Você está na página 1de 9

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)

RELATOR(A) DA SECRETARIA JUDICIÁRIA - SEJU DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DO DISTRITO FEDERAL

Agravo:
Agravado(a)(s) -
Agravante(s) -

A PARTE AGRAVANTE, já devidamente qualificada nos autos


em epígrafe, por seu advogado e procurador infra-firmado, em razão da decisão
que suspendeu o cumprimento de sentença, vem, respeitosamente, na presença
de Vossa Excelência, apresentar AGRAVO INTERNO, com fulcro no artigo 1.021
do Novo Código de Processo Civil, na redação dada pela Lei 13.105/2015 ao
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL, conforme razões
inclusas.
Consoante minuta de RAZÕES em anexo, requerendo, pois, seja,
este recebido e provido, nos termos da Lei, com remessa oportuna ao Órgão
Colegiado para apreciação, visando uma nova decisão, como de direito.

Nestes Termos, Pede Deferimento.

Brasília/DF, 28 de março de 2023.

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/DF 39.930
COLENDA CÂMARA
E. DESEMBARGADORES

A ora parte Agravante, já qualificado nos autos supra


descritos, vem por seus procuradores habilitados, interpor o presente AGRAVO
INTERNO em face da decisão proferida pelo douto Relator que determinou a
suspensão do processo em razão do Tema 264 que tramita no Supremo
Tribunal Federal e o acordo realizado pela Instituição Finaneira Agravada.
Excelências, a decisão agravada deve ser reformada in totum,
eis que se mantida for, acarretará danos irreversíveis ao agravante.

I. PRELIMINARMENTE

Conforme anteriormente mencionado, o presente Agravo


Interno visa atacar a decisão liminar proferida nos autos do Agravo de
Instrumento, na medida em que determinou a suspensão do processo EM
razão do Tema 264 que tramita no STF, o qual foi protocolado acordo pela
Instituição Finaneira Ré.
Detalhando-se o histórico processual relativo ao presente feito,
cumpre informar, de início, tratar-se de feito com vistas à execução da
sentença coletiva do chamado Plano Verão, instituído em 15 de janeiro de
1989, por meio da Medida Provisória n. 32, convertida posteriormente na Lei n.
7.730, de 31.1.1989.
Desta forma, pedindo-se todas as vênias ao entendimento
contrário, não há que se falar em suspensão do processo, conforme restará
demonstrada nos termos abaixo delineados, de modo que torna-se necessário
o reestabelecimento da ação.
O agravo interposto busca, como depreende de sua própria
natureza, questionar as razões que levaram o Tribunal de Justiça do Ceará a
determinar a suspensão do processo. Por força da competência dessa Corte,
busca-se, aqui, mais especificamente, a revisão do decisum.
De se esperar, em contrapartida, que a apreciação do agravo
esteja circunscrita aos fundamentos que autorizam o seguimento do Recurso
de Apelação, pois é disso – e tão-somente disso – que trata o recurso de
agravo.
Entendendo Sua Excelência pelo cabimento da análise da
matéria suscitada no Recurso Especial, esta deverá ser levada a julgamento
da Turma, de forma colegiada, para não causar ao agravante grande
prejuízo.
Por todas as razões expendidas, padece de insanável nulidade
a decisão proferida em juízo monocrático.

II. CONHECIMENTO E PROVIMENTO

Outrossim, acaso não suceda a reconsideração, REQUER seja


colocado em mesa o presente agravo/pedido de reconsideração, dando pela
sua ADMISSÃO E CONHECIMENTO, ao fim de que seja dado PROVIMENTO
ao Recurso Especial.

III. DA DECISÃO AGRAVADA

O presente agravo serve para requerer a modificação da


decisão, dos autos da Ação de Cumprimento de Sentença, assim firmada:

IV. DA IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DO PROCESSO POR FORÇA


DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N.º 626.307 - TEMA 264

As decisões proferidas no STF, nos autos do Recurso


Extraordinário nº 626307 (Tema 264), determina a suspensão dos julgamentos
de mérito relativos aos expurgos inflacionários advindos do Plano Bresser,
Plano Verão, Plano Collor I e Plano Collor II. Contudo, excepcionaram que a
suspensão afeta apenas os recursos que estiverem em sede de execução ou
na fase de instrução, o que é não é o caso.
Desta forma, já decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA.
DIFERENÇAS REMUNERATÓRIAS. SOBRESTAMENTO
EM FACE DE REPERCUSSÃO GERAL. O
sobrestamento/suspensão das ações envolvendo os
Planos Bresser, Verão, Collor I e Collor II determinado
pelo STF (Recursos números 591.797/SP, 626.307/SP
e 754.745-SP) não abrange as fases de instrução ou
de cumprimento da sentença. AGRAVO DE
INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70047785852, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado
em 25/04/2012)
Por outro lado, pondera-se que a orientação presente no
Ofício-Circular nº 065/2011 CGJ não altera a determinação de sobrestamento
prolatada pelo STF, já que assim dispôs:
“(...) RECOMENDA-SE aos magistrados que, ressalvada
a prática de atos urgentes e a adoção de medidas de
natureza cautelar que julgarem adequadas e
necessárias,  seja sobrestado o julgamento  dos
processos em que se discutam diferenças de correção
monetária dos depósitos de caderneta de poupança em
decorrência dos chamados Planos Econômicos Bresser,
Verão e Collor I e II, excetuados os processos em fase de
execução definitiva e as transações efetuadas ou que
vierem a ser concluídas”. 
ORIENTA-SE, ainda, aos magistrados que observem a
ressalva de que o sobrestamento recomendado acima
não obsta a propositura de novas ações, nem a
tramitação das que forem distribuídas ou das que se
encontrem em fase instrutória. 
RECOMENDA-SE, também, para fins de movimentação
dos processos o uso do código 136 – Suspensão do
Processo. (...)”
Nesse sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA.
DIFERENÇAS REMUNERATÓRIAS. SOBRESTAMENTO
EM FACE DE REPERCUSSÃO GERAL. O
sobrestamento/suspensão das ações envolvendo os
Planos Bresser, Verão, Collor I e Collor II determinado
pelo STF (Recursos números 591.797/SP, 626.307/SP e
754.745-SP) não abrange as fases de instrução ou de
cumprimento da sentença. Por sua vez, as orientações
postas no Ofício-Circular n. 065/2011 CGJ não diferem
da determinação de sobrestamento prolatada pelo
STF. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo
de Instrumento Nº 70045874005, Segunda Câmara
Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco
Antonio Angelo, Julgado em 25/01/2012)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA.
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. DETERMINAÇÃO DO
JUÍZO DE ORIGEM DE SUSPENSÃO DO ANDAMENTO
DO FEITO EM RAZÃO DAS DECISÕES LIMINARES
PROFERIDAS PELO STF NOS RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS NºS 591.797, 626.307 E 754.745.
OFÍCIO-CIRCULAR 65/2011. DESNECESSIDADE DE
SOBRESTAMENTO NO FEITO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70046749867, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Fernando Flores Cabral Junior,
Julgado em 29/02/2012)
No caso, o processo encontra-se em fase de execução
(definitiva), portanto, se enquadra na reserva da decisão prolatada pelo
Ministro do Supremo Tribunal Federal, não havendo falar em
suspensão/sobrestamento deste recurso.
Além disso, inexiste ordem legal de suspensão nos
mencionados recursos, foi determinada apenas a suspensão de processos em
fase de conhecimento, o que não é o caso, pois trata-se de execução. Além
disso,, a inexigibilidade do título somente poderá ser reconhecida após
eventual declaração de inconstitucionalidade ou interpretação constitucional
diversa pelo STF, o que não ocorreu.
Ademais, faz-se necessário apontar que, não compete mais a
este juízo decidir o que já foi decidido na Ação Civil Pública. Se a sentença diz
que a parte tem direito, não precisa absolutamente de decisão do juízo para
discutir decisão já transitada em julgada. Aliás, não só não precisa como este
juízo NÃO DEVE decidir nada a respeito, pois já foi decidido.
Na verdade, o juízo pode e deve decidir omissões, questões
que não foram expressas claramente na sentença coletiva, TÃO SOMENTE
ISSO.
Isso por que, o reconhecimento da repercussão geral da
matéria que discute os rendimentos das cadernetas de poupança em face dos
Planos Econômicos Bresser, Verão, Collor I e Collor II e a determinação de
incidência do art. 328 do RISTF aos processos que versam sobre os expurgos
inflacionários não acarretam o sobrestamento do cumprimento de sentença.
Não há ilegalidade nos índices de correção monetária adotados
pelo exequente, sendo certo que é devido o pagamento dos expurgos
inflacionários referentes aos planos econômicos subsequentes, sob pena de
não haver a justa recomposição do capital, ensejando enriquecimento sem
causa do devedor.
Toda essa matéria já foi amplamente debatida, na Ação Civil
Pública, que já transitou em julgado, e com isso, fez coisa julgada material.
Pois bem. Por coisa julgada material entende-se a eficácia, que torna imutável
e indiscutível a sentença para as partes litigantes, ou seja, não cabe mais
discussão do que já foi decidido e transitado em julgado, e não mais passível
de ajuizamento da ação rescisória.
E, uma vez transitada em julgado a sentença que ora se
executa, não restam dúvidas que a execução é definitiva e, não estando em
fase recursal, não se aplicam, portanto as decisões acima acerca da
suspensão.
Sendo assim, a execução está amparada em sentença judicial
transitada em julgado, a qual não está sujeita a modificação pela decisão a ser
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, que somente atingirá as ações em
que não há decisão definitiva.
Nesse sentido, o motivo de existir recurso pendente de
julgamento em instância superior não é causa para suspender as ações de
cumprimento de sentença.
Neste contexto, entende-se que não é necessário o
sobrestamento do feito, nos termos da fundamentação supra, uma vez que a
decisão do ministro Dias Toffoli que concedeu a suspensão dos processos que
versam sobre tal matéria faz constar no último parágrafo que “Não se aplica
esta decisão aos processos em fase de execução definitiva e às transações
efetuadas ou que vierem a ser concluídas” (RE 626.307-Tema 264).
Daí porque, não merece prosperar a suspensão do processo
pelo julgamento do Tema 264.

V. DA NÃO SUSPENSÃO DO PROCESSO POR FORÇA DO ACORDO


HOMOLOGADO PELO STF

Destarte, a autocomposição é um meio de solução do conflito


em que é facultado aos consumidores aderir ou não. Uma vez que a parte
Agravante/Consumidora tem interesse na continuidade da demanda, fica claro
que não tem a intenção de aderir ao acordo.
Desse modo, se não há vontade de aderir, a interpretação
adotada pela cláusula que supostamente prevê a suspensão não tem como
atingir aquele que não é parte do acordo. Ademais, também não faz
fundamento jurídico para impor uma restrição firmada em um acordo a
terceiros não aderentes.
Nesse sentido já se posiciou este Tribunal:
Processo 1080811-33.2014.8.26.0100 - Cumprimento de
sentenca - Expurgos Inflacionarios / Planos Economicos -
Maria do Socorro da Silva Porto - HSBC BANK BRASIL
S.A - Vistos. Trata-se de pedido de suspensao do
presente incidente pelo prazo de 24 meses, com
fundamento na interpretacao adotada pela executada do
acordo coletivo firmado entre o Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor - IDEC e outras com Federacao
Brasileira de Bancos - FEBRABAN e Confederacao
Nacional do Sistema Financeiro - CONSIF em relacao aos
planos economicos. Afasto a pretensao da executada
liminarmente. Inicialmente, a autocomposicao mediada
pela Advocacia Geral da Uniao e um meio de solucao do
conflito em que e facultado aos consumidores aderir ou
nao. Uma vez que a consumidora-exequente requereu a
continuidade da demanda, fica claro que ela nao tem a
intensao de aderir. Desse modo, se nao ha vontade de
aderir, a interpretacao adotada pela executada da
clausula que supostamente preve a suspensao nao tem
como atingir aquele que nao e parte do acordo. Ademais,
tambem nao faz fundamento juridico para impor uma
restricao firmada em um acordo a terceiros nao
aderentes. Ultrapassada a impossibilidade de que o
acordo atinja a executada, na sua interpretacao da
clausula a executada tambem esta desassistida de razao.
O acordao, votado em uninimidade pelo Supremo Tribunl
Federal, de Relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski,
previu expressamente que: Suscitou-se que a previsao
estaria prolongando, por mais dois anos, a suspensao
processual a qual estao sujeitas as acoes relativas aos
planos economicos heterodoxos. Entretanto, a leitura
atenta da clausula em questao revela que ela nao preve a
suspensao das acoes durante o prazo de adesao ao
acordo. O que ela preve e, apenas, que decorrido o prazo
de 24 (vinte e quatro) meses, nao sera mais possivel
aderir ao acordo, caso em que acoes judiciais
prosseguirao em seu normal andamento. Como nao
foram as partes que convencionaram a suspensao
dos processos, nao teriam elas competencia para
fazer persistir ou cessar a suspensao. A mesma
posicao manifestada pelo E. STF e a qual adoto,
afastando liminarmente a suspensao requerida, por
ausencia de amparo legal.
Excelência, conforme o ofício anexo a suspensão não abrange
"os processos que sem encontram em fase de instrução probatória e de
execução definitiva, oriundas se sentença transitada em julgado", como é o
caso desta ação.
Portanto, pedindo-se vênias, não há que falar em suspensão
do feito, devendo ser afastada liminarmente a suspensão, por ausência de
amparo legal.

a) Da questão à luz da Constituição Federal

A priori, insta salientar que a imposição de suspensão do


processo pelo prazo de 24 meses, dali se dizer que a Parte Autora ora
Agravante, a qual já esperou por mais de 20 anos, deverá estar vindo a esperar
mais ainda para se obter solução da ação em apreço. Mostra-se deveras
perverso com o(a) poupador(a) fazer esperar por mais 24 meses, que poderá
ficar a merçe de obter uma solução de JUSTIÇA nestes autos ainda em vida.
Uma esperança única a qual lhe resta.
Noutros termos, com uma “suspensão” da ação de cumprimento
de sentença, estar-se-ia indo contra o disposto no princípio duma “RAZOÁVEL
DURAÇÃO DO PROCESSO” tal qual o mesmo daqui se encontra disciplinado
junto do Artigo 5°, o inciso LXXVIII, da nossa CRFB/1988, sem uma sombra das
dúvidas.
Por outro lado, este procedimento tal qual adotado junto da 1°
instância se perfaz numa afronta ao “DIREITO DE AÇÃO” assegurado aos
cidadãos do Brasil por força do disposto pelo Artigo 5°, o inciso XXXV, da nossa
CRFB/1988 e, aliás, o que se está a perseguir agora.
E, inclusive, é necessário seja pontuado que os dispositivos
legais dali pertinentes com a Ação Civil Pública junto do Artigo n° 81 do Código
de Defesa do Consumidor assim como junto do Artigo n° 543-C do CPC, aqui
não induzem a uma “suspensão” de quaisquer das Ações Individuais; seja
porque a mesma não atrai uma litispendência entre uma e outra ação, seja
porque o aludido dispositivo do CPC/2015 se trata única e tão somente acerca
do “sobrestamento” destas ações repetitivas num eventual Recurso Especial
após ultrapassada a 2° instância.
Diante do explicitado, não existe razão em aplicar-se a
“SUSPENSÃO” do andamento da Ação de Cumprimento de Sentença, devendo
a mesma ter o seu regular “prosseguimento” desde logo e o quanto antes.
VI. DOS PEDIDOS

Posto isso, o presente Agravo Interno merece ser conhecido e


provido, principalmente quando foram comprovados os pressupostos de sua
admissibilidade, onde se pede que:
(i) provimento ao presente recurso, ofertando-se juízo de
retratação, e, em face dos fundamentos levantados neste Agravo Interno,
decidir por:
1) anular o ato decisório que determinou a suspensão do
processo;
(ii) não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, ad
argumentandum, requer-se que o presente recurso seja submetido a
julgamento pelo Órgão Colegiado (art. 1.021, 2º, NCPC).

Nestes termos, Pede deferimento.

Brasília/DF, 28 de março de 2023.

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/DF 39.930

Você também pode gostar