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Seção IV
Dos Embargos de Divergência
1. Procedimento. É de 15 dias o prazo para oposição dos embargos de divergência (art. 1.003,
§ 5º). Aplicam-se aqui as regras gerais sobre contagem, prorrogação, suspensão e interrupção dos
prazos processuais.
Naquilo que não contrariar o novo CPC, o procedimento dos embargos de divergência é
aquele estabelecido, conforme o caso, no RISTF (arts. 330 a 332 e 334 a 336) e no RISTJ (arts. 266 e
267).
2. Efeito interruptivo dos embargos de divergência (art. 1.044, § 1º). O acórdão proferido
pelo Superior Tribunal de Justiça pode ser objeto, em tese, de três recursos: embargos de declaração,
embargos de divergência e recurso extraordinário. O legislador manteve a regra do efeito interruptivo
dos embargos declaratórios (art. 1.026, caput), segundo a qual sua interposição faz com que os prazos
para outros recursos recomecem a fluir por inteiro a partir da intimação de sua decisão. Além disso,
acertadamente estendeu o referido efeito para os embargos de divergência, pondo fim à insegurança
jurídica derivada da ausência de disposição nesse sentido no CPC de 1973. Quanto a esse ponto, o
Superior Tribunal de Justiça tem entendido que “a interposição simultânea, contra o acórdão que julgou
o recurso especial, de embargos de divergência e recurso extraordinário, acarreta a inadmissibilidade
do recurso que foi protocolado por último, ante a preclusão consumativa” (STJ, Corte Especial, ED no
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REsp 511.234-AgRg, rel. Min. Luiz Fux, j. 4.8.04, v.u., DJ 20.9.04); e o Supremo Tribunal Federal,
nas mesmas circunstâncias, não tem admitido o recurso extraordinário (STF, 1ª Turma, AI 563.505-
AgRg, rel. Min. Eros Grau, j. 27.9.05 v.u., DJ 4.11.05; STF, 2ª Turma, RE 355.497-AgRg, rel. Min.
Maurício Corrêa, j. 25.3.03, v.u., DJ 25.4.03). No entanto, como já dito, o novo CPC tende a trazer
maior segurança para o jurisdicionado nessa situação.
O § 1º ora comentado não impõe nenhuma condição para que o efeito interruptivo dos
embargos de divergência se opere. Todavia, a prevalecer a jurisprudência relativa ao aludido efeito em
sede de embargos declaratórios, a interposição intempestiva dos embargos de divergência não terá o
condão de interromper o prazo para outros recursos. Nesse sentido, em embargos de declaração: STJ, 3ª
Turma, REsp 434.913-EDcl-AgRg, rel. Min. Pádua Ribeiro, j. 12.8.03, v.u., DJ 8.9.03; STJ, 4ª Turma,
REsp 230.750, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 9.11.99, v.u., DJ 14.2.00; STJ, 5ª Turma, REsp
227.820, rel. Min. Felix Fischer, j. 26.10.99, v.u., DJ 22.11.99. Para a outra parte, porém, até mesmo
embargos de declaração intempestivos são dotados do efeito interruptivo, tendo em vista que ela “não
tem como verificar de plano a referida intempestividade” (STJ, 3ª Turma, REsp 869.366, rel. Min.
Sidnei Beneti, j. 17.6.10, v.u., DJ 30.6.10). Observe-se, no entanto, que a oposição intempestiva de
embargos de divergência não tornará oportuno o recurso extraordinário extemporâneo, sequer para a
outra parte, na medida em que ambos os recursos são interponíveis no mesmo prazo de 15 dias. Assim,
quando aqueles forem opostos, a decisão do Superior Tribunal de Justiça já terá transitado em julgado;
por conseguinte, não haverá mais o que interromper.
Registre-se, por fim, que a oposição dos embargos de divergência deve interromper o prazo do
recurso extraordinário não só para as partes, mas também para outros possíveis recorrentes, tais como o
terceiro prejudicado e o Ministério Público atuante na condição de fiscal da ordem jurídica. Nesse
sentido, em sede de embargos declaratórios: STJ, 3ª Turma, REsp 712.319, rel. Min. Nancy Andrighi, j.
25.9.06, v.u., DJ 16.10.06.
3. Desnecessidade de ratificação do recurso extraordinário (art. 1.044, § 2º). O efeito
interruptivo dos embargos, benefício instituído em favor da parte, não pode se transformar em
armadilha contra ela. Daí por que outra boa novidade do novo CPC consiste na dispensa do embargado
de reiterar seu recurso extraordinário interposto antes da publicação da decisão dos embargos de
divergência, se eles forem desprovidos ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior. O § 5º do
art. 1.024 contém previsão similar a essa para os embargos de declaração, com o acréscimo de que, se
eles modificarem a decisão embargada, a outra parte terá o direito de complementar ou alterar as razões
do recurso já interposto – dentro dos limites da modificação – no prazo de quinze dias (art. 1.024, § 4º).
Trata-se de norma coerente com as garantias do contraditório e da ampla defesa, ínsitas ao devido
processo legal, razão pela qual ela deve ser aplicada analogicamente nas hipóteses em que os embargos
de divergência alterarem a conclusão do julgamento anterior.