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DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Continuação
Se o relator entende que a ADI não está devidamente instruída poderá buscar uma série
de informações adicionais, nos termos do art. 9º da Lei 9868/98, para instruir melhor a ADI.
Art. 9o, Lei 9868/98 Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com
cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.
§ 2o O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais
federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de
sua jurisdição.
1) ADI não trabalha apenas com questões de direito, mas também com questões de
fato, ou seja, o STF não faz apenas u a análise crua, nua, calculista se uma lei contraria ou não a
Constituição. O STF também analisa questões de fato, os impactos que sua decisão terá em decisões
presentes e futuras, o que se denomina prognósticos, literalmente os impactos de uma lei declarada
inconstitucional ou constitucional para as gerações presentes e futuras. As questões que envolvem
uma ADI podem ser discussões sobre transgêneros, células tronco, clonagem, aquecimento global,
biodiversidade, questões econômicas etc.
Portanto, uma ADI, para as bases do art. 9º da Lei 9868 não envolve apenas questões
de direito, envolve também questões fáticas, a análise dos impactos da decisão nas gerações
presentes e futuras, o que se denomina de consequencialismo na hermenêutica. Ou seja, quais são
2. Amicus Curiae
O amicus curiae é alguém que, mesmo sem ser parte, em razão de sua
representatividade, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de
apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos, fazendo com
que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma
Celso de Mello: intervenção processual do amicus curiae tem por objetivo essencial
pluralizar o debate constitucional, permitindo que o Supremo Tribunal Federal venha a dispor de
todos os elementos informativos possíveis e necessários à resolução da controvérsia, visando-se,
ainda, com tal abertura procedimental, superar a grave questão pertinente à legitimidade
democrática das decisões emanadas desta Corte, quando no desempenho de seu extraordinário
poder de efetuar, em abstrato, o controle concentrado de constitucionalidade
OBS: O amicus curiae pode ser convocado, de ofício, pelo STF, ou, então, pleitear
(solicitar) sua participação no processo. Para que o amicus curiae participe, vai depender
exclusivamente do relator. Quem autoriza a participação do amicus curiae é o relator, mediante
despacho irrecorrível, nos termos do art. 7º, § 2º, da Lei 9868/99.
c) O colegiado afirmou também que amicus curiae não é parte, mas agente
colaborador. Portanto, sua intervenção é concedida como privilégio, e não como uma questão de
direito. Assim, o amigo da Corte, como mero agente colaborador, não possui direito subjetivo de ser
admitido pelo Tribunal;
d) Ressaltou ainda o STF que haveria inúmeros prejuízos ao andamento dos trabalhos
do STF se fosse admitida a possibilidade de recurso, sobretudo em processos em que há um grande
número de requerimentos de participação como amicus curiae
OBS: É importante salientar também que o amicus curiae não tem legitimidade para
recorrer da decisão da ADI.
(RE 602584 AgR, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: LUIZ FUX, Tribunal
Pleno, julgado em 17/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 19-03-2020
PUBLIC 20-03-2020)
CAPÍTULO IV
DA DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
E NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou ao órgão responsável pela
expedição do ato.
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de
outro momento que venha a ser fixado.
Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o Supremo
Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da
União a parte dispositiva do acórdão.
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Ex.: Lei de 2000 que é objeto de ADI e o STF em 2020 julga. A regra: efeito ex tunc –
inconstitucional desde o dia que surgiu, ou seja, desde os anos 2000.
Pode ocorrer do STF dar uma decisão ex nunc, dizer a lei é inconstitucional da decisão
pra frente, é o efeito pro futuro, efeito prospectivo.
No exemplo, até 2020 a lei seria válida e a partir de então, a lei é inconstitucional.
A outra exceção é a modulação de efeitos propriamente dita, o STF pode dizer que a lei
é inconstitucional em 2020, mas os efeitos da inconstitucionalidade só valerão a partir de 2022, os
efeitos são manipulados, modulados. Ex.: lei tributária – STF declara a inconstitucionalidade da lei
tributária, mas determina a continuidade do pagamento pelos contribuintes, mesmo sendo
inconstitucional pois, há a modulação de efeitos.
Para o STF dar a decisão ex nunc ou modulada, devem ser observados dois requisitos:
- Há a necessidade de 2/3 dos ministros, ou seja, 8 ministros para que a decisão seja
modulada ou com efeitos ex nunc.
Obs.: A ADI pode ser provida por 6 votos, declarando a inconstitucionalidade da lei. Para
a modulação são exigidos 8 votos dos ministros.
A votação sobre os efeitos da decisão de ADI é feita em outro momento.
- As Razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social. Ex.: neoliberalismo,
aumento do dólar, aumento do petróleo, pandemia do coronavírus, preço do arroz etc.
O primeiro requisito é um requisito formal: 8 ministros para a decisão ser ex nunc ou
modulada.
O segundo requisito é um requisito material: razões de segurança jurídica ou
excepcional interesse social. É a fundamentação, envolve conteúdo.
• ADI 2949 (2015) uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive
com a votação sobre a modulação de efeitos (que não foi alcançada) não há como reabrir o
julgamento, ficando preclusa a possibilidade de reabertura para a deliberação sobre a modulação
de efeitos.
Na ADI 2949 estavam 10 ministros em Plenário para julgamento. Os ministros foram
para decidir sobre as exceções e 7 votaram pela modulação de efeitos, não dando o quórum
necessário de 8 ministros, ficando a aplicação da regra, ou seja, a lei é inconstitucional desde o dia
que surgiu, ex tunc. O Ministro que não participou do julgamento, no dia seguinte, quis participar
da votação. O STF entendeu que uma vez encerrada a votação, não há como reabrir a votação.
A modulação de efeitos pode se dar não apenas no aspecto temporal (ao invés de ser a
regra ex tunc, ser ex nunc ou modulada), a modulação pode se dar também no que tange aos
atingidos. O STF pode entender que ao invés da decisão ser erga omnes, poderá entender que a
decisão atinge apenas determinada categoria.
OBS: A manipulação de efeitos, além de ser temporal, também pode se dar em relação
Teoria Restritiva: defendida pelo Ministro Carlos Ayres Brito no STF entende que o
efeito erga omnes atinge a parte dispositiva da decisão e o efeito vinculante também atinge apenas
a parte dispositiva da decisão. O que vincula é somente a parte dispositiva da decisão. Para a Teoria
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Superação legislativa da jurisprudência (reação legislativa)
As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem eficácia
contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do art. 102 da CF/88). O Poder Legislativo, em sua
função típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou
emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a
tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a
jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de
reversão jurisprudencial. No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de
Art. 225, § 7º, CF Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não
se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)