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MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM

BRUNA KLEINKAUF MACHADO


UNIVERSIDADE FEEVALE
2022/2

1) O que é e como funciona o Júri técnico em procedimento de arbitragem?


Determinados tipos de demandas as quais são levadas à arbitragem exigem
uma expertise, ou seja, conhecimentos técnicos elevados e complexos de
engenharia, contabilidade ou outra área de conhecimento superior, que não podem
ficar restritos à apreciação de um único perito nomeado pelos árbitros, além dos
assistentes indicados.
É o caso de contratos de infraestrutura, envolvendo a administração pública,
apuração de haveres, entre outras. E, neste contexto, abre-se a oportunidade para
a formação dos júris técnicos, os quais são advindos de situações que necessitam
de um conhecimento técnico mais abrangente, logo, a formação de um colegiado,
denominado de júri técnico, é factível.
O corpo de júri técnico deve ser remunerado pelo seu labor e conhecimentos
científicos superiores que foram obtidos ao longo de vários anos de estudos e que
implicam em investimentos na educação técnica continuada.O júri técnico, a priori,
deve examinar a validade das premissas estabelecidas nos pareceres, que
embasaram o pedido e o contra pedido, para após se pronunciar sobre a dedução
dos pareceristas afastando, se for o caso, eventuais paralogismos, validando a
verdade científico-técnica real.
Dentre os meios de provas admitidos na Lei de Arbitragem, qual seja Lei
9.307/96 é presumido válido a formação de júri técnico, com fulcro no artigo 22,
mediante requerimento das partes ou de ofício, o qual rege que “Poderá o árbitro ou
o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a
realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante
requerimento das partes ou de ofício.”
A aplicação do júri técnico se mostra plausível nas hipóteses das quais os
litigantes apresentam em seus pedidos e contra pedidos, pareceres técnicos, como
prova preconcebida, em relação à matéria técnica, bem como, os procedimentos de
valorimetria e indenizações que envolvam perdas, danos, lucros cessantes e
mensuração de intangíveis como fundo de comércio, entre outros. A eficácia do júri
técnico decorre da possibilidade de que os pareceristas, em sustentação oral,
defendam e ao mesmo tempo submetam suas conclusões ao júri técnico,
especialmente montado para julgar tecnicamente os pareceres que embasam os
respectivos pedidos.
O júri técnico é formado por profissionais de determinada área do conhecimento
científico, escolhidos com base em acervos técnicos indicados pelos litigantes, que
necessariamente não são os de renome do mercado, e sempre em número ímpar, é
um conjunto de técnicos tidos como ícones de conhecimento técnico-científico,
escolhidos por sorteio, que servem como juízes de fato em um julgamento técnico-
científico e terão como missão a escolha da alternativa, tese técnica mais adequada,
e que se aplica no caso em concreto.
Em geral, devem ser utilizados em demandas que envolvem questões complexas
onde as partes pretendem, além de um testemunho técnico, a submissão do fato a
um corpo de jurados técnicos. Durante a escolha do corpo do júri, podem as partes
impugnar indicações por razões fundamentadas de suspeição ou imparcialidade. Os
jurados têm total competência sobre a matéria de fato, enquanto que os árbitros têm
competência sobre a matéria de direito. Trata-se de uma comissão ou órgão de
apoio, que possui as seguintes características:

1. Número ímpar de seus membros;


2. A competência para definirem o cronograma de julgamento, a ouvida da
sustentação oral das teses e das argumentações técnico-científicos de contra
tese;
3. A independência de convicção e liberdade de escolha;
4. Liberdade de juízo científico, a escolha se dará pela maioria dos votos, em
caso de empate prevalecerá o voto do jurado presidente;
5. A plenitude da defesa e do contraditório;
6. A soberania dos veredictos;
7. A exclusividade quanto à competência para julgar fatos e procedimentos
técnicos-cientficos;
8. O dever de assegurar as partes, a paridade de tratamento, em relação ao
exercício de direitos vinculados aos meios de defesa-técnica e aos deveres,
competindo aos jurados zelar pelo efetivo contraditório técnico. Afastando
quando cabivel, o abuso da tecnicidade, que é a valorização excessiva dos
recursos tecnológicos ou de uma sustentação oral durante a atuação dos
técnicos, para a descoberta da verdade.

FONTES: https://www.contadores.cnt.br/noticias/artigos/2016/01/21/o-juri-tecnico-
em-procedimentos-de-arbitragem.html

http://www.zappahoog.com.br/artigos/21%20J%C3%BAri%20T%C3%A9cnico%20na
%20Arbitragem.pdf

2) Qual o papel do advogado no procedimento arbitral?

O procedimento arbitral começa com o litígio advindo da celebração de um


contrato, o qual deverá versar tão somente a despeito de direitos patrimoniais
disponíveis. Na celebração do contrato, por livre vontade as partes poderão fixar
cláusula expressa elegendo a arbitragem para fins de solução de possíveis
conflitos, cláusula essa, denominada de compromissória ou de convenção de
arbitragem. Ademais, poderá as partes submeter o seu conflito a arbitragem sem
mesmo constar expressamente no contrato a cláusula compromissória, por
intermédio do compromisso arbitral
Conforme prevê o artigo 21 da Lei 9.307/96 “A arbitragem obedecerá ao
procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá
reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada,
facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral,
regular o procedimento.”
No mais, o § 3º do referido artigo dispõe que "as partes poderão postular por
meio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as
represente ou assista no procedimento arbitral".
Portanto, quis o legislador , ao tornar dispensável a presença do profissional
da advocacia dar à arbitragem feição diferenciada do processo judicial, como se
as mazelas que contaminam a atividade jurisdicional fossem responsabilidade
exclusiva do advogado e sua extirpação seria uma solução milagrosa para tais
males. Portanto, deve o referido dispositivo ser analisado com cautela.
O árbitro está autorizado pelo Estado a solucionar litígios mediante a
aplicação do direito aos casos concretos que lhe sejam, voluntariamente, levados
ao conhecimento pelos interessados. Do mesmo modo, não há que se indagar da
inconstitucionalidade da Lei de Arbitragem, sob a alegação simplista de que o
direito de ação insculpido no art. 5º, XXXV, da CF, restaria violado em razão do
afastamento do Judiciário na solução de tais conflitos. Isso porque, conforme
entendimento dominante em sede doutrinária, a voluntariedade que norteia a
arbitragem afasta qualquer alegação de lesão à Constituição, porque não há
nenhuma obrigatoriedade na escolha da via arbitral, já que a adesão à cláusula
compromissória não é imposta.
Ademais, o Poder Judiciário será acionado para a execução da sentença
arbitral não cumprida voluntariamente, assim como nos casos de concessão de
cautelares, além da discussão de eventual nulidade da sentença do árbitro.
Diante do supra exposto, há de ser analisado amplitude da disposição
contida no art. 133, da Constituição Federal, a qual determina que “o advogado é
essencial à administração da justiça”, a fim de entendermos se o referido artigo se
enquadra nos procedimentos arbitrais, também o é nos procedimentos arbitrais.
No procedimento arbitral, a justificativa a despeito da dispensa da
obrigatoriedade do advogado está relacionada ao fato de não se exigir que o
árbitro tenha formação jurídica, porque a preferência foi pelo conhecimento
técnico do árbitro, da sua proximidade com a natureza da lide, de modo que
estaria apto a decidi-la de forma mais gabaritada que o magistrado, nem sempre
capacitado para decidir a lide, necessitando ordenar a atuação de peritos.
Assim, a figura do advogado poderia modificar tal estrutura, assemelhando a
arbitragem aos procedimentos judiciais, falseando a verdadeira intenção do
legislador. Em outras palavras, se a formação jurídica não é imprescindível para o
próprio terceiro responsável por apresentar a solução para o conflito
(heterocomposição), não se deveria exigir a presença de profissional da
advocacia a cuidar dos interesses dos litigantes.
Todavia, o advogado é essencial também na arbitragem, uma vez que esta
possui natureza jurisdicional, de modo que em seu âmbito também há
"administração da justiça", conforme redação do art. 133, da Constituição Federal,
entretanto, é cristalino que em razão do disposto na Lei de Arbitragem, sua
participação não é obrigatória, de modo que, sua participação é de suma
importância, senão vejamos:
A) Participação do advogado no que tange à orientação inicial:

Muitas pessoas e empresas não cogitam previamente a possibilidade de se


resolver um conflito por meio da arbitragem. Quando assessoradas por um
Advogado, esse profissional pode orientar seus clientes sobre a possibilidade de
resolver suas questões fora do poder judiciário e até mesmo sugerir a inclusão nos
contratos da chamada Cláusula Compromissória, documento que garante que em
eventuais e futuros casos de litígios, as partes optem pela arbitragem para resolvê-
los.

Assim, o Advogado tem o papel fundamental de orientar e auxiliar na


elaboração da cláusula de forma clara e correta.

B) Participação do advogado durante o processo arbitral


Ao longo  do processo, apesar de ainda não ser obrigatória a presença do
Advogado, é de grande importância que o profissional acompanhe na Câmara
Arbitral, com objetivo de zelar para que a legislação e os regulamentos próprios
sejam cumpridos. Também deve cuidar da manutenção do sigilo exigido nesses
casos.
C) Diretor Jurídico na Câmara de Arbitragem
A presença do Advogado também é recomendada na instauração da
Câmara Arbitral, para que o profissional possa atuar como diretor jurídico. O
diretor tem a função de orientar os árbitros da local sobre boas práticas nas
resoluções dos casos, explicando como funcionam os procedimentos da
arbitragem, além de participar da elaboração dos regulamentos específicos das
Câmara.

FONTES: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8441/Procedimento-arbitral-
brasileiro

https://www.conjur.com.br/2020-ago-19/melanie-tonsic-atuacao-advogado-
arbitragem

https://jus.com.br/artigos/4343/o-papel-do-advogado-no-procedimento-arbitral

https://blog.certisign.com.br/o-papel-dos-advogados-na-arbitragem/

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