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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 8

18/10/2022 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.383.922 P IAUÍ

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


EMBTE.(S) : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
EMBDO.(A/S) : LUZIA ALVES DA SILVA
ADV.(A/S) : HULLY ASSUNCAO DE ARAUJO

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO
ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO.
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA INDEVIDAMENTE
PRORROGADA DE FORMA SUCESSIVA. RECONHECIDO O
DIREITO A DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS
REMUNERADAS ACRESCIDAS DO TERÇO CONSTITUCIONAL.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INDEVIDA. DECISÃO
EMBARGADA DIVERGENTE DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL FIRMADA NO TEMA 551 DA REPERCUSSÃO
GERAL. SUCUMBÊNCIA RECURSAL. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. MULTA. MANUTENÇÃO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PROVIDOS, COM EXCEPCIONAIS EFEITOS
INFRINGENTES, PARA PROVER PARCIALMENTE O RECURSO
EXTRAORDINÁRIO APENAS EM RELAÇÃO À CONDENAÇÃO AO
PAGAMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS,
MANTIDA A SUCUMBÊNCIA RECURSAL ANTERIORMENTE
ESTABELECIDA.
ACÓRDÃO

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na conformidade


da ata de julgamento virtual de 7 a 17/10/2022, por unanimidade, acolheu
os embargos de declaração, com excepcionais efeitos infringentes, para
prover parcialmente o recurso extraordinário apenas em relação à
condenação ao pagamento de contribuições previdenciárias, mantida a
sucumbência recursal anteriormente estabelecida, nos termos do voto do

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RE 1383922 AGR-ED / PI

Relator.
Brasília, 18 de outubro de 2022.
Ministro LUIZ FUX - RELATOR
Documento assinado digitalmente

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18/10/2022 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.383.922 P IAUÍ

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


EMBTE.(S) : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
EMBDO.(A/S) : LUZIA ALVES DA SILVA
ADV.(A/S) : HULLY ASSUNCAO DE ARAUJO

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de embargos de


declaração opostos pelo Estado do Piauí contra acórdão proferido pela
Primeira Turma desta Suprema Corte, assim ementado:

“DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.


SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA.
DIREITO A DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS
REMUNERADAS ACRESCIDAS DO TERÇO
CONSTITUCIONAL. CONTRATOS SUCESSIVOS. TEMA Nº
551 DA REPERCUSSÃO GERAL. CONSONÂNCIA DA
DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO
VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. AGRAVO NÃO
PROVIDO.
1. O entendimento da Corte de origem, nos moldes do
assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência
firmada no Supremo Tribunal Federal. Compreensão diversa
demandaria a reelaboração da moldura fática delineada no acórdão de
origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à Constituição,
insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso
extraordinário.
2. As razões do agravo interno não se mostram aptas a infirmar

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os fundamentos que lastrearam a decisão agravada.


3. A teor do art. 85, § 11, do CPC/2015, o ‘tribunal, ao julgar
recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal,
no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do
vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e
3º para a fase de conhecimento’.
4. Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação da
penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada à
razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, se
unânime a votação.” (Doc. 47)

A parte embargante aduz, em síntese, ter havido omissão no julgado


na medida em que não atendeu ao que decidido no julgamento do Tema
551 da Repercussão Geral porquanto “condenou-se o Estado além de décimo
terceiro salário proporcional, férias proporcionais, a contribuições
previdenciárias, verbas que, segundo a jurisprudência de repercussão geral do
STF, não são devidas nos casos de contrato nulo por ausência de concurso
público” (Doc. 48, p. 4). Insurge-se, ademais, contra a majoração de
honorários advocatícios e a cominação de multa.

Intimada, a parte ora embargada deixou transcorrer in albis o prazo


para contrarrazoar (Doc. 52).

É o relatório.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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EMB.DECL. NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.383.922 P IAUÍ

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Analisando os


argumentos deduzidos nos presentes embargos, verifico que merece
parcial acolhida a pretensão da parte ora embargante.

Com efeito, o acórdão recorrido diverge parcialmente do


entendimento firmado pelo Plenário desta Suprema Corte no julgamento
de mérito da repercussão geral reconhecida no RE 1.066.677, Redator para
o acórdão Min. Alexandre de Moraes, Tema 551, DJe de 1°/07/2020, no
qual restou expressamente consignado que “os servidores temporários não
fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas acrescidas do terço
constitucional, salvo (I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido
contrário, ou (II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela
Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou
prorrogações.”

Por oportuno, trago à colação a ementa do referido julgado:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO


GERAL. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. DIREITO A
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS REMUNERADAS,
ACRESCIDAS DO TERÇO CONSTITUCIONAL.
1. A contratação de servidores públicos por tempo determinado,
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público, prevista no art. 37, IX, da Constituição, submete-se ao regime
jurídico-administrativo, e não à Consolidação das Leis do Trabalho.
2. O direito a décimo terceiro salário e a férias remuneradas,
acrescidas do terço constitucional, não decorre automaticamente da
contratação temporária, demandando previsão legal ou contratual

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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expressa a respeito.
3. No caso concreto, o vínculo do servidor temporário perdurou
de 10 de dezembro de 2003 a 23 de março de 2009.
4. Trata-se de notório desvirtuamento da finalidade da
contratação temporária, que tem por consequência o reconhecimento
do direito ao 13º salário e às férias remuneradas, acrescidas do terço.
5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Tese de
repercussão geral: "Servidores temporários não fazem jus a décimo
terceiro salário e férias remuneradas acrescidas do terço
constitucional, salvo (I) expressa previsão legal e/ou contratual em
sentido contrário, ou (II) comprovado desvirtuamento da contratação
temporária pela Administração Pública, em razão de sucessivas e
reiteradas renovações e/ou prorrogações.” (Destaquei)

In casu, restou comprovado nos autos o desvirtuamento da


contratação temporária pela Administração Pública, decorrente de
sucessivas e reiteradas renovações.

Destarte, o embargante enquadra-se na exceção prevista na tese do


Tema 551 da repercussão geral, segundo a qual comprovado o
desvirtuamento da contratação temporária, o servidor faz jus a décimo
terceiro salário e férias remuneradas, acrescidas do terço constitucional.

Nada obstante, a referida tese não contempla as contribuições


previdenciárias, verbas que não são devidas nos casos de contrato nulo
por ausência de concurso público, segundo a jurisprudência desta
Suprema Corte.

Considerando a fundamentação supra e a consequente integração da


decisão ora embargada, impõe-se a modificação de seu dispositivo a fim
de assentar o provimento parcial do recurso extraordinário do Estado do
Piauí apenas em relação à sua condenação ao pagamento das
contribuições previdenciárias.

Com relação à insurgência quanto à majoração de honorários

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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advocatícios e à aplicação de multa, nada há a prover porque houve a


sucumbência do Estado do Piauí, nesta instância recursal, em relação à
quase totalidade dos pedidos formulados, configurando-se seu manifesto
intuito protelatório em relação ao pagamento de décimo terceiro salário
proporcional e de férias proporcionais.

Ex positis, PROVEJO os presentes embargos de declaração, COM


EXCEPCIONAIS EFEITOS INFRINGENTES, para PROVER PARCIALMENTE O
RECURSO EXTRAORDINÁRIO apenas em relação à condenação ao
pagamento de contribuições previdenciárias, mantida a sucumbência
recursal anteriormente estabelecida.

É como voto.

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Extrato de Ata - 18/10/2022

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.383.922


PROCED. : PIAUÍ
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
EMBTE.(S) : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
EMBDO.(A/S) : LUZIA ALVES DA SILVA
ADV.(A/S) : HULLY ASSUNCAO DE ARAUJO (10250/PI)

Decisão: A Turma, por unanimidade, acolheu os embargos de


declaração, com excepcionais efeitos infringentes, para prover
parcialmente o recurso extraordinário apenas em relação à
condenação ao pagamento de contribuições previdenciárias, mantida
a sucumbência recursal anteriormente estabelecida, nos termos do
voto do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de 7.10.2022 a
17.10.2022.

Composição: Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Dias Toffoli,


Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Disponibilizou processo para esta Sessão o Ministro André


Mendonça, não tendo participado do julgamento desse feito a
Ministra Cármen Lúcia.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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