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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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02/10/2023 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.372.723 R IO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


RECTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
RECDO.(A/S) : CARLOS ROBERTO GINESTE
ADV.(A/S) : JOSE MOACIR RIBEIRO NETO
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO
PREVIDENCIÁRIO - IBDP
ADV.(A/S) : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN
AM. CURIAE. : SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES
FEDERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA - SINASEFE NACIONAL
ADV.(A/S) : JOSÉ LUIS WAGNER

EMENTA

Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tema nº 1.224.


Constitucional. Administrativo. Reajuste de proventos dos servidores
públicos federais inativos e de pensionistas. Benefício concedido no
período anterior à Lei nº 11.784/08. Índices aplicáveis ao RGPS.
Orientação normativa do Ministério da Previdência Social autorizada
pela Lei nº 9.717/98. Precedentes.
1. É aplicável aos servidores públicos federais inativos e a seus
pensionistas o índice do Regime Geral da Previdência Social no período
que antecedeu a regulamentação da Lei nº 11.784/08, conforme previsão
nas Orientações Normativas nºs 3/04 e 01/07 do Ministério da Previdência
Social, expedidas por autorização da Lei nº 9.717/98. Precedentes.
2. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento.
3. Tese fixada para o Tema nº 1.224: “É constitucional o reajuste de
proventos e pensões concedidos a servidores públicos federais e seus
dependentes não beneficiados pela garantia de paridade de revisão pelo
mesmo índice de reajuste do regime geral de previdência social (RGPS),
previsto em normativo do Ministério da Previdência Social, no período

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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RE 1372723 / RS

anterior à Lei 11.784/2008”.


ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual do Plenário de 22 a 29/9/23,
na conformidade da ata do julgamento e nos termos do voto do Relator,
Ministro Dias Toffoli, por unanimidade de votos, em negar provimento
ao recurso extraordinário e fixar a seguinte tese de repercussão geral para
o Tema nº 1.224, conforme redação proposta pelo Ministério Público
Federal: "É constitucional o reajuste de proventos e pensões concedidos a
servidores públicos federais e seus dependentes não beneficiados pela
garantia de paridade de revisão pelo mesmo índice de reajuste do regime
geral de previdência social (RGPS), previsto em normativo do Ministério
da Previdência Social, no período anterior à Lei 11.784/2008".

Brasília, 2 de outubro de 2023.

Ministro Dias Toffoli


Relator

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.372.723 R IO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


RECTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
RECDO.(A/S) : CARLOS ROBERTO GINESTE
ADV.(A/S) : JOSE MOACIR RIBEIRO NETO
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO
PREVIDENCIÁRIO - IBDP
ADV.(A/S) : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN
AM. CURIAE. : SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES
FEDERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA - SINASEFE NACIONAL
ADV.(A/S) : JOSÉ LUIS WAGNER

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


Trata-se de recurso extraordinário interposto pela União com fulcro
no art. 102, inciso III, alínea a, da Constituição Federal contra acórdão
mediante o qual o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou
provimento à apelação da União interposta contra a sentença que
declarou

“o direito da parte autora à correção da pensão por morte


no período de junho 2006 (início pagamento benefício) até a
edição da Medida Provisória nº 431/08 (14/05/2008), pelos
índices aplicados ao reajuste dos benefícios concedidos no
âmbito do Regime Geral de Previdência Social”.

O acórdão recorrido foi assim ementado:

“ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS


FEDERAIS. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. PENSÃO
POR MORTE. REAJUSTE PELOS ÍNDICES DO RGPS.

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PRESCRIÇÃO.
1. Em se tratando de pedido de aplicação de reajustes em
proventos de aposentadorias e pensões, não ocorre a prescrição
de fundo de direito, mas,sim, das parcelas vencidas, contado o
prazo da data do ajuizamento da ação, nos termos do art. 1° do
Decreto 20.910/32.
2. Nos termos do artigo 15 da Lei n.º 10.887/2004, com a
redação dada pela Lei n.º 11.784/2008, as aposentadorias e
pensões do regime de previdência próprio, não contemplados
pela garantia de paridade/integralidade (concedidas com
fundamento no artigo 40, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal,
com a redação dada pela Emenda Constitucional n.º 41/2003, e
no artigo 2º da Emenda Constitucional n.º 41/2003), devem ser
reajustadas na mesma data e pelo mesmo índice concedido aos
benefícios do Regime Geral da Previdência Social - RGPS.”

Opostos embargos de declaração, foram eles rejeitados.


A recorrente alega, nas razões do recurso extraordinário (doc 115),
ofensa ao art. 40, caput, §§ 4º, 8º e 12; ao art. 61, § 1º, inciso II, alínea a; ao
art. 169, 1º; ao art. 195, § 5º; e ao art. 201, caput, da Constituição Federal,
bem como ao art. 2º da Emenda Constitucional nº 41/03.
Aduz que o reajustamento previsto no § 8º do art. 40 da Constituição
não opera efeitos imediatos para seus beneficiários. Assim, afirma que

“a pretensão da parte autora, ora recorrida, esbarra na


inexistência de legislação que previsse o índice de reajuste a ser
concedido aos proventos e pensões tratados pela Lei nº
10.887/2004”.

Assevera que

“o parágrafo único do art. 65 da Orientação Normativa


MPS/SPS n° 3, de 13-08-2004, e o parágrafo único do art. 73 da
Orientação Normativa MPS/SPS n° 01, de 23-01-2007, padecem
do vício de inconstitucionalidade, razão pela qual improcedem

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integralmente os pedidos”.

Defende que o reajustamento dos benefícios foi reconhecido “sem


qualquer contrapartida orçamentária previamente fixada pelo ente que
suportará os efeitos financeiros e o impacto das majorações que se
postulam na lide”.
Afirma, outrossim, que a parte autora só teria

“direito a alguma parcela pretérita a título de reajuste


dos proventos de pensão pelos índices de reajuste dos
benefícios do RGPS se o próprio legislador, mediante Lei,
expressamente, lhe contemplasse com este seu interesse,
concedendo-lhe revisão retroativa”.

Informa, ainda, a recorrente que ajuizou ação rescisória a fim de


reverter o julgado proferido no bojo do MS nº 25.871, no qual se ampara o
recorrido para obter o reajustamento do benefício percebido. Diz que a
referida ação rescisória foi ajuizada

“junto ao Supremo Tribunal Federal, a qual tramita sob nº


2186, para buscar a reversão da decisão, tendo em vista que
inobservado, entre outros aspectos, o § 4º do art. 1º da Lei n°
8.437/92 quando do deferimento da medida liminar pela
Suprema Corte, o que culminou por contaminar todo o
processo, tendo em conta que correu inteiramente à revelia da
atuação da representação judicial da União”.

Por fim, requer

“a reforma do v. decisum, nos termos acima postulados, a


fim de que seja julgado totalmente improcedente o pedido
articulado na petição inicial, com inversão dos ônus
sucumbenciais, dado respeitado o princípio da legalidade”.

O recorrido apresentou contrarrazões (doc 123), sustentando a

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ausência de prequestionamento explícito da matéria e o caráter


infraconstitucional das questões debatidas no presente feito.
Interposto recurso especial, foi sobrestado na origem, ante a
admissão do presente recurso extraordinário como representativo de
controvérsia.
O STF reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada (Tema nº 1.224) em acórdão assim ementado:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPRESENTATIVO


DA CONTROVÉRSIA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
PÚBLICO FEDERAL. APOSENTADORIAS E PENSÕES
CONCEDIDAS SEM PARIDADE COM SERVIDORES DA
ATIVA. LEI 10.887/2004. ALTERAÇÃO PELA LEI
11.784/2008. REAJUSTE PELOS ÍNDICES DO REGIME
GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RGPS.
CONTROVÉRSIA SOBRE O ÍNDICE APLICÁVEL NO
PERÍODO ANTERIOR À LEI 11.784/2008. ARTIGO 40, § 8º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NA REDAÇÃO DA
EMENDA CONSTITUCIONAL 41/2003. MULTIPLICIDADE
DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. PAPEL
UNIFORMIZADOR DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL.
MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO
GERAL.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou
constitucional aquestão. O Tribunal, por unanimidade,
reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada.”

Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal apresentou


parecer assim ementado:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


SEGURIDADE SOCIAL. PREVIDENCIÁRIO. REPERCUSSÃO
GERAL. TEMA 1224. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA

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SOCIAL (RPPS). SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL.


PROVENTOS E PENSÕES SEM GARANTIA DE PARIDADE.
PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE BENEFÍCIOS.
APLICAÇÃO. REAJUSTE PERIÓDICO. ART. 194,
PARÁGRAFO ÚNICO C/C ART. 40, § 8º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. ÍNDICE APLICÁVEL DE 2004 A 2007. PREVISÃO
NA LEI REGULAMENTADORA (LEI 10.887/2004). AUSÊNCIA.
LACUNA SUPRIDA POR ORIENTAÇÕES NORMATIVAS.
MESMO ÍNDICE DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL (RGPS). POSSIBILIDADE. DELEGAÇÃO. ART. 9º,
I, DA LEI 9.717/1998. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. REAFIRMAÇÃO. DESPROVIMENTO
DO RECURSO. FIXAÇÃO DE TESE.
1. Recurso extraordinário, leading case do Tema 1224
da sistemática de Repercussão Geral: “Reajuste de proventos
e pensões concedidos a servidores públicos federais e seus
dependentes não beneficiados pela garantia de paridade de
revisão, pelo mesmo índice de reajuste do regime geral de
previdência social (RGPS), previsto em normativo do Ministério
da Previdência Social, no período anterior à Lei 11.784/2008”.
2. A irredutibilidade dos benefícios previdenciários é
princípio constitucional da seguridade social, fundado na
segurança jurídica e que assegura, aos servidores ativos,
aposentados e pensionistas do serviço público “o reajustamento
dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei” (art. 40, § 8º
da Constituição Federal).
3. O art. 15 da Lei 10.887/2004, ao regulamentar o art. 40, §
8º da Constituição Federal, deixou de dispor sobre o índice
aplicável aos reajustes dos benefícios de aposentadoria e
pensões do serviço público federal entre os anos 2004 e 2007,
razão pela qual o Ministério da Previdência Social supriu a
lacuna normativa no período, valendo-se de orientações
normativas decorrentes de delegação por meio do art. 9º, I, da
Lei 9.717/1998.
4. O art. 65, parágrafo único, da Orientação Normativa

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MPS/SPS 03/2004 e o art. 73, parágrafo único, da Orientação


Normativa MPS/SPS 01/2007 foram legalmente editados por
delegação da Lei 9.717/1998 e efetivaram o princípio da
irredutibilidade dos benefícios.
5. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de que, no referido período, aplica-se o mesmo índice
de reajuste dos benefícios do RGPS ao reajuste dos benefícios de
aposentadorias e pensões do RPPS, sem paridade/integralidade.
— Parecer pelo desprovimento do recurso extraordinário, com
reafirmação de jurisprudência, fixando-se a seguinte tese: “É
constitucional o reajuste de proventos e pensões concedidos a
servidores públicos federais e seus dependentes não
beneficiados pela garantia de paridade de revisão, pelo mesmo
índice de reajuste do regime geral de previdência social (RGPS),
previsto em normativo do Ministério da Previdência Social, no
período anterior à Lei 11.784/2008.”

É o relatório.

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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.372.723 R IO GRANDE DO SUL

VOTO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


Como relatado, o presente tema de repercussão geral está bem
delimitado. Ele versa sobre a possibilidade de reajuste de proventos e
pensões concedidos a servidores públicos federais e seus dependentes
não beneficiados pela garantia de paridade de revisão pelo mesmo índice
de reajuste do regime geral de previdência social (RGPS), previsto em
normativo do Ministério da Previdência Social, no período anterior à Lei
11.784/08.
A pretensão foi reconhecida com o fundamento nas Orientações
Normativas nº 3/04 e nº 01/07, expedidas pelo Ministério da Previdência
Social com amparo na Lei nº 9.717/98.
Ao reconhecer a relevância econômica e social do presente tema de
repercussão geral, assim se manifestou o Ministro Luiz Fux, então
Presidente da Corte:

“De outro lado, o estabelecimento de índice de reajuste de


aposentadorias e pensões no âmbito da União, por meio de ato
normativo infralegal expressamente apoiado em lei
regulamentadora dos regimes próprios de previdência social
dos servidores públicos (Lei 9.717/1998), acentua justa
expectativa de legalidade e constitucionalidade dos atos da
administração em prol dos jurisdicionados. Portanto, a solução
da presente lide promove, de uma só vez, a sujeição ao Estado
de Direito e a eficácia, a transparência e a responsabilidade das
instituições públicas, consoante o objetivo de desenvolvimento
sustentável 16 (ODS 16), previsto na Agenda 2030 das Nações
Unidas.”

Acrescentou o Ministro Luiz Fux o seguinte:

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“Releva notar que, no julgamento do Mandado de


Segurança 25.871, Relator o Ministro Cezar Peluso, o Plenário
do Supremo Tribunal Federal concluiu que as aposentadorias
dos servidores públicos federais e as pensões concedidas a
seus dependentes deveriam ser reajustadas pelos índices
aplicáveis ao RGPS, nos termos da Orientação Normativa nº
3/2004, do Ministério da Previdência Social, em atenção ao
disposto no artigo 40, § 8º, da Constituição Federal e na Lei
9.717/1998, sem contradição com a Lei 10.887/2004.”

Como se sabe, o art. 40, § 4º, da Constituição Federal, em sua redação


original, previa a paridade e a integralidade para os servidores ativos e
inativos, de modo que, sempre que se modificava a remuneração dos
servidores em atividade, o reajuste se aplicava aos aposentados e
pensionistas. A Emenda Constitucional 41/03 extinguiu a paridade e a
integralidade dos servidores ativos e inativos, mas assegurou no § 8º do
art. 40 da Constituição Federal “o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
estabelecidos em lei”.
Por sua vez, o art. 15 da Lei nº 10.887/04, ao prever que os proventos
de aposentadoria e as pensões dos servidores públicos concedidas com
base no art. 40 da Constituição e no art. 2º da EC 41/03 seriam reajustados
na mesma data do reajuste dos benefícios do regime geral de previdência
social, nada dispôs sobre os índices a serem aplicados no reajuste anual. A
omissão perdurou até a edição da Medida Provisória nº 431/08,
convertida na Lei nº 11.784/08.
A Orientação Normativa nº 3/04, confirmada pelo art. 73 da
Orientação Normativa nº 1 (de 23/1/07), com amparo no art. 9º, inciso I,
da Lei nº 9.717/98, assim dispôs:

“Art. 65. Os benefícios de aposentadoria e pensão, de que


tratam os art. 47,48, 49, 50, 51, 54 e 55 serão reajustados para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, na mesma
data em que se der o reajuste dos benefícios do RGPS, de
acordo com a variação do índice definido em lei pelo ente

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federativo.
Parágrafo único. Na ausência de definição do índice de
reajustamento pelo ente, os benefícios serão corrigidos pelos
mesmos índices aplicados aos benefícios do RGPS.”

Em suma, o assunto em questão diz respeito ao pleito de reajuste de


benefício previdenciário do Regime Próprio de Previdência Social entre
os anos de 2004 a 2008 nos mesmos índices dos reajustes concedidos aos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), com
fundamento nos ditames do art. 15 da Lei nº 10.887, de 18 de junho de
2004, antes do advento da Lei nº 11.784, de 22 de setembro de 2008, a ser
aplicada somente nos casos em que não haja a paridade entre ativos e
inativos.
O argumento levantado pela União de não haver lei ou ato
normativo específico que determine a correção dos benefícios,
justificativa utilizada para sistematicamente se recusar a reajustar os
proventos e as pensões dos servidores públicos federais no período
anterior à Lei nº 11.784/08, não se sustenta frente à reiterada
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
Nesse sentido foi o parecer do Ministério Público Federal, no qual o
Parquet requer a reafirmação da jurisprudência da Corte, conforme
ementa a seguir:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


SEGURIDADE SOCIAL. PREVIDENCIÁRIO. REPERCUSSÃO
GERAL. TEMA 1224. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL (RPPS). SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL. PROVENTOS
E PENSÕES SEM GARANTIA DE PARIDADE. PRINCÍPIO DA
IRREDUTIBILIDADE DE BENEFÍCIOS. APLICAÇÃO.
REAJUSTE PERIÓDICO. ART. 194, PARÁGRAFO ÚNICO C/C
ART. 40, § 8º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ÍNDICE
APLICÁVEL DE 2004 A 2007. PREVISÃO NA LEI
REGULAMENTADORA (LEI 10.887/2004). AUSÊNCIA.
LACUNA SUPRIDA POR ORIENTAÇÕES NORMATIVAS.
MESMO ÍNDICE DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA

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SOCIAL (RGPS). POSSIBILIDADE. DELEGAÇÃO. ART. 9º, I,


DA LEI 9.717/1998. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. REAFIRMAÇÃO. DESPROVIMENTO
DO RECURSO. FIXAÇÃO DE TESE. 1. Recurso extraordinário,
leading case do Tema 1224 da sistemática de Repercussão Geral:
“Reajuste de proventos e pensões concedidos a servidores
públicos federais e seus dependentes não beneficiados pela
garantia de paridade de revisão, pelo mesmo índice de reajuste
do regime geral de previdência social (RGPS), previsto em
normativo do Ministério da Previdência Social, no período
anterior à Lei 11.784/2008”. 2. A irredutibilidade dos benefícios
previdenciários é princípio constitucional da seguridade social,
fundado na segurança jurídica e que assegura, aos servidores
ativos, aposentados e pensionistas do serviço público 'o
reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em
lei' (art. 40, § 8º da Constituição Federal). 3. O art. 15 da Lei
10.887/2004, ao regulamentar o art. 40, § 8º da Constituição
Federal, deixou de dispor sobre o índice aplicável aos reajustes
dos benefícios de aposentadoria e pensões do serviço público
federal entre os anos 2004 e 2007, razão pela qual o Ministério
da Previdência Social supriu a lacuna normativa no período,
valendo-se de orientações normativas decorrentes de delegação
por meio do art. 9º, I, da Lei 9.717/1998. 4. O art. 65, parágrafo
único, da Orientação Normativa MPS/SPS 03/2004 e o art. 73,
parágrafo único, da Orientação Normativa MPS/SPS 01/2007
foram legalmente editados por delegação da Lei 9.717/1998 e
efetivaram o princípio da irredutibilidade dos benefícios. 5. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de
que, no referido período, aplica-se o mesmo índice de reajuste
dos benefícios do RGPS ao reajuste dos benefícios de
aposentadorias e pensões do RPPS, sem
paridade/integralidade. — Parecer pelo desprovimento do
recurso extraordinário, com reafirmação de jurisprudência,
fixando-se a seguinte tese: 'É constitucional o reajuste de
proventos e pensões concedidos a servidores públicos federais e

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seus dependentes não beneficiados pela garantia de paridade


de revisão, pelo mesmo índice de reajuste do regime geral de
previdência social (RGPS), previsto em normativo do Ministério
da Previdência Social, no período anterior à Lei 11.784/2008.'”

Com efeito, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento


do MS nº 25.871/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 4/4/08, fixou o
entendimento de que os servidores públicos federais inativos fazem jus
ao reajuste anual de seus proventos segundo o índice do Regime Geral da
Previdência Social, nos termos do art. 40, § 8º, da Constituição Federal; do
art. 15 da Lei nº 10.887/04 e do art. 65, caput e parágrafo único, da
Orientação Normativa nº 3/04 do Ministério da Previdência Social, no
período em questionamento. O julgado recebeu a seguinte ementa:

“1. MANDADO DE SEGURANÇA. Legitimidade. Passiva.


Tribunal de Contas da União - TCU. Caracterização. Servidor
público aposentado desse órgão. Proventos. Pedido de ordem
para reajuste e pagamento. Verba devida pelo Tribunal a que
está vinculado o funcionário aposentado. Efeito jurídico
eventual de sentença favorável que recai sobre o TCU.
Aplicação do art. 185, § 1º, da Lei Federal nº 8.112/90.
Preliminar repelida. O Tribunal de Contas da União é parte
passiva legítima em mandado de segurança para obtenção de
reajuste de proventos de servidor seu que se aposentou. 2.
SERVIDOR PÚBLICO. Funcionário aposentado. Proventos.
Reajuste ou reajustamento anual. Exercício de 2005. Índice.
Falta de definição pelo TCU. Adoção do índice aplicado aos
benefícios do RGPS. Direito líquido e certo ao reajuste. MS
concedido para assegurá-lo. Aplicação do art. 40, § 8º, da CF, cc.
art. 9º da Lei nº 9.717/98, e art. 65, § único, da Orientação
Normativa nº 3 de 2004, do Ministério da Previdência Social.
Inteligência do art. 15 da Lei nº 10.887/2004. Servidor
aposentado do Tribunal de Contas da União tem direito líquido
e certo a reajuste dos proventos na ordem de 5,405%, no
exercício de 2005.”

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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

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Nesse sentido, transcrevo a fundamentação deduzida no voto


condutor do referido MS nº 25.871/DF, in verbis:

“O art. 9º da Lei federal nº 9.717, de 27 de novembro de


1998, que dispõe sobre regrais gerais para a organização e o
funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos
servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, estatui:

‘Art. 9º. Compete à União, por intermédio do


Ministério da Previdência e Assistência Social: I – a
orientação, supervisão e o acompanhamento dos regimes
próprios de previdência social dos servidores públicos e
dos militares da União, dos Estados do Distrito Federal e
dos Municípios, e dos Fundos a que se refere o art. 6º, para
o fiel cumprimento dos dispositivos desta Lei’.

Vê-se, pois, que tal norma delegou competência ao


Ministério da Previdência Social, para o estabelecimento de
regras gerais atinentes ao regime previdenciário, sem nenhuma
ofensa ao § 8º do art. 40 da Constituição da República, que
alude apenas a critérios legais de reajustamento, e não, à
competência para fixação de índices e, muito menos, ao art. 61,
§ 1º, ‘c’, que em nada se entende com reajuste de proventos.
Já a Lei federal nº 10.887, de 18 de junho de 2004,
regulamentando as disposições da Emenda Constitucional nº 41
e prescrevendo critério de reajuste, essa tão só cuidou de
prever, no art. 15, que os benefícios, como os do autor,
concedidos da forma do § 2º da Emenda, ‘serão reajustados na
mesma data em que se der o reajuste dos benefícios do regime
geral de previdência social’. Nada proveu a respeito dos
índices.
Autorizado pela Lei nº 9.717/98 e sem nenhuma
contradição com a Lei nº 10.887/2004, o Ministério da
Previdência Social editou a Orientação Normativa nº 3, de 13 de

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agosto de 2004, que tratou de preencher tal lacuna, nos


seguintes termos:

'Art. 65. Os benefícios de aposentadoria e pensão, de


que tratam os arts. 47, 48, 50, 51, 54 e 55 serão reajustados
para preservar-lhes, em caráter permanente, os valores
reais, na mesma data em que se der o reajuste dos
benefícios do RGPS, de acordo com a variação do índice
definido em lei pelo ente federativo.
Parágrafo único. Na ausência de definição do índice
de reajustamento pelo ente, os benefícios serão corrigidos
pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do RGPS’.

Coube, ao depois, à Portaria MPS nº 822, de 11 de maio


de 2005 (fls. 18/20), fixar o percentual aplicável a cada caso (art.
1º, § 1º, e Anexo I).
Registre-se, aliás, que, no âmbito do Judiciário, os
proventos e as pensões foram corrigidos, no exercício de 2005,
com base em tais normas, como se extrai, exemplificativamente,
do Proc. nº 319.522/2004, deste Supremo, do Proc. nº 4228/2004,
do Superior Tribunal de Justiça, e do Proc. Adm. nº 2005163229,
do Conselho da Justiça Federal.
De modo que tem, o impetrante, direito subjetivo, líquido
e certo, ao reajuste anual pleiteado, segundo o índice do Regime
Geral da Previdência Social.”

É certo que, como destacou a recorrente, foi ajuizada a Ação


Rescisória nº 2.186 com pretensão de revisar o decisum proferido no bojo
do citado mandado de segurança. No entanto, é certo também que o
então Relator, Ministro Ricardo Lewandowski, julgou procedente em
parte o pedido, apenas para

“que, rescindido o trânsito em julgado, reconhecer a


nulidade de todos os atos posteriores à concessão da ordem no
Mandado de Segurança 25.871/DF, com a determinação de
intimação das partes e reabertura de prazo para eventual

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Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 33

RE 1372723 / RS

interposição de recursos” (DJe de 24/3/22).

Diante disso, o Ministro Alexandre de Moraes, Relator do MS nº


25.871/DF, em cumprimento ao que foi decidido na ação rescisória,
determinou a republicação do acórdão proferido pelo Plenário da Corte, o
que se deu em 12 de junho de 2023.
A União opôs embargos de declaração e juntou a Nota Técnica SEI nº
19021/2023/MGI, na qual argumenta não ser devido o reajustamento dos
benefícios concedidos sem paridade na forma do § 8º do art. 40, da
Constituição Federal, tendo em vista a ausência “de definição legal, ou
seja, a regra ali contida não operava efeitos imediatos para os seus
beneficiários”. Ademais, transcreve como fundamentação a Nota Técnica
nº 57/2008/COGES/DENOP/SRH/MP, na qual a então Secretaria de
Recursos Humanos do extinto Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão tratou da possibilidade de reajuste. Segue trecho da nota:

“5. Com efeito, o reajustamento de que trata o § 8º do art.


40, tem por finalidade preservar em caráter permanente, o valor
real, dos benefícios de aposentadoria e pensão conforme
critérios em lei. Acontece que a Lei nº 10.887, de 18 de junho de
2004, que dispôs sobre a aplicação da Emenda Constitucional nº
41, de 2003 e sobre os dispositivos da Lei nº 9.717, de 1998, Lei
nº 8.213, de 1991 e 9.532, de 1997, restou ineficaz para tal fim,
haja vista o seu art. 15 ter estabelecido apenas a data em que os
benefícios seriam atualizados, inviabilizando com isso a
correção dos proventos concedidos com fundamento no art. 40
da Emenda Constitucional nº 41, de 2003 (nova redação) e no
art. 2º da mesma Emenda.
6. Com o advento da Medida Provisória nº 431, de 14 de
maio de 2008, a correção dos valores dos benefícios de
aposentadoria e pensões passam a ser corrigidos sempre na
mesma data e nos mesmos índices utilizados para o
reajustamento dos benefícios do RGPS, conforme a nova
redação do art. 15, da Lei nº 10.887, de 2004, trazida pelo art.
171 da referida medida Provisória.

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(...)
8. Por sua vez, a correção de que trata o art. 15 far-se-á,
observando-se os índices fixados na Portaria Interministerial
MPS/MF nº 77, de 11 de março de 2008, considerando que os
benefícios concedidos no período correspondente a 20 de
fevereiro de 2004 a 31 de janeiro de 2008, serão reajustados no
percentual de 1,20% (um inteiro e vinte décimos por cento), e
os benefícios concedidos no curso do mês de fevereiro de 2008,
serão corrigidos pelo percentual de 0,51% (cinqüenta e um
centésimos por cento). Os benefícios concedidos a partir de
março de 2008 serão corrigidos quando da publicação dos
índices para reajustes de benefícios do RGPS no ano de 2009.
9. Considerando que o valor dos proventos não poderá ser
inferior ao valor do salário mínimo (§ 5º do art. 1º da Lei nº
10.887, de 2004), os benefícios cujos valores foram
equiparados ao valor do salário mínimo também serão
reajustados no percentual de 1,20%, desde que tal equiparação
tenha se dado até 31 de janeiro de 2008.”

Ora, ao se considerar a possibilidade de reajustamento dos


benefícios concedidos no período correspondente a 20 de fevereiro de
2004 a 31 de janeiro de 2008, de acordo com o percentual de 1,20% (um
inteiro e vinte décimos por cento), claramente está se reconhecendo que,
mesmo na ausência de um índice específico na Lei nº 10.887/04, haveria a
possibilidade de o ato normativo infralegal fixar tal índice.
Na mesma linha do MS nº 25.871 ‒ pendente de apreciação de
embargos de declaração ‒ citem-se julgados de ambas as Turmas que,
amparadas no citado precedente, chancelaram o reajuste do benefício
previdenciário percebido por servidor público federal, nos termos da
Orientação Normativa ora confrontada. Vejamos:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVIDOR
PÚBLICO FEDERAL. REAJUSTE. PERÍODO ANTERIOR À LEI
Nº 11.784/2008. ADOÇÃO DO ÍNDICE APLICADO AO RGPS.

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DECISÃO ALINHADA À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL. DESPROVIMENTO.
1. O Plenário desta Corte assentou que as aposentadorias
dos servidores públicos e as pensões dos respectivos
dependentes devem ser reajustadas pelos índices aplicados aos
benefícios do regime geral de previdência social no período
anterior à Lei nº 11.748/2008 (MS 25.871, Rel. Min. Cezar
Peluso). Precedentes.
2. Agravo interno a que se nega provimento” (ARE nº
716.269/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de
13/10/17).

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282
E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DECISÃO
ALINHADA À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. 1. O Juízo de origem não analisou a questão
constitucional veiculada, não tendo sido esgotados todos os
mecanismos ordinários de discussão, INEXISTINDO, portanto,
o NECESSÁRIO PREQUESTIONAMENTO EXPLÍCITO, que
pressupõe o debate e a decisão prévios sobre o tema jurígeno
constitucional versado no recurso. Incidência das Súmulas 282 e
356 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 2. É firme a
jurisprudência desta CORTE no sentido de que as
aposentadorias dos servidores públicos e as pensões de seus
dependentes devem ser reajustadas pelos mesmos índices
aplicados aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
até a edição da Lei 11.784/2008. 3. Agravo Interno a que se nega
provimento” (RE nº 1.1130/297/SC, Primeira Turma, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, DJe de 19/9/18).

“Agravo regimental em recurso extraordinário. Servidor


público. Benefício Previdenciário. Reajuste anual. Período
anterior à alteração do art. 15 da Lei nº 10.887/04 pela Lei nº 11.
748/08. Índice aplicado ao Regime Geral de Previdência Social

10

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RE 1372723 / RS

(RGPS). Ausência de ofensa ao art. 40, § 8º, da Constituição


Federal. Precedentes. Agravo regimental não provido” (ARE nº
630.469/AL, Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de 6/8/14).

Nesse mesmo sentido vão as seguintes decisões monocráticas: ARE


nº 1.414.372/SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 16/12/22; ARE
nº 1.413.291/SP, de minha relatoria, DJe de 16/12/22; ARE nº 1.380.310/RS,
Rel. Min. André Mendonça, DJe de 30/5/22; ARE nº 1.377.055/RS, Rel.
Min. Rosa Weber, DJe de 25/4/22. RE nº 1.362.278/RS, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe de 17/4/22; ARE nº 1.364.048/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia,
DJe de 4/3/22; ARE 1.372.685/DF, Rel. Min. Nunes Marques, DJe de
8/4/22; ARE nº 1.331.131/RS, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 26/6/21; ARE
nº 1.264.401/RS; Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 27/4/20.

DISPOSITIVO
Diante do exposto, nego provimento ao recurso extraordinário e
proponho a seguinte tese de repercussão geral para o Tema nº 1.224,
conforme redação proposta pelo Ministério Público Federal:

“É constitucional o reajuste de proventos e pensões


concedidos a servidores públicos federais e seus dependentes
não beneficiados pela garantia de paridade de revisão pelo
mesmo índice de reajuste do regime geral de previdência social
(RGPS), previsto em normativo do Ministério da Previdência
Social, no período anterior à Lei 11.784/2008.”

É como voto.

11

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Voto Vogal

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02/10/2023 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.372.723 R IO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


RECTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
RECDO.(A/S) : CARLOS ROBERTO GINESTE
ADV.(A/S) : JOSE MOACIR RIBEIRO NETO
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO
PREVIDENCIÁRIO - IBDP
ADV.(A/S) : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN
AM. CURIAE. : SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES
FEDERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA - SINASEFE NACIONAL
ADV.(A/S) : JOSÉ LUIS WAGNER

VOTO

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES: Sr.


Presidente, temos para exame o Tema 1224 da repercussão geral, assim
descrito:

Reajuste de proventos e pensões concedidos a servidores


públicos federais e seus dependentes não beneficiados pela
garantia de paridade de revisão, pelo mesmo índice de reajuste
do regime geral de previdência social (RGPS), previsto em
normativo do Ministério da Previdência Social, no período
anterior à Lei 11.784/2008.

Cuida-se de Recurso extraordinário interposto pela UNIÃO, no qual


se discute a possibilidade, ou não, de aposentadorias dos servidores
públicos e de pensões dos respectivos dependentes, concedidas sem
paridade com os valores dos servidores em atividade, serem reajustadas
pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social - RGPS, conforme Orientação Normativa 03/2004 do
Ministério da Previdência Social, até a edição da Medida Provisória

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431/2008, convertida na Lei 11.784/2008, que alterou a Lei 10.887/2004, e


passou a prever expressamente o índice de reajuste, tendo em vista o
disposto nos artigos 40, caput, §§ 4º, 8º e 12 (na redação da Emenda
Constitucional 41/2003), 61, § 1º, II, “a”, 169, § 1º, 195, § 5º, e 201 da
Constituição Federal e artigo 2º da Emenda Constitucional 41/2003.
Na origem, trata-se de ação ordinária de reajuste de pensão proposta
em face da UNIÃO por beneficiário de pensão por morte cujo instituidor
era servidor federal aposentado.
A parte autora narra que “no período entre 19 de dezembro de 2003
(Promulgação da EC 41/2003) a 01 de janeiro de 2008 (alteração da redação do
art. 15 da lei n° 10.887/04), as aposentadorias/pensões não obtiveram qualquer
espécie de reajuste, que por via de consequência, gerou a redutibilidade do valor
real dos benefícios” (fl. 2, Doc. 3), e argumenta ofensa ao disposto no art. 40,
§ 8, da Constituição Federal com a redação da EC 41/2003.
Requer a revisão e reajuste dos proventos de sua pensão nos mesmos
índices do RGPS, referente ao período de 2004 a 2008, considerando a
inobservância do critério de “preservação do valor real dos benefícios”.
O Juízo de primeiro grau, assentou que “O Tribunal Pleno do Supremo
Tribunal Federal, apreciando o MS nº 25871, rel. Ministro Cezar Peluzo, firmou
entendimento no sentido de reconhecer o direito de servidor aposentado à adoção
do índice aplicado aos benefícios do Regime Geral da Previdência Social - RGPS
para o reajuste de seus proventos” (fl. 2, Doc. 57), e julgou procedente o
pedido para (fl. 5, Doc. 57):

“a) declarar o direito da parte autora à correção da pensão


por morte no período de junho 2006 (início pagamento
benefício) até a edição da Medida Provisória nº 431/08
(14/05/2008), pelos índices aplicados ao reajuste dos benefícios
concedidos no âmbito do Regime Geral de Previdência Social;
b) condenar a ré a revisar os proventos de pensão da parte
autora na forma da alínea anterior, bem como a implantar os
novos valores em folha de pagamento;
c) condenar a ré ainda a pagar à parte autora as diferenças
remuneratórias decorrentes da aplicação do direito

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reconhecido, acrescidas de correção monetária e juros de mora,


na forma da fundamentação, deduzidos os percentuais de
reajustes eventualmente concedidos ao longo do tempo, e
observada a prescrição quinquenal (25/08/2015).”

Irresignada, a União interpôs Apelação (Doc. 67), sustentando,


preliminarmente, a prescrição do fundo de direito e a prescrição
quinquenal. Quanto ao mérito, defendeu a inexistência de direito do
pensionista ao reajustamento do benefício pelos índices incidentes sobre
os benefícios do Regime Geral de Previdência Social antes da edição da
Medida Provisória nº 431/2008.
O Tribunal de origem negou provimento ao apelo da União e
manteve a sentença de procedência do pedido em acórdão assim
ementado (fl. 1, Doc. 81):

“ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS


FEDERAIS. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. PENSÃO POR
MORTE. REAJUSTE PELOS ÍNDICES DO RGPS.
PRESCRIÇÃO.
1. Em se tratando de pedido de aplicação de reajustes em
proventos de aposentadorias e pensões, não ocorre a prescrição
de fundo de direito, mas, sim, das parcelas vencidas, contado o
prazo da data do ajuizamento da ação, nos termos do art. 1° do
Decreto 20.910/32.
2. Nos termos do artigo 15 da Lei n.º 10.887/2004, com a
redação dada pela Lei n.º 11.784/2008, as aposentadorias e
pensões do regime de previdência próprio, não contemplados
pela garantia de paridade/integralidade (concedidas com
fundamento no artigo 40, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal,
com a redação dada pela Emenda Constitucional n.º 41/2003, e
no artigo 2º da Emenda Constitucional n.º 41/2003), devem ser
reajustadas na mesma data e pelo mesmo índice concedido aos
benefícios do Regime Geral da Previdência Social – RGPS.”

Opostos Embargos de Declaração, foram rejeitados (Doc. 105).

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No Recurso Extraordinário, com fundamento no artigo 102, III, ‘a’,


da Constituição Federal, a UNIÃO sustenta, em suma, que o acórdão
recorrido violou dispositivos constitucionais (art. 40, caput, §§ 4º, 8º e 12,
com redação dada pela EC nº 41/2003, c/c arts. 61, § 1º, II, “a”, 169, §1º,
incisos, 195, § 5º, e 201, caput, da CF/88) ante a inexistência de fundamento
constitucional e legal ao pedido formulado pelo autor.
Nessa linha, argumenta que “o reajustamento previsto pelo § 8º do art.
40, com a redação dada pela EC nº 41/03, e no art. 2º do mesmo diploma
constitucional carecia de definição legal, ou seja, a regra ali contida não operava
efeitos imediatos para os seus beneficiários”(fl. 5, Doc. 115), de maneira que
“só teria a autora direito a alguma parcela pretérita a título de reajuste dos
proventos de pensão pelos índices de reajuste dos benefícios do RGPS se o próprio
legislador, mediante Lei, expressamente, lhe contemplasse com este seu interesse,
concedendo-lhe revisão retroativa” (fl. 15, Doc. 115).
Aduz que “a Lei nº 10.887, de 18-06-2004 - que dispôs sobre a aplicação
da EC nº 41, de 2003, e sobre os dispositivos da Lei nº 9.717/98, Lei nº 8.213/91
e Lei nº 9.532/97 -, restou ineficaz para tal fim, haja vista o seu art. 15 ter
estabelecido apenas a data em que os benefícios seriam atualizados” de modo
que a ausência de previsão de qual o índice a ser adotado inviabilizou a
correção dos proventos concedidos com fundamento na EC nº 41/03.
Afirma que “Com o advento da Medida Provisória nº 431, de 14-05-2008,
as correções dos valores dos benefícios de aposentadoria e pensões passam a ser
corrigidos sempre na mesma data e nos mesmos índices utilizados para o
reajustamento dos benefícios do RGPS, conforme a nova redação do art. 15 da Lei
nº 10.887, trazida pelo art. 171 da referida Medida Provisória”(fl. Doc. 115).
Assevera que “Não há, portanto, falar em aplicação aos benefícios dos
servidores inativos e pensionistas substituídos dos índices de reajuste dos
benefícios do RGPS desde 2004, na medida que, em se tratando se servidores
públicos, é imprescindível a existência de lei formal de iniciativa do Chefe do
Poder Executivo da União que estabeleça o índice de reajuste dos benefícios
mantidos pelo regime público de previdência, vez que se trata de aumento de
remuneração de servidores públicos”, conforme previsto no art. 61, § 1º, II,
“a” e “c”, da CF/88, consequentemente, ““In casu”, inviável a correção dos

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RE 1372723 / RS

benefícios dos substituídos mediante a aplicação direta de atos normativos do


Ministério da Previdência e Assistência Social – Orientação Normativa
MPS/SPS n° 3, de 13-08-2004 e Orientação Normativa MPS/SPS n° 01, de 23-
01-2007 -, na medida que até a edição da Medida Provisória n° 431/2008
inexistia a lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo da União que fixasse os
índices de reajuste dos benefícios em questão, não o podendo fazer atos
normativos hierarquicamente inferiores, sob pena de colisão direta com o
Estatuto Maior” (fl. 6, Doc. 115).
Ressalta que “o art. 9º, I, da Lei n° 9.717/98 não se presta a autorizar a
edição de atos normativos para o reajuste dos benefícios dos servidores públicos e
do RGPS, na medida em que essa lei tão-somente fixa gerais para organização e o
funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos
Estados e do Distrito Federal. Até mesmo porque à época de edição dessa
legislação ainda não havia se operado a Reforma Previdenciária levada a efeito
pela Emenda Constitucional nº 41, a qual, entre outros objetivos, buscou a
aproximação dos regimes de previdência público e privado. Somente a partir
dessa alteração constitucional, e com a regulamentação levada a efeito pela Lei nº
10.887/2004, é que se passa a uniformizar o tratamento remuneratório para os
benefícios dos servidores públicos e os benefícios do RGPS. Ou seja: a Lei nº
9.717/98 jamais serviu de fonte ou autorização para que se pudesse estender, por
ato normativo, aos benefícios dos servidores públicos os mesmos índices de
reajuste dos benefícios do RGPS”(fl. 6, Doc. 115).
Sustenta a inaplicabilidade, ao caso, do entendimento firmado pelo
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no julgamento do MS 25.871, tendo em
vista que o referido precedente foi objeto de Ação Rescisória, a qual foi
julgada procedente para reabertura do prazo recursal, estando pendente
de julgamento os Embargos de Declaração opostos pela União. Além
disso “não há falar sequer em jurisprudência, visto que se trata de um
precedente isolado, sem que houvesse o posicionamento de todos os integrantes da
Corte”(fl. 8, Doc. 115).
Defende, ainda, a Vulneração ao princípio do equilíbrio
orçamentário tendo em vista a inexistência de fonte de custeio para o

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referido aumento, conforme regras estatuídas nos artigos 195, § 5º, 169, §
1º, e 201, caput, da Carta Federal, pois “ao estender aos benefícios dos
servidores públicos os mesmos índices de reajustamento aplicados aos benefícios
do RGPS, não houve pela Orientação Normativa MPS/SPS n° 3, de 13-08-2004
e Orientação Normativa MPS/SPS n° 01, de 23-01-2007 o atendimento a essas
exigências constitucionais” (fl. 9, Doc. 115).
Destaca, ainda, o entendimento desta SUPREMA CORTE no
julgamento do Recurso Extraordinário 416.827/SC rechaçando qualquer
possibilidade de revisão de benefício previdenciário por lei nova
eventualmente mais benéfica.
Requer o provimento do RE a fim de que seja expressamente
declarada a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 65 da
Orientação Normativa MPS/SPS n° 3, de 13-08-2004, e o parágrafo único
do art. 73 da Orientação Normativa MPS/SPS n° 01, de 23-01-2007, bem
como julgado improcedente o pedido autoral.
Em contrarrazões, sustenta-se, preliminarmente, a inadmissibilidade
do Recurso Extraordinário por ausência de prequestionamento explícito e
por tratar-se de matéria de índole infraconstitucional, a ser decidida com
base na lei 10.887/04.
Quanto ao mérito, argumenta-se que não há ilegalidade nas
Orientações Normativas do Ministério da Previdência, pois “o art. 40 § 8º
da Constituição da República de 1988 reservou à lei fixar os critérios de reajuste,
sendo que tal restrição não contempla a fixação de índices” (fl. 6, Doc. 123) e,
ainda, que o acórdão recorrido encontra-se em conformidade com a
jurisprudência desta SUPREMA CORTE firmada no julgamento do MS
25.871/DF.
O Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, por unanimidade,
reconheceu a existência de repercussão geral da matéria, fixando o Tema
1.224. Veja-se a ementa do acórdão (fl. 1, Doc. 156):

“Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos


artigos 40, caput, §§ 4º, 8º e 12 (na redação da Emenda
Constitucional 41/2003), 61, § 1º, II, “a”, 169, § 1º, 195, § 5º, e 201
da Constituição Federal e artigo 2º da Emenda Constitucional

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41/2003, a possibilidade de aposentadorias dos servidores


públicos e de pensões dos respectivos dependentes, concedidas
sem paridade com os valores dos servidores em atividade,
serem reajustadas pelos mesmos índices aplicados aos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social - RGPS,
conforme Orientação Normativa 03/2004 do Ministério da
Previdência Social, até a edição da Medida Provisória 431/2008,
convertida na Lei 11.784/2008, que alterou a Lei 10.887/2004, e
passou a prever expressamente o índice de reajuste.”

A Procuradoria-Geral da República manifestou-se pelo


desprovimento do Recurso Extraordinário, em parecer que exibe a
seguinte ementa (fls. 1-3, Doc. 163):

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


SEGURIDADE SOCIAL. PREVIDENCIÁRIO. REPERCUSSÃO
GERAL. TEMA 1224. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL (RPPS). SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL. PROVENTOS
E PENSÕES SEM GARANTIA DE PARIDADE. PRINCÍPIO DA
IRREDUTIBILIDADE DE BENEFÍCIOS. APLICAÇÃO.
REAJUSTE PERIÓDICO. ART. 194, PARÁGRAFO ÚNICO C/C
ART. 40, § 8º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ÍNDICE
APLICÁVEL DE 2004 A 2007. PREVISÃO NA LEI
REGULAMENTADORA (LEI 10.887/2004). AUSÊNCIA.
LACUNA SUPRIDA POR ORIENTAÇÕES NORMATIVAS.
MESMO ÍNDICE DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL (RGPS). POSSIBILIDADE. DELEGAÇÃO. ART. 9º, I,
DA LEI 9.717/1998. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. REAFIRMAÇÃO. DESPROVIMENTO
DO RECURSO. FIXAÇÃO DE TESE.
1. Recurso extraordinário, leading case do Tema 1224 da
sistemática de Repercussão Geral: “Reajuste de proventos e
pensões concedidos a servidores públicos federais e seus
dependentes não beneficiados pela garantia de paridade de
revisão, pelo mesmo índice de reajuste do regime geral de
previdência social (RGPS), previsto em normativo do Ministério

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da Previdência Social, no período anterior à Lei 11.784/2008”.


2. A irredutibilidade dos benefícios previdenciários é
princípio constitucional da seguridade social, fundado na
segurança jurídica e que assegura, aos servidores ativos,
aposentados e pensionistas do serviço público “o reajustamento
dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei” (art. 40, § 8º
da Constituição Federal).
3. O art. 15 da Lei 10.887/2004, ao regulamentar o art. 40, §
8º da Constituição Federal, deixou de dispor sobre o índice
aplicável aos reajustes dos benefícios de aposentadoria e
pensões do serviço público federal entre os anos 2004 e 2007,
razão pela qual o Ministério da Previdência Social supriu a
lacuna normativa no período, valendo-se de orientações
normativas decorrentes de delegação por meio do art. 9º, I, da
Lei 9.717/1998.
4. O art. 65, parágrafo único, da Orientação Normativa
MPS/SPS 03/2004 e o art. 73, parágrafo único, da Orientação
Normativa MPS/SPS 01/2007 foram legalmente editados por
delegação da Lei 9.717/1998 e efetivaram o princípio da
irredutibilidade dos benefícios.
5. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de que, no referido período, aplica-se o mesmo índice
de reajuste dos benefícios do RGPS ao reajuste dos benefícios de
aposentadorias e pensões do RPPS, sem paridade/integralidade.
— Parecer pelo desprovimento do recurso extraordinário, com
reafirmação de jurisprudência, fixando-se a seguinte tese: “É
constitucional o reajuste de proventos e pensões concedidos a
servidores públicos federais e seus dependentes não
beneficiados pela garantia de paridade de revisão, pelo mesmo
índice de reajuste do regime geral de previdência social (RGPS),
previsto em normativo do Ministério da Previdência Social, no
período anterior à Lei 11.784/2008”.

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica,


Profissional e Tecnológica – SINASEFE NACIONAL requereu sua

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admissão na qualidade de amicus curiae (Doc. 165), o que foi acolhido pelo
ilustre Ministro Relator (Doc. 175).
Iniciada a votação, o eminente Min. DIAS TOFFOLI, Relator,
apresentou seu voto pelo desprovimento do Recurso Extraordinário,
propondo seja fixada a seguinte tese para o Tema 1224 da Repercussão
Geral:

“É constitucional o reajuste de proventos e pensões


concedidos a servidores públicos federais e seus dependentes
não beneficiados pela garantia de paridade de revisão, pelo
mesmo índice de reajuste do regime geral de previdência social
(RGPS), previsto em normativo do Ministério da Previdência
Social, no período anterior à Lei 11.784/2008”.

É o que cumpria relatar.

Senhor Presidente, cuida-se de Recurso Extraordinário em que se


discute, sob a sistemática da repercussão geral a possibilidade, ou não, de
aposentadorias dos servidores públicos e de pensões dos respectivos
dependentes, concedidas sem paridade com os valores dos servidores em
atividade, serem reajustadas pelos mesmos índices aplicados aos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, conforme
Orientação Normativa 03/2004 do Ministério da Previdência Social, até a
edição da Medida Provisória 431/2008, convertida na Lei 11.784/2008, que
alterou a Lei 10.887/2004, e passou a prever expressamente o índice de
reajuste.
A respeito da matéria, esta SUPREMA CORTE, no julgamento do MS
25.871/DF, Relator Min. CEZAR PELUSO, concedeu a segurança para
determinar o reajuste dos proventos do impetrante, servidor aposentado,
no mesmo índice aplicado aos benefícios do Regime Geral de
Previdência. Veja-se a ementa do referido julgado:

“EMENTAS: 1. MANDADO DE SEGURANÇA.


Legitimidade. Passiva. Tribunal de Contas da União - TCU.

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Caracterização. Servidor público aposentado desse órgão.


Proventos. Pedido de ordem para reajuste e pagamento. Verba
devida pelo Tribunal a que está vinculado o funcionário
aposentado. Efeito jurídico eventual de sentença favorável que
recai sobre o TCU. Aplicação do art. 185, § 1º, da Lei Federal nº
8.112/90. Preliminar repelida. O Tribunal de Contas da União é
parte passiva legítima em mandado de segurança para obtenção
de reajuste de proventos de servidor seu que se aposentou. 2.
SERVIDOR PÚBLICO. Funcionário aposentado. Proventos.
Reajuste ou reajustamento anual. Exercício de 2005. Índice.
Falta de definição pelo TCU. Adoção do índice aplicado aos
benefícios do RGPS. Direito líquido e certo ao reajuste. MS
concedido para assegurá-lo. Aplicação do art. 40, § 8º, da CF, cc.
art. 9º da Lei nº 9.717/98, e art. 65, § único, da Orientação
Normativa nº 3 de 2004, do Ministério da Previdência Social.
Inteligência do art. 15 da Lei nº 10.887/2004. Servidor
aposentado do Tribunal de Contas da União tem direito líquido
e certo a reajuste dos proventos na ordem de 5,405%, no
exercício de 2005”

A respeito do referido precedente, ressalto que, em razão da


ausência de ciência da Advocacia-Geral de União, a Ação Rescisória 2.186
foi julgada procedente para reincidir o trânsito em julgado e reconhecer a
nulidade de todos os atos posteriores à concessão da ordem no MS
25.871/DF. Assim, foi republicado o acórdão rescindendo, com a
intimação da AGU em 12/6/2023, a qual apresentou Embargos de
Declaração em que atuei como Relator.
A UNIÃO, nos referidos aclaratórios, teceu argumentação
semelhante à do presente recurso no sentido de que seria inviável a
correção dos benefícios pela aplicação direta dos atos normativos
expedidos pelo então Ministério da Previdência Social, porquanto “até a
edição da Medida Provisória nº 431, de 14 de maio de 2008 (convertida na Lei nº
11.784, de 2008), não havia qualquer lei fixando os índices de reajuste daqueles
benefícios”, desse modo, seria imprescindível a edição de lei formal de
iniciativa do Chefe do Poder Executivo federal para o reajustamento dos

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benefícios mantidos pelo regime público de previdência.


No julgamento dos referidos Embargos de Declaração, o plenário do
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL manteve, por unanimidade, o
entendimento anteriormente assentado. Como relator do caso, manifestei-
me nos seguintes termos:

“No mérito, a União alega, em síntese, que “a concessão de


reajuste anual por meio dos mesmos índices aplicados ao RGPS sem
previsão legal não encontra amparo na Constituição ou na legislação
federal”.
Entretanto, verifica-se que a controvérsia foi
expressamente abordada pelo acórdão embargado, não
havendo que se falar em omissão, conforme se infere do
seguinte trecho do voto proferido pelo então Relator, Min.
CESAR PELUSO, que assentou:

“O art. 9º da Lei federal nº 9.717, de 27 de novembro


de 1998, que dispõe sobre regras gerais para a organização
e o funcionamento dos regimes próprios de previdência
social dos servidores públicos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, estatui:

“Art. 9º Compete à União, por intermédio do


Ministério da Previdência e Assistência Social: I – a
orientação, supervisão e o acompanhamento dos
regimes próprios de previdência social dos
servidores públicos e dos militares da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e dos
Fundos a que se refere o art. 6º, para o fiel
cumprimento dos dispositivos desta Lei”. (Grifos
nossos).

Vê-se, pois, que tal norma delegou competência ao


Ministério da Previdência Social, para o estabelecimento
de regras gerais atinentes ao regime previdenciário, sem
nenhuma ofensa ao § 8º do art. 40 da Constituição da

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República, que alude apenas a critérios legais de


reajustamento, e não, à competência para fixação de
índices, e, muito menos, ao art. 61, § 1º, “c”, que em nada
se entende com reajuste de proventos.
Já a Lei federal nº 10.887, de 18 de junho de 2004,
regulamentando as disposições da Emenda Constitucional
nº 41 e prescrevendo critério de reajuste, essa tão-só
cuidou de prever, no art. 15, que os benefícios, como os do
autor, concedidos da forma do § 2º da Emenda, “serão
reajustados na mesma data em que se der o reajuste dos
benefícios do regime geral de previdência social”. (Grifos
nossos). Nada proveu a respeito dos índices.
Autorizado pela Lei nº 9.717/98 e sem nenhuma
contradição com a Lei nº 10.887/2004, o Ministério da
Previdência Social editou a Orientação Normativa nº 3, de
13 de agosto de 2004, que tratou de preencher tal lacuna,
nos seguintes termos:

“Art. 65. Os benefícios de aposentadoria e


pensão, de que tratam os art. 47, 48, 49, 50, 51, 54 e 55
serão reajustados para preservar-lhes, em caráter
permanente, os valores reais, na mesma data em que
se der o reajuste dos benefícios do RGPS, de acordo
com a variação do índice definido em lei pelo ente
federativo.
Parágrafo único. Na ausência de definição do
índice de reajustamento pelo ente, os benefícios
serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados
aos benefícios do RGPS”. (Grifos nossos).

Coube, ao depois, à Portaria MPS nº 822, de 11 de


maio de 2005 (fls. 18/20), fixar o percentual aplicável a
cada caso (art. 1º, § 1º, e Anexo I).
Registre-se, aliás, que, no âmbito do Judiciário, os
proventos e as pensões foram corrigidos, no exercício de
2005, com base em tais normas, como se extrai,

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exemplificativamente, do Proc. Nº 319.522/2004, deste


Supremo, do Proc. nº 4228/2004, do Superior Tribunal de
Justiça, e do Proc. adm. nº 2005163229, do Conselho da
Justiça Federal.
De modo que tem, o impetrante, direito subjetivo,
líquido e certo, ao reajuste anual pleiteado, segundo o
índice do Regime Geral da Previdência Social.”

Desse modo, depreende-se que a embargante não


demonstra omissão a ser superada e pretende dar nítido caráter
infringente aos declaratórios, os quais não estão vocacionados a
essa função, salvo em situações excepcionais, não caracterizadas
no caso.”

Pois bem, Senhor Presidente, diante da recente manifestação desta


SUPREMA CORTE a respeito da matéria, mantendo o entendimento
firmado no MS 25.871/DF, sem mais delongas, acompanho o voto do
eminente Ministro DIAS TOFFOLI, e adiro à tese por ele proposta.
É o voto.

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Extrato de Ata - 02/10/2023

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.372.723


PROCED. : RIO GRANDE DO SUL
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
RECTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
RECDO.(A/S) : CARLOS ROBERTO GINESTE
ADV.(A/S) : JOSE MOACIR RIBEIRO NETO (19999/ES, 245351/RJ)
AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO -
IBDP
ADV.(A/S) : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN (250708/RJ, 18200/SC,
356A/SE, 494709/SP)
AM. CURIAE. : SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES FEDERAIS DA
EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA - SINASEFE NACIONAL
ADV.(A/S) : JOSÉ LUIS WAGNER (1235-A/AP, 17183/DF, 56304/GO,
47516/PE, 18061/PR, 125216/RJ, 18097/RS, 15111/SC)

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, apreciando o tema 1.224


da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário e
fixou a seguinte tese: "É constitucional o reajuste de proventos e
pensões concedidos a servidores públicos federais e seus
dependentes não beneficiados pela garantia de paridade de revisão
pelo mesmo índice de reajuste do regime geral de previdência
social (RGPS), previsto em normativo do Ministério da Previdência
Social, no período anterior à Lei 11.784/2008", nos termos do voto
do Relator. Falou, pelo amicus curiae Instituto Brasileiro de
Direito Previdenciário – IBDP, o Dr. Marcio Otavio de Moraes
Hartz. Plenário, Sessão Virtual de 22.9.2023 a 29.9.2023 (Sessão
iniciada na Presidência da Ministra Rosa Weber e finalizada na
Presidência do Ministro Luís Roberto Barroso).

Composição: Ministros Rosa Weber (Presidente), Gilmar Mendes,


Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Roberto Barroso, Edson
Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, André Mendonça e
Cristiano Zanin.

p/Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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