesma função,
bastando, face o princípio da estabilidade financeira, a efetiva percepção de
gratificação de função por 10 (dez) ou mais anos. Precedentes. Salienta-se
ainda que embora o exercício do cargo de "caixa executivo" não seja
considerado função de confiança, nos termos primeira parte do item VI
da Súmula 102 do TST, prevalece nesta Corte o entendimento de que a
referida verba está sujeita à regra prevista na Súmula nº 372, I, deste
Tribunal. Precedentes. Nesse contexto, não tendo sido apresentados
argumentos suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser
desprovido o agravo. Agravo não provido. (...)."

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PROCESSO Nº TST-Ag-E-Ag-RR-1001255-32.2017.5.02.0411

(Ag-RRAg-10858-69.2017.5.15.0061, 5ª Turma, Relator Ministro Breno


Medeiros, DEJT 11/11/2022).

"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


INCORPORAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO RECEBIDA POR MAIS DE DEZ
ANOS. PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE FINANCEIRA . JUSTO MOTIVO NÃO
CONFIGURADO . O TRT, com base no conjunto probatório, concluiu que não
houve justo motivo apto a permitir a supressão da gratificação de função
percebida por mais de dez anos pelo reclamante. Quanto à discussão acerca
da incidência do item I da Súmula 372 do TST verifica-se, com base no acórdão
regional, que o reclamante preencheu o requisito temporal para incorporação
ao salário da gratificação percebida, tendo em vista ser incontroverso que de
fato exerceu funções gratificadas de Gerente Pessoa Jurídica, Caixa
Executivo , Assistente e Gerente de Relacionamento, totalizando mais de 10
(dez) anos recebendo a gratificação respectiva. Em sequência, quanto ao
argumento de que a gratificação de função, a que se refere o verbete em
debate, decorre necessariamente do exercício do cargo de confiança,
com base no item VII da Súmula 102, o entendimento desta Corte
Superior é de que, nas circunstâncias em que o caixa bancário perceba a
tal gratificação por mais de dez anos, não incide óbice à aplicação do
item I da Súmula 372 do TST . Precedentes. Agravo conhecido e desprovido"
(Ag-AIRR-783-93.2016.5.22.0001, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de
Souza Agra Belmonte, DEJT 28/05/2021).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO BANCO DO


BRASIL S.A. LEI Nº 13.467/2017. INCORPORAÇÃO DE FUNÇÃO. ESTABILIDADE
FINANCEIRA. IRRETROATIVIDADE DA LEI Nº 13.467 DE 2017. DIREITO
ADQUIRIDO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA DA CAUSA RECONHECIDA . A
questão debatida nos autos se refere à incorporação de funções exercidas
desde fevereiro de 2005 até 2016. Ainda, consoante registrado pela Corte
Regional , "irrefutável, portanto, o fato de que a reclamante percebeu
gratificação de função por mais de 10 (dez) anos, sendo irrelevante que tenha
sido em decorrência da ocupação de cargos distintos ou em substituição" .
Trata-se, portanto, de situação constituída anteriormente à vigência da Lei nº
13.467/2017. Não se há de falar, portanto, em aplicação da norma contida no
artigo 468, § 2º, da CLT, introduzido pela referida lei, sob pena de violação da
garantia constitucional da irretroatividade da lei (artigo 5º, XXXVI), que
assegura proteção ao direito adquirido. Incide o disposto no artigo 6º da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Assim, a pretensão do
reclamante deverá ser apreciada em face do entendimento contido na
Súmula nº 372 do TST, vigente à época dos fatos postos. Na linha do referido
verbete, o recebimento de gratificação de função por dez ou mais anos faz
incidir o princípio da estabilidade econômica, que garante a manutenção do
patamar remuneratório ao empregado que, sem justo motivo, foi revertido a
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seu cargo efetivo. É oportuno ressaltar que, consoante posicionamento


firmado pela jurisprudência do TST, a reestruturação organizacional ou
administrativa da empresa não é considerada como justo motivo para a
destituição da função, uma vez que constitui ato unilateral do empregador
que não se relaciona com particularidades no exercício das atribuições do
empregado. Sobreleva, ainda, que esse direito também é assegurado aos
que exerceram a função de caixa executivo, com o recebimento de
gratificação correspondente ao cargo. Precedentes. Logo, comprovado
nos autos que a autora exerceu funções de confiança por mais de dez
anos, torna-se devida a pretensão . Agravo de instrumento conhecido e não
provido. (...)" (AIRR-719-24.2016.5.06.0003, 7ª Turma , Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 16/04/2021).

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMADO. ACÓRDÃO


REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E 13.467/2017.
1. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. CAIXA BANCÁRIO. INCORPORAÇÃO. EXERCÍCIO
POR MAIS DE DEZ ANOS. PERÍODOS DESCONTÍNUOS. REESTRUTURAÇÃO DA
EMPRESA. JUSTO MOTIVO INEXISTENTE. TRANSCENDÊNCIA NÃO
RECONHECIDA. NÃO CONHECIMENTO. I. A Súmula nº 372, I, do TST apresenta
diretriz no sentido de que, " percebida a gratificação de função por dez ou
mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a
seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o
princípio da estabilidade financeira ". II. Noutro passo, a jurisprudência deste
Tribunal Superior é no sentido de que a Súmula nº 372, I, do TST não exige,
para fins de integração da função de confiança recebida por dez anos ou mais,
que o empregado perceba a mesma gratificação de função durante todo o
período ou que os dez anos na função sejam exercidos de forma ininterrupta.
III. Além disso, este Tribunal Superior também vem decidindo
reiteradamente que o princípio da estabilidade financeira também se
aplica ao empregado que exerce a função de "Caixa Bancário", de sorte
que o exercício por mais de dez anos de funções gratificadas, aí incluído
o período de desempenho das atividades de " Caixa ", garante a
incorporação ao salário da gratificação. IV. Ademais, a jurisprudência desta
Corte Superior é no sentido de que o princípio da estabilidade financeira
também abrange os entes da Administração indireta da Administração
Pública. V. O justo motivo a que se refere o inciso I da Súmula nº 372 do TST
diz respeito à prática de algum ato faltoso praticado pelo empregado e que
acarretem a perda da fidúcia necessária para o desempenho da função.
Assim, a alteração na estrutura empresarial não pode justificar o
indeferimento da incorporação, porquanto decorre do poder diretivo do
empregador e, por isso, é de responsabilidade exclusiva deste, nos termos do
princípio da alteridade, conforme determina o art. 2º, caput , da CLT. VI. Nesse
contexto, a decisão regional em que se manteve a incorporação da
gratificação pelo exercício da função de " Caixa " por mais de dez anos está

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em conformidade com a jurisprudência pacífica e notória desta Corte


Superior. VII. Nesse sentido, se recurso de revista não pode ser conhecido em
razão de ausência de pressuposto de admissibilidade, há de se concluir que a
causa não oferece transcendência (exegese dos arts. 896-A da CLT e 247 do
RITST). Logo, o apelo não merece trânsito. VIII. Recurso de revista de que não
se conhece" (RR-791-43.2017.5.12.0024, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre
Luiz Ramos, DEJT 26/06/2020).

Observe-se, nesse particular, que “a jurisprudência mais


moderna” da SBDI-1 a que a recorrente se refere em seu agravo diz respeito à vedação
da incorporação da gratificação denominada “quebra de caixa”, caracterizado como
salário-condição e cuja finalidade é a de minimizar eventuais prejuízos sofridos pelo
empregado decorrentes de erro no fechamento do caixa, pelo qual responde com os
próprios recursos. No presente caso, não se discute a incorporação da parcela “quebra
de caixa”, mas sim da gratificação de função pelo exercício do cargo de “caixa
executivo”, sendo certo que ambas as parcelas não se confundem. Pontue-se
igualmente que nem sequer há debate no acórdão regional a respeito dessa distinção.
Desse modo, o aresto de fl. 1249 dos embargos da parte
reclamada mostra-se inespecífico, em desconformidade com o disposto na Súmula 296,
I, do TST.
Por fim, quanto à aplicação ao presente caso do art. 468, §2º, da
CLT, acrescido pela Lei 13.467/2017, a Turma julgadora decidiu em consonância com a
jurisprudência deste TST no sentido de que, ante o princípio da irretroatividade, é
inaplicável a Lei 13.467/2017 aos casos em que o requisito necessário à incorporação
(exercício por mais de 10 anos da função gratificada) já havia sido implementado antes
de 11/11/2017, data da entrada em vigor da referida Lei. Entende-se que a lei não pode
retroagir para alcançar situação pretérita já consolidada sob a égide da lei anterior, sob
pena de ofensa ao direito adquirido do autor, nos termos do art. 5º, XXXVI, da
Constituição da República. É esse justamente o caso dos autos, no qual é incontroverso
que o autor recebeu gratificação de função por mais de 15 anos, tendo ela sido
suprimida em junho/2017.
A respeito do tema, eis os seguintes julgados deste Tribunal
Superior:

"RECURSO DE EMBARGOS. CARTEIRO MOTORIZADO. GRATIFICAÇÃO DE


FUNÇÃO E RESPECTIVOS ADICIONAIS. PERCEBIDA POR NOVE ANOS E SETE
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MESES. ESTABILIDADE FINANCEIRA. SUPRESSÃO OBSTATIVA DE DIREITO. NÃO


CONFIGURAÇÃO DE JUSTO MOTIVO . NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 468, § 2º, DA
CLT. DIREITO ADQUIRIDO. A jurisprudência desta Corte é firme no
reconhecimento de que a alteração promovida pela Lei 13.467/2017,
incluindo o § 2º no art. 468 da CLT, não retroagirá para afetar os
empregados que já haviam implementado os requisitos da Súmula 372, I,
do TST para incorporação da gratificação de função. Óbice do art. 894, § 2º,
da CLT. Embargos não conhecidos" (E-ED-RR-5-83.2016.5.02.0065, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Aloysio Correa da
Veiga, DEJT 17/02/2023).

"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA PROVIDO . DECISÃO


TURMÁRIA PROFERIDA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. GRATIFICAÇÃO DE
FUNÇÃO PERCEBIDA POR MAIS DE DEZ ANOS. REVERSÃO AO CARGO EFETIVO
ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. SUPRESSÃO. DIREITO ADQUIRIDO
À INCORPORAÇÃO. SÚMULA 372, I, DO TST. IRRETROATIVIDADE DO ART. 468, §
2º, DA CLT. Cinge-se a controvérsia sobre o cabimento da incidência da
compreensão da Súmula 372, I, do TST, para garantir a incorporação de
gratificação de função recebida por mais de dez anos, considerando a
alteração do art. 468, §2º, da CLT, decorrente da edição da Lei nº 13.467/2017.
No presente caso, o recurso de embargos foi interposto contra acórdão de
Turma por meio do qual se deu provimento ao recurso de revista da
reclamada para julgar improcedente o pedido de incorporação da gratificação
de função na remuneração do reclamante . Ocorre que o período decenal
foi cumprido antes da data de início da vigência da Lei 13.467/2017
(Reforma Trabalhista), em 11/11/2017. Como restou registrado no acórdão
Regional e transcrito no acórdão Turmário, " o reclamante exerceu, como
titular, as funções de Coordenador/UO de 16.06.2003 a 30.11.2013 e de
subgerente de logística integrada II de 01.12.2013 a 09.07.2017 . Só na função
de Coordenador/UO, o reclamante recebeu a gratificação de função por mais
de dez anos ". Com efeito, a alteração legislativa advinda da reforma
trabalhista não pode retroagir para alcançar situações consolidadas, nos
termos dos arts. 5º, XXXVI, da CF/1988 e 6º da LINDB, conforme
entendimento já pacificado nesta Subseção. Precedentes recentes da
SBDI-1. Portanto, estando o acórdão turmário em desconformidade com este
entendimento, deve ser acolhida a pretensão recursal para restabelecer a
condenação imposta no acórdão Regional quanto à incorporação da
gratificação de função. Recurso de embargos conhecido e provido"
(E-RR-25186-20.2017.5.24.0007, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 18/11/2022).

"AGRAVO CONTRA DECISÃO DE MINISTRO PRESIDENTE DE TURMA QUE


NEGA SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. CABIMENTO DOS
EMBARGOS. SÚMULA 214, II, DO TST. ECT. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO.

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EXERCÍCIO POR MAIS DE DEZ ANOS. REVERSÃO AO CARGO ANTERIORMENTE


OCUPADO. INCORPORAÇÃO INDEVIDA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL CONFIGURADA. Em juízo prévio de
admissibilidade, foi denegado seguimento ao recurso de embargos, por não
se vislumbrar qualquer das exceções previstas na Súmula 214 do TST a
autorizar interposição de recurso de imediato contra decisão interlocutória
não terminativa do feito. Nos termos do disposto no art. 893, § 1º, da CLT, as
decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato. No entanto, uma das
exceções preconizadas na Súmula 214 deste Tribunal reconhece a
possibilidade de recorribilidade da decisão interlocutória suscetível de
impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal (item II). Assim, em
prosseguimento do exame dos embargos, constata-se que os argumentos
apresentados nas razões do agravo são suficientes para demonstrar a
divergência jurisprudencial apta a ensejar a admissibilidade dos embargos
quanto ao tema objeto do recurso de embargos. Agravo conhecido e provido.
RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS 13.467/2017 E 13.015/2014.
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. INCORPORAÇÃO. EXERCÍCIO DE FUNÇÕES DE
CONFIANÇA POR MAIS DE DEZ ANOS. SÚMULA 372, I, DO TST. Debate-se
acerca do direito à incorporação de gratificação de função recebida por
mais dez anos em contrato de trabalho firmado antes de 11/11/2017, sem
notícia de solução da sua continuidade. No caso, a Turma deste Tribunal,
ao dar provimento ao recurso de revista da reclamada ECT para julgar
improcedente o pedido, concluiu pela inexistência de direito adquirido frente
ao disposto no art. 468, § 2º, da CLT com a redação dada pela Lei 13.467/2017,
ainda que exercida a gratificação de função por mais de dez anos,
asseverando que antes da reforma trabalhista de 2017, a incorporação da
gratificação de função tinha como base apenas a jurisprudência preconizada
na Súmula 372, I, do TST. Cabe observar, a propósito dos fundamentos
adotados por jurisprudência destoante, que não se está a cuidar de verbete
de súmula de geração espontânea, sem lastro em método rigoroso da
integração da norma jurídica. Como anotou o Ministro Orlando Teixeira da
Costa, em precedente seminal da Súmula n. 372, I do TST (ERR 01944/1989, Ac
2.155/1992, DJ 12.02.1993), há "aplicação analógica, à espécie, de princípio de
Direito Administrativo, em face da lacuna do Direito do Trabalho, no
particular". Ainda que a analogia não se desse a princípios, antes que a
normas legais que àquele tempo também vigoravam, tem influência recordar
que o c. STF, ao julgar embargos declaratórios no RE 638115/CE, por meio do
qual se proclamou a inconstitucionalidade da incorporação, sem base legal
estrita, de gratificação de função ("quintos") em favor de servidores públicos
estatutários, modulou os efeitos da decisão para preservar o nível
remuneratório dos servidores que estavam a perceber a gratificação
incorporada em virtude de decisão judicial ou administrativa. A estabilidade
econômica é, como se há notar, princípio regente da remuneração de
servidores públicos e, a fortiori , de empregados em empresas privadas. Se,

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noutra perspectiva, são consideradas as regras de direito intertemporal, é


válido afirmar que, salvo para beneficiar o titular de direitos sociais (art. 5º, §
1º, da Constituição), lei mais gravosa não pode incidir sobre relações jurídicas
em curso, sob pena de violar ato jurídico perfeito. O art. 5º, XXXVI, da
Constituição protege o contrato, dentre as relações jurídicas regularmente
constituídas, como ato jurídico perfeito, protegendo-o de inovações
legislativas que rompam o seu caráter sinalagmático. No plano dos direitos
sociais resultantes da relação de trabalho, a eficácia imediata das novas leis
está prevista no citado art. 5º, § 1º, da Constituição e, portanto, está
relacionada somente à proteção do titular de direitos fundamentais, entre
esses o direito à irredutibilidade salarial (art. 7º, VI). Parcelas que compunham
o salário não podem ser reduzidas ou suprimidas por lei ordinária. Não
bastasse o esteio em referidos preceitos da Constituição brasileira, o
retrocesso social não justificado, no tocante a regras de direito do trabalho,
viola o art. 26 da Convenção Americana de Direitos Humanos, tendo esse
dispositivo caráter normativo e exigibilidade em sede judicial, segundo
precedentes da Corte Interamericana de Direitos Humanos (citemos, por
todos, o caso Acevedo Buendía versus Peru), esta respaldada em
entendimento, por igual, do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais da ONU, conforme ratio decidendi dos precedentes
E-ED-RR-619-11.2017.5.12.0054 e Ag-E-ED-RR-1584-77.2016.5.12.0036, ambos
julgados por esta Subseção em 2/12/2021. Com efeito, são inaplicáveis,
retroativamente, as inovações introduzidas pela Lei 13.467/2017, em
especial o atual art. 468, § 2º, da CLT. Admitindo-se a possibilidade de ser
computado o período de dez anos, ainda que de forma descontínua, para
fins de reconhecer o direito à incorporação da gratificação de função,
entende-se que deve ser restabelecida a condenação prolatada na
sentença de origem e confirmada pelo TRT. Recurso de embargos
conhecido e provido" (E-RR-1458-39.2017.5.17.0008, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite
de Carvalho, DEJT 21/10/2022).

Desse modo, encontra-se superado o aresto de fls. 1250/1252,


proveniente da 4ª Turma do TST, que traz a tese da possibilidade de aplicação retroativa
da atual redação do art. 468, §2º, da CLT. Índice, pois, o óbice do art. 894, §2º, da CLT.
Irreprochável, pois, a decisão proferida pela Presidente da
Turma.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

ISTO POSTO

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ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios


Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, à unanimidade, conhecer do agravo e, no
mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 1 de junho de 2023.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


EVANDRO VALADÃO
Ministro Relator

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