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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 14

21/02/2022 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO 1.350.900 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


EMBTE.(S) : OSVALDO LUIZ DE OLIVEIRA
ADV.(A/S) : GERALDO FERREIRA MENDES FILHO
ADV.(A/S) : CAIO TEIXEIRA DE CARVALHO
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
INTDO.(A/S) : HELIO DE OLIVEIRA SANTOS
ADV.(A/S) : ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO
ADV.(A/S) : PAULO HENRIQUE TRIANDAFELIDES CAPELOTTO
ADV.(A/S) : EVANE BEIGUELMAN KRAMER

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL.
APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL NA
ORIGEM, TEMA 897: AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL DE RECURSO
OU AÇÃO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DA LEI N. 14.230/2021: AUSÊNCIA DE
OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. INOVAÇÃO RECURSAL.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão da Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade, converter os
embargos de declaração em agravo regimental e negar-lhe provimento,
nos termos do voto da Relatora. Sessão Virtual de 11.2.2022 a 18.2.2022.

Brasília, 21 de fevereiro de 2022.

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
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ARE 1350900 ED-ED / SP

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

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Relatório

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21/02/2022 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO 1.350.900 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


EMBTE.(S) : OSVALDO LUIZ DE OLIVEIRA
ADV.(A/S) : GERALDO FERREIRA MENDES FILHO
ADV.(A/S) : CAIO TEIXEIRA DE CARVALHO
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
INTDO.(A/S) : HELIO DE OLIVEIRA SANTOS
ADV.(A/S) : ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO
ADV.(A/S) : PAULO HENRIQUE TRIANDAFELIDES CAPELOTTO
ADV.(A/S) : EVANE BEIGUELMAN KRAMER

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Em 12.11.2021, foi negado provimento ao recurso extraordinário


com agravo interposto por Osvaldo Luiz de Oliveira, sob os fundamentos
de ausência de ofensa constitucional direita, incidência da Súmula n. 279
do Supremo Tribunal Federal e por ser incabível recurso neste Supremo
Tribunal contra a aplicação da sistemática da repercussão geral pelo
Tribunal de origem (e-doc. 81).

2. Os embargos de declaração opostos por Osvaldo Luiz de Oliveira


foram rejeitados (e-doc. 84).

3. Publicada essa decisão no DJe de 30.11.2021, Osvaldo Luiz de


Oliveira opôs, tempestivamente, novos embargos de declaração (e-doc.
88).

4. O embargante alega que “os embargos de declaração opostos pelo Sr.

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Relatório

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ARE 1350900 ED-ED / SP

Osvaldo (e-doc. 82), para além dos pontos indicados no v. acórdão embargado e
reproduzidos no parágrafo ‘3’ acima, apresentou requerimento de manifestação
expressa deste E. STF sobre a ‘imediata aplicação das alterações promovidas pela
Lei nº 14.230/2021 na LIA para o caso em tela’ (fls. 6/8, e-doc. 82)” (fl. 2, e-doc.
88).

Ressalta que, “seja pela prescrição do pedido de ressarcimento ao erário


nos casos de ato de improbidade não doloso, conforme assentado no Tema 897 por
este E. STF, seja pela alteração da LIA, que excluiu a possibilidade de ato de
improbidade culposo, conforme atribuído ao Sr. Osvaldo, é imperiosa a
necessidade de reforma da r. sentença confirmada pelo E. TJSP, a fim de extinguir
o processo em relação ao Sr. Osvaldo” (fl. 3, e-doc. 88).

Pede o “pronunciamento judicial expresso sobre a omissão acima apontada,


com o reconhecimento, em caráter infringente, de que se deve reconhecer a
aplicação do artigo 5º, XL, da Constituição Federal, de modo que a LIA, após as
modificações decorrentes da Lei nº 14.230/2021, excluiu a possibilidade de ato
ímprobo na modalidade não dolosa, não havendo que se falar, então, na
condenação do Sr. Osvaldo, cujo ato ímprobo imputado foi de natureza culposa.
Em razão disso, requer-se a extinção do processo em relação ao Sr. Osvaldo, vez
que não praticou qualquer ato ímprobo tipificado na LIA, com as modificações da
Lei nº 14.230/2021” (fl. 3, e-doc. 88).

É o relatório.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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AGRAVO 1.350.900 SÃO PAULO

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Recebo os embargos de declaração como agravo regimental, nos


termos do § 3º do art. 1.024 do Código de Processo Civil. Deixo de intimar
o agravante para complementar as razões recursais, pois o recurso atende
ao disposto no § 1º do art. 1.021 do Código de Processo Civil. Assim, por
exemplo:
“O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO (Relator):
Preliminarmente, conheço dos presentes embargos de declaração como
agravo interno, nos termos do art. 1.024, § 3º, do CPC (RTJ 145/664
RTJ 153/834 AI 243.159-ED/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA AI
243.832-ED/MG, Rel. Min. MOREIRA ALVES Rcl 4.395-ED/SP,
Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.), e destaco ser desnecessária a
intimação da parte embargante para complementar suas razões
recursais, pois atendida a exigência do art. 1.021, § 1º, do CPC (ARE
953.024-ED/MG, Rel. Min. GILMAR MENDES ARE 953.448-
ED/DF, Rel. Min. EDSON FACHIN ARE 966.749-ED/PR, Rel.
Min. CÁRMEN LÚCIA RE 955.845-ED/SC, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO, v.g.)” (ARE n. 1.000.456-ED-ED, Relator o Ministro
Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 18.5.2017).

2. Razão jurídica não assiste ao agravante.

3. Não foi aberto prazo para contrarrazões, em observância ao


princípio da razoável duração do processo. Assim têm procedido os
Ministros deste Supremo Tribunal em casos nos quais não há prejuízo
para a parte agravada (ARE n. 999.021-ED-AgR-ED, Relator o Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.2.2018; RE n. 597.064-ED-terceiros-ED-
ED, Relator o Ministro Gilmar Mendes, Plenário, DJe 2.6.2021; e Rcl n.

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46.317-ED-AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe 20.9.2021).

4. O fundamento da inadmissão do recurso extraordinário foi


explicitado pelo Presidente da Seção de Direito Público do Tribunal de
Justiça de São Paulo na aplicação do Tema 897 da repercussão geral,
tendo sido negado seguimento ao recurso, nos termos seguintes:

“No que diz respeito à prescrição, considerando o julgamento do


mérito do RE nº 852.475/SP e, em cumprimento ao disposto no art.
1040, inc. I, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso
no tocante ao exame desta questão. (…)
Desta forma, quanto ao tema decidido em sede de repercussão
geral, com base no que dispõe o art. 1040, inc. I, do Código de
Processo Civil, nego seguimento ao recurso” (fls. 50-51, vol. 5).

Como assentado na decisão embargada, no julgamento da Questão


de Ordem no Agravo de Instrumento n. 760.358, Relator o Ministro
Gilmar Mendes, assentou-se não caber recurso ou outro instrumento
processual para o Supremo Tribunal Federal contra a decisão pela qual se
aplica a sistemática da repercussão geral na origem:

“Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissibilidade de


agravo de instrumento ou reclamação da decisão que aplica
entendimento desta Corte aos processos múltiplos. Competência do
Tribunal de origem. Conversão do agravo de instrumento em agravo
regimental. 1. Não é cabível agravo de instrumento da decisão do
tribunal de origem que, em cumprimento do disposto no § 3º do art.
543-B, do CPC, aplica decisão de mérito do STF em questão de
repercussão geral. 2. Ao decretar o prejuízo de recurso ou exercer o
juízo de retratação no processo em que interposto o recurso
extraordinário, o tribunal de origem não está exercendo competência
do STF, mas atribuição própria, de forma que a remessa dos autos
individualmente ao STF apenas se justificará, nos termos da lei, na
hipótese em que houver expressa negativa de retratação. 3. A maior ou
menor aplicabilidade aos processos múltiplos do quanto assentado pela

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Suprema Corte ao julgar o mérito das matérias com repercussão geral


dependerá da abrangência da questão constitucional decidida. 4.
Agravo de instrumento que se converte em agravo regimental, a ser
decidido pelo tribunal de origem” (Plenário, DJe 3.12.2009).

Essa orientação jurisprudencial foi acolhida pela legislação


processual vigente, na qual, nos termos do § 2º do art. 1.030 e do caput do
art. 1.042 do Código de Processo Civil, previsto o agravo interno como
recurso cabível contra decisão da Presidência do Tribunal ou Turma
Recursal de origem, pela qual se aplica a sistemática da repercussão geral
para inadmitir, negar seguimento ou julgar prejudicado o recurso
extraordinário. Confiram-se sobre o tema os seguintes julgados:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. AGRAVO CONTRA DECISÃO DO JUÍZO DE ORIGEM
PELA QUAL APLICADA A SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL: RECURSO INCABÍVEL. PRECEDENTES. ART. 1.042,
CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/2015. MULTA
APLICADA NO PERCENTUAL DE 1%, CONFORME ART.
1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (ARE n.
979.233-AgR, de minha relatoria, Plenário, DJe 3.2.2017).

“O agravo em recurso extraordinário é incognoscível quando


veicula insurgência contra a aplicação da repercussão geral na origem,
ex vi do artigo 1.042 c/c 1.030, § 2º, do Código de Processo Civil.
Precedentes: ARE 1.109.295-ED-ED, Tribunal Pleno, Rel. Min.
Cármen Lúcia – Presidente, DJe de 25/9/2018; e ARE 1.089.076-
AgR, Tribunal Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli – Presidente, DJe de
20/11/2018” (ARE n. 1.336.448-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux,
Plenário, DJe 24.11.2021).

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM


RECLAMAÇÃO. ALEGAÇÃO DE USURPAÇÃO DE
COMPETÊNCIA. AGRAVO DO ART. 1.042 DO CPC. RECURSO

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ARE 1350900 ED-ED / SP

MANIFESTAMENTE INCABÍVEL. 1. Nos termos do art. 1.030, §


2º, do CPC/2015, o agravo interno é recurso próprio à impugnação de
decisão que aplica entendimento firmado em regime de repercussão
geral. 2. A interposição de agravo em recurso extraordinário (art.
1.042) caracteriza erro grosseiro da parte, que implica preclusão da
questão. 3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação
da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015” (Rcl n. 47.171-
AgR, Relator o Ministro Roberto Barroso, DJe 1º.9.2021).

A manutenção da decisão agravada pela Presidência do Tribunal de


Justiça torna preclusa a matéria referente à aplicação do Tema 897 da
repercussão geral.

5. A apreciação do pleito recursal quanto à aplicação retroativa da


Lei n. 14.230/2021, pela qual alterada a Lei de Improbidade
Administrativa – LIA (Lei n. 8.429/1992) exigiria a avaliação da legislação
infraconstitucional aplicável à espécie. A alegada contrariedade à
Constituição da República, se tivesse ocorrido, seria indireta, a
inviabilizar o processamento do recurso extraordinário. Assim, por
exemplo:
“AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
COM AGRAVO. DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE
IMPROBIDADE. EXISTÊNCIA DE DOLO E PREJUÍZO AO
ERÁRIO. LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA
REFLEXA. FATOS E PROVAS. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. 1. O recurso extraordinário não se presta à análise
de matéria infraconstitucional, tampouco ao reexame dos fatos e das
provas constantes dos autos (Súmula 279 do STF). 2. Agravo interno
desprovido, com imposição de multa de 5% (cinco por cento) do valor
atualizado da causa (artigo 1.021, § 4º, do CPC), caso seja unânime a
votação. 3. Honorários advocatícios majorados ao máximo legal em
desfavor da parte recorrente, caso as instâncias de origem os tenham
fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil,
observados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça
gratuita” (ARE n. 1.344.144-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux,
Plenário, DJe 24.11.2021).

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“RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE PRELIMINAR DE
REPERCUSSÃO GERAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N. 8.429/1992.
VERIFICAÇÃO DA DATA DE ASSINATURA DE CONTRATO.
SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO AO QUAL SE
NEGA PROVIMENTO” (ARE n. 1.099.014-AgR, de minha
relatoria, decisão monocrática, DJe 29.8.2019).

“DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO
CPC/1973. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI Nº
8.429/1992. ELEMENTO SUBJETIVO. NEXO ENTRE CONDUTA
E DANO AO ERÁRIO. DEVER DE INDENIZAR.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO
VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. EVENTUAL
VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, XXXV, XXXVI, XXXIX,
LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LEGALIDADE.
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO
LEGAL. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. AUSÊNCIA
DE REPERCUSSÃO GERAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RAZÕES DE
DECIDIR EXPLICITADAS PELO ÓRGÃO JURISDICIONAL.
AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1.
Inocorrente violação do art. 93, IX, da Lei Maior. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido dispositivo
constitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional, das razões
do seu convencimento. Enfrentadas todas as causas de pedir
veiculadas pela parte capazes de, em tese, influenciar no resultado da
demanda, fica dispensado o exame detalhado de cada argumento

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suscitado, considerada a compatibilidade entre o que alegado e o


entendimento fixado pelo órgão julgador. 2. O exame da alegada
ofensa ao art. 5º, XXXV, XXXVI, XXXIX, LIV e LV, da Constituição
Federal, observada a estreita moldura com que devolvida a matéria à
apreciação desta Suprema Corte, dependeria de prévia análise da
legislação infraconstitucional aplicada à espécie, o que refoge à
competência jurisdicional extraordinária prevista no art. 102 da
Magna Carta. 3. A controvérsia, a teor do já asseverado na decisão
guerreada, não alcança estatura constitucional. Não há falar em
afronta aos preceitos constitucionais indicados nas razões recursais.
Compreensão diversa demandaria a análise da legislação
infraconstitucional encampada na decisão da Corte de origem, a
tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à Constituição, insuscetível,
como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso extraordinário.
Desatendida a exigência do art. 102, III, ‘a’, da Lei Maior, nos termos
da remansosa jurisprudência desta Suprema Corte. 4. As razões do
agravo interno não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que
lastrearam a decisão agravada, mormente no que se refere à ausência
de ofensa a preceito da Constituição da República. 5. Agravo
regimental conhecido e não provido” (AI n. 822.957-ED-AgR,
Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 11.3.2019).

6. Este Supremo Tribunal tem reiterado que mesmo a matéria de


ordem pública, para ser suscitada no recurso extraordinário, depende do
prévio prequestionamento no acórdão recorrido, não se admitindo a
impugnação tardia da alegada questão constitucional.

Na espécie vertente, está-se diante de inovação recursal de matéria


infraconstitucional sobre aplicação retroativa de legislação sobre
improbidade administrativa, procedimento vedado pela jurisprudência
deste Supremo Tribunal. Assim, por exemplo:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. ALEGAÇÃO TARDIA DA EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL DO TEMA N. 6 (RECURSO

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EXTRAORDINÁRIO N. 566.471). INOVAÇÃO RECURSAL.


INADMISSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE
NEGA PROVIMENTO” (ARE n. 908.269-AgR, de minha
relatoria, Plenário, DJe 6.12.2016).

“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Direito Administrativo. Improbidade administrativa. Irregularidades
em procedimento licitatório. Inovação recursal. Impossibilidade.
Legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa. Fatos e provas.
Reexame. Não cabimento. Precedentes. 1. A matéria trazida no
presente recurso, relativa à alegada contrariedade ao art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, não foi suscitada nas razões do recurso
extraordinário. Não se admite, no agravo regimental, a inovação de
fundamentos. 2. A afronta aos princípios da legalidade, do devido
processo legal, da ampla defesa, do contraditório, dos limites da coisa
julgada ou da prestação jurisdicional, quando depende, para ser
reconhecida como tal, da análise de normas infraconstitucionais,
configura apenas ofensa indireta ou reflexa à Constituição Federal. 3.
Não se presta o recurso extraordinário para a análise da legislação
infraconstitucional, tampouco para o reexame do conjunto fático-
probatório da causa (Súmula nº 279/STF). 4. Agravo regimental não
provido” (ARE n. 1.229.130-AgR, Relator o Ministro Dias Toffoli,
Plenário, DJe 4.12.2019).

“DIREITO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO
ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO. 1. Nos termos da jurisprudência
desta Corte, exige-se o regular prequestionamento das questões
constitucionais, ainda que se trate de matéria de ordem pública.
Precedentes. 2. O acórdão impugnado pelo recurso extraordinário
contém fundamentação suficiente, embora em sentido contrário aos
interesses da parte recorrente, o que não configura violação ao art. 93,
IX, da Constituição. 3. Ausência de argumentos capazes de infirma a
decisão agravada. 4. Agravo regimental que se nega provimento”
(ARE n. 930.708-AgR, Relator o Ministro Roberto Barroso,

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Primeira Turma, DJe 24.2.2016).

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. FASE DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. ARQUIVAMENTO DA AÇÃO ANTE A INÉRCIA
DO TITULAR DA AÇÃO, SEM PRÉVIA INTIMAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO PAS DE
NULITTÈ SANS GRIEF. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. OFENSA REFLEXA.
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. FATOS E PROVAS.
REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. É inviável,
em recurso extraordinário, o reexame dos fatos e das provas dos autos
(Súmula nº 279/STF) e de legislação infraconstitucional. 2. Agravo
interno desprovido, com imposição de multa de 5% (cinco por cento)
do valor atualizado da causa (artigo 1.021, § 4º, do CPC), caso seja
unânime a votação. 3. Honorários advocatícios majorados ao máximo
legal em desfavor da parte recorrente, caso as instâncias de origem os
tenham fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo
Civil, observados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de
justiça gratuita” (ARE n. 1.292.926-AgR, Relator o Ministro Luiz
Fux, Plenário, DJe 2.2.2021).

7. Ressalte-se o fundamento da decisão embargada, no sentido de


que a alegação de nulidade do acórdão por contrariedade ao inc. IX do
art. 93 da Constituição da República não pode prosperar. Embora em
sentido contrário à pretensão do agravante, o acórdão recorrido
apresentou suficiente fundamentação.

Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, “o art. 93,


IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados,
ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de
cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da
decisão” (AI n. 791.292-RG, Tema 339 de repercussão geral, Relator o

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 14

ARE 1350900 ED-ED / SP

Ministro Gilmar Mendes, Plenário, DJe 13.8.2010).

8. Os argumentos do agravante, insuficientes para modificar a


decisão agravada, demonstram apenas inconformismo e resistência em
pôr termo a processos que se arrastam em detrimento da eficiente
prestação jurisdicional.

9. Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.

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Extrato de Ata - 21/02/2022

Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 14

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.350.900
PROCED. : SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
EMBTE.(S) : OSVALDO LUIZ DE OLIVEIRA
ADV.(A/S) : GERALDO FERREIRA MENDES FILHO (250130/SP)
ADV.(A/S) : CAIO TEIXEIRA DE CARVALHO (299309/SP)
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO
INTDO.(A/S) : HELIO DE OLIVEIRA SANTOS
ADV.(A/S) : ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO (40706/DF, 123916/SP)
ADV.(A/S) : PAULO HENRIQUE TRIANDAFELIDES CAPELOTTO (41015/DF,
270956/SP)
ADV.(A/S) : EVANE BEIGUELMAN KRAMER (109651/SP)

Decisão: A Turma, por unanimidade, converteu os embargos de


declaração em agravo regimental e negou-lhe provimento, nos termos
do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão Virtual de 11.2.2022 a
18.2.2022.

Composição: Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Dias Toffoli,


Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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