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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)

FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

PROCESSO Nº 5013685-39.2020.4.04.0000

AMAZILDA DA COSTA BASTOS, já qualificado(a) nos autos do recurso


em epígrafe, que move CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, vem
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas
CONTRARRAZÕES ao recurso interposto, cujas razões seguem em anexo e
fazem parte da peça processual. Assim, por próprio e tempestivo, requer-se
que seja mantida a r. decisão agravada.

Nesses termos,
Pede(m) deferimento.

Nesta cidade, 12 de junho de 2023.

DANIEL DE LUCA GONÇALVES


OAB/SC 22.677

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CONTRARRAZÕES AO RECURSO

Nobre Julgadores

Não procede a irresingnação da agravante.

NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO


ROL TAXATIVO DO ART. 1.015, NCPC

Preambularmente, com base no Enunciado Administrativo n. 3 do


Superior Tribunal de Justiça, considerando que a decisão agravada foi
publicado a partir do dia 18 de março de 2016, processar-se-á a
admissibilidade do presente recurso conforme o regramento contido no novo
Código de Processo Civil.
Segundo art. 1.015, do NCPC, in verbis:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões


interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento


do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo


aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §


1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

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Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação
de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

O rol do artigo 1.015, NCPC é taxativo e não contempla a hipótese de


decisão que declara a incompetência absoluta do juízo para apreciar o feito.
Segundo art. 1.009, § 1º, NCPC, “as questões resolvidas na fase de
conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.”
Assim sendo, requer-se o não conhecimento do agravo de instrumento.

NO MÉRITO

Ultrapassada a preliminar de não conhecimento, no mérito a decisão não


pode ser revista.
As alegações do INSS já restaram julgadas e superadas pela decisão do
TRF, quando do julgamento da apelação:

Benefícios concedidos antes da CF/88.

Tendo presente o pressuposto, consagrado pela Corte


Maior, de que o salário-benefício é patrimônio jurídico do
segurado, calculado segundo critérios relacionados à sua
vida contributiva, menor e maior valor-teto já se
configuram como limitadores externos. São aplicáveis na
definição da renda mensal inicial do benefício a ser paga.
Integram o mecanismo de cálculo da renda mensal inicial,
etapa que é posterior à apuração do salário de benefício,
mas não definem o salário-de-benefício. Confira-se a
CLPS/76 quanto ao ponto (repisado no art. 23 da
CLPS/84):

Art. 28 - O valor do benefício de prestação continuada


será calculado da seguinte forma:

I - quando o salário-de-benefício for igual ou inferior ao


menor valor-teto (artigo 225, § 3º), serão aplicados os
coeficientes previstos nesta Consolidação;

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II - quando for superior ao menor valor-teto, o salário-de-
benefício será dividido em duas parcelas, a primeira igual
ao menor valor-teto e a segunda correspondente ao que
exceder o valor da primeira, aplicando-se:

a) à primeira parcela os coeficientes previstos no item I;

b) à segunda um coeficiente igual a tantos 1/30 (um trinta


avos) quantos forem os grupos de 12 (doze) contribuições
acima do menor valor-teto, respeitado, em cada caso, o
limite máximo de 80% (oitenta por cento) do valor dessa
parcela;

III - na hipótese do item II o valor da renda mensal será a


soma das parcelas calculadas na forma das letras a e b ,
não podendo ultrapassar 90% (noventa por cento) do
maior valor-teto (artigo 225, § 3º).

Assim, não procede o argumento de que é inaplicável o


entendimento manifestado pelo STF no RE 564.354 aos
benefícios anteriores à Constituição de 1988.

Ademais, o próprio Supremo já respaldou sua


aplicabilidade. Nesse sentido destaco a ementa do RE n.
959061 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, 1ª Turma, DJe 17-
10-2016:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. RGPS.
REVISÃO DE BENEFÍCIO. TEMA 76 DA
REPERCUSSÃO GERAL. BENEFÍCIO CONCEDIDO
ANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IRRELEVÂNCIA.

1. Verifico que a tese do apelo extremo se conforma


adequadamente com o que restou julgado no RE-RG
564.354, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 15.02.2011, não
havendo que se falar em limites temporais relacionados à
data de início do benefício.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

Nem se afirme haver impossibilidade de cálculo do valor


mensal a ser pago, dada a circunstância de, após o
advento da Lei n. 8.213/91, estarem extintos o menor e o
maior valor-teto. Se, segundo o STF, o salário de
benefício é o resultado da média corrigida dos salários de
contribuição que compõem o período básico de cálculo,
apurada nos termos da lei previdenciária, e que o
segurado deveria receber a média de suas contribuições,
não fosse a incidência de teto para pagamento do

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benefício, o raciocínio, também aplicável para os
benefícios concedidos antes da vigência da Constituição
Federal de 1988, conduz ao seguinte: toma-se a média
dos salários de contribuição, calculada nos termos da
legislação vigente à época da concessão (art. 26 do
Decreto n. 77.077/76; art. 21 do Decreto n. 89.312/84) e,
considerando o disposto no art. 58/ADCT, divide-se pelo
salário mínimo de então; aplica-se a equivalência salarial
até dezembro/91 e, a partir de janeiro de 1992, o valor
equivalente em salários mínimos deve ser atualizado
pelos índices de reajustamento dos benefícios
previdenciários até os dias atuais, sendo confrontado com
o teto de cada competência e, após a glosa, aplicado o
coeficiente de cálculo do benefício.

Logo, restam impugnados pela coisa julgada.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

a) que sejam recebidas as presentes contrarrazões do recurso de


Agravo de Instrumento, por tempestivas.
b) que seja acatada a preliminar de não conhecimento do agravo.
c) no mérito deve esta Colenda Câmara negar provimento ao presente
recurso de Agravo de Instrumento por questão de Direito e de Justiça,
mantendo-se a decisão agravada.
d) a majoração dos honorários advocatícios, na forma do art. 85, § 11,
da NCPC.

Nesses termos,
Pede(m) deferimento.

Nesta cidade, 12 de junho de 2023.

DANIEL DE LUCA GONÇALVES


OAB/SC 22.677

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