- Art. 947 do CPC - IAC nos Tribunais _ _ _ _ aula 4 _ _ parte I _ _ _ Incidente de Assunção de Competência
Os denominados prejulgados encontravam previsão no art. 861 do Código de
Processo Civil de 1939, cuja redação era a seguinte: “A requerimento de qualquer de seus juizes, a Câmara, ou turma julgadora, poderá promover o pronunciamento prévio das Câmaras reunidas sobre a interpretação de qualquer norma jurídica, se reconhecer que sobre ela ocorre, ou poderá ocorrer, divergência de interpretação entre Câmaras ou turmas.
A finalidade dos prejulgados era a prevenção ou a composição de
divergências acerca da interpretação das normas jurídicas, inclusive processuais, pelos órgãos fracionários dos tribunais, ou seja, buscava-se, através do instituto, a uniformização da jurisprudência. As teses fixadas nos prejulgados não eram de obediência obrigatória relativamente aos órgãos fracionários do tribunal e tampouco quanto aos demais juízes a ele vinculados. O efeito dos precedentes firmados era, portanto, meramente persuasivo. Incidente de Assunção de Competência
O instituto caiu em desuso pelos seguintes motivos: a) legitimidade para
suscitá-lo atribuída exclusivamente aos juízes e membros dos tribunais; b) desorganização interna dos tribunais, à época (década de 50), que não tinham um mecanismo adequado para divulgação da sua jurisprudência entre os órgãos fracionários que os compunham; c) a falta de estudos doutrinários a respeito do tema. Com a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 1973, foram extintos os prejulgados e foi criado o incidente de uniformização de jurisprudência. Incidente de Assunção de Competência
O cabimento do incidente estava previsto no art. 476 do CPC/73, que
estabelecia: “Art. 476. Compete a qualquer juiz, ao dar o voto na turma, câmara, ou grupo de câmaras, solicitar o pronunciamento prévio do tribunal acerca da interpretação do direito quando: I - verificar que, a seu respeito, ocorre divergência; II - no julgamento recorrido a interpretação for diversa da que lhe haja dado outra turma, câmara, grupo de câmaras ou câmaras cíveis reunidas”. Foi eliminada a possibilidade de uniformização da jurisprudência de modo preventivo – que vigorava no CPC/39 com os prejulgados – evidenciando-se indispensável a demonstração de uma real divergência na interpretação do direito por parte dos órgãos fracionários de um mesmo tribunal7 para que fosse admitido o instituto. Incidente de Assunção de Competência
Reconhecida a divergência e sobrestado o julgamento do feito, o tribunal
pleno ou o seu órgão especial deveria estabelecer a interpretação a ser observada. Antes, porém, também deveria decidir a respeito da existência ou não do dissídio, não estando, portanto, vinculado à decisão do órgão fracionário anterior. Fixada a tese pelo tribunal, a decisão respectiva era irrecorrível. Se o julgamento fosse tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros do tribunal, a tese deveria ser objeto de súmula (de jurisprudência predominante), constituindo precedente na uniformização da jurisprudência (arts.478 e 479). No incidente de uniformização da jurisprudência, o tribunal (pleno ou órgão especial) limitava-se a definir a interpretação da norma jurídica, sem promover o julgamento do caso concreto, que ficava a cargo do órgão fracionário do qual se originou o incidente, para o qual a tese estabelecida pelo tribunal era vinculante. Incidente de Assunção de Competência
Do mesmo modo que os prejulgados, entrementes, não havia obrigatoriedade
de observância da tese fixada pelo tribunal relativamente aos demais órgãos que o compunham e nem aos juízes a ele vinculados, ainda que houvesse edição de súmula da jurisprudência predominante. A decisão certamente constituía precedente para a uniformização da jurisprudência do tribunal no que tange a casos semelhantes, em tramitação ou propostos posteriormente, mas sem efeito vinculante. O incidente de uniformização da jurisprudência, embora melhor delineado que os prejulgados, também não era de uso frequente nos tribunais pátrios. Incidente de Assunção de Competência
A fim de dirimir tais dificuldades, ainda que parcialmente, foi inserido um
parágrafo no art. 555 (§1º) do CPC/73, por meio da Lei nº 10.352, de 26.12.2001, que trouxe para o nosso sistema processual a denominada assunção de competência. O dispositivo encontrava-se redigido do seguinte modo: Art. 555. No julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara ou turma, pelo voto de 3 (três) juízes. § 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público na assunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso. Incidente de Assunção de Competência
A primeira distinção em relação ao incidente de uniformização de
jurisprudência já se evidencia: não havia a cisão entre a fixação da tese e o julgamento do recurso entre órgãos fracionários distintos, o que deveria servir à facilitação de sua aplicação. Além disso, restaurou-se a possibilidade de prevenir o dissídio jurisprudencial entre órgãos fracionários de um mesmo tribunal. Outros problemas, no entanto, persistiam, caso o texto legal fosse interpretado em sua literalidade: a legitimidade era atribuída exclusivamente ao relator16; o cabimento, em tese, era apenas em relação ao agravo e à apelação17; e inexistia efeito vinculante relativamente ao precedente firmado no que se refere aos casos semelhantes que debatessem a mesma questão de direito. Incidente de Assunção de Competência
É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de
remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. Aplica-se quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.
“Aprimoramento” dos prejulgados (CPC/39) e do incidente de uniformização
de jurisprudência (CPC/73). Vantagem do IAC: força vinculante da tese firmada. Incidente de Assunção de Competência Enunciado 334 do FPPC: Por força da expressão “sem repetição em diversos processos”, não cabe assunção de competência quando couber julgamento de casos repetitivos. Objetivo do incidente: “criar incidente em processos únicos ou raros de alta relevância social” (Daniel Neves)? Ou ‘para questões relevantes, de grande repercussão social, em processo específico ou em processos que tramitem em pouca quantidade” (Didier)? É possível a instauração nos tribunais de segundo grau e também nos superiores (ações de competência originária); Legitimidade: relator, parte, Ministério Público ou Defensoria Pública; O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese. Suspensão: não há previsão expressa, mas tribunais assim têm procedido. Incidente de Assunção de Competência
Enunciado 201 do FPPC: Aplica-se ao incidente de assunção de competência
as regras previstas nos artigos 983 e 984 (processamento do incidente). Participação do amicus curiae e publicidade; Realização de audiências públicas; Dever de motivação e regras sobre superação; Intervenção do MP? Enunciado 202 do FPPC: O órgão colegiado a que se refere o §1° do art. 947 deve atender aos mesmos requisitos previstos no art. 978 (órgão responsável pela uniformização da jurisprudência). Enunciado 65 – CJF: A desistência do recurso pela parte não impede a análise da questão objeto do incidente de assunção de competência. Incidente de Assunção de Competência
Cabe reclamação? Sim, art. 988, IV.
Cabe improcedência liminar? Sim, art. 332, III. Cabe reexame necessário? Não, art. 496, §4º, III. Cabe decisão unipessoal do relator? Sim, art. 932, IV, c e V, c. Cabe tutela da evidência? Não há previsão legal expressa no art. 311, mas se defende que sim. Dispensa caução? Não há previsão legal expressa. Aplica-se o art. 987? Cabimento de recurso especial e extraordinário com efeito suspensivo e presunção de repercussão geral? Defende-se que não, porque isso faz parte do microssistema de julgamentos repetitivos. _ _ _ _ aula 4 _ _ parte II _ _ _ IAC ou IRDR? IAC integra o microssistema de precedentes vinculantes/obrigatórios do art. 927, mas não integra o microssistema de julgamentos repetitivos do art. 928. Multiplicidade de demandas: característica do IRDR. Relevante questão de direito/repercussão social: características do IAC; IRDR não exige isso. Efetiva divergência atual – gera risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica: característica do IRDR Prevenção de divergência: característica do IAC. IAC cabe nos tribunais inferiores e superiores; IRDR só nos inferiores e excepcionalmente nos superiores. RESP e RE contra acórdão em IRDR tem efeito suspensivo automático; em IAC não. IAC e repetição de demandas No tocante ao incidente de assunção de competência, pensa-se que o art. 947 consagra duas hipóteses de cabimento: uma em seu caput e outra em seu §4; Para a admissibilidade do incidente de assunção de competência, nos termos do caput do art. 947, são necessários três requisitos: a) tramitação de um recurso, reexame necessário ou ação de competência originária do tribunal; b) discussão acerca de uma relevante questão de direito processual ou material, com grande repercussão social; b) inexistência de repetição em múltiplos processos (pressuposto negativo). Não pode haver repetição em múltiplos processos e o incidente não precisa ser usado com a finalidade de prevenir ou compor divergência interna do tribunal. Pode haver, desse modo, julgamento de um único processo, cuja questão de direito debatida se repute extremamente relevante (averiguada pela existência de repercussão social). IAC e repetição de demandas Na hipótese do art. 947, §4º, é preciso que estejam presentes os pressupostos da prevenção ou composição da divergência interna do tribunal. Aqui o objetivo do IAC é essencialmente promover a uniformização da jurisprudência dos tribunais, evitar a divergência interna e, em consequência, prevenir a propositura de outras demandas que versem sobre a mesma controvérsia, a partir da definição da interpretação da norma correspondente e da fixação de uma tese com efeito vinculante para os órgãos fracionários e para os juízes subordinados ao tribunal. Em sem tratando de IAC fundado no art. 947, §4º, há necessidade de preenchimento de quatro requisitos: a) tramitação de um recurso, reexame necessário ou ação de competência originária do tribunal; b) discussão acerca de uma relevante questão de direito processual ou material; c) conveniência da prevenção ou composição de divergência interna dos tribunais; e d) inexistência de repetição em múltiplos processos. IAC e repetição de demandas Quando a intenção do IAC for prevenir a divergência interna do tribunal e, em consequência, evitar a repetição múltipla de demandas – no primeiro e no segundo grau de jurisdição – que contenham discussão sobre a mesma questão de direito, não devem existir maiores problemas no tocante à identificação do seu cabimento em relação ao IRDR, já que este último não pode ser utilizado com escopo meramente preventivo. De outro lado, quando o IAC tiver por finalidade compor a divergência interna dos tribunais já instaurada, pode haver alguma dúvida a respeito de sua admissibilidade relativamente ao IRDR. Se houver algumas causas em andamento no tribunal e/ou no primeiro grau de jurisdição sobre uma mesma questão de direito, com decisões anteriores divergentes em seus órgãos fracionários, sem que se vislumbre a sua multiplicidade e, bem assim, o seu efeito multiplicador (eventual propositura de demandas similares em série), caberia IAC e não IRDR. IAC e repetição de demandas O IAC não está afastado, em absoluto, da repetição de demandas. Não se admite o IAC quando houver litigiosidade de massa, mas, em certas circunstâncias, pode haver repetição da questão relevante em certa quantidade de processos que tramitem no tribunal e nos juízos de primeiro grau, sem que se evidencie a multiplicidade hábil a ensejar o cabimento do IRDR. IAC no STJ 12 IACs suscitados no STJ.
Tema 1 – admitido em 08.02.2017
A Seção, por unanimidade, admitiu o incidente de assunção de competência suscitado de ofício no presente recurso especial, nos termos dos artigos 947, § 4º, do CPC de 2015, e 271- B do RISTJ, a fim de uniformizar o entendimento acerca das seguintes questões: (i) cabimento de prescrição intercorrente e eventual imprescindibilidade de intimação prévia do credor; (ii) necessidade de oportunidade para o autor dar andamento ao processo paralisado por prazo superior àquele previsto para a prescrição da pretensão veiculada na demanda. Verifica-se, no caso em tela, a existência de notória e atual divergência entre os entendimentos das duas Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ, bem como estar-se diante de matéria exclusivamente de direito e de relevante interesse social, porquanto cuida da aplicação de norma cogente. Com efeito, o novel incidente, nascido de disposição expressa do Código de Processo Civil, destina-se, entre outros fins, à prevenção e composição de divergência jurisprudencial, cujos efeitos são inegavelmente perversos para a segurança jurídica e previsibilidade do sistema processual. IAC no STJ 12 IACs suscitados no STJ.
Tema 2 – admitido em 01.08.2017
Tema: Prazo anual de prescrição em todas as pretensões que envolvam interesses de segurado e segurador em contrato de seguro. Esta Corte Superior não se defrontou, ainda, com importante tese engendrada pela recorrente, no sentido de, em contrato de seguro facultativo, ser ou não anual o prazo da prescrição em todas as pretensões que envolvam segurado e segurador, não apenas as indenizatórias. A matéria em exame consiste em relevante questão de direito, com notória repercussão social, sem repetição em múltiplos processos, apta a ser solucionada, portanto, pelo incidente de assunção de competência. Recurso especial submetido ao rito do art. 947 do CPC/2015. (IAC no REsp 1303374/ES, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/06/2017, DJe 01/08/2017) Julgado no dia 30.11.2021: "É ânuo o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão do segurado em face do segurador - e vice-versa - baseada em suposto inadimplemento de deveres (principais, secundários ou anexos) derivados do contrato de seguro, ex vi do disposto no artigo 206, § 1º, II, "b", do Código Civil de 2002 (artigo 178, § 6º, II, do Código Civil de 1916)." IAC no STJ 12 IACs suscitados no STJ.
Tema 3 – admitido em 20/10/2017
Tema: Adequação do manejo do mandado de segurança para atacar decisão judicial que extingue execução fiscal com base no art. 34 da Lei 6.830/80. • Na espécie, verifica-se estarem atendidos os requisitos de admissibilidade do incidente ora proposto, pois a matéria discutida envolve relevante questão de direito (interpretação do art. 34 da Lei 6.830/80), com grande repercussão social, assim como existe contemporânea divergência sobre o tema no âmbito da Primeira Seção, razão pela qual suscito, de ofício, a admissão do incidente de assunção de competência no presente recurso ordinário, nos termos dos arts. 947, § 4º, do CPC/2015 e 271-B do RISTJ, observadas as seguintes providências: • a) delimitação da seguinte tese controvertida: "adequação do manejo do mandado de segurança para atacar decisão judicial que extingue execução fiscal com base no art. 34 da Lei 6.830/80"; • b) por analogia com o rito dos repetitivos, comunicação, com cópia da presente decisão colegiada de afetação, aos Ministros da Primeira Seção do STJ, aos Presidentes dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça. • Julgado em 10/04/2019: "Não é cabível mandado de segurança contra decisão proferida em execução fiscal no contexto do art. 34 da Lei n. 6.830/80". IAC no STJ 12 IACs suscitados no STJ.
Tema 4 – admitido em 16/04/2018
Tema: Definir se é possível conferir proteção simultânea - pelos institutos da patente de invenção (Lei 9.279/96) e da proteção de cultivares (Lei 9.456/97) - a sementes de soja Roundup Ready, obtidas mediante a técnica da transgenia, e, como corolário, se é ou não facultado aos produtores rurais o direito de reservar o produto de seu cultivo para replantio e comercialização como alimento ou matéria prima, bem como o direito de pequenos agricultores de doar ou trocar sementes reservadas no contexto de programas oficiais específicos. • Petição: às fls. 5.623-5.630 (e-STJ), as recorridas requerem a instauração de incidente de assunção de competência para o julgamento do presente recurso, alegando, em síntese, que a relevância social da matéria é evidente e que, por força de decisão proferida no REsp 1.243.386/RS, as demais ações individuais e coletivas que tratam do tema se encontram suspensas, não havendo, assim, portanto, multiplicidade de recursos sobre a mesma questão jurídica. • a assunção de competência, da qual decorrerá o pronunciamento definitivo pelo órgão mais graduado na estrutura do Tribunal, lcança sua legitimação pela abertura à manifestação de interessados, os denominados amici curiae (art. 979); IAC no STJ 12 IACs suscitados no STJ.
Tema 4 – admitido em 16/04/2018
• Nos termos do art. 947 do novo diploma processual civil, o incidente de assunção de competência é admissível na hipótese de o julgamento de recurso envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem necessária repetição em múltiplos processos, mas também, na forma do § 4º do citado art. 947 do CPC/15, “quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal”. • Observa-se, não obstante, que os efeitos do julgamento do mérito podem extrapolar até mesmo as fronteiras nacionais, podendo contribuir para fortalecer ou fragilizar a posição do país no cenário internacional, com reflexos indiretos na economia e no bem-estar social. • Julgado em 14/10/2019: As limitações ao direito de propriedade intelectual constantes do art. 10 da Lei 9.456/97 - aplicáveis tão somente aos titulares de Certificados de Proteção de Cultivares - não são oponíveis aos detentores de patentes de produto e/ou processo relacionados à transgenia cuja tecnologia esteja presente no material reprodutivo de variedades vegetais. IAC no STJ Tema 5 – admitido em 16/04/2019 • Justiça competente para julgamento de demandas relativas a contrato de plano de saúde assegurado em contrato de trabalho, acordo ou convenção coletiva. • No caso da presente proposta, a repercussão social se verifica em razão da constatação da frequente invalidação de atos processuais, após longo transcurso de tempo, em demanda relativa a um direito inerente à própria dignidade da pessoa humana, como ocorre com o direito de assistência à saúde. • Há um desnecessário desperdício de tempo, com a necessidade de repetição de atos processuais (não obstante a regra do art. 64, § 4º, do CPC/2015), quando ocorre a declinação de competência para a Justiça do Trabalho em demanda relativa a plano de saúde que seria da competência da Justiça Comum. • De outra parte, no que tange à multiplicidade recursal a que alude o art. 947, caput, do CPC/2015, vislumbra-se que a controvérsia ora proposta seria até mesmo passível de uma afetação pelo rito dos recursos especiais repetitivos, tendo em vista o considerável número de recursos e conflitos de competência que chegam a esta Corte Superior, a respeito desse tema. • Tendo em vista a relevância social que se vislumbra nessa controvérsia, entendo que o IAC é o instrumento processual mais adequado, uma vez que esse incidente possui uma força vinculante maior do que a do recurso repetitivo, na medida em que esta Corte Superior pode revisar diretamente, via reclamação, decisões contrárias à tese fixada em IAC. IAC no STJ Tema 5 – admitido em 16/04/2019 • A Min. Nancy Andrighi entendeu que a definição dos limites da competência da Justiça do Trabalho tem natureza preponderantemente constitucional, haja vista demandar, de forma indissociável, a interpretação do disposto no art. 114, I e IX, da CF/88 e o alcance das expressões “ações oriundas da relação de trabalho” e “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho”. Sendo de prerrogativa do STJ, nos termos do art. 105, I, d, da Constituição Federal, decidir os “os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, 'o', bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos”, tenho que a apreciação do tema jurídico controvertido seria melhor equacionada em processo de conflito de competência entre juízos ou tribunais trabalhistas e a justiça comum, no qual não há a restrição ao exame de matéria constitucional. Voto pela INSTAURAÇÃO do Incidente de Assunção de Competência com a SELEÇÃO do tema jurídico, nos moldes da delimitação procedida pelo e. Relator, mas, redobrando as vênias a Sua Excelência, proponho a DESAFETAÇÃO do recurso especial selecionado e sua SUBSTITUIÇÃO por processo da classe “conflito de competência”. • Julgado em 11/03/2020: Compete à Justiça comum julgar as demandas relativas a plano de saúde de autogestão empresarial, exceto quando o benefício for regulado em contrato de trabalho, convenção ou acordo coletivo, hipótese em que a competência será da Justiça do Trabalho, ainda que figure como parte trabalhador aposentado ou dependente do trabalhador. IAC no STJ Tema 6 – admitido em 18/12/2019 • A matéria discutida envolve relevante questão de direito, bem como é inegável o reconhecimento de grande repercussão social do tema, por envolver milhares de processos em tal situação e que tratam de temas sensíveis à sociedade, tais como as causas previdenciárias. • MANUTENÇÃO da imediata suspensão, em todo o território nacional, de qualquer ato destinado a redistribuição de processos pela Justiça Estadual (no exercício da jurisdição federal delegada) para a Justiça Federal, até o julgamento definitivo do presente Incidente de Assunção de Competência no Conflito de Competência, referente aos processos iniciados anteriormente a 1º/1/2020, os quais deverão ter regular tramitação e julgamento, independentemente do julgamento do presente Incidente de Assunção de Competência no Conflito de Competência; • Julgado em 21/10/2021: Os efeitos da Lei nº 13.876/2019 na modificação de competência para o processamento e julgamento dos processos que tramitam na Justiça Estadual no exercício da competência federal delegada insculpido no art, 109, § 3º, da Constituição Federal, após as alterações promovidas pela Emenda Constitucional 103, de 12 de novembro de 2019, aplicar- se-ão aos feitos ajuizados após 1º de janeiro de 2020. As ações, em fase de conhecimento ou de execução, ajuizadas anteriormente a essa data, continuarão a ser processadas e julgadas no juízo estadual, nos termos em que previsto pelo § 3º do art. 109 da Constituição Federal, pelo inciso III do art. 15 da Lei n. 5.010, de 30 de maio de 1965, em sua redação original. IAC no STJ Tema 7 – admitido em 22/09/2020 • a.1) configuração de coisa julgada, em virtude do trânsito em julgado de ações populares e de ação civil pública relacionadas ao caso concreto; • a.2) aplicação da teoria do fato consumado, ante a consolidação da situação fática da privatização; • a.3) existência de ilegalidade e lesividade no âmbito da ação popular diante da aprovação pelo Tribunal de Contas da União do processo de desestatização da Companhia Vale do Rio Doce, bem como do reconhecimento de inexistência de dano ao patrimônio público em face da avaliação da participação acionária da União na empresa privatizada. • a.4) julgamento extra petita proferido pelo Tribunal de origem em reexame necessário. • DECISÃO DE AFETAÇÃO: • Preliminarmente, deve ser consignado que a controvérsia contida nos autos é específica e, embora envolva determinado número de processos (além dos 37 processos listados na presente decisão que tramitam no STJ, existe a informação nos autos sobre a existência de quantidade similar de processos em tramitação na instância ordinária originária e recursal), não se enquadra nas hipóteses típicas de multiplicidade que recomendam o julgamento sob a sistemática dos recursos repetitivos. IAC no STJ Tema 7 – admitido em 22/09/2020 • 5. O incidente de assunção de competência previsto no CPC/2015 é dotado de importante função no sistema brasileiro de precedentes, pois além de evitar ou compatibilizar dissídios jurisprudenciais, papel também desempenhado pelos embargos de divergência nas Cortes Superiores, é técnica de julgamento que gera precedente de efeito vinculante, prevista no inciso III do art. 927 do CPC/2015, o que impõe a sua observância por Tribunais e juízes na ótica do novo ordenamento processual. • 6. A referida técnica de julgamento confere eficiência ao princípio da isonomia, pois a admissão da proposta de incidente de assunção de competência no caso concreto dará efetividade ao presente recurso especial, a fim de que o decidido por esta Corte Superior seja aplicado a todos os processos relacionados à presente controvérsia jurídica, o que afasta a possibilidade de decisões divergentes sobre o mesmo tema. • 7. Entre as hipóteses de cabimento do incidente de assunção de competência é possível identificar requisitos de existência do instituto: a) recurso, remessa necessária ou ação de competência originária; b) relevante questão de direito. • 8. Em tal contexto, é manifesto que existem no recurso especial examinado relevantes questões de direito com ampla repercussão social. Esses fatores exigem a interpretação desta Corte Superior para conferir unidade ao direito federal, sobretudo com vistas à tutela da segurança jurídica e em razão da competência originária do STJ na promoção da uniformidade decisória sobre a questão federal controvertida. IAC no STJ Tema 7 – admitido em 22/09/2020 • 9. Outrossim, o § 2º do art. 947 do CPC/2015 dispõe que o "órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se reconhecer interesse público na assunção de competência". Embora o conceito de interesse público permita múltiplas interpretações, para efeito de admissão do incidente de assunção de competência, está relacionado à definição da interpretação da próprias questões jurídicas contidas no presente recurso especial. • 10. Portanto, no caso dos autos, estão atendidos os requisitos legais do cabimento do incidente de assunção de competência no presente recurso especial, pois a matéria discutida envolve relevante questão de direito, bem como é inegável o reconhecimento de grande repercussão social do tema. Ademais, a competência para analisar o presente incidente deve ser da Primeira Seção deste Tribunal Superior, responsável pela uniformização da interpretação de temas de direito público, conforme estabelecido no RISTJ. • 11. Por fim, considerando a tramitação no Tribunal Regional Federal da 1ª Região de processos idênticos aos indicados na presente decisão, em observância ao princípio da economia processual e em razão de racionalidade na gestão processual, é possível admitir a devolução dos processos para o Tribunal de origem para aplicação dos arts. 1.040 e 1.041 do CPC/2015, ainda que por analogia. • 12. Incidente de Assunção de Competência admitido. • (ProAfR no REsp 1806608/PA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 15/09/2020, DJe 22/09/2020) IAC no STJ Tema 8 – admitido em 09/10/2020 • Reconhecimento da legalidade de cobrança promovida por concessionária de rodovia, em face de autarquia de prestação de serviços de saneamento básico, pelo uso da faixa de domínio da via pública concedida. • Nesse contexto, portanto, verifica-se que o recurso encarta questões jurídica e econômica qualificadas e de expressiva projeção social, envolvendo eventual limitação à prestação de serviços de saneamento básico – de notória utilidade pública –, bem como potenciais reflexos nas tarifas praticadas, decorrentes do custo extra a ser suportado, ocasionalmente, pela pessoa jurídica de direito público prestadora, a fim de viabilizar a entrega adequada dos serviços à coletividade. • Remarque-se não terem sido identificados acórdãos ou decisões nesta Corte retratando a específica situação revelada nos autos, denotando ausência de multiplicidade, aspecto que também corrobora a presença de outro pressuposto legal para o cabimento do incidente, qual seja, a conveniência de se antecipar o pronunciamento da 1ª Seção, no intuito de prevenir dissenso entre as Turmas. • Anote-se, ainda, não haver impedimento à veiculação da proposta em um único processo. IAC no STJ Tema 9 – admitido em 18/12/2020 • Definir se constitui requisito obrigatório para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação - CNH do motorista autônomo de transporte coletivo escolar, a realização do exame toxicológico de larga janela de detecção, previsto no art. 148-A, do Código de Trânsito Brasileiro, introduzido pela Lei n. 13.103/2015.. • Registre-se não terem sido identificados acórdãos desta Corte retratando a específica situação revelada nos autos, denotando ausência de multiplicidade, aspecto que também corrobora a presença de outro pressuposto legal para o cabimento do incidente, qual seja, a conveniência de se antecipar o pronunciamento da 1ª Seção, no intuito de prevenir dissenso entre as Turmas. • Assinale-se, ainda, não haver impedimento à veiculação da proposta em um único processo. • não suspender o processamento dos processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional; IAC no STJ Tema 10 – admitido em 19/03/2021 • Fixação da competência prevalecente para julgamento de matérias de direitos coletivos e individuais quando haja conflito entre norma infralegal ou lei estadual e a previsão de leis federais, no que tange a foro especializado em lides contra a Fazenda Pública. • É certo que há algum número de repetições, mas a questão em tela tem sido, no mais das vezes, apreciada em sede de recurso ordinário em mandado de segurança, hipótese em que, à luz da posição da Corte Especial acerca do incidente de resolução de demandas repetitivas, deixa aberta a via da afetação por assunção de competência. • A manutenção da jurisprudência local em desacordo com a desta Corte em temas sensíveis como os colocados -- repita-se: direitos à saúde individuais e coletivos, em particular de crianças, adolescentes e idosos -- revela-se como social e juridicamente relevante, apta, em meu entendimento, a desencadear o rito previsto para o instituto de assunção de competência (IAC). • Julgado em 13/12/2021; IAC no STJ Tema 11 – admitido em 23/04/2021 • Definir, à luz das Leis ns. 9.847/1999 e 10.522/2002, o termo inicial dos juros e da multa moratória de multa administrativa aplicada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP. • Outrossim, registre-se não terem sido identificados acórdãos desta Corte retratando a específica situação revelada nos autos, denotando ausência de multiplicidade, aspecto que também corrobora a presença de outro pressuposto legal para o cabimento do incidente, qual seja, a conveniência de se antecipar o pronunciamento da 1ª Seção, no intuito de prevenir dissenso entre as Turmas. • não suspender a tramitação dos processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional. IAC no STJ Tema 12 – admitido em 04/06/2021 • Possibilidade ou não de penhora integral de valores depositados em conta bancária conjunta, na hipótese de apenas um dos titulares ser sujeito passivo de processo executivo. • Verifica-se, portanto, a existência de dissídio notório e atual entre julgados de Turmas integrantes de Seções diversas do STJ sobre questão de direito de relevante interesse social, o que autoriza a assunção de competência à Corte Especial para julgamento do presente apelo extremo, ex vi do disposto no § 4º do artigo 947 do CPC de 2015.