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Supremo Tribunal Federal

Decisão sobre Repercussão Geral

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12/06/2023 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.426.306


TOCANTINS

RELATORA : MINISTRA PRESIDENTE


RECTE.(S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL
RECTE.(S) : ESTADO DO TOCANTINS E OUTRO(A/S)
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO TOCANTINS
RECDO.(A/S) : NERIVAN CORREIA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : EDSON DIAS DE ARAUJO

EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APELO EXTREMO DO INSS. AUSÊNCIA DE


PRELIMINAR FUNDAMENTADA DE REPERCUSSÃO GERAL. NÃO
CONHECIMENTO. SERVIDORA PÚBLICA APOSENTADA. ESTABILIDADE
EXCEPCIONAL DO ART. 19 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
TRANSITÓRIAS. EQUIPARAÇÃO A SERVIDOR OCUPANTE DE CARGO EFETIVO.
IMPOSSIBILIDADE. VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL.
PRECEDENTES. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL
COM REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DECISÃO RECORRIDA EM
DISSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DO
IGEPREV/TO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.
1. Não houve, no recurso extraordinário interposto de acórdão cuja
publicação deu-se após a Emenda Regimental nº 21, de 30.4.2007,
demonstração da existência de repercussão geral. Inobservância do art.
1.035, §§ 1º e 2º, do CPC. O preenchimento desse requisito demanda a
efetiva demonstração, no caso concreto, da existência de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que
ultrapassem os interesses subjetivos do processo (art. 1.035, §§ 1º e 2º, do
CPC). A jurisprudência desta Suprema Corte é firme no sentido de que
ausência da preliminar acarreta a inadmissibilidade do recurso
extraordinário, mesmo nos casos de repercussão geral presumida ou

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reconhecida em outro processo.


2. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal consolidou-se
no sentido de que os beneficiados pela estabilidade excepcional prevista
no art. 19 do ADCT não são detentores das vantagens privativas dos
servidores ocupantes de cargo efetivo, o que afasta a possibilidade de
participação no regime próprio de previdência social, exclusivo dos
titulares de cargos efetivos aprovados em concurso público.
3. Recurso extraordinário manejado pelo INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL – INSS não conhecido. Apelo extremo do IGEPREV/TO
provido, para julgar improcedentes os pedidos deduzidos na inicial.
Invertidos os ônus da sucumbência, observada eventual concessão dos
benefícios da gratuidade da justiça.
4. Fixada a seguinte tese: Somente os servidores públicos civis detentores
de cargo efetivo (art. 40, CF, na redação dada pela EC 20/98) são vinculados ao
regime próprio de previdência social, a excluir os estáveis nos termos do art. 19
do ADCT e os demais servidores admitidos sem concurso público.

Decisão: O Tribunal, por maioria, reputou constitucional a questão,


vencido o Ministro Edson Fachin. O Tribunal, por maioria, reconheceu a
existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada,
vencido o Ministro Edson Fachin. No mérito, por unanimidade,
reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria.

Ministra ROSA WEBER


Relatora

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REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.426.306


TOCANTINS

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APELO EXTREMO


DO INSS. AUSÊNCIA DE PRELIMINAR
FUNDAMENTADA DE REPERCUSSÃO GERAL.
NÃO CONHECIMENTO. SERVIDORA PÚBLICA
APOSENTADA. ESTABILIDADE EXCEPCIONAL DO
ART. 19 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS.
EQUIPARAÇÃO A SERVIDOR OCUPANTE DE
CARGO EFETIVO. IMPOSSIBILIDADE.
VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL. PRECEDENTES.
MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL COM REAFIRMAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA. DECISÃO RECORRIDA EM
DISSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RELEVÂNCIA
DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO DO IGEPREV/TO A QUE SE
DÁ PROVIMENTO.

Manifestação da Senhora Ministra Rosa Weber (Presidente): Trata-


se de recursos extraordinários interpostos com fundamento no art. 102,
III, a, da Constituição Federal, pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL (INSS) e pelo INSTITUTO DE GESTÃO PREVIDENCIÁRIA DO ESTADO
DO TOCANTINS (IGEPREV/TO) contra acórdão proferido pelo Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, por meio do qual mantida a sentença de
procedência do pedido.
Na origem, a recorrida, servidora aposentada do quadro de pessoal
do Estado do Tocantins, ajuizou, perante a 2ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Estado do Tocantins, ação contra o INSS, o IGEPREV/TO e o

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Estado do Tocantins, com o objetivo de converter sua aposentadoria pelo


regime geral de previdência social (RGPS) para o regime próprio (RPPS)
vinculado ao IGEPREV/TO.
Relatou que em 1978 fora contratada como professora do Estado de
Goiás e transferida para o Estado do Tocantins em 1989, estabilizada por
força do art. 19 do ADCT da Constituição Federal, sem aprovação em
concurso público. Apontou que, por força da Lei estadual 1.246/2001,
deixara de contribuir para o regime próprio, passando a contribuir para o
RGPS. Aposentou-se pelo INSS em 2004, por tempo de contribuição,
segundo as regras do regime geral de previdência (eDOC. 3).
O Juízo de primeiro grau deferiu a antecipação de tutela (eDOC. 5,
fls. 1-5) e, ao apreciar o mérito da pretensão deduzida, julgou procedente
a pretensão autoral de aposentadoria por tempo de contribuição de professora,
a partir do pedido administrativo, com proventos integrais e observância da
paridade entre proventos e vencimentos, pelo Regime Previdenciário Próprio
do Estado do Tocantins, gerido pelo IGEPREV/TO (eDOC. 6).
Manejados recursos de apelação pelas autarquias previdenciárias, a
Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região negou
provimento à apelação do IGEPREV/TO, à apelação do INSS e à remessa
oficial, em acórdão assim ementado:

“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGENTES


PÚBLICOS CONTRATADOS PELO ESTADO DE GOIÁS.
ESTABILIDADE ADQUIRIDA. ART. 19 DO ADCT. AUSÊNCIA
DE EFETIVIDADE. TRANSFERÊNCIA PARA O ESTADO DE
TOCANTINS. DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS: IGUALDADE
ENTRE OS SERVIDORES ESTÁVEIS NÃO EFETIVOS E OS
EFETIVOS. DESVINCULAÇÃO DO RPPS E VINCULAÇÃO
AO RGPS. CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS. DIREITO DE
PERMANÊNCIA NO RPPS. COMPENSAÇÃO ENTRE
REGIMES.
1. A pretensão deduzida nesta ação é sobre a possibilidade
de a parte autora permanecer vinculada ao Instituto de
Previdência do Estado do Tocantins - IPETINS, atual Instituto
de Gestão Previdenciária do Tocantins — IGEPREV.

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2. Não há falar em prescrição do fundo de direito nas


relações de trato sucessivo, como no caso de aposentadoria,
prescrevendo-se tão somente as parcelas vencidas antes do
quinquênio que precede ao ajuizamento da ação, nos termos do
parágrafo único do art. 103 da Lei de Benefícios, da Súmula
85/STJ e da jurisprudência desta Corte, assim como no Decreto
n. 20.910, de 1932, que estabelece a prescrição das ações contra a
Fazenda Pública.
3. O INSS tem legitimidade para figurar no processo,
porquanto ainda se cuidam de segurados a ele vinculados, de
modo que é necessário, para retorno ao RPPS, o desfazimento
do vínculo com o RGPS, com as compensações pecuniárias
entre os regimes, assim como ocorreu quando tais servidores
foram incluídos no regime geral. Portanto, há litisconsórcio
necessário entre o INSS e o Estado do Tocantins, tendo ambos
legitimidade passiva.
4. O ADCT, em seu art. 19, assegurou a estabilidade
excepcional no Serviço Público aos empregados públicos
contratados sem concurso público, que estivessem em exercício
há pelo menos cinco anos na data da promulgação da
Constituição de 1988.
5. Os servidores que ingressaram mediante concurso
público tiveram os empregos transformados em cargos efetivos,
com o advento do Regime Jurídico Único, previsto no art. 37, na
sua redação original, conforme lei de cada entidade política
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios); os que não
ingressaram mediante concurso público, adquiriram
estabilidade, mas não a efetividade, tudo conforme o regime
jurídico adotado supervenientemente pelo respectivo ente
político.
6. No caso dos autos, os servidores foram contratados
inicialmente pelo Estado de Goiás, na década de 1970, sendo
estabilizados nos respectivos empregos por força do art. 19 do
ADCT, em outubro de 1988, e posteriormente transferidos para
o recém-instalado Estado de Tocantins, em 1989, vertendo,
desde então, contribuições para o Regime Próprio do Estado de

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Tocantins (RPPS-TO). Depois de muitos anos de contribuição ao


sistema de Previdência do Estado, precisamente em junho de
2001, a Lei Estadual n. 1.246 excluiu os servidores
remanescentes do Estado de Goiás não efetivos, estabilizados
ou não, do seu regime próprio, transferindo-os para o Regime
Geral de Previdência Social (RGPS), pelo qual muitos
servidores se aposentaram.
7. Como houve contribuição ao regime próprio de
previdência do Estado de Tocantins por, pelo menos, 12 anos, é
evidente que esses servidores, ainda que não efetivados, mas
estáveis no serviço público, vinculam-se a esse regime, porque,
de outro modo, as contribuições seriam vertidas sem sequer
haver expectativa de contraprestação de benefício. Essa situação
jurídica de vinculação a um instituto de previdência não
poderia ser desconsiderada, com a transferência pura e simples
de todos esses servidores para o Regime Geral da Previdência
Social, sem que tivessem a oportunidade de aderir ou
manifestar sua vontade de se vincularem a tal regime geral. A
transferência do RPPS para o RGPS não poderia operar sem a
aquiescência do segurado, porque isso importa violar o
princípio da segurança jurídica, mais especificamente o
princípio da confiança objetiva.
8. Devem ser aplicados aos servidores estáveis não
efetivos os mesmos direitos dos efetivos, como bem se
pronunciou a Advocacia Geral da União, no Parecer Nº - GM —
030, no Processo Nº - 00001.005869/2001-20, de Origem do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e aprovado
com efeito vinculativo pelo Presidente da República.
9. A Lei Estadual n. 1.246/2001 do Estado de Tocantins,
posteriormente revogada pela Lei n. 1.614/2005, que
simplesmente transferiu todos os servidores estabilizados para
o Regime Geral da Previdência Social, é malferidora desse
direito de permanência no Regime Próprio de Previdência do
Estado do Tocantins. Atualmente, a Lei Estadual n. 2.726/2013
de Tocantins, incluiu como segurados do Regime Próprio de
Previdência Social (RPPS-TO), os servidores remanescentes do

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serviço público de Goiás em exercício no Estado de Tocantins,


incluindo o servidor público estabilizado, o que tenha
adquirido este status por efeito do art. 19 do ADCT.
10. Essa é mais uma razão para julgar-se procedente o
pedido formulado na inicial, porque a injustiça da transferência
de servidores ao RGPS voltou a ser corrigida, mas não alcançou
significativo número de servidores que, no RGPS, se
aposentaram, com proventos desvinculados da remuneração do
cargo (ou emprego) público, sobre o qual contribuíram ao
IGPREV e nele deveriam permanecer, porque a submissão ao
RPPS não dependia da efetividade no cargo (ou emprego), mas
da estabilidade no serviço público, que lhes foi assegurada por
disposição de quilate constitucional.
11. Tal como o instituto de previdência do Tocantins e o
INSS procederam às compensações financeiras com a
transferência dos servidores do RPPS para o RGPS, assim
devem proceder às compensações nesse retorno.
12.Apelação do IGEPREV/TO, apelação do INSS e remessa
oficial desprovidas.” (eDOC. 15, fls. 27-28)

Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (eDOC. 22).


Na presente sede recursal, o INSS aponta violação dos arts. 5º,
XXXVI, 37, II, e 40, § 13, da Constituição Federal, e art. 19 do ADCT
(eDOC. 24). No tocante à configuração de repercussão geral, aduz que
esta Suprema Corte no RE 661.256/DF, já reconheceu a repercussão geral da
matéria relativa à desaposentação.
Para amparar sua pretensão, afirma que a Corte Federal olvida do teor
do art. 18, §2º, da Lei 8.213/91, bem como do julgamento dos Recursos
Extraordinários nº 381.367, 661.256 e 827.833, sob a sistemática de repercussão
geral, no sentido da impossibilidade da Desaposentação, por evidente ausência de
amparo constitucional e legal para tanto.
Defende que os sujeitos da relação jurídica decorrente do ato não podem
simplesmente exigir a sua alteração, principalmente quando a opção feita for
onerosa para uma das partes, sob pena de ofensa ao ato jurídico perfeito.
Sustenta, em síntese, que os artigos 37, II, c/c o art. 40, § 13, ambos da

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CF/88, c/c o art. 19 da ADCT, evidenciam que aquele(a) que ingressou no serviço
público, por mais que estabilizado por força do art. 19 da ADCT, não ocupa cargo
efetivo quando não ingresse através de concurso público (art. 37, II, CF/88).
Consequentemente, deve lhe ser aplicado o Regime Geral de Previdência Social
(art. 40, §13, da CF/88).
Por fim, afirma não ser lícito a recorrida obter aposentadoria mais
vantajosa pelo IGEPREV/TO desprezando todos os valores já pagos pelo INSS ao
longo de anos, os quais, a rigor, ainda teriam que ser objeto de compensação. Por
essa razão, na eventual hipótese de se admitir o pedido, só se poderia
aceitá-lo com efeitos ex tunc, cabendo à parte autora a devolução dos valores
recebidos, ou seja, a retirada dos efeitos jurídicos do ato que se quer desconstituir.
Requer o conhecimento e provimento do recurso extraordinário,
para julgar improcedentes os pedidos iniciais da parte autora.
Por sua vez, o IGEPREV/TO aponta violação do art. 40 da
Constituição da República, e do art. 19, caput, e § 1º, do ADCT (eDOC. 29).
No tocante à configuração de repercussão geral, o recorrente pontua
que (i) a questão constitucional extrapola os limites subjetivos da lide,
implicando nítido abalo econômico e jurídico; (ii) jurídico, pois, ao concluir
pelo direito dos servidores estabilizados a fazerem parte do Regime Próprio de
Previdência, o Tribunal de origem ampliou a aplicação da norma
constitucional, beneficiando quem expressamente foi excluído; e (iii) econômico,
uma vez que o retorno dos servidores ao Regime Próprio de Previdência implica
grave ônus ao Erário Público, interferindo negativamente no equilíbrio atuarial
do sistema.
No mérito, assevera que a autora é servidora com estabilidade
excepcional por força do art. 19 do ADCT, e não servidora ocupante de
cargo efetivo criado por lei, cuja investidura se dá através de concurso público.
Por essa razão, pela interpretação literal do art. 40 da Constituição Federal,
verificado silêncio eloquente da norma, a recorrida não estaria abrangida
pelo Regime Previdenciário do Estado, mas sim pelo Regime Geral do INSS.
Aponta que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o servidor
que preenche as condições exigidas pelo art. 19 do ADCT é estável no
emprego para o qual foi contratado pela Administração, mas não é

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efetivo, e por isso não pode ser equiparado ao servidor público efetivo no
que diz respeito aos efeitos legais.
Argumenta não ser possível conceder o mesmo tratamento jurídico —
ainda mais quando a Constituição e a lei tratam de forma diversa — [a] pessoas
em situações jurídicas distintas. Pensamento contrário, afirma, acarretaria
nítida afronta ao princípio da igualdade e da moralidade, por implicar
privilégio não aceito nem autorizado pelo ordenamento constitucional a quem
não se submeteu ao mesmo processo de seleção do concursado.
Requer o conhecimento e provimento de seu recurso extraordinário,
a fim de julgar improcedente os pedidos da exordial.
A recorrida apresenta contrarrazões pugnando pelo não
conhecimento do extraordinário ante a ausência de demonstração da
repercussão geral. Assenta distinção da tese de desaposentação com a
concessão do benefício que a parte autora entende correto e incorporado a seu
patrimônio jurídico, pois não busca o cômputo de períodos/contribuições
posteriores à aposentação.
Quanto ao mérito, aduz que o acórdão combatido está em
consonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmada
no RE 836.189/TO, bem como com o que foi decidido na ADI 4.876/MG.
Cita o PARECER/MPS/CJ/Nº 3.333/2004, cuja conclusão vinculante
foi no sentido de que os servidores públicos estabilizados (art. 19 do ADCT),
por estarem submetidos a regime estatutário (...) são filiados a regime próprio de
previdência.
Por fim, requer seja desprovido o recurso extraordinário, com a
manutenção do acórdão recorrido (eDOC. 26).
A Vice-Presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
admitiu o extraordinário do IGEPREV/TO (eDOC. 34) e, no tocante ao
apelo extremo do INSS, admitiu-o em parte. Considerou, no ponto, que
os argumentos sobre a desaposentação e a inobservância do art. 18, § 2º,
da Lei 8.213/1991 encontrariam óbice nas Súmulas 284 e 636 do STF. No
mais, admitiu o recurso referente à transposição para o regime estatutário de
servidores celetistas com a estabilidade adquirida com base no art. 19 do ADCT
(eDOC. 33).

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Destaco que em relação à parte não admitida, o INSS interpôs


agravo (eDOC. 40) dirigido a esta Corte, por entender necessária a
admissão total do seu recurso extraordinário.
É o relatório.
Primeiramente, consabido que o juízo de admissibilidade a quo não
vincula nem torna precluso o reexame da matéria pelo juízo ad quem, uma
vez estabelecido pelo parágrafo único do art. 1.034 do CPC/2015 que:
Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento,
devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para
a solução do capítulo impugnado.
No preciso dizer de Barbosa Moreira (BARBOSA MOREIRA, José
Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil - vol. 5. 10. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2002 p. 265-266), entendimento aplicável ao Código de
Processo Civil de 2015, o juízo de admissibilidade proferido pelo órgão
perante o qual interposto o recurso não basta para assegurar a obtenção
do novo julgamento perseguido, seja pela possibilidade de advir algum
fato que torne inadmissível o recurso, seja por não ficar preclusa a
reapreciação da matéria pelo órgão ad quem, que procederá livremente
ao controle da admissibilidade, inclusive para declarar insatisfeito
algum ou mais de um dos pressupostos tidos, no juízo a quo, como
cumpridos.
O agravo em recurso extraordinário manejado pelo Instituto
Nacional de Seguro Social – INSS (eDOC. 40) merece ser conhecido, tendo
em vista devidamente impugnados os fundamentos da decisão proferida
pela Vice-Presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, no
entanto, o apelo extremo a que ele se refere não comporta conhecimento
(eDOC. 24).
É que não foi demonstrada, em referido recurso extraordinário
interposto de acórdão cuja publicação se deu após a Emenda Regimental
nº 21, de 30.4.2007, a repercussão geral da matéria constitucional versada
no apelo extremo.
O preenchimento desse requisito demanda a demonstração, no caso
concreto, da existência de questões relevantes do ponto de vista

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econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses


subjetivos do processo (art. 1.035, §§ 1º e 2º, do CPC/2015). A afirmação
genérica da existência de repercussão geral ou a simples indicação de
tema ou precedente desta Suprema Corte são insuficientes para o
atendimento do pressuposto.
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que deficiência
de fundamentação da preliminar acarreta a inadmissibilidade do recurso
extraordinário, mesmo nos casos de repercussão geral presumida ou
reconhecida em outro processo. Nesse sentido:

“QUESTÃO DE ORDEM. RECONHECIMENTO, PELO


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA PRESENÇA DA
REPERCUSSÃO GERAL EM DETERMINADO PROCESSO.
PRELIMINAR FORMAL E FUNDAMENTADA DE
REPERCUSSÃO GERAL NOS OUTROS RECURSOS QUE
TRATEM DO MESMO TEMA. EXIGIBILIDADE.
1. Questão de ordem resolvida no sentido de que o
reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da presença
da repercussão geral da questão constitucional em
determinado processo não exime os demais recorrentes do
dever constitucional e processual de apresentar a preliminar
devidamente fundamentada sobre a presença da repercussão
geral (§ 3º do art. 102 da Constituição Republicana e § 2º do
art. 543-A do CPC).
2. Agravo regimental desprovido.”
(ARE 663.637-AgR-QO/MG, Rel. Min. Ayres Britto,
Tribunal Pleno, DJe 06.5.2013).

“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Repercussão geral não demonstrada. Requisito de
admissibilidade. Precedentes.
1. A ausência de argumentação expressa, formal e
objetivamente articulada pela parte recorrente para
demonstrar, nas razões do recurso extraordinário, a existência
de repercussão geral da matéria suscitada, inviabiliza o exame
do referido recurso mesmo na hipótese de repercussão geral

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presumida ou já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal


em outro feito.
2. Agravo regimental não provido, com imposição de
multa de 1% (um por cento) do valor atualizado da causa (art.
1.021, § 4º, do CPC).
3. Havendo prévia fixação de honorários advocatícios
pelas instâncias de origem, seu valor monetário será majorado
em 10% (dez por cento) em desfavor da parte recorrente, nos
termos do art. 85, § 11, do Código de Processo Civil, observados
os limites dos §§ 2º e 3º do referido artigo e a eventual
concessão de justiça gratuita.”
(ARE 1.135.507-AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal
Pleno, DJe 20.11.2018)

“DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA


DA PRELIMINAR FORMAL DE REPERCUSSÃO GERAL.
REQUISITO RECURSAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 1.035, §§
1º E 2º, DO CPC. REPERCUSSÃO GERAL PRESUMIDA OU
RECONHECIDA EM OUTRO RECURSO NÃO VIABILIZA
APELO SEM A PRELIMINAR FUNDAMENTADA DA
REPERCUSSÃO GERAL. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. As razões do agravo interno não se mostram aptas a
infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
2. Não houve, no recurso extraordinário interposto de
acórdão cuja publicação se deu após a Emenda Regimental nº
21, de 30.4.2007, demonstração da existência de repercussão
geral. Inobservância do art. 1.035, §§ 1º e 2º, do CPC. O
preenchimento desse requisito demanda a efetiva
demonstração, no caso concreto, da existência de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou
jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo
(art. 1.035, §§ 1º e 2º, do CPC). A jurisprudência desta Corte é
firme no sentido de que ausência da preliminar acarreta a
inadmissibilidade do recurso extraordinário, mesmo nos casos
de repercussão geral presumida ou reconhecida em outro
processo.

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3. Agravo interno conhecido e não provido.”


(ARE 1.419.616-AgR/MS, de minha relatoria, Tribunal
Pleno, DJe 05.5.2023)

Na espécie, a autarquia federal, em suas razões recursais, limita-se a


afirmar a presença de repercussão geral da matéria em um único
parágrafo, sem desenvolvimento dialético de fundamentos, referindo-se,
para tanto, a precedente qualificado absolutamente inaplicável ao caso.
Ressalto que a deficiência da preliminar de repercussão geral nas
razões do recurso extraordinário não pode ser suprida por meio de
posterior veiculação nas razões do agravo de instrumento, alcançada pelo
manto da preclusão consumativa.
Em síntese: não conheço do recurso extraordinário manejado pelo
Instituto Nacional de Seguro Social – INSS (eDOC. 24).
No tocante ao apelo extremo interposto pelo INSTITUTO DE GESTÃO
PREVIDENCIÁRIA DO ESTADO DO TOCANTINS – IGEPREV/TO, presentes os
pressupostos recursais intrínsecos e extrínsecos, conheço do recurso e
passo ao exame quanto à existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada.
Inicialmente verifico a existência de questão constitucional.
Em análise no presente caso o direito de servidores não efetivos,
mas estáveis pela regra do art. 19 do ADCT, de serem convertidos ao
regime próprio do Estado de Tocantins, após terem sido aposentados
com vínculo no regime geral de previdência social, sob a
responsabilidade do INSS.
Anoto, desde logo, que a presente discussão jurídica, ao contrário do
sustentado pelo INSS, não se confunde com o objeto do RE 661.256/SC,
Rel. p/ acórdão Min. Dias Toffoli, processado e julgado sob a sistemática da
repercussão geral, no qual se fixou a seguinte tese:

“No âmbito do Regime Geral de Previdência Social -


RGPS, somente lei pode criar benefícios e vantagens
previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito
à 'desaposentação' ou à ‘reaposentação’, sendo constitucional a

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regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91.”

Com efeito, cumpre verificar no presente recurso se possui amparo


constitucional a pretensão da servidora do Estado do Tocantins, com
estabilidade excepcional pelo art. 19 do ADCT, de anular o ato que a
excluiu do regime próprio de previdência estadual e a incluiu no regime
geral de previdência, no qual se aposentou. Por consequência, impõe-se
analisar se sua aposentadoria, concedida no âmbito do RGPS, pode ser
convertida em aposentadoria por tempo de contribuição com proventos
integrais e paridade pelo RPPS, à alegação de que o § 13 do art. 40 da
Constituição da República não a alcança.
Eis os fundamentos da Primeira Turma do Tribunal Regional Federal
da 1ª Região, ao negar provimento aos recursos de apelação e à remessa
necessária e, consequentemente, manter a sentença de procedência:

“O regime jurídico entre a Administração Pública e seus


servidores deve ser único (art. 39 da CF/88), e com o advento da
Emenda Constitucional n. 20, de 1998, determinou-se que aos
servidores titulares de cargo efetivo, nos termos do art. 40,
caput, o regime de previdência passa a ser de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
mas isso apenas a partir da referida emenda, que, como todo
ato legislativo superveniente, deve respeitar o ato jurídico
perfeito, como foi a inclusão anterior dos servidores
estabilizados pelo art. 19 do ADCT no regime próprio de
previdência de Tocantins.
Na redação original da Constituição, no referido art. 40,
havia previsão de que a lei disporia sobre a aposentadoria em
cargos ou empregos temporários (§ 2º), não se inferindo, daí,
que o servidor estável, mas não efetivo e beneficiário do art.
19 do ADCT devesse ser excluído do regime próprio e,
portanto, de que estivesse submetido ao regime geral da
Previdência Social.
(...)

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Depois de muitos anos de contribuição ao sistema de


Previdência do Estado, precisamente em junho de 2001, a Lei
Estadual n. 1.246 excluiu os servidores remanescentes do
Estado de Goiás não efetivos, estabilizados ou não, do seu
regime próprio, transferindo-os para o Regime Geral de
Previdência Social (RGPS), pelo qual muitos servidores se
aposentaram.
(...)
Assim, foram pelo menos 12 anos de contribuição e, como
houve contribuição ao Regime Próprio de Previdência do
Estado de Tocantins, é evidente que esses servidores, ainda que
não efetivados, mas estáveis no serviço público, vinculavam-se
a esse regime, porque, de outro modo, as contribuições seriam
vertidas ao RPPS sem sequer haver expectativa de
contraprestação de benefício pelo mesmo sistema.
(...)
Faz-se necessário, no caso dos autos, a observância dos
princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança,
subprincípios do Estado de Direito, e da consequente
necessidade de estabilidade das situações jurídicas criadas pela
própria Administração ao incluir a parte autora em um regime
próprio de previdência e depois transferi-la para o regime geral.
Entendo que a Lei Estadual n. 1.246/2001 do Estado de
Tocantins, posteriormente revogada pela Lei n. 1.614/2005, que
simplesmente transferiu todos os servidores estabilizados para
o Regime Geral da Previdência Social, é malferidora desse
direito de permanência no Regime Próprio de Previdência do
Estado do Tocantins.
Em verdade, a transferência do RPPS para o RGPS não
poderia operar sem a aquiescência do segurado, porque isso
importa violar o princípio da segurança jurídica, mais
especificamente o princípio da confiança objetiva, porque uma
vez assegurados aos empregados públicos a estabilidade no
serviço público, por mandamento constitucional (art. 19 do
ADCT), e tendo ingressado e permanecido no RPPS por longos
anos, a legislação superveniente findou por alterar as

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consequências jurídicas de uma relação previdenciária há muito


estabilizada, operando uma alteração futura das consequências
esperadas nessa relação jurídica.
(...)
Atualmente, a Lei Estadual n. 2.726/2013 de Tocantins
incluiu como segurados do Regime Próprio de Previdência
Social (RPPS-TO) os servidores remanescentes do antigo
Serviço Público do Estado de Goiás em exercício no Estado de
Tocantins, incluindo o servidor público estabilizado, vale
dizer, o que tenha adquirido este status por efeito do art. 19 do
ADCT, nos termos do art. 1º:
(...)
Essa é mais uma razão para se julgar procedente o pedido
formulado na inicial, porque a injustiça da transferência de
servidores ao RGPS voltou a ser corrigida, mas não alcançou
significativo número de servidores que, no RGPS, se
aposentaram, com proventos desvinculados da remuneração do
cargo (ou emprego) público, sobre o qual contribuíram ao
IGEPREV e nele deveriam permanecer, porque a submissão ao
RPPS não dependia da efetividade no cargo (ou emprego),
mas da estabilidade no serviço público, que lhes foi
assegurada por disposição de quilate constitucional.
(...)
Na verdade, não se trata de desaposentação, como foi
muitíssimo debatido em incontáveis casos e afinal resolvido
pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário n.
661256/SC, mas de simplesmente se fazer retornar ao RPPS do
Tocantins quem foi indevidamente transferido para o RGPS, a
cargo do INSS.
(...)
Tal como o instituto de previdência do Tocantins e o INSS
procederam às compensações financeiras com a transferência
dos servidores do RPPS para o RGPS, assim devem também
proceder às compensações nesse retorno, inclusive
considerando os proventos pagos pelo INSS ao servidor que,
por uma ou outra razão, se aposentou nesse período, cujos

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proventos, atendidos os requisitos previstos na legislação


própria do RPPS deverão ser pagos pelo IGEPREV/TO.”
(eDOC. 15, p. 8, 13-15)

Como se vê, a controvérsia dos autos vincula-se à interpretação do


art. 40 da Carta Política e do art. 19 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, que tratam do regime previdenciário
aplicável aos titulares de cargos efetivos e da norma transitória que
conferiu estabilidade no serviço público aos servidores públicos civis em
exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco
anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada
no art. 37 da Constituição.
Inegável, portanto, a presença de questão constitucional, pois em
discussão a interpretação sistemática dos referidos dispositivos
constitucionais, com a finalidade de definir o regime previdenciário
aplicável aos servidores estabilizados pelo art. 19 do ADCT não
efetivados por concurso público, se o regime próprio de previdência do
Estado a que vinculado o servidor ou se o regime geral de previdência
social.
Quanto à existência de repercussão geral da matéria constitucional
suscitada, desde logo, observo estar presente acentuada relevância
jurídica e econômica na questão constitucional objeto do recurso
extraordinário, a ultrapassar os interesses subjetivos do processo,
porquanto em debate controvérsia solucionada inclusive por precedentes
qualificados desta Suprema Corte, proferidos em controle concentrado de
constitucionalidade, a alcançar relações de trato sucessivo entre
servidores e autarquias previdenciárias.
De outro lado, observo que a definição quanto ao regime de filiação
previdenciária do servidor e a proteção dos seus direitos sociais, se alinha
com os seguintes objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas: promover
o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego
pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos e promover
sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,

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responsáveis e inclusivas em todos os níveis.


De mais a mais, a temática possui expressivo potencial de
multiplicidade, como comprova o alto índice de provimento de recursos
extraordinários similares pelos Ministros desta Suprema Corte levantado
pela Secretaria de Gestão de Precedentes.
No mérito, a jurisprudência desta Suprema Corte consolidou-se no
sentido de que “os servidores abrangidos pela estabilidade excepcional prevista
no art. 19 do ADCT não se equiparam aos servidores efetivos, os quais foram
aprovados em concurso público. Aqueles possuem somente o direito de
permanecer no serviço público nos cargos em que foram admitidos, não tendo
direito aos benefícios privativos dos servidores efetivos (…) Conforme consta do
art. 40 da Constituição Federal, com a redação dada pela EC nº 42/2003,
pertencem ao regime próprio de previdência social tão somente os servidores
titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios, incluídas suas autarquias e fundações” (ARE 1.069.876-AgR/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, DJe 13.11.2017).
Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal, ao julgamento da
ADPF 573/PI, de relatoria do Ministro Roberto Barroso, confirmou o
entendimento, no sentido de que os beneficiados pela estabilidade
excepcional prevista no art. 19 do ADCT não são detentores das
vantagens privativas dos servidores ocupantes de cargo efetivo, o que
afasta a possibilidade de participação no regime próprio de previdência
social, como se observa de sua ementa:

“DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ADPF. LEI


ESTADUAL. TRANSPOSIÇÃO DE REGIME CELETISTA PARA
ESTATUTÁRIO. INCLUSÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS NÃO
CONCURSADOS E DETENTORES DE ESTABILIDADE EXCEPCIONAL NO
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL.
I. Objeto
1. Arguição de descumprimento de preceito fundamental
contra os arts. 8º e 9º da Lei nº 4.546/1992, do Estado do Piauí,
que incluíram no regime próprio de previdência social daquele
ente federativo servidores públicos não admitidos por concurso

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público e aqueles detentores da estabilidade excepcional do art.


19 do ADCT.
II. Preliminares
2. A ADPF é o instrumento processual adequado para
impugnar dispositivos que antecedem a norma constitucional
invocada como paradigma (art. 40, CF, na redação dada pela EC
nº 20/1998), sendo possível que o parâmetro de
inconstitucionalidade reúna normas constitucionais anteriores e
posteriores ao ato questionado.
3. A Lei Complementar estadual nº 13/1994, que dispõe
sobre o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do
Piauí, não explicitou quais categoriais de servidores seriam
abrangidas pelo regime estatutário nem criou qualquer regime
de transição para os servidores admitidos no serviço público
antes da Constituição de 1988 e da EC nº 20/1998. Não houve,
portanto, revogação tácita da Lei Estadual nº 4.546/1992.
4. É possível afastar o óbice de ausência de impugnação do
complexo normativo quando (i) houver relação de
interdependência entre as normas; e (ii) os dispositivos
possuírem teor análogo e a causa de pedir for a mesma.
Precedentes.
III. Mérito
5. Consoante já decidido por esta Corte, admite-se a
transposição do regime celetista para o estatutário apenas para
os servidores admitidos por concurso público e para aqueles
que se enquadrem na estabilidade excepcional do art. 19 do
ADCT. A criação do regime jurídico único previsto na redação
original do art. 39 da CF não prescinde da observância à regra
do concurso público.
6. A jurisprudência do STF é no sentido de que os
beneficiados pela estabilidade excepcional prevista no art. 19
do ADCT não são detentores das vantagens privativas dos
servidores ocupantes de cargo efetivo, o que afasta a
possibilidade de participação no regime próprio de
previdência social. A partir da EC nº 20/1998, o regime próprio
é exclusivo para os detentores de cargo efetivo, os quais foram

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aprovados em concurso público. Precedentes.


IV. Conclusão
7. Interpretação conforme a Constituição do art. 9º da Lei
Estadual nº 4.546/1992, de modo a excluir do regime próprio de
previdência social todos os servidores públicos não detentores
de cargo efetivo, ou seja, aqueles servidores públicos admitidos
sem concurso público, inclusive aqueles abrangidos pelo art. 19
do ADCT. Inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º,
IV, da Lei Estadual nº 4.546/1992.
8. Modulação de efeitos da decisão para ressalvar os
aposentados e aqueles que tenham implementado os requisitos
para aposentadoria até a data da publicação da ata de
julgamento, mantidos estes no regime próprio dos servidores
daquele estado.
9. Pedido julgado parcialmente procedente, com a fixação
da seguinte tese: “1. É incompatível com a regra do concurso
público (art. 37, II, CF) a transformação de servidores celetistas não
concursados em estatutários, com exceção daqueles detentores da
estabilidade excepcional (art. 19 do ADCT); 2. São admitidos no
regime próprio de previdência social exclusivamente os
servidores públicos civis detentores de cargo efetivo (art. 40,
CF, na redação dada pela EC nº 20/98), o que exclui os estáveis
na forma do art. 19 do ADCT e demais servidores admitidos
sem concurso público”.”
(ADPF 573/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno,
DJe 09.3.2023)

Essa diretriz tem sido reiterada em diversas decisões, em casos


idênticos ao presente. Confira-se a propósito: ARE 1.364.531/TO, Rel. Min.
Dias Toffoli, DJe 25.02.2022; ARE 1.381.190/TO, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe
16.5.2022; RE 1.362.166/TO, Rel. Min. Edson Fachin, DJe 21.02.2022; RE
1.364.524/TO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 11.5.2022; RE 1.364.535/TO,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 02.3.2022; RE 1.369.863/TO, Rel. Min.
Roberto Barroso, DJe 22.4.2022; RE 1.381.716/TO, da minha lavra, DJe
04.7.2022; RE 1.392.419/TO, Rel. Min. André Mendonça, RE 1.403.847/TO,
Rel. Min. Nunes Marques, DJe 05.12.2022; RE 1.416.017/TO, Rel. Min.

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Alexandre de Moraes, DJe 02.02.2023; RE 1.421.314/TO, Rel. Min. Luiz Fux,


DJe 28.02.2023; DJe 10.4.2023. Nessa linha, colaciono os seguintes julgados
colegiados:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. SERVIDORA
PÚBLICA APOSENTADA. ESTABILIDADE DO ART. 19 DO
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
TRANSITÓRIAS. IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO
ENTRE SERVIDORES ESTÁVEIS NÃO EFETIVOS E
SERVIDORES EFETIVOS. VINCULAÇÃO AO REGIME
GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. PRECEDENTES.
AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO PARA DAR
PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.”
(RE 1.375.560-AgR/TO, Red. p/ acórdão Min. Cármen
Lúcia, Primeira Turma, DJe 04.7.2022)

“Agravo regimental em recurso extraordinário.


Administrativo. Servidores públicos detentores da estabilidade
excepcional do art. 19 do ADCT. Inclusão no regime próprio de
previdência social. Impossibilidade. Precedentes.
1. Os servidores abrangidos pela estabilidade excepcional
prevista no art. 19 do ADCT não se equiparam aos servidores
efetivos, os quais foram aprovados em concurso público.
Aqueles possuem somente o direito de permanecer no serviço
público nos cargos em que foram admitidos, não tendo direito
aos benefícios privativos dos servidores efetivos.
2. Conforme consta do art. 40 da Constituição Federal,
com a redação dada pela EC nº 42/03, pertencem ao regime
próprio de previdência social tão somente os servidores
titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios, inclusive de suas autarquias e
fundações.
3. Agravo regimental provido para se dar provimento ao
recurso extraordinário, sem condenação ao pagamento de
custas ou de honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da

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Lei nº 9.099/95.”
(RE 1.381.167-AgR/TO, Red. p/ acórdão Min. Dias Toffoli,
Primeira Turma, DJe 05.9.2022)

Vale ressaltar que, na sessão virtual realizada entre 19.5.2023 e


26.5.2023, o Plenário desta Suprema Corte, ao exame do RE 1.380.122-
AgR-EDv/TO, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, pendente de
publicação, hipótese rigorosamente idêntica à veiculada nestes autos, deu
provimento aos embargos de divergência, para afastar a possibilidade de
servidores do Estado de Tocantins, remanescentes do Estado de Goiás,
vincularem-se ao regime próprio de previdência social.
Vê-se, portanto, que o Tribunal a quo afastou-se da jurisprudência
pacífica, uniforme, estável, íntegra e coesa desta Suprema Corte a respeito
do tema.
A racionalização da prestação jurisdicional por meio do instituto da
repercussão geral provou-se hábil meio de realização do direito
fundamental do cidadão a uma tutela jurisdicional mais célere e mais
eficiente. O sistema de gestão qualificada de precedentes garante, ainda,
maior segurança jurídica ao jurisdicionado, ao permitir que o
entendimento desta Suprema Corte, nos temas de sua competência, seja
uniformemente aplicado por todas as instâncias judiciais e em todas as
unidades da federação.
Desse modo, com o fito de evitar um desnecessário empenho da
máquina judiciária na prolação de inúmeras decisões idênticas sobre o
mesmo tema, além de salvaguardar os já referidos princípios
constitucionais informadores da atividade jurisdicional, submeto a
questão em análise à sistemática da repercussão geral, para que se lhe
imprimam os efeitos próprios do instituto.
Diante da uníssona jurisprudência deste Supremo Tribunal a
respeito, proponho, ainda, sua reafirmação, mediante o enunciado da
seguinte tese:

“Somente os servidores públicos civis detentores de cargo


efetivo (art. 40, CF, na redação dada pela EC 20/98) são

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vinculados ao regime próprio de previdência social, a excluir os


estáveis nos termos do art. 19 do ADCT e os demais servidores
admitidos sem concurso público.”

Ante o exposto, reconheço o caráter constitucional e a repercussão


geral da controvérsia trazida neste recurso extraordinário e proponho a
reafirmação da jurisprudência, mediante fixação da tese acima enunciada,
submetendo o tema aos eminentes pares.
Com base na fundamentação acima, não conheço do recurso
extraordinário do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, dou
provimento ao recurso extraordinário do Instituto de Gestão
Previdenciária do Estado do Tocantins – IGEPREV/TO, para julgar
improcedentes os pedidos formulados na inicial. Invertidos os ônus da
sucumbência, observada eventual concessão dos benefícios da gratuidade
da justiça.
Brasília, 31 de maio de 2023.
Ministra Rosa Weber
Presidente

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