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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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17/05/2021 PLENÁRIO

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.315.526


PARAÍBA

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE


AGTE.(S) : THALYSSON ALVES DE LACERDA
ADV.(A/S) : BRUNO CEZAR CADE
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA PARAÍBA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA
PARAÍBA

EMENTA: AGRAVO INTERNO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PENAL E PROCESSO PENAL.
CRIME TIPIFICADO NO ARTIGO 121, § 2º, I E IV, DO CÓDIGO
PENAL. ALEGADA NULIDADE DE GRAVAÇÃO AMBIENTAL.
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO
ENGENDRADO NOS AUTOS. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO 279
DA SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. OFENSA
REFLEXA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. O recurso extraordinário é instrumento de impugnação de decisão
judicial inadequado para a valoração e exame minucioso do acervo fático-
probatório engendrado nos autos, bem como para a análise de matéria
infraconstitucional. Precedentes: ARE 1.175.278-AgR-Segundo, Primeira
Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 25/2/19; ARE 1.197.962–AgR, Tribunal
Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli (Presidente), DJe de 17/6/19; e ARE 1.017.861-
AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 5/6/17; ARE
1.048.461-AgR, Primeira Turma, Rel. Min Rosa Weber, DJe de 4/3/2020; e
ARE 1.264.183-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de
26/5/2020.
2. Agravo interno DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

O Plenário do Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de


julgamento virtual de 7 a 14/5/2021, por unanimidade, negou provimento

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ao agravo, nos termos do voto do Relator, Ministro Luiz Fux (Presidente).


Brasília, 17 de maio de 2021.
Ministro LUIZ FUX – PRESIDENTE
Documento assinado digitalmente

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Relatório

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AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.315.526


PARAÍBA

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE


AGTE.(S) : THALYSSON ALVES DE LACERDA
ADV.(A/S) : BRUNO CEZAR CADE
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA PARAÍBA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA
PARAÍBA

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (PRESIDENTE): Trata-se de agravo


interno interposto contra a decisão da Presidência desta Corte, na qual se
negou seguimento ao recurso extraordinário com agravo porquanto “para
ultrapassar o entendimento do Tribunal de origem, seria necessário analisar a
causa à luz da interpretação dada à legislação infraconstitucional pertinente e
reexaminar os fatos e as provas dos autos, o que não é cabível em sede de recurso
extraordinário, pois a afronta ao texto constitucional, se houvesse, seria indireta
ou reflexa e a Súmula 279 desta Corte impede o reexame de provas”.

Em sede de agravo interno, o agravante entende ausentes os óbices


apontados.

Deixei de intimar a parte recorrida por não vislumbrar prejuízo ao


devido processo legal.

É o relatório.

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VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (PRESIDENTE): A presente


irresignação não merece prosperar.

Em que pesem os argumentos expendidos no agravo, resta


evidenciado que a parte agravante não trouxe nenhum capaz de infirmar
a decisão hostilizada, razão pela qual deve ela ser mantida, por seus
próprios fundamentos.

Com efeito, consoante consignado na decisão recorrida, analisados


os autos, colhe-se do voto condutor do acórdão atacado a seguinte
fundamentação:

“(...) Importante salientar que, não obstante a tentativa da


defesa de desconstituir a referida prova, extrai-se dos autos,
mais precisamente às fls. 250/251, que aquela fora colacionada
antes da abertura do prazo para apresentação das alegações
finais, sem qualquer manifestação do ora apelante.
Demais disso, o fato de não haver ciência e autorização do
réu para que dita gravação fosse realizada não enseja qualquer
nulidade, porquanto se trata de gravação ambiental, prova
legalmente permitida e sem qualquer afronta aos preceitos
constitucionais, consoante já decidiu o Supremo Tribunal
Federal (STJ, RHC 31356/PI, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, DJe 14/03/2014), sendo certo que o fato de a gravação ter
sido realizada por ppliciais não a torna ilícita.
Como já firmado, a gravação contra a qual o apelante se
insurge não apresenta indício algum de montagem, recorte ou
qualquer outra forma de editação; pelo contrário, a conversa se
desenvolve de forma escorreita, retilínea, sem entrecortes e

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coerente com o contexto fático.


(...)
A materialidade e autoria delitiva encontram-se
devidamente demonstradas pela Portaria e Boletim de
Ocorrência (fls. 05/06); pelo auto de reconhecimento fotográfico
(fls. 27 e 29); pelo laudo tanatoscópico (fls. 38/39); pelo laudo de
exame em local de morte violenta (fls. 161/178); e pelos
depoimentos prestados em todas as esferas.”

Assim, para ultrapassar o entendimento do Tribunal de origem e


concluir pela procedência da tese defensiva no sentido de que “a gravação
decorreu da prisão do inculpado quando do percurso da sua casa à delegacia,
oportunidade na qual os policiais deveriam ter advertido ao réu sobre o seu
direito de permanecer em silêncio – Aviso de Miranda-, procedimento que não é
observado no áudio colacionado aos autos, e que, portanto, conduz a declaração
da sua nulidade”, seria necessário analisar a causa à luz da interpretação
dada à legislação infraconstitucional pertinente, bem como o reexame do
conjunto fático-probatório engendrado nos autos, o que não é cabível em
sede de recurso extraordinário em razão do enunciado 279 da Súmula do
Supremo Tribunal Federal. Nessa linha:

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PENAL E PROCESSUAL
PENAL. CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO.
ARTIGO 16, PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI 10.826/2003.
COMPETÊNCIA DO RELATOR PARA JULGAMENTO
MONOCRÁTICO DO FEITO. PRECEDENTES. DECISÃO DE
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
APLICAÇÃO DE PRECEDENTE DESTA CORTE PROFERIDO
NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL.
INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO. DESCABIMENTO.
PRECEDENTES. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ARTIGO 5º, LIV
E LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIOS DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL, DO CONTRADITÓRIO E DA
AMPLA DEFESA. OFENSA REFLEXA AO TEXTO DA

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO


ARTIGO 5º, LVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ILICITUDE
DA PROVA. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. MATÉRIA DE
ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA À
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PROVA EMPRESTADA.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE
IRREGULARIDADES NO CURSO DO INQUÉRITO POLICIAL
E UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO
DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF.
MERA IRRESIGNAÇÃO. AGRAVO INTERNO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.” (ARE 1.242.767-AgR, Primeira Turma,
Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 13/02/2020)

“DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO


INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. CRIMES DE ESTUPROS DE VULNERÁVEL.
CONTROVÉRSIA DECIDIDA COM BASE NA LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL E NO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA 279/STF. GRAVAÇÃO
AMBIENTAL. VALIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal
rejeitou preliminar de repercussão geral relativa à controvérsia
sobre suposta violação aos princípios do contraditório, da
ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo
legal (ARE 748.371-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes -Tema 660). 2.
A parte recorrente se limita a postular a análise da legislação
infraconstitucional pertinente e uma nova apreciação dos fatos
e do material probatório constante dos autos, o que não é
possível nesta fase processual. Nessas condições, a hipótese
atrai a incidência da Súmula 279/STF. 3. O Plenário do Supremo
Tribunal Federal, após assentar a repercussão geral da matéria,
reafirmou sua jurisprudência no sentido de ser válida a
gravação obtida por um dos interlocutores sem o conhecimento
do outro (RE 583.937-RG, julgado sob a relatoria do Ministro
Cezar Peluzo). 4. Agravo interno a que se nega provimento.”
(ARE 1.240.873-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto

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Barroso, DJe de 03/02/2020)

“DIREITO PENAL. ROUBO. FUNDAMENTOS DA


CONDENAÇÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
INTERPRETAÇÃO DA LEI FEDERAL. O recurso
extraordinário não se presta para o reexame de fatos e provas
da causa ou para discutir a interpretação da legislação
infraconstitucional. Súmula 279/STF. Irresignações acerca da
classificação do delito e do quantum de redução da pena pela
tentativa não ensejam o manejo do apelo extremo. Agravo
regimental a que se nega provimento.” (AI 856.793-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 07/02/2013)

Por oportuno, cumpre destacar que o Plenário do Supremo Tribunal


Federal, ao apreciar o RE 583.937, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe de
19/11/2009, julgado sob o rito da repercussão geral, tema 237, estabeleceu
a tese de que “É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por
um dos interlocutores sem conhecimento do outro”. A propósito, transcrevo a
ementa do referido precedente:

“AÇÃO PENAL. Prova. Gravação ambiental. Realização


por um dos interlocutores sem conhecimento do outro.
Validade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral
reconhecida. Recurso extraordinário provido. Aplicação do art.
543-B, § 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em gravação
ambiental realizada por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro.” (RE 583.937-QO-RG, Tribunal Pleno,
Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 18/12/2009)

Ex positis, DESPROVEJO o agravo interno.

É como voto.

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Extrato de Ata - 17/05/2021

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.315.526


PROCED. : PARAÍBA
RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE
AGTE.(S) : THALYSSON ALVES DE LACERDA
ADV.(A/S) : BRUNO CEZAR CADE (12591/PB)
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA PARAÍBA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao


agravo, nos termos do voto do Relator, Ministro Luiz Fux
(Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 7.5.2021 a 14.5.2021.

Composição: Ministros Luiz Fux (Presidente), Marco Aurélio,


Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli,
Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e
Nunes Marques.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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