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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR MINISTRO RELATOR ALBERTO BASTOS

BALAZEIRO DA 3ª TURMA DO C. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.

Processo n.º 0011027-02.2020.5.15.0045

COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO


DE SÃO PAULO - PRODESP, nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
que lhe move DIANE CASSIANO DE CASTRO, vem, respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 1021, do NCPC e artigos
261, do Regimento Interno desse C. Tribunal, interpor o presente AGRAVO
pelas razões a seguir expostas.

Por fim, a Recorrente requer sejam levadas a efeito as futuras


intimações em nome de Juliana Pasquini Mastandrea, OAB/SP 261.665, e Aline
Rodrigues, OAB/SP 310.102, ambos com endereço profissional na Rua Agueda
Gonçalves, 240, Taboão da Serra/SP, CEP 06760-900, sob pena de nulidade,
nos termos da Súmula nº 427 do C. TST.

Termos em que, pede deferimento.

Taboão da Serra, 13 de março de 2024.

ALINE RODRIGUES

OAB/SP n. 310.102

Rua Agueda Gonçalves, 240 - Taboão da Serra - SP - CEP 06760-900 -TELEFONE: (11) 6845.6000 (PABX) - FAX: (11) 4788.0058
CORRESPONDÊNCIA: Caixa Postal 4893 - CEP 01061-0970 - São Paulo - SP - INTERNET: www.prodesp.sp.gov.br - prodesp@sp.gov.br
MINUTA DE AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE: COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO


ESTADO DE SÃO PAULO – PRODESP

AGRAVADO: DIANE CASSIANO DE CASTRO

Processo nº 0011027-02.2020.5.15.0045

COLENDO TRIBUNAL,

Imperiosa a reforma da r. decisão monocrática prolatada pelo I.


Ministro Relator, nos termos das razões ora expostas.

I – DO DESCABIMENTO DA DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA PELO


D. MINISTRO RELATOR

Nos termos do artigo 255 do Regimento Interno desse C. Tribunal,


incumbe ao Ministro relator:

I - nos casos de que trata o artigo anterior e se constatar a


existência de omissão não suprida pelo Presidente do Tribunal
Regional do Trabalho de origem, apesar da interposição, pelo
agravante, dos embargos de declaração, determinar, por
decisão irrecorrível, a restituição do agravo de instrumento em
recurso de revista ao órgão judicante de origem para que este
complemente o juízo de admissibilidade;

II - não conhecer do agravo de instrumento inadmissível,


prejudicado ou daquele que não tenha impugnado
especificamente todos os fundamentos da decisão recorrida;

III - conhecer do agravo de instrumento para: a) negar-lhe


provimento em caso de recurso de revista inadmissível,
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prejudicado ou em que não tenha havido impugnação específica de
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todos os fundamentos da decisão recorrida, inclusive nas hipóteses
do art. 896, § 1º-A, da CLT; b) negar-lhe provimento nos casos
em que o recurso for contrário a tese fixada em julgamento
de recursos repetitivos ou de repercussão geral, a
entendimento firmado em incidente de assunção de
competência ou de demandas repetitivas, a súmula vinculante
do Supremo Tribunal Federal ou a súmula ou orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou, ainda, a
jurisprudência dominante acerca do tema; c) dar-lhe provimento
nos casos em que o recurso impugnar acórdão contrário a
tese fixada em julgamento de casos repetitivos ou de
repercussão geral, a entendimento firmado em incidente de
assunção de competência ou de demandas repetitivas, a
súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal ou a súmula
ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho
ou, ainda, a jurisprudência dominante acerca do tema,
determinando a sua autuação como recurso ordinário ou recurso
de revista, observando-se, daí em diante, os procedimentos
respectivo.

A decisão monocrática proferida pelo D. Ministro Relator que negou


seguimento ao Agravo de Instrumento interposto pela Agravante não se insere
em nenhuma das hipóteses previstas no artigo 255 acima transcrito.

A decisão da SDI, I, deste C, TST não se enquadra no conceito de


recurso repetitivo ou de entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência, conforme item a acima.

Afora isso, nos termos do artigo 106, X, do RITST compete ao


relator decidir por despacho, ou negar seguimento a recurso, na forma da
lei.

Da redação acima se extrai que cabe ao Ministro Relator o exame


da admissibilidade do Agravo de Instrumento não cabia a ele, portanto, a
apreciação monocrática do mérito do Recurso interposto, negando seguimento 3
a ele, situação esta sequer prevista no Regimento Interno deste Tribunal.
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Frise-se que o relator não pode negar seguimento ao recurso
com base no entendimento da jurisprudência dominante do seu tribunal se
houver entendimento contrário do Supremo Tribunal Federal, pois, agindo
desta forma, o relator violará o direito constitucional de acesso às
instâncias extraordinárias, bem como abrirá chance para novas
impugnações - começando pelo agravo interno e seguido pelo recurso
extraordinário -, o que não se coaduna com a celeridade que a norma
impõe.

Tão pouco pode julgar monocraticamente questão ainda não


resolvida pelo STF.

Vejam, nesse ponto, que o D. Ministro Relator decidiu


monocraticamente sobre a possibilidade de responsabilização da administração
pública indireta em total desalinho com o entendimento sedimentado do
STF.

A atribuição de responsabilidade subsidiária à Agravante não se


sustenta nos presentes autos, já que o Relator prolatou decisão em flagrante
contrariedade ao que foi decidido pelo C. STF na ADC nº 16.

Restou demonstrado no Recurso de Revista e no Agravo de


Instrumento que o v. acórdão sequer indica qual a conduta praticada pela
Prodesp, limitando-se em colocar no bojo da decisão as expressões "culpa in
eligendo" e "culpa in vigilando", sem imputar, no entanto, qualquer conduta ao
ente público.

Está claro, portanto, o prejuízo que a Prodesp vem sofrendo nestes


autos, porque Juiz, Desembargadores e Ministro Relator se recusam a enfrentar
a sua principal tese de defesa, incorrendo em negativa da prestação
jurisdicional.

Aqui, portanto, fica claro que a decisão monocrática não encontra


guarida na lei, seja porque prolatada em desalinho com o entendimento
majoritário da Corte Suprema, seja porque embasada em Súmula do
Tribunal Superior do Trabalho, hipótese que não está prevista no referido
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diploma legal.
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Absolutamente incabível, portanto, decisão monocrática, neste
caso, haja vista a divergência existente, que ensejou, inclusive, a necessidade
de participação do C. STF na questão.

A prolação de decisão monocrática, nesse caso, fere de morte os


princípios do colegiado, ampla defesa, contraditório e devido processo legal.

E não se verifica no caso em apreço o óbice das Súmulas 126/TST


e 333/TST.

A uma, porque a Prodesp não discute, em momento algum,


qualquer prova, mas, tão semente, o ônus da prova.

A duas, porque o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)


reconheceu a repercussão geral do tema tratado no Recurso Extraordinário (RE)
1298647 (Tema 1118), em que o Estado de São Paulo questiona decisão do
Tribunal Superior do Trabalho (TST) que lhe impôs a responsabilidade
subsidiária por parcelas devidas a um trabalhador contratado por empresa
prestadora de serviço.

O estado pede que o STF defina de quem é o ônus de provar


eventual conduta culposa na fiscalização de obrigações trabalhistas nesses
casos: se do ente público contratante ou do empregado terceirizado, pois a prova
da falha da administração pública é fato constitutivo do direito em discussão. O
relator do recurso, ministro Luiz Fux, reconheceu a necessidade de que o STF
pacifique, em definitivo, a controvérsia.

No julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)


16, o STF afirmou a constitucionalidade do artigo 71, parágrafo 1º, da Lei de
Licitações (Lei 8.666/1993), com a redação dada pela Lei 9.032/1995, e afastou
a possibilidade de responsabilização automática da administração pública.
Assim, sua condenação depende da existência de prova inequívoca de sua
conduta omissiva ou comissiva na fiscalização dos contratos.

Posteriormente, ao julgar o Recurso Extraordinário (RE) 760931


(Tema 246), complementou o debate acerca da responsabilização subsidiária do
poder público nos casos de terceirização, firmando a seguinte tese: "O
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inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não
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transfere automaticamente ao poder público contratante a responsabilidade pelo
seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71,
§ 1º, da Lei nº 8.666/93".

No recurso a ser julgado como paradigma para a solução da


controvérsia, o Estado de São Paulo sustenta que a condenação do ente público
sem a devida prova, "por simples presunção", viola os dois entendimentos do
STF e caracteriza declaração velada de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do
artigo 71 da Lei de Licitações.

Em sua manifestação, o ministro Fux afirmou que compete ao


Supremo definir, em razão do julgamento da ADC 16 e do RE 760931, a validade
da imposição de responsabilidade subsidiária à administração com fundamento
na não comprovação da efetiva fiscalização, isto é, pela inversão do ônus da
prova.

O presente processo, portanto, deveria ter sido suspenso, já que


ainda não há decisão do referido tribunal a respeito do tema.

O presente processo deverá permanecer suspenso até a decisão


final do C. STF a respeito do tema.

Além disso, o D. Ministro Relator decidiu monocraticamente sobre


a possibilidade de responsabilização da administração pública indireta em total
desalinho com o entendimento sedimentado do STF, já que há inúmeros
documentos comprovando a fiscalização realizada pela Prodesp.

A atribuição de responsabilidade subsidiária à Agravante não se


sustenta nos presentes autos, já que o Relator prolatou decisão em flagrante
contrariedade ao que foi decidido pelo C. STF na ADC nº 16.

É certo, ainda, que a Prodesp não pode ser prejudicada pelo


árduo trabalho de fiscalização que vem realizando, acabando por “produzir
prova contra ela mesma”, já que, não importa o que comprove, a
fiscalização jamais será suficiente para afastar a sua culpa.

Vejam, não sabemos quais documentos seriam necessários a


comprovar a efetiva fiscalização, porque o acordão é omisso nesse sentido. Mas 6
qualquer que seja a documentação, ela supera, e muito, a orientação constante
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na Lei de Licitações. O art. 29, incisos III e IV, da Lei nº 8.666/93, fixa orientação
no sentido de que os contratados comprovem a regularidade para com as
fazendas federal, estadual e municipal e para com a Seguridade Social e o
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, comumente demonstrada
mediante a apresentação de certidões negativas emitidas pelos órgãos
fiscalizadores.

A Justiça do Trabalho passou a exigir uma quantidade cada vez


maior de documentos das contratadas com a finalidade de se resguardar de
possíveis prejuízos com o não pagamento de verbas trabalhistas, o que não
pode mais acontecer, sob pena de violação, também, do princípio da legalidade.

Restou demonstrado no Recurso de Revista e no Agravo de


Instrumento que o v. acórdão sequer indica qual a conduta praticada pela
Prodesp, limitando-se em colocar no bojo da decisão as expressões "culpa in
eligendo" e "culpa in vigilando", sem imputar, no entanto, qualquer conduta ao
ente público.

Mas ao analisar o Agravo de Instrumento, as particularidades do


caso em apreço, que muito se distancia dos casos em que a administração
apenas discute o ônus da prova, a decisão do Relator foi absolutamente
padronizada, ainda que haja inúmeros documentos de fiscalização acostados
aos autos, o que frise-se, foi reconhecido o acórdão proferido pelo Regional.

Se o Relator entendia que a documentação acostada não era


suficiente, deveria ele indicar, então, quais documentos o seriam, a fim,
inclusive, de possibilitar o confronto de teses nas instâncias superiores.
E não o fazendo, está configurada a negativa da prestação
jurisdicional.

Mas analisada questão tão importante, o Relator desta C. Turma


monocraticamente decidiu que os “esclarecimentos” prestados pelo Regional
eram suficientes e que a questão discutida esbarrava na Súmula 126, do TST.

Com a devida vênia, senhores Ministros, essa é a hora de aplicar


os julgados destacados na decisão agravada, já que, nas palavras do Relator,
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se a entidade estatal fizer prova razoável e consistente, nos autos, de que
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exerceu, adequadamente, o seu dever fiscalizatório, não pode ocorrer a sua
responsabilização, pois isso configuraria desrespeito à jurisprudência vinculante
do Supremo Tribunal Federal.

Aliás, em recentíssima decisão prolatada no processo n.


1000919-11.2020.5.02.0609 envolvendo a ALTERNATIVA a 6ª Turma do C. TST
assim decidiu:

TST
Disponibilização: quinta-feira, 5 de maio de 2022.
Arquivo: 128 Publicação: 49
Secretaria da Sexta Turma
Processo Nº RRAg-1000919-11.2020.5.02.0609 Complemento Processo
Eletrônico Relator Min. Kátia Magalhães Arruda Agravante(s) e Recorrente(s)
COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO PRODESP Advogado Dr. Jorge Hissahi Hori(OAB: 271033- A/SP)
Advogada Dra. Juliana Pasquini Mastandrea(OAB: 261665-A/SP) Advogada
Dra. Aline Rodrigues(OAB: 310102- A/SP) Agravado(s) e Recorrido(s)
IVANEIDE VIEIRA DE SOUZA Advogado Dr. Patricia Garcia Fernandes(OAB:
211531-A/SP) Agravado(s) e Recorrido(s) ALTERNATIVA SERVIÇOS E
TERCEIRIZAÇÃO EM GERAL LTDA. E OUTROS Advogada Dra. Aline Cristina
Panza Mainieri(OAB: 153176-D/SP) Intimado(s)/Citado(s): - ALTERNATIVA
SERVIÇOS E TERCEIRIZAÇÃO EM GERAL LTDA. E OUTROS - COMPANHIA
DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO PAULO PRODESP
IVANEIDE VIEIRA DE SOUZA Orgão Judicante - 6ª Turma DECISÃO : , por
unanimidade: I - negar provimento ao agravo de instrumento quanto ao tema
"PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO DO TRT POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL", ficando prejudicada a análise da
transcendência; II - reconhecer a transcendência e dar provimento ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista quanto ao
tema "ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA"; e III - conhecer
do recurso de revista quanto ao tema "ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA", por contrariedade à Súmula nº 331, V, do TST e, no mérito, dar-
lhe provimento para afastar a responsabilidade subsidiária da reclamada
COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO PRODESP e excluí-la do polo passivo da lide. EMENTA : I - AGRAVO
DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO.
COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO PRODESP.LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA. PRELIMINAR DE
NULIDADE DO ACÓRDÃO DO TRT POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. 1 - Não há utilidade no exame do mérito do agravo de
instrumento quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação
jurisdicional, nos termos do artigo 282, § 2º, do CPC. 2 - Fica prejudicada a
análise da transcendência. 3 - Agravo de instrumento a que se nega provimento.
ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. 1 - Há transcendência
política quando se constata em exame preliminar o desrespeito da instância 8
recorrida à jurisprudência sumulada do TST. 2 - Aconselhável o provimento do
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agravo de instrumento para melhor exame do recurso de revista quanto a
alegação de contrariedade à Súmula 331, V, do TST . 3 - Agravo de instrumento
a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO.
COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO PRODESP.LEI Nº 13.467/2017. ENTE PÚBLICO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA . 1 - Conforme o Pleno do STF (ADC 16 e
Agravo Regimental em Reclamação 16.094) e o Pleno do TST (item V da Súmula
nº 331), relativamente às obrigações trabalhistas, é vedada a transferência
automática, para o ente público tomador de serviços, da responsabilidade da
empresa prestadora de serviços; a responsabilidade subsidiária não decorre do
mero inadimplemento da empregadora, mas da culpa do ente público no
descumprimento das obrigações previstas na Lei nº 8.666/1993. No voto do
Ministro Relator da ADC nº 16, Cezar Peluso, constou a ressalva de que a
vedação de transferência consequente e automática de encargos trabalhistas,
"não impedirá que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios
constitucionais e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos" 2 - O Pleno
do STF, em repercussão geral, com efeito vinculante, no RE 760931, Redator
Designado Ministro Luiz Fux, fixou a seguinte tese: "O inadimplemento dos
encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere
automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu
pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93" . Nos debates do julgamento do RE 760931, o Pleno do STF
deixou claro que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993 veda a transferência
automática, objetiva, sistemática, e não a transferência fundada na culpa do ente
público. 3 - No caso concreto , o TRT assinalou que houve negligência do ente
público quanto ao cumprimento do contrato celebrado com a prestadora de
serviços, uma vez que os documentos colacionados aos autos se restringiram a
comprovantes bancários de depósito em conta dos empregados da 1ª
reclamada, comprovantes de depósitos do FGTS e fichas financeiras de
empregados, os quais, segundo o TRT, não excluem a responsabilidade
subsidiária imposta, " até porque não coibiram as irregularidades trabalhistas,
como ausência de pagamento de vale-refeição, auxílio-refeição e pagamento de
PLR " (destaquei). 4 - Foi nesse contexto que o TRT considerou que a
fiscalização teria sido ineficaz. Porém, se as parcelas trabalhistas foram
reconhecidas somente em juízo, quando foi resolvida a lide entre empregado e
empregadora, não havia como exigir do ente público que fizesse fiscalização na
esfera administrativa. Com efeito, do modo como exposto o acórdão recorrido,
houve condenação subsidiária do ente público com base no mero
inadimplemento, o que não é aceito pela jurisprudência vinculante do STF. 5 -
Em tais circunstâncias, o acórdão do Regional encontra-se em desacordo com
a jurisprudência do STF e do TST (Súmula nº 331, V) quanto à exegese do artigo
71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. 6 - Recurso de revista a que se dá provimento.

Está claro, portanto, o prejuízo que a Prodesp vem sofrendo nestes


autos, porque Juiz, Desembargadores e Ministro Relator se recusam a enfrentar 9

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a sua principal tese de defesa, incorrendo em negativa da prestação
jurisdicional.

E, na verdade, sequer analisou a integralidade do seu mérito. A


questão debatida no recurso de revista não se limitava ao ônus da prova. Muito
pelo contrário!

A responsabilidade da Prodesp foi reconhecida e ratificada, sem


que o TRT15 ou o D. Relator desta C. Turma tenham se manifestado sobre os
documentos acostados pela Prodesp e sobre quais seriam as provas que
comprovariam a ausência de sua culpa e, ainda que pareça absurdo, tais
questões não foram, até o momento, enfrentadas, seja pelo juízo de primeiro
grau, seja pela Turma julgadora no TRT 15, mesmo após opostos Embargos de
Declaração.

Não houve qualquer manifestação sobre as inúmeras provas


produzidas pela Prodesp acerca da fiscalização que era regularmente
realizada e dos motivos que fizeram o Tribunal a quo a considerar ineficaz!

É certo, ainda, que a Prodesp não pode ser prejudicada pelo


árduo trabalho de fiscalização que vem realizando, acabando por “produzir
prova contra ela mesma”, já que, não importa o que comprove, a
fiscalização jamais será suficiente para afastar a sua culpa.

Aqui, portanto, fica claro que a decisão monocrática não encontra


guarida na lei, seja porque prolatada em desalinho com o entendimento
majoritário da Corte Suprema, seja porque embasada em Súmula do
Tribunal Superior do Trabalho, hipótese que não está prevista no referido
diploma legal.

Aliás, julgou monocraticamente contrariamente ao entendimento


dessa mesma 3ª Turma:

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Mais importante! Em recente decisão prolatada pelo Ministro
Nunes Marques, a Reclamação Constitucional ajuizada pela Prodesp
discutindo a questão do ônus da Prova foi julgada inteiramente procedente,
determinando-se a prolação de nova decisão em relação a 16
responsabilidade da Prodesp:
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STF
Disponibilização: segunda-feira, 20 de junho de 2022.
Arquivo: 17 Publicação: 8
SECRETARIA JUDICIÁRIADecisões e Despachos dos Relatores
RECLAMAÇÃO 51.495 (325) ORIGEM : 51495 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PROCED. :
SÃO PAULO RELATOR : MIN. NUNES MARQUES RECLTE.(S) : COMPANHIA DE
PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SAO PAULO PRODESP ADV.(A/S) :
JULIANA PASQUINI MASTANDREA (261665/SP) ADV.(A/S) : RODOLFO MOTTA SARAIVA
(300702/SP) RECLDO.(A/S) : TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO ADV.(A/S) : SEM
REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS BENEF.(A/S) : ROGERIO JOSIAS DOS SANTOS ADV.(A/S)
: SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS DECISÃO 1. Companhia de Processamento de
Dados do Estado de São Paulo Prodesp propôs reclamação constitucional, com pedido de
medida liminar, em face de acórdão do Tribunal Superior do Trabalho, proferido nos autos de n.
0010995-94.2017.5.15.0079, alegando descumprimento ao decidido por esta Corte nos
julgamentos realizados na ADC 16 e no RE 760.931. Narra a reclamante que o órgão reclamado
reconheceu a sua responsabilidade subsidiária porque esta, na qualidade de tomadora dos
serviços terceirizados, deixou de produzir nos autos prova de efetiva fiscalização do cumprimento
das obrigações contratuais da empresa prestadora dos serviços. Aduz a ilicitude da transferência
automática à Administração Pública de responsabilidade subsidiária pelo inadimplemento de
obrigações trabalhistas decorrentes da execução de contrato de terceirização de serviços,
ressaltando a necessidade de comprovação da conduta culposa. Sustenta, ainda, necessidade
de se aguardar o desfecho do julgamento do RE 1.298.647 (Tema n. 1.118), no qual se discute
sobre a legitimidade da transferência, ao ente público, tomador de serviço, do ônus de comprovar
a ausência de culpa na fiscalização do cumprimento dos encargos trabalhistas pela empresa
contratada. Pede que seja julgada procedente a demanda, a fim de eximir o ente público
reclamante da responsabilidade pelo pagamento das dívidas trabalhistas discutidas nos autos
originários. Foi deferida medida liminar para suspender os efeitos do acórdão reclamado até
exame de mérito desta reclamação. O Tribunal reclamado prestou informações, narrando o
andamento processual na origem. A parte beneficiária não apresentou contestação. O Ministério
Público Federal, em parecer, opinou pela improcedência do pedido. Afirmou que o decidido na
origem coincide com a orientação firmada no paradigma invocado e, dissentir das razões
adotadas demandaria o reexame da matéria fático-probatório, circunstância vedada nesta via.
Pontuou que a temática da distribuição do ônus probatório acerca do cumprimento dos deveres
fiscalizatórios não foi versada nos paradigmas indicados. No que toca ao RE 1.298.647 (Tema
n. 1.118), salientou não haver determinação desta Corte de suspensão nacional dos processos
que versem sobre a matéria. É o relatório. Decido. 2. A discussão trazida aos autos refere-se à
atribuição de responsabilidade subsidiária à Administração Pública decorrente de
inadimplemento de obrigações trabalhistas de empresa terceirizada. Consta expressamente da
fundamentação do acórdão questionado que o reconhecimento da responsabilidade subsidiária
da Administração Pública deu-se pela ocorrência de culpa in vigilando, caracterizada pela
ausência de demonstração, por parte do ente federativo, de cumprimento de seu dever
fiscalizatório do contrato de trabalho. O cerne da controvérsia reside em saber se o julgado está
em harmonia com a posição desta Corte firmada na ADC 16 e no RE 760.931-RG. Em sede de
controle concentrado, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 71, §
1º, da Lei n. 8.666/1993: A inadimplência do contratado, com referência aos encargos
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por
seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso
das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (ADC 16/DF, ministro Cezar
Peluso) Naquela oportunidade, o Tribunal reputou que a responsabilidade subsidiária da
Administração Pública para pagamento de verbas trabalhistas inadimplidas por suas contratadas
pode ocorrer apenas quando demonstrada a culpa in vigilando ou in eligendo da Administração.
A partir daí, diversas decisões proferidas pela Justiça do Trabalho têm condenado
automaticamente o Poder Público ao pagamento de verbas decorrentes da inadimplência de
obrigações trabalhistas pela empresa contratada nos casos de serviços terceirizados, sem haver
qualquer aferição, em concreto, quanto à prática, ou não, de atos de fiscalização pela
Administração. Por esse motivo, esta Casa, ao julgar o RE 760.931, Redator para o acórdão
Ministro Luiz Fux (Tema 246), afastou a condenação subsidiária da União pelas dívidas
decorrentes de contrato de terceirização, fixando tese nos seguintes termos: O inadimplemento 17
dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
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Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou
subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Em razão desse julgamento, ratificou-
se a orientação adotada na ADC 16, vale dizer, de somente ser cabível a responsabilização da
Administração Pública nos casos em que houver prova inequívoca de sua conduta omissiva ou
comissiva na fiscalização dos contratos. Recentemente, o Supremo vem proferindo decisões
cujo conteúdo indica que o Tribunal Superior do Trabalho, naqueles casos em que o acórdão
recorrido não aponta fatos ensejadores da responsabilidade subsidiária da entidade pública, ao
negar provimento a agravo de instrumento em recurso de revista por ausência de transcendência
da controvérsia, impede a apreciação, pelo STF, da questão jurídica analisada anteriormente na
ADC 16 e no RE 760.931. A Corte, em consequência, tem ultrapassado o óbice da questão
processual relativa à transcendência do recurso de revista previsto pela legislação trabalhista e
cassado a decisão reclamada, para afastar a responsabilidade subsidiária da entidade pública.
De fato, o entendimento de ambas as Turmas deste Tribunal tem-se firmado no sentido de que
a responsabilização da Administração Pública exige a comprovação, nos autos, do
comportamento reiteradamente negligente da entidade pública, bem assim do nexo causal entre
a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público e o dano sofrido pelo trabalhador. É
imprescindível, portanto, comprovar-se o conhecimento, pela Administração Pública, da situação
de ilegalidade e sua inércia em adotar providências para saná-la. A título de exemplo, menciono
os seguintes precedentes desta Segunda Turma: Agravo regimental nos embargos de
declaração na reclamação. 2. Direito do Trabalho. 3. Terceirização. Responsabilidade subsidiária
da Administração Pública. Art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993. 4. Violação ao decidido na ADC 16 e
ao teor da Súmula Vinculante 10. Configuração. Reclamação julgada procedente. 5.
Impossibilidade de responsabilização automática da Administração Pública pelo inadimplemento
das obrigações trabalhistas. Necessidade de comprovação inequívoca do seu comportamento
reiteradamente negligente. Ausência de fiscalização ou falta de documentos que a comprovem
não são suficientes para caracterizar a responsabilização. 6. Inversão do ônus da prova em
desfavor da Administração Pública. Impossibilidade. Precedentes de ambas as Turmas. 7.
Interposição de recursos contra o ato reclamado não prejudica a julgamento da reclamação. Art.
988, § 6º, do CPC. 8. Argumentos incapazes de infirmar o julgado. 9. Negado provimento ao
agravo regimental. (Rcl 40.942-ED-AgR/MG, ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe
15/12/2020) EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE TRANSFERIR PARA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A OBRIGAÇÃO DE PAGAR ENCARGOS TRABALHISTAS
RESULTANTES DA EXECUÇÃO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO.
CONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 7º DA LEI N. 8.666/1993 RECONHECIDA NA
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE N. 16. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO PARA JULGAR PROCEDENTE A RECLAMAÇÃO (Rcl 40.384-
AgR/DF, Redatora para o acórdão ministra Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe 30/11/2020)
Para melhor elucidar a questão, transcrevo excerto do voto proferido pelo Ministro Gilmar
Mendes, Relator, na Rcl 40.942-ED-AgR/MG: A jurisprudência de ambas as Turmas tem-se
firmado no sentido de que a responsabilização do ente público exige a comprovação nos autos
do comportamento reiteradamente negligente da Administração, bem como do nexo causal entre
a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público e o dano sofrido pelo trabalhador. É
imprescindível a demonstração do conhecimento, pela Administração Pública, da situação de
ilegalidade e sua inércia em adotar providências para saná- la, de modo que a simples alegação
de ausência de fiscalização ou falta de documentos que a comprovem não são suficientes para
caracterizar sua responsabilização. Assim, parece-me que, ao atribuir à Administração Pública o
ônus probatório ou até mesmo desqualificar toda e qualquer prova levada a juízo, a Justiça
trabalhista incorre na figura da responsabilização automática combatida por esta Corte Suprema
(...). Em igual sentido foi o voto da Ministra Cármen Lúcia no julgamento da Rcl 40.384-AgR/DF:
O exame dos elementos havidos nos autos revela a ausência de indicação de elemento concreto
a caracterizar conduta culposa atribuível ao agravante, tendo a responsabilização subsidiária
decorrido tão somente do inadimplemento de obrigações trabalhistas da empresa prestadora
com seu empregado, procedimento descumpridor do que assentado por este Supremo Tribunal
no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 16 e reafirmado no julgamento da
repercussão geral no Recurso Extraordinário n. 760.931, Tema 246. [...] Impossível admitir a
transferência para a Administração Pública, por presunção de culpa, da responsabilidade pelo
pagamento dos encargos trabalhistas, fiscais e previdenciários devidos ao empregado da 18
empresa terceirizada. Ora, no caso em apreço, o órgão reclamado, ao responsabilizar a
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Administração Pública por culpa in vigilando sob o fundamento de que esta não se desincumbiu
do encargo probatório que lhe competia de demonstrar a idoneidade da fiscalização das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, incorreu na figura da responsabilização
automática de ente público sem caracterização de culpa, uma vez que não houve a comprovação
real de um comportamento negligente da entidade pública em relação ao contrato de
terceirização e, consequentemente, aos terceirizados. Não há qualquer demonstração do nexo
de causalidade entre a omissão ou ação da Administração e o dano que, sofrido pelo trabalhador,
justifique a responsabilização da entidade pública (Rcl 28.459- AgR/MG, Redator para o acórdão
Ministro Alexandre de Moraes). Desse modo, neste juízo de cognição sumária, entendo que o
Tribunal reclamado assentou a responsabilidade da Administração Pública sem caracterização
de culpa, afastando a aplicação da norma do art. 71, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, cuja
constitucionalidade foi reconhecida na ADC 16. No que toca ao RE 1.298.647 (Tema 1.118),
contudo, observa-se não haver determinação desta Corte de suspensão nacional dos processos
que versem sobre o Tema 1.118, não assistindo razão à reclamante nesse ponto. 3. Ante o
quadro, julgo procedente o pedido, para cassar a decisão reclamada, no que se refere à
atribuição de responsabilidade subsidiária do ente federativo, e determinar que outra seja
proferida em seu lugar, com a observância da orientação firmada na ADC 16 e no RE 760.931.
4. Comunique-se. 5. Publique-se. Intime-se. Brasília, 14 de junho de 2022. Ministro NUNES
MARQUES Relator
Outra recentíssima decisão prolatada pelo Ministro Barroso,
na Reclamação Constitucional ajuizada pela Prodesp discutindo a questão
foi julgada procedente, determinando-se a prolação de nova decisão em
relação a responsabilidade da Prodesp:

32.
STF
Disponibilização: quarta-feira, 14 de dezembro de 2022.
Arquivo: 3 Publicação: 38
Supremo Tribunal Federal Decisão Final MIN. ROBERTO BARROSO
Decisão Final
Rcl 57074 TIPO: Decisão Final RELATOR(A): MIN. ROBERTO BARROSO RECLAMANTE(S)
Companhia de Processamento de Dados do Estado de Sao Paulo Prodesp
ADVOGADO(A/S) Juliana Pasquini Mastandrea OAB 261665/SP RECLAMADO(A/S) Tribunal
Superior do Trabalho ADVOGADO(A/S) Sem Representação nos Autos BENEFICIÁRIO(A/S)
Sergio Augusto Recefino ADVOGADO(A/S) Sem Representação nos Autos
INTERESSADO(A/S) Gpmrv Seguranca e Vigilancia Eireli ADVOGADO(A/S) Sem
Representação nos Autos - no title specified DECISÃO: 1. Trata-se de reclamação, com pedido
liminar, ajuizada pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo
PRODESP em face de acórdão da 2ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região
(TRT da 15ª Região), proferido nos Autos nº 0010370-57.2018.5.15.0004, que manteve o
reconhecimento da responsabilidade subsidiária do ora reclamante por obrigações trabalhistas
de prestadora de serviços, com fundamento em sua culpa ao fiscalizar o contrato de terceirização
de mão de obra. 2. A parte reclamante alega violação à autoridade das decisões proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) na ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, e no RE 760.931, Redator
p/o acórdão o Ministro Luiz Fux, paradigma do Tema 246 da repercussão geral. Sustenta, ainda,
a usurpação da competência do STF “na fixação do ônus da prova antes do julgamento do
recurso extraordinário (RE) 1298647 (Tema 1118 de Repercussão Geral) – desrespeito a ordem
de suspensão dos processos”. Requer, em caráter liminar, a suspensão dos efeitos da decisão
reclamada e, ao final, a sua cassação. 3. É o relatório. Decido. 4. Dispenso as informações,
devido à suficiente instrução do feito, bem como a manifestação da Procuradoria-Geral da
República, diante do caráter reiterado da matéria (RI/STF, art. 52, parágrafo único). 5. No
julgamento da ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a
constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. O dispositivo legal assim prevê: “A
inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não 19
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o
objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante
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o Registro de Imóveis”. 6. Naquela oportunidade, porém, esclareceu o relator que “isto não
significa que eventual omissão da Administração Pública, na obrigação de fiscalizar as
obrigações do contratado, não gere responsabilidade. É outra matéria”. A partir daí, passou-se a
admitir a condenação subsidiária do ente público ao pagamento de verbas trabalhistas
inadimplidas por suas contratadas, desde que caracterizada a culpa in vigilando ou in eligendo
da Administração. 7. Na prática, contudo, diversas reclamações ajuizadas no STF indicaram que,
diante da decisão proferida nos autos da ADC 16, parte importante dos órgãos da Justiça do
Trabalho apenas alterou a fundamentação das suas decisões, mas manteve a postura de
condenar automaticamente o Poder Público. Tais decisões invocavam o acórdão proferido na
ADC 16 para afirmar que a responsabilidade da Administração não é automática, mas
condenavam o ente público por culpa in vigilando sem sequer aferirem, em concreto, se a
Administração praticou ou não atos fiscalizatórios. A alusão genérica à culpa in vigilando, em tais
termos, constituía mero recurso retórico por meio do qual, na prática, se continuou a condenar
automaticamente a Administração. Nesse sentido: Rcl 20.701, Rcl 20.933 e Rcl 21.284, sob a
minha relatoria. 8. Em outros casos, a Administração Pública é responsabilizada
automaticamente sempre que há inadimplência de obrigações trabalhistas pelas contratadas, a
pretexto de que, havendo inadimplência, ou o Poder Público não fiscalizou a contento ou, tendo
fiscalizado e tomado ciência da ocorrência de infração à legislação trabalhista, não tomou as
providências necessárias a impor a correção, de modo que haveria culpa in vigilando. Em todas
essas hipóteses, há evidente violação ao precedente proferido na ADC 16. 9. Em razão disso,
no julgamento do RE 760.931, Redator p/o acórdão o Ministro Luiz Fux, paradigma do Tema 246
da repercussão geral, o Supremo afastou a condenação subsidiária da União pelas dívidas
decorrentes de contrato de terceirização, embora, segundo o Tribunal Superior do Trabalho
(TST), não tenha havido o exercício adequado do poder-dever de fiscalização. Ao final, fixou-se
a seguinte tese: “O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado
não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu
pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93.” 10. A Primeira Turma analisou os agravos nas Rcls 36.958 e 40.652 a respeito dos
referidos paradigmas. As reclamações foram ajuizadas contra decisões do TST que negaram
seguimento a Agravo de Instrumento em Recurso de Revista (AIRR) por ausência de
transcendência da controvérsia, motivo pelo qual determinaram a baixa imediata dos autos. O
colegiado, por maioria, deu provimento aos agravos, para cassar as decisões reclamadas e
afastar a responsabilidade subsidiária da União, nos termos do voto do Ministro Alexandre de
Moraes, Redator para o acórdão, vencida a Ministra Rosa Weber, Relatora, a qual havia
concluído que afastar a decisão do TST sobre a existência de responsabilidade subsidiária do
ente público por culpa in vigilando exigiria a reabertura do debate fático-probatório, procedimento
inviável em sede de reclamação. 11. Prevaleceu o voto do Ministro Alexandre de Moraes, que
entendeu que, ao examinar a matéria e barrar a transcendência, aquele Tribunal está a impedir
que o STF aprecie a mesma questão jurídica, já analisada anteriormente na ADC 16 e no RE
760.931, sobre a qual foram editadas teses sobre a necessidade de exame detalhado de haver
ou não culpa. Na ocasião, acompanhei a divergência e salientei que na Primeira Turma tem sido
reiteradamente decidido que “somente está autorizada a mitigação da regra do art. 71, § 1º, da
Lei nº 8.666/93 — que é a da não responsabilização da Administração — caso demonstrado que
a Administração teve ciência do reiterado descumprimento de deveres trabalhistas relativamente
ao mesmo contrato de terceirização e que, a despeito disso, permaneceu inerte”. 12. O número
de reclamações que chegam ao STF discutindo a matéria demonstra que, na prática, a postura
de considerável parte da Justiça do Trabalho continua sendo a de condenar automaticamente a
Administração, desde que haja inadimplência de obrigações trabalhistas pelas contratadas, em
violação à posição que se cristalizou no STF. Atento a este cenário, tendo em vista a maioria que
se formou na Primeira Turma, com destaque para as Rcls 36.958 e 40.652 e para a própria
decisão proferida no agravo interno nestes autos, bem como diante da clara necessidade de
fazer prevalecer a posição desta Corte, consolidada na ADC 16 e no RE 760.931, paradigma do
Tema 246 da repercussão geral, entendo que deve prevalecer a postulação apresentada na
reclamação. 13. No caso em análise, a decisão reclamada manteve sentença que condenou a
empregadora, prestadora de serviços, ao pagamento de “c.1) diferenças de 13º salário
proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3 e indenização do art. 479 da CLT; c.2)
indenização de 40% sobre a totalidade dos depósitos do FGTS e juros legais. c.3) gratificação
de função e reflexos; c.4) diferenças de horas extras decorrentes da extrapolação da jornada 20
legal e reflexos; c.5) indenização substitutiva da PLR; c.6) devolução da parcela "outros
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descontos", abatida do montante rescisório”. Em relação à parte ora reclamante, tomadora do
serviço, manteve a responsabilidade subsidiária por todas as parcelas que foram objeto da
condenação, sob o seguinte fundamento: “Portanto, a responsabilidade subsidiária do ente
público por parcelas devidas a trabalhador contratado por empresa prestadora de serviços
depende da demonstração da conduta culposa daquele na fiscalização do contrato. No caso dos
autos, a falha na fiscalização é evidente: o preposto da segunda ré reconheceu que a primeira
reclamada continua prestando serviços à entidade pública e que ela repassa cópias de controles
de jornada dos trabalhadores. Mesmo ciente do préstimo habitual de horas extras em suas
dependências, a segunda ré não se acautelou, nem tomou nenhuma medida concreta para coibir
o inadimplemento das parcelas devidas ao empregado, em razão desse préstimo de labor
extraordinário. Além disso, o preposto da segunda ré demonstrou não ter conhecimento de fatos
básicos relacionados ao objeto da pactuação, o que indica que a fiscalização dos serviços
prestados por terceiros é precária. Enfim, o conjunto de provas produzidas demonstra que a
entidade da Administração Pública foi negligente em seu dever legal de fiscalizar a correta
execução do contrato de prestação dos serviços, contribuindo para a lesão aos direitos
trabalhistas do reclamante. Por esses motivos, a segunda ré deve responder subsidiariamente
em relação às parcelas devidas pela prestadora dos serviços”. (grifou-se) 14. Como se vê, a
imputação de responsabilidade subsidiária amparou-se basicamente na ciência do “préstimo
habitual de horas extras” nas dependências da empresa ora reclamante. Isto é, com relação as
demais verbas trabalhistas impostas na condenação, a responsabilidade subsidiária encontra-se
embasada em alusões genéricas à culpa in eligendo e in vigilando, sem indicar, no entanto, os
elementos probatórios que a comprovam. Nesse cenário, a decisão reclamada não atende o
requisito acima exposto. Desta forma, foi violada a tese jurídica firmada na ADC 16, Rel. Min.
Cezar Peluso, à luz da interpretação que lhe foi dada no RE 760.931, Rel. p/ o acórdão Min. Luiz
Fux. 15. Por fim, anoto que o RE 1.298.647, paradigma do Tema 1.118, ainda aguarda o
julgamento do mérito para definição da tese de repercussão geral. Também não houve, no feito,
determinação de suspensão nacional dos processos pendentes que versem sobre a matéria (art.
1.035, § 5º, do CPC) — inclusive, foi indeferido pedido formulado nestes termos. Portanto, não
procede a alegada usurpação de competência ou desrespeito à ordem de suspensão nacional.
16. Diante do exposto, com base no art. 161, parágrafo único, do RI/STF e no art. 992 do CPC,
julgo parcialmente procedente o pedido, para cassar a decisão reclamada (Autos nº 0010370-
57.2018.5.15.0004) e determinar que outra seja proferida, à luz do decidido na ADC 16 e tese
firmada no RE 760.931 (paradigma do tema 246 da repercussão geral). A presente decisão não
afeta a responsabilidade do devedor principal. 17. À Secretaria Judiciária, para retificar a
autuação, fazendo constar como reclamado o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. 18.
Após, comunique-se à autoridade reclamada, remetendo-lhe cópia da presente decisão, para
que junte aos autos do processo de origem e para que dê ciência à parte beneficiária do trâmite
da presente reclamação no Supremo Tribunal Federal. Publique-se. Brasília, 13 de dezembro de
2022. Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO Relator

A prolação de decisão monocrática, nesse caso, fere de morte os


princípios do colegiado, ampla defesa, contraditório e devido processo legal.

O Agravo, portanto, merece provimento não só pela violação da lei


federal, da Constituição Federal, como, também, pela existência de divergência
jurisprudencial.

III - CONCLUSÃO

Inicialmente, requer a ora Agravante a reconsideração da r. decisão


monocrática que negou provimento ao seu Agravo de Instrumento, nos termos 21
do artigo 239 do Regimento Interno deste C. Tribunal.
Rua Agueda Gonçalves, 240 - Taboão da Serra - SP - CEP 06760-900 -TELEFONE: (11) 6845.6000 (PABX) - FAX: (11) 4788.0058
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Não entendendo pela reconsideração, a Agravante requer seja o
presente recurso encaminhado a órgão colegiado, para ser inteiramente
conhecido e provido, a fim de que seja afastada a responsabilidade da Prodesp.

Termos em que, pede deferimento.

Taboão da Serra, 13 de março de 2024.

ALINE RODRIGUES

OAB/SP 310.102

22

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